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INTRODUÇÃO AO METABOLISMO

Para manterem-se vivos e desempenharem diversas funções biológicas, os


organismos necessitam continuamente de energia.

Qualquer organismo vivo constitui, no seu conjunto, um sistema estável de reações


químicas e de processos físico-químicos mantidos afastados do equilíbrio; a
manutenção deste estado contraria a tendência termodinâmica natural de atingir o
equilíbrio e só pode ser conseguida à custa de energia, retirada do meio ambiente.

Alguns organismos, chamados fototróficos, estão adaptados a obter a energia de que


necessitam da luz solar; outros, os quimiotróficos, obtêm energia oxidando
compostos. A maioria dos microorganismos e todos os animais são
quimiorganotróficos, pois obtêm sua energia a partir da oxidação de substâncias
orgânicas.

As substâncias oxidáveis utilizadas pelos seres humanos, em particular, estão


presentes nos seus alimentos, sob a forma de carboidratos, lipídeos e proteínas
(macronutrientes). Há também reservas endógenas de carboidratos e lipídeos, que
são oxidados nos intervalos entre as refeições.

Todo o processo de obtenção, armazenamento e utilização de energia, e a


transformação de precursores conseguidos do meio em compostos característicos de
cada organismo, é efetuado por uma intrincada rede de milhares de reações
químicas e constitui o metabolismo.

As reações que compõem o metabolismo organizam-se em vias metabólicas, que são


sequências definidas de reações enzimáticas específicas. As vias metabólicas
funcionam de modo inter-relacionado e extremamente coordenado.

Algumas perguntas:

Já que os organismos contém carboidratos, lipídeos e proteínas, é obrigatória a


ingestão dos três tipos de macronutrientes?

Algum macronutriente pode ser sintetizado a partir de outro?

Quais os macronutrientes imprescindíveis na dieta?


É possível sintetizar:

Glicose a partir de proteína?


Ácido graxo a partir de proteína?
Ácido graxo a partir de glicose?
Proteína a partir de glicose?
Glicose a partir de ácido graxo?
Proteína a partir de ácido graxo?

Glicose a partir de proteína? Sim


1) Ala, Cys, Ser, Gly → Piruvato → Glicose
2) Asp → Oxaloacetato → Piruvato → Glicose

Ácido graxo a partir de proteína? Sim


1) Ala, Cys, Ser, Gly → Piruvato → Acetil-CoA → Ácido graxo
2) Ile, Leu, Lys, Phe → Acetil-CoA → Ácido graxo
Ácido graxo a partir de glicose? Sim
Glicose → Piruvato → Acetil-CoA → Ácido graxo

Proteína a partir de glicose? Não

Glicose a partir de ácido graxo? Não

Proteína a partir de ácido graxo? Não

Portanto, as proteínas são os únicos macronutrientes que se interconvertem nos


demais !!!

Os organismos têm reservas de carboidratos e lipídeos, mas não de proteínas

METABOLISMO DE CARBOIDRATOS

A glicose é, quantitativamente, o principal substrato oxidável para a maioria dos


organismos.

A oxidação de glicose a piruvato (glicólise) permite obter ATP.

Considera-se o ATP (adenosina trifosfato), um composto essencial ao metabolismo. O


ATP e seus derivados – ADP (adenosina difosfato) e AMP (adenosina monofosfato) –
são constituídos por uma base nitrogenada (adenina), um açúcar (ribose) e, pelo
menos um grupo fosfato.
A oxidação total da glicose é um processo que libera uma quantidade de energia
equivalente a 2.879 kJ.mol-1. Nas células, essa transformação é estritamente
acoplada à síntese de ATP (a partir de ADP e fosfato). A glicose constitui, então, uma
fonte extracelular de energia livre, que pode ser conservada como ATP, a principal
forma de energia utilizável pelos seres vivos.

A etapa inicial, que se processa no citossol, consiste na conversão de glicose (C6) a 2


piruvatos (2C3) por meio de uma sequência de reações denominadas glicólise, uma
via metabólica fundamental dos seres vivos. Seus produtos são ATP, (H+ + e-) –
recebidos por coenzimas – e piruvato.

A posterior oxidação do piruvato é feita no interior da mitocôndria. Na mitocôndria,


o piruvato, um composto de três carbonos, sofre uma descarboxilação,
transformando-se num composto com dois carbonos (C2). Este combina-se com um
composto de quatro carbonos (C4), dando um composto de seis carbonos (C6). Por
meio de uma sequência cíclica de reações (ciclo de Krebs), C6 perde dois carbonos
sob a forma de CO2 e regenera C4.
Na mitocôndria, o piruvato é, então, oxidado a CO2, com a produção de grande
quantidade de (H+ + e-), sempre recebidos por coenzimas.
A GLICÓLISE É UMA VIA QUE FORNECE PARA AS CÉLULAS ENERGIA NA FORMA DE
ATP.

A glicólise pode ser dividida em quatro etapas:

I. Dupla fosforilação da glicose, à custa de 2 ATP, originando outra hexose com dois
grupos fosfato.

II. Clivagem desta hexose, produzindo duas trioses fosforiladas, que são
interconvertíveis.

III. Oxidação e nova fosforilação das trioses fosfato, formando duas moléculas com
dois grupos fosfato.

IV. Transferência dos grupos fosfato destas duas moléculas para ADP, formando 4
ATP e 2 piruvatos.
Em resumo, na etapa I ocorrem duas fosforilações por ATP e, na etapa III, duas por
fosfato inorgânico (Pi); na etapa IV, os quatro grupos fosfato são transferidos para
ADP, formando 4 ATP. Então, para cada molécula de glicose convertida a duas de
piruvato pela glicólise, são produzidos 4 ATP (2 por triose), dos quais devem ser
descontados os 2 ATP consumidos inicialmente.

A equação geral da glicólise é:

Glicose + 2 ADP + 2 Pi + 2 NAD+ → 2 Piruvato + 2 ATP + 2H2O + 2 NADH + 2 H+

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