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Bioenergética e Metabolismo celular

Criado por Edu Matos

Hora da criação @11 de agosto de 2023 15:55

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As células requerem um suprimento constante de energia para gerar e manter a ordem biológica que lhes possibilita crescer, dividir-se e
desempenhar suas atividades diárias.

As células dos organismos vivos devem conduzir uma infindável sequência de reações químicas que produzam as moléculas de que os
organismos necessitam para o seu metabolismo.

Uso de Energia pelas células


As células tomam energia dos ambientes que estejam, na forma de
alimentos, moléculas inorgânicas e fótons de sol, e usam essa energia
para gerar novas ligações químicas e construir grandes
macromoléculas.

Os organismos fotossintéticos (plantas, algas, algumas bactérias)


utilizam a energia proveniente da luz do sol para sintetizarem
pequenos módulos químicos (aa, ac. graxos, nucleotídeos, açúcares),
que serão convertidos em macromoléculas posteriormente.

Os açúcares possuem grande relevância como combustíveis para células animais e vegetais. Em células vegetais são provenientes da produção
através da fotossíntese das plantas para própria nutrição, e para c. animais através da ingestão de alimentos pelo organismo (seja de plantas ou
outros organismos).

Independente da sua origem, a energia é extraída dessas moléculas através da


OXIDAÇÃO gradual. Ou seja, uma célula é capaz de obter energia de açúcares ou
outras moléculas orgânicas, porque possibilita que os átomos de de carbono e
hidrogênio se combinem com oxigênio (processo de oxidação), num processo de
RESPIRAÇÃO AERÓBIA. Processo este que ocorre nas mitocôndrias de quase todas
as células eucarióticas. A fotossíntese é um processo complementar a ele, que ocorre
somente nos cloroplastos das células das folhas de plantas e determinados organismos
unicelulares, tais como algas e cianobactérias.

Biossíntese e ATP
A energia liberada por reações energicamente favoráveis, como a oxidação, pode ser
temporariamente armazenada como energia de ligação química em um conjunto de
carreadores ativados. Estes armazenam energia de forma facilmente intercambiável,
seja como um grupo químico ou como elétrons (“de alta energia”) facilmente
transferíveis. Os mais importantes são: ATP, e as mols. NADH e NADPH; utilizados
como pagamento pelas reações energeticamente desfavoráveis.

O ATP é encontrado em todos os tipos de organismos, gerado a partir da adição de


fosfato inorgânico (HP042- , comumente abreviado como Pi) a uma adenosina
(adenina+ribose) difosfato, ou ADP, num processo de fosforilação. Quando necessário,
o ATP doa essa porção de energia por meio da sua hidrólise, formando ADP disponível
e fosfato inorgânico que pode ser transferido a outra molécula (reação de fosforilação),
estabelecendo uma relação cíclica. A conversão de energia em ATP ocorre pela
oxidação aeróbia (respiração) e fotossíntese, e para além disso, dois processos
adicionais são fontes (in)diretas dele como a glicólise e o ciclo do ácido cítrico.

O NADH (nicotinamida adenina dinucleotídeo) e o NADPH (nicotinamida adenina


dinucleotídeo fosfato), duas moléculas que carregam energia na forma de dois elétrons
de alta energia e um próton (H+), os quais, em conjunto, formam um íon hidreto (H−).
Quando esses carreadores ativados transferem as suas energias (na forma de íon

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hidreto) a uma molécula doadora, eles tornam-se oxidados e formam NAD+ e NADP+,
respectivamente. Eles se diferenciam em suas funcionalidades, já que o NADPH vai
atuar com enzimas que catalizam reações anabólicas, e o NADH tem papel específico
como intermediário no sistemas de reações catabólicas que geram ATP pela oxidação.
O FADH2, é outro carreador, que também carreia hidrogênios e elétrons de alta energia.

A síntese de macromoléculas necessitam de um fornecimento de energia, proveniente,


em grande parte, pela hidrólise do ATP.

Como as células obtém energia do alimento


Uma das mais importantes fontes de energia é a açúcares, que é produzido pelas plantas a partir de CO2 e obtida pelos animais através da
alimentação de plantas e outros organismos. A energia é obtida pela quebra e oxidação das ligações presentes na molécula, onde está
armazenada a energia de ligações químicas, num processo de respiração celular, que as transforma nas ligações de fosfoanidrido do ATP.

As células utilizam enzimas para degradar cada molécula de glicose passo a passo, disponibilizando a energia em pequenas quantidades para
carreadores. Portanto, grande parte da energia é armazenada na forma de ligações de alta energia do ATP e outros carreadores ativados.
As células animais produzem ATP de duas formas:

Pela oxidação de moléculas de alimentos, catalizados por enzimas, favorecendo diretamente a reação ADP + Pi → ATP;

Pela fosforilação oxidativa, que ocorre na membrana mitocondrial interna, na qual a energia de outros carreadores ativados impulsionam
a produção de ATP.

Quebra de macromoléculas → Catabolismo


→ ETAPA 1: as enzimas transformam os alimentos em subunidades
monoméricas através da digestão tanto fora da células, quanto dentro da célula
em organelas especializadas. Após isso, as moléculas são transportada para o
citosol, para sua quebra oxidativa.

→ETAPA 2: a glicólise; quebra da molécula da glicose (ou outros açúcares


convertidos em glicose) em duas moléculas de piruvato e gera carreadores
ativados ATP e o NADH. O piruvato segue para a matriz mitocondrial, e é
convertido por um complexo enzimático em Acetil-CoA e CO2. Esses
produtos são obtidos também pela quebra oxidativa de ácidos graxos.

→ETAPA 3: inteiramente na mitocôndria. O grupo acetila do Acetil-CoA é


transferido para um oxalacetato, formando citrato que segue no ciclo do ácido
cítrico, numa oxidação que produz CO2 e grandes quantidades de NADH. Os
elétrons de alta energia presentes no NADH são transferidos a uma série de
enzimas, a cadeia transportadora de elétrons, que libera energia a qual será
armazenada pela fosforilação oxidativa em ATP, consumindo O2.

GLICOGÊNESE

O fígado, o músculo esquelético e cardíaco, armazenam carboidratos sob a forma de glicogênio, a partir da glicose num processo de glicogênese.
Assim, a glicose é convertida em Glicose-6-fosfato (glicogenólise), com a utilização do fosfato terminal do ATP (gasto energético),

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posteriormente convertida enzimaticamente em glicogênio.

GLICÓLISE

Quebra oxidativa do glicose, resultando em ATP e sem envolvimento


de oxigênio (anaeróbio), que ocorre no citosol das células eu e
procarióticas. A glicose, molécula de 6 carbonos é catabolizada em
duas moléculas de 3 carbonos, Piruvato.

O processo de entrada de glicose na célula consome 2 ATPs


(investimento), e a posterior quebra vai gerar energia a ser
armazenada em 4 ATPs e o restante nos elétrons de 2 NADH.

Resultado da reação: 4ATPs + 2NAD+ - 2ATPs → 2ATPs + 2NADH


A via glicolítica consiste em uma sequência de 10 reações separadas,
catalisadas por diferentes tipos específicos de enzimas.

TRANSFERÊNCIA DE ELÉTRONS

Processo que envolve oxidação (perda de elétrons) e redução (ganho de elétrons). Ocorre por meio de coenzimas e transportadores de
hidrogêncio:

NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) derivada da niacina (vitamina B3);

FAD (flavina adenina dinucleotídeo) derivada da riboflavina (vitamina 23);

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OUTRAS FONTES DE ACETIL-CoA

No metabolismo aeróbico de células eucarióticas, além do piruvato, derivado da glicólise, outras moléculas podem ser convertidas em acetil-
CoA:

→ Gorduras: os ácidos graxos são convertidos em acetil-CoA na matriz mitocondrial, pela ligação destes ao CoA, seguida de uma sequência
de reações de remoção de carbono, gerando também os carreadores ativados NADH e FADH2.

→ Proteínas: aminoácidos são transportados para a mitocôndria e convertidos em acetil-CoA ou em outros dois intermediários do ciclo do
ácido citrico.

O catabolismo não termina com a produção de acetil-CoA, já que uma pequena parte é convertida em ATP e carreadores ativados e sua maior
parte ainda está nele, que será encaminhado para duas etapas subsequentes.

Respiração aeróbia
Na célula eucariótica, a mitocôndria é o centro para o qual todos os processos catabólicos geradores de energia se dirigem, independentemente
de iniciarem com açúcares, gorduras ou proteínas. Em bactérias aeróbicas – que não possuem mitocôndrias –, a glicólise e a produção de acetil-
CoA, assim como o ciclo do ácido cítrico, ocorrem no citosol.

Após a glicólise (catabolismo) e produção de piruvato, este é transportado (com gasto energético) para dentro da matriz mitocondrial. Ocorre sua
conversão a Acetil-CoA e posterior oxidação desse em CO2 no ciclo do ácido cítrico. Há transferência de elétrons de NADH e FADH2 atraídos
pelo oxigênio O2 via uma cadeia transportadora de elétrons na membrana interna, e síntese de ATP na membrana mitocondrial interna.

Ciclo do Ácido Cítrico (Krebs)


Essa etapa contribui com cerca de dois terços da oxidação total dos compostos de carbono e seus principais produtos finais são o CO2, como
resíduo, e elétrons de alta energia em NADH que serão transferidos para a cadeia transportadora (membrana mitocondrial interna) na qual eles se
combinam com O2 e formam H2O.
O ciclo ocorre na matriz mitocondrial e apesar de não consumir diretamente O2, depende da ação desse na cadeia respiratória para a produção de
NAD+, que irão receptar os elétrons de alta energia produzidos nessa fase. Tem por objetivo catalizar a oxidação completa dos átomos de
carbono dos grupos acetila em Acetil-CoA, convertendo-os em CO2, através de uma cadeia de 8 reações.

Além de 3 moléculas de NADH, cada volta completa no ciclo também produz 1 molécula de FADH2 e 1 molécula de GTP (trifosfato de
guanosina). O GTP, derivado da fosforilação do GDP, é similar ao ATP, e a transferência de um grupo fosfato terminal para ADP produz 1
molécula de ATP em cada ciclo.
O O2 utilizado para produzir CO2 no ciclo, não é proveniente do O2 atmosférico, mas sim da quebra da molécula de H2O, na qual as moléculas
de oxigênio provenientes serão usadas para produzir o gás carbônico.
Muitas vias biossintéticas se iniciam com a glicólise ou o ciclo do ácido cítrico

Muitos dos intermediários da glicólise e do ciclo do ácido cítrico são desviados por vias anabólicas, nas quais são convertidos por uma série de
reações catalizadas por enzimas em aminoácidos, nucleotídeos, lipídeos e outras pequenas moléculas.

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Cadeia Transportadora de elétrons
Durante a fosforilação oxidativa, os carreadores ativados NADH e FADH2, produzidos na glicólise e na oxidação do acetil-CoA, transferem
seus elétrons de alta energia da cadeia transportadora de elétrons. Ela se caracteriza por uma série de carreadores de elétrons embebidos na
membrana mitocondrial interna nas células eucarióticas (ou na m. plasmática de bac. aeróbicas). À medida que os elétrons passam pela série de
moléculas aceptoras e doadoras de elétrons que formam a cadeia, eles caem sucessivamente para estados de energia mais baixos. Em sítios
específicos da cadeia, a energia liberada é usada para impulsionar H+ (prótons) através da membrana interna, a partir da matriz mitocondrial
para o espaço intermembranar . Esse movimento gera um gradiente de prótons através da membrana interna, que funciona como uma fonte de
energia (como uma bateria) que pode ser aproveitada para impulsionar reações da fosforilação do ADP para gerar ATP no lado da matriz
da membrana interna.
No final da cadeia transportadora, os elétrons são adicionados a moléculas de O2 que se difundiram para dentro da mitocôndria, e as moléculas
de oxigênio reduzidas resultantes combinam-se imediatamente com prótons (H+) da solução que as cerca para produzir água. No total, a
oxidação completa de uma molécula de glicose a H2O e CO2 pode produzir cerca de 30 moléculas de ATP. Em contrapartida, somente duas
moléculas de ATP são produzidas por molécula de glicose apenas pela glicólise.

A geração de energia começa quando os carreadores ativados NADH e FADH2 doam seus elétrons de alta energia para a cadeia transportadora,
tornando-se oxidados a NAD+ e FAD, que são repassados até o oxigênio molecular para formar água. O movimento desses elétrons ao longo dos
componentes da cadeia libera energia que pode ser utilizada para bombear prótons através da membrana interno, criando um gradiente favorável
para a produção de ATP

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Detalhamento do transporte de elétrons
Cada cadeia possui +40 proteínas agrupadas em 3 grandes complexos enzimáticos respiratórios:

→ Complexo NADH-desidrogenase: catalisa a reação de retirada de elétrons do NADH, transportando 4 H+ para o espaço intermembranoso
para cada par de elétrons.
→ Complexo citocromo c-redutase: transporta também 4 H+
→ Complexo citocromo c-oxidase: transporta 2 H+
Já as moléculas de FADH2 transferem seus elétrons para uma quinona denominada ubiquinona ou coenzima Q, o único composto não proteico
da cadeia, em um nível energético mais baixo. Estão presentes na cadeia também outras moléculas carreadoras, as proteínas ferro-enxofre e
citocromos.
O O2 da respiração atua como aceptor final de elétrons, sendo reduzido por 2 elétrons dos carreadores, e posteriormente se liga a dois prótons,
formando H2O
Por consequência, há uma maior concentração desses prótons no espaço intermembranoso, favorecendo a sua difusão de volta à matriz
mitocondrial. Essa difusão ocorre através da ATP-sintase, um proteína composta por subunidades (uma parte que catalisa a fosforilação do ADP
em ATP, ligada por uma haste a um transportados de H+ transmembrânico). A passagem de prótons pelo transportados promove uma leve
rotação do transportador e sua haste, que atrita contra proteínas na sua cabeça, alterando suas conformações e levando-as a produzir ATP; assim
a deformação mecânica é convertida em energia de ligação química no ATP.

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FOTOSSÍNTESE
A energia radiante da luz é absorvida por pigmentos como a clorofila e é usada para gerar ATP e carboidratos - principalmente sacarose e amido.

Diferentemente da oxidação aeróbia, que utiliza carboidrato e O2, para gerar CO₂; Utiliza CO₂ como substrato;
A relação recíproca entre a oxidação aeróbia e a fotossíntese constitui a base de uma profunda relação simbiótica entre organismos
fotossintetizantes e não fotossintetizantes.
O O2 gerado durante a fotossíntese é a fonte de praticamente todo oxigênio do ar; Os carboidratos produzidos são a fonte de energia
determinante para praticamente todos os organismos não fotossintetizantes da Terra.

As fermentações podem produzir ATP na ausência de oxigênio


Em condições anaeróbicas (ausência de O2), o piruvato e o NADH produzidos
na glicólise permanecem no citosol, sendo o primeiro convertido em produtos
que são excretados pela célula - lactato nos músculos; etanol e CO2 nas
leveduras - e o segundo doa seus elétrons no citosol. Produz 2 ATPS por
molécula de glicose.

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