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Genética
Excertos retirados de “Manual de Genética Médica” de Fernando Regateiro
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Regulação da expressão génica
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sequência promotora apresenta UPEs (upstream promotor elements) que controlam a velocidade de transcrição
regulando a frequência de iniciação.
A velocidade está controlada de um modo basal pela sequência promotora é aumentada pela sequência
intensificadora da transcrição, a qual aumenta o número de moléculas de RNA polimerase que se movem ao
longo do gene.
Existem dois tipos de sequências intensificadoras:
As específicas de período de desenvolvimento ou de tecido;
As induzíveis.
Os factores de crescimento e as hormonas esteróides são elementos capazes de actuar sobre
intensificadores induzíveis.
Os factores de transcrição são proteínas que actuam sobre sequências promotoras e intensificadoras. Ao
ligarem-se a ambas as sequências promovem a sua aproximação pela exclusão do DNA interposto, formando-se
uma alga. A ligação de RNA polimerase à sequência promotora é providenciada pela conexão entre os factores de
transcrição e toda a sequência reguladora, verificando-se o desenrolamento local de DNA.
Verifica-se por vezes o recurso a promotores alternativos.
Existem também mecanismos de regulação da transcrição de natureza epigenética, sendo portanto
reversíveis, pois não se baseiam na alteração da sequência de DNA. São os casos de diferenciação celular,
lionização e de imprinting.
Também o grau de metilação das bases de citosina em locais de CpG influencia a sua transcrição:
hipometilação revela uma transcrição activa, enquanto hipermetilação corresponde à inibição da transcrição. A
metilação funciona como mecanismo epigenético envolvido na diferenciação celular, no controlo da proliferação
e na transformação neoplásica, podendo ser um mecanismo mutagénico espontâneo, pois moléculas de s-
metilcitosina podem desaminar em timina. A metilação actua ao interferir na ligação dos factores de transcrição.
Quanto há alteração da estrutura de cromatina, há a referir:
Histonas nucleossómicas (H2A, H2B, H3 e H4) altamente acetiladas;
Ribolisação de H1 e do H2A pela poli-ADP, que é altamente negativa perdendo as histonas a afinidade
para com o DNA;
HMG14 e HMG17 (high mobility groups) ligam-se selectivamente aos nucleossomas na cromatina
activa.
Desfazendo-se a ordem mais elevada da organização da cromatina, facilita-se o acesso de factores de
transcrição às sequências reguladoras da expressão génica.
A cromatina menos condensada, eucromatina, pode ser dividida em dois grupos: o da forma activa e o da
inactiva. A eucromatina inactiva é condensada, mas não tanto como a heterocromatina, sua variante com funções
distintas.
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Identificar os mecanismos de regulação da expressão génica ao nível da pós-transcrição
As moléculas de RNA transcritos pela RNA polimerase II são conhecidos como hnRNA e distinguem-se das
restantes moléculas de RNA por modificações covalentes que sofrem em ambas as extremidades:
Adição de um nucleótido G metilado, cap, à extremidade 5’;
Adição de uma cauda de poli-A à extremidade 3’.
Ambos os processos são mediados por enzimas que se ligam selectivamente à polimerase II.
Estas moléculas sofrem splicing, ao serem imediatamente cobertas por proteínas e snRNP’s, sendo as
sequências não-codificantes (intrões) removidos em forma de laço. A alteração existente na sequência de DNA
pode levar a alterações do padrão de splicing. Em alguns casos, é possível que se elimine uma região de splicing, o
que não impede, contudo, que o processo ocorra: a região remanescente procura uma região nova, possibilitando
splicing alternativo. Este processo pode permitir a evolução de novas proteínas.
A edição de RNA específica do tecido permite alterar a sequência de nucleótidos de mRNA.
A eficácia da tradução é influenciada pela:
Acessibilidade do codão AUG ao ribossoma;
Disponibilidade dos ribossomas;
Disponibilidade de tRNA;
Estabilidade de mRNA;
Velocidade da síntese peptídica.
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Fosforilação, glicosilação, hidroxilação, metilação, formação de pontes dissulfeto.
Os mecanismos de regulação a nível da pós-transcrição e da pós-tradução são mais rápidos e económicos
para a célula que os outros. Apresentam também a vantagem de serem os únicos funcionais quando a transcrição
está interrompida.
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Variabilidade genética. Mutações e Reparação do DNA
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SNPs – Single nucleotide polymorphisms
Assentam portanto na mutação de um único nucleótido, são responsáveis pela variabilidade genética
individual humana – memória, criatividade, coordenação motora, etc.
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Descrever as indicações, vantagens e desvantagens da identificação de doentes e portadores por
estudos directos e indirectos
Nos estudos da natureza indirecta, destacam-se os de associação e os de ligação génica. Nos primeiros,
compara-se incidência de um polimorfismo marcador na população de indivíduos afectados com a incidência na
população de controlo, tendo em conta que o marcador não é o responsável pela doença. A taxa de mutação do
alelo estudado tem de ser baixa ou conhecida.
Vantagem dos estudos de associação:
Não precisam de ligações de parentesco;
Podem detectar efeitos genéticos;
Podem estudar loci que codifiquem proteínas relacionadas com a doença.
Os estudos de ligação génica permitem identificar a presença de alelos que podem ser herdados em
conjunto com um polimorfismo de DNA que, pela proximidade entre ambos, funcione com marcador.
Vantagens dos estudos L.G.:
É preferível ao estudo directo em caso de heterogeneidade alélica para mutações patogénicas.
Desvantagens dos estudos L.G.:
Necessidade de haver um doente na família;
Nem sempre são informativos;
Resultados só válidos para uma família;
Possibilidade de erro por recombinação;
Possibilidade de erro por falsa paternidade.
Os estudos directos são mais seguros, mas para se efectuarem é preciso que se conheça integralmente o
gene causador da doença, o que nem sempre acontece, já que existem inúmeras possibilidades de novas
mutações.
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Transições – quando uma purina é substituída por outra purina, ou uma pirimidina por outra
pirimidina;
Transversões – quando uma purina é substituída por uma pirimidina ou vice-versa;
Sinónimas – substituição de uma base nucleotídica em posição que não altera a codificação para o AA
em questão, embora altere o codão. É o caso de muitas bases terceiras do codão, devido à
degenerescência do código genético;
Missense – substituição de uma base de forma a que o codão codifique um AA diferente do original;
Nonsense – conversão de um codão que codifique um AA num codão Stop;
Frameshift – Formação de uma grelha de leitura diferente quando as delecções ou inserções dizem
respeito a um número de nucleótidos não múltiplos de 3 nova sequência de codões a partir do
local mutado;
Dinâmicas – expansão do número de unidades repetitivas tipicamente constituídas por tripletos. Esta
expansão ocorre durante a meiose e durante as fases precoces do desenvolvimento fetal por
instabilidade mitótica pós-zigótica.
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do gene. Quando ambos os alelos são mutados, há ausência completa da proteína a codificar, instalando-se as
respectivas condições patológicas.
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A detecção e reparação requerem a intervenção de proteínas MMR, mismatch repair. Actuam na mesma
sequência que o sistema anterior:
1. Reconhecimento do erro de emparelhamento;
2. Recrutamento de factores adicionais ao sistema MMR;
3. Identificação da cadeia anómala recém-sintetizada e excisão da sequência de DNA com 1-2 Kb
onde se inclui o erro;
4. Ressíntese da porção excisada.
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Hereditariedade Mendeliana
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A hereditariedade é horizontal: os casos aparecem geralmente todos na mesma geração, habitualmente
numa única fratria;
A taxa de consanguinidade dos progenitores de um indivíduo afectado é habitualmente mais elevada que
na população geral.
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Aconselhamento genético o reconhecimento da heterogeneidade e a identificação do tipo de
hereditariedade são essenciais, mas o diagnóstico laboral é habitualmente demorado e dispendioso.
Pleiotropismo
A mutação de um único gene pode ter reflexos na expressão de diversos fenótipos caso a proteína que ele
codifique, actue em diversos órgãos do corpo humano.
Aconselhamento Genético o reconhecimento do pleiotropismo no progenitor pode permitir que a
partir de uma única manifestação, ainda que menor, pertencente ao espectro de efeitos conhecidos da mutação,
seja possível reconhecimento do portador dessa mutação ou se suspeite de anomalias internas graves que exijam
intervenção médica.
Penetrância Incompleta
A penetrância de um alelo é dada pela proporção de indivíduos com manifestações de doença ou caracter
num determinado universo de indivíduos portadores da doença. A penetrância é completa quando o alelo se
exprime em 100% dos portadores e o alelo é não-penetrante quando não se expressa em heterozigotia.
A penetrância pode ser precoce ou tardia, consoante a idade média com que os indivíduos exprimam o
alelo em causa. É a penetrância tardia que reduz a selecção natural, aumentando a frequência da doença na
população.
A penetrância pode ser influenciada pela presença de outros genes ou por factores ambientais, variando
portanto com as famílias.
Expressividade Variável
Refere-se à intensidade com que o gene é expresso, daí que não é possível estabelecer uma
correspondência directa entre o genótipo e o fenótipo. A expressividade é variável ao ponto de não ser possível
detectar clinicamente no progenitor a mutação por as manifestações serem ligeiras. O alelo é transmitido a um
descendente e neste há uma expressão grave da mutação.
Fenocópias
Um fenótipo que mimetiza a expressão de um genótipo pode ser produzido por acção de factores
ambientais, independentemente de uma alteração génica específica. Se este mecanismo ocorrer em mais do que
um membro de uma família, pode imitar uma condição hereditária.
Aconselhamento genético é claramente essencial reconhecer uma fenocópia associada à doença e
identificar os factores ambientais de risco para os quais os indivíduos desenvolverem a doença.
Teratogéneos
Substância ou agente externo ao genoma do embrião ou feto que provoca um defeito no seu organismo
durante o desenvolvimento intra-uterino. Os teratogéneos originam um padrão específico de defeitos cuja
intensidade varia consoante o momento do desenvolvimento em que ocorreu a exposição e a quantidade da
substância exposta.
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Os teratogéneos podem ser de natureza infecciosa, física, química, medicamentosa ou de natureza
metabólica materna.
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Hereditariedade dominante ligada ao cromossoma X
Manifesta-se em mulheres heterozigóticas e homozigóticas e em homens hemizigóticos. A presença de
um único alelo mutado no sexo feminino está associada a menor severidade do que no sexo masculino, devido à
lionização, apenas metade das células exprimem o alelo mutado.
Apresenta algumas características:
Um homem doente transmite a doença a todas as filhas, enquanto os filhos são normais;
Uma mulher heterozigótica para a mutação, que procrie com um homem normal, transmite a doença a
50% da descendência;
Uma mulher homozigótica transmite a doença a todas os descendentes;
Nas famílias há um maior número de mulheres afectadas comparativamente ao número de homens.
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Explicar as situações em que uma mulher pode ter manifestações de doenças
recessivas ligadas ao X
A ocorrência de mulheres doentes pode registar-se
Quando se verifica lionização assimétrica que conduza a um número de células superior a 50% que
tenham o cromossoma normal inactivado;
Em descendentes homozigóticos para a mutação;
Em casos de monossomia parcial ou completa do cromossoma X em que o herdado seja o alelo
mutado.
Caso a mulher não seja homozigótica para a mutação, pode ainda manifestar uma doença recessiva ligada
ao X. Enquanto que em doenças autossómicas recessivas todas as células produzem 50% de proteína normal,
nestes casos, como a lionização inactiva aleatoriamente um dos cromossomas da célula, encontram-se 50% de
células a produzir a proteína normal e outros 50% a não o fazer, estando assim as mulheres em igual condição a
um homem hemizigótico para a mutação.
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Identificar o tipo de hereditariedade das patologias mais frequentes.
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Hereditariedade não mendeliana
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Descrever genericamente as principais características de doenças de hereditariedade
mitocondrial.
Encefalomiopatia mitocondrial familiar – doença que cursa com epilepsia mioclónica, miopatia,
surdez, demência, ataxia, hipoventilação e cardiomiopatia;
Neuropatia óptica hereditária de Leber – deve-se a alterações de proteínas envolvidas na cadeia de
transporte de electrões. O primeiro sintoma a aparecer é a perda de visão central em ambos os olhos
simultaneamente, seguido de escotoma central. Desenvolve-se habitualmente entre os 20 e os 30
anos e as proporções de indivíduos de sexo masculino relativamente aos do feminino afectados é de 4
para 1.
Definir imprinting.
O imprinting consiste numa modificação epigenética da expressão genica que inibe a expressão de um
alelo em gerações sucessivas, em função do sexo do progenitor que o transmite. Cria haploidia funcional
localizada a um locus.
Designa-se por imprinting materno o processo em que a inactivação de um alelo resulta da sua passagem
por um progenitor do sexo feminino e por imprinting paterno se a inactivação ocorreu no progenitor masculino.
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Heredograma característico de hereditariedade sujeita a imprinting paterno
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Caso ocorra heterodissomia ou isodissomia uniparental em genes sujeitos a imprinting, podem
desenvolver-se doenças por falta de expressão do gene inactivado ou por haver expressão de dois alelos idênticos
porque não ocorreu imprinting.
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Descrever como se quantifica a contribuição genética para os traços multifactoriais.
É possível definir um grau de concordância para um determinado traço ou doença pela proporção de
pares de gémeos em que há coincidência na expressão fenotípica em relação ao total de gémeos.
A partir da concordância, é possível determinar a hereditabilidade do traço ou doença devido à
componente genética numa condição multifactorial. O valor de hereditabilidade é o dobro da diferença entre os
valores encontrados para os gémeos verdadeiros e para os falsos.
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Consanguinidade e genética e populações
I
1 2
II
1 2 3 4
III
1
2
Coeficiente do Endocruzamento
Define a proporção de loci para os quais o indivíduo é homozigoto por descendência; probabilidade de os
dois alelos de um locus serem idênticos num descendente de um acasalamento consanguíneo:
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Identificar as populações em que a consanguinidade constitui um risco para doenças
específicas.
População Patologia
Deficiência em G6PD
Bacia do Mediterrâneo (italianos, gregos) Talassémia β
Febre mediterrânea familiar
Brancos sul-africanos Homozigotia para hipercolesterolémia familiar
Deficiência em G6PD
Chineses Deficiência em lactose do adulto
Talassémia α
Escandinavos Deficiência em α1-antitripsina
Japoneses Acatalasémia
Drepanocitose
Negros (África)
Deficiência em G6PD
Para um locus ligado ao cromossoma X, o equilíbrio sé é atingido ao fim de várias gerações. Para dois loci,
o número de gerações necessárias é ainda maior, dependendo da fracção de recombinação.
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Tomando como exemplo uma população de 40 indivíduos em que:
105 têm homozigotia para o alelo A;
200 têm homozigotia para o alelo a;
95 têm heterozigotia Aa.
Para determinar a frequência alélica.
Alelo A:
Alelo a:
Sendo a soma dos alelos igual a 800, temos que:
número total e indivíduos estudados pela frequência determinada para cada genótipo.
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Farmacogenética. Ecogenética e erros inatos do metabolismo
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Explicar como a variação genética interfere na resposta a fármacos.
Quando os polimorfismos estão presentes em loci que codificam enzimas envolvidas na actividade de
agentes terapêuticos e a actividade enzimática é diversa em função do polimorfismo presente, podem registar-se
variações significativas da actividade fisiológica do produto usado, determinadas geneticamente.
Da interacção dos fármacos com as enzimas envolvidas no seu metabolismo podem ocorrer efeitos
adversos, como uma reduzida acção do fármaco com ausência do efeito terapêutico esperado, uma resposta
fisiológica exagerada, efeitos colaterais ou o desencadeamento de efeitos característicos de doenças
geneticamente determinadas.
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- Deficiência de moléculas resultantes do metabolismo que funcionem como substrato em reacções
subsequentes;
- Perturbação de mecanismos de regulação do metabolismo por feedback.
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Anomalias congénitas
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Disrupções
Defeito morfológico de um órgão ou de uma região do organismo que resultou das paragem ou
interferência de um processo de desenvolvimento originalmente normal. Os factores extrínsecos podem ser
isquémia, infecção, radiação, agressão teratogénica ou traumatismo. Afecta 1 a 2% dos recém-nascidos.
Deformações
Alterações da forma ou da posição de partes do organismo causadas por forças mecânicas exercidas no
organismo por um longo período de tempo. Tais forças podem ser intrínsecas (defeitos do tecido conjuntivo, pé
boto por miopatia, etc. …) ou extrínsecos (gravidezes múltiplas, etc. …).
As deformações surgem numa fase tardia do desenvolvimento uterino do feto, sendo a causa mais
comum a falta de movimento. Afecta 2% dos recém-nascidos.
Diplasias
Defeito primário que envolve uma má organização das células num tecido ou de um tecido numa
estrutura. São atingidas as diversas partes do corpo em que esses tecidos estejam envolvidos.
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Cromossomopatias
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marca o DNA doente; se se registar monossomia, a região cromossómica ou o cromossoma em causa
será da cor do fluorocromo do DNA controlo. Assim, este método permite detectar duplicações e
delecções;
PCR in situ – procedimento semelhante ao do método de PCR. É possível detectar DNA viral, proviral,
rearranjos de DNA e translocações.
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fenótipo normal, pois nos braços curtos há apenas heterocromatina, mas os gâmetas produzidos
são cromossomicamente anormais;
o Recíprocas – intercâmbio de 2 fragmentos entre cromossomas não-homólogos, estabelecendo-se
um rearranjo equilibrado. No emparelhamento meiótico podem formar-se quadrivalentes com
segregação anormal durante a meiose, daí a infertilidade e abortos espontâneos repetidos. O
risco de recorrência dos portadores é de 20-30%;
o Insercional – um fragmento cromossómico muda de local dentro do mesmo cromossoma ou para
outro. Há um risco elevado da descendência ter anomalias.
Autossomopatias
Descrever os fenótipos e prognósticos das trissomias 21, 18 e 13.
Trissomia 21
Fenótipo: hipotonia muscular, braquicefalia, rosto redondo, orelhas mal formadas, manchas de
Brushfield na íris, estrabismo, epicantos, nariz pequeno e achatado, boca aberta e protusão da língua,
palato alto, estreito e arqueado, mandíbula hipoplásica, pálpebras orientadas obliquamente para
cima e para fora, aumento de pêlo na nuca, reflexos de Moro diminuídos, atrésia duodenal, maior
susceptibilidade a infecções, leucemia, atraso mental, baixa estatura, hiperflexibilidade das
articulações, displasia da pélvis
Prognóstico:
o Cerca de 70% dos embriões com trissomia 21 abortam espontaneamente.
o A quase totalidade dos doentes que vivem para além dos 40 anos manifesta Doença de
Alzheimer.
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o Esperança média de vida menor que a da população geral.
Trissomia 18
Fenótipo: hipotonia muscular, seguida de hipertonia, pé boto com calcanhar proeminente, unhas
hipoplásicas, dedos da mão em flexão com cavalgamento do 2º sobre o 3º dedo e do 5º sobre o 4º,
occipital proeminente, orelhas malformadas e de baixa implantação, microgratia, esterno curto, boca
pequena, dolicocefalia, atraso mental, atraso de crescimento, onfalocelo, cardiopatia congénita.
Prognóstico: sobrevivência rara para além dos 6 meses de vida.
Trissomia 13
Fenótipo: holoprosencefalia, microcefalia, microftlamia, ciclopia, agenesia do corpo caloso,
arrinencefalia, hidrocefalia, coloboma da íris, deformações do couro cabeludo, orelhas malformadas,
fenda labial e/ou palatina uni ou bilateral, polidactilia das mãos e dos pés, malformações orgânicas
múltiplas, crescimento deficiente.
Prognóstico: sobrevivência rara para além dos 6 meses.
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algumas células de um embrião inicialmente trissómico, ou por não disjunção mitótica de um embrião
outrora cromossomicamente normal. Visto ser um motivo pós-zigótico, não há qualquer alteração
cromossómica nos progenitores e o risco de recorrência é inferior a 1%.
Heterocromossomopatias
Descrever os fenótipos, prognósticos e terapêuticas dos síndromes de Turner,
Klinefelter, Triplo X e cromossoma Y supranumerário.
Síndrome de Turner
Fenótipo: pescoço curto e largo, excesso de pele na nuca, linfodema das mãos e dos pés, hipoplasia
das unhas, baixa implantação das orelhas e do cabelo, pregas alares, tórax em escudo, palato alto e
arqueado, baixa estatura, osteoporose, cubitus valgus, malformações cardíacas e renais,
impuberismo, esterilidade, doenças auto-imunes, obesidade, diabetes. QI está dentro dos limites
normais, mas pode haver perturbações da percepção espacial e do comportamento social,
especialmente quando o cromossoma X é de origem materna.
Prognóstico: embriões e fetos com este cariótipo – 45,X – têm pouca viabilidade, menos de 1%
sobrevive até ao parto. Dos indivíduos que nascem, muitos têm mosaicismo placentar. Mães com
mosaicismo somático e gonadal podem ter filhos com S. Turner por anomalia herdada.
Tratamento:
o Administração da hormona de crescimento.
o Administração de ciclos de tratamento com estrogénios e progesterona.
o Gonadectomia se presença de cromossoma Y.
o Cirurgia cardiotorácica e ecocardiogramas de 3 em 3 anos.
o Procriação medicamente assistida.
Síndrome de Klinefelter
Fenótipo: deficiente desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, impotência, esterilidade,
ginecomastia, maior risco de cancro da mama, alta estatura, osteoporose, tumor de células germinais,
diabetes, úlceras pépticas, enfisema pulmonar, sem atraso mental, mas QI menos elevado,
dificuldade de aprendizagem.
Prognóstico: normal.
Tratamento:
o Suplementos de testosterona.
o Cuidados médicos e educativos suplementares.
o Vigilância da próstata a partir dos 30 anos de idade.
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Síndrome do Triplo X
Manifestações fenotípicas pouco aparentes: hipertelonismo, anomalias esqueléticas, QI dentro do
normal, mas ainda diminuído que o dos irmãos, dificuldade de aprendizagem.
Síndrome de Cromossoma Y supranumerário
Sem manifestações significativas a nível do fenótipo: estatura maior que a média, hipotonia da
musculatura peitoral, deficiente coordenação motora dos movimentos finos, macrodontia, redução
do tamanho do pénis, QI diminuído, mas sem atraso mental.
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Genética do cancro
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Assim, é apenas necessária a mutação de um dos alelos para que ocorra a estimulação da proliferação
celular e do desenvolvimento do fenótipo tumoral. Os tipos de mutação mais frequentes são a amplificação, a
mutação pontual e a translocação cromossómica.
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exercer a sua função, essencial na progressão do ciclo celular. Para que volte à sua forma original não
fosforilada, é preciso que p105RB esteja sob a influência de fosfatases.
A paragem do ciclo celular implica então que p105RB não esteja fosforilada, o que pressupõe a ausência
de actividade da proteinocinase do complexo ciclina G1-p34COK. É preciso um outro mecanismo que actue a nível
deste complexo – mediação feita por P21.
P21 tem, portanto, capacidade para inibir fosforilação do p105RB e interromper o ciclo celular.
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9) Reparação integral das lesões de DNA;
10) Diminuição da [TP53];
11) Diminuição da [p21];
12) Aumento da actividade da proteinocinase do complexo ciclina-p34COK;
13) Fosforilação da p105RB;
14) Libertação dos factores de transcrição;
15) Prosseguimento do ciclo celular e entrada na fase S.
Quando os genes de reparação de DNA estão alterados, não ocorre o ponto 9 e o retomar do ciclo pode
ser com acumuladas mutações no DNA, podendo incluir uma mutação dominante que origina um oncogene com
consequente vantagem proliferativa para um clone celular e formação de um tumor.
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Aconselhamento genético
Terapia genética
Enumerar diferentes tipos de tratamento nas doenças genéticas.
É a terapia génica que tem como finalidade a cura de uma doença de natureza genética, por integração
nas células do organismo de um gene cópia normal de um gene mutado ou em falta, ou por modulação da
expressão génica.
A prevenção primária evita que seja formado o genótipo anormal responsável; a prevenção secundária
actual pelo DPI ou pelo DPN e eventual interrupção da gravidez. Na ausência de prevenção primária e secundária,
há que recorre às formas de tratamento disponíveis, actuando a nível sintomático ou a nível do genótipo por
terapia génica. Esses métodos de intervenção terapêutica em doenças de natureza génica incluem:
Afastamento de factores ambientais deletéricos;
Modificação da dieta;
Terapêutica medicamentosa;
Modulação da expressão génica;
Cirurgia de remoção do órgão doente;
Administração do produto em falta;
Transplantação de células ou de órgão;
Terapia génica.
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Terapia génica ex vivo
Metodologias desta técnica são viáveis quando o defeito está presente a nível do sangue ou quando o
defeito é sistémico e pode ser corrigido por transdução ou transfecção de células sem especificidade celular. As
células são recolhidas do doente, tratadas in vitro e reintroduzidas no organismo.
Terapia génica in situ
Tem lugar quando é possível definir um território do organismo com uma via de acesso específica –
territórios vasculares do fígado, do cérebro ou dos rins ou as vias respiratórias.
Terapia génica in vivo
Executada no individuo sem definição de um território específico, por injecção na corrente sanguínea do
vector recombinante. Assim, este método depara-se com dificuldades como a acção do sistema imunológico e a
não especificidade dos vectores para as células-alvo.
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Dificuldade de regular com precisão dosagem génica;
Possibilidade de inserção do genoma pró-viral recombinante nas células terminais, sem se
poder prever ou testar consequências para as gerações futuras.
Adenovírus
o Vantagens
Permitem obtenção de elevadas concentrações virusais;
Possibilitam transferência e expressão de genes em células que não estão em divisão;
Podem afectar todos os tipos de células humanas;
Recombinação rara;
Risco de mutagénese insercional muito reduzido, habitualmente não são incorporados no
genoma.
o Desvantagens
Em casos de sucessivas administrações, geram-se títulos elevados de anticorpos,
reduzindo a eficácia e gerando efeitos secundários;
Eliminação de células “infectadas” por linfócitos-T;
Acção transitória por não inserção no genoma e necessidade de repetir administrações.
Vírus adeno-associados
o Vantagens
Efeito terapêutico prolongado.
Ausência de toxicidade.
Elevado grau de segurança – é somente conservado 5% do seu genoma, a que não
corresponde nenhum gene virusal.
o Desvantagens
Baixa capacidade por comportarem apenas sequências de DNA até 4,5kb.
Vírus Herpes.
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Quando dominante, não basta a incorporação da forma normal do alelo, pois já está presente em
heterozigotia, mas sim proceder de modo a que não se observe a expressão do alelo mutado, possível das
seguintes formas:
Inactivação do produto proteico por complexação com outra proteína ou por alteração do seu grau de
metilação, acetilação ou fosforilação;
Degradação do respectivo mRNA;
Inactivação do mRNA;
Modulação do alelo mutado, de modo a inibir a sua transcrição.
Para além de doenças hereditárias, a terapia génica pode também ter como objectivo o tratamento de
doenças adquiridas, modulando a expressão de determinado gene. Nestas condições, a expressão temporária do
gene transduzido pode ser suficiente para o tratamento, enquanto que nos casos hereditários constituía uma
limitação da terapia génica.
A consulta
Descrever os principais componentes e regras do aconselhamento genético.
O processo de aconselhamento genético estabelece-se no âmbito da relação médico-doente e comporta
as seguintes etapas:
Elaboração de um diagnóstico seguro ou, quando não for possível, exclusão de algumas doenças;
Determinação do curso da doença, do prognóstico e das formas de tratamento e prevenção;
Identificação da forma de transmissão hereditária e determinação do risco de recorrência;
Identificação das opções;
Comunicação das informações anteriores ao consulente;
Definição de formas de actuação consoante os princípios éticos, morais e religiosos do consulente e
da família.
Durante a consulta, deve estabelecer-se um ambiente de proximidade e confiança entre o consulente e o
médico, de modo a ultrapassar as inibições naturais daquele, permitindo um relato fiel dos factos relativos à sua
condição e/ou da sua família. Devem ser tidos em conta os níveis sócio-educativos e cultural do consulente na
escolha do momento e da linguagem.
Após ter feito o consulente compreender todas as condições da doença, e seja altura de tomada de
decisão, o médico não deve exercer qualquer atitude coerciva em relação ao consulente.
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de doenças graves genéticas. Tem a contra-indicação das dificuldades inerentes à reprodução medicamente
assistida por fecundação in vitro. Além disso, exige que os resultados sejam conhecidos num espaço de 48 horas,
enquanto o embrião se mantém viável. É uma técnica associada a 5-10% de falsos positivos e falsos negativos por
falha na amplificação de um dos alelos por PCR. Na eventualidade de haver mosaicismo, se estudada apenas uma
célula, o resultado pode também induzir em erro.
Diagnóstico pré-natal
Realizado no período fetal da gravidez. São indicações para DPN:
Idade da mãe superior a 35 anos;
Filho anterior com cromossomopatia;
Registo de familiares com atraso mental;
Progenitor portador de anomalia cromossómica;
História de defeitos do tubo neural;
Ansiedade materna;
Suspeita de anomalias fetais por rastreio bioquímico ou por ecografia;
Abortos múltiplos;
Risco elevado para doença de causa monogénica.
Diagnóstico pós-natal
Abrange os processos de diagnóstico neo-natal e, em idades posteriores, o rastreio de portadores de
mutações recessivas e o diagnóstico pré-sintomático.
São habitualmente feitos em linfócitos do sangue periférico e em fibroblastos. Justifica-se quando após a
detecção da deficiência de causa genética é possível uma abordagem terapêutica.
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Ética em genética
Descrever situações de aconselhamento genético que mais frequentemente
colocam problemas éticos.
As intervenções terapêuticas a nível das células germinais são as que levantam mais questões éticas
sérias, como sejam os possíveis limites morais quando se mexe com a vida humana, a dimensão da
responsabilidade das gerações actuais para com as gerações futuras por eventual alteração do genoma com
consequências não previsíveis e deletéricas, a utilização de embriões humanos, os riscos clínicos relevantes e o
perigo social.
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