Diferenciação Celular • Dogma Central da Biologia Nuclear: Quando o DNA está disponível para sofrer mutações, existe uma serie de pontos de regulação que impedem que isso aconteça, porém nem sempre eles são capazes de impedir isso, e, portanto, pode levar a mutações que causem neoplasias, por exemplo. Esse DNA só leva as informações presentes nele, só expressa isso, caso haja a formação de um produto gênico, portanto quando o DNA é transcrito em RNA, ocorre a transcrição de um gene apenas, que deve produzir uma proteína funcional para o corpo. • Quando ocorre uma diferenciação celular, é possível perceber que ocorre uma síntese e acúmulo de diferentes conjuntos de moléculas de RNA e proteína, discordando da teoria de que ocorreria uma perca genética nas diferentes células, o que muda entre as diferentes células, como por exemplo os neurônios e as células hepáticas, estão na quantidade de RNA e proteínas que iram ser destinadas ao grupo celular. • Muitos processos e produtos são comuns a todas as células, um exemplo disso é a presença de actina, proteína responsável pelo citoesqueleto, o gene que promove a síntese dela está presente em todas as células do corpo, porém existem RNAs e proteomas específicos que ficam restritos em células especializadas, mesmo que tenham duas células diferentes, o genoma será o mesmo, mas com expressão do proteoma diferente, ou seja, produção de proteínas diferentes. o Genoma → Conjunto de genes do DNA o Proteoma → Conjunto de proteínas que participam da estruturação do DNA • Mesmos genes expressos podem apresentar variação de expressão – ou seja, duas células podem possuir o mesmo gene, porém a necessidade da proteína que esse gene é capaz de produzir é diferente, em uma pode precisar de 10 proteínas e outra de 100 → Diferenças no padrão final de produção de proteínas. • Podemos ter a presença de sinais externos alteram a expressão → A presença desses fatores pode alterar a transcrição de proteínas, como por exemplo, o uso de corticoides, ou infecção por vírus e até mesmo “beber todas no final de semana”, promove que sejam produzidas mais proteínas capazes de degradar o álcool. • Muita da vezes pode acontecer de o individuo possuir a mutação no DNA, porém devido a presença dos pontos de regulação, não são produzidos os produtos gênicos para o desenvolvimento dessa “mutação”.
Pontos de Regulação da Expressão Gênica
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1º Nível: Controle Transcricional • O primeiro ponto está relacionado com a transcrição dos genes para o RNA, quem ajuda a realizar esse controle são as proteínas reguladores do gene, que se ligam a sequências específicas e iniciam reações que especificam quais genes são transcritos e em quais taxas. • Nesse nível, o corpo tenta impedir que ocorra a transcrição de genes “errados” → Na região de introns, existem essas proteínas reguladoras de genes, que iram controlar a DNA polimerase, determinando quais genes vão ser expressos e a quantificação dessa expressão, isso ocorre na Região De Sequência Reguladora, todos os genes possuem essa região → A transcrição de cada gene é, por sua vez, controlada por seu conjunto particular de sequências reguladoras cis-atuantes que determinam o momento e o local da expressão. • Na fita de DNA, existem diversas bases nitrogenadas em sequência, e essas apresentam sítios de ligação para as proteínas reguladoras, elas são capazes de reconhecer: Doadores de ligações de hidrogênio; Aceptores de ligações de hidrogênio; Grupos metila. Nessas regulações químicas, é onde as proteínas reguladoras de gene iram se associar, a partir do sulco maior, uma região onde possui uma maior quantidade de ligações disponíveis, proporcionando uma melhor ligação – cada uma das quatro configurações projeta um padrão único de características → As interações entre elas são muito fortes, já que existem diversas delas (Cerca de 20 contatos entre ligações de hidrogênio, iônicas e interações hidrofóbicas), garantindo com que a proteína interage de maneira correta com determinada sequência do material. • Superfície da proteína reguladora extensivamente é complementar ao DNA → Os “Logos” são como uma padrão, que possuem cerca de 6 a 8 pares de nucleotídeos e são reconhecidos pelas proteínas reguladoras, e para que eles sejam todos correspondidos pelas proteínas, isso ocorre a cada 1 vez em 4096 nucleotídeos (4 6) → Para que o DNA fique cada vez mais específico, ocorre a formação de dímeros (duas sequências de proteínas), uma vez que precisa de proteínas reguladoras que interagem com 12 ou 16 proteínas. o Pode se encontrar homodímeros, que são constituídos por duas proteínas iguais, ou heterodimeros, que são constituídos por duas proteínas diferentes, gerando maior especificidade, já que é necessário que ocorra a ligação correta entre a sequência de ambas. • Após ligados, como os reguladores transcricionais atuam na expressão gênica? o Reguladores transcricionais positivos: auxiliam a montagem da estrutura que interage com a RNApolimerase, auxiliando na iniciação da transcrição, ou seja, atrai, posiciona e libera a RNApolimerase. o Reguladores transcricionais negativos: bloqueiam a transcrição. o Além disso, a RNApolimerase precisa ser capaz de romper algumas interações indiretas, como a associação com as histonas dos nucleossomos (octamero de histonas onde o RNA é enovelado para ser compactado). o Pode estar presente dezenas de reguladores para um gene, o que dificulta ainda mais a transcrição desse gene. o Pode ocorrer também a formação de alças, que conforme a abertura do RNA são formadas alças que impedem a transcrição desse. • Uma vez ligados ao DNA, como os complexos de proteínas ativadoras aumentam a taxa de iniciação da transcrição? Com o auxílio dos reguladores transcricionais positivos, é possível atrair, posicionar e liberar a RNA- polimerase II, porém além disso é necessário que haja uma mudança na cromatina dos sítios promotores para que seja possível a leitura das bases nitrogenadas de lá. • O processo de remodelagem da cromatina é importante, uma vez que o DNA compactado não é passível de leitura, então é necessário que haja mecanismo que alteram a estrutura dos nucleossomos, para permitir que haja a leitura da sequência genica. Os genes continuam sendo o mesmo, só ocorre uma remodelação deles, isso é importante para que sejam “escolhidos” genes, e para que eles fiquem disponíveis, e sua informação seja acessada.
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o Modificação da posição dos nucleossomos: é uma forma que pode proporcionar a leitura dos genes, uma vez que eles estarão mais “expostos” para o processo de transcrição. o Remoção dos nucleossomos: as proteínas que fazem arte da remodelação de cromatina, é capaz de retirar o octamero de histonas, fazendo com que o DNA não seja mais tão compacto, facilitando a ação da RNApolimerase. o Substituição do octamero de histonas o Modificação de histonas: através de complexos que modulam as histonas, são capazes de remodelar a estrutura dos nucleossomos, podendo fazer com que os genes que estavam recobertos, agora estejam disponíveis para a transcrição. • Memória de Expressão: Conforme os hábitos de vida do indivíduo, é possível que o material genético se "programe" para que os seus descendentes possuam alguma modificação do padrão → Exemplo: Pais alcoolistas tendem a passar para seus filhos a capacidade de produzir a álcool desidrogenase mais facilmente, já que o metabolismo dos pais foi modulado pelos seus hábitos, essa modificação é realizada em vários pontos, fazendo com que se mantenha um padrão de expressão. • Repressores Transcricionais podem atuar de diversas maneiras, como: o Ligação Competitiva com o DNA: Ambas as estruturas, tanto a positiva, quanto a negativa, competem pelo sítio de ligação transcrição. o Mascaramento da superfície: O ativador quando ira realizar o seu papel, recebe um inibidor que se liga ao seu sítio de ligação, impedindo a ação normal dele. o Interação com os Fatores Gerais de Transcrição: Já que a RNApolimerase não consegue se ligar sozinha na fita, é necessário um grupo de proteínas que fazem esse intermédio, quando esses fatores começam a montar um “palco” para a RNApolimerase, os repressores se ligam as proteínas impedindo essa montagem. o Recrutamento dos modificadores de cromatina: Eles podem impedir a associação pela não remodelação. o Acetilação: É o processo que adiciona um grupo Etil na estrutura → A transcrição de um novo RNA é facilitada, ou seja, essa adição é como se fosse um atrativo para as estruturas que transcrevem o RNA. o Metilação: Adição de um grupo Metil → A expressão genica diminui, e com isso prejudica o acesso a informação do DNA, já que dificulta a associação dos compostos, como essa metilação a RNA polimerase, não consegue se associar. Dependendo de qual gene está sendo metilado, pode facilitar o aparecimento do câncer (caso ocorra em um gene supressor de tumor), agora quando ocorre a metilaçao de um oncogene, pode promover a proliferação celular de uma neoplasia, uma vez que as linhas de defesa do corpo são burladas. ▪ Exemplos que causam esse fato: Raio X (radiação ionizante), drogas sintéticas...
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2º Nível: Controle de Processamento de RNA • Após a construção de um RNA com mutação, podemos evitar o processamento dele, isso ocorre por meio da atenuação do RNA, de uma maneira com que ocorra um término prematuro → esse processo tende a dificultar a associação do RNA com a RNA polimerase, não possibilitando que essa “fita” mutada continue a transcrição. o Exemplo: Vacina para o HIV / PREP. • Porém, existem casos em que não é possível frear a transcrição no começo, sendo necessário que outros métodos sejam aplicados, como: o Alteração da formação de CAP 5’: é colocado na extremidade 5’ do mRNA, para a proteção desse RNA, pode acontecer de que esse a célula não coloque. o Evitar a realização do Sliping Alternativo: Não ocorre a retirada dos introns (eles não possuem informações que transcrevem proteínas), e alteração da ordem dos exons, fazendo com que não seja possível a leitura desse RNA. o Pode evitar-se a formação da cauda poli-A: Adicionado na extremidade 3’ com o mesmo objetivo do CAP 5’, quanto maior for a cauda poli-A, maior o tempo que o RNA fica disponível no citosol da célula. o Edição do RNA: Essa edição acontece por um processo chamado de desaminação, um grupo de proteínas da enzima ADAR, essa enzima é capaz de ir até uma adenina, retirando um grupo amino e transformando em I; ou modificar um C em U, modificando a sequência das bases nitrogenadas, não permitindo a expressão da informação.
3º nível: Controle do Transporte e Localização do RNA
• Existem mecanismos que retiram o RNA pronto do núcleo e direcionam eles para o seu local de destino, onde será produzida a proteína, caso o RNA não esteja disponível na localização necessária, a síntese das proteínas não vai acontecer, e isso pode acontecer, já que na extremidade 3’, possui uma sequência UTR3’, que serve como um código de envio, ele é reconhecido pelas proteínas de transporte para que ele atinja seu local específico ou seja, essa sequência UTR3’ é quem direciona o RNA, e uma vez que haja uma falha nessa sequência o RNA não chega no local necessário, impedindo a tradução dele.
4º nível: Controle da Tradução
• Caso o RNA esteja disponível no local necessário, outra forma de impedir a continuidade dessa tradução, é por meio do controle da tradução, existem algumas formas que impedem a leitura do RNA, como; o Pode ocorrer uma ligação de uma proteína repressora que se liga na sequência de bases que inicia a tradução o O aumento de temperatura também é interessante, uma vez que é capaz de romper as ligações de hidrogênio. o Em bactérias: a sequência Shine-Dalgarno se liga ligada a repressores o Em eucariotos, a sequência AUG inicia todas as proteínas presentes no corpo, próximo ao Cap 5’, é possível que bloqueamos por repressores essa sequência, para que não seja desenvolvida a proteína.
5º nível: Controle da Degradação do RNA
• Uma outra forma de impedir esse processo, é pela degradação do RNA, sabemos que o RNA é muito instável, permanecendo cerca de 30 minutos apenas no citosol, devido a presença de CAP 5’ e a cauda poli-A, caso haja algum dano nessas estruturas, o RNA deixa de ser funcional, sendo encaminhado para a região do citosol que forma os corpos P, é uma alta concentração de enzimas que se associam e são capazes de destruí-lo.
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• Ainda podemos utilizar os micro-RNAs (miRNAs), essas estruturas são capazes de se associar a uma proteína chamada de Argonalta, e com isso formam um complexo RISK, que é capaz de chegar no RNA e promover a quebra dele.
6º nível: Controle da Atividade Proteica
• Mesmo que até aqui o RNA tenha conseguido passar por todas as etapas de repressão, a célula em último caso pode ativar ou desativar a proteína gerada, essa ativação proteica geralmente está relacionada com enzimas quinasse (adição de um grupo fosfato), e altera-se a conformação da proteína, ativando-a; entretanto, também existem as enzimas fosfatasses, que promovem a quebra de um grupo fosfato, que inativa a proteína. • Controle do Ciclo celular: Existe um complexo de proteínas ubiquitina-proteossoma, quando a proteína é marcada pela ubiquitina, a proteína é encaminhada para a degradação pelo proteossoma. o Além disso, possuímos a proteína p53, que desativa o ciclo celular, impedindo a proliferação da célula, e esse complexo ubiquitina-proteossoma, que regula os níveis de concentração dela.
➢ Qual a relação do controle de expressão gênica com o proteoma? O controle de expressão que é responsável pela produção de todas as proteínas da célula (proteoma celular).