Você está na página 1de 5

Genética: Controle da Expressão Gênica

Professor: Rodrigo Vargas


Diferenciação Celular
• Dogma Central da Biologia Nuclear: Quando o DNA está disponível para sofrer
mutações, existe uma serie de pontos de regulação que impedem que isso
aconteça, porém nem sempre eles são capazes de impedir isso, e, portanto, pode
levar a mutações que causem neoplasias, por exemplo. Esse DNA só leva as
informações presentes nele, só expressa isso, caso haja a formação de um produto
gênico, portanto quando o DNA é transcrito em RNA, ocorre a transcrição de um
gene apenas, que deve produzir uma proteína funcional para o corpo.
• Quando ocorre uma diferenciação celular, é possível perceber que ocorre uma
síntese e acúmulo de diferentes conjuntos de moléculas de RNA e proteína,
discordando da teoria de que ocorreria uma perca genética nas diferentes células,
o que muda entre as diferentes células, como por exemplo os neurônios e as
células hepáticas, estão na quantidade de RNA e proteínas que iram ser destinadas
ao grupo celular.
• Muitos processos e produtos são comuns a todas as células, um exemplo disso é a
presença de actina, proteína responsável pelo citoesqueleto, o gene que promove
a síntese dela está presente em todas as células do corpo, porém existem RNAs e
proteomas específicos que ficam restritos em células especializadas, mesmo que
tenham duas células diferentes, o genoma será o mesmo, mas com expressão do
proteoma diferente, ou seja, produção de proteínas diferentes.
o Genoma → Conjunto de genes do DNA
o Proteoma → Conjunto de proteínas que participam da estruturação do DNA
• Mesmos genes expressos podem apresentar variação de expressão – ou seja, duas células podem possuir o
mesmo gene, porém a necessidade da proteína que esse gene é capaz de produzir é diferente, em uma pode
precisar de 10 proteínas e outra de 100 → Diferenças no padrão final de produção de proteínas.
• Podemos ter a presença de sinais externos alteram a expressão → A presença desses fatores pode alterar a
transcrição de proteínas, como por exemplo, o uso de corticoides, ou infecção por vírus e até mesmo “beber
todas no final de semana”, promove que sejam produzidas mais proteínas capazes de degradar o álcool.
• Muita da vezes pode acontecer de o individuo possuir a mutação no DNA, porém devido a presença dos pontos
de regulação, não são produzidos os produtos gênicos para o desenvolvimento dessa “mutação”.

Pontos de Regulação da Expressão Gênica

Olivir Macedo Lunardon – TXIV 1


1º Nível: Controle Transcricional
• O primeiro ponto está relacionado
com a transcrição dos genes para
o RNA, quem ajuda a realizar esse
controle são as proteínas
reguladores do gene, que se ligam
a sequências específicas e iniciam
reações que especificam quais
genes são transcritos e em quais
taxas.
• Nesse nível, o corpo tenta impedir que ocorra a transcrição de genes “errados” → Na região de introns, existem
essas proteínas reguladoras de genes, que iram controlar a DNA polimerase, determinando quais genes vão ser
expressos e a quantificação dessa expressão, isso ocorre na Região De Sequência Reguladora, todos os genes
possuem essa região → A transcrição de cada gene é, por sua vez, controlada por seu conjunto particular de
sequências reguladoras cis-atuantes que determinam o momento e o local da expressão.
• Na fita de DNA, existem diversas bases nitrogenadas em sequência, e essas apresentam sítios de ligação para as
proteínas reguladoras, elas são capazes de reconhecer: Doadores de ligações de hidrogênio; Aceptores de
ligações de hidrogênio; Grupos metila. Nessas regulações químicas, é onde as proteínas reguladoras de gene
iram se associar, a partir do sulco maior, uma região onde possui uma maior quantidade de ligações disponíveis,
proporcionando uma melhor ligação – cada uma das quatro configurações projeta um padrão único de
características → As interações entre elas são muito fortes, já que existem diversas delas (Cerca de 20 contatos
entre ligações de hidrogênio, iônicas e interações hidrofóbicas), garantindo com que a proteína interage de
maneira correta com determinada sequência do material.
• Superfície da proteína reguladora extensivamente é complementar ao DNA → Os “Logos” são como uma padrão,
que possuem cerca de 6 a 8 pares de nucleotídeos e são reconhecidos pelas proteínas reguladoras, e para que
eles sejam todos correspondidos pelas proteínas, isso ocorre a cada 1 vez em 4096 nucleotídeos (4 6) → Para que
o DNA fique cada vez mais específico,
ocorre a formação de dímeros (duas
sequências de proteínas), uma vez que
precisa de proteínas reguladoras que
interagem com 12 ou 16 proteínas.
o Pode se encontrar homodímeros, que são constituídos por duas proteínas iguais, ou heterodimeros, que
são constituídos por duas proteínas diferentes, gerando maior especificidade, já que é necessário que
ocorra a ligação correta entre a sequência de ambas.
• Após ligados, como os reguladores transcricionais atuam na expressão gênica?
o Reguladores transcricionais positivos: auxiliam a montagem da estrutura que interage com a
RNApolimerase, auxiliando na iniciação da transcrição, ou seja, atrai, posiciona e libera a RNApolimerase.
o Reguladores transcricionais negativos: bloqueiam a transcrição.
o Além disso, a RNApolimerase precisa ser capaz de romper algumas interações indiretas, como a associação
com as histonas dos nucleossomos (octamero de histonas onde o RNA é enovelado para ser compactado).
o Pode estar presente dezenas de reguladores para um gene, o que dificulta ainda mais a transcrição desse
gene.
o Pode ocorrer também a formação de alças, que conforme a abertura do RNA são formadas alças que
impedem a transcrição desse.
• Uma vez ligados ao DNA, como os complexos de proteínas ativadoras aumentam a taxa de iniciação da
transcrição? Com o auxílio dos reguladores transcricionais positivos, é possível atrair, posicionar e liberar a RNA-
polimerase II, porém além disso é necessário que haja uma mudança na cromatina dos sítios promotores para
que seja possível a leitura das bases nitrogenadas de lá.
• O processo de remodelagem da cromatina é importante, uma vez que o DNA compactado não é passível de
leitura, então é necessário que haja mecanismo que alteram a estrutura dos nucleossomos, para permitir que
haja a leitura da sequência genica. Os genes continuam sendo o mesmo, só ocorre uma remodelação deles, isso
é importante para que sejam “escolhidos” genes, e para que eles fiquem disponíveis, e sua informação seja
acessada.

Olivir Macedo Lunardon – TXIV 2


o Modificação da posição dos
nucleossomos: é uma forma que pode
proporcionar a leitura dos genes, uma
vez que eles estarão mais “expostos”
para o processo de transcrição.
o Remoção dos nucleossomos: as
proteínas que fazem arte da
remodelação de cromatina, é capaz de
retirar o octamero de histonas,
fazendo com que o DNA não seja mais
tão compacto, facilitando a ação da
RNApolimerase.
o Substituição do octamero de histonas
o Modificação de histonas: através de
complexos que modulam as histonas,
são capazes de remodelar a estrutura dos nucleossomos, podendo fazer com que os genes que estavam
recobertos, agora estejam disponíveis para a transcrição.
• Memória de Expressão: Conforme os hábitos de vida do indivíduo, é possível que o material genético se
"programe" para que os seus descendentes possuam alguma modificação do padrão → Exemplo: Pais alcoolistas
tendem a passar para seus filhos a capacidade de produzir a álcool desidrogenase mais facilmente, já que o
metabolismo dos pais foi modulado pelos seus hábitos, essa modificação é realizada em vários pontos, fazendo
com que se mantenha um padrão de expressão.
• Repressores Transcricionais podem atuar de diversas maneiras, como:
o Ligação Competitiva com o DNA:
Ambas as estruturas, tanto a positiva,
quanto a negativa, competem pelo
sítio de ligação transcrição.
o Mascaramento da superfície: O
ativador quando ira realizar o seu
papel, recebe um inibidor que se liga
ao seu sítio de ligação, impedindo a
ação normal dele.
o Interação com os Fatores Gerais de
Transcrição: Já que a RNApolimerase
não consegue se ligar sozinha na fita,
é necessário um grupo de proteínas
que fazem esse intermédio, quando
esses fatores começam a montar um
“palco” para a RNApolimerase, os repressores se ligam as proteínas impedindo essa montagem.
o Recrutamento dos modificadores de cromatina: Eles podem impedir a associação pela não remodelação.
o Acetilação: É o processo que adiciona um grupo Etil na estrutura → A transcrição de um novo RNA é
facilitada, ou seja, essa adição é como se fosse um atrativo para as estruturas que transcrevem o RNA.
o Metilação: Adição de um grupo Metil → A expressão genica diminui, e com isso prejudica o acesso a
informação do DNA, já que dificulta a associação dos compostos, como essa metilação a RNA polimerase,
não consegue se associar. Dependendo de qual gene está sendo metilado, pode facilitar o aparecimento do
câncer (caso ocorra em um gene supressor de tumor), agora quando ocorre a metilaçao de um oncogene,
pode promover a proliferação celular de uma neoplasia, uma vez que as linhas de defesa do corpo são
burladas.
▪ Exemplos que causam esse fato: Raio X (radiação ionizante), drogas sintéticas...

Olivir Macedo Lunardon – TXIV 3


2º Nível: Controle de Processamento de RNA
• Após a construção de um RNA com mutação,
podemos evitar o processamento dele, isso
ocorre por meio da atenuação do RNA, de uma
maneira com que ocorra um término prematuro
→ esse processo tende a dificultar a associação
do RNA com a RNA polimerase, não
possibilitando que essa “fita” mutada continue a
transcrição.
o Exemplo: Vacina para o HIV / PREP.
• Porém, existem casos em que não é possível frear a transcrição no começo, sendo necessário que outros
métodos sejam aplicados, como:
o Alteração da formação de CAP 5’: é colocado na extremidade 5’ do mRNA, para a proteção desse RNA, pode
acontecer de que esse a célula não coloque.
o Evitar a realização do Sliping Alternativo: Não ocorre a retirada dos introns (eles não possuem informações
que transcrevem proteínas), e alteração da ordem dos exons, fazendo com que não seja possível a leitura
desse RNA.
o Pode evitar-se a formação da cauda poli-A: Adicionado na extremidade 3’
com o mesmo objetivo do CAP 5’, quanto maior for a cauda poli-A, maior o
tempo que o RNA fica disponível no citosol da célula.
o Edição do RNA: Essa edição acontece por um processo chamado de
desaminação, um grupo de proteínas da enzima ADAR, essa enzima é capaz
de ir até uma adenina, retirando um grupo amino e transformando em I; ou
modificar um C em U, modificando a sequência das bases nitrogenadas, não
permitindo a expressão da informação.

3º nível: Controle do Transporte e Localização do RNA


• Existem mecanismos que retiram o RNA pronto do núcleo e direcionam eles para o seu local de destino, onde
será produzida a proteína, caso o RNA não esteja disponível na localização necessária, a síntese das proteínas
não vai acontecer, e isso pode acontecer, já que na extremidade 3’, possui uma sequência UTR3’, que serve
como um código de envio, ele é reconhecido pelas proteínas de transporte para que ele atinja seu local
específico ou seja, essa sequência UTR3’ é quem direciona o RNA, e uma vez que haja uma falha nessa
sequência o RNA não chega no local necessário, impedindo a tradução dele.

4º nível: Controle da Tradução


• Caso o RNA esteja disponível no local necessário, outra forma de impedir a continuidade dessa tradução, é por
meio do controle da tradução, existem algumas formas que impedem a leitura do RNA, como;
o Pode ocorrer uma ligação de uma proteína repressora que se liga na sequência de bases que inicia a
tradução
o O aumento de temperatura também é interessante, uma vez que é capaz de romper as ligações de
hidrogênio.
o Em bactérias: a sequência Shine-Dalgarno se liga ligada a repressores
o Em eucariotos, a sequência AUG inicia todas as proteínas presentes no corpo, próximo ao Cap 5’, é possível
que bloqueamos por repressores essa sequência, para que não seja desenvolvida a proteína.

5º nível: Controle da Degradação do RNA


• Uma outra forma de impedir esse processo, é pela
degradação do RNA, sabemos que o RNA é muito
instável, permanecendo cerca de 30 minutos apenas
no citosol, devido a presença de CAP 5’ e a cauda
poli-A, caso haja algum dano nessas estruturas, o
RNA deixa de ser funcional, sendo encaminhado
para a região do citosol que forma os corpos P, é
uma alta concentração de enzimas que se associam
e são capazes de destruí-lo.

Olivir Macedo Lunardon – TXIV 4


• Ainda podemos utilizar os micro-RNAs (miRNAs), essas estruturas são capazes de se associar a uma proteína
chamada de Argonalta, e com isso formam um complexo RISK, que é capaz de chegar no RNA e promover a
quebra dele.

6º nível: Controle da Atividade Proteica


• Mesmo que até aqui o RNA tenha conseguido passar por todas as
etapas de repressão, a célula em último caso pode ativar ou
desativar a proteína gerada, essa ativação proteica geralmente
está relacionada com enzimas quinasse (adição de um grupo
fosfato), e altera-se a conformação da proteína, ativando-a;
entretanto, também existem as enzimas fosfatasses, que
promovem a quebra de um grupo fosfato, que inativa a proteína.
• Controle do Ciclo celular: Existe um complexo de proteínas ubiquitina-proteossoma, quando a proteína é
marcada pela ubiquitina, a proteína é encaminhada para a degradação pelo proteossoma.
o Além disso, possuímos a proteína p53, que desativa o ciclo celular, impedindo a proliferação da célula, e
esse complexo ubiquitina-proteossoma, que regula os níveis de concentração dela.

➢ Qual a relação do controle de expressão gênica com o proteoma? O controle de expressão que é responsável
pela produção de todas as proteínas da célula (proteoma celular).

Olivir Macedo Lunardon – TXIV 5

Você também pode gostar