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Escola Básica e Secundária de Albufeira | 2021/2022

Como é que a regulação do material


genético é essencial para a adaptação
dos seres vivos ao meio?

Biologia
Profª Paula Abreu

12ºD
Inês Nascimento nº7
Mariana Sampaio nº11
Rita Trocado nº15
Índice

1. Introdução ------------------------------------------------------------------------------- 2
2. Expressão génica e síntese proteica ----------------------------------------------- 2
3. Processos de regulação da expressão génica ------------------------------------ 3
a. Controlo da transcrição ------------------------------------------------------ 3
b. Processos de regulação ao nível do processamento, tradução e
pós-tradução ------------------------------------------------------------------- 4
c. Regulação da expressão génica nos procariontes ---------------------- 5
i. Influência do meio na expressão génica – lactose ------------- 5
4. A regulação da expressão génica como base da diferenciação celular e
ontogenia -------------------------------------------------------------------------------- 6
5. A regulação da expressão génica como resposta a fatores externos e
internos----------------------------------------------------------------------------------- 7
6. Conclusão -------------------------------------------------------------------------------- 8
7. Referências bilbiográficas ----------------------------------------------------------- 8

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1.Introdução
Apesar da importância dos genes, são as proteínas que desempenham as funções
vitais para a célula. Os genes são expressos de modo a desencadear um conjunto de
fenómenos que têm como finalidade a síntese das proteínas. Assim, a célula necessita de
controlar a produção destas em termos qualitativos e quantitativos para manter o seu bom
funcionamento. Esta regulação é essencial para que os seres vivos se adaptem às condições
do meio onde se encontram.
Este trabalho está a ser realizado no âmbito da disciplina de Biologia, e com este
pretende-se entender a forma como a expressão dos genes determina a síntese de proteínas,
bem como a forma como alguns processos de regulação da expressão génica estão associados
à resposta a fatores externos e internos.
Primeiramente, será feita a revisão de conceitos básicos da síntese proteica, seguido
da explicação de diversos processos de regulação da expressão génica, tanto em eucariontes
como em procariontes. Ainda se vai relacionar a expressão seletiva dos genes com a
diferenciação celular e a ontogenia, finalizando com a associação da regulação da expressão
génica à resposta a fatores externos e internos.

2. Expressão génica e síntese proteica


A expressão génica relaciona-se intimamente com a síntese proteica, na medida em
que a informação contida no DNA é descodificada e utilizada na síntese das proteínas. A
proteína obtida afeta o fenótipo de cada indivíduo.
A primeira etapa da síntese proteica é a transcrição em que, por complementaridade,
uma molécula de DNA leva à formação de RNA mensageiro, RNA transferência e RNA
ribossómico. Nos seres eucariontes ocorre também o processamento do mRNA, no qual
diversas secções do RNA (intrões) são removidas. De seguida, ocorre, ao nível dos ribossomas,
a tradução, correspondente à descodificação de sequências nucleotídicas em sequências de
aminoácidos que vão sendo unidos por ligações peptídicas, formando um péptido.
Nos procariontes, logo após a transcrição surge um pequeno segmento de RNA
mensageiro ao qual se ligam vários ribossomas. Nestes seres a transcrição e a tradução são
quase simultâneas. Assim, a partir de um molde de DNA formam-se várias moléculas de RNA
mensageiro que são lidas repetidamente, sendo produzida uma grande quantidade de
proteínas.

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Fig 1 –
Esquema da
síntese
proteica.

3. Processos de regulação da expressão génica


A regulação da expressão génica ocorre a diversos níveis e permite evitar a produção
de proteínas desnecessárias, ou em excesso, que podem prejudicar a atividade celular,
controlando os gastos de energia e de matéria.

a) Controlo da transcrição
Na transcrição, a RNA polimerase liga-se a uma sequência nucleotídica que se
encontra antes do gene e só depois inicia a transcrição. A região do DNA que permite esta
ligação inicial chama-se promotor e é um elemento de regulação da transcrição dos genes nos
eucariontes e procariontes.
Para além da RNA polimerase, também existem outras proteínas que se ligam aos
promotores. Podem ser indutores ou repressores. Os primeiros estimulam a ligação da RNA
polimerase, aumentando a transcrição, enquanto os segundos impedem que a RNA
polimerase reconheça o promotor, não transcrevendo o gene associado. Este mecanismo
permite regular o tipo e a quantidade de mRNA que se sintetiza. O mRNA apresenta um ciclo
de vida curto, degradando-se facilmente. Este ciclo rápido é um requisito fundamental para
o controlo da transcrição, sendo o principal na regulação da expressão génica em
procariontes.
O grau de condensação da cromatina também é um elemento essencial na regulação
da transcrição. Este permite controlar a expressão de um grande conjunto de genes,
facilitando ou impedindo o contacto entre a RNA polimerase e o DNA. Os genes silenciados
(que não são transcritos) estão em zonas onde a cromatina se encontra altamente

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condensada (heterocromatina). As regiões com menor grau de condensação - eucromatina -
encontram-se menos enroladas e permitem a ligação da RNA polimerase ao DNA. Este nível
de controlo é essencial na diferenciação celular e no desenvolvimento celular. Embora
possuam o mesmo material genético, os genes que se encontram ativos nas diferentes células
são distintos, originando células diferenciadas, organizadas em tecidos com funções
específicas.

Fig. 2 – diferença entre a


heterocromatina (cromatina
condensada) e a eucromatina
- cromatina com baixo grau de
condensesação, que, assim,
permite a ligação da RNA
polimerase ao DNA e,
portanto, a transcrição.

b) Processos de regulação ao nível do processamento, tradução e pós-


tradução
Após a transcrição, o mRNA, antes de ser transportado para o citoplasma, sofre
processamento. Nos eucariontes, o processamento do pré-mRNA origina um mRNA por
excisão dos intrões e, por norma, o processamento de um determinado mRNA é igual em
todas as células. Contudo, a excisão de diferentes fragmentos de um dado mRNA em células
distintas permite produzir duas proteínas diferentes, atuando como mecanismo de regulação
– excisão alternativa.

Fig. 3 – Esquema que representa a


excisão alternativa. Em orgãos
diferentes o mesmo tipo de
mRNA pode ser processado de
forma diferente e originar
proteínas diferentes.

A célula pode também atuar ao nível da estabilidade/degradação do mRNA. O tempo


de vida do mRNA pode ser modificado por complexos proteicos que se ligam e que evitam a
degradação da molécula. Um maior tempo de vida significa que o mRNA pode ser lido várias
vezes, sendo assim, traduzidas mais proteínas iguais.

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Por último, a regulação pode processar-se ao nível da tradução, uma vez que, para
permitir a ligação dos ribossomas ao mRNA são necessárias proteínas específicas. A regulação
destas proteínas permite à célula controlar a quantidade de proteínas que se produzem.

c) Regulação da expressão génica nos procariontes


Nos procariontes, algumas proteínas são permanentemente necessárias, pelo que os
genes que a codificam são constantemente transcritos, apresentando uma expressão
constitutiva. Por outro lado, outras proteínas são apenas necessárias quando o procarionte
se encontra em condições especiais, por exemplo se os procariontes se encontram ou não
num meio com lactose. Este tipo de expressão designa-se por expressão induzida.

i) Influência do meio na expressão génica - lactose


Quando as bactérias estão num meio pobre em lactose, as moléculas de β-
galactosidase são raras no seu citoplasma. Contudo, quando o meio é rico em lactose, a célula
produz a enzima que a degrada, de modo a conseguir metabolizar a lactose. Quando esta
enzima é induzida, são produzidas outras duas: uma permease e uma transacetilase. A β-
galactosidase é codificada pelo gene Z, a permease pela gene Y e a transacetilase pelo gene
A. Estes são chamados genes estruturais, uma vez que codificam proteínas pertencentes a
uma mesma via metabólica. Estes genes partilham o mesmo promotor.

Na ausência de lactose, os genes Z, Y e A não são transcritidos - é induzida a transcrição


do gene regulador (gene I ou lac I), que codifica um repressor que se vai ligar a um operador
(segmento do DNA onde se liga o repressor). O segmento POZYA é um operão, que é uma
unidade génica de expressão coordenada. Desta forma, não ocorre síntese das proteínas
envolvidas na degradação da lactose, representando um mecanismo de regulação negativa
(controlada por um repressor). O repressor apenas reconhece um operador específico.

Fig. 4 – Comportamento do repressor na ausência de lactose.

Quando existe lactose, este composto liga-se ao repressor, alterando a sua


configuração de modo a que este já não tenha afinidade com o operador. Desta forma, os
três genes são transcritos pela RNA polimerase. As moléculas que inativam o repressor e que
induzem a expressão dos genes são, tal como a lactose, indutores.

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Fig 5 – Comportamento do repressor na presença de lactose.

Esta organização de genes relacionados em operões apenas existe nos procariontes.


Os operões podem ser sujeitos a uma regulação positiva (por meio de uma proteína indutora),
como por exemplo o operão do trifosfato. Neste caso, só na presença deste é que o repressor
se torna ativo.
Em algumas situações, um repressor pode regular a transcrição de vários operões
funcionalmente relacionados. Este grupo de operões forma um regulão, uma vez que estão
sujeitos a um mecanismo de regulação comum.

Os operões e os regulões permitem a expressão coordenada de diversos genes, sem


o desperdício de energia e matéria-prima. Esta regulação nos procariontes é essencial para
responder à variação das condições ambientais.

4. A expressão seletiva dos genes como base da diferenciação


celular e da ontogenia

À exceção das células sexuais dos diplontes e hemácias, todas as células de um


organismo multicelular possuem o mesmo genoma. A produção seletiva de determinadas
proteínas vai permitir a diferenciação celular, em termos de morfologia e função.
Graças aos mecanismos de controlo da expressão génica, a maioria do material
genético de uma célula não se expressa, sendo que só os genes específicos de um tecido são
expressos nas células que o compõem. Assim, a expressão génica é o principal fator que
determina as características estruturais, funcionais e comportamentais da célula, sendo
responsável pela ontogenia celular (série de transformações sofridas pela célula desde a
fecundação do ovo até ao completo desenvolvimento do organismo). Para além disso, a
regulação da expressão génica também é fundamental na filogenia de uma espécie, isto é, na
sua história evolutiva. A existência de genes diferentes dos primatas e a sua regulação distinta
contribuiu para que o ser humano se afastasse filogeneticamente dos primatas.

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Fig. 6 – Diferenças entre uma célula
do fígado e um neurónio. Na célula
hepática, o gene que tem informação
para gerar uma enzima que
decompõe o álcool é transcrito,
enquanto o gene de
neurotransmissão está silenciado.
No caso do neurónio ocorre o
processo contrário, e é assim que
células com o mesmo material
genético possuem diferentes
funções e morfologias.

5. A regulação da expressão génica como resposta a fatores


externos e internos
Diversos fatores externos afetam a expressão dos genes, permitindo que a célula se
consiga adaptar e responder às variações do meio, por exemplo as variações de temperatura.
Nestas situações, são ativados genes que originarão proteínas com capacidade de reverter
conformações incorretas de outras proteínas, impedir a acumulação das mesmas e impedir o
mau funcionamento celular.
No caso da planta subaquática Ranunculus peltatus, a luz tem influência na expressão
génica. Caso a incidência de luz seja reduzida, ocorre uma alteração da expressão de genes,
que origina diferentes proteínas e, por consequência, diferentes tipos de folhas. Estas, ao
contrário das restantes, vão ser flutuantes e com maior área, de maneira a captar mais luz
solar e aumentar a taxa fotossintética. Desta forma, a planta consegue adaptar-se às
alterações do meio.
Fig. 7 - representação
da planta Ranunculus
peltatus em caso de
baixa incidência
luminosa.

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No entanto, as células também interagem com as restantes, estando sensíveis a vários
fatores internos. É importante destacar a ação de hormonas, como a testosterona e os
estrogénios, umas vez que estas são produzidas nas gónadas e libertadas na corrente
sanguínea, podendo assim alcançar as restantes células. Estas atravessam a membrana
plasmática e ligam-se a receptores no interior da célula, criando assim um complexo que pode
migrar para o núcleo e ligar-se ao DNA, estimulando a expressão de genes específicos, cujas
proteínas são responsáveis pelo desenvolvimento de algumas características sexuais.

6. Conclusão
Concluindo, é possível afirmar que a regulação da expressão do material genético é
essencial à adaptação do ser vivo ao meio, ao seu desenvolvimento, à diferenciação celular e
ao bom funcionamento do seu organismo. Estes processos de regulação estão intimamente
relacionados com a síntese proteica, pois é a partir deste processo que os genes são
expressos. O controlo da expressão génica é efetuado principalmente ao nível da transcrição,
mas também durante o processamento, a tradução e a pós-tradução. O meio tem uma grande
influência nestes processos de regulação, uma vez que os organismos procuram responder às
variações do meio ou até a desequilíbrios internos.
A realização deste trabalho requeriu uma pesquisa em manuais escolares e websites
e proporcionou uma análise afincada a todos estes processos biológicos, tendo permitido
ainda uma maior compreensão da relação entre a expressão génica e o meio ambiente.

7. Referências bibliográficas
SILVA, João Carlos; RIBEIRO, Elsa; OLIVEIRA, Oscar; Manual Biodesafios12 – Biologia 12ºano
Editora ASA
MATIAS, Osório; MARTINS, Pedro; GUERNER DIAS, A.; GUIMARÃES, Paula; ROCHA, Paulo;
Biologia 11- 11º Ano Areal Editores

https://www.blogs.unicamp.br/tb-of-life/2016/10/11/modulacao-do-ambiente-na-
expressao-genica/ consultado pela última vez a 4/4/2022
https://pt.khanacademy.org/science/biology/gene-regulation/gene-regulation-in-
eukaryotes/a/overview-of-eukaryotic-gene-regulation consultado pela última vez a 4/4/2022

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