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TRADUÇÃO
- Entende-se por degeneração do código genético a redundância de códons em
relação ao número de aminoácidos, há mais códons do que aminoácidos;
- Cada aminoácido é representado por 3 letras; cada grupo de 3 bases do
RNAm constitui um códon e cada códon especifica um aminoácido particular;
- Nos eucariotos os RNAm maduros devem deixar o núcleo e dirigir-se aos
ribossomos;
- Os ribossomos são compostos por 2 subunidades: uma maior e uma menor
que estão separadas no citoplasma e se ligam em conjunto a molécula de
RNAm;
- O RNAt possuem a extremidade anticódon que reconhece os códons do
RNAm por meio do pareamento complementar de bases e a outra extremidade
se liga a um aminoácido específico;
GENÔMICA NUTRICIONAL
- O principal objetivo da Nutrigenômica é o de estabelecer recomendações
nutricionais personalizadas que sejam mais efetivas para a redução do risco das
DCNT; no entanto deve-se elucidar de que forma os nutrientes e CBA modulam
a expressão de genes;
- Através da Nutrigenética identificar quais características genéticas do
individuo influencia nas necessidades de nutrientes e CBA e a forma pela qual
respondem a determinados padrões alimentares e o risco maior ou menor para
determinadas DCNT;
- AMBAS TÊM UM OBJETIVO COMUM: DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS
NUTRICIONAIS PERSONALIZADAS DE MODO A PROMOVER A SAÚDE E
PREVENIR AS DOENÇAS;
- Testes Nutrigenéticos: medicina de precisão ou 4P genômica – personalizada,
preditiva, participativa e preventiva;
- Enfoque teste nutrigenética: análise de variações genéticas, principalmente
SNPs, que possam predizer as necessidades nutricionais individuais, a fim de
direcionar intervenções para reduzir o risco do surgimento de DCNT;
- A nutrigenética pode ser uma ferramenta para auxiliar a atingir as
quantidades ideais de nutrientes em uma abordagem individual e
personalizada;
- Testes de nutrigenética são preditivos e não diagnósticos, não devem
substituir outros exames e avaliações necessários ao tratamento e devem ser
utilizados apenas como ferramenta adicional à prescrição nutricional.
- O nutricionista deve pautar sua atuação no Código de Ética, estar capacitado a
interpretar os testes de nutri‐ genética e a orientar adequadamente seus
clientes.
- É extremamente importante ressaltar que a interpretação equivocada dos
testes de nutrigenética pode causar prejuízos ao paciente.
- A recomendação de suplementos baseada em testes de nutrigenética não
possui evidências científicas sufi‐ cientes até o momento, devendo o
nutricionista enfatizar ao paciente a importância do consumo dos alimentos.
- DIFICULDADES DO USO DA GENÔMICA:
1) Elevados custos;
2) Por serem ciências emergentes reflete-se na falta de experiência e conceitos;
3) Os profissionais de saúde necessitam de formação às interações gene-
nutriente e nutriente-nutriente;
4) Considerar a diversidade entre grupos étnicos, hábitos alimentares culturais
não podem ser esquecidos;
5) Necessária a criação de uma base de dados com os alimentos e respectivas
propriedades;
6) Interações gene-nutriente e entre os próprios nutrientes são imprevisíveis
também pelo fato das pessoas não consumirem um alimento de cada vez;
Exemplo Nutrição Personalizada
1. Família com história clínica de obesidade, DM e DCV. Indivíduos com
metabolismo mais lento adaptar o número de refeições realizadas no
dia, controlar rigorosamente o consumo de alimentos densamente
calóricos.
2. Individuo diagnosticado com SM. Realizar mapeamento genético seria
benéfico pois se compreenderia o efeito de determinados alimentos no
organismo desse individuo. Organizaria um plano alimento mediante a
presença de polimorfismos envolvidos no aumento do risco de
desenvolvimento da doença. Novos testes para observar as alterações
nos biomarcadores fisiológicos e parâmetros bioquímicos.
3. Perfil lipídico alterado sem patologias. Atraves da detecção de variantes
genéticas promotoras de alterações bioquímicas e consequentes
doenças. Elaboração de plano nutricional de modo a regularizar os
parâmetros bioquímicos. Evitando-se a “tentativa e erro” e utilização
precoce de fármacos.
FUNDAMENTOS DA NUTRIGENÔMICA
b) ESTRESSE OXIDATIVO
- Estresse oxidativo é o desequilíbrio entre a produção de espécies
reativas de oxigênio e os mecanismos de defesa antioxidante do
organismo.
- Fator de transcrição: NRF2
- Em condições normais o NRF2 está ligado ao domínio DGR. Esse
complexo é ubiquitinado e o NRF2 é então submetido a degradação.
- Em condições de estresse oxidativo, a ligação entre o NRF2 e o domínio
é perdida, o que impede sua ubiquitinação e degradação. O NRF2
acumula-se e migra para o núcleo onde se liga a elementos de resposta
na região promotora do gene e isso ativa a transcrição de genes que
codificam enzimas e proteínas antioxidantes citoprotetoras (superóxido
dismutase SOD, catalase, glutationa peroxidase GPx, glutationa redutase)
que representam um mecanismos de defesa antioxidante.
- A ativação do NRF2 então é responsável pela expressão de genes que
codificam enzimas e proteínas antioxidantes.
- CBA: isotiocianatos, ditioltionas, resveratrol, curcumina, acido cafeico,
epigalocatequina 3-galato – são capazes de ativar o NRF2 e portanto
melhorar a capacidade antioxidante.
FUNDAMENTOS DA NUTRIGENÉTICA
- Nutrigenética: representa a influência da variabilidade genética existente
entre os indivíduos sobre as necessidades nutricionais, estado de saúde e risco
de desenvolvimento de doenças;
- Tem como foco o estudo dos efeitos das variações no DNA como
polimorfismos de nucleotídeo único (SNP’s), variações de números de copias
(CNV) e inserções e deleções nas respostas biológicas a ingestão energética de
micro, macronutrientes e compostos bioativos;
- A nutrigenética pode ser entendida como o estudo de pequenas variações na
sequencia de nucleotídeos do DNA que podem interferir positiva ou
negativamente em vias metabólicas, determinando de que maneira os
indivíduos responderão à ingestão de nutrientes ou CBA e a diferentes padrões
de alimentação.
- As diferenças fenotípicas entre os indivíduos são determinadas por pequenas
variações genéticas que quando ocorrem em uma frequência relativamente
alta são conhecidas como polimorfismos.
- Tipos polimorfismos: microssatélites ou VNTR, INDEL, SNP;
- SNP: ocorre a troca de apenas um nucleotídeo em uma posição especifica do
DNA, que pode ou não ser uma região codificadora; quando a troca ocorre em
um éxon pode resultar ou não em alteração da proteína traduzida, em função
da degeneração do código genético;
- Tipos de SNP:
a) sinônimo ou silencioso – a troca de nucleotídeo não altera o aminoácido;
não altera a proteína traduzida;
b) não sinônimo ou missense – a troca de nucleotídeo (na região codificadora –
exon) resultará em um aminoácido diferente; proteína com função e
estabilidade alterada;
c) nonsense – a troca de nucleotídeo resulta em um códon de terminação da
tradução;
- Nomenclatura do SNP:
a) pontuar a troca de nucleotídeo e a posição do DNA seguida da descrição dos
nucleotideos envolvidos (4682G>A = troca de G por A na posição 4682);
b) sendo na região promotora do gene indica-se com um sinal de menos à
frente (-308 G>A = troca de G por A na região promotora 308)
c) troca de C por T na posição 593 e resulta na codificação de leucina em vez de
prolina no códon 198 (C593T ou 593C>T ou Pro198Leu)
d) quando ocorrer na região promotora ou em íntron haverá apenas a
nominação referente à troca de nucleotídeo em determinada posição (-617C>A
ou 11482G>A)
EPIGENÔMICA NUTRICIONAL
OBESIDADE
FISIOPATOLOGIA
- O comportamento alimentar inadequado e sedentarismo são os principais
fatores que influenciam o crescimento da obesidade nos grupos populacionais
geneticamente suscetíveis;
- O balanço positivo entre a ingestão alimentar e o gasto energético determina
o acumulo de tecido adiposo e aumento do peso;
- Gasto energético = TMB, efeito térmico dos alimentos e gasto energético com
atividade fisica
Fisiologia do controle do apetite
- Mutações em genes de cada um dos inibidores podem desencadear hiperfagia
associada à redução no gasto energético, contribuindo para o desenvolvimento
da obesidade;
- Controle do apetite: regulação neuroendócrina (SNC e hormônios)
- Estimulantes do apetite no núcleo arqueado: neuropeptídeo Y (NPY) e a
proteína relacionada ao gene Agouti (Agrp)
- Inibidores do apetite no núcleo arqueado: Cart e o proopiomelanocortina
(POMC). A POMC é precursora do hormônio estimulador do MSH-alfa, um
agonista dos receptores de melanocortina 3 e 4 (Mc3r e Mc4r)
- No núcleo paraventricular os inibidores podem ser provenientes do tecido
adiposo (leptina) ou do tubo digestivo (Peptídeo YY-PYY e glucagon-like peptide
– GLP-1)
- A leptina e a insulina agem diretamente em seus receptores para estimular os
neurônios de segunda ordem que produzem a POMC. A clivagem da POMC
promove a liberação de MSH, que por sinalização dos receptores Mc4r e Mc3r
reduz a ingestão alimentar e aumenta o gasto energético e a lipólise.
- A grelina estimula a atividade dos neurônios que produzem o NPY e Agrp
(neuropeptídios anabólicos).
Síndromes monogênica e poligênicas na obesidade
Causas monogênicas: deficiência congênita de leptina, deficiência do receptor
de leptina, defeitos na POMC e na pró-hormonio convertase (PC-1) e
deficiência no receptor Mc4r.
Síndromes pleiotrópicas
- A obesidade é apenas um fator entre várias anomalias
- Síndrome de PraderWilli e síndrome de Bardet Biedl
Tecido adiposo como órgão endócrino
- Adipocitocinas: expressos e secretados pelo tecido adiposo; atuam como
hormônios para influenciar a homeostase energética e regular a função
neuroendócrina
- O tecido adiposo de indivíduos obesos possui um numero maior de
macrófagos ativos, sugerindo a existência de um circulo vicioso de
recrutamento de macrófagos e produção de citocinas pro-inflamatórias.
a) Leptina: citocina pró-inflamatória; seus níveis séricos são diretamente
proporcionais às reservas energéticas acumuladas no tecido adiposo.
b) Adiponectina: proteína antiinflamatória; atua na supressão da atividade dos
macrófagos; está envolvida na inibição da expressão de moléculas de adesão,
responsáveis pelo desenvolvimento da aterosclerose; níveis séricos dessa
proteína estão reduzidos em indivíduos com obesidade visceral.
c) Resistina: citonica pró-inflamatória; em ratos age de maneira oposta à
insulina; animais obesos apresentam níveis séricos de resistina elevados
d) Visfatina: por apresentar propriedades relacionadas à insulina, acredita-se
que ela fixa e ativa o receptor de insulina reduzindo a resistência periférica à
ação de insulina.
- Pacientes obesos possuem maiores concentrações de ácidos graxos livres
circulantes, resultantes da lipólise dos TGL, provenientes do tecido adiposo.
Quanto maior a quantidade de tecido adiposo, maior a concentração de ácidos
graxos circulantes.
- Distribuição de gordura visceral leva a um maior risco no aumento da pressão,
quando comparada à distribuição periférica. A gordura visceral pode
determinar um aumento na pressão intra-abdominal, cujos efeitos
compressivos sobre os rins ativam o sistema renina-angiotensina-aldosterona e
contribuem para a elevação da pressão arterial;
- A hiperinsulinemia pode causar aumento na reabsorção de sódio pelos
túbulos renais, o que contribui para o desenvolvimento da hipertensão;
DIAGNÓSTICO
1. ANTROPOMETRIA - Método indireto utilizado para avaliar a obesidade
a) Peso
b) IMC (não fornece informação sobre distribuição de gordura corporal)
Baixo peso <18,5
Eutrófico 18,5-24,9
Sobrepeso 25-29,9 (risco aumentado de comorbidades)
Obesidade grau I 30-34,9 (risco moderado de comorbidades)
Obesidade grau II 35-39,9 (risco severo de comorbidades)
Obesidade mórbida >40 (risco muito severo de comorbidades)
c) Relação Cintura-Quadril (cintura ao nível da cicatriz umbilical e quadril
ponto de maior circunferência sobre a região glútea)
<1,0 para homens e 0,85 para mulheres = sem risco
Circunferência da cintura >94 H e 80 M = aumentado; >102 H e 88 M =
muito aumentado
2. FORMAS CLÍNICAS
Obesidade androide = alto risco cardiovascular
Obesidade ginóide = risco de atroses e varizes
3. CO-MORBIDADES
- Risco cardiovascular = ganho de peso aumenta o risco de DCV;
associação entre obesidade de HAS (para cada quilograma de peso
ganho a pressão sistólica eleva-se 1mmHg)
- Dislipidemia = hipertrigliceridemia e baixos níveis de HDL em obesos;
- Diabetes
- Resistencia à insulina e HAS
- Síndrome Metabólica (resistência a insulina, intolerância a glicose,
aumento de LDL, diminuição de HDL, HAS.
4. EXAMES BIOQUÍMICOS
- Hemograma completo, ureia, glicemia, creatinina, acido úrico, lipidograma
completo, sumario de urina, PCR
Idoso (com 60 anos ou mais): IMC normal varia de >22 a <27kg/m 2 pela
diminuição de massa magra e maior risco de sarcopenia.
TERAPIA NUTRICIONAL
- O tratamento dietético é mais bem sucedido quando aliado a um programa
de modificação comportamental que envolva aumento no gasto energético,
promovendo um balanço energético negativo
- Um planejamento alimentar mais flexível, que objetive reeducação,
geralmente obtém mais sucesso, devendo considerar, além da quantidade de
calorias, as preferências alimentares do paciente, o aspecto financeiro, o estilo
de vida e o requerimento energético para a manutenção da saúde.
- Diminuir a densidade energética dos alimentos pois os alimentos de alta
densidade energética (ricos em gorduras ou carboidratos simples) promovem o
ganho de peso.
- Aumentar o consumo de fibras, pois atuam na regulação do peso corpóreo
porque são menos palatáveis e interferem na digestão de outros carboidratos.
- Promover a ingestão de frutas, hortaliças, cereais integrais e oleaginosas;
- Restringir o consumo de bebidas açucaradas e alimentos com alto índice
glicêmico.
- Limitar o consumo de gorduras, substituir o consumo de gorduras saturadas
por insaturadas e eliminar o consumo de gorduras trans.
- Limitar o consumo de açúcares livres;
- Limitar o consumo de sal (sódio) de todas as fontes;
EDUCAÇÃO NUTRICIONAL:
Coma diversos tipos de alimentos pelo menos em 3 refeicoes diarias;
Use alimentos locais como base de suas refeições;
Consuma sempre frutas e verduras da época;
Use carnes, sal e açúcar em quantidades moderadas;
Utilize óleo vegetal no preparo da comida e diminuía o consumo de
gorduras animais;
Tome bastante água;
Coma melhor e gaste menos;
RECOMENDAÇÕES
- Diminuir a densidade energética dos alimentos
- Aumentar o consumo de fibras. As fibras atuam na regulação do peso
corpóreo porque são menos palatáveis e interferem na digestão de outros
carboidratos.
- Promover ingestão de frutas e vegetais
- Restringir consumo de bebidas açucaradas
- Restringir alimentos com alto índice glicêmico
- Limitar consumo total de gorduras, substituir o consumo de gorduras
saturadas por insaturadas e eliminar o consumo de gorduras hidrogenadas
ou trans.
4. BARIÁTRICA
Pré-operatório: plano restrição calórica moderada visando emagrecimento
no pré-operatório. Objetivos: orientar o paciente quanto à cirurgia, diminuir
o risco cirúrgico e estimular uma atitude adequada diante de sua
alimentação;
Ingestão 5kcal/peso desejável (300-500 kcal/dia) nos primeiros dias após
cirurgia.
NUTRIGENÉTICA E OBESIDADE
- A constituição genética determina as necessidades nutricionais únicas. Tais
estudos oferecem novas possibilidades para elucidar o papel dos genes e da
variabilidade genética no desenvolvimento da obesidade e direcionar o
entendimento de como modular a expressão de genes por meio da nutrição
personalizada;
- Obesidade monogênica: condição muito rara, atribuída a mutações em
poucos genes como gene da leptina (LEP), do receptor da leptina (LEPR), da
pró-opiomelanocortina (POMC), da convertase pró-hormonio e pró-proteina
tipo 1 (PC1) e do receptor da melanocortina-4 (MC4R).
- Obesidade poligênica: resulta da interação entre estilo de vida desfavorável e
variações genéticas especificas como os SNP’s (polimorfismos de nucleotídeo
único)
- A predisposição para a obesidade envolve a presença de um conjunto de
polimorfismos que foi identificado em indivíduos obesos;
- Variantes que predispõem a obesidade também são encontradas em pessoas
com peso normal ou inferior ao considerado eutrófico. Quais alelos ocorrem
com mais frequência em obesos quando comparados com indivíduos não
obesos;
- Cada variação dá apenas uma pequena contribuição para o
desenvolvimento da obesidade e essa condição é determinada pela interação
entre a predisposição genética e o ambiente.
- Quase todos os cromossomos do genoma humano (exceto o Y) contém pelo
menos um locus associado à regulação do peso corporal;
- A influência dos polimorfismos no desenvolvimento da obesidade pode
depender também do estado nutricional do individuo.
Genes: LEPTINA E SEU RECEPTOR
PROTEÍNAS DESACOPLADORAS (UCP 2 E 3)
RECEPTORES ATIVADOS POR PROLIFERADOS DE PEROXISSOMOS (PPAR)
PROTEÍNAS RELACIONADAS COM PROCESSO INFLAMATÓRIO (TNF-
ALFA)
NEUROPEPTÍDEOS HIPOTALÂMICOS E SEUS RECEPTORES (POMC, NYY)
RECEPTORES ADRENÉRGICOS (BETA-2 E BETA-3)
Controle do apetite (POMC, MC4R)
Regulação do metabolismo celular (FTO)
Adipogênese e metabolismo lipídico (ADRB3, PPAR, APO)
Sinalização da insulina (ISR-2)
- Fatores que podem explicar a genética da obesidade: genes poupadores,
programação fetal, estilo de vida sedentário, etnia, capacidade reprodutiva,
acasalamento e a complexidade da doença.
Genes mais frequentemente associados ao acúmulos excessivo de gordura:
Influenciam o controle do apetite (CNR1, NPY, POMC, MC4R)
Regulação do metabolismo celular (FTO, TFAPB2, TCF7L2, SCAP, DRD2)
Adipogênese e metabolismo lipídico (ADRB3, PPAR, APO, PLIN)
Gasto energético (UCP)
Sinalização da insulina (ISR-2, INSIG2, GIPR)
Vias inflamatórias (ADIPOQ, IL-6, RETN)
SÍNDROME METABÓLICA
- Transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco
cardiovasculares usualmente relacionados à deposição central de gordura e à
resistência à insulina.
- Quanto maior a quantidade de tecido adiposo, maior a concentração de
ácidos graxos circulantes.
- Assim em condições de necessidade de energia, há uma preferencia na
utilização de ácidos graxos em excesso como fonte de energia em detrimento à
mobilização de glicose. Isso então leva a uma resistência periférica à ação da
insulina e intolerância à glicose.
- Elo entre resistência insulínica e hipersinsulinemia compensatória, obesidade
abdominal, dislipidemia (aumento TGL e HDL baixo), DM e HAS;
- Representa a combinação de pelo menos 2 ou mais componentes: obesidade
abdominal medida pela circunferência da cintura (>102cm Homens e >88cm
Mulheres NCEP/ Pela OSM RCQ >0,9 Homens ou >0,85 Mulheres ou
IMC≥30kg/m), triglicérides >150mg/dL, HDL <40 mg/dL H e <50 mg/dL M,
pressão >130 mmHg ou >85 mmHg e glicemia >110 mg/dL
- Acúmulo de gordura no fígado proveniente do excesso de ácidos graxos livres
na circulação propicia o desenvolvimento da dislipidemia aterogênica.
- Níveis elevados de TGL reduzem os níveis plasmáticos de HDL e aumenta os
de LDL;
DIAGNOSTICO
OMS 1999:
- Apresentar resistência a insulina, intolerância a glicose ou diabetes mellitus;
- 2 ou mais de anormalidades sendo:
a) Glicemia >110mg/dL (HbAIc≥7%)
b) HDL colesterol <35mg/dL homens e <40mg/dL mulheres
c) TGL ≥150mg/dL
d) Circunferencia abdominal>102cm Homens e >88cm Mulheres NCEP/
Pela OMS RCQ >0,9 Homens ou >0,85 Mulheres ou IMC≥30kg/m)
e) Pressão arterial ≥140/90mmHg
NUTRIGENÉTICA E SM
a) TCF7L2 (transcription fator 7-like 2) – SNPs associadas ao aumento da
progressão de DM 2 e consequente desenvolvimento da SM já que
influencia parâmetros como CA e perfil lipídico, potencia HAS e
obesidade e promove resistência à insulina e atua sobre a sensibilidade
desse hormônio;
b) STAT3 – associado ao aumento do risco de desenvolvimento de
obesidade abdominal;
c) CAPN10 (calpain 100) – intervem no desenvolvimento de resistência à
insulina, variações nesse gene geram alterações do IMC e potencializam
a hipertrigliceridemia e HAS;
d) PPARy – aumento de risco em desenvolver DM2, em obesos e com este
polimorfismo o risco é o dobro e apresenta efeito prejudicial na
sensibilidade à insulina;
e) APOA1
f) LPL
DIABETES
- Síndrome de etiologia múltipla decorrente da falta e/ou incapacidade da
insulina de exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por
hiperglicemia crônica;
- Consequências ao longo prazo incluem danos, disfunção e falência de vários
órgãos especialmente rins, olhos, coração e vasos sanguíneo;
- O excesso de gordura corporal está associado ao aumento do risco de
desenvolver resistência à ação da insulina e DM2 = DIABESIDADE
- Quando a resistência à ação da insulina é associada à disfunção das células
beta do pâncreas, ocorre diminuição da sua secreção e descontrole do
metabolismo, especialmente CHO e culminando na hiperglicemia;
- O prejuízo na ação da insulina pode ocorrer após ingestão de dieta rica em
lipídios, principalmente ácidos graxos saturados, os quais são capazes de ativar
receptores de membrana: tipo toll (TLR2 e TLR4) e aumentar a expressão de
proteínas pró-inflamatórias
- A insulina tem papel anorexígeno, com sua função prejudicada pelo estado
inflamatório, conduz a hiperfagia e a concomitante redução do gasto
energético, contribuindo para obesidade e, consequentemente, diabetes.
- Resistencia a insulina: anormalidade na captação de glicose no musculo
esquelético e tecido adiposo, inibição da produção hepática de glicose e a
lipólise, anormalidade no controle da ingestão alimentar.
- Quando a resistência à ação da insulina é associada a disfunção das células
beta, ocorre decréscimo na sua secreção e, portanto, descontrole do
metabolismo, especialmente carboidratos resultando na hiperglicemia;
- Dietas ricas em lipídios, principalmente ácidos graxos saturados, acarreta
prejuízo na ação da insulina; os ácidos graxos saturados são capazes de ativar
receptores de membrana (TLR – tipo Toll), tanto TLR2 quanto TLR4, que
aumentam a expressão de proteínas pró-inflamatórias; o TR2 e TLR4
reconhecem o LPS (presente na parede celular de bactérias gram-negativas) e
capazes de induzir a ativação do sistema imune;
- Os receptores TLR2 e TLR4 são capazes de reconhecer alguns tipos de ácidos
graxos saturados e induzir um estado inflamatório crônico e de baixa
intensidade no qual não há infecção mas acarretara em prejuízos na
transdução do sinal da insulina;
FISIOPATOLOGIA DM TIPO 1
- Pode ocorrer em todas as idades, mas surge predominantemente em crianças
e adultos jovens;
- Doença crônica de natureza auto-imune ou idiopática que destrói a célula
beta pancreática, evolui com insulinopenia relativa ou absoluta resultando em
hiperglicemia significativa.
- Os indivíduos já nascem com predisposição genética para o desenvolvimento
da doença;
- Em certo momento da vida, o contato com algum fator ambiental pode
desencadear o processo atuo-imune e alterações na célula beta; ou as
infecções virais que podem causar a destruição das células beta (vírus Coksakie
A, rubéola e Epstein-Barr)
- Sintomas: poliuria, polidipsia, polifagia e perda de peso acentuada
decorrentes da hiperglicemia.
- Inicialmente ocorre redução da secreção da insulina mas a glicemia se
mantem normal; depois há o aparecimento e evolução progressiva de sintomas
e sinais clínicos. Alguns meses depois destruição total das células beta com
dependência de insulinoterapia.
- Terapia nutricional: ingestão alimentar + insulinização
Tipo 1A: deficiência de insulina por destruição autoimune das células B
comprovadas por exames (exposições ambientais como infecções virais,
componentes dietéticos e certas composições da microbiota intestinal)
Tipo 1B: deficiência de insulina de natureza idiopática
FISIOPATOLOGIA DM TIPO 2
- Combinação de diferenças na suscetibilidade genética e interação com fatores
de risco comportamentais, ambientais e sociais
- Causa: associação de fatores genéticos, fatores de risco (DM2) e ambientais
(padrão alimentar, sedentarismo)
- O risco de desenvolver DM aumenta progressivamente com o grau de
sobrepeso (o exercício físico aumenta a sensibilidade a insulina e ajudam a
prevenir a obesidade);
- Base fisiopatológica: secreção diminuída de insulina que resulta na patogenia
da intolerância a glicose e a resistência periférica à insulina = resistência e
deficiência da secreção de insulina que leva a hiperglicemia. Ocorre portanto
aumento da glicose pós-pandrial e glicogenólise (manhã).
- Fatores de risco: historia familiar na doença, avançar da idade, obesidade,
sedentarismo, diagnostico prévio de pré-diabetes ou diabetes gestacional e
presença de componentes da síndrome metabólica tais como HAS e
dislipidemia.
- A função das células beta é caracterizada pela diminuição da sua resposta a
glicose
- A lipólise depende da insulina. A insulina regula os níveis de ácidos graxos
livres por meio da estimulação da lipase lipoproteica e inibição da lipase
hormônio sensível. Quando administra insulina, diminui os níveis de ácidos
graxos livres. Na resistência a insulina, ocorre lipólise resultando em aumento
de ácidos graxos livre pro fígado, que estimula a oxidação desses ácidos graxos
e aumento da produção de glicose pelo fígado = aumenta síntese de TGL, reduz
HDL e enriquece LDL com partículas aterogênicas = DISLIPIDEMIA
CARACTERÍSTICA DA RESISTENCIA A INSULINA
- Ácidos graxos PALMÍTICO e ESTEÁRICO estimulam mais a secreção insulínica
do que oleico e linoleico;
- Terapia nutricional: educação nutricional, restrição alimentar para perda de
peso e ingestão alimentar regulada ao longo do dia;
Pré-diabetes: estado intermediário onde os valores glicêmicos estão acima dos
valores de referência mas ainda abaixo dos valores diagnósticos de DM
- glicemia de jejum alterada: a glicemia de jejum é inferior ao critério de
diagnostico para DM mas elevada para o valor de referencia (<126 >100)
- tolerância a glicose diminuída: anormalidade nos níveis de glicose
diagnosticada através do teste oral de tolerância a glicose
FISIOPATOLOGIA DM GESTACIONAL
- Definido como qualquer grau de intolerância à glicose com inicio detectado
durante a gravidez;
- Fatores de risco: DG prévio, historia família de DM, obesidade pré-concepção,
ganho de peso excessivo durante gestação, abortos espontâneos prévios,
prematuridade ou poliidramnio, HAS ou com aparecimento na gestação,
recém-nascidos de baixo peso ou acima de 4kg;
Diagnostico Diabetes:
1) Poliuria, polidipsia e perda ponderal de peso acrescidos de glicose causal
acima de 200mg/dL;
2) Glicemia de jejum ≥126mg/dL
3) Glicemia de 2hrs pos sobrecarga ≥ 200mg/dL
4) Hemoglobina glicada ≥6,5%
Diagnostico pré-diabetes:
1) Glicemia de jejum 100 a 125mg/dL
2) Glicemia 2hrs após TOTG 140 a 199mg/dL
3) Hemoglobina glicada 5,7 a 6,4%
TRATAMENTO
- Restabelecer as funções metabólicas;
- Evitar complicações agudas;
- Manter a glicemia o mais próximo possível da normalidade;
- Controlar fatores de risco como obesidade, HAS e dislipidemia;
- Retardar ou evitar as complicações crônicas e possibilitar melhor qualidade de
vida;
- Insulina convencional 2 aplicações: 2/3 da dose pela manha e 1/3 antes do
jantar ou ao deitar;
- FIBRAS:
- Solúveis apresentam efeitos benéficos na glicemia e metabolismo dos lipídios
enquanto as insolúveis agem contribuindo para a saciedade e para o controle
do peso;
- As fibras são encontradas nas frutas, verduras, legumes, farelo de aveia,
semente de linhaça e leguminosas como feijão, ervilha, grão de bico;
- O consumo de fibras solúveis está associado à redução do LDL e colesterol
total (menor risco de DCV);
- A adição de fibra solúvel (como aveia, feijão, psyllium) auxilia no retardo do
esvaziamento gástrico, contribuindo positivamente para o controle glicêmico
pós-pandrial e dos lipídios séricos;
- Dieta rica em fibras prebióticas promove aumento da produção de AGCC por
meio da fermentação bacteriana. Os mecanismos associados a maior circulação
de butirato, acetato e propionato no lúmen intestinal reduz a endotoxina LPS
(lipopolissacarideo) que em estudos é fortemente associada à resistência à
insulina;
- Fibra prebiótica: 4g/dia de fruto-oligossacarideo ou inulina já contribui com a
melhora da microbiota intestinal. Fontes: sementes e raízes de vegetais como
cebola, alho, aspargo, grãos de soja, grão de bico, cevada, centeio.
- PROTEÍNAS:
- Para doentes renais, a proteína deve ser mantida na dose de 0,8g/kg de peso
corporal/dia.
- Em indivíduos com DM2 a proteína ingerida parece aumentar a insulina sem
aumentar as concentrações plasmáticas de glicose.
- LIPÍDIOS:
- Retirada de ácidos graxos trans, inclusão de alimentos fontes de mono e poli-
insaturados, controle no consumo de ácidos graxos saturados priorizando o
consumo de carnes magras, leite desnatado e consumo mínimo de carnes
processadas.
- A suplementação com ômega 3 não se mostrou eficiente na redução de
HbA1c; porem não precisa ser reduzida;
- Caso a obesidade e a perda de peso sem preocupações iniciais, a redução do
total de gordura se faz então necessária;
- TGL>1000mg/dL necessita reduzir todos os tipos de gordura a menos do que
10% do total energético, além de tratamento farmacológico;
- ADOÇANTES:
- Sorbitol, manitol e xilitol são açúcares de álcoois que produzem uma resposta
glicêmica menor do que a sacarose (valor energético 2kcal/grama);
- Sacarina, aspartame (50mg/kg do peso), acessulfame-k (15mg/kg do peso) e
sucralose o uso deve ser feito seguindo as recomendações de um nível
adequado de ingestão; são mais doces que a sacarose; o aspartame é destruído
com o calor e inútil para cocção, assim como sacarina e ciclamato;
- MICRONUTRIENTES
- O uso prolongado de alguns medicamentos, como a metformina, pode causar
deficiência de ácido fólico e vitamina B1;
- Uma das prováveis causas da neuropatia diabética é a deficiência de vitamina
B12;
NUTRIGENÉTICA E DM TIPO 2
a) Gene TLR4
- Os polimorfismos reduzem a atividade do TLR4 que por sua vez
reconhece com menos afinidade os ácidos graxos (láurico e miristico).
Assim a resposta inflamatória induzida pela dieta é menos intensa do
que naqueles indivíduos não carreadores do polimorfismos;
- Individuos que portam o polimorfismo no gene do TLR4 apresentam
pouca ativação desse receptor mediante a ingestão de ácidos graxos
saturados;
b) Calpaína 10
- Proteínas cálcio-dependentes e alterações na atividade da calpaína 10
relacionam-se com o DM2;
- Essa proteína é constitutivamente expressa nas células principalmente no
musculo, fígado e ilhota pancreática;
c) Receptor ativado por proliferador de peroxissomos gama PPAR-gama
- Descrito como controlador da adipogênese, lipogênese, regulação
glicêmica e até correpressor nuclear do processo inflamatório induzido por
NF-kB;
- Finamente controlado no interior celular e portadores de doenças
metabólicas podem se beneficiar de sua regulação, assim como sua
desregulação em indivíduos saudáveis pode ser a chave para o
desencadeamento de doenças;
d) TCF7L2
- Fator de transcrição que participa da via da beta-catenina;
- É expresso em diversos órgãos como pâncreas, útero, fígado, tecido
adiposo e intestino;
- Individuos que carreiam o alelo de risco apresentam risco maior de
desenvolver DM2;
- Opera junto à insulina controlando a homeostase glicêmica por meio da
modulação intestinal das concentrações de GLP-1;
e) IRS1, IRS2, PI3K e Akt
- A Akt é uma proteína conservada entre as espécies; variações genéticas
que reduzam sua atividade podem estar associadas com fim da vida;
problemas durante embriogênese;
- As proteínas IRS1 e IRS2 são elementos importante para via da insulina;
variações nessas proteínas trazem prejuízos mais pontuais à via de
sinalização da insulina;
- Pacientes com polimorfismos simultâneos nos genes controladores das
proteínas IRS1 e IRS2 apresentaram redução na sensibilidade à insulina;
f) KCNJ11 e ABCC9
- Variações em tais genes tem apresentado desfechos fenotípicos
preponderantes para o desenvolvimento do DM2 ou desregulação da
glicemia;
g) Fator nuclear hepático
- É o gene que controla uma proteína de mesmo nome envolvida com a
produção hepática de glicose;
- O HNF-4alfa atua como fator de transcrição e controla a produção de
PEPCK e glicose-6-fosfatase, proteínas essenciais na gliconeogenese;
h) Glicoquinase
- O gene da glicoquinase (GCK);
- A proteína GCK atua como sensor da glicose, que controla a liberação de
insulina pela ilhota pancreática;
- Variações no gene da GCK estão relacionadas à hiperliberação de insulina,
conduzindo as células beta pancreáticas rapidamente à morte;
i) Interleucina 6
- Apresenta atividade anti-inflamatória quando se liga ao seu receptor (IL-
6R);
- Polimorfismos associados a IL-6 estao relacionados à piora na resposta da
regulação glicêmica;
- Variações no gene estão relacionados ao aumento da sua atividade, tendo
nesses casos papel pró-inflamatório com acao exarcebada;
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
- Principal causa de morte é o AVC, o que significa que o diagnostico e controle
da hipertensão não tem sido adequados;
- Dieta com elevador teor energético, gordura saturadas e trans, tabagismo,
inatividade física = mantem importante relação com a doença coronariana nas
populações e são fatores contribuintes para o desenvolvimento e progresso da
aterosclerose;
- Outra manifestação importante é a insuficiência cardíaca (IC) = o coração tem
sua função de bombeamento sanguíneo insuficiente para a demanda
metabólica dos tecidos;
- Manifestações clinicas: angina, infarto do miocárdio, insuficiência arterial
periférica, isquemia cerebral;
- Processo de desenvolvimento das DCV resulta da interação entre fatores de
risco modificáveis e não-modificáveis;
- Modificáveis: sedentarismo, hábitos alimentares, tabagismo e
dislipidemias, obesidade, hipertensão;
- Não modificáveis: idade (>45 anos homens e >55 anos mulheres),
sexo, história família de DAC ou outra doença vascular, historia pessoal de
DAC ou outra doença vascular;
- Marcadores de risco: fibrinogênio, homocisteína, proteína C reativa (PCR) e
lipoproteína;
- Dislipidemias: alterações nas concentrações séricas de colesterol; podem
ocorrer em razão de características genotípicas ou em função do estilo de vida
(tabagismo, sedentarismo) e de hábitos alimentares (ingestão excessiva de
alimentos ricos em colesterol, carboidratos simples, ácidos graxos trans e
saturados ou ingestão calórica total aumentada);
- Risco aumentado: concentração elevada de TGL, LDL-c e colesterol total,
assim como concentração reduzida de HDL-c;
- LDL = apresenta potencial aterogênico a medida que se torna pequena e mais
densa;
- HDL = o aumento contribui para a redução da inflamação por promover
diminuição da expressão das moléculas de adesão endoteliais, proteção contra
a oxidação das LDL e por contribuir para o transporte reverso do colesterol;
- Além do IMC, a distribuição de gordura corpórea associa-se a uma alta
prevalência de anormalidades lipídicas (hipertrigliceridemia, HDL baixo, HAS e
intolerância a glicose);
- A medida da circunferência abdominal é um outro marcador da obesidade
visto que se relaciona com IMC e também com fatores de risco;
- Fatores dietéticos que elevam os níveis de colesterol e TGL = alto consumo de
carboidratos, alto consumo de colesterol alimentar, alto consumo de calorias e
alto consumo de ácidos graxos saturados e trans;
- Homocisteína: converte-se em metionina ao receber um grupo metil sendo
catalisada pela enzima metionina sintetase (MS) onde a vitamina B12 é cofator.
A enzima MTHFR catalisa a conversado do 5-10 metiltetra-hidrofolato em 5-
metiltetra-hidrofolato.
- Caso haja alterações em genes envolvidos no metabolismo da homocisteina
ou deficiência de vitaminas do complexo B (atuam como cofatores) o
organismo pode responder com hiper-homocisteinemia;
- A hiper-homocisteinemia é considerada fator promotor do estresse oxidativo
e risco do dano endotelial ou seja fator de risco independente para DCV;
ATEROSCLEROSE
- Condição inflamatória crônica de origem multifatorial;
- Caracteriza-se por disfunção endotelial seguida da ativação do sistema imune
e formação da placa aterosclerótica. Essa placa quando instável pode ocasionar
a formação de trombos, culminando em manifestações clínicas das DCV, como
infarto e acidente vascular encefálico;
- A dor torácica ocorre quando a aterosclerose leva ao estreitamento do lumen
e produz isquemia;
- A manutenção de níveis elevados de LDL e/ou níveis baixos de HDL está
associada a um incremento na instabilização da placa;
METAS TERAPÊUTICAS
Baixo risco LDL <160 não HDL <190
Risco intermediário LDL <130 não HDL <160
Alto risco ou diabéticos LDL <100 (opcional <70) não HDL <130 (opcional
<100)
Aterosclerose significativa LDL <70 não HDL <100
Homens HDL ≥40 TGL <150
Mulheres HDL ≥50 TGL <150
Diabéticos ≥50 TGL <150
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS HIPERCOLESTEROLEMIA
Gordura total 25 a 35% das calorias totais
Ácidos graxos saturados 7% calorias totais
Ácidos graxos poli-insaturados até 10% das calorias totais
Ácidos graxos monoinsaturados até 20% das calorias totais
CHO 50 a 60% das calorias totais
PTN aproximadamente 15%
Colesterol até 200mg/dia
Fibras 20 a 30g/dia
Calorias para atingir e manter o peso desejável
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
- O coração tem sua função de bombeamento insuficiente para a demanda
metabólica dos tecidos;
- Sintomas comuns: distúrbios hemodinâmicos e alterações neuro-hormonais;
- Manifestações frequentes: dispneia, edema e fadiga;
- Tratamento visa aliviar sintomas e melhorar a capacidade funcional e
qualidade de vida; também prevenir o desenvolvimento e progressão, atenuar
remodelamento ventricular e reduzir mortalidade;
- Desnutrição energético-proteica = caquexia cardíaca, fator preditivo de
redução da sobrevida desses pacientes;
- Fatores que contribui para menor ingestão alimentar: alterações no trato
digestório (compressão gástrica, congestão hepática), edema de alças
intestinais, náuseas, anorexia;
- Estado de hipermetabolismo = aumento do gasto energético basal em
pacientes com IC classe III e IV;
CONDUTA NUTRICIONAL
- Objetivo: fornecer energia e nutrientes necessários para minimizar a perda de
peso, recuperar o estado nutricional e evitar sobrecarga cardíaca;
- 5 a 6 refeições em pequenos volumes evitando o aumento do trabalho
cardíaco;
- Consistência de acordo com aceitação; dietas pastosas são geralmente
utilizadas pela presença de dispneia e dificuldade de mastigação;
a) Recomendação de energia:
- Suprir as necessidades energéticas a fim de se manter o peso o mais próximo
do considerado ideal;
- Pacientes podem apresentar déficit maior, porem deve-se considerar uma
meta viável uma vez que grande fornecimento pode não ser bem tolerado;
- Energia: 28kcal/kg/dia para eutróficos e 32kcal/kg/dia desnutridos
- Aumentar a densidade calórica das preparações (módulos de nutrientes,
suplementos nutricionais ou aumentar gordura da dieta);
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
CHO 50 a 60%
Gordura 25 a 30%, preferência a mono e polinsaturadas
Colesterol até 200mg/dia
PTN pode ser normo a hiperproteíca devido ao hipermetabolismo
PTN desntruição grave e caquexia 1,5 a 2,0g/kg/dia
PTN eutrófico 1,0g/kg/dia
Fibra 25 a 30g/dia (6g fibra solúvel)
Sódio hipossódico (prevenir retenção) 4g/dia
Potássio 50 a 70mEq (uso de diuréticos pode causar hipocalemia)
Magnésio (uso de diuréticos pode causar hipomagnesemia)
Balanço hidríco 600 a 1500mL
2) LDLR
- Polimorfismos relacionados ao LDLr está associado a alterações metabólicas
que refletem variações no perfil lipídico sanguíneo e podem interferir no risco
de desenvolvimento de DCV;
- Codifica a proteína LDLr, receptor de LDL. Ele atua na captação de
remanescentes de quilomicrons, VLDL e LDL do plasma sanguíneo,
contribuindo para homeostase do colesterol;
- Quando a concentração de colesterol diminui, a expressão do LDLr aumenta e
a captação de lipoproteínas circulantes, diminuindo a concentração sanguínea
de colesterol;
- Polimorfismos no gene que codifica a LDLr resulta no aumento das
concentrações sanguíneas de LDL e associa-se ao desenvolvimento de
dislipidemias, aterosclerose e DAC;
- SNP -30C>T: carreadores do alelo variante apresentaram maiores
concentrações de colesterol total e LDLc;
- SNP -42A>G: mesmo padrão de resposta para concentrações de colesterol
total;
- Individuos com alto consumo de laticínios e carreadores do alelo G,
apresentaram concentrações de TG mais altas;
3) LPL
- Faz parte da família de genes de lipases de TG; parece estar associada às
concentrações sanguíneas de HDLc e TG;
- Os polimorfismos no gene mostraram associar-se a modificações no perfil
lipídico sanguíneo, especificamente às concentrações de HDL-c e TG, além de
estarem relacionados ao risco de desenvolvimento de DAC;
- Participa da hidrolise de TG presente nas lipoproteínas, liberando ácidos
graxos não esterificados e glicerol;
- Também esta presente na superfície dos macrófagos, contribuindo para o
acumulo de lipídios nessas células;
- SNP 1421C>G = carreadores do genótipo GG apresentaram maior
concentração de HDL-c e menor concentração de TG (características associadas
a menor risco cardiovascular);
- Quanto a ingestão de lipídios foi baixa, os indivíduos GG apresentaram
maiores concentrações de HDL-c que os demais;
4) MTHFR
- Polimorfismos C677T – enzima mais termolábil, com menor atividade e tem
sido associada à elevação das concentrações plasmáticas de homocisteína e à
redução do ácido fólico plasmático;
- Individuos homozigotos para o alelo variante apresentaram chance maior de
desenvolver doença isquêmica do miocárdio;
- Indivíduos carreadores dos alelos variantes em relação a esse polimorfismo
parecem apresentar necessidades aumentadas de ácido fólico e vitamina B6 e
B12;
EPIGENÉTICA E DCV
- A homocisteína parece induzir a metilação do DNA em células do músculo
liso vascular, envolvidas diretamente com a aterogênese;
a) Ácido fólico
- O ácido fólico apresenta papel fundamental nos mecanismos epigenéticos de
metilação do DNA;
- Alterações nas concentrações dessa vitamina (B9) pode interferir na
estabilidade e integridade do material genético, proliferação celular e
expressão gênica;
b) Dano no DNA
- Enzimas histona acetiltransferase e histona desacetilase apontam a
localização do dano no DNA e facilita o acesso das proteínas de reparo,
bloqueando a transcrição nos locais danificados;
c) Metilação do DNA
- Hipermetilação está associada com silenciamento gênico e a metilação das
ilhas CpG pode bloquear a transcrição diretamente;
HIPERTENSÃO ARTERIAL
- Condição clínica multifatorial caracterizada por elevação dos níveis
pressóricos ≥140 e/ou 90mmHg
- Agravada pela presença de outros fatores: dislipidemia, obesidade abdominal,
intolerância à glicose e diabetes melito (DM);
- Pressão limite: 130 a 139/85 a 89mmHg
- Objetivo tratamento: redução da morbidade e mortalidade cardiovascular e
renal por meio de medidas não-medicamentosas isoladas ou associadas a
fármacos anti-hipertensivos;
- Classificação pressão arterial:
Normal Sistolica <120 Diastolica <80
Pré hipertensão (PH) Sistolica 121 a 139 Diastolica 81 a 89
Hipertensão grau I Sistolica 140 a 159 Diastolica 90 a 99
Hipertensão grau II Sistolica >160 Diastolica ≥100
- Fatores de risco: idade, sexo e etnia, excesso de peso e obesidade, ingestão
de sal, ingestão de álcool, sedentarismo, fatores socioeconômicos, genética;
RECOMENDAÇÕES TRATAMENTO HAS
- Redução do peso corpóreo;
- Dieta rica em frutas, vegetais e com baixo conteúdo de gordura total e
saturada (Adoção do plano alimentar DASH);
- Redução de sódio (2,4g de sódio ou até 6g NaCL);
- Praticar atividade física;
- Moderar consumo de bebidas alcoolicas (30mL para homens e 15mL para
mulheres);
- Não ingestão de alimentos processados, pouca utilização de sal no preparo
dos alimentos e não utilização de saleiro à mesa;
- Restringir consumo de bebidas alcoolicas;
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
- Dieta DASH: consumo de frutas, hortaliças e laticínios com baixo teor de
gordura; inclui ingestão de cereais integrais, frango, peixes e frutas oleaginosas,
preconiza a redução da ingestão de carne vermelha, doces e bebidas com
açúcar. Contém quantidades reduzidas de colesterol gordura total e saturada;
- Dieta do Mediterrâneo: frutas, hortaliças e cereais integrais, porém possui
quantidade generosa de azeite de oliva (fonte de gordura monoinsaturada) e
inclui o consumo de peixes e oleaginosas, além da ingestão moderada de
vinho;
- Redução do consumo de sódio;
- Ingestão de ≥2g/dia de EPA+DHA (ácidos graxos ômega-3 provenientes dos
óleos de peixe);
- Ingestão de fibras (destaca-se a beta-glucano proveniente da aveia e cevada);
- Ingestão de laticínios, em especial os com baixo teor de gordura;
- CBA do alho (alicina – alho cru; s-alil-cisteína – processado);
- Café e chá verde possui polifenóis que podem favorecer a redução da PA;
- Chocolate com pelo menos 70% de cacau – também devido aos polifenóis;