Você está na página 1de 10

jul/ago 2009 | matéria da capa

Recentes Avanços em Nutrição


e Neurociência Cognitiva
Recent Advances in Nutrition and Cognitive Neuroscience

Dra M J Dauncey - PhD, ScD, e é dividida em quatro partes in nutrition, cognition and mental
FIBiol - Fellow do Wolfson College, principais. Primeiro, iremos tratar da health, and is divided into four main
Universidade de Cambridge, Reino importância do equilíbrio nutricional sections. First, the importance of
Unido – Cientista Sênior & e interações com nutrientes para a nutritional balance and nutrient
Orientadora em Ciências Nutricionais saúde mental, discutiremos a dieta interactions to brain health are
e Biomédicas – Professora Visitante do Mediterrâneo, balanço energético, considered, by reference to the
em Instituições Internacionais ácidos graxos e elementos-traço. Mediterranean diet, energy balance,
Muitos fatores modulam os efeitos da fatty acids, and trace elements.
palavras-chaves: Estrutura & nutrição na saúde cerebral e as Many factors modulate the effects of
função cerebral; cognição; inconsistências entre os estudos nutrition on brain health, and
desenvolvimento; dieta; balanço podem ser parcialmente explicadas inconsistencies between studies can
energético; ácidos graxos; expressão pelas diferenças do meio ambiente be explained in part by differences in
gênica; genética; saúde mental & no início da vida e na variabilidade early environment and genetic
doença; neurociências; genética. Portanto, esses dois variability. Therefore, these two
nutrigenômica; nutrição; elementos- fatores são considerados na segunda factors are considered in the second
traço. e terceira parte desta revisão. and third parts of this review. Finally,
Finalmente, discutiremos estudos recent findings on mechanisms
keywords: Brain structure & recentes que tratam dos mecanismos underlying the actions of nutrition on
function; cognition; development; subjacentes às ações da nutrição no the brain are considered. These
diet; energy balance; fatty acids; cérebro. Esses envolvem alterações involve changes in neurotrophic
gene expression; genetics; mental nos fatores neutrópicos, vias neurais factors, neural pathways and brain
health & disease; neuroscience; e plasticidade cerebral. O avanço na plasticity. Advances in understanding
nutrigenomics; nutrition; trace compreensão do papel crítico da of the critical role of nutrition in brain
elements. nutrição na saúde cerebral irá ajudar health will help to fulfil the potential
a nutrição a cumprir seu papel na of nutrition to optimize brain function,
otimização da função cerebral, evitar prevent dysfunction and treat
resumo sua disfunção e tratar enfermidades. disease.
A nutrição pode afetar o cérebro
durante todo o ciclo de vida, com abstract introdução
implicações profundas na saúde Nutrition can affect the brain O papel da nutrição na
mental e doença degenerativa. Muitos throughout the life-cycle, with neurociência cognitiva é complexo
aspectos da nutrição, de dietas profound implications for mental porque, assim como tudo em
inteiras a nutrientes específicos, health and degenerative disease. nutrição, ela é multifatorial. A
comprometem a estrutura e função Many aspects of nutrition, from entire preocupação não é restrita apenas
cerebral. Essa breve revisão irá se diets to specific nutrients, affect brain ao impacto de uma única substância
concentrar nos recentes avanços em structure and function. This short química no cérebro, mas ao de
nutrição, cognição e saúde mental, review focuses on recent advances diversos nutrientes, metabólitos e

4 Recebido: 20/05/2009 – Aprovado: 17/06/2009


matéria da capa | jul/ago 2009

fatores de interação. Apesar disso e interações nutricionais e o balanço muitas bases de dados eletrônicas
de muitas controvérsias, o assunto entre componentes nutricionais foram também pesquisados pelo seu
está sendo discutido e os específicos são reconhecidamente relevante conteúdo. Discussões
mecanismos subjacentes estão críticos e avanço considerável foi minusciosas foram realizadas com
sendo elucidados, pelo menos em atingido com relação ao balanço peritos sobre numerosos tópicos
parte graças aos avanços energético, ácidos graxos e discutidos nesta revisão. Além disso,
significativos em muitas áreas das elementos-traço. Há muitas o acompanhamento de eventos
ciências biológicas e ao inconsistências entre os resultados científicos e palestras foram
desenvolvimento de novas técnicas de estudos em nutrição, cognição e realizados para que o autor tivesse
em biologia molecular e imagens saúde mental e essas podem ser certeza dos novos avanços em
cerebrais. explicadas por muitos fatores, nutrição e neurociência. Finalmente,
Cognição engloba os processos inclusive diferenças no desenho do a avaliação crítica de várias centenas
mentais envolvidos na aquisição do estudo. Pesquisas recentes de publicações científicas garantiram
conhecimento e na integração sugerem que dois outros fatores são que esta revisão apresenta uma
desses processos em respostas particularmente significativos: o análise acurada e equilibrada do
como aprendizado, atenção, ambiente no início da vida e a entendimento atual em nutrição e
memória, inteligência (QI) e variabilidade genética. A nutrição no neurosciência cognitiva.
consciência. Muitos aspectos da início da vida tem profunda influência
nutrição, de dietas inteiras a na saúde mental em estágios balanço nutricional e
nutrientes individuais, foram posteriores e diversas variantes saúde cerebral
relacionados à cognição, saúde genéticas modificam as respostas Há muitas interações entre os
mental, disfunções e doenças cognitivas à nutrição diferentes componentes dietéticos e
(BARBERGER-GATEAU et al., 2007; acentuadamente. Hoje conhecemos há uma crescente indicação de que
LUCHSINGER, NOBLE, melhor os mecanismos moleculares o equilíbrio entre fatores nutricionais
SCARMEAS, 2007; ASSOCIATE que associam a nutrição à função específicos desempenham um papel
PARLIAMENTARY FOOD & HEALTH cerebral e à saúde mental, importante na função cognitiva.
FORUM UK, 2008; STOKES, 2008; principalmente com relação às Resultados recentes serão ilustrados
VAN DER BEEK, KAMPHUIS, 2008). inúmeras vias de sinalização celular. como referência à dieta do
Não é de se supreender que a Essas envolvem fatores de Mediterrâneo, balanço energético,
nutrição interfere na cognição e saúde crescimento, hormônios e genes ácidos graxos n-3 e n-6 e aos
mental porque a estrutura e função importantes para a função elementos-traço cobre (Cu) e zinco
cerebral dependem, em última neurológica. A figura 1 mostra o que (Zn).
instância, dos nutrientes ingeridos. conhecemos sobre esses
Entretanto, é difícil avaliar as ações mecanismos de maneira detalhada, dieta do mediterrâneo
precisas dos componentes dietéticos o que nos ajuda a refinar a definição Nos últimos anos, o papel da
específicos porque as pessoas da melhor nutrição possível para a dieta do Mediterrâneo na cognição e
ingerem alimentos e dietas e não cognição e a saúde mental. saúde mental é foco de considerável
nutrientes individuais. Apesar disso, atenção. A definição precisa dessa
inúmeros estudos mostram que metodologia dieta não é consistente nos diferentes
muitos aspectos da cognição são Foi realizada uma extensa estudos. De modo geral, ela é
comprometidos pela nutrição, como pesquisa na literatura e numerosas caracterizada pelo elevado consumo
a memória, QI, transtorno de déficit consultas para garantir que todas as de hortaliças, frutas, cereais, peixe
de atenção e hiperatividade (ADHD), publicações relevantes dos últimos e gorduras insaturadas, tais como
dislexia, depressão, esquizofrenia, anos fossem acessadas. A base azeite de oliva, ingestão leve a
demência, doença de Alzheimer e eletrônica de dados mais utilizada foi moderada de vinho durante as
doença de Parkinson. a PubMed (US National Library of refeições e baixo consumo de carnes
Nos últimos anos, houve muito Medicine and the National Institutes vermelhas e industrializadas,
progresso em áreas vitais da nutrição of Health). Outros importantes jornais laticínios e gorduras saturadas. As
e da neurociência cognitiva. As científicos que não são indexados em diferenças observadas na saúde

5
jul/ago 2009 | matéria da capa
mental quando da ingestão da dieta depressão e melhora o humor e a melhoram a memória, o humor e o
do Mediterrâneo são provavelmente auto-estima. Além disso, o exercício comportamento e reduzem os
relacionadas ao balanço nutricional, aeróbico regular aumenta o volume sintomas da depressão. Por outro
tanto dos diferentes alimentos cerebral e reduz o risco do lado, a deficiência dos ácidos graxos
quando de nutrientes específicos. comprometimento cognitivo, n-3 foi relacionada ao risco
Uma análise abrangente de demência e doença de Alzheimer em aumentado de dislexia, ADHD,
diversos estudos mostrou que níveis indivíduos mais velhos. depressão, demência, doença de
mais altos de adesão à dieta do A subnutrição moderada reduz Alzheimer e esquizofrenia. Além
Mediterrâneo reduziram o risco das as deficiências relacionadas à idade disso, as dietas ricas em gorduras
doenças de Alzheimer e de na função cognitiva, enquanto a trans e saturadas têm um efeito
Parkinson em 13%, sugerindo supernutrição aumenta o dano adverso à função cognitiva
relevância clínica para a saúde pública oxidativo e reduz a plasticidade (PARROTT, GREENWOOD, 2007).
(SOFI et al., 2008). Particularmente sináptica e a função cognitiva Os ácidos graxos n-3 incluem
significativo é o resultado que indica (GÓMEZ-PINILLA, 2008). Dietas o ácido α-linolênico (ALA), ácido
que essa dieta também é associada hipercalóricas e a vida sedentária eicosapentaenóico (EPA) e ácido
à redução do risco de desenvolver um estão promovendo o aumento da docosahexaenóico (DHA). O último
leve comprometimento cognitivo e de prevalência de obesidade e de é particularmente importante na
sua conversão para doença de diabetes. Essas enfermidades estão maximização da estrutura e função
Alzheimer (SCARMEAS et al., relacionadas ao comprometimento cerebral (INNIS, 2008). As ações do
2009). Nesse estudo, muitas da função cognitiva e ao risco da DHA são parcialmente mediadas
variáveis foram ajustadas, tais como depressão e da demência (BRAYNE; pelos efeitos na estrutura da
idade, ingestão calórica e índice de GAO; MATTHEWS, 2005). Além membrana celular e metabolismo
massa corporal. Entretanto, os disso, a incidência da síndrome energético. Concentrações elevadas
autores não conseguiram excluir a metabólica e obesidade, diabetes do de DHA no cérebro aumentam a
possibilidade de que a atividade física tipo 2 e dislipidemia associadas é flexibilidade da membrana e as
pudesse ser parcialmente maior em pacientes com transtornos interações entre proteínas e lipídeos,
responsável por alguns dos efeitos da mentais como a esquizofrenia e promovendo a melhora da atividade
dieta do Mediterrâneo. doença bipolar (NEWCOMER, 2007). neuronal e da cognição. O DHA
Múltiplos mecanismos, envolvendo a também desempenha um papel
balanço energético inflamação crônica, vias de protetor por causa de seus efeitos na
Há diversas ligações entre o sinalização celular e fatores inflamação, estresse oxidativo e
balanço energético e o cérebro: não genéticos, associam a supernutrição liberação de citocinas. Por outro lado,
só o cérebro desempenha um papel a diversas afecções, como a doença redução em DHA no cérebro em
central na regulação da ingestão e cardiovascular e doença de Alzheimer desenvolvimento é associada ao
gasto energético (BERTHOUD; (DAUNCEY; WHITE, 2004; comprometimento da neurogênese,
MORRISON, 2008; GAO; HORVATH, BERRIDGE, 2009). metabolismo de neurotransmissores,
2008), mas a ingestão calórica e a aprendizagem e memória.
atividade física influenciam a estrutura ácidos graxos: ômega-3 Há muito tempo se reconhece
e a função cerebral (DAUNCEY, e ômega-6 que a ingestão de ácidos graxos
BICKNELL, 1999). Apesar de algumas altera a concentração de ácidos
Evidências consideráveis controvérsias, evidências importantes graxos do organismo e a ingestão
demonstram uma estreita relação sugerem que os ácidos graxos materna reflete-se nos recém-
entre o balanço energético e a saúde poliinsaturados (PUFA) ômega-3 (n- nascidos e lactentes amamentados
mental. A importância da atividade 3) desempenham um papel vital na ao peito (WIDDOWSON et al., 1975;
física à saúde mental é agora bem cognição e saúde mental INNIS, 2007). Alimentos ricos em ALA
reconhecida (COLCOMBE et al., (APPLETON; ROGERS; NESS, incluem os óleos vegetais, como o
2006; CASWELL; DENNY, 2008; 2008; DANGOUR; UAUY, 2008; de semente de linhaça, soja e
HILLMAN; ERICKSON; KRAMER, FOTUHI; MOHASSEL; YAFFE, canola, além das carnes de animais
2008). Ela diminui o risco da 2009). Esses ácidos graxos que se alimentam de gramíneas.

6
matéria da capa | jul/ago 2009

Entretanto a conversão de ALA para costumam ser negligenciados nos As interações entre os
EPA e depois para DHA é estudos sobre nutrição e função elementos-traço podem
extremamente ineficiente. Portanto, cognitiva. Por exemplo, o cobre e o desempenhar um papel importante
é necessário que a ingestão zinco têm ações críticas no para a melhor saúde mental. A
alimentar adequada ofereça a melhor neurodesenvolvimento, síntese de deficiência de zinco afeta
quantidade possível de EPA e DHA, neurotransmissores, metabolismo aproximadamente 30% da
por exemplo, do peixe. Hoje os energético, defesa com antioxidantes população mundial e pode ser o
estudos se concentram em e síntese de DNA (JONES; BEARD; principal fator afetando a cognição
mecanismos para intensificar os JONES, 2008; KAMBE; WEAVER, em gestantes (STOECKER et al.,
ácidos graxos n-3 nos alimentos, o ANDREWS, 2008; MURAKAMI; 2009). Entretanto, apesar de a
que inclui a modificação da HIRANO, 2008). Portanto, não é de suplementação de zinco aliviar os
composição da carne e do leite por surpreender que esses elementos- sintomas da deficiência, isso pode
métodos padrão da criação animal e traço sejam importantes para a reduzir a absorção de cobre e pode
o uso de técnicas transgênicas para função cognitiva: a baixa resultar na deficiência de cobre e
desenvolver plantas que produzem os concentração plasmática de cobre doenças neurológicas (ROWIN;
ácidos graxos n-3 (LUNN; está relacionado ao declínio cognitivo LEWIS, 2005). Essas interações
BUTTRISS, 2008). da doença de Alzheimer; a podem ser especificamente
Pesquisas recentes sugerem deficiência de zinco é relacionada ao significativas para o
que não se trata apenas da transtorno ADHD em crianças, desenvolvimento cognitivo de
concentração de ácidos graxos n-3, comprometimento da memória e da lactentes pequenos nascidos pré-
mas do equilíbrio entre as ingestões aprendizagem em adolescentes, e termo. Essas crianças nascem
de n-3 e de n-6, que é crítico para a estresse, depressão e declínio com estoques inadequados de
melhor saúde mental (NOVAK; cognitivo em adultos (KLEVAY, 2008; ferro, cobre e zinco (WIDDOWSON;
DYER; INNIS, 2008). Há uma STOKES, 2008). DAUNCEY; SHAW, 1974;
inibição competitiva entre esses dois Os elementos-traço estão DAUNCEY; SHAW; URMAN, 1977)
grupos de ácidos graxos e as dietas presentes em muitos alimentos e em e costumam receber
ocidentais pobres em n-3 e ricas em pessoas saudáveis que seguem uma suplementação de ferro, mas sem
n-6 contribuem para diminuir o dieta bem equilibrada o risco de um fonte adicional de cobre ou zinco.
depósito de DHA, inibição do desequilíbrio de elementos-traço e
crescimento secundário de neurite subsequente comprometimento interações entre
e comprometimento do cognitivo é baixo. Fígado, castanhas nutrição, idade e saúde
desenvolvimento e função cerebral. e cacau são boas fontes de cobre, o mental
O equilíbrio de grupos zinco é abundante em carnes, Muitos fatores modulam os
específicos de nutrientes molucos, cereais e laticínios. efeitos da nutrição na saúde mental,
compromete a cognição, assim Resultados recentes sugerem que as incluindo a idade (Figura 1). A
como também as interações entre os melhores concentrações plasmáticas experiência nos estágios iniciais da
diferentes grupos de nutrientes. de cobre, zinco e ferro promovem a vida é particularmente importante: em
Dessa maneira, uma ingestão melhor função cognitiva em adultos adultos, a incidência de transtornos
elevada de cobre dietético é mais velhos, sendo que os resultados e doenças mentais pode ser
associada ao declínio cognitivo, se são específicos ao sexo do indivíduo parcialmente relacionada à nutrição
combinado com a ingestão (LAM et al., 2008). Além disso, há um no início da vida. Tanto a nutrição pré-
aumentada de gorduras trans e tênue equilíbrio entre os efeitos quanto à pós-natal podem
saturadas (MORRIS et al., 2006). benéficos e prejudiciais de muitos comprometer a saúde mental e a
elementos-traço. Em pacientes com incidência de doenças em estágios
elementos traço: cobre a doença de Alzheimer, a homeostase posteriores da vida e esses efeitos
e zinco de cobre é prejudicada e isso pode podem ser transferidos para
Os elementos traço são muito desencadear o aumento do estresse gerações futuras (LUCAS, 1994;
importantes do ponto de vista oxidativo e da neurodegeneração BARKER, 1995; DAUNCEY, 2004;
neurológico, mas apesar disso (ROSSI et al., 2007). SYMONDS et al., 2007).

7
jul/ago 2009 | matéria da capa
períodos críticos do da oferta de nutrientes ao feto e um QI mais elevado aos 6,5 anos de
desenvolvimento lactentes nascidos pré-termo assim idade (KRAMER et al., 2008). Isso
A programação é o fenômeno como os pequenos para idade não pode ser totalmente explicado
pelo qual uma intercorrência, como gestacional apresentam muitos pelas diferenças sociais e
a desnutrição, em um período crítico déficits nutricionais. Isso tem comportamentais associadas ao
tem efeitos permanentes ou longos consequências imediatas e a longo aleitamento materno, porque o QI
na estrutura e função. Tanto o prazo na saúde mental. Resultados também é mais alto aos 8 anos de
momento quanto o tipo de recentes mostram que esses idade em crianças pré-termo que
intercorrências são importantes para lactentes apresentam um risco foram alimentadas por sonda com
a função cerebral posteriormente. Os aumentado de apresentar leite materno (LUCAS et al., 1992).
períodos pré- e pós-natal são críticos comprometimento do A hipótese é que os ácidos graxos
para o neurodesenvolvimento, neurodesenvolvimento e essenciais e os fatores de
indicando que a melhor nutrição neurocomportamental, incluindo crescimento no leite humano estejam
possível é particularmente importante diversos déficits cognitivos na envolvidos nessa resposta.
nesses estágios iniciais do ciclo de memória e aprendizagem (DE Particularmente importantes
vida (DAUNCEY; BICKNELL, 1999). MORAES BARROS, 2008; são os resultados recentes que
Os períodos críticos precisos estão LARROQUE et al., 2008; SAIGAL; mostram que a nutrição nos estágios
relacionados à função anatômica e DOYLE, 2008). iniciais da vida afeta a estrutura
região cerebral. Por exemplo, entre Não só lactentes muito cerebral, assim como a função
aqueles hoje adultos que estavam se pequenos correm risco, mas o cognitiva posteriormente. O
desenvolvendo quando do ataque à tamanho ao nascer em toda a hipocampo desempenha um papel
Hiroshima e Nagasaki com bombas variação de peso está relacionado à relevante na cognição e na memória
atômicas, observa-se que os danos função cognitiva e saúde mental a e lactentes pré-termo com RCIU têm
cerebrais e o retardo mental são mais longo prazo (PHILLIPS, 2007). Apesar redução do volume hipocampal na
acentuados naqueles que sofreram de haver algumas discrepâncias entre idade a termo, assim como função
os efeitos da radiação entre 8-15 os estudos, há relatos sobre o cerebral menos madura
semanas de gestação (SCHULL; impacto no QI, depressão, ADHD e (LODYGENSKY et al., 2008). Os
OTAKE, 1999). Este é o período esquizofrenia. Há algumas diferenças possíveis mecanismos incluem a
durante o qual há rápida proliferação específicas para cada sexo, sendo insuficiência placentária, aumento
dos elementos neuronais e migração que os homens são mais afetados que dos glicocorticóides maternos e
neuroblástica para o córtex cerebral. as mulheres. Os mecanismos que deficiência de micronutrientes. A
Menos grave, mas com efeitos determinam esses efeitos envolvem maximização da nutrição infantil tem
significativos na cognição de adultos alterações no neurodesenvolvimento efeitos benéficos a longo prazo na
e saúde mental são associados com e sistema neuroendócrino, tais como estrutura e função cerebral. Os
o meio em etapas iniciais da vida, o eixo hipotalâmico-pituitária-adrenal, lactentes pré-termo que recebem
incluindo a nutrição. Entretanto, a hormônios do crescimento e da uma fórmula rica em nutrientes têm
maior parte dos estudos em adultos tireóide. um QI mais alto quando
não consideram essas experiências. Apesar de controvérsias adolescentes que aqueles que
É provável que essas sejam consideráveis, há evidências recebem uma fórmula padrão
parcialmente responsáveis por relevantes que sugerem que tanto a (ISAACS et al., 2008). A diferença no
algumas diferenças individuais nas nutrição materna quanto a infantil QI é maior em meninos do que em
respostas cognitivas de adultos à desempenham um papel crítico na meninas e é acompanhada por
nutrição. função cerebral posterior. A ingestão mudanças estruturais: o volume do
materna de n-3 em uma gestação de núcleo caudado é maior naqueles
nutrição no início da vida 32 semanas está diretamente que recebem uma formula rica em
e função mental relacionada ao QI da criança aos 8 nutrientes quando lactentes. Mais
posterior anos de idade (HIBBELN et al., estudos são necessários para se
A restrição do crescimento 2007). Além disso, lactentes definir se essas diferenças persistem
intrauterino (RCIU) reflete a redução amamentados ao peito apresentam na vida adulta.

8
matéria da capa | jul/ago 2009

interações gene-nutrição Mais recentemente, mostrou-se que variação no número de


e saúde cerebral uma variante do FADS2, um gene cópias
A variabilidade individual em envolvido no controle das vias de Nos últimos anos, tem ocorrido
respostas à nutrição pode, sem ácidos graxos, modifica a relação consideráveis avanços no significado
dúvida, explicar algumas entre a alimentação do lactente e o da variação no número de cópias
inconsistências entre os estudos em QI (CASPI et al., 2007). Muitos (CNV) na determinação da variação
nutrição, cognição e saúde mental. genes foram implicados na regulação genética (REDON et al., 2006;
Com o balanço energético, por do balanço energético e obesidade STRANGER et al., 2007). Essas
exemplo, há diferenças individuais (AISBITT, 2007; MARTI; MARTINEZ- variantes estruturais são comuns no
acentuadas no controle do apetite, GONZÁLEZ; MARTINEZ, 2008), genoma humano e envolvem múltiplas
taxa de metabolismo de repouso e indicando um mecanismo de ligação cópias ou deleções das sequências
atividade espontânea (DAUNCEY, entre o estado energético e a saúde de DNA, que variam em tamanho de
1990). Variantes do gene envolvendo mental, via controle neuronal da 1kb a dezenas de milhares de bases.
um único nucleotídeo afetam as ingestão calórica e gasto energético. Essas inserções ou depleções
respostas cognitivas à nutrição. Além Interações complexas acontecem acontecem nos genes ou em partes
disso, estudos recentes sobre as entre esses genes e suas múltiplas ou fora deles, e estão ligados aos
variantes envolvendo múltiplas cópias ações no balanço energético. Genes genes envolvidos nas interações
ou deleções das sequências de DNA para receptores de leptina, FTO e molécula-ambiente. Portanto, é
sugerem que esses podem ser melanocortina 4 parecem controlar altamente provável que as interações
particularmente relevantes às tanto o apetite quanto a atividade entre o meio ambiente, incluindo a
respostas individuais à nutrição. espontânea (DAUNCEY, 1990; LOOS nutrição, SNPs e CNVs
Pesquisas atuais também se et al., 2005). Além disso, as variantes desempenham um papel crítico na
concentram em avaliar em que mais comuns do gene do receptor da determinação da capacidade
medida a epigenética, ou seja, as melanocortina 4 somam-se aos cognitiva, saúde mental e doença
alterações hereditárias na expressão efeitos do gene FTO no controle do neurodegenerativa.
gênica que não envolvem uma peso corporal (LOOS et al., 2008). E
alteração na sequência do DNA, pesquisas recentes sugerem que as epigenética
estão envolvidas na mediação dos melanocortinas poderiam ser usadas Pesquisas recentes sugerem
efeitos da nutrição no cérebro a longo como agentes neuroprotetores que a epigenética desempenha um
prazo. terapêuticos, visto que atuam por papel importante na programação
meio de seus receptores para exercer nutricional precoce da cognição e
polimorfismos de um efeitos antiinflamatórios em células saúde mental a longo prazo
único nucleotídeo cerebrais comprometidas (CATANIA, (BURDGE et al., 2007;
Polimorfismos de um único 2008). WATERLAND; MICHELS, 2007). Os
nucleotídeo (SNPs) são uma arma As interações gene-gene, dois principais componentes da
poderosa para investigar o papel da denominada epistase, tornam essa regulação epigenética são a
nutrição na saúde e na doença área ainda mais complexa. metilação do DNA e a acetilação da
(INTERNATIONAL SNP MAP Avaliações detalhadas de cobre, histona. O primeiro reprime a
WORKING GROUP, 2004; zinco e ferro no hipocampo indicam atividade genética enquanto o ultimo
DAUNCEY; ASTLEY, 2006). Diversos que influências poligênicas estão aumenta essa atividade, via
estudos, incluindo muitos sobre as envolvidas nas alterações da remodelagem da cromatina. A marca
gorduras, elementos-traço e balanço homeostase e doença neurológica epigenética dos genes é muito
energético já ressaltaram a (JONES; BEARD; JONES, 2008). persistente e os efeitos da nutrição
importância dos SNPs nas respostas Como a epistase pode modificar o precoce na cognição e saúde mental
neurais e cognitivas à nutrição. efeito da variante genética no podem ser transmitidos entre as
Está bem definido que uma fenótipo, isso pode ser de valor gerações, via mecanismos
variante da APOE, um gene essencial limitado para avaliar o efeito de um epigenéticos que modificam a função,
para o transporte de lipídeos está único SNP, a menos que também se mas não a sequência do DNA. O
relacionado à doença de Alzheimer. avaliem os aspectos genômicos. efeito do meio ambiente regulação

9
jul/ago 2009 | matéria da capa
epigenética é crítico e as alterações meio das mudanças nas moléculas e estrogênio supraregulam muitos
podem ocorrer durante a vida de dois de sinalização celular que regulam a dos mesmos marcadores
gêmeos idênticos, resultando em transcrição. bioquímicos no cérebro que
diferenças na expressão gênica entre aumentam a plasticidade cognitiva e
indivíduos com estreita ligação entre fatores neurotróficos e neural: o BDNF aumenta com o
si. Essas diferenças podem ser neuroendócrinos exercício e reposição de estrogênio
críticas para a função cerebral: Muitos dos efeitos nutricionais e os efeitos são sinergísticos
mecanismos epigenéticos foram na saúde mental são mediados pelos (KRAMER, ERICKSON, 2007).
implicados na função cognitiva, reguladores neutrotróficos e
memória e saúde mental neuroendócrinos da função cerebral. plasticidade cerebral e
(TSANKOVA et al., 2007). Esses Esses incluem o fator neurotrófico neurogênese no adulto
estudos recentes sugerem que a derivado do cérebro (BDNF), insulin- O cérebro tem considerável
nutrição provavelmente tem forte like growth factor-1 (IGF-1) e plasticidade neural, sináptica e
influência na programação glicorticóides. Por exemplo, o BDNF cognitiva para se adaptar não apenas
epigenética da saúde e cognição atua via receptors TrkB para interferir às lesões neurais, mas também à
cerebral. nas vias de sinalização, neurogênese, nutrição. Por exemplo, o balanço
neuroproteção, aprendizagem e energético e os ácidos graxos n-3
mecanismos associados memória (BERRIDGE, 2009). têm efeitos intensos na plasticidade
à nutrição e saúde O estado nutricional afeta sináptica por meio das mudanças na
cerebral muitos fatores e hormônios de expressão gênica de fatores
Sabe-se que a nutrição interfere crescimento e esses podem agir neurotróficos (Figura 1). A evolução
em muitos aspectos da função como sinais nutricionais para molecular do proteoma sináptico,
cerebral incluindo as membranas influenciar diversos sistemas incluindo mudanças nos receptores,
celulares, metabólitos, enzimas e biológicos por meio de mudanças na proteínas citoesqueléticas e proteínas
neurotransmissores (DAUNCEY; expressão gênica (DAUNCEY et al., de adesão permitiram que funções
BICKNELL 1999). Houve um 2001). Por exemplo, o BDNF e o cerebrais complexas se
progresso considerável na IGF-1 desempenham papéis desenvolvessem (EMES et al.,
compreensão dos mecanismos importantes na mediação dos efeitos 2008). A análise de interações
moleculares e vias neurais do balanço energético e dos ácidos complexas entre a nutrição e o
relacionados aos efeitos da nutrição graxos n-3 na saúde cerebral, proteoma sináptico sugerem uma
na saúde mental. Os receptores ativando sistemas de sinalização área promissora para pesquisas
celulares e nucleares desempenham celular relacionados à transcrição futuras.
um papel central na mediação dos gênica envolvida na plasticidade A neurogênese no adulto
efeitos nutricionais na função sináptica (GÓMEZ-PINILLA, 2008). costuma ser de objeto de estudos e
(DAUNCEY et al., 2001; DAUNCEY; De maneira semelhante, os efeitos os mais recentes indicaram que isso
ASTLEY, 2006; BÜNGER et al., do exercício na cognição podem ser é fisiologicamente importante no
2007). Eles ativam um sofisticado parcialmente explicados por essa hipocampo: novos neurônios de
sistema de regulação de inúmeros indução específica da expressão do adultos conseguem formar sinapses
genes envolvidos na função neural e gene BDNF no hipocampo funcionais com células-alvo (TONI et
plasticidade cerebral. Nutrientes (COTMAN, BERCHTOLD, al., 2008). Há ligações importantes
como os ácidos graxos têm CHRISTIE, 2007). entre o metabolismo energético,
receptores no núcleo da célula. Interações críticas acontecem glicocorticóides e neurogênese no
Esses influenciam diretamente as entre a nutrição e muitos outros adulto. Portanto, é altamente
diversas ações no cérebro, regulando fatores na regulação das vias neurais significativo que o comprometimento
a transcrição dos diversos genes (Figura 1). Os suplementos cognitivo no diabetes pode ser
envolvidos na estrutura e função dietéticos de DHA acentuam os consequência do déficit mediado por
neural. Por outro lado, o equilíbrio efeitos do exercício na plasticidade glicocorticóides na neurogênese e
energético e os metabólitos afetam sináptica e cognição (WU, YING, plasticidade sináptica (STRANAHAN
a expressão gênica indiretamente por GÓMEZ-PINILLA, 2008). Exercícios et al., 2008). Por outro lado, a prática

10
matéria da capa | jul/ago 2009

de exercícios e a restrição dietética ao cortex da material cinzenta, na usados para melhorar a função
têm efeitos anti-diabéticos e plasticidade e função cognitiva cerebral. A nutrição precoce é
conseguem intensificar a (FIELDS, 2008). Alterações nos particularmente crítica para a função
plasticidade sináptica e a genes de mielina e na estrutura da cognitiva e saúde mental a longo
neurogênese. matéria branca estão presentes em prazo. Entretanto, resultados recentes
O estilo de vida, estresse e muitos transtornos psiquiátricos. sobre a plasticidade e neurogênese
interação social conseguem Além disso, a mielinização continua sugerem que a nutrição durante o
modificar os efeitos nutricionais na por muitas décadas no cérebro ciclo de vida pode ser usada para
saúde mental e isso é provavelmente humano e consegue mudar com a maximizar a função cerebral, evitar a
mediado, em parte, pelos experiência ambiental. Isso sugere disfunção e tratar a doença. Grupos
glicorticóides (ROBERTS, 2008). um possível novo e importante papel vulneráveis incluem não apenas os
Níveis elevados de glicocorticóides para a nutrição, na regulação da muito jovens e os mais velhos, mas
são associados à baixa capacidade plasticidade da mielina e saúde também aqueles que, por inúmeros
cognitiva em indivíduos sujeitos ao mental. motivos, têm um estado nutricional
estresse psicossocial durante o sub-ótimo nas diferentes faixas
envelhecimento normal e na doença comentários finais etárias. Evidências consideráveis
de Alzheimer. Portanto, é possível que Estudos recentes sobre o sugerem que a inclusão do
esses efeitos aconteçam por causa equilíbrio e interações entre aconselhamento dietético e atividade
das alterações na plasticidade componentes nutricionais melhoraram física irão sem dúvida promover a
cerebral e neurogênese. significativamente nosso maximização da saúde mental.
Recentes estudos também tem conhecimento sobre o papel crítico da Outros pontos potencialmente
revelado a importância da substância nutrição na cognição e saúde mental. importantes para o futuro incluem os
branca, a região cerebral subjacente O papel desempenhado por outros papéis da genômica e da
fatores, como idade epigênomica na modulação dos
e genética, na efeitos da nutrição no cérebro e na
modulação de saúde mental. A longo prazo, a
respostas à nutrição nutrição personalizada, baseada na
também está variabilidade genética individual e
avançando o susceptibilidade ambiental, deveria
entendimento das ajudar a maximizar a função cerebral
suas complexas e evitar ou aliviar os transtornos
ações na função mentais. Mais estudos são
cerebral. Os efeitos necessários para se elucidar as
da nutrição na complexas interações entre nutrição
plasticidade e as diversas variáveis, tais como
cerebral e ambiente, genética, faixa etária e
neurogênese de estilo de vida para determinar a
adultos são cognição e saúde mental. Novas
importantes áreas tecnologias genômicas e técnicas
para pesquisas sofisticadas de imagens são
futuras porque fundamentais para o progresso
sugerem potenciais recente observado na neurociência
mecanismos pelos cognitiva. A combinação dessas
quais os técnicas com estudos clássicos em
componentes nutrição devem resultar em benefícios
nutricionais a longo prazo para a melhor saúde
específicos mental, longevidade e qualidade de
poderiam ser vida.

11
jul/ago 2009 | matéria da capa

referências
• AISBITT, B. (2007) Obesity - should we blame our genes? Nutrition Bulletin 32, 183-186.
• Associate Parliamentary Food & Health Forum, UK (2008). The links between diet and behaviour: the influence of nutrition on mental health. http://
www.fhf.org.uk/.
• APPLETON, K.M., ROGERS, P.J., NESS, A.R. (2008). Is there a role for n-3 long-chain polyunsaturated fatty acids in the regulation of mood and
behaviour? A review of the evidence to date from epidemiological studies, clinical studies and intervention trials. Nutr Res Rev 21, 13-41.
• BARBERGER-GATEAU, P. et al. (2007). Dietary patterns and risk of dementia. Neurology 69, 1921-1930.
• BARKER, D.J. (1995). The fetal origins of adult disease. Proc R Soc Lond B 262, 37-43.
• BRAYNE, C., GAO, L., MATTHEWS, F. (2005). Challenges in the epidemiological investigation of the relationships between physical activity, obesity,
diabetes, dementia and depression. Neurobiol Aging 26S, S6-S10.
• BERTHOUD, H.-R., MORRISON, C. (2008). The brain, appetite and obesity. Annu Rev Psychol 59, 55-92.
• BERRIDGE, M.J. (2009). Cell Signalling Biology. http://www.cellsignallingbiology.org/.
• BÜNGER, M. et al. (2007). Exploration of PPAR functions by microarray technology - A paradigm for nutrigenomics. Biochim Biophys Acta 1771, 1046-
1064.
• BURDGE, G.C. et al. (2007). Epigenetic regulation of transcription: A mechanism for inducing variations in phenotype (fetal programming) by differences
in nutrition during early life? Br J Nutr 97, 1036-1046.
• CASPI, A. et al. (2007). Moderation of breastfeeding effects on the IQ by genetic variation in fatty acid metabolism. PNAS 104, 18860-18865.
• CASWELL, H., DENNY, A.R. (2008). Food and Fitness for Life: a British Nutrition Foundation 40th Anniversary Conference. Nutrition Bulletin 33, 145-
149.
• CATANIA, A. (2008). Neuroprotective actions of melanocortins: a therapeutic opportunity. Trends Neurosci 31, 353-360.
• COLCOMBE, S.J. et al. (2006). Aerobic exercise training increases brain volume in aging humans. J Gerontol 61A, 1166-1170.
• COTMAN, C.W., BERCHTOLD, N.C., CHRISTIE, L.-A. (2007). Exercise builds brain health: key roles of growth factor cascades and inflammation.
Trends Neurosci 30, 464-472.
• DANGOUR, A.D., UAUY, R. (2008). n-3 long-chain polyunsaturated fatty acids for optimal function during brain development and ageing. Asia Pac J Clin
Nutr 7, 185-188.
• DAUNCEY, M.J. (1990). Activity and energy expenditure. Can J Physiol Pharmacol 68, 17-27.
• DAUNCEY, M.J. (2004). Interações precoces nutrição-hormônios: implicações nas doenças degenerativas de adultos. [Early nutrition-hormone interactions:
implications for adult degenerative diseases]. Nutrição em Pauta 66, 30-35.
• DAUNCEY, M.J., ASTLEY, S. (2006). Genômica nutricional: novos estudos sobre as interações entre nutrição e o genoma humano. [Nutritional
genomics: New studies on interactions between nutrition and the human genome]. Nutrição em Pauta 77, 4-9.
• DAUNCEY, M.J., BICKNELL, R.J. (1999). Nutrition and neurodevelopment: mechanisms of developmental dysfunction and disease in later life. Nutr Res
Rev 12, 231-253.
• DAUNCEY, M.J., SHAW, J.C., URMAN, J. (1977). The absorption and retention of magnesium, zinc, and copper by low birth weight infants fed
pasteurized human breast milk. Ped Res 11, 1033-1039.
• DAUNCEY, M.J., WHITE, P. (2004). Nutrition and cell communication: Insulin signalling in development, health and disease. Recent Res Devel Nutrition
6, 49-81.
• DAUNCEY, M.J., WHITE, P., BURTON, K.A., KATSUMATA, M. (2001). Nutrition-hormone receptor-gene interactions: implications for development and
disease. Proc Nutr Soc 60, 63-72.
• DE MORAES BARROS, M.C. et al. (2008). Neurocomportamento de recém-nascidos a termo, pequenos para a idade gestacional, filhos de mães
adolescentes. [Neurobehavior of full-term small for gestational age newborn infants of adolescent mothers]. J Pediatr (Rio J) 84, 217-223.
• EMES, R.D. et al. (2008). Evolutionary expansion and anatomical specialization of synapse proteome complexity. Nature Neurosci 11, 799-806.
• Fields, R.D. (2008). White matter in learning, cognition and psychiatric disorders. Trends Neurosci 31, 361-370.
• FOTUHI, M., MOHASSEL, P., YAFFE, K. (2009). Fish consumption, long-chain omega-3 fatty acids and risk of cognitive decline or Alzheimer’s disease:
a complex association. Nature Clinical Practice Neurology 5, 140-152.
• GAO, Q., HORVATH, T.L. (2008). Neuronal control of energy homeostasis. FEBS Letters 582, 132-141.
• GÓMEZ-PINILLA, F. (2008). Brain foods: the effects of nutrients on brain function. Nature 9, 568-578.
• HIBBELN, J.R. et al. (2007). Maternal seafood consumption in pregnancy and neurodevelopmental outcomes in childhood (ALSPAC study): an
observational cohort study. Lancet 369, 578-585.
• HILLMAN, C.H., ERICKSON, K.I., KRAMER, A.F. (2008). Be smart, exercise your heart: exercise effects on brain and cognition. Nature Rev Neurosci
9, 58-65.
• INNIS, S.M. (2007). Human milk: maternal dietary lipids and infant development. Proc Nutr Soc 66, 397-404.
• INNIS, S.M. (2008). Dietary omega 3 fatty acids and the developing brain. Brain Research 1237, 35-43.
• INTERNATIONAL SNP MAP WORKING GROUP (2004). A map of human genome sequence containing 1.42 million single nucleotide polymorphisms.
Nature 409, 928-933.
• ISAACS, E.B. et al. (2008). The effect of early human diet on caudate volumes and IQ. Ped Res 63, 308-314.
• JONES, L.C., BEARD, J.L., JONES, B.C. (2008). Genetic analysis reveals polygenic influences on iron, copper, and zinc in mouse hippocampus with
neurobiological implications. Hippocampus 18, 398-410.
• KAMBE, T., WEAVER, B.P., ANDREWS, G.K. (2008). The genetics of essential metal homeostasis during development. Genesis 46, 214-228.
• KLEVAY, L.M. (2008). Alzheimer’s disease as copper deficiency. Medical Hypotheses 70, 802-807.
• KRAMER, A.F., ERICKSON, K.I. (2007). Capitalizing on cortical plasticity: influence of physical activity on cognition and brain function. Trends Cogn Sci
11, 342-348.
• KRAMER, M.S. et al. (2008). Breastfeeding and child cognitive development. New evidence from a large randomized trial. Archives of General Psychiatry
65, 578-584.
• LAM, P.K. et al. (2008). Plasma trace elements and cognitive function in older men and women: The Rancho Bernardo Study. J Nutr Health Aging 12, 22-
27.
• LARROQUE, B. et al. (2008). Neurodevelopmental disabilities and special care of 5-year-old children born before 33 weeks of gestation (the EPIPAGE
study): a longitudinal cohort study. Lancet 371, 813-820.
• LODYGENSKY, G.A. et al. (2008). Intrauterine growth restriction affects the preterm infant’s hippocampus. Ped Res 63, 438-443.
• LOOS, R.J.F. et al. (2005). Melanocortin-4 receptor gene and physical activity in the Québec Family Study. Int J Obesity 29, 420-428.
• LOOS, R.J.F. et al. (2008). Common variants near MC4R are associated with fat mass, weight and risk of obesity. Nature Genetics 40, 768-775.
• LUCAS, A. (1994). Role of nutritional programming in determining adult morbidity. Archives of Disease in Childhood 71, 288-290.
• LUCAS, A. et al. (1992). Breast milk and subsequent intelligence quotient in children born preterm. Lancet 339, 261-264.
• LUCHSINGER, J.A., Noble, J.M., Scarmeas, N. (2007). Diet and Alzheimer’s Disease. Curr Neurol Neurosci Rep 7, 366-372.
• LUNN, J., BUTTRISS, J.L. (2008). Incorporating omega-3 in the food chain - why, where and how? Nutrition Bulletin 33, 250-256.
• MARTI, A., MARTINEZ-GONZÁLEZ, M.A., MARTINEZ, J.A. (2008). Interaction between genes and lifestyle factors on obesity. Proc Nutr Soc 67, 1-8.
• MORRIS, M.C. et al. (2006). Dietary copper and high saturated and trans fat intakes associated with cognitive decline. Arch Neurol 63, 1085-1088.
• MURAKAMI, M., HIRANO, T. (2008). Intracellular zinc homeostasis and zinc signalling. Cancer Sci 99, 1515-1522.
• NEWCOMER, J.W. (2007). Metabolic syndrome and mental illness. Am J Manag Care 13, S170-S177.
• NOVAK, E.M., DYER, R.A., INNIS, S.M. (2008). High dietary ù-6 fatty acids contribute to reduced docosahexaenoic acid in the developing brain and
inhibit secondary neurite outgrowth. Brain Res 1237, 136-145.

12
matéria da capa | jul/ago 2009

• PARROTT, M.D., GREENWOOD, C.E. (2007). Dietary influences on cognitive function with aging. From high-fat diets to healthful eating. Ann NY Acad
Sci 1114, 389-397.
• PHILLIPS, D.I.W. (2007). Programming of the stress response: a fundamental mechanism underlying the long-term effects of the fetal environment?
J Intern Med 261, 453-460.
• REDON, R. et al. (2006). Global variation in copy number in the human genome. Nature 444, 444-454.
• ROBERTS, C.J. (2008). The effects of stress on food choice, mood and bodyweight in health women. Nutrition Bulletin 33, 33-39.
• ROSSI, L. et al. (2007). Alteration of peripheral markers of copper homeostasis in Alzheimer’s disease patients: implications in aetiology and therapy. J
Nutr Health Aging 11, 408-417.
• ROWIN, J., LEWIS, S.L. (2005). Copper deficiency myeloneuropathy and pancytopenia secondary to overuse of zinc supplementation. J Neurol
Neurosurg Psychiatry 76, 750-71.
• SAIGAL, S., DOYLE, L.W. (2008). An overview of mortality and sequelae of preterm birth from infancy to adulthood. Lancet 371, 261-269.
• SCARMEAS, N. et al. (2009). Mediterranean diet and mild cognitive impairment. Arch Neurol 66, 216-225.
• SCHULL, W.J., Otake, M. (1999). Cognitive function and prenatal exposure to ionizing radiation. Teratology 59, 222-226.
• SOFI, F. et al. (2008). Adherence to Mediterranean diet and health status: meta-analysis. BMJ 337, a1344.
• STOECKER, B.J. et al. (2009). Zinc status and cognitive function of pregnant women in Southern Ethiopia. Eur J Clin Nutr 10.1038/ejcn.2008.77.
• STOKES, C.S. (2008). Foods for the brain - can they make you smarter? Nutrition Bulletin 33, 221-223.
• STRANAHAN, A.M. et al. (2008). Diabetes impairs hippocampal function through glucocorticoid-mediated effects on new and mature neurons. Nature
Neurosci 11, 309-317.
• STRANGER, B.E. et al. (2007). Relative impact of nucleotide and copy number variation on gene expression phenotypes. Science 315, 848-853.
• SYMONDS, M.E., Stephenson, T., Gardner, D.S., Budge, H. (2007). Long-term effects of nutritional programming of the embryo and fetus: mechanisms
and critical windows. Reproduction, Fertility and Development 19, 53-63.
• TONI, N. et al. (2008). Neurons born in the adult dentate gyrus form functional synapses with target cells. Nature Neuroscience 11, 901-907.
• TSANKOVA, N. et al. (2007). Epigenetic regulation in psychiatric disorders. Nature Rev Neurosci 8, 355-367.
• VAN DER BEEK, E.M., KAMPHUIS, J.G.H. (2008). The potential role of nutritional components in the management of Alzheimer’s Disease. Eur J
Pharmacol 585, 197-207.
• WATERLAND, R.A.; Michels, K.B. (2007). Epigenetic epidemiology of the developmental origins hypothesis. Annu Rev Nutr 27, 363-388.
• WIDDOWSON, E.M., DAUNCEY, M.J., SHAW, J.C.L. (1974). Trace elements in foetal and early postnatal development. Proc Nutr Soc 33, 275-284.
• WIDDOWSON, E.M. et al. (1975). Body fat of British and Dutch infants. BMJ 1, 653-655.
• WU, A., YING, Z, GÓMEZ-PINILLA, F. (2008). Docosahexaenoic acid dietary supplementation enhances the effects of exercise on synaptic plasticity
and cognition. Neuroscience 155, 751-759.

Agradecimentos – Este artigo é baseado em uma apresentação realizada em outubro de 2008, no 9° Congresso
Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida em São Paulo, Brasil. Gostaria de agradecer à DIW
Phillips, Southampton University and Hospitals NHS Trust, UK; e GCM Selby, Ministry of Justice Mental Health Review
Tribunal, e Faculty of Health & Social Care, Open University, UK, pela valiosa discussão e aconselhamento de
especialistas. Também agradeço à Universidade de Cambridge pelas suas instalações de TI e biblioteca.

13

Você também pode gostar