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2.4.

1 A desnutrição no sistema nervoso

A desnutrição ocorre quando o organismo não recebe os nutrientes


necessários para a manutenção metabólica. A desnutrição pode ocorrer
quando há baixa ingestão de nutrientes, ou quando há ingestão de alimentos
pobres em um (ou mais) dos nutrientes essenciais.

A desnutrição é um desequilíbrio entre a necessidade do corpo e a


ingestão de nutrientes essenciais, seja devido a uma hipernutrição ou
uma hiponutrição. No presente estudo, o termo desnutrição é utilizado
em seu sentido mais comum, como sinônimo de hiponutrição,
subnutrição, ou má-nutrição. A desnutrição pode ocorrer quando há
baixa ingestão de nutrientes, ou seja, ingestão de nutrientes em
quantidade insuficiente; ou quando há ingestão de alimentos que não
contemplam todos os nutrientes essenciais necessários para a
manutenção dos sistemas corporais, ou seja, ingestão de alimentos
pobres em um (ou mais) dos nutrientes essenciais. Dessa forma é
importante salientar que a desnutrição pode caracterizar-se tanto pela
quantidade de nutrientes ingeridos quanto pela qualidade destes.
(Morgane et al, Mokler & Galler, 2002)

2.4.2 A causa da desnutrição

Essa deficiência pode ocorrer devido a fatores externos, como a ingestão


alimentar insuficiente, ou por fatores internos, como absorção deficiente do
intestino. “Essa deficiência pode ocorrer devido a fatores externos, como
ingestão alimentar insuficiente, ou por fatores internos, como absorção
deficiente do intestino (má absorção nutricional), podendo ser perpetuada de
geração a geração.” (Allen et al,1993)

2.4.3 Os efeitos da desnutrição na vida fetal do sistema nervoso

Durante o segundo trimestre da gravidez, ocorre uma aceleração no


desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC) do feto. Esse período é
considerado de extrema relevância e requer cuidados especiais, especialmente
no que se refere à nutrição. VALENTE (2002, p. 30):

A desnutrição, em suas manifestações mais graves, pode ter impacto


irreversível sobre o tamanho, a estrutura orgânica, a diferenciação
das funções, o desenvolvimento, a maturação fisiológica e funcional
do SNC. Entre estas, podemos citar alterações na multiplicação das
células gliais, no processo de mielinização, na maturação de enzimas,
no aumento das conexões sinápticas, na diferenciação das
terminações nervosas, na quantidade de DNA, RNA e proteínas
existentes.

2.4.4 Bainha de mielina


As células gliais são responsáveis por produzir uma camada rica em colesterol,
chamada "bainha de mielina", que envolve o axônio do neurônio. Essa bainha é
fundamental para a velocidade da condução nervosa e está diretamente
relacionada com a maturação dos neurônios. A mielinização é o processo de
revestir as fibras do encéfalo, o sistema piramidal e extrapiramidal e os nervos
periféricos com mielina. Como explica CHAVES (1975, p. 21): “a mielinização
começa no encéfalo no 4º mês de vida fetal e nos feixes das raízes dorsais e
ventrais da medula, posteriormente. O tecto espinhal e o córtex espinhal
adquirem mielina logo após o nascimento. A mielinização do sistema piramidal
começa em torno do nascimento, mas não se completa até a criança atingir os
dois anos de idade”.

2. A má nutrição fetal para o sistema nervoso

A síntese da bainha de mielina, que é importante para o peso do encéfalo e a


atividade do sistema nervoso, depende da presença de colesterol, lipídeos e
proteínas. Se houver má nutrição fetal, pode ocorrer um distúrbio na
mielinização e formação da bainha de mielina. Essa fase do desenvolvimento
do Sistema Nervoso Central é muito ativa nas etapas iniciais da vida, durante o
período embrionário e logo após o nascimento, e continua com menos
intensidade em outras fases.

Portanto, é crucial que as gestantes tenham uma alimentação balanceada, rica


em proteínas, minerais e especialmente em carboidratos, que devem ser
consumidos em níveis de 400 a 500 g por dia na dieta feminina, já que eles são
a principal fonte de energia para o embrião. A restrição calórico-proteica
durante a formação do feto pode levar a um número menor de células ao
nascimento. Segundo GEORGE (1978, p.33):

Nutricionistas provaram que os que não recebem calorias e proteínas


suficientes nas últimas semanas intra-uterinas e os primeiros meses
após o nascimento, ficará mentalmente prejudicado de forma
permanente, porque as células cerebrais que estavam programadas
para multiplicarem-se neste período, não o puderam fazer por falta de
alimento. Mesmo que a criança seja bem alimentada mais tarde, essa
deficiência é irreversível.

2. As consequências da desnutrição no desenvolvimento do SNC


A aprendizagem, inteligência, memória, são processos formados no Sistema
Nervoso Central (SNC), os quais permitem uma melhor adaptação do indivíduo
ao seu meio, como resposta a uma ação ambiental. A criança ou adulto
desnutrido, mesmo que não apresentem lesões estruturais ou funcionais no
SNC, mostram um quadro de apatia, diminuição da atividade física e
psicomotora, como também alterações de afeto e de humor. Por consequência
disto, afastam-se do mundo e das pessoas que os cercam, tornando-se
incapazes de uma interação ativa com o meio social.

Estudos de crianças com desnutrição clínica avançada demonstraram que


durante a reabilitação nutricional os níveis de execução mental, aumentaram
na maioria dos casos. Tal aumento varia com a idade em que o processo de
desnutrição teve início na criança. Aqueles que sofreram do mal antes dos seis
meses de idade não alcançaram a recuperação do desenvolvimento mental
normal. Somente o atingiram, após um programa de estimulação. MOLONEY
(1992, p.19) explica que:

Apesar de as crianças se recuperarem muito facilmente, e parecerem


capazes de se restabelecer prontamente de qualquer influência
nociva, os estudos sugerem que seus hábitos alimentares podem
afetar muito a concentração e a aprendizagem, seu nível de energia e
autocontrole, sua resistência às doenças comuns, e sua habilidade
atlética, assim como sua resistência geral e ao crescimento. Por
exemplo, as crianças que tentam enfrentar o período da manhã sem o
café da manhã tendem a ter problemas de concentração e
aprendizagem e são mais distraídas na sala de aula, principalmente
nas horas que precedem o almoço.

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