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I.INTRODUÇÃO

As crianças possuem um desenvolvimento acelerado durante os primeiros anos de vida, e a


nutrição é de suma importância nessa evolução. Até os seis meses, as necessidades
nutricionais de um bebê são atendidas exclusivamente por meio da amamentação. Práticas
alimentares inadequadas ou carências nutricionais nessa fase podem causar prejuízos à saúde
do lactente. Além disso, quando outros elementos são adicionados à dieta, inicia-se a
construção dos hábitos alimentares do bebê, que poderão permanecer em sua vida adulta
(COSTA, et al.,2019).

Em todas as fases da vida o corpo necessita de nutrientes, especialmente na infância que nesta
fase as ocorrências de complicações por desnutrição são maiores. A desnutrição proteico-
calórica é conduzida pela insuficiência de proteínas, calorias e outros nutrientes que retarda o
crescimento e provoca o déficit no desenvolvimento físico, cognitivo e de linguagem.
(COSTA, et al.,2019).

A desnutrição infantil ainda constitui-se um grande desafio no que está relacionado à


magnitude e às consequências que interferem negativamente para o crescimento e
desenvolvimento infantil. O risco torna-se elevado para outras patologias a exemplo das
doenças respiratórias e diarreicas. Há possibilidades de agravos no crescimento e
desenvolvimento cognitivo, podendo ser responsável por danos irreversíveis (ROSANELI,
2015).

A pobreza tem a capacidade de resultar em desnutrição, analfabetismo, morte prematura,


dificuldade ao acesso a serviços como educação, saúde entre outros. Umas das pautas das
Organizações das Nações Unidas (ONU) no ano de 2000, foram solucionar os problemas
relacionados à fome e miséria e superar a pobreza até o ano de 2015. (COSTA et al., 2019).

A desnutrição ou deficiência nutricional é caracterizada pela necessidade energética do


organismo, está quase sempre relacionada com a pobreza e se expressa por carência básica de
alimentos. Quando a alimentação diária habitual, não proporciona ao indivíduo energia
suficiente para a manutenção do organismo e para as atividades habituais, neste sentido a
fome resulta em desnutrição. (COSTA, et al.,2019).
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Um meio de diagnosticar a desnutrição na infância é a partir do retardo do crescimento da


criança, podendo estar associado a doenças infecciosas, mortalidade precoce,
comprometimento do desenvolvimento psicomotor e menor rendimento escolar. (GALVÃO
et al., 2014).

O emagrecimento rápido e a perda da força física e mental são uns dos sinais mais evidentes
da desnutrição e, portanto o indivíduo fica susceptível a quaisquer outras doenças oportunistas
e imunológicas. (GALVÃO et al., 2014).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a
infância (UNICEF), cerca de 190 milhões de criança menores de cinco anos são desnutridas e
que 50% das mortes em crianças desta faixa etária em países subdesenvolvidos possuem fator
da desnutrição (OMS, 2008).

A desnutrição é responsável por mais de 30% das mortes de crianças no mundo inteiro. Cerca
de 178 milhões de crianças no mundo, possuem baixa estatura, resultado este de uma
alimentação inapropriada, com baixo teor de vitaminas e minerais, acarretando assim a
doença (OMS, 2008).

1.1.Formulação do problema
A desnutrição nos primeiros anos de vida permanece como um problema de saúde pública nos
países em desenvolvimento. Défices de crescimento na infância estão associados a uma maior
mortalidade, excesso de doenças infecciosas, comprometimento no desenvolvimento
psicomotor, menor aproveitamento escolar e menor capacidade produtiva na vida adulta.

Numerosas mães recorrem com suas crianças aos serviços de saúde das nossas unidades
hospitalares propriamente as pediatrias e, grande parte dessas crianças certamente apresenta
um quadro de desnutrição.

Feita esta observação, incitou-nos a fazer a seguinte questão: Quais são os conhecimentos,
atitudes e práticas das mães com crianças assistidas no banco de urgência de pediatria
do centro de saúde Bita Cacati sobre a desnutrição, no Iº trimestre de 2023?
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2.2.Justificativa

A escolha do tema deve-se pelo facto de a desnutrição ser uma problemática actual e
preocupante, que impacta a vida da criança e não só, trazendo consigo consequências
diversas, que elevam os riscos de morte prematura.

Apesar das informações existentes e disponíveis sobre o assunto, diversas mães recorrem a
práticas não muito recomendáveis e a taxa de desnutrição continua sendo considerável.

Portanto, esta situação levou-nos a conhecer as atitudes e práticas das mães perante a uma
desnutrição a fim de promover métodos que visam reduzir a taxa de desnutrição infantil.

1.3.Objectivos

1.3.1. Objectivo geral

• Identificar os conhecimentos, atitudes e práticas das mães com crianças assistidas no


banco de urgência de pediatria do Centro de Saúde Bita Cacati sobre desnutrição, Iº
trimestre de 2023.

1.3.2. Objectivos Específicos

• Caracterizar o perfil sociodemográfico das mães de acordo a idade, proveniência, nivel de


escolaridade.

• Conceituar a desnutrição infantil;

• Citar as causas da desnutrição infantil;

• Identificar os factores que levam a uma desnutrição infantil;

• Mencionar as práticas das mães perante a uma desnutrição infantil.


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II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Etiologia

A desnutrição em crianças, independentemente de sua etiologia, é um dos maiores problemas


de saúde dos países em desenvolvimento (PINHEIRO, 2018).

A desnutrição pode ter causas primárias ou secundárias. As primárias, ocorrem em pessoas


que têm uma alimentação quantitativa ou qualitativamente insuficiente em calorias e
nutrientes. Enquanto as causas secundáriasresultam da ingestão insuficiente de alimentos ou
do aumento das necessidades energéticas, devido a um outro factor não relacionado
directamente com a alimentação, como a presença de verminoses, de cancro, anorexia, alergia
ou intolerâncias alimentares e em casos de digestão e absorção deficientes de nutrientes
(PINHEIRO, 2018).

Os fatores etiológicos mais importantes são o baixo nível socioeconómico (pobreza-privação


nutricional) e seus acompanhantes intrínsecos: más condições ambientais, que frequentemente
levam a infecções e hospitalização, e baixo nível educacional e cultural, que muitas vezes
levam à negligência infantil (M.A.M et al, 2014).

Segundo Galvão et al. (2014) a desnutrição é manifestação de pobreza e decorre de três


fatores:

• Alimentar (déficit de nutrientes),

• Infeccioso (diarreias e infecções respiratórias repetidas)

• Psicológico (falta de estimulação e de apoio afectivo)

2.2 Fisiopatologia

A ingestão alimentar diminuída tende a reduzir as concentrações plasmáticas de glicose e


aminoácidos livres, o que por sua vez, reduz a secreção da insulina e aumenta a liberação de
glucagón e epinefrina; Esta última reduz ainda mais a secreção da insulina (DELGADO,
2014).
A desnutrição repercute nas funções do aparelho digestivo com diminuição da produção das
secreções gástrica, pancreática e biliar, com concentrações normais ou baixas de enzimas e
ácidos biliares conjugados. Em decorrência da hipocloridria, hipomotilidade intestinal e
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deficiências imunológicas (diminuição de imunoglobulina a secretora), ocorre o super


crescimento bacteriano no intestino delgado, em especial de bactérias anaeróbias facultativas,
que dificulta a absorção de gorduras. A proliferação bacteriana e o comprometimento das
funções pancreáticas e biliar, associadas às alterações do intestino delgado, como diminuição
da altura das vilosidades, hipomotilidade intestinal e diminuição das enzimas na borda em
escova, determinam má absorção de lipídios e dissacarídeos, e intolerância à lactose
(DELGADO, 2014).
A primeira alteração fisiológica da desnutrição é a diminuição da atividade física, notada pela
apatia e desânimo do paciente que ocorre em decorrência da baixa ingestão de nutrientes
fornecedores de energia. Se a carência de alimentos persistir, o paciente irá diminuir a
velocidade de crescimento em altura e cessará o ganho de peso como forma de adaptação
(IDEM).
Na desnutrição, todos os tecidos sofrem alterações, mas os tecidos adiposo e muscular são os
mais afectados. Na restrição prolongada de comida, o organismo para de utilizar glicogénio
(reservatórios de glicose), e passa a usar aminoácidos (unidade da proteína) e outras
substâncias para formar glicose, o principal combustível celular, além da lipólise. Daí o
motivo da musculatura esquelética, maior compartimento corporal de proteínas e a gordura
corporal serem os principais tecidos afectados (DELGADO, 2014).
Muitos desnutridos também se apresentam desidratados por causa do consumo inadequado de
água e sódio. Com a queda de proteínas no sangue, as paredes dos capilares e células
lesionados fazem com que haja diminuição do volume sanguíneo e aumento do fluido
corporal (IDEM).
Outras adaptações ao processo de desnutrição, segundo Caroline et al. (2015), são:
• A pele: Torna-se seca, fina e enrugada, com aparência envelhecida, causados pela
diminuição das proteínas e colágeno.
• O cabelo: Torna-se escasso e fino, já os cílios, se tornam longos.
• Vias do sistema digestivo: A barriga aumenta de tamanho por causa da diminuição da
atividade da musculatura desses órgãos e pelo acúmulo de gases. O fígado pode
aumentar de tamanho pelo acúmulo de gordura. Observa-se diminuição de grande
parte das proteínas produzidas pelo fígado.
• Sistema imunológico: A imunidade celular é mais afetada. Desnutridos são
considerados imunocomprometidos, pois o risco de infecções aumenta.
• Sistema endócrino: Diminui a secreção de insulina, aumentando a chance de
desenvolver intolerância à glicose.
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2.3. Classificação
Segundo Perlito (2014), a desnutrição também se pode classificar como aguda e crónica.
De acordo com a condição clínica, a desnutrição aguda pode ser classificada como ligeira
(DAL), moderada (DAM) ou severa (DAS). (FONSECA, 2016).
Segundo Perlito (2014), a DAS detecta-se através das seguintes manifestações clínicas:
Marasmo (emagrecimento grave), Kwashiorkor (edema bilateral), Kwashiorkor-marasmático
(emagrecimento grave com edema bilateral).

2.4 Fatores associados à desnutrição


De acordo com Batista (2018), a desnutrição apresenta-se associada a vários fatores. No nível
social, as causas a nível familiar são: a falta de alimentos adequados, práticas inadequadas de
cuidados às crianças, precariedade de abastecimento de água, saneamento e serviços de saúde.
Para Carvalho et al (2015), existem outros factores causais de desnutrição hospitalar, entre
eles destacam-se os aspectos ligados à doença, como anorexia, má digestão, aumento de
perdas e do catabolismo, e factores circunstanciais como dor, ansiedade, novo ambiente e
alimentação diferente.
O fator socioeconómico é a principal relação com a desnutrição e influencia o baixo peso ao
nascer e durante a infância, atingindo o déficit de crescimento e desenvolvimento. Outro fator
relevante é a escolaridade materna, pois quanto maior é o nível escolar, menor é o nível de
pobreza (IDEM).

2.5 Sinais e sintomas

A desnutrição altera a composição corporal e o funcionamento normal do organismo. Quanto


mais grave for o problema, mais grave é sua repercussão orgânica. As principais alterações,
segundo Galvão (2014), são:

• Grande perda muscular e depósitos de gorduras;

• Emagrecimento: peso inferior a 60% do peso dito normal para as crianças;

• Desaceleração, interrupção ou até mesmo involução do crescimento;

• Alterações psíquicas e psicológicas: a pessoa fica retraída, apática, estática, triste;


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• Alteração de cabelo e pele: o cabelo perde sua coloração e a pele descama e fica
envelhecida;

• Alterações sanguíneas, provocando dentre elas, a anemia;

• Alterações ósseas provocando má formação;

• Alterações no sistema nervoso: estímulos do sistema nervoso prejudicado, neurónios


diminuídos, depressão e apatia;

• Alterações nos demais órgãos e sistemas respiratórios, Imunológico, renal, cardíaco,


hepático, intestinal, entre outros.

2.6 Diagnóstico

O diagnóstico da desnutrição é geralmente realizado por medidas antropométricas e exames


laboratoriais, sendo identificado pelos aspectos clínicos, alimentares, isolados ou associados,
envolvendo pelo menos a existência de dois parâmetros nutricionais comprometidos. A
avaliação do crescimento é a medida que melhor define a saúde e o estado nutricional das
crianças, tendo em conta que os distúrbios na saúde e na nutrição afectam o crescimento
infantil (CAVALCANTE, 2019).

Importa acrescentar que, embora as medidas mais importantes na avaliação antropométrica


das crianças sejam o peso, a estatura e a circunferência do braço, outros, como os perímetros
cefálico, torácico e abdominal podem, também, ser utilizados como elementos da avaliação.
(CALDAS, 2014)

De acordo com a OMS, são três os índices antropométricos usados na avaliação nutricional de
crianças: Estatura para Idade (E/I); peso para idade (P/I), que reflecte a relação entre peso e
idade cronológica; Peso para Estatura (P/E), que reflecte a harmonia do crescimento. O Índice
de Massa Corporal para a Idade (IMC/I), relaciona peso e estatura ao quadrado. Esses índices
devem ser avaliados em conjunto e, não isoladamente, podem ser interpretados por meio de
tabelas ou curvas da OMS, sendo representados em Escore-Z ou percentis, dados estes que
permitem avaliar ou classificar o diagnóstico nutricional antropométrico das crianças (IDEM).
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2.7 Tratamento

O tratamento inicial decorre entre o acompanhamento inicial até à estabilidade da condição e


apetite da criança, isto acontece geralmente após dois a sete dias. Se o tratamento inicial durar
mais de dez dias, a criança não está a responder bem o tratamento e serão necessárias medidas
adicionais. O sucesso do tratamento inicial requer avaliação clínica frequente e
cuidadosamente a antecipação de problemas comuns, para que possam ser prevenidos ou
reconhecidos e tratados num estágio precoce (WHO, 2008).

As crianças gravemente desnutridas apresentam deficiência de potássio e têm teores


anormalmente elevado de sódio e portanto, a solução de sais de reidratação oral deve ter
menos sódio e mais potássio que a solução padrão recomendada pela OMS (IDEM).

Todas as crianças gravemente desnutridas têm deficiência de vitaminas e minerais. Embora a


anemia seja comum, não é dado ferro inicialmente, apenas é dado quando a criança tem um
bom apetite e começa a ganhar peso ( geralmente na segunda semana porque o ferro pode
piorar as infecções). Dar diariamente, pelo menos por duas semanas, um suplemento
multivitamínico com ácido fólico (5mg no dia 1, depois 1mg/dia), zinco (2mg/dia), cobre
(0,3mg/dia) e após o aumento de peso, sulfato ferroso (3mg/dia) (IDEM).

Segundo OMS, (2008) para possibilitar uma melhor visão global de todo o tratamento, são
divididos em três fases:

 FASE I – INICIAL/ESTABILIZAÇÃO

•. Tratar os problemas que ocasionem risco de morte;

•. Corrigir as deficiências nutricionais específicas;

•. Reverter as anormalidades metabólicas;

•. Iniciar a alimentação.

 FASE II – REABILITAÇÃO

• Dar a alimentação intensiva para assegurar o crescimento rápido visando recuperar


grande parte do peso perdido, ainda quando a criança estiver hospitalizada;
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•. Fazer estimulação emocional e física;

•. Orientar a mãe ou pessoa que cuida da criança para continuar os cuidados em casa.

•. Realizar a preparação para a alta da criança, incluindo o diagnóstico e o sumário do


tratamento para seguimento e marcação de consulta, na contra referência da alta hospitalar.

FASE III – ACOMPANHAMENTO

Após a alta, encaminhar para acompanhamento ambulatorial/centro de recuperação


nutricional/atenção básica/comunidade/família para prevenir a recaída e assegurar a
continuidade do tratamento. O Ministério da Saúde está desenvolvendo protocolos de
atenção à saúde da criança com desnutrição nesses níveis de atenção.

2.8 Consequências

A desnutrição aumenta o risco de uma série de doenças, entre as quais se destacam o


acometimento por doenças respiratórias e diarreicas. Pode afetar o crescimento e
desenvolvimento cognitivo, destacando-se a ocorrência de baixa estatura, menor
aproveitamento escolar e redução da capacidade produtiva na vida adulta, podendo ser
responsável por danos irreversíveis.( OMS, 2008)

Segundo OMS, (2008) a desnutrição infantil pode trazer consequências no desenvolvimento


da criança, podendo em alguns casos se não houver os cuidados necessários, levar as crianças
à morte ou a outros problemas trazidos pela desnutrição, além do mais podem existir outras
consequências que podem acometer uma criança diagnosticada com desnutrição infantil, que
são:

• Alterações fisiopatológicas, endócrinas: Hipoglicemia que desencadeia lipólise,


glicólise e neoglicogénese, imunológicas: Diminuição de linfócitos.

• No sistema nervoso central: Retardo do processo de mielinização com


comprometimento do desenvolvimento cognitivo.

• Gastrointestinais: Atrofia do músculo intestinal, diminuição da produção dos sucos


gástricos.
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• Cardiovasculares e renais: Diminuição do débito cardíaco e das respostas


compensatória à volemia, com consequente diminuição da taxa de filtração

2.9 Prevenção

Segundo OMS, (2008), destaca que embora seja atribuição dos profissionais de saúde a
promoção das orientações sobre alimentação adequada da criança e da família a sua execução,
o sucesso final da ação depende também da definição de políticas governamentais adequadas
e da participação e apoio de toda a sociedade civil.

O estímulo ao aleitamento materno é uma das medidas a serem tomadas na prevenção da


desnutrição; Quando a criança recebe em seus primeiros seis meses de vida o aleitamento
materno, tem grandes chances de prevenir a doença. (APOLINÁRIO, 2011).

Após os seis meses em que a criança recebe o aleitamento materno, pode se iniciar a
introdução de outro tipo de alimento saudável, rico em nutrientes que podem fortalecer no
desenvolvimento da criança. Portanto, o aleitamento materno deve ser mantido no mínimo até
a criança completar os seus dois anos de vida, recebendo da mãe os nutrientes mais
importantes para se ter uma vida saudável. A amamentação até os dois anos ou mais deve ser
acompanhada da inclusão progressiva de outros alimentos saudáveis. (SCHAURICH; 2014).

A equipe de saúde deve planejar ações de orientações e incentivo ao aleitamento materno,


promovendo a inclusão de todas as crianças nas actividades de puericultura. Orientações
nutricionais e de higiene, prevenção e tratamento de doenças infecciosas e outras atividades
de educação e saúde podem colaborar para melhorar a condição de vida da população de
baixa renda e reduzir os índices de desnutrição infantil. (IDEM).
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Segundo OMS, (2008), outros aspectos preventivos podem ser:

• Melhorar o acesso da população aos centros de saúde;

• Controle adequado da gestante prevenindo desnutrição intra-uterina, identificando


gestante desnutrida e casos de crescimento intra-uterino retardado;

• Educação alimentar, ressaltando o valor nutritivo de alimentos regionalizados,


acessíveis e de baixo custo. Alertar para as propagandas ilusórias porventura
apresentadas pelos produtos industrializados;

• Incentivo à imunização;

• Capacitação da equipe de saúde no reconhecimento precoce de problemas nutricionais


e seu manejo, visando recuperar o desnutrido nas fases iniciais da carência;

• Capacitar a equipe para avaliar situações de risco que tornam a criança mais
vulnerável à desnutrição, como: Gravidez na adolescência, desnutrição materna,
episódios repetidos de diarreia e outras patologias nos primeiros meses de vida, etc.
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III. METODOLOGIA

3.1Tipo de estudo
Realizou-se um estudo observacional Descritivo e transversal com uma abordagem
qualiquantitativa para pesquisa os conhecimentos, atitudes e práticas das mães com crianças
assistidas no banco de urgência de pediatria do Centro de Saúde Bita Cacati sobre
desnutrição, Iº trimestre de 2023.

3.2 Local de estudo

O estudo foi realizado no centro de saúde do Bita Cacati, localizado no município de Belas,
província de Luanda, no distrito Urbano Quenguela no bairro do Bita Cacati. Está delimitado
a norte com Quenguela, a sul com Bita Julho, a este com Bita Tanque e a oeste com Bita
Progresso.

3.3 População e amostra

A população foi constituída pelo universo das mães que acorreram ao banco de urgência de
pediatria do centro de saúde do Bita Cacati.

A amostra foi constituída por 50 das mães que acorreram ao banco de urgência de pediatria do
centro de saúde do Bita Cacati, retidas do universo através da técnica de amostragem não
probabilística.

3.4 Critérios de inclusão


Foram incluídos todas as mães, que estiveram presentes na instituição no dia da realização do
inquérito; uma vez que voluntariamente concordaram em participar do estudo após o
esclarecimento dos objetivos e a assinatura do termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
3.5 Procedimentos éticos
O projecto foi submetido a aprovação da Comissão científica para acompanhamento e
elaboração de trabalhos de fim do curso junto do GIVA do Complexo Escolar Privado
Mandumbo, posteriormente enviaram à instituição referida uma carta para a aprovação do
ofício e autorização da recolha de dados.
3.6 Método de recolha de dados
Os dados foram recolhidos por intermédio de um questionário elaborado por perguntas
dirigidas abertas e fechadas depois de assinatura de um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
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3.7 Processamento de dados

Após a recolha, os dados foram processados através do programa informático Windows 2016
utilizando o Microsoft word 2016 para a elaboração do texto, Microsoft Excel 2016 para a
elaboração das tabelas , a apresentação do trabalho será feita através do programa Microsoft
PowerPoint 2016 onde os resultados serão apresentados em forma de tabelas.

3.8 Principais variáveis em estudo

Segundo Silva (2008), as variáveis são qualidades, propriedades ou características de


objectos, de pessoas ou de situações que são estudadas numa investigação. Para o nosso
estudo identificámos as seguintes variáveis:

Variáveis
Variáveis sociodemográficas Variáveis de estudo
• Idade, Conceito da desnutrição infantil;

• Proveniência, Causas da desnutrição infantil;

• Nivel de escolaridade. Factores que levam a uma desnutrição


infantil;

Práticas das mães perante a uma


desnutrição infantil
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IV. APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Tabela nº 1: Distribuição da amostra das mães do Centro de Saúde do Bita Cacati, quanto a
faixa etária no I trimestre de 2023.

FAIXA ETÁRIA F %

16-20 anos 7 14%

21-25 anos 12 24%

26-30 anos 6 12%

31-35 anos 12 24%

36-40 anos 13 26%

Total 50 100%

Fonte: Inquérito realizado às mães.

A análise da tabela nº 1 revela que a faixa etária predominante é a faixa dos 36-40 anos, com
13 mães que corresponde a 26% e, a faixa com menor representatividade é a faixa etária dos
26-30 anos, com 6 mães que corresponde a 12%.

Tabela nº 2 : Distribuição da amostra das mães do Centro de Saúde Bita Cacati, de acordo ao
nível de escolaridade no I trimestre de 2023.

Nível de escolaridade F %
Iletrada 5 10%
3ª a 8ª classe 23 46%
9ª a 13ª classe 20 40%
Ensino superior 2 4%
TOTAL 50 100%
Fonte: Inquérito realizado às mães.

Relativamente ao nivel de escolaridade, a tabela nº 2 revela que o nível predominante é o da


3ª à 8ª classe com 23 mães que corresponde a 46% e, o nível com menor representatividade é
o ensino superior com 2 mães que corresponde a 4%.
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Tabela nº 3: Distribuição da amostra das mães do Centro de Saúde Bita Cacati, de acordo a
proveniência no I trimestre de 2023.

Proveniência F %
Bita Cacati 11 22%
Bita Progresso 21 42%
Bita Ambriz 2 4%
Bita tanque 7 14%
KK5000 2 4%
Santo António 2 4%
Cinco fios 3 6%
Benfica 2 4%
TOTAL 50 100%
Fonte: Inquérito realizado às mães.

A análise da tabela nº 3 revela que, 21 mães que corresponde a 42% são provenientes do
Bita Progresso e, 2 mães que corresponde a 4%, respectivamente são provenientes do Bita
Ambriz, KK5000, Santo António, Benfica.
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Tabela nº 4: Distribuição da amostra das mães do Centro de Saúde Bita Cacati, de acordo ao
conceito da desnutrição infantil no I trimestre de 2023.

CONCEITO F %
A desnutrição infantil é uma
confusão nutricional que
resulta na falta de alimentos
em quantidades e qualidades
suficientes para o 8 16%
desenvolvimento do
organismo, em longo
periodo.
A desnutrição infantil é
quando a criança apresenta 20 40%
baixo peso
A desnutrição infantil é
quando não há falta de
proteínas, vitaminas e 5 10%
minerais.
A desnutrição infantil é
quando há uma quantidade 3 6%
de nutrientes por excesso.
A desnutrição infantil é
quando a criança ingere
alimentos não higienizados, 14 28%
mal conservados, doces e
expirados.

TOTAL 50 100%
Fonte: Inquérito realizado às mães.

A análise da tabela nº 4 revela que das 50 mães inqueridas, 20 mães que corresponde a 40%
conceituaram a Desnutrição infantil como sendo aquela em que a criança apresenta baixo peso
e, 3 mães que corresponde a 6% conceituaram como sendo aquela em que há uma quantidade
de nutrientes por excesso.
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Tabela nº 5: Distribuição da amostra das mães do Centro de Saúde Bita Cacati, segundo as
causas da desnutrição infantil no I trimestre de 2023.

CAUSAS F %
Alimentos mal conservados 8 16%
Falta de leite materno 2 4%
Outras doenças 2 4%
Falta de cuidados às 6 12%
crianças
Falta de alimentos 12 24%
Má alimentação 18 36%
Não sabe 2 4%
TOTAL 50 100%
Fonte: Inquérito realizado às mães.

A análise da tabela nº 5 revela que das 50 mães inqueridas, 18 mães que corresponde a 36%
afirmaram como causa da desnutrição infantil a má alimentação e, 2 mães que corresponde a
4% afirmaram não saber, a falta de leite materno, outras doenças, respectivamente.

Tabela nº 6: Distribuição da amostra das mães do Centro de Saúde Bita Cacati, quanto aos
fatores que levam a uma desnutrição infantil no I trimestre de 2023.

Factores que levam a uma F %


desnutrição infantil.
Desemprego 14 28%
Problemas familiares 4 8%
Pobreza 12 24%
Violência doméstica 6 12%
Dificuldade de acesso a
serviços de saúde e 3 6%
educação
Desidratação 11 22%
TOTAL 50 100%
Fonte: Inquérito realizado às mães.

A análise da tabela nº 6 revela que das 50 mães inqueridas, 14 mães que corresponde a 28%
afirmaram que o fator que levam a uma desnutrição infantil é o desemprego e, 3 mães que
corresponde a 6% afirmaram que o fator que leva a uma desnutrição infantil é a dificuldade de
acesso a seviços de saúde e educação.
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Tabela nº 7: Distribuição da amostra das mães do Centro de Saúde Bita Cacati, quanto as
práticas perante a uma desnutrição infantil no I trimestre de 2023.

Práticas perante a uma F %


desnutrição infantil
Recorrer a uma unidade 24 48%
hospitalar
Dar kissângua 1 2%
Higienizar os alimentos 3 6%
Hidratação 1 2%
Tomar banho e escovar os 2 4%
dentes
Administrar medicamentos 1 2%
tradicionais
Melhorar a alimentação 16 32%
Não sabe 2 4%
TOTAL 50 100%
Fonte: Inquérito realizado às mães.

A análise da tabela nº 7 revela que 100% das mães inqueridas, 48% afirmaram que as práticas
perante a uma desnutrição infantil é recorrer a uma unidade hospitalar e, 2% afirmaram que as
práticas perante a uma desnutrição infantil são: Dar kissângua, hidratar, dar medicamentos
tradicionais, respetivamente.
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V.CONCLUSÃO
Com base aos objectivos traçados e os resultados obtidos da pesquisa concluímos que:

Quanto ao perfil sociodemográfico das mães inquiridas 26%, estão na faixa etária dos 36-40
anos de idade, 46%, estão no nível de escolaridade da 3ª a 8ª classe e 42%, são provenientes
do Bita progresso.

Quanto ao conceito da desnutrição infantil, 40%, conceituaram a desnutrição infantil como


sendo aquela em que a criança apresenta baixo peso.

Quanto as causas da desnutrição infantil, 36%, afirmaram que a causa da desnutrição infantil
é a má alimentação.

Quanto aos factores que levam a uma desnutrição infantil, 28%, afirmaram o fator que
influencia na desnutrição infantil é o desemprego.

Quanto as práticas das mães perante a uma desnutrição infantil, 48%, mencionaram que uma
das práticas é recorrer a uma unidade hospitalar.

Desta feita, atendendo a nossa pergunta de partida e os objectivos traçados, concluímos que as
mães que acorrem ao banco de urgência de pediatria do centro de saúde do Bita Cacati têm
um bom conhecimento, atitudes e as práticas relativamente à desnutrição infantil.

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VI.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados obtidos da pesquisa, importa-nos fazer as seguintes sugestões:

Que se capacite mais as mães que acorrem ao Centro de saúde Bita Cacati com relação a
desnutrição infantil, por meio de palestras de forma clara para que as mães tenham mais
conhecimento e saibam como identificar uma criança com desnutrição,ensinando as mães a
observarem os sinais e sintomas da doença e recorrer a unidade hospitalar o mais rápido
possível para evitar agravos às crianças.

Que incentivam as mães a adoptar a prática do aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses
e aderirem às consultas de puericultura ou neonatologia com as suas crianças, de maneiras a
acompanhar o seu desenvolvimento.
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VII.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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9. ROSANELI, Caroline F. et al. A fragilidade humana diante da pobreza e da fome.
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