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UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR

BACHARELADO EM NUTRIÇÃO

MARIA EDUARDA SOUZA RODRIGUES

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA E DA NUTRIÇÃO PARA A MUDANÇA DO


COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Curvelo-MG
2022/1
1

MARIA EDUARDA SOUZA RODRIGUES

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA E DA NUTRIÇÃO PARA A MUDANÇA DO


COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Pitágoras
UNOPAR como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em
Nutrição.

Orientador: Prof. Bruna Mendes

Curvelo-MG
2022/1
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RODRIGUES, Maria Eduarda Souza. Contribuições da psicologia e da nutrição


para a mudança do comportamento alimentar. Universidade Pitágoras UNOPAR.
Maio de 2022.

RESUMO

Esta é uma pesquisa bibliográfica onde irá tratar a respeito das contribuições da
psicologia e da nutrição na mudança e no comportamento alimentar. Para tal, faz-se
o questionamento: quais as contribuições da psicologia e da nutrição para a
mudança do comportamento alimentar na busca de um estilo de vida saudável?
Para chegarmos a uma resposta, analisou-se as ações da psicologia e da nutrição
para a mudança do comportamento alimentar e o impacto imediato que os aspectos
nutricionais e psicológicos podem trazer para a melhora da qualidade de vida, além
de também demonstrar os benefícios de quem procura o nutricionista e o psicólogo
para obter uma vida alimentar saudável. Como resultado, a Psicologia e a Nutrição
são disciplinas e domínios complementares. Psicólogos e Nutricionistas podem e
devem trabalhar em conjunto e com outros especialistas da Saúde e da Educação
no sentido de serem definidos programas de educação para a saúde.

Palavras-chave: Nutrição. Psicologia. Comportamento alimentar.


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RODRIGUES, Maria Eduarda Souza. Contributions of psychology and nutrition


to the change of eating behavior. Pythagoras UNOPAR University. May 2022.

ABSTRACT

This is a bibliographical research where it will deal with the contributions of


psychology and nutrition in food change and behavior. To this end, the question is:
what are the contributions of psychology and nutrition to change eating behavior in
the search for a healthy lifestyle? In order to arrive at an answer, we analyzed the
actions of psychology and nutrition to change eating behavior and the immediate
impact that nutritional and psychological aspects can bring to the improvement of
quality of life, in addition to demonstrating the benefits of those who looks for the
nutritionist and the psychologist to obtain a healthy food life. As a result, Psychology
and Nutrition are complementary disciplines and domains. Psychologists and
Nutritionists can and should work together and with other Health and Education
specialists in order to define health education programs.

Keywords: Nutrition. Psychology. Feeding behavior.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................7

3 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................10

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................11

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................24
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1 INTRODUÇÃO

Tem sido preocupante o aumento da obesidade e sobrepeso da população no


século 21. O excessivo e anormal acúmulo de gordura é considerado atualmente
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um problema de saúde pública (ABESO,
1998; OMS, 2008). O sobrepeso e a obesidade são um dos fatores de risco para o
surgimento de enfermidades como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e
manifestações dermatológicas (BOZA et al., 2010).
Além de causar danos físicos, eles estão relacionados à incidência de
distúrbios psicológicos como ansiedade, depressão, transtornos alimentares, baixa
autoestima e imagem corporal distorcida (INCA, 2004; LAWRENCE; KOPELMAN,
2004). Como fatores psicológicos que influenciam diretamente no comportamento
alimentar e ativadores de compulsão alimentar podemos citar a depressão, a
ansiedade, sentimentos inespecíficos de tensão. Indivíduos com esse padrão
alimentar apresentam além da depressão e ansiedade, sentimento de autodesprezo,
repulsa a forma corporal, preocupação somática, estresse e prejuízo em relações
interpessoais (PEREZ; ROMANO, 2004).
Conforme dados da OMS (2008), a obesidade mais que dobrou desde a
época de 1980. Em 2008 1,5 bilhão de adultos com 20 anos ou mais estavam acima
do peso. Mais de 200 milhões eram homens e quase 300 milhões eram mulheres.
A inatividade física da população e o descontrole do consumo de alimentos
altamente energéticos como gordura, sal, açúcares, e deficitários em vitaminas,
minerais e outros micronutrientes, podem ser as razões para esse aumento
significativo da obesidade e do sobrepeso. Assim devemos pensar imediatamente
em medidas preventivas para o controle dessas doenças, entre estas estão ações
que estimulem modificações efetivas no estilo de vida, nos padrões alimentares, e
de atividade física e investimentos de mudanças ambientais, familiares e sociais
(KATZ et al., 2005; PEREZ; ROMANO, 2004).
Desta forma, esta pesquisa faz o seguinte questionamento: quais as
contribuições da psicologia e da nutrição para a mudança do comportamento
alimentar na busca de um estilo de vida saudável? Para chegarmos a uma resposta,
necessitaremos analisar as contribuições da psicologia e da nutrição para a
mudança do comportamento alimentar e o impacto imediato que os aspectos
nutricionais e psicológicos podem trazer para a melhora da qualidade de vida, além
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de também demonstrar os benefícios de quem procura o nutricionista e o psicólogo


para obter uma vida alimentar saudável. Devemos também relatar os malefícios de
quem não procura ajuda do nutricionista e de um psicólogo para a obtenção de uma
vida saudável, além disso, descrever a importância da saúde mental para o nosso
corpo e os riscos que a falta de cuidado com a mente pode causar à nossa saúde
física. Com isso, chegaremos a uma conclusão satisfatória em nossa pesquisa.
Existem poucas informações sobre a união da nutrição e da psicologia para
nossa vida alimentar e para a saúde do nosso corpo. Foi avaliado o impacto dos
aspectos nutricionais e psicológicos de um grupo psicoeducativo com o foco na
mudança do comportamento alimentar. Foi confirmado a presença da depressão e
da ansiedade como fatores psicológicos que interferem na mudança de
comportamento alimentar, por meio de grupos psicoeducativos, como forma de
modificar o estilo de vida e obter respostas terapêuticas mais eficazes. Também
será abordado no desenvolvimento desse projeto o aumento da obesidade e do
sobrepeso da população mundial neste século, e a relação de danos físicos e
distúrbios psicológicos com essas doenças. Iremos abordar as razões para esse
aumento significativo, o tratamento e as medidas preventivas que são necessárias
para o controle do sobrepeso e da obesidade.
Este trabalho tem como relevância incentivar e ajudar pessoas a procurar
ajuda de um nutricionista e a ajuda de um profissional psicológico para orientá-lo,
além de mostrar os riscos e doenças que podem ser adquiridas se não buscar ajuda
profissional.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A psicologia e a nutrição são áreas do conhecimento separadas pela tradição


de estrutura acadêmica, mas que inevitavelmente se unem no contexto da saúde
pública, particularmente quando se observa o tratamento da obesidade
(SJÖSTRÖM et al., 1999).
O excessivo e anormal acúmulo de gordura é considerado atualmente pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) um problema de saúde pública, medido pelo
índice de massa corporal (IMC) de 30 kg/m2 ou mais para obeso e igual ou superior
a 25 kg/m2 para sobrepeso. Essas doenças ocasionam grande risco à saúde da
população e são considerados fatores de risco para enfermidades como diabetes,
doenças cardiovasculares, câncer (ASSIS, 1998; OMS, 2008) e manifestações
dermatológicas (BOZA, RECH, SACHETT, MENEGON; CESTARIAS, 2010). Além
do dano físico, estão relacionadas à incidência de distúrbios psicológicos como
ansiedade, depressão, transtornos alimentares, baixa autoestima e imagem corporal
distorcida (INCA, 2004; LAWRENCE; KOPELMAN, 2004).
É preocupante o aumento da obesidade e sobrepeso transtornos alimentares,
baixa autoestima e imagem corporal da população mundial neste século. O
excessivo e distorcida (INCA, 2004; LAWRENCE & KOPELMAN, 2004). Fatores
anormal acúmulo de gordura é considerado atualmente psicológicos que influenciam
no comportamento alimentar, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um
problema de como depressão, ansiedade e sentimentos inespecíficos de tensão
saúde pública, medidos pelo índice de massa corporal (IMC) de 30 kg/m 2 ou mais
para obeso e igual ou superior a 25 kg/ m 2 para sobrepeso.
Essas doenças ocasionam grande risco à saúde da população para
enfermidades como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer (ABESO, 1998;
OMS, 2008) e manifestações dermatológicas (BOZA, RECH, SACHETT,
MENEGON, & CESTARI, 2010). Além do dano físico, estão relacionadas à
incidência de distúrbios psicológicos como ansiedade, depressão, são identificados
como ativadores da compulsão alimentar. Indivíduos com esse padrão alimentar
apresentam, além da ansiedade e depressão, mais frequentemente sentimentos de
autodesprezo, repulsa a forma corporal, preocupação somática, estresse e prejuízo
em suas relações interpessoais (PEREZ & ROMANO, 2004).
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Fatores psicológicos que influenciam no comportamento alimentar como


depressão, ansiedade e sentimentos inespecíficos de tensão são identificados como
ativadores de compulsão alimentar. Indivíduos com esse padrão alimentar
apresentam além da ansiedade e depressão, mais frequentemente sentimentos de
autodesprezo, repulsa a forma corporal, preocupação somática, estresse e prejuízo
em suas relações interpessoais (PEREZ; ROMANO, 2004).
Conforme dados da OMS (2008), a obesidade mais que dobrou desde a
década de 1980. Em 2008, 1,5 bilhão de adultos com 20 anos ou mais estavam
acima do peso. Desses, mais de 200 milhões eram homens e quase 300 milhões
eram mulheres. Dados desta pesquisa revelam que 65% da população mundial vive
em países onde o sobrepeso e a obesidade matam mais pessoas do que o baixo
peso. Além disso, obesidade e sobrepeso são considerados não mais como um
problema apenas dos países de renda elevada, pois suas taxas têm aumentado de
forma significativa nos países de baixa e média renda, especialmente em áreas
urbanas, atingindo índices avaliados como doenças epidêmicas (FRANÇA et
al.,2012).
A nutrição tem ocupado lugar relevante nas discussões entre os profissionais
da área da saúde, pois problemas relacionados à alimentação/nutrição extrapolam a
área nutricional abrangendo vários outros campos, como o campo da psicologia.
Pesquisas nesse sentido mostram que a relação entre a psicologia e a
nutrição se inicia nos primeiros anos de vida dos seres humanos; logo após o
nascimento, o bebê supre suas necessidades fisiológicas através da amamentação
que tem, também, a função de fortalecer o vínculo entre mãe-bebê (PINTO; UYEDA,
2015; SPADA, 2005). Este primeiro contato com o alimento inicia o processo de
alimentação mediado por aspectos familiares, mas não somente esses influenciam
na relação do ser humano com o alimento, devem-se levar em conta outros fatores,
como os sociais e os culturais (PINTO; UYEDA 2015; VIANA, 2002).
No Brasil, o excesso de peso tem tido grande prevalência nas últimas
décadas. Em 2002, foi estimada em 40% entre as mulheres e 41% entre os homens
(IBGE, 2004). Ainda segundo dados do IBGE, em pesquisa feita em 2008 e 2009, o
excesso de peso afetou cerca de metade dos homens e das mulheres, excedendo
em 28 vezes a frequência do déficit de peso no caso masculino e em 13 vezes no
feminino e atingiram duas a três vezes mais os homens de maior renda, além de se
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destacarem nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e nos domicílios urbanos. Nas
mulheres, as duas condições se destacaram no Sul do país e nas classes
intermediárias de renda.
As razões para esse aumento significativo podem estar associadas à
inatividade física da população e a uma maior ingestão de alimentos altamente
energéticos como gordura, sal, açúcares e deficitários em vitaminas, minerais e
outros micronutrientes. Medidas preventivas são necessárias para o controle do
sobrepeso e obesidade. Entre estas estão ações que estimulem modificações
efetivas no estilo de vida, nos padrões alimentares e de atividade física (KATZ,
FEIGENBAUM, PASTERNARY, & VINKER, 2005; PEREZ & ROMANO, 2004) e
investimentos em mudanças ambientais, familiares e sociais. É recomendado, ainda,
pela OMS, apoio político às ações em áreas da saúde, agricultura, transportes,
planejamento urbano, meio ambiente, processamento de alimentos, distribuição,
marketing e educação.
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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Devido à natureza e os objetivos que se buscam na pesquisa adotou-se para


a este estudo acerca dos desafios do empreendedorismo feminino, pesquisa do tipo
qualitativa e descritiva. Segundo RICHARDSON (2008), esse tipo de pesquisa
objetiva a situações complexas ou estritamente particulares. Assim por meio da
pesquisa pode se analisar quais são as complexidades para a inserção da mulher
como empreendedora frente ao mercado. Dessa forma o tipo de pesquisa possibilita
a mudança de grupos sociais, os quais, essas mulheres estão inseridas, assim como
compreende os processos comportamentais que afetam o empreendedorismo em
sua realidade profissional. Em consonância a pesquisa qualitativa afasta o
pesquisador do senso comum (MERRIAM, 2000 apud GODOI, 2006). Dessa forma
para que a pesquisa seja realizada deve se analisar os fatos passados e presentes
que norteiam o tema, para que o pesquisador delimite sua abrangência de estudo,
levando o pesquisador a analisar quais são as variáveis que influenciam a sua vida
profissional e faz com que reflitam no seu cotidiano e faça ser como são (Godoi
2006, p. 91).
Assim será usado o método survey por meio de pesquisa de campo para a
realização da pesquisa. Sendo assim (MIGUEL, 2007 e 2009) relata que para que
seja usado o método survey os dados devem ser coletados para que se extraia as
informações pertinentes para a pesquisa, assim como tem a finalidade de desvendar
um problema que pode estar intrínseco na pesquisa, descobrir novos fenômenos e
como se relacionam. O autor continua que pode ser usado para a pesquisa
formulários, entrevistas, e outras ferramentas que sejam necessárias para a
pesquisa. Sendo assim o ideal é que o método survey parta de pesquisa
bibliográfica aliado a pesquisa de campo, pois assim como salienta (MARTINS,
2011) o pesquisador pode estabelecer um modelo teórico de pesquisa com o plano
desenvolvido.
Em consonância pode se dizer que a pesquisa segue a natureza aplicada, já
que os assuntos abordados na produção, assim como seus efeitos provenientes dos
estudos servirão de base para outras pesquisas, assim como para empreendimentos
futuros. No que tange aos objetivos, a pesquisa será descritivo exploratória, já que
por meio das análises de materiais já publicados será possível que faça análise dos
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meios necessários para que o empreendedorismo feminino cresça na região de


abordagem da pesquisa.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A ideia de que a saúde é primeira que tudo um bem cuja manutenção


depende, antes de mais, do comportamento e empenho de cada um, está cada vez
mais disseminada. A compreensão deste princípio não é, no entanto, condição
suficiente para que o indivíduo comum assuma a sua cota parte de responsabilidade
na defesa da sua saúde e da dos seus. Hábitos que uma vez adquiridos só
dificilmente se alterarão estão associados a um número crescente de doenças cujo
tratamento implica a adopção de novos comportamentos no que se refere ao adulto
e, especialmente, à criança (Viana & Almeida, 1998).
Entre hábitos e comportamentos promotores da saúde e, portanto,
preventivos da doença contam-se, com especial impacto, os hábitos alimentares.
Uma alimentação racional, que tenha em conta as necessidades do organismo e
tome em consideração as propriedades preventivas de alguns nutrimentos, é hoje,
um aspecto determinante de um estilo de vida saudável para as pessoas de
diferentes grupos etários e, em muitos casos, um cuidado imprescindível em grupos
com patologia crónica ou aguda, como sucede na diabetes.
A análise das mudanças alimentares, recentemente verificadas nas dietas
dos diversos países do mundo, revela um aumento considerável do consumo de
gorduras e açúcares. Mesmo nos países e regiões mais pobres o maior acesso a
estes produtos, e por causa dos baixos preços praticados, tem levado ao
crescimento exagerado do seu consumo. Assiste-se atualmente a um processo de
globalização das dietas: nos países em desenvolvimento reproduzem-se os modelos
e hábitos alimentares ocidentais. Assim, a uma certa variedade na confecção dos
alimentos, ainda relacionada com as tradições, sobrepõe-se uma crescente
uniformidade na percentagem relativa dos macronutrimentos e dos produtos mais
frequentemente consumidos.
No domínio da Psicologia a atenção prestada à alimentação e nutrição
desenvolveu-se tradicionalmente em torno de temas como as consequências da má
nutrição e dos défices específicos (e.g. défice em ferro, cálcio, etc.) no
desenvolvimento intelectual da criança e implicações em idades posteriores
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(LOZOFF, 1988; 1989), perturbações do comportamento alimentar (VIANA, 1993;


DROTAR, 1985) e fatores psicossociais e interativos associados (VIANA et al., 1998;
Lopes dos Santos, 1990) e também Anorexia Nervosa e Bulimia (BRUCH, 1982) e
Obesidade (BROWNELL & WADDEN, 1991). A perspectiva em que se enquadrou o
estudo da nutrição começou por ser a da prevenção secundária. Importava tratar,
impedir ou reduzir os efeitos negativos das deficiências nutricionais, e tratar as
perturbações do comportamento alimentar (PERRI et al., 1993) atribuídas a
características psicopatológicas do sujeito (GANLEY, 1986).
A alimentação está ligada a algumas das doenças mais frequentes nos
países ocidentais e às consideradas como mais importantes causas de mortalidade.
A Academia Americana de Ciências associa os hábitos alimentares, a par do
tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas, a seis das dez maiores causas de
morte nos EUA e que são a arteriosclerose, a tensão arterial elevada, o cancro, o
acidente vascular cerebral (trombose), a diabetes, e a cirrose do fígado (BIDLACK,
1996; CALIFANO, 1987). Passamos a descrever a associação entre a alimentação e
algumas destas patologias.
A investigação sobre o estilo alimentar, enquanto fator determinante do
padrão de ingestão, adquiriu ultimamente grande relevância. Este conceito remete
para a categorização do comportamento alimentar, considerado como o resultado da
influência de fatores psicológicos e sociais. Importa fazer a distinção entre
comportamento alimentar e padrão de ingestão pois são conceitos frequentemente
confundidos. Assim enquanto o primeiro envolve o ato de ingestão e ainda aspectos
qualitativos associados à seleção e decisão de quais alimentos consumir, o segundo
refere-se aos aspectos quantitativos implícitos na ingestão, como o valor calórico
dos macronutrimentos, a energia ingerida (e. g. MOREIRA, 2001).
A seleção dos alimentos, particularmente em função da composição
energética de cada um, a quantidade e a frequência com que são ingeridos
interagem com outros fatores como o peso e o modo como o corpo próprio é
percebido. Algumas pessoas insatisfeitas com o peso e com o aspecto do seu corpo
travam uma luta interna constante no sentido de controlar a ingestão,
independentemente da fome que sentem, visando manter um determinado peso ou
diminui-lo. Estas pessoas mantêm, por isso, uma preocupação permanente com o
corpo e com o que comem e resistem a comer aquilo que desejam.
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O comportamento alimentar anteriormente descrito tem sido classificado


como restritivo. O conceito de restrição foi inicialmente proposto para explicar como
e por que o comportamento alimentar dos obesos se distinguia dos padrões dos
indivíduos com peso normal (HERMAN & MACK, 1975). Historicamente o conceito
radica nas concepções da obesidade da década de sessenta. SCHACHTER (1968)
propôs uma teoria da obesidade baseada na dicotomia. Enquanto no sujeito de peso
adequado, o padrão alimentar seria determinado fundamentalmente por indícios
fisiológicos internos tais como as contrações gástricas, no sujeito obeso o
comportamento alimentar era predominantemente função de estímulos externos
como o aspecto, sabor e aroma dos alimentos. Acreditava-se que o obeso era mais
responsivo às características observáveis dos alimentos do que os restantes
sujeitos.
NISBETT (1972) defendeu um modelo baseado na capacidade do organismo
regular o peso como modo de explicar a maior reatividade aos estímulos no obeso.
De acordo com o seu modelo, cada indivíduo possuiria um peso fixo ideal
dependente de mecanismos fisiológicos homeostáticos. O peso ideal do obeso seria,
portanto, superior ao peso ideal das restantes pessoas. Pressionados por motivos
sociais alguns obesos tentariam reduzir, através da dieta, o peso para níveis
situados aquém do peso ideal. A fome provocada pela dieta tornaria, então, o obeso
especialmente sensível aos indícios do ambiente relativos à comida.
O conceito de restrição alimentar (HERMAN & MACK, 1975) surge do
pressuposto de que a dieta é um fator determinante na regulação da ingestão. O
comportamento restritivo passa a ser compreendido como o resultado da interação
entre fatores fisiológicos, na origem do desejo de comida (apetite), e os esforços
cognitivos para resistir a este desejo. Está implícito no conceito que os indivíduos
que se envolvem em dietas restritivas se preocupam de modo compulsivo com o que
comem e se esforçam em resistir ao apelo da comida. No lado oposto desta
caracterização situam-se as pessoas que comem de acordo com o desejo e a fome
que sentem.
As mudanças no estilo de vida são difíceis de conseguir dada as interações
deste com diversos outros aspectos do quotidiano e da vida urbana como seja: falta
de tempo, falta de tranquilidade e, portanto, ansiedade, e difícil acesso a padrões de
comportamento e de consumo mais satisfatórios do ponto de vista da saúde. As
dificuldades em alterar os hábitos de vida são manifestas também no que se refere à
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alimentação. Apesar de serem conhecidas as implicações para a saúde do consumo


exagerado de lípidos e proteínas animais, ou algumas dietas desequilibradas e
deficitárias em nutrimentos, alterar os hábitos alimentares é tarefa difícil de
conseguir. Mais difícil ainda será manter as mudanças, entretanto realizadas.
Adquirir e manter um novo comportamento requer mais esforço do que continuar
com os velhos hábitos arreigados e associados a outros fatores de ordem social e
cultural.
A história pessoal e familiar e ainda o envolvimento cultural, permitem
compreender o porquê do desenvolvimento dos hábitos alimentares. O paladar, o
preço, o aspecto, a facilidade em preparar, a publicidade etc., mais do que o
conhecimento dos benefícios para a saúde, condicionam as escolhas alimentares
que realizamos (GLANZ et al., 1998). Numa investigação realizada recentemente
nos países da União Europeia, a propósito das escolhas alimentares, os autores
(LENNERNAS et al., 1997) verificaram que os fatores que mais influenciavam os
consumidores eram, por ordem decrescente: a «qualidade e frescura», o «preço», o
«paladar», o desejo de uma «alimentação mais saudável» e as «preferências
familiares».
Estudando as barreiras a uma alimentação saudável, os autores concluíram
que a falta de tempo, o desejo de continuar a consumir os alimentos preferidos, a
falta de vontade e o preço, eram os principais obstáculos. Uma alimentação
saudável não era vista como uma alternativa fácil, ou atrativa, à dieta praticada
(LAPPALAINEN et al., 1997). A maioria das pessoas seleciona os alimentos tendo
em conta critérios que não estão relacionados com a saúde. Antes de mais será o
paladar, o custo, a influência dos parceiros e amigos, a publicidade, a embalagem e
a disposição nas prateleiras das lojas, que determinará as preferências alimentares
(KAYMAN, 1989).
Diversos fatores de ordem psicológica e psicossocial, como falta de
motivação, influências sociais, crenças e sentimentos de baixa autoeficácia,
contribuem para dificultar as mudanças no estilo de vida e nomeadamente dos
hábitos alimentares (HUON & STRONG, 1998). Os modelos de cognição social têm
contribuído para esclarecer alguns fatores associados à mudança e manutenção de
novos hábitos (BALDWIN & FALCIGLIA, 1995). Lewis et al. (1989), situando os seus
pressupostos neste contexto, afirmam que a seleção de alimentos depende mais de
fatores psicossociais do que das necessidades fisiológicas. Segundo estes autores,
15

o comportamento alimentar resulta da interação de fatores ambientais com variáveis


psicológicas e biológicas. Assim, a intenção ou compromisso em alterar a dieta
(deixar de consumir ou passar a preferir um determinado alimento ou grupos de
alimentos) poderá ser influenciada por:
 ocorrência de doença ou sintoma inesperado no próprio, num familiar ou
amigo;
 informação obtida através de um técnico de saúde, amigos, familiares ou
meios de comunicação;
 atitudes face ao alimento;
 reforço social proporcionado pelo novo comportamento.
Os autores atribuem, ainda, grande importância, a propósito da mudança, ao
prazer associado ao gosto do alimento e ao compromisso para mudar. Em geral os
modelos que relacionam saúde e comportamento, para além dos aspectos já
descritos, atribuem importância às crenças e atitudes enquanto determinantes
fundamentais do comportamento e a outros fatores psicológicos como os
sentimentos de autoeficácia e autoestima.
O estilo alimentar refere-se a padrões de comportamento face à alimentação
classificáveis estes de acordo com tendências ou combinações de tendências
relacionadas com os conceitos descritos (i.e., restrição e desinibição). Os
instrumentos utilizados na avaliação deste padrão, assim como os conceitos
implícitos nestes, também determinam diferentes classificações do estilo alimentar.
Os questionários que a seguir se indicam encontram-se entre os mais utilizados na
investigação sobre o tema.
A grande maioria dos estudos sobre restrição e estilo alimentar refere-se a
sujeitos jovens e adultos. Em algumas investigações com crianças de idades pré-
escolares foi, no entanto, demonstrada a pertinência do conceito, confirmando-se a
associação entre as práticas alimentares das mães e o comportamento alimentar
dos filhos e consequências no estado nutricional destes (e.g. JOHNSON & BIRCH,
1994; SHEA et al., 1992). Existem já diversos instrumentos desenhados para
investigar o estilo alimentar em crianças baseado nas dimensões considerados na
teoria e nos questionários existentes destinados aos adultos. Em regrar estes
questionários são respondidos pelas mães que classificam o comportamento
alimentar dos filhos (e.g. WARDLE et al., 2001).
16

A importância do constructo «estilo alimentar» reside no seu potencial


contributo para a investigação sobre o comportamento alimentar especialmente
quando estão implicadas dietas, o que se nos afigura como fundamental na
educação e prevenção. O estilo alimentar pode ser alterado através da terapia
comportamental cognitiva. Os sujeitos «restritivos» são sensíveis à informação
nutricional especialmente a que se refere à composição energética dos alimentos e
respondem bem às técnicas de modificação do comportamento que envolvem o
controlo de estímulos.
Às técnicas de reestruturação cognitiva que visam habilitar o sujeito para lidar
com os alimentos e procedimentos «proibidos» e com a ansiedade e o «stress». Os
indivíduos «susceptíveis à fome» reagem eficazmente a técnicas que ajudem a
interpretar e lidar com sensações identificadas com a fome (STUNKARD &
MESSICK, 1985).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para o a Psicologia está ainda fundamentalmente associada à saúde mental.


Importa não esquecer que, sendo o comportamento o objeto de análise da
Psicologia, está nos parece ser mais adequadamente associada ao comportamento
dos sujeitos em diversos contextos normais de vida, nomeadamente aqueles que
dizem respeito à saúde e à doença. O comportamento alimentar é um dos aspectos
do estilo de vida que, de forma inegável, maior influência direta apresenta na saúde
e na doença. Pelas suas características ele é investigável através dos métodos da
Psicologia. Daí a pertinência da aplicação da Psicologia da Saúde a este domínio
visando a prevenção.
Educar para a saúde implica ensinar novos hábitos e mudar outros hábitos de vida.
Na verdade, parece ser mais fácil (e mais barato) ensinar e implementar tão
cedo quanto possível hábitos saudáveis do que mudar velhos hábitos já
estabelecidos. Os hábitos não-saudáveis, adquiridos na infância e juventude, podem
comprometer direta e irreversivelmente, em alguns casos, as tarefas
desenvolvimentos características de cada fase do crescimento (JESSOR, 1991) e
tendem a tornar-se em hábitos firmemente estabelecidos (i.e., estilo de vida de
risco), que só dificilmente ou demasiado tarde serão mudados.
Cada idade ou cada fase do desenvolvimento psicossocial, pelas suas
características e pelas tarefas desenvolvimentos que implicam, constitui uma
oportunidade para serem ensinadas atitudes e comportamentos saudáveis. O
conceito janela de vulnerabilidade refere-se aos períodos do desenvolvimento, em
que a exposição a comportamentos de risco facilita a sua integração no repertório
pessoal (Taylor, 1995). Este é também o momento adequado para serem ensinadas
atitudes adequadas.
Na idade pré-escolar, por exemplo, a criança está capaz de compreender a
importância de consumir alguns alimentos como as frutas, associadas às vitaminas,
ou o leite associado ao cálcio e este relacionado com o esqueleto etc. Na idade
escolar aumenta o consumo de produtos tipicamente associados à infância, como os
refrigerantes, hamburgers, produtos de pastelaria doces e salgados etc.
Na adolescência a importância atribuída ao corpo está associada às dietas
restritivas, desenvolvem-se comportamentos de risco incluindo consumos, condução
de motociclos etc. Se estas são idades de risco são também as idades adequadas
18

para serem ensinados comportamentos saudáveis face aos mesmos


comportamentos de riscos. No contexto dos hábitos alimentares em particular e do
estilo e hábitos de vida em geral, a Psicologia e a Nutrição são disciplinas e
domínios complementares. Psicólogos e Nutricionistas podem e devem trabalhar em
conjunto e com outros especialistas da Saúde e da Educação no sentido de serem
definidos programas de educação para a saúde (RODRIGUES et al., 2000).
19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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