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Juliana Garcia | M1 2018.

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➢ Conceitos gerais
- A função e as propriedades de cada célula em um dado momento são determinadas pelas
proteínas expressas e ativas naquele instante.

- A célula pode decidir fazer apoptose (ou seja, morte celular programada) ou crescer
(proliferar). São decisões contraditórias, e será tomada dependendo das vias que são ativadas.
O que difere em uma decisão e outra?

. Fatores transcricionais se ligam nos promotores de determinados genes, e o balanço disso vai
determinar se a célula morre ou prolifera.

- A expressão desnecessária de genes, e consequente produção de proteínas, resultaria em um


gasto energético muito grande. Então, podemos concluir que é vantajoso regular a transcrição,
modulando, assim, os níveis de RNAs que são produzidos em um determinado momento da
vida daquela célula.

- Alguns genes sofrem maior controle do que outros:

. Proteínas constitutivas, housekeeping – sofrem pouca influência da expressão gênica, porque


as células normalmente precisam deles ativos sempre. Sofrem bem menos controle gênico. Ex:
genes que regulam produção de ribossomos

. Proteínas de expressão induzida – sofrem maior variação, por isso tem grande controle
gênico.

- Tipos de controle:

. Controle transcricional → controle determina se transcreve ou não uma proteína. Controle no


momento em que a informação genética do DNA é passada para o RNA-m. Muita gente pensa
que seria bom se a célula só controlasse aqui, mas as vezes é bom que a proteína já esteja
pronta e só ative ou desative alguma proteína, a resposta será muito mais rápida do que se
ainda precisar transcrever o gene, exportar o RNA-m. A célula que tem que definir
dependendo do gene e da situação da célula.

. Controle pós-transcricional → controle a frente da transcrição. É o controle depois que o


RNA-m já foi transcrito. Esse controle define como o RNA-m deverá ser processado, o seu
transporte do núcleo para o citoplasma, esse RNA-m uma vez no citoplasma deverá ser
traduzido (há controles que definem quantas vezes esse RNA será traduzido, se precisa ser
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traduzido naquele momento ou se pode ser estocado em corpos p) e ainda há um controle de


tempo de vida desse mensageiro.

. Controle traducional → quantas vezes o RNA-m será traduzido.

. Controle pós-traducional → A proteína está pronta, mas precisa ser ativada.

➢ Expressão em Procariotos
- Genes estruturais: Genes que codificam a seqüência de aminoácidos de proteínas estruturais.

- Gene regulador: Gene responsável pela produção de um produto gênico que regula a
expressão de outros genes.

. controle positivo >> o produto do gene regulador é necessário para ativar a expressão de um
ou mais genes estruturais >> produto chama-se ativador.

. controle negativo >> o produto do gene regulador é necessário para desativar a expressão de
genes estruturais >> produto chama-se repressor.

- Algumas vezes, o produto do gene regulador não consegue se ligar sozinho ao gene e precisa
de uma molécula, chamada efetora.

. As efetoras quando participam em conjunto com um ativador, são chamadas de indutores e,


quando participam em conjunto com um repressor, são chamadas de co-repressores.

. O mecanismo de ação das moléculas efetoras (indutoras ou co-repressoras) consiste na sua


ligação ao produto do gene regulador, promovendo uma mudança na sua conformação >> No
caso do produto do gene regulador, essa mudança altera a sua capacidade de se ligar na região
do DNA próxima ao promotor do gene que ele controla.

- A maioria dos mRNAs de procariotos é policistrônica, ou poligênica, o que significa que um


mesmo transcrito codifica para mais de uma proteína.

. ou seja: vários genes são transcritos em um único mRNA , logo, há a mensagem para várias
proteínas está contida em 1 único mRNA.

. A produção do transcrito policistrônico é dirigida por um único PROMOTOR, o qual possui


seqüências que são responsáveis pela sua regulação.

. O conjunto formado pelos genes, pelo promotor e pelas seqüências regulatórias recebe o
nome Operon.
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- A organização dos genes em uma unidade funcional é chamada Operon, visto que os genes
operam como uma unidade em resposta a um único promotor.

. unidade transcricional + promotor + operador = Operon

- Operon Lac

. Operon lac contém um promotor (P), um operador principal (O1), dois operadores
secundários (O2 e O3) e três genes estruturais lacZ, lacY e lacA que codificam as enzimas β-
galactosidase, permease e transacetilase. Além disso, apresentam o gene que codifica o
repressor (gene I) que possui seu próprio promotor.

. A enzima β-galactosidase: clivar a lactose em glicose e galactose que, assim, servirão como
fonte de carbono para a célula.

. Permease: transporte de lactose do meio extracelular para o meio intracelular através da


membrana bacteriana.

. Transacetilase: papel ainda incerto, mas in vitro ela é capaz de transferir uma acetila, do
acetil-CoA, para a hidroxila do carbono 6 de um tiogalactosídeo.

. Repressor Lac: bloqueia o início da transcrição.

. Na ausência de lactose, os genes do Operon lac estão reprimidos.

. Repressão catabólica: Quando a lactose está disponível, o Operon lac é induzido. A presença
da glicose inibe a indução do Operon lac, bem como outros Operons que controlam a síntese
de enzimas envolvidas com o catabolismo de carboidratos. Esse fenômeno, assegura que a
glicose será preferencialmente utilizada, quando presente, em vez de uma outra fonte de
carbono >>>> A repressão catabólica é mediada por uma proteína regulatória chamada CRP e
por uma molécula efetora pequena chamada cAMP (promotor lac contém dois sítios de ligação
separados, um deles para a ligação da RNA polimerase e outro para a ligação do complexo
CRP-cAMP) >>>> Na ausência de glicose e presença de lactose, o complexo CRP-cAMP se liga
ao promotor, estimulando a transcrição, ao mesmo tempo que o repressor Lac será desligado
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do operador pela ação da alolactose. Na presença de glicose, o complexo CRP-cAMP não se


forma e, conseqüentemente, não ocorre a transcrição. Mas para que a transcrição ocorra
também é necessária a presença da lactose que, através do seu derivado alolactose, irá
deslocar o repressor Lac do operador.

➢ Expressão em Eucariotos
- Existe uma “cascata” de regulação da expressão gênica, na qual um determinado gene pode
ativar a expressão de vários outros, dentre os quais novos genes que passarão a regular os
futuros passos do processo.

- A diferenciação celular é fruto dessa expressão gênica controlada.

. Dentre os genes ativados, alguns têm função reguladora, atuando tanto na ativação de um
segundo conjunto de genes quanto na inativação de genes do primeiro conjunto. Desse
segundo conjunto de genes, alguns são também reguladores, ativando a expressão de um
terceiro conjunto de genes, e assim por diante. A ordem sequencial da expressão desses genes
é, portanto, geneticamente pré-programada.

- Existem genes constitutivos, genes regulados, genes induzíveis, genes tecido-específicos,


genes temporalmente regulados.

- Cada mRNA contém a informação de um gene (mRNA monocistrônico) >> 1 promotor para
cada gene

- Tipos de regulação:

1. Regulação da transcrição

1.1 Por remodelamento de cromatina

Controle do nível condensação das diferentes regiões dos cromossomos >> Ptns histonas.

Metilação do DNA: consiste na adição de radicais metil a determinadas bases nitrogenadas


citosinas, ao longo da molécula de DNA >> regiões metiladas não são passíveis de transcrição.

Metilação, acetilação e fosforilação das histonas: As proteínas histonas centrais do


nucleossomo possuem longas caudas amino-terminais que se estendem para fora da
estrutura. Tais caudas são o principal alvo para a gama de modificações químicas já citadas,
que resultam na alteração das cadeias laterais de aminoácidos específicos. Essas modificações
nas proteínas histonas afetam o acesso de proteínas reguladoras e complexos protéicos à
cromatina e, dessa forma, influenciam a expressão gênica. O papel de tais modificações nos
níveis de compactação da cromatina está associado ao fato de que a presença dos radicais
modificadores afeta a capacidade de interação entre nucleossomos adjacentes.
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Os processos de acetilação e desacetilação são desempenhados por enzimas denominadas


acetiltransferases e desacetilases, respectivamente.

Muitas vezes o TATAbox está envolvido pelo nucleosoma, e é preciso expor isso, por isso
precisa de um remodelamento de cromatina, se não, o complexo de transcrição não terá
acesso ao tatabox. O que vai acontecer é que o complexo CRC (o complexo de remodelamento
de cromatina) tem inúmeras enzimas (não tem necessidade de saber o nome delas) e que vão
expor o TATAbox e os outros sítios de controle.

Ex: indução e síntese de interferon >>>>>>>>>>>> O interferon é uma ptn da família das
citocinas, é uma substância extremamente tóxica para nossas células. Até pouco tempo, as
pessoas com hepatite C se tratavam apenas com interferon, mas as pessoas têm febre, enjoo,
queda de cabelo. É importante para tratar a hepatite C mas tem muitos efeitos colaterais
extremamente fortes. Então, o interferon não é uma proteína que se pode ficar produzindo o
tempo todo. Seu controle é feito a nível transcricional, porque ele não pode ser feito de
maneira nenhuma se não for necessário. Quando temos infecção a um patógeno, a célula
percebe por ter sensores citoplasmáticos quepercebem ácido nucleico no citoplasma, achando
isso esquisito, porque não temos ác. nucleico no nosso citoplasma, interpretando que é uma
invasão. Há ativação de ptns (ou são produzidas ou já existem no nosso citoplasma e só são
ativadas). O que vai acontecer é que IRF3, IRF7, NfkB são fatores transcricionais que vão para o
núcleo, uma vez que a célula entende que está sendo invadida. Esses fatores transcricionais no
núcleo vão se ligar nos sítios controladores proximais (região do promotor). Nos elementos
reguladores proximais, vão se ligar outros fatores de transcrição, e o conjunto de fatores que
ligam define se o gene será ativado ou permanece inibido. Uma vez que IRF3, IRF7 e NfkB se
ligam nos elementos controladores proximais dos genes de interferon, há a síntese de
interferon. Aí o RNA-m é sintetizado, vai para o núcleo, faz a ptn, a ptn é glicosilada, é
secretada da célula, vai se ligar em receptores de interferon de outra célula, quando se liga a
outras células também ativa outras cascatas de sinalização, novos fatores transcricionais indo
para o núcleo, se ligando a elementos controladores proximais de outros genes (mais de 400
genes são ativados), e com isso nossa célula está pronta para defender invasores. Uma célula
que ativa isso tudo vai à apoptose porque é melhor morrer com o vírus do que deixar que ele
se espalhe. Isso só para quando tudo for controlado.

1.2 Por ptns reguladoras

Apenas genes cujos promotores estão associados a proteínas reguladoras são reconhecidos e
transcritos. Cada promotor contém sítios específicos para a ligação de proteínas reguladoras
diferentes.

Uma dada região promotora pode conter vários intensificadores distintos. Portanto, várias
proteínas reguladoras diferentes podem controlar a expressão de um gene.
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2. Regulação pós transcricional

2.1 Por emenda alternativa

Alguns éxons eliminados juntamente com íntrons >> Modifica a ptn a ser transcrita.

O controle dos éxons que serão utilizados na montagem do RNAm em um dado tecido, ou
condição, é realizado através de proteínas que interagem com os complexos
EMENDOSSOMAS.

2.2 Por edição do RNAm

Determinados transcritos podem receber a inserção, deleção ou modificação de nucleotídeos


em sua sequência.

2.3 Por estabilidade do RNAm (período de duração no citoplasma)

Desadenilação: Enzima Desadenilase >> Remoção da cauda poli-A (extremidade 3’) >>
Remoção do capacete (extremidade 5’) >> transcrito é degradado por enzimas denominadas
exonucleases

Existem diversas classes de proteínas, capazes de se associar preferencialmente a


determinados RNAms. Assim, se as proteínas associadas aos transcritos de um dado gene
forem estabilizadoras, o processo de degradação será inibido, resultando em maior
estabilidade do mRNA. Entretanto, se as proteínas associadas forem desestabilizadoras, a
degradação será induzida, resultando em menor “vida-média” daqueles transcritos. Tal
modelo explica como os transcritos de um dado gene apresentam estabilidade “média” maior,
ou menor, que os demais.

3. Regulação traducional

Regulação pela presença de regiões codificadoras adicionais >> Certas classes de RNAm
contêm regiões codificadoras de pequenos peptídeos, antes da região que codifica para o
polipeptídeo principal. Tem sido estabelecido que tais regiões afetam a expressão gênica no
âmbito traducional, prejudicando a tradução do polipeptídeo principal.

MicroRNAs: Ele vai se ligar ou em determinadas regiões do RNA-m e bloquear a tradução, ou


vai levar esse RNA-m para a degradação.

Exossomos → vesículas que carregam microRNA.

4. Regulação pós traducional

Muitos polipeptídeos precisam passar por um processamento que lhes confira a estrutura
necessária ao desempenho de sua função biológica. Tal processamento consiste em alterações
promovidas nas propriedades da proteína, através da clivagem proteolítica ou da adição de
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grupos modificadores >> A presença ou ausência de tais modificações pode definir o estado de
atividade da proteína.

5. Regulação da estabilidade das Ptns

Via de degradação ubiquitina-proteassomo.

6. Regulação do endereçamento das Ptns

➢ Epigenética:
- Campo da biologia que investiga se as características herdadas por indivíduos podem
estar associadas não somente ao código genético, mas também a modificações químicas
presentes no DNA.

- A partir de modificações originadas fora dos indivíduos, podemos obter diferentes


manifestações físicas do nosso código genético (o fenótipo).

- Mas como características adquiridas podem ser passadas através de gerações sem
estarem codificadas em nosso material genético?

. Foi a partir desses avanços tecnológicos que conseguimos compreender que o DNA de
eucariotos está associado a proteínas chamadas histonas e que suas funções de
duplicação, reparo e transcrição são dependentes dessa associação. Ou seja, o DNA ‘nu’,
sem sua parte proteica, não tem função nem capacidade de regulação. Assim, as proteínas
histonas podem regular a função do DNA a que estão associadas, por meio de diferentes
modificações químicas que podem sofrer.

. Um achado surpreendente foi a comprovação de que não somente o DNA, mas também
as proteínas histonas a ele associadas são transmitidas inter e transgeracionalmente e são
capazes, portanto, de conferir, ao longo de sucessivas gerações, padrões de regulação do
DNA.

. Além das modificações químicas em histonas, outra modificação química feita


diretamente no DNA também vem sendo estudada: é a chamada metilação de citosinas. O
DNA é composto quimicamente por nucleotídeos, que são montados a partir de um grupo
fosfato, um grupo açúcar e uma base nitrogenada, que pode ser a adenina, timina, citosina
ou guanina. A citosina, quando recebe a metilação, provoca a diminuição da expressão
gênica.

- Epigenoma: código de modificações químicas do DNA.

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