Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Luís E. Rabello
(m1 – 2019.1)
● A transdução de um sinal consiste na transformação de um estímulo externo (molécula-sinal)
em sinalizadores intracelulares que efetivam alguma mudança na célula.
1) Tipos de Sinal:
1. Endócrino: O sinal é um hormônio, uma molécula que através da corrente sanguínea ganha a
membrana da célula-alvo, efetivando respostas de longa distância.
2. Parácrino: O sinal age de maneira local, sendo liberado na matriz extra celular adjacentes, e
tendendo portanto, a agir em células de tecidos próximos ou iguais.
3. Autócrino: Essa sinalização local age na própria célula que secretou o sinal, uma vez que ela
possui receptores para esse sinal.
4. Neuronal: Acontece por meio dos neurotransmissores e da transmissão de impulsos
nervosos. Embora seja uma sinalização possivelmente de longas distâncias, como a
endócrina, é muito mais rápida.
5. Dependente de contato: Aqui, o sinal está contido na membrana de uma célula, que ao
encostar na membrana do alvo, ativa o complexosinal-receptor e gera uma resposta.
Além de cada receptor possui um ligante específico, a cascata de transdução ativada também é
específica de cada tipo celular. Adicionalmente, uma mesma cascata pode induzir respostas
diferentes em tipos celulares diferentes. Nesse sentido, a sinalização celular é extramamente
diversificada e específica.
A ação celular gerada pela sinalização dificilmente provém de um único sinal, mas sim de uma
combinação de vários sinais que interagem entre si. A ausência de qualquer sinal induz a
apoptose.
A resposta celular pode ser
rápida, no caso de a cascata agir
diretamente no mecanismo
efetivador. Por outro lado, ela
também pode ser lenta, quando
envolve cascatas que regulam a
transcrição gênica dos
mecanismos efetivadores.
Embora a maioria das moléculas
sinal ajam em receptores
membranares, aquelas que são
pequenas e hidrofóbicas o
suficiente para atravessar a
membrana agem em receptores
intracelulares chamados
“receptores nucleares”. Um
importante grupo dessas
moléculas são os hormônios
esteróides, que agem regulando a expressão gênica mais diretamente.
Muitas das proteínas efetivadoras de resposta funcionam como interruptores que se ativam e
desativam de acordo com o estado de estímulo da célula. Um modulador frequente desse botão
são as quinases e fosfatases que, respectivamente, adicionam e removem fosfato. Um outro
tipo também recorrente é a ligação ao GTP. Isso é importante para que uma vez ativada, a via
possa ser revertida conforme a necessidade.
2) Tipos de Receptores:
(I) Acoplados à Proteína G:
Sendo os mais numerosos do corpo, são
compostos de 7 domínios transmembranares
e envolvidos em uma infinidade de
processos.
A Proteína G é composta por um trímero
(Alfa/Beta/Gama) que é dissociado quando o
receptor é ativado. Nesse caso, o domínio
Alfa, naturalmente ligado a GDP, é ativado ao
substituí-lo por GTP. Essa ativação separa
Alfa de Beta+Gama, sendo ambos os grupos
responsáveis por ativar efetivadores dentro
da célula.
A Subunidade alfa possui atividade GTPase,
sendo essa clivagem responsável por
desativar o complexo e reunir novamente as
subunidades dispersas, regenerando o
trímero. Essa capacidade é extremamente
essencial à homeostase, uma vez que a sua
ausência impede que o sinal cesse.
Os cerca de 20 tipos diferentes de ptn G
podem agir ativando enzimas(ativando ou
inativando) ou canais iônicos membranares
(fechando ou abrindo), dado a sua ligação à
membrana plasmática.
A ativação de enzimas membranares envolve
uma cascata maior de sinalização,
utilizando-se de pequenas moléculas
intracelulares para em uma espécie de
“corrida de revezamento” ativar ou inibir seu
alvo. Essas pequenas moléculas são
chamadas de segundos mensageiros, ao passo que o primeiro é a molécula-sinal.
Existem diversos segundos mensageiros, mas os principais são 02:
1. AMP cíclico(AMPc):
A ativação da ptn Gs(G stimulant) estimula a atividade da enzima adenilato-ciclase,
responsável por gerar um aumento drástico de AMPc(amplifica!)a partir de ATP na célula.
Obs: A inativação dessa via pode ocorrer já nesse nível, com a ação de fosfodiesterases
que transformam AMPc em AMP, que não possui atividade sinalizadora.
Esse aumento de concentração ativa a PKA, uma quinase dependente de 4 AMPc para se
ativar. Essa proteína possui 2 subunidades efetivadoras e 2 reguladoras associadas. Quando
o AMPc se liga as subunidades efetivadoras, as reguladoras são desacopladas, e a proteína
se encontra, agora, ativa.
Essa quinase, como sugere o nome, irá, então, fosforilar diversos substratos de maneira a
gerar a resposta esperada. Nesse caso, ela pode fosforilar outras proteínas envolvidas
diretamente na maquinaria alvo, ou fosforilar proteínas relacionadas à regulação da
expressão gênica, gerando alterações transcripcionais que efetivarão a resposta seja pela
exacerbação, seja pela inibição da síntese proteica. como nos exemplos:
2. Inositol 1,4,5-trifosfato(IP3):
A ativação da ptn Gq ativa a fosfolipase C, uma ptn de membrana que clivará o PIP2
(FosfatidilInositol 4,5-Bifosfato) em IP3 e DAG(DiacilGlicerol). Simultaneamente, o DAG
permanecerá na membrana e o IP3 se difundirá para o citosol.
O IP3 se liga, então, a canais de cálcio dependentes de IP3 na membrana do retículo
endoplasmático, gerando um enorme influxo desse íon para o citosol.
O cálcio, em conjunto com o DAG, se ligam a PKC(Proteina Quinase C), ativando-a. Essa
quinase ativada pode, então, ativar uma série de substratos, que dependerão do tipo
celular e da localização do domínio ativado na célula.
Vale lembrar que a concentração padrão de cálcio numa célula em repouso é
extremamente baixa, sendo esse aumento abrupto responsável por uma enorme gama
de respostas que não necessariamente estão ligadas à PKC.
Obs: A invativação dessa via ocorre com auxílio de bombas de cálcio, que o devolvem
tanto para o retículo quando para o meio extracelular
A gerande maioria dos RTKs ativam a proteína Ras, que faz parte desse complexo
anteriormente descrito. Essa proteína é uma GTPase monomérica acoplada a membrana
plasmática similar a subunidade alfa da ptn G, no sentido de que está ativa quando ligada a GTP e
inativa quando ligada a ADP. Há uma proteína GEF que catalisa a troca do GDP por GTP e uma
GAP que catalisa hidrólise do GTP.
Quando ativa, Ras gera uma cascata de fosforilação que pode ter como alvo o complexo MAP-
K(Mitogen Associated Protein Kinase). O que ocorre especificamente é a fosforilação de uma
MAP-KKK, que fosforila uma MAP-KK, que fosforila uma MAP-K. Essa última, por sua vez, irá
fosforilar proteínas efetivadoras, muitas vezes sendo relacionadas a transcrição de outras
proteínas relacionadas com o crescimento, divisão e diferenciação celular.
Frequentemente, essa proteínas efetivadora ativada pela MAP-K é uma SRF(Serum Response
Factor) que ativa transcrição de regiões chamadas SRE(Serum Response Element).
Obs: A proteína Ras foi inicialmente descoberta devido a sua estreita relação com muitos
casos de câncer. Em pacientes cuja função inativadora(ptn Ras-GAP)está ausente, o constante
funcionamento enzimático leva a crescimento e proliferação celular descontrolado. Em outras
palavras, a descoberta do oncogene(alteração geradora de câncer) tornou possível a
descoberta do gene padrão, processo que foi similar em muitas proteínas dessa via.
Os RTKs também pode ativar a fosfolipase C, tendo as reações downstream iguais as da via da
ptn G. Também similarmente a via da ptn G, a PKC pode ativar NF-kB ao fosforilar o seu inibiador
constitutivo. Uma vez ativa, a NF-kB ativa a transcrição de diversos genes. Uma outra maneira
de estimular NF-kB é pela via de TNFr, discutida no módulo de apoptose.
Existe uma família de sinalizadores chamados IGF(Insulin-like Growth Factors) que estão
relacionados com a ativação da enzima PI3K(Fosfoinositídeo-3-quinase), que acontece por
fosforilação mediada pelos RTKs ativos.
Uma vez ativa, essa PI3-K fosforila fosfolipideos de inositol da membrana plasmática,
transformando-os em âncoras para um complexo proteico que conta com diversas quinases,
incluindo a Akt-K(também chamada de PKB), que é ativada por fosforilação. Ao se ativar, ela
promove o crescimento celular por diversas vias. Uma das vias envolve a inibição de Bad, uma
proteína pró-apoptose.