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Em geral, os fármacos são moléculas que interagem com componentes moleculares específicos
de um organismo, produzindo alterações bioquímicas e fisiológicas dentro desse organismo. Os
receptores de fármacos são macromoléculas que, através de sua ligação a determinado
fármaco, medeiam essas alterações bioquímicas e fisiológicas. O sítio de ligação é o local de
ligação do fármaco com o receptor.
Agonista é uma substância capaz de se ligar a um receptor celular e ativá-lo para provocar uma
resposta biológica, uma determinada ação na célula, geralmente similar à produzida por uma
substância fisiológica. Enquanto um agonista causa uma ação, um antagonista bloqueia a ação
do agonista.
► RECEPTOR FARMACOLÓGICO:
● Tipos de receptores:
A fonte mais rica e terapeuticamente relevante de receptores farmacológicos são proteínas que
transduzem sinais extracelulares em respostas intracelulares. Esses receptores podem ser divididos
em quatro famílias:
1) Receptor ionotrópico
4) Receptor Nuclear
● Receptor ionotrópico:
Estes receptores são proteínas da membrana com estrutura semelhante a outros canais
iônicos, mas que incorporam um sítio de ligação (receptor) de ligante, geralmente no domínio
extracelular.
A porção extracelular dos canais iônicos disparados por ligantes em geral contém o local de
ligação. Esses locais regulam o formato do poro através do qual os íons fluem através da
membrana celular. Em geral, o canal está fechado até que o receptor seja ativado por um
agonista que abre o canal brevemente, por poucos milissegundos. Dependendo do íon conduzido
através desses canais, os receptores mediam diversas funções, incluindo neurotransmissão e
contração cardíaca ou muscular.
Exemplo: Receptor nicotínico da acetilcolina (um típico canal iônico controlado por ligante).
Este receptor é composto por cinco subunidades proteicas transmembrânicas que delimitam um
canal iônico permeável, no caso particular, aos íons sódio e potássio. A acetilcolina se combina
com o sítio de ligação, localizado na subunidade alfa. Como existem duas subunidades alfa no
receptor nicotínico, são necessárias duas moléculas de acetilcolina para ativar o receptor. Em
consequência da ativação, abre-se o canal iônico, permitindo a entrada de sódio e a saída de
potássio através da membrana celular, causando sua despolarização
Esse receptor consiste em uma cadeia de aminoácidos que atravessa sete vezes a membrana em
formato de serpentina.
Obs.: Há vários tipos de proteínas G (por exemplo: Gs, Gi e Gq), mas todas são compostas de três
subunidades de proteínas.
▪ Ativar a fosfolipase C. Esta só sera ativada quando a proteína ativada pelo agonista for a Gq.
▪ Interagir com outros efetores celulares, em geral enzima, proteína ou canal iônico, responsáveis
por ações adicionais dentro da célula.
Para fixar: Ativado por Gs e inibido por Gi, é a adenilato ciclase, que produz o segundo mensageiro
AMPc. A Gq ativa a fosfolipase C, gerando dois outros segundos mensageiros: IP3 e o diacilglicerol (DAG).
O DAG e o AMPc ativam diferentes proteinocinases no interior da célula, levando a uma miríade de
efeitos fisiológicos. O IP3 regula a concentração intracelular de cálcio livre, bem como algumas
proteinocinases.
Consistem em uma cadeia única composta por uma região transmembrana helicoidal, um
grande domínio extracelular de ligação ao ligante e um domínio intracelular. Medeiam as ações
de fatores de crescimento, citocinas e hormônios, como a insulina, tendo um papel importante no
controle da divisão, crescimento e diferenciação celular, assim como na inflamação, reparação
tecidual, apoptose e respostas inflamatórias.
Muitos dos receptores com domínios citosólicos enzimáticos modificam proteínas pela adição ou
remoção de grupos de fosfato de resíduos de aminoácidos específicos.
Resumindo: Tem-se um receptor na membrana e a partir dele, tem-se uma série de eventos através
da fosforilação. E por fim, ocorre uma modulação da transcrição gênica, que pode aumentar ou
diminuir a síntese de uma proteína.
Exemplo: Receptores do tipo tirosina-quinase → São ativados pela insulina e vários fatores de
crescimento. Nessa ocasião eles formam dímeros, ativam a quinase e se autofosforilam. Os resíduos
fosfotirosina subsequentes produzem sítios aceptores para diversas outras proteínas efetoras.
Tem-se por um fator de crescimento (por exemplo, EGF). Pode-se ver que é uma única proteína e
quando está ativada, vai gerar uma modificação conformacional, facilitando a dimerização do
receptor. E esse receptor dimerizado vai ativar o domínio de tirosina-quinase, ou seja, o que vai
acontecer é uma auto-fosforilação.
Essa parte da proteína fosforilada vai ser capaz de fixar proteínas adaptadoras, como Grb2. E
assim, forma-se um complexo, esse complexo possui capacidade de ativar a Ras, que é uma
pequena GTPase (hidrólise do GTP em GDP) e portanto, tem-se uma cascata de fosforilação. Por
fim, resulta em uma modulação da transcrição gênica.
● Receptor nuclear:
Regulam a transcrição de genes. O termo, receptores nucleares é um tanto incorreto, visto que
alguns se localizam, na verdade, no citoplasma e migram para o compartimento nuclear na
presença do ligante.
Os fármacos interagem com receptores por meio de forças químicas ou ligações. Dentre elas,
tem-se: ligação covalente, ligação de hidrogênio, ligação iônica e forças de Van der Waals. E
geralmente, a interação de um fármaco com um receptor envolve ligações reversíveis.
● Sensibilidade: Significa que a afinidade de um fármaco por seu receptor ou seu alvo (enzima) é
muito elevado.
Então, pequenas concentrações do fármaco são suficientes para que haja ligação com o
receptor.
▪ Estereoisomerismo (ou isomeria espacial): Isomerismo devido ao arranjo tridimensional dos átomos
(moléculas idênticas na sua composição e ligação atômica)
- Enantiômeros: Substancias com um ou mais centros quirais que são “imagens de espelho” e
impossíveis de serem sobrepostas.
Então, se dois fármacos são enantiômeros, ou seja, são substâncias com um centro quiral, possuem
a mesma estrutura molecular, os mesmos átomos, porém são impossíveis de serem sobrepostas.
Isso faz com que um dos enantiômeros tenha mais afinidade com o receptor do que o outro.
Sabe-se que o número de receptores é finito, ou seja, experimentalmente é possível ocupar todos
os receptores aumentando a concentração do fármaco, havendo saturação. Isso é muito
importante porque vai permitir que haja competição entre dois fármacos para ocupar os mesmos
receptores.
● Especificidade da resposta celular: Quando temos células com papel fisiológico diferente, mas
com o mesmo tipo de receptor, uma substância vai atuar da mesma forma em ambos os
receptores, mas vai produzir ao final o efeito característico da célula onde se encontra o receptor.
Então, um mesmo fármaco que atua em um receptor especifico presente em dois tipos de células,
irá gerar efeitos diferentes em cada uma das células.
Dessa forma, ativando o mesmo receptor gera-se respostas diferentes em função da maquinaria
celular (que varia em função da diferenciação celular).
● Lei de ação de massas: Em 1878, Langley descreveu essa lei e esta pode ser aplicada na
interação fármaco-receptor.
Ele partiu da hipótese de que a interação entre o fármaco e seu receptor segue a lei da ação das
massas. Segundo esta, o fármaco [F] e os receptores livres [R] devem combinar-se para formar um
complexo ativo [FR*], o qual levaria a uma resposta celular proporcional ao número de receptores
ocupados. A ligação fármaco-receptor seria reversível, e o componente ativo [FR*] estaria em
equilíbrio químico com os componentes inativos [F] e [R]. Assim, poderíamos descrever a interação
reversível fármaco-receptor pela seguinte equação química:
Segundo essa teoria, se nenhum receptor for ocupado pelo fármaco, não terá efeito nenhum. Por
outro lado, se todos os receptores forem ocupados, tem-se 100% do efeito (efeito máximo). E se
ocuparmos somente metade dos receptores, tem-se 50% do efeito máximo.
► EQUAÇÕES E PARÂMETROS:
● [R]tot é a concentração total de receptores, que é igual à soma dos receptores ocupados e dos
receptores não ocupados (livres)
A equação acima define a curva que tem a forma de uma hipérbole retangular. À medida que
a concentração do fármaco livre aumenta, a relação entre a concentração do receptor ligado
e dos receptores totais se aproxima da unidade. A ligação do fármaco com seu receptor inicia
eventos que levam à resposta biológica mensurável. Assim, não é surpresa que as curvas
mostradas na figura abaixo e as que representam a relação entre dose e efeito sejam similares.
Dessa forma, pode-se concluir que o tamanho do efeito é diretamente proporcional ao efeito
máximo e a concentração livre do fármaco. Porém, é inversamente proporcional à soma de CE50
+ concentração do fármaco livre.
A curva pode ser descrita como uma hipérbole retangular, que é uma curva familiar em biologia,
pois pode ser aplicada a diversos eventos biológicos, como a atividade enzimática e as respostas
aos fármacos. Duas propriedades importantes dos fármacos, potência e eficácia, podem ser
determinadas nas curvas dose-resposta graduais.
Na figura abaixo, a CE50 dos fármacos A e B indica que o fármaco A é mais potente do que o B
porque uma menor quantidade de fármaco A é necessária para obter 50% do efeito, quando
comparado com o fármaco B.
Quanto maior for a afinidade de um fármaco por seus receptores, mais potente será o fármaco.
Na imagem acima, temos duas formas de quantificar o agonismo. Na primeira figura, tem-se a
potência relativa de dois agonistas (fármaco X e fármaco Y). A EC50 do fármaco X ocorre em uma
concentração de um décimo da EC50 do fármaco Y. Portanto, o fármaco X é mais potente que o
fármaco Y. Na segunda figura, nos sistemas em que os dois fármacos não produzem a resposta
máxima característica do tecido, a resposta máxima observada é uma função não linear de suas
eficácias intrínsecas relativas. O fármaco X é mais eficaz do que o fármaco Y.
Mais um exemplo:
► ATIVIDADE INTRÍNSECA:
Alguns fármacos, mesmo ocupando todos os receptores, não produzem o efeito máximo obtido
com outros compostos, evidenciaram que os pressupostos de Clark não eram suficientes para
compreender a relação dose-efeito. Para explicar este último fenômeno, Everhardus Ariëns
introduziu o conceito de atividade intrínseca.
São capazes de produzir efeito máximo (Emáx). Desencadeia um efeito máximo, ocupando o
número máximo de receptores ativos.
Agonistas totais: Se um fármaco se liga a um receptor e produz a resposta biológica máxima que
mimetiza a resposta do ligante endógeno, ele é um agonista total.
● Agonista parcial: 0 < α <1
● Antagonista: α = 0
► EFICÁCIA:
O uso da palavra eficácia foi introduzido por Stephenson em 1956. A eficácia descreve a
capacidade do fármaco em ativar o receptor. Dessa forma, Stephenson, distinguiu duas
propriedades do fármaco: sua capacidade de se ligar ao receptor (afinidade) e de ativar
(eficácia) o mesmo uma vez ligado.
O fármaco precisa ter afinidade para se ligar ao receptor, mas isso não é suficiente, ele precisa
ativar o receptor. E essa capacidade de ativar o receptor é chamada de eficácia.
Ou seja, contradizendo o que Clark falava, pode-se ter uma substância com eficácia tão grande
que não é necessário ocupar 100% dos receptores para se ter um efeito máximo.
► RECEPTORES DE RESERVA:
Alguns fármacos são capazes de produzir uma resposta máxima quando menos de 100% de seus
receptores estão ocupados. Os receptores remanescentes podem ser denominados de
receptores de reserva.
E como consequência disso, tem-se uma não-linearidade entre a ocupação dos receptores e
efeito. Ou seja, CE50 < Kd
A figura abaixo mostra um exemplo de uma curva de ligação fármaco–receptor e de uma curva
de dose–resposta. Neste exemplo, obtém-se um efeito máximo numa dose de agonista mais baixa
do que a necessária para saturação dos receptores, isto é, a EC50 é menor do que a Kd para esse
sistema. Esse tipo de discrepância entre a curva de ligação fármaco–receptor e a curva de dose-
resposta significa a presença de receptores de reserva. Acredita-se que pelo menos dois
mecanismos moleculares sejam responsáveis pelo fenômeno do receptor de reserva.
A equação acima caracteriza o binding. Ou seja, corresponde a fração dos receptores ocupados.
Entretanto, agora é necessário corrigir essa equação. Como?
Se a eficácia intrínseca for zero, tem-se a ocupação. Porém, sem a produção de efeito, o que
caracteriza o antagonismo. A eficácia intrínseca pode ter vários valores, dessa forma, tem-se
diferentes fármacos agonistas fracos, parciais, fortes e depois, agonistas totais.
Entretanto, ainda é necessário corrigir tudo aquilo por um outro parâmetro, que é uma função
dependendo da capacidade amplificadora da célula.
Na esquerda, tem-se a representação de uma chave e está vai se encaixar em uma fechadura.
Porém, não é qualquer chave que entra em uma fechadura. Isso foi introduzido pelo químico
chamado de Fischer em 1984.
Inicialmente esse modelo foi desenvolvido para enzimas (substratos). Como o substrato é
reconhecido por um sítio catalítico de uma enzima. Nesse modelo, o sítio catalítico da enzima é a
fechadura e o substrato é a chave.
Foi proposto pelo bioquímico Koshland. Segundo esse modelo, quando o agonista se ligar ao
receptor, ele vai induzir uma modificação conformacional.
Fazendo uma analogia, é o que acontece quando você coloca a mão dentro de uma luva e a
luva (receptor) vai se adaptar ao formato da sua mão.
Observando a imagem abaixo, pode-se observar que todos os receptores possuem uma
conformação R inativa. E diferentes agonistas (A1, A2, A3...) podem se ligar ao receptor e induzir a
uma modificação conformacional diferente, gerando complexos diferentes de fármaco receptor.
A1R produziria um efeito X pequeno. A2R produziria um complexo com uma conformação que
levaria a um efeito maior. E assim por diante.
E o B seria o antagonista. Porque ele se liga ao receptor, forma o complexo fármaco-receptor, mas
induz a uma conformação inútil (que não vai gerar efeito). Ou ele ainda pode se ligar ao receptor
se mudar a conformação.
Teoria do encaixe induzido: A teoria do encaixe induzido foi desenvolvida inicialmente por Koshland,
baseada em sistemas enzimáticos. Esta teoria sugere que, através da complexação, o substrato induz
uma mudança conformacional na subunidade da enzima com a qual interage. Esta mudança pode ser
transmitida às subunidades vizinhas, induzindo na enzima a conformação responsável pelo processo
catalítico.
É o modelo atual e é mais rico porque permitiu incorporar dois conceitos importante: atividade
constitutiva e agonistas inversos.
Os receptores podem adotar, espontaneamente, duas conformações diferentes: A conformação
R (inativa) e a conformação R’ (ativa).
Nessa situação, o agonista total seria a substância que possui atividade, somente, com a
conformação ativa. E portanto, vai levar todos os receptores para formar um complexo AR’ (ativo).
O antagonista é um fármaco que tem afinidade para as duas conformações, R e R’. Dessa forma,
não vai alterar o balanço/proporção de receptores ativos e inativos. E assim, não observa-se
nenhum efeito. É como se tivesse uma balança de dois pratos e você 1kg de cada lado na
balança, ou seja, não vai mudar o status/equilíbrio da balança.
O agonista parcial tem um efeito, mas o efeito máximo é menor que o do agonista pleno. Nesse
modelo, isso é explicado da seguinte forma: O agonista parcial possui uma afinidade maior pela
conformação ativa e uma afinidade menor pela conformação inativa. No final das contas, tem-
se uma maior proporção de receptor com a conformação ativa. É como se na balança de dois
pratos, você coloca 1kg de um lado e 500g do outro. Tem-se uma mudança, mas não tão radical.
O modelo mais simples é chamado de “dois estados”. Segundo ele, o receptor poderia se encontrar em
estado “ativado” ou “inativado” e mesmo assim estariam em equilíbrio. Agonistas plenos se ligariam
preferencialmente à forma ativada, deslocando o equilíbrio nesse sentido. Já antagonistas de
receptores teriam igual afinidade por ambas as configurações, sem alterar, portanto, o equilíbrio entre
elas. Agonistas parciais teriam preferência relativa para a forma “ativada”, enquanto agonistas inversos
se ligariam preferencialmente à forma “inativada”
● Atividade constitutiva: É o nome dado a essa capacidade de que mesmo sem nenhum agonista,
algum efeito ocorre devido a uma ativação espontânea do receptor.
● Agonista inverso: É chamado assim porque produz um efeito, mas inverso ao esperado.
É uma observação que ocorreu com as benzodiazepínicas. Havia substâncias que ao invés de
proteger contra uma crise de epilepsia, produzia.
A explicação para isso é a seguinte: O agonista inverso tem afinidade somente para a
conformação inativa. Então, se tem um basal com 10% de atividade, iria para zero.
Desta forma, esta proposta separa dois tipos de antagonismo (antagonismo superável e não
superável) baseando-se na descrição do efeito da presença do antagonista na curva
concentração-efeito do agonista. Depois, num segundo nível, há distinção dos mecanismos
moleculares que podem ser responsáveis pelos efeitos observados.
I) Antagonismo superável:
Conceito: A inibição exercida pelo antagonista não é vencida mesmo quando se aumenta
suficientemente a concentração do agonista.
Representação gráfica: Neste caso, observa-se uma diminuição do efeito máximo do agonista,
sem alteração, ou com aumento, do seu CE50 (CE50: ↔ (ou ) e Emáx:: )
No antagonismo superável é possível ao agonista em grandes quantidades reverter os efeitos do
antagonista enquanto no não superável inibem os efeitos dos agonistas independentemente da
quantidade enquanto se mantiverem bloqueando os receptores
Antes de entrar nos possíveis mecanismos de ação, vamos definir “Antagonismo competitivo” e
“Antagonismo não competitivo”, segundo a IUPHAR.
Quando o agonista compete com o ligante pela sua ligação ao sítio agonista, é denominado
antagonista competitivo.
Neste caso, o antagonista compete com o agonista para o mesmo sítio de ligação, ou se liga em
um sítio adjacente que tem sobreposição com o sítio ortostérico, e sua ligação é reversível.
Como exemplo, podemos citar o bloqueio do efeito do carbacol em traqueia de rato, exercido
pela pirenzepina.
Neste caso, o antagonista se liga a um sítio alostérico do receptor, tendo efeito (diminuição),
somente, sobre a afinidade do agonista.
Como exemplo, podemos citar o bloqueio exercido pela galamina sobre efeito de inibição da
contratilidade de aurícula de cobaia mediado pela acetilcolina no receptor muscarínico M2.
Neste caso, o antagonista compete com o agonista para o mesmo sítio de ligação, ou se liga em
um sítio adjacente que tem sobreposição com o sítio ortostérico, mas sua ligação é irreversível.
Como exemplo, podemos citar o bloqueio do efeito do agonista UK 14,304 ao nível do receptor
α2A-adrenérgico, em células CHO transfectadas.
Caso houver receptores de reserva, observa-se aumento de CE50 sem alteração de Emáx do
agonista em baixas concentrações de antagonista, havendo diminuição de Emáx somente quando
se usa altas concentrações do antagonista (quando não há mais receptores de reserva).
Antagonismo competitivo irreversível (ou de não equilíbrio) ocorre quando o antagonista se liga ao
receptor na mesma posição do agonista, mas se dissocia dos receptores muito lentamente, ou não se
dissocia, o que resulta no fato de não ocorrer alteração na ocupação do antagonista quando o
agonista é adicionado.
▪ Antagonismo alostérico: modulador alostérico negativo afetando somente a eficácia do agonista
Como exemplo, podemos citar o efeito do CPCCOEt sobre a hidrólise de fosfoinositídeo mediada
por glutamato (via receptor mGlu1) em células CHO.
▪ Antagonismo indireto
A IUPHAR define o antagonismo como “funcional” quando ele ocorre em sítio celular diferente do
receptor ativado pelo agonista. Dentro desta categoria, temos o antagonismo indireto descrito
acima e o antagonismo fisiológico, que ocorre quando a ação de um agonista exerce um efeito
oposto ao do agonista original como, por exemplo, no caso do efeito vasoconstritor da adrenalina,
agonista do receptor α1-adrenérgico, que se opõe ao efeito vasodilatador da histamina, agonista
do receptor H1.
O índice terapêutico (IT) é medido como sendo a razão entre DL50 e DE50:
𝐃𝐋𝟓𝟎
𝐈𝐓 =
𝐃𝐄𝟓𝟎
DL50 = Dose necessária de uma dada substância para matar 50% de uma população em teste.
DE50 = Dose que produz o efeito eficaz ou clinicamente desejado em metade da população.
DE99 = É a dose efetiva para 99% da mesma população (dose que provoca o efeito mínimo em
99% dos animais)
● Faixa ou janela terapêutica:
1) Existe uma diferença menor que duas vezes entre os valores de dose letal mediana (DL50) e dose
efetiva mediana (DE50), ou existe uma diferença menor que 2 vezes entre as concentrações tóxicas
mínimas e as concentrações efetivas mínimas no sangue e
► MODULADORES ALOSTÉRICOS: