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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

2 INTRODUÇÃO A FARMACOLOGIA CLÍNICA: ÊNFASE AO CUIDADO


FARMACÊUTICO E PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA .............................................. 5

3 FARMACOCINÉTICA ................................................................................. 7

3.1 Princípios farmacocinéticos .................................................................. 7

3.2 Absorção ............................................................................................ 10

3.3 Distribuição ......................................................................................... 11

3.4 Biotransformação e excreção ............................................................. 12

4 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E FORMAS FARMACÊUTICAS .................. 13

5 FARMACODINÂMICA............................................................................... 16

5.1 Interação fármaco – receptor ............................................................. 17

6 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ........................................................ 25

7 FARMÁCIA CLÍNICA ................................................................................ 32

8 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA ............................................................. 34

8.1 O que é a prescrição farmacêutica? ................................................... 36

8.2 Etapas no processo de prescrição ..................................................... 37

8.3 Benefícios da prescrição farmacêutica para os pacientes e para a


sociedade ............................................................................................................38

8.4 Prescrição de medicamentos com venda sob prescrição médica ...... 39

8.5 Prescrição farmacêutica de MIPs ....................................................... 43

8.6 Medicamentos Isentos de prescrição ................................................. 44

8.7 Uso irracional de medicamentos: uma problemática mundial ............ 45

2
8.8 O papel do farmacêutico na Atenção Farmacêutica quanto ao uso
racional de medicamentos ..................................................................................... 46

9 A IMAGEM PROFISSIONAL: O FARMACÊUTICO .................................. 48

10 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao


da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta,
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No
espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 INTRODUÇÃO A FARMACOLOGIA CLÍNICA: ÊNFASE AO CUIDADO
FARMACÊUTICO E PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA

Fonte: portal.crfsp.org.br

Com o objetivo de aperfeiçoar o conhecimento dos farmacêuticos para a


atuação destes como prescritores de medicamentos, foi elaborada a apostila
“Farmacologia Clínica e Terapêutica e Boas Práticas de Prescrição”, introduzida com
o ideal de relembrar ao aluno alguns conceitos básicos em Farmacologia e atualizá-
lo quanto às questões referentes aos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs),
automedicação, o que a legislação fala sobre a prescrição farmacêutica entre outros
aspectos importantes.
O Conselho Federal de Farmácia (CFF), aprovou em agosto de 2013, uma
resolução (RDC 586/13), com o objetivo de incluir um novo conceito às farmácias e
drogarias no Brasil. A resolução regulamenta a prescrição farmacêutica no Brasil e
prevê que, farmacêuticos habilitados e inscritos no CRF que trabalham em farmácias
com e sem manipulação possam prescrever MIPs a pacientes que praticam a
automedicação, os quais muitas vezes desconhecem ou ignoram a possibilidade de
efeitos indesejáveis ou o potencial de toxicidade dos medicamentos. Assim, ao avaliar
a necessidade do MIP e documentar a prescrição em um contexto de individualidade
e sigilo, o profissional farmacêutico torna-se corresponsável pelo tratamento indicado

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e deve fazer o acompanhamento e/ou encaminhamento ao médico caso a queixa do
paciente persista.
Deste modo, o profissional também responde pelo compromisso de prevenir,
identificar e resolver os problemas relacionados aos medicamentos (PRM), o que se
traduz em segurança para o usuário.
Vista a importância da prescrição responsável, é imprescindível ao
farmacêutico conhecer profundamente as formas farmacêuticas e vias de
administração de medicamentos, bem como a farmacocinética e a farmacodinâmica,
divisões da farmacologia.
Fármacos administrados em diferentes formas farmacêuticas e vias de
administração são considerados novos medicamentos pela Food and Drug
Administration (FDA) e devem ser avaliados individualmente, nos estudos clínicos de
determinação da dose eficaz. Na prática terapêutica, os fármacos devem ser capazes
de atingir um local de ação específico após a administração por uma via específica.
Uma substância química pode ser administrada na forma de pró-fármaco, ou seja, em
uma forma inativa e assim somente após absorção e distribuição é então convertida
ao fármaco ativo pelos processos biológicos no interior do corpo.
Neste material didático abordaremos o assunto, mostrando que existem
vantagens para administração do fármaco na forma inativa.
Sobretudo iremos abordar tópicos importantes para uma boa prática de
prescrição, como:
• Conceitos mais importantes em Farmacologia.
• Compreender a conformação e estrutura dos receptores.
• Compreender locais de ação de medicamentos.
• Discutir sobre o uso racional de medicamentos.
• Apresentar aspectos sobre interações medicamentosas.
• Finalizar com os conceitos e aspectos da automedicação responsável de MIPs.

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3 FARMACOCINÉTICA

Fonte: pixabay.com.br

A farmacocinética está inserida na dinâmica de interação entre fármaco e


corpo. Consiste na absorção, distribuição, biotransformação e excreção de fármacos.
Estes fatores, associados à dose, determinam a concentração da droga em seus
locais de ação e, portanto, a intensidade dos seus efeitos em relação ao tempo
(GOODMAN; GILMAN, 2012).

3.1 Princípios farmacocinéticos

Na prática terapêutica, os fármacos devem ser capazes de atingir um local de


ação especifico após a administração por uma via própria. Em termos bem simplistas,
a farmacocinética costuma ser referida como "o que o corpo faz com o fármaco" -
envolve processos que vão desde a absorção até a excreção do medicamento.
Quando um fármaco é administrado por via enteral, especialmente a via oral, ele deve
ser absorvido no sangue a partir do seu sítio de administração (como o
intestino), distribuído para o tecido alvo, onde será o sítio de ação (como o cérebro,
no caso de um medicamento benzodiazepínico, como o clonazepam), e finalmente,

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depois de provocar o seu efeito, o fármaco deve ser eliminado a uma velocidade
razoável por excreção do corpo.
Em alguns casos, a substância química administrada é absorvida
imediatamente e distribuída e somente depois é convertida no fármaco ativo pelos
processos biológicos no interior do corpo. Esses são chamados de pró-fármaco.

Os pró-fármacos são derivados química e farmacologicamente inativo da


molécula matriz, que requer transformação no organismo para liberar o
fármaco ativo, processo chamado de latenciação (KOROLKOVAS, 1988,
apud CHIN 1998. p. 75).

A latenciação é a modificação química utilizada para converter um composto


biologicamente ativo em forma de transporte inativo. O pró-fármaco que é uma forma
inativa do fármaco sofre um ataque enzimático ou químico liberando assim a forma
ativa.
Alguns critérios devem ser considerados durante o planejamento do pró-
fármaco:
• Existência de grupos funcionais na molécula matriz capazes de sofrer
derivatização;
• Existência de mecanismos e/ou sistemas no organismo capazes de bioativar o
pró-fármaco;
• Facilidade e simplicidade da síntese e purificação do pró - fármaco;
• Estabilidade química do pró-fármaco;
• Regeneração, in vivo, da molécula matriz, em quantidades ideais;
• Toxicidade do transportador e do pró-fármaco per se.

Dessa forma, a latenciação permite, mediante a escolha de transportadores


adequados, via de regra desprovidos de atividade biológica, o aprimoramento
das propriedades do fármaco (CHUNG, 2005, apund CHIN 1998. p. 76).

Pró – fármacos são subdivididos em:


• Pró- fármacos clássicos;
• Bioprecursores;
• Pró- fármacos mistos;
• Fármacos dirigidos;

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• Fármacos recíprocos.
Pró-fármacos clássicos promovem a melhoria da atividade terapêutica por
aumento de biodisponibilidade, diminuição da toxicidade, prolongamento da ação,
aumento da seletividade, mediante a escolha de transportador adequado, geralmente
de caráter lipofílico. Um exemplo é o Valaciclovir, pró-fármaco do Aciclovir.
Bioprecursores: não apresentam transportadores e são obtidos por
modificações moleculares. Como exemplo são os medicamentos: Azitromicina (AZT),
Metronidazol e Enalapril.
Pró-fármacos mistos: têm características de pró-fármacos clássicos e de
bioprecursor. É uma molécula inerte que requer várias reações químicas para a sua
conversão à forma ativa. O sistema CDS (Chemical Delivery System) é um exemplo.
Foi originalmente empregado para liberação da forma ativa no cérebro. Nesse
sistema, o transportador é biotransformado após atravessar a barreira
hematoencefálica (BHE), sofrendo primeiramente oxidação e assim tornando-se
positivamente carregado e acumulando-se no SNC, onde sofre em seguida, reação
de biotransformação para liberar o fármaco ativo.
Vários fármacos foram desenvolvidos utilizando o sistema CDS, como por
exemplo, para doença de Alzheimer foram desenvolvidos vários pró-fármacos anti-
inflamatórios derivados de diclofenaco e do ibuprofeno.
Fármacos dirigidos, os transportadores utilizados nesta forma latente são
capazes de transportar os fármacos seletivamente do local de administração até o
sítio de ação (receptores específicos). O objetivo principal do fármaco dirigido é
minimizar as reações adversas provocadas pela ação inespecífica do fármaco em
outros alvos, diminuindo, pois, a toxicidade.

Pró - fármacos recíprocos, caracterizam-se por seu transportador,


diferentemente dos pró-fármacos clássicos, também possuir atividade
terapêutica. Dessa forma, pode-se obter pró-fármaco com atividades
terapêuticas diferentes ou semelhantes, atuando por mecanismos da ação
diferentes ou iguais (SINGH, 1994, apund CHIN 1998. p. 76).

Exemplo: pró-fármaco de sulfapiridina e ácido aminossalicílico (5- ASA).

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3.2 Absorção

A absorção consiste na passagem da droga do seu local de aplicação até a


corrente sanguínea. Raramente, o fármaco é administrado diretamente em seu tecido
alvo como acontece, por exemplo, na aplicação tópica de um agente anti-inflamatório
na pele ou na membrana mucosa. O mais comum é a administração em um
compartimento diferente do corpo. Exemplo: um fármaco com ação no SNC, que foi
administrado por uma via oral, necessita que a substância seja absorvida no intestino,
e ao chegar no sangue, seja distribuída para seu local de ação, permeando através
das barreiras que separam esses compartimentos.
Quando um fármaco é administrado por via oral, para que produza um efeito
no Sistema Nervoso Central (SNC), vai precisar passar pelas: Barreiras da parede do
intestino → barreiras das paredes dos capilares que perfundem o intestino → barreira
hematoencefálica → paredes dos capilares que perfundem o cérebro. E normalmente
após fazer surgir o efeito desejado, um fármaco deve ser eliminado a uma taxa
razoável por meio de inativação metabólica conhecido como processo de
biotransformação e assim com a formação de metabólitos inativos poderá ser
eliminado do corpo, através do processo de excreção.
Normalmente, cerca de 75% de um fármaco administrado por via oral são
absorvidos em 1-3 horas, entretanto, numerosos fatores alteram essa absorção,
alguns fisiológicos e outros relacionados com a formulação do fármaco (RANG.,
2010). Os fatores que influenciam, incluem:
• Fatores físico-químicos;
• Transito gastrintestinal;
• Tamanho das partículas e tipo de formulação;
• Fluxo sanguíneo esplâncnico.
Para atravessar a luz do intestino delgado para a circulação sistêmica, a
substância não apenas deve penetrar na mucosa intestinal, como também deve
passar por uma gama de enzimas que podem inativá-la na parede intestinal e no
fígado. O termo biodisponibilidade é utilizado para indicar a proporção da substância
que passa para a circulação sistêmica após administração oral, levando em

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consideração tanto a absorção quanto a degradação metabólica local. A absorção
diretamente a partir da cavidade oral, que acontece nas administrações sublinguais,
é muito útil quando existe necessidade de obter uma resposta rápida, particularmente
quando o fármaco é instável em pH gástrico ou é rapidamente metabolizado pelo
fígado. Como por exemplo, o Trinitrato de glicerina que é absorvido pela boca (via
sublingual) e passa diretamente para a circulação sistêmica sem penetrar no sistema
portal, escapando, do metabolismo de primeira passagem.

3.3 Distribuição

O conceito de biodisponibilidade, no sentido restrito, é o termo empregado


para descrever a fração da dose administrada de um produto farmacêutico
capaz de alcançar a circulação sistêmica e exercer ação terapêutica. Este
parâmetro expressa a extensão e a velocidade das fases biofarmacêutica e
farmacocinética da substância ativa (REYNOLDS, 1993, apud MOURA,
2002).

Após ser absorvido ou injetado na corrente sanguínea, o fármaco distribui-se


para os líquidos intersticial e celular. Padrões de distribuição dependem de
determinados fatores fisiológicos e propriedades físico-químicas das substâncias.
Pode ser diferenciada uma fase inicial de distribuição que remete o débito cardíaco e
o fluxo sanguíneo regional. O coração, o fígado, os rins, o cérebro e outros órgãos
bem profundidos recebem a maior parte dos fármacos durante os primeiros minutos
após a sua absorção. O aporte do fármaco à musculatura, à maioria das vísceras, à
pele e ao tecido adiposo é mais lento, e estes tecidos exigem de minutos a algumas
horas para ser atingido um estado de equilíbrio dinâmico.
Os principais compartimentos são:
• O plasma (5% do peso corporal).
• O líquido intersticial (16%).
• O líquido intracelular (35%).
• O líquido transcelular (2%).
• A gordura (20%).

O volume de distribuição (Vd) é um outro parâmetro fundamental na discussão


dos processos de distribuição farmacológica. O volume de distribuição (Vd) relaciona
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a concentração de fármaco no organismo com a concentração de fármaco (C) no
sangue e no plasma, dependendo do líquido medido. Este volume não se refere
necessariamente a um volume fisiológico identificável, mas apenas ao volume de
líquido que seria necessário para conter todo o fármaco no organismo na mesma
concentração em que se encontra no sangue ou no plasma:
Vd = Quantidade de fármaco no organismo /C
Substâncias insolúveis em lipídios estão principalmente confinadas no plasma
e ao líquido intersticial; a maioria não penetra no cérebro após administração aguda,
assim tem sua distribuição limitada e seus locais de ação potenciais, também são
limitados. Outro fator que limita a distribuição do fármaco é a ligação às proteínas
plasmáticas, principalmente, à albumina no caso de fármacos ácidos, e à alfa-ácido-
glicoproteína no caso de substâncias básicas.
Os fármacos podem acumular-se nos tecidos de acordo com a dose
administrada e afinidade com os tecidos. As substâncias lipossolúveis, por exemplo,
alcançam todos os compartimentos e podem acumular-se no tecido adiposo para
substâncias que acumulam fora do compartimento plasmático, (por exemplo, no tecido
adiposo ou por estarem ligados a tecidos), o Vd pode ultrapassar o volume corporal
total.

3.4 Biotransformação e excreção

O metabolismo de fármacos compreende o conjunto de reações enzimáticas


que biotransformam fármacos e outros compostos estranhos (xenobióticos) em
metabólitos de polaridade crescente, para que sejam excretados pela urina. O
metabolismo desempenha, assim, um importante papel na eliminação de fármacos, e
impede que estes compostos permaneçam por tempo indefinido no nosso organismo.

As reações metabólicas são divididas em fase 1 (oxidação, redução e


hidrólise) e fase 2 (conjugação). Os produtos de degradação (metabólitos),
por sua vez, podem ser inativos ou ativos. Em relação ao fármaco de origem,
os metabólitos ativos podem agir por mecanismos de ação similares ou
diferentes, ou até mesmo por antagonismo. O conhecimento da cinética da
formação dos metabólitos ativos é importante não apenas para previsão do
resultado terapêutico, mas também para explicar a toxicidade de um dado
fármaco (LIN, 1997, apud PEREIRA, 2007).

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Os compostos são removidos do organismo para o meio externo através do
processo chamado excreção. A remoção de um fármaco do organismo humano pode
ocorrer através de várias vias: renal, biliar, intestinal, pulmonar, além do suor, saliva,
secreção nasal, e, leite materno. A principal via de excreção de fármacos é constituída
pelo sistema renal, entretanto há outras vias de grande importância, como por
exemplo, a via pulmonar (muito importante para fármacos voláteis como o álcool e
anestésicos gasosos), leite materno, sistema biliar (é uma via muito importante para
fármacos que dependem do ciclo enterohepático como os contraceptivos hormonais,
cloranfenicol, tetraciclinas, rifampicina e digoxina), lágrimas, saliva (atualmente muitos
fármacos e substâncias endógenas tem sido monitorados por meio de sua
concentração salivar), suor, fecal entre outras.

4 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E FORMAS FARMACÊUTICAS

Fonte: NatueLife.com.br

Vias de administração correspondem ao local que o fármaco entra em contato


com o organismo, liberando a quantidade adequada do medicamento para que ocorra
o efeito terapêutico desejado. A resposta terapêutica depende de fatores como a
concentração do princípio ativo, seu transporte pelos líquidos corporais através das
membranas biológicas, bem como a resistência à degradação metabólica. A via de

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administração e a formulação terapêutica influenciam diretamente na
biodisponibilidade de um medicamento. Além disso, ambos podem ser fatores
importantes na adesão do paciente ao tratamento.

A forma farmacêutica e a via de administração podem influenciar a


seletividade de um medicamento e, portanto, suas indicações clinicas. As três
principais vias de administração são: Oral ou per os, parenteral e retal
(MAGALHÃES, 1985 apud MONTANHA 2013).

A partir da forma farmacêutica e a via de administração, a dose eficaz de um


medicamento pode mudar, considerando que os fármacos administrados por via
intravenosa entram diretamente na circulação sistêmica e aqueles administrados por
via oral raramente são absorvidos de forma completa até a circulação sistêmica,
devido às diversas barreiras físicas, químicas e fisiológicas presentes. Dessa forma,
uma dose mais baixa é indicada para a administração parenteral (injetável) em relação
à oral, para obter os mesmos níveis sanguíneos e efeitos clínicos.
A escolha da via de administração de um medicamento é norteada pelos
seguintes fatores: tipo de ação desejada se é local ou geral, rapidez da ação desejada,
esta orienta, por exemplo, se deve ser preferida a via inta-muscular ou a intravenosa
em determinados casos, e a natureza do medicamento, os voláteis pela via pulmonar
(anestésicos inalatórios); os que resistem ao sulco gástrico podem ser dados pela via
oral, os que não resistem ao sulco gástrico devem ser administrados por via
parenteral, se cáustico, só deve ser dado por via intravenosa; os insolúveis não devem
ser administrados por via parenteral. As vias de administração dos fármacos podem
ser a grupados da seguinte maneira. A via oral é a administração do fármaco através
da cavidade bucal, sua principal finalidade é conduzir o medicamento ao estomago e
intestino, para aí ser absorvidos e levado por via sanguínea aos tecidos susceptíveis.
Embora algumas soluções para uso oral, em forma aquosa ou de elixir, e suspensão
estejam comercialmente disponíveis, a maioria das formas para a dosagem oral são
sólidas. Como limitações desta via temos: inativação do medicamento pelo suco
digestivo, incerteza da quantidade absorvida e possibilidade de ação irritante sobre a
mucosa.

A via sublingual permite a retenção do fármaco por tempo mais prolongado.


Propicia uma rápida absorção de pequenas doses de alguns fármacos,
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devido à vasta vascularização sanguínea e a pouca espessura da mucosa
sublingual, permitindo a absorção direta na corrente sanguínea (LIMA, 2008
apud MONTANHA, 2013).

As vias transmucosas ou tópicas são utilizadas normalmente para a obtenção


de efeitos terapêuticos não sistêmicos, isto é, localizados, no entanto pode haver
absorção de certos medicamentos pela pele integra.

A via parenteral entende se por todas as vias de administração que exigem


que se pratiquem uma abertura na pele ou nas mucosas para se atingir os
tecidos susceptíveis (MAGALHÃES, 1985, apud MONTANHA, 2013).

A administração parenteral das drogas implica evitar-se o trato gastrointestinal.


As vias parenterais incluem injeções intravenosas (IV), intramuscular (IM), e
subcutânea (SC). A via intravenosa tem como vantagem a obtenção rápida de efeitos,
a possibilidade de administração de grandes volumes, em infusão lenta, e de
substancias irritantes. Tem como desvantagem riscos de embolia, infecções por
contaminação, sendo imprópria para substâncias oleosas ou insolúveis. A via
subcutânea é preferível quando se necessita quem medicamento seja absorvido de
forma lenta e continua. Esta via tem como desvantagem a absorção constante para
soluções e lenta para suspensões e “pellets”, tem como vantagem a facilidade de
produzir sensibilização e, ainda, dor e necrose, quando utilizadas substâncias
irritantes. A via intramuscular tem a vantagem de absorção relativamente rápida,
sendo adequada para administração de volumes moderados, de veículos aquosos,
oleosos, suspensão ou preparação de depósitos. Suas desvantagens são a dor e o
aparecimento de lesões musculares pela aplicação de substâncias irritantes ou de pH
distante da neutralidade, promovendo o aparecimento de processos infamatórios. A
via inalatória pode ser utilizada normalmente quando o agente terapêutico é um gás,
tendo, em medicina veterinária, utilização restrita à anestesia. Estes agentes
anestésicos gasosos e líquidos voláteis, administrados por inalação, são rapidamente
absorvidos na circulação sistêmica através do epitélio alveolar. A via retal é a
administração de medicamentos através do reto, para que sejam absorvidas pelo
plexo hemorroidal, o quadro abaixo resume as principais vias de administração de
fármaco e suas respectivas formas farmacêuticas.

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Fonte: ANSEL, 2007.

5 FARMACODINÂMICA

Fonte: uss.cl/medicina/curso-farmacocinetica-aplicada/

A Farmacodinâmica investiga os efeitos dos fármacos nos organismos, seus


mecanismos de ação e a relação entre a dose e efeito (GOODMAN; GILMAN, 2012).
Princípios gerais:
• As moléculas do fármaco precisam estar ligadas a constituintes específicos

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das células para produzirem efeito.
• Receptores: qualquer molécula a qual uma substância se liga para iniciar seus
efeitos.
Sítios de ligação:
• Proteínas alvo;
• Enzima;
• Molécula transportadora;
• Canal iônico;
• Receptor.

5.1 Interação fármaco – receptor

A ativação do receptor é a capacidade da molécula ligada de desencadear uma


resposta tecidual, exemplificando temos como modelo “chave-fechadura”.

O termo “relação estrutura-atividade” compreende o estudo dos efeitos que a


estrutura química de um composto ligante pode causar durante sua interação
com o receptor biológico e, assim, racionalizar os principais fatores que
comandam esta interação (ARROIO, 2010, apud BENITE,2019, p.574).

A ligação de um fármaco com seu receptor biológico é determinada por forças


intermoleculares, como: interações lipofílicas, polares, eletrostáticas entre outros.
Sendo assim, substâncias que apresentam propriedades farmacológicas e
terapêuticas ao interagirem com um alvo específico que pode ser uma enzima, um
receptor, um canal iônico ou qualquer outra macromolécula biológica, devem possuir
uma estrutura tridimensional de forma que as disposições de seus grupos funcionais
permitam uma maior complementariedade ao sítio de ligação. Quanto melhor o
“encaixe” e a complementaridade das propriedades de um fármaco, maior será sua
afinidade e logo maior será sua atividade biológica.
Agonista: substância biologicamente ativa que ao ligar-se ao receptor causa efeito.
Antagonista: substância que ao ligar-se ao receptor não produz efeito.

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Figura adaptada: BARREIRO, 2001.

Mecanismos de ação dos fármacos

A interação fármaco-receptor compreende duas fases:


1. Complexação do fármaco com o receptor.
2. Produção do efeito.
Além da afinidade ao receptor é necessário que o fármaco tenha atividade
intrínseca, isto é, capacidade de formar um complexo fármaco-receptor que produza
efeito biológico. Logo somente o agonista possui atividade intrínseca.
Existem dois centros no receptor farmacológico:
• Específico ou crítico que interage com os grupos farmacológicos do
agonista.
• Inespecífico ou não crítico que se complexa principalmente com os grupos
apolares do antagonista.

Os fármacos ditos estruturalmente inespecíficos são aqueles que dependem


única e exclusivamente de suas propriedades físico-químicas, (coeficiente de
partição, pKa) para promoverem o efeito biológico. Os anestésicos gerais são
um exemplo clássico de substâncias que pertencem a esta classe de
fármacos, uma vez que seu mecanismo de ação envolve a depressão
inespecífica de biomembranas lipo-protéicas, elevando o limiar de
excitabilidade celular ou a interação inespecífica com sítios hidrofóbicos de
proteínas do sistema nervoso central, provocando perda da consciência.
Neste caso específico, em que a complexação do fármaco com
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macromoléculas da biofase dá-se predominantemente através de interações
de Van der Walls, a potência do fármaco está diretamente relacionada com a
sua lipossolubilidade (FOYE, 1995 apud BARREIRO, 2001).

Em alguns casos, a alteração das propriedades físico-químicas decorrentes de


modificações estruturais de um fármaco pode alterar seu mecanismo de interação
com a biofase. Um clássico exemplo encontra-se na classe dos anticonvulsivantes. O
pentobarbital é estruturalmente específico e tem ação sobre o receptor Ácido gama-
aminobutírico (GABA) ionóforo. A simples substituição de um átomo de oxigênio por
um átomo de enxofre produz o tiopental, cuja lipossolubilidade é maior e tem ação
anestésica inespecífica.
Os fármacos estruturalmente específicos exercem seu efeito biológico pela
interação seletiva com uma determinada biomacromolécula alvo, que apresenta na
maior parte dos casos propriedades de enzima, proteína sinalizadora (receptor), canal
iônico ou ácido nucléico. O reconhecimento do fármaco (micromolécula) pela
biomacromolécula depende do arranjo espacial dos grupamentos funcionais e das
propriedades de superfície da micromolécula, que devem ser complementares ao sítio
de ligação localizado na macromolécula, o sítio receptor. A complementaridade
necessária para a interação da micromolécula com a biomacromolécula receptora
pode ser ilustrada simplificadamente pelo modelo “chave-fechadura”. Neste modelo
podemos comparar a biomacromolécula com a fechadura, o sítio receptor com o
“buraco da fechadura” e as diferentes chaves com ligantes do sítio receptor, isto é,
regiões da micromolécula que vão interagir diretamente com a macromolécula. Neste
caso específico “abrir a porta” ou “não abrir a porta” representariam as respostas
biológicas desta interação. Na imagem a seguir, pode ser evidenciado três principais
tipos de chaves: a) a chave original, que se encaixa adequadamente com a fechadura,
permitindo a abertura da porta, corresponderia ao agonista natural (endógeno) ou
substrato natural, que interage com o sítio receptor da biomacromolécula localizado
respectivamente em uma proteína ou enzima, desencadeando uma resposta
biológica; b) a chave modificada, com propriedades estruturais que a tornam
semelhantes à chave original e permitem seu acesso à fechadura e a abertura da
porta, corresponderia a um agonista modificado da biomacromolécula, sintético ou de
origem natural, capaz de reconhecer complementarmente o sítio receptor e
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desencadear uma resposta biológica qualitativamente idêntica àquela do agonista
natural; e c) a chave falsa, que apresenta propriedades estruturais mínimas que
permitem seu acesso à fechadura, sem ser capaz, entretanto de permitir a abertura
da porta, corresponderia ao antagonista, sintético ou de origem natural, capaz de ligar-
se ao sítio receptor sem promover a resposta biológica e bloqueia a ação do agonista
endógeno e/ou modificado, ocasionando uma resposta qualitativamente inversa
àquela do agonista.

Fonte: qnint.sbq.org.br/novo/index.php?hash=tema.15

Receptores

Os receptores consistem em elementos sensoriais no sistema de


comunicações químicas que coordena a função de todas as diferentes células do
corpo, sendo que os mensageiros químicos são representados por vários hormônios,
transmissores e outros mediadores. Os receptores podem induzir diversos efeitos
celulares.
Classificação:
• Tipo 1: canais iônicos regulados por ligantes - Inotrópicos.
• Tipo 2: receptores acoplados à proteína G - Metabotrópicos.
• Tipo 3: receptores ligados à proteína quinase e receptores relacionados.

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• Tipos 4: receptores nucleares.

Fonte: RANG, 2012.

Características importantes dos receptores Tipo 1: canais iônicos regulados por


ligantes - Inotrópicos:
• Regulados por ligantes;
• Ligantes = fármaco ou substância endógena.
• Receptor = proteína de membrana:
• Sítio de ligação extracelular.
• São acoplados a canais iônicos.
• São receptores de ação rápida:
Exemplos: Nicotínico, Glutamato e Gaba (figura abaixo).

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Fonte: WordPress.com

Receptor tipo 2 ou metabotrópico ou acoplado à proteína G, contêm sete α


hélices transmembrana (hepta-helicoidal) com um domínio N-terminal
extracelular e um domínio C terminal intracelular. A proteína G se liga no
domínio intracelular e vai atuar no sistema efetor (proteínas efetoras) que
podem ser enzimas ou canais iônicos. A proteína G, portanto, é responsável
em propagar a informação veiculada pela substância que se ligou ao domínio
extracelular (FANELLI,2005, apud HOELZ, 2013 p. 983).

Exemplos de receptores metabotrópicos:


• Receptores hormonais;
• Receptores muscarínicos da acetilcolina (lentos);
• Receptores adrenérgicos;
• Receptores opioides.
A ação desses receptores é lenta porque necessitam de mensageiros (proteína
G) para propagar a informação.
Proteína G, são proteínas ancoradas a membrana interna que atuam como
transdutores celulares reconhecendo o receptor tipo 2 e enviando a informação ao
alvo final. É formada por três subunidades (α, β e γ).

22
Fonte: RANG, 2007.

A cascata de ativação intracelular começa com a ação de uma proteína auxiliar:


GEF. A proteína GEF desloca GDP e dá lugar à ligação de GTP, configurando o
estado ativo da proteína. A subunidade α dissocia-se do dímero βγ e inicia cascatas
de sinalização intracelular, como pode ser observado na figura acima. O início da
cascata de sinalização intracelular resulta em ativação dos efetores (aqueles que
recebem o estímulo) como:
• Adenilato ciclase;
• GTPase;
• Fosfolipases;
• Cinases ou Quinases.

Os receptores ligados à proteína quinase do tipo 3, estão ligados a quinases.


É um composto de uma cadeia com até mil resíduos. O domínio extracelular
é ligado por uma α hélice ao domínio intracelular, e este possui atividade
enzimática. Esses receptores estão relacionados às ações de fatores de
crescimento, citocinas e hormônios como a insulina, cujos efeitos são
realizados, principalmente, em nível de transcrição gênica (RANG, 2003,
apud HOELZ, 2013 p. 985).

As proteínas quinases têm como função fosforilar proteínas efetoras


intracelulares e, como resultado há alterações na atividade bioquímica destas, já que
receberam fosfato, e sofreram interações com outras.
Principais tipos de receptores tipo 3:

23
• Receptores tirosina quinase (RTKs) incorporam uma porção de tirosina
quinase na região intracelular desse receptor. Fosforilam proteínas que
tenham resíduos de tirosina. Os receptores de insulina são RTKs, assim como
os receptores para fator de crescimento epidérmico e neural.
• Receptores de serina/treonina quinases fosforilam resíduos de serina e/ou
treonina. Exemplo: fator de transformação de crescimento.
• Receptores de citocinas não possuem atividade enzimática intrínseca. Atuam
ativando proteínas quinases citosólicas. Exemplo: receptores de citocinas,
fatores estimuladores de colônias e hormônios do crescimento.
• Receptores associados à guanilil ciclase: a porção enzimática é guanilil
ciclase, e regula a formação de GMPc através da hidrólise de GTP.

Mecanismo da fosforilação:

• Fosforilação = quinases = adição de fosfato


• Desfosforilação =fosfatases = retirada de fosfato

Fonte: RANG, 2003.

24
6 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

Fonte: jornaldoreboucas.com.br

Uma interação medicamentosa é definida como o fenômeno que ocorre quando os


efeitos ou a farmacocinética de um fármaco são alterados pela administração prévia
ou coadministração de um segundo fármaco. As associações medicamentosas podem
ser benéficas quando proporcionam um melhor efeito terapêutico ou uma redução da
toxicidade, entretanto, podem ser prejudiciais quando favorecem o aparecimento de
reações adversas ou diminuição do efeito de um ou ambos os fármacos.

6.1 Interações farmacocinéticas

Interações que afetam a absorção

Geralmente as interações que afetam a absorção, são provocadas por


medicamentos administrados por via oral (ROE, 1984, apud MOURA 2002).

A absorção pode ser alterada devido à: formação de complexos não


absorvíveis: como exemplo a combinação de tetraciclinas (antibiótico) com íons
metálicos provenientes de antiácidos e suplementos minerais. Nesse caso, ocorre a
eliminação do antibiótico e prejuízo do seu efeito. Alteração do pH gástrico ou

25
intestinal: que afetam o equilíbrio de dissociação de medicamentos ácidos ou bases
fracas. Como exemplo, a administração de antiácidos diminui a absorção de
fenobarbital, pois ao aumentar o pH, predomina a forma ionizada que é menos
lipossolúvel. Alteração da velocidade do esvaziamento gástrico e ou motilidade
intestinal: Alguns medicamentos inibem o esvaziamento gástrico, como a
escopolamina ou opiáceos como morfina e codeína, ou podem acelerar o
esvaziamento como metoclopramida. Os medicamentos que aumentam a velocidade
de esvaziamento, geralmente promovem um aumento da eliminação da substância,
diminuindo seus efeitos e aqueles que diminuem o esvaziamento são perigosos no
caso de ingestão de substâncias tóxicas que poderão ficar mais tempo no organismo,
assim potencializando seus efeitos.

Interações que afetam a distribuição

Ao chegar à circulação sanguínea, o princípio ativo é transportado pelas


proteínas plasmáticas, podendo atravessar barreiras para alcançar determinados
tecidos onde será armazenado, transformado ou exercerá seus efeitos. Parte do
medicamento administrado vai ficar ligado às proteínas e essa porção não será ativa
farmacologicamente. Somente a porção que estiver livre no plasma, poderá
atravessar as barreiras e chegar aos compartimentos. Assim, quando dois
medicamentos que se ligam fortemente às proteínas são administrados
simultaneamente, produzirão uma interação competitiva. Um dos medicamentos será
deslocado da ligação às proteínas, aumentando a proporção de medicamento livre e
dessa forma, aumentando sua atividade.

Interações que afetam a biotransformação

No processo de biotransformação, os medicamentos são transformados


pelas enzimas microssomais hepáticas em frações menores, hidrossolúveis.
As interações que acontecem nessa fase, geralmente são originadas por
medicamentos com potencial de inibirem ou induzirem o sistema enzimático
(FINE, 1981, apud SECOLI, 2001).

26
A inibição enzimática de sistemas como, por exemplo, do citocromo p450, das
colinesterases e monoaminoxidases (MAO), promovem a lentificação da
biotransformação do próprio medicamento e de outros que tenham sido administrados
concomitantemente. Nesse processo, ocorre o acúmulo de substâncias no organismo,
podendo assim ocorrer potencialização dos seus efeitos e aumento de toxicidade. Um
exemplo interessante é a administração de alguns medicamentos com suco de toranja
(grapefruit), que reduz a biotransformação da terfenadina e de outros fármacos como
paroxetina, por inibir a enzima Citocromo CYP3A4 e assim esses medicamentos não
são biotransformados e têm o efeito potencializado por não serem excretados do
organismo. Já na indução enzimática, um fármaco promove o aumento da ação de
algum sistema enzimático, promovendo o aceleramento do processo de
biotransformação de fármacos que serão eliminados do organismo mais rapidamente
e assim seus efeitos serão diminuídos ou não apresentarão efeito. A indução
enzimática pode causar toxicidade de um segundo fármaco, se os seus efeitos tóxicos
são mediados por um metabólito. A toxicidade do paracetamol é o caso, ela é causada
pela N-acetil-p-benzoquinonaimina, que é formada pelo citocromo p450.
Consequentemente, o risco de lesão hepática séria após uma dose excessiva de
paracetamol e aumentada em pacientes cujo sistema citocromo p450 tenha sido
induzido, por exemplo, com o uso crônico de álcool. Aqui então temos dois
exemplos diferentes, no primeiro caso, o próprio medicamento (paracetamol) está
gerando a indução, pois o aumento da dose do medicamento proporciona um
aumento na biotransformação pelo sistema citocromo p450, considerando que em
doses terapêuticas a maior parte do fármaco é conjugado ao ácido glicurônico ou ao
sulfato, porém o organismo não promove a formação dos metabólitos conjugados
quando em doses acima da terapêutica, assim o sistema citocromo p450 é
recrutado mas promove formação do metabólito tóxico citado anteriormente que
causa morte celular. No outro exemplo, o álcool que é um indutor enzimático do
citocromo p450, quando administrado junto com o paracetamol, promove a
biotransformação por essa via, promovendo a formação dos metabólitos tóxicos. Em
alguns casos, essas interações podem ser benéficas como por exemplo a indução
enzimática provocada pela administração de fenobarbital em prematuros para induzira

27
glucuronil transferase, portanto, aumentando a conjugação da bilirrubina e reduzindo
o risco de icterícia.

Interações que afetam a excreção

Os principais mecanismos pelos quais um fármaco pode afetar a taxa de


excreção renal de outro são:
• alterando a ligação à proteína e, por consequência, a filtração.
• inibindo a secreção tubular.
• alterando o fluxo urinário e/ou o pH urinário.
Os diuréticos tendem a aumentar a excreção urinária de outros fármacos.

A alteração do pH urinário interfere no grau de ionização de bases e ácidos


fracos, afetando as respostas farmacológicas e promovendo um aumento da
reabsorção ou da excreção dos fármacos. As drogas ácidas são
reabsorvidas em urina ácida e excretadas em urina alcalina, já as drogas
alcalinas são reabsorvidas em urina alcalina e excretadas em urina ácida.
Como exemplo, é comum o uso de bicarbonato de sódio para aumentar a
excreção de ácidos fracos em casos de intoxicação com barbitúricos
(TROVATO, 1991, apud MOURA 2002).

Interações farmacodinâmicas

A interação farmacodinâmica causa modificação do efeito bioquímico ou


fisiológico do medicamento. Geralmente ocorre no local de ação dos medicamentos
(receptores farmacológicos) ou através de mecanismos bioquímicos específicos,
sendo capaz de causar efeitos semelhantes (sinergismo) ou opostos (antagonismos).
Sinergismo é um tipo de resposta obtida a partir da associação de dois ou
mais medicamentos, resultando em efeito maior do que os efeitos isolados. Pode
ocorrer efeitos:
• Aditivo: medicamentos com mesmo mecanismo de ação.
• Somação: medicamentos que agem por diferentes mecanismos.
• Potencialização: medicamentos que atuam em diferentes receptores
farmacológicos.
Do sinergismo podem surgir associações com efeitos terapêuticos ou tóxicos.

28
Antagonismo: o efeito de um fármaco pode ser diminuído ou abolido na
presença de outro, e isso pode ocorrer através de vários mecanismos:
Antagonismo competitivo: descreve a situação comum em que uma substância é
ligada seletivamente a determinado tipo de receptor sem ativá-lo e impede a ligação
deum fármaco agonista.
Antagonismo não competitivo: o antagonista bloqueia, em algum ponto, a
cadeia de eventos que leva à produção de uma resposta pelo agonista. Antagonismo
químico: nesse caso, duas substâncias se combinam em solução, de forma que o
efeito do fármaco ativo é perdido. Como por exemplo, o uso do quelante dimercaprol
que se liga a metais pesados e, assim, reduz a sua toxicidade. Antagonismo
fisiológico: é a interação de duas substâncias cujas ações opostas no organismo
tendem a anular uma à outra. Por exemplo, a histamina atua sobre os receptores das
células parietais da mucosa gástrica, estimulando a secreção de ácido, enquanto, o
lanzoprazol bloqueia esse efeito ao inibir a bomba de prótons, assim podemos dizer
que as duas substâncias atuam como antagonistas fisiológicos.

Interação medicamentos e nutriente

A interação medicamento-nutriente é definida como uma alteração da cinética


ou da dinâmica de um medicamento ou nutriente, ou ainda, o
comprometimento do estado nutricional como resultado da administração de
um medicamento, compreendendo-se a farmacocinética como a descrição
quantitativa de um medicamento ou sua disposição, o que inclui a absorção,
distribuição, metabolismo e excreção. A farmacodinâmica caracteriza-se pelo
efeito clínico ou fisiológico do medicamento (SCHWEIGERT, 2008, apud
LOPES, 2010).

A maioria das drogas e dos nutrientes é absorvida no intestino delgado. As


interações droga-nutriente podem alterar essa absorção por meio da redução do
tempo de esvaziamento do trato digestório e pela formação de quelatos, originados a
partir de reações entre cátions metálicos, presentes na matriz dos alimentos, com os
fármacos, devido às suas características físico-químicas, bem como pelas mudanças
na absorção de gorduras, das vitaminas lipossolúveis e do colesterol devido às lesões
produzidas na mucosa intestinal.

29
Por sua vez, pode também ocorrer interação fármaco nutriente durante a fase
farmacocinética de distribuição plasmática. Estudos demonstram que a ligação da
droga a uma proteína plasmática pode ser alterada por uma dieta hiperlipídica. Já as
alterações no metabolismo das drogas são geralmente afetadas pela inibição
enzimática ou pela formação de complexos insolúveis com os nutrientes. Algumas
drogas podem aumentar ou diminuir a excreção renal de certos nutrientes, por meio
da filtração glomerular, interferindo na reabsorção renal dos nutrientes. As possíveis
interações dos medicamentos com a alimentação dos pacientes podem levar ao
prejuízo da ação do medicamento e/ou alimento, podendo causar um aumento da
necessidade de utilização dos fármacos em tratamentos crônicos ou desnutrição,
ocasionados aumentos no custo e no tempo de internação hospitalar.

Interações medicamentos e álcool

O álcool é um indutor enzimático da enzima citocromo p450 e dessa forma


acelera a biotransformação de alguns medicamentos como, por exemplo, antibióticos,
acarretando na redução do efeito do medicamento, por esse motivo que muitos
medicamentos não podem ser associados como o etanol.

Existe uma contraindicação específica ao uso de álcool simultâneo com


certos antimicrobianos, como metronidazol, sulfas e cloranfenicol, pois
causam uma reação semelhante ao dissulfiram na presença de álcool.
(WANNMACHER, 2007, apud SILVA 2017 p.16).

O dissulfiram é um fármaco utilizado no tratamento do alcoolismo, sua ação é


exercida quando existe ingestão simultânea de álcool. Este medicamento inibe de
maneira irreversível a enzima aldeído-desidrogenase (ALDH) responsável por
metabolizar o álcool, promovendo o acúmulo de acetaldeído, provocando a reação
etanol-dissulfiram (RED). Causando efeitos como sudorese, cefaleia, tonturas,
náusea, dispneia.
Os anestésicos gerais, anticonvulsivantes, antidepressivos, hipno-sedativos,
ansiolíticos, entre outros psicotrópicos, podem apresentar interações sinérgicas com
o álcool, fazendo com que a depressão central seja aumentada. Outro fato indiscutível

30
é que o uso simultâneo de etanol com outros depressores do sistema nervoso central
acentua efeitos como sedação, agravo de coordenação motora e comprometimento
da memória, risco de quedas, entre outros. O álcool potencializa a ação da loperamida
e ivermectina frente ao sistema nervoso central. Aumenta a tendência de hemorragia
gástrica resultante do uso de AAS e anti-inflamatórios não esteroides, devido destruir
a mucosa gástrica e eleva a retrodifusão de íons hidrogênio (H+).
Em pacientes com diabetes mellitus o álcool pode causar efeitos similares ao
dissulfiram. O uso intenso de etanol estende a ação dos hipoglicemiantes, já o uso
crônico inibe os mesmos.
Pode-se notar que a interação entre fármacos e o álcool é prejudicial, e
infelizmente hoje essa associação ainda é extremamente frequente entre a população.
O álcool etílico altera o metabolismo de muitos medicamentos, afetando as
concentrações desses fármacos no corpo e, além de que, pode prejudicar a eficácia
de certas drogas, aumentando seus efeitos colaterais. Esta combinação pode causar
efeitos colaterais graves, incluindo efeitos potencialmente fatais.

Interação medicamento e nicotina

A nicotina é uma droga psicotrópica, de uso comum através do cigarro, tem


ações farmacológicas diversas devido à ação em vários efetores, podendo
produzir ações estimulantes e depressoras sequenciais e dose dependente
(JUSTO, 1979, apud FRANKEN, 1996 p. 371).

A nicotina age sobre o sistema enzimático hepático e intestinal estimulando sua


ação e aumentando a velocidade de biotransformação de fármacos exógenos e
produtos endógenos. Estimula ainda a liberação de prolactina, hormônio de
crescimento, vasopressina, beta endorfinas e cortisol. É biotransformação
primeiramente no fígado e, parcialmente eliminada in natura, pelos rins. O principal
metabólito e a cortinina excretada pelos rins.
Devido às diferentes ações farmacológicas, a nicotina independente da via de
administração, interage com uma série de medicamentos, modificando sua ação ou
exigindo a administração de maiores doses para produção do efeito desejado.

31
Estudos mostraram que pacientes fumantes que utilizam benzodiazepínicos
experimentam menor ação tranquilizadora, comparados aos pacientes não fumantes.
Os fumantes também apresentam menor tolerância à dor, necessitando de
maiores doses de analgésicos narcóticos. Os antagonistas de H2 como cimetidina e
ranitidina não produzem efeitos em fumantes à noite. Em pacientes diabéticos,
dependentes de insulina, que fumam, o efeito da insulina é diminuído, e isso faz que
com necessitem de doses maiores.

7 FARMÁCIA CLÍNICA

Fonte: pixabay.com.br

A farmácia clínica, caracterizada nos anos 1960 nos Estados Unidos,


compreende atividades voltadas para maximizar a terapia e minimizar os riscos e os
custos, promovendo o uso seguro e racional de medicamentos.

O farmacêutico clínico trabalha promovendo a saúde, prevenindo e


monitorando eventos adversos, intervindo e contribuindo na prescrição de
medicamentos para a obtenção de resultados clínicos positivos, melhorando
a qualidade de vida dos pacientes sem, contudo, perder de vista a questão
econômica relacionada à terapia (HOLLAND, 1999 apud FERRACIN, 2011 p.
456).

32
Segundo a Comissão de Farmácia Clínica do Conselho Regional de Farmácia,
a Farmácia Clínica é uma área da farmácia voltada à ciência e prática do uso racional
de medicamentos, na qual os farmacêuticos prestam cuidado ao paciente, de forma a
otimizar a farmacoterapia, promover saúde e bem-estar e prevenir doenças. O
farmacêutico clínico é aquele profissional apto a identificar sinais e sintomas,
implementar, monitorar a terapia medicamentosa e orientar o paciente, atuando em
conjunto com outros profissionais de saúde visando a efetividade do tratamento. Exige
um amplo conhecimento em práticas terapêuticas, aliado à capacidade de julgamento
e tomada de decisão.
A Comissão Assessora de Farmácia Clínica tem por objetivos desenvolver
discussões sobre a prática clínica, o aperfeiçoamento técnico e a proposição de
normas e procedimentos (CRF SP, 2015).
A Resolução 585, de 29 de agosto de 2013, regulamenta as atribuições clínicas
do farmacêutico e dá outras providências, considerando a RDC Anvisa no 7, de 24 de
fevereiro de 2010, que na seção IV, artigo 18, estabelece a necessidade da
assistência farmacêutica à beira do leito da Unidade de Terapia Intensiva e, em seu
artigo 23, dispõe que a assistência farmacêutica deve integrar a equipe
multidisciplinar.
Em 2000, a American College of Clínical Pharmacy publicou que a Farmácia
Clínica é uma disciplina da saúde em que o farmacêutico presta assistência ao
paciente por meio da prática do uso racional de medicamentos com a adequação da
terapia medicamentosa da prevenção de doenças. E somente em 2013, no Brasil, foi
aplicada uma resolução para regulamentar as atribuições clínicas do farmacêutico. Os
termos Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica se confundem, mas a Farmácia
Clínica surgiu em 1960 nos Estados Unidos por um grupo de professores da
Universidade da Califórnia, devido à necessidade de mudança no currículo de
farmácia como uma forma de ligar o aluno à prática clínica e dessa forma, a Farmácia
Clínica passou a ser o meio onde o farmacêutico atua junto a uma equipe de saúde,
avaliando e monitorando a resposta terapêutica do paciente, fazendo intervenções,
recomendações e fornecendo informações sobre os medicamentos. Já a ideia da
Atenção Farmacêutica surgiu como uma nova necessidade do profissional

33
farmacêutico frente à industrialização dos medicamentos. Atenção Farmacêutica foi
definida por Cipolle e seus colaboradores (2004) como uma prática profissional que
inclui uma filosofia um processo de cuidados e um sistema de gestão. Existem dois
métodos de Atenção Farmacêutica utilizados por vários profissionais no mundo todo,
são eles o Método de Dader (espanhol) e o Modelo de Minesota (americano) e
segundo o Consenso de Granada de 2004 (PEREIRA; FREITAS, 2008), os seis
problemas relacionados aos medicamentos – PRM são:
• Paciente usa medicamentos que não necessita;
• Idiossincrasia;
• O paciente apresenta uma reação adversa;
• Dose inferior/ paciente interrompe a medicação.

8 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA

Fonte: hipolabor.com.br

Segundo a resolução 586, de 29 de agosto de 2013, os farmacêuticos


assumem autorização para selecionar, iniciar, adicionar, substituir, ajustar, repetir ou
interromper a terapia farmacológica. Essa resolução surgiu devido à necessidade de
ampliar a cobertura dos serviços de saúde e aumentar a capacidade de resolução
desses serviços. A resolução se apoiou na informação de que a literatura internacional

34
aponta os benefícios da prescrição farmacêutica segundo diferentes modelos, tanto
quando realizada individualmente como em conjunto com uma equipe multidisciplinar
de saúde. Os relatos descrevem que o farmacêutico prescreve medicamentos
definidos em programas de saúde no âmbito dos sistemas públicos, em rotinas de
instituições ou conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas pré-
estabelecidas. A resolução legaliza a prática que acontece desde os tempos dos
boticários, em que o profissional recomenda algo ao paciente e essa recomendação
pode ser a seleção de uma opção terapêutica, a oferta de serviços farmacêuticos ou
o encaminhamento a outros profissionais de saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os Medicamentos Isentos
de Prescrição (MIPs) como substâncias aprovadas pelas autoridades sanitárias para
tratar sintomas e males menores, disponíveis sem prescrição ou receita médica,
desde que utilizados conforme as orientações disponíveis nas bulas e rotulagens.
A ANVISA regulamentou estes medicamentos pela RDC 138/03. A Resolução
nº 586, de 29 de agosto de 2013 (publicada em setembro 2014), do Conselho Federal
de Farmácia (CFF), com amparo na lei 13.021 / 14 e resolução 585, do CFF altera o
ato de prescrever como apenas uma recomendação de determinado medicamento ao
paciente.
Com a medida, os farmacêuticos podem realizar a prescrição de medicamentos
(não tarjados e que não exijam prescrição médica), além de outros produtos, com
finalidade terapêutica.
Fazem parte da resolução os medicamentos industrializados e preparações
magistrais (alopáticos ou dinamizados), plantas medicinais, drogas vegetais e outras
categorias ou relações de medicamentos que venham a ser aprovadas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para prescrição do farmacêutico.
O profissional de saúde pode também prescrever medicamentos cuja
dispensação exija prescrição médica, desde que condicionado à existência de
diagnóstico prévio e apenas quando estiver previsto em programas, protocolos,
diretrizes ou normas técnicas, aprovados para uso no âmbito de instituições de saúde
ou quando da formalização de acordos de colaboração com outros prescritores ou
instituições de saúde. Mas para o exercício da prescrição farmacêutica em casos de

35
medicamentos que exijam prescrição médica, será exigido, pelos Conselhos
Regionais de Farmácia (CRFs), o reconhecimento de título de especialista na área
clínica, com comprovação de formação que inclua conhecimentos e habilidades em
boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, comunicação interpessoal,
farmacologia clínica e terapêutica.
Para prescrição de medicamentos homeopáticos e manipulados, a exigência
será o título de especialista em Homeopatia ou Antroposófica.

8.1 O que é a prescrição farmacêutica?

O artigo 3º da Resolução CFF nº 586/2013 define prescrição farmacêutica


como: Ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e
não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente,
visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e
de outros problemas de saúde.
Trata-se de uma das atribuições clínicas do farmacêutico, estabelecida no
Capítulo I, art.7º, inciso XXVI da Resolução CFF nº 585/2013. Esta definição
estabelece uma compreensão ampliada do que é prescrição farmacêutica.
A prescrição é vista como um ato que está inserido no contexto do cuidado do
paciente e das atribuições clínicas do profissional, e que não se restringe à escolha e
recomendação documentada de medicamentos, mas também de terapêuticas não
farmacológicas e outras intervenções em saúde.
Os farmacêuticos têm uma formação específica em matérias que permitem um
conhecimento adequado sobre o medicamento, desde o seu desenvolvimento,
indicação, mecanismos de ação, doses, características farmacocinéticas e condições
seguras de uso. Além disso, face aos diferentes níveis de complexidade da prescrição
farmacêutica e à constante evolução do arsenal terapêutico, é necessário desenvolver
ações que aperfeiçoem a sua qualificação para prescrever. A regulamentação desta
atribuição pelo CFF influenciou positivamente a inserção do conteúdo correspondente
nos currículos de graduação de vários cursos de Farmácia do país, bem como a busca

36
de aperfeiçoamento pelos farmacêuticos analistas clínicos que optaram por atuar
nesta área.

8.2 Etapas no processo de prescrição

Segundo o Art. 7º, 8º e 9º da Resolução CFF nº586/2013.


O processo de prescrição farmacêutica é constituído das seguintes etapas:
I - identificação das necessidades do paciente relacionadas à saúde;
II - definição do objetivo terapêutico;
III - seleção da terapia ou intervenções relativas ao cuidado à saúde, com base
em sua segurança, eficácia, custo e conveniência, dentro do plano de cuidado;
IV - redação da prescrição;
V - orientação ao paciente;
VI - avaliação dos resultados;
VII - documentação do processo de prescrição.
No ato da prescrição, o farmacêutico deverá adotar medidas que contribuam
para a promoção da segurança do paciente, entre as quais se destacam:
I - Basear suas ações nas melhores evidências científicas;
II - tomar decisões de forma compartilhada e centrada no paciente;
III - considerar a existência de outras condições clínicas, o uso de outros
medicamentos, os hábitos de vida e o contexto de cuidado no entorno do paciente;
IV - estar atento aos aspectos legais e éticos relativos aos documentos que
serão entregues ao paciente;
V - comunicar adequadamente ao paciente, seu responsável ou cuidador, as
suas decisões e recomendações, de modo que estes as compreendam de forma
completa;
VI - adotar medidas para que os resultados em saúde do paciente, decorrentes
da prescrição farmacêutica, sejam acompanhados e avaliados.
A prescrição farmacêutica deverá ser redigida em vernáculo, por extenso, de
modo legível, observados a nomenclatura e o sistema de pesos e medidas oficiais,
sem emendas ou rasuras, devendo conter os seguintes componentes mínimos:

37
I - identificação do estabelecimento farmacêutico ou do serviço de saúde ao
qual o farmacêutico está vinculado;
II - nome completo e contato do paciente;
III - descrição da terapia farmacológica, quando houver, incluindo as seguintes
informações: a) nome do medicamento ou formulação, concentração/dinamização,
forma farmacêutica e via de administração; b) dose, frequência de administração do
medicamento e duração do tratamento; c) instruções adicionais, quando necessário.
IV - descrição da terapia não farmacológica ou de outra intervenção relativa ao
cuidado do paciente, quando houver;
V - nome completo do farmacêutico, assinatura e número de registro no
Conselho Regional de Farmácia;
VI - local e data da prescrição.

8.3 Benefícios da prescrição farmacêutica para os pacientes e para a


sociedade

A ausência ou carência de assistência ocasiona, frequentemente, a tomada de


decisões de tratamento, pela população, por conta própria, selecionando terapias que
em muitos casos não são efetivas, seguras e, portanto, contraindicadas, implicando
desfechos negativos na saúde e elevando os custos para os sistemas de saúde, o que
pode favorecer o agravamento da condição clínica, gerar novos problemas de saúde
e até mesmo retardar o diagnóstico precoce e o início de terapia efetiva e segura.
Os estabelecimentos farmacêuticos, pela capilaridade de sua distribuição
geográfica, e o farmacêutico, pela sua competência e disponibilidade, representam,
muitas vezes, a primeira e única possibilidade de acesso das pessoas ao cuidado em
saúde, especialmente para as famílias com piores condições socioeconômicas.
Ao regulamentar a prescrição farmacêutica, o Conselho Federal de Farmácia
possibilita ao farmacêutico cumprir sua missão perante a sociedade, qual seja a de
proporcionar aos pacientes o máximo de benefício possível dos medicamentos que
utilizam e o acesso a um serviço qualificado.
A boa atuação clínica do farmacêutico, que inclui o ato de prescrever,
relaciona–se ao desenvolvimento de competências (colocar em prática
38
conhecimentos e habilidades específicas em benefício do paciente), da existência de
processos de trabalho bem delineados, ambiente propício para o desempenho das
atividades, acesso à informação, gestão da prática, fiscalização sanitária e profissional
como instrumento de identificação de falhas, proposição de soluções e de
capacitação, assim como para coibir a má prática profissional.

8.4 Prescrição de medicamentos com venda sob prescrição médica

Fonte: pixabay.com.br

Para prescrição farmacêutica de medicamentos com faixa vermelha


(dispensação exige a prescrição médica) o farmacêutico prescritor deverá:
a) Possuir título de especialista ou de especialista profissional farmacêutico
na área clínica com comprovação de formação que inclua conhecimentos e
habilidades em boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia,
comunicação interpessoal, farmacologia clínica e terapêutica;
b) Ter o diagnóstico prévio;
c) Seguir programas, protocolos, diretrizes clínicas ou normas técnicas,
aprovados para uso no âmbito das instituições de saúde ou formalização de
acordos de colaboração com outros prescritores como médicos e
odontólogos.

39
Quando o farmacêutico decide como conduta encaminhar o paciente a outro
profissional da saúde, ele precisa garantir que, tanto o usuário, quanto o profissional
compreendam o motivo da recomendação feita pelo farmacêutico.
Este procedimento tem como objetivo a compreensão do outro profissional a
respeito do raciocínio clínico utilizado pelo farmacêutico, assim como, da conduta
selecionada. O documento formaliza a comunicação com outros profissionais.
A garantia da provisão de serviços e produtos para o cuidado das pessoas é
um problema de saúde coletiva. A dimensão da necessidade de acesso e utilização a
recursos terapêuticos e propedêuticos é superior à capacidade de financiamento e
provisão dos sistemas de saúde. A população, em decorrência da ausência ou
carência de assistência médica, frequentemente, toma decisões de tratamento por
conta própria, selecionando terapias que em muitos casos não são efetivas, seguras
e, portanto, contraindicadas. Isto pode favorecer o agravamento da sua condição
clínica, gerar novos problemas de saúde e até mesmo retardar o diagnóstico precoce
e o início de terapia efetiva e segura. A carência de acesso e da utilização dos
recursos assistenciais implicam desfechos negativos dos problemas de saúde das
pessoas, elevando os custos para os sistemas de saúde.
Os estabelecimentos farmacêuticos, pela capilaridade de sua distribuição
geográfica, e o farmacêutico, pela sua competência e disponibilidade, representam,
muitas vezes, a primeira possibilidade de acesso das pessoas ao cuidado em saúde,
especialmente para as famílias com piores condições socioeconômicas. O
farmacêutico, apesar de representar um profissional estratégico para o sistema de
saúde, nesta conjuntura, costuma ser subutilizado.
No mundo contemporâneo, os modelos de assistência à saúde passam por
profundas transformações resultantes da demanda por serviços, da incorporação de
novas tecnologias e dos desafios de sustentabilidade do seu financiamento. Esses
fatores provocam mudanças na forma de produzir o cuidado à saúde das pessoas, a
um tempo em que contribuem para redefinição da divisão social do trabalho entre as
profissões da saúde.
A ideia de expandir para outros profissionais, entre os quais o farmacêutico,
maior responsabilidade no manejo clínico dos pacientes, intensificando o processo de

40
cuidado, tem propiciado alterações nos marcos de regulação em vários países. Com
base nessas mudanças, foram estabelecidas, entre outras, a autorização para que
distintos profissionais possam selecionar, iniciar, adicionar, substituir, ajustar, repetir
ou interromper a terapia farmacológica. Essa tendência surgiu pela necessidade de
ampliar a cobertura dos serviços de saúde e incrementar a capacidade de resolução
desses serviços.
É fato que, em vários sistemas de saúde, profissionais não médicos estão
autorizados a prescrever medicamentos. É assim que surge o novo modelo de
prescrição como prática multiprofissional. Esta prática tem modos específicos para
cada profissão e é efetivada de acordo com as necessidades de cuidado do paciente,
e com as responsabilidades e limites de atuação de cada profissional. Isso favorece o
acesso e aumenta o controle sobre os gastos, reduzindo, assim, os custos com a
provisão de farmacoterapia racional, além de propiciar a obtenção de melhores
resultados terapêuticos.
Apesar disso, discutir prescrição farmacêutica não é tarefa fácil. Nós, os
farmacêuticos, muitas vezes tivemos receio de usar termos como: consulta
farmacêutica, diagnóstico farmacêutico, consultório farmacêutico, prescrição
farmacêutica. Estes termos e expressões, que ainda são considerados como "tabus"
no Brasil, fazem parte da linguagem técnica dos farmacêuticos em vários países, há
mais de uma década. Em nosso país, frequentemente, justificamos a não pertinência
de utilizá-los, recorrendo a eufemismos, tais como: atendimento farmacêutico, sala de
serviços farmacêuticos, indicação farmacêutica, automedicação responsável,
orientação farmacêutica, dispensação documentada, entre outros. Em outras
profissões da saúde, como a enfermagem, a nutrição e a fisioterapia, não se percebe
este mesmo receio. Isso pode ter contribuído para o avanço significativo das mesmas
em seu papel no cuidado dos pacientes.
Após a análise das 229 manifestações encaminhadas em resposta à Consulta
Pública no. 06 de 2013, decidiu-se pela elaboração deste documento, com o objetivo
de discorrer não somente sobre o posicionamento favorável de 85% das contribuições
enviadas, mas também, e principalmente, a respeito das questões mais recorrentes,
e que, em síntese, versam sobre:

41
1. A definição e o escopo da prescrição;
2. A competência do CFF em regular este tema e a legalidade da regulação;
3. A formação/qualificação/certificação do farmacêutico para prescrever; e,
4. O alegado conflito de interesse entre prescrever e comerciar medicamentos.
A prescrição é uma das atribuições clínicas do farmacêutico e deverá ser
realizada com base nas necessidades de saúde do paciente. Esta resolução encerra
a concepção de prescrição como a ação de recomendar algo ao paciente. Tal
recomendação pode incluir a seleção de opção terapêutica, a oferta de serviços
farmacêuticos ou o encaminhamento a outros profissionais ou serviços de saúde. O
ato de prescrever não constitui um serviço clínico per se, mas uma das atividades que
compõem o processo de cuidado à saúde.
Esta é uma concepção ampliada da prescrição, para além da seleção de
medicamentos. Visão similar a esta é adotada por outras profissões da saúde e
representa uma estratégia para a inserção desta atividade no sistema de saúde, na
medida em que atendem às necessidades dos pacientes de forma ampla e minimiza
a sobreposição de áreas de atuação exclusivas de outras categorias profissionais.
Com relação aos medicamentos e outros produtos para à saúde que podem
ser prescritos por farmacêutico, a presente proposta de resolução está alinhada com
a regulamentação sanitária vigente. Além disso, cria a base legal para a prescrição
farmacêutica de novas categorias de medicamentos que venham a ser aprovadas pelo
órgão sanitário federal.
Em todos os países em que ocorre prescrição farmacêutica de medicamentos,
esta foi implantada com base em uma hierarquização clara da autonomia do
farmacêutico em prescrever, de acordo com a complexidade da terapia, do serviço,
da formação e certificação do profissional, e dos tipos de produtos autorizados pelo
órgão sanitário.
Com base nessas experiências internacionais, foram estabelecidos dois tipos
possíveis de prescrição farmacêutica de medicamentos:
a) O farmacêutico poderá realizar de forma independente a prescrição de
medicamentos cuja dispensação não exija prescrição médica.

42
b) Com relação aos medicamentos tarjados ou cuja dispensação exija a
prescrição médica, a resolução possibilita que o farmacêutico especialista exerça o
papel de prescritor, tanto para iniciar como para fazer modificações na farmacoterapia,
desde que existam programas, protocolos, diretrizes clínicas ou normas técnicas
aprovadas para uso no âmbito das instituições de saúde, ou quando da formalização
de acordos de colaboração com outros prescritores, como médicos e odontólogos.

8.5 Prescrição farmacêutica de MIPs

Os Manuais para Dispensação de MIPs disponibilizados pelo CRF têm o


objetivo de auxiliar os farmacêuticos na dispensação desses medicamentos. Eles
foram desenvolvidos a partir de doenças ou sintomas que normalmente acometem a
população, como os seguintes:
• Cefaleia e enxaqueca.
• Diarreia.
• Dor.
• Febre.
• Gripe.
• Infecções fúngicas de pele.
• Resfriado.
• Rinite alérgica.
• Tosse.

ABIMIP – Associação Brasileira da Indústria dos MIPs é uma entidade que


congrega os principais fabricantes de origem nacional e internacional destes
medicamentos que são conhecidos internacionalmente como Over-the-Conter
(OTCs). A associação zela pelo uso responsável desses medicamentos e é contra a
prática da automedicação, que é a prática de utilizar medicamentos tarjados, isto é,
aqueles que exigem prescrição sem orientação de um médico.
A ABIMIP apresenta os benefícios do uso responsável de MIPs:
• Diminuição de custos pelo sistema de saúde.
• Otimização de recursos governamentais.
43
• Diminuição de custos aos usuários.
• Conforto ao usuário que não vai precisar procurar um serviço de saúde
para tratar um problema conhecido.
• Melhor qualidade de vida, quando tratamos de produtos de caráter
preventivo como vitaminas e antioxidantes.
Na prática clínica, quando devemos avaliar que o uso do MIP deve ser sucedido por
uma consulta médica:
• Quando os sintomas persistirem.
• Quando os sintomas piorarem ou se o paciente tiver uma recaída.
• Se o paciente tiver dores agudas.
• Se o paciente tiver tentado um ou mais medicamentos sem sucesso.
• Quando surgirem reações adversas.
• Quando o paciente apresentar sintomas psicológicos como: ansiedade,
depressão, agitação entre outros.
• Se o paciente estiver convencido da gravidade dos seus sintomas.

Lembrando que se deve dar uma atenção especial nos casos de gravidez e
aleitamento, assim como em bebês e crianças.

8.6 Medicamentos Isentos de prescrição

Em 2010, o Conselho Regional de Farmácia publicou o Fascículo II do Projeto


Farmácia Estabelecimento de Saúde – Medicamentos Isentos de Prescrição, nesse
documento apresenta os MIPs e apresenta nove manuais para dispensação de MIPs.
Os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP), também chamados de OTC (sigla em
inglês – over the conter que quer dizer sobre o balcão) e segundo o Ministério da
Saúde são aqueles cuja dispensação não requerer autorização, ou seja, receita
expedida por profissional. Como os MIPs são indicados para doenças que podem ser
consideradas de alta morbidade e baixa gravidade e são considerados de elevada
segurança de uso, eficácia comprovada cientificamente ou de uso tradicionalmente
reconhecido, de fácil utilização e baixo risco de abuso, como os analgésicos e
antiácidos, podem ser vendidos ou comprados sem apresentação de receita médica.
44
Assim, o fácil acesso a esses medicamentos torna-os diretamente ligados à
automedicação. A prática da automedicação tornou-se comum devido à dificuldade
de conseguir atendimento médico, e embora essa prática seja condenada por muitas
pessoas, quando realizada de forma correta, pode ser desejável. Segundo o
documento apresentado pelo CRF (2010), a dispensação de medicamentos, isentos
ou não de prescrição, deve ser entendida como um processo de atenção à saúde.
Quando a dispensação for acompanhada de uma orientação adequada, os riscos
referentes aos medicamentos diminuem, contribuindo para que os estabelecimentos
farmacêuticos sejam verdadeiros estabelecimentos de saúde.

8.7 Uso irracional de medicamentos: uma problemática mundial

De todos os medicamentos, cerca de 50% são prescritos e dispensados de


forma incorreta. A falta de implementação de políticas básicas para promover o uso
racional de medicamentos e o uso abusivo, insuficiente ou impróprio desses produtos
acabam lesionando a população e desencadeando desperdícios dos recursos
públicos.
Diversos fatores contribuem para essa prática incomum como: pouco
conhecimento teórico-prático que desencadeia diagnósticos incompletos das doenças
podendo resultar na escolha inadequada do tratamento, muitos prescritores obtêm
informações sobre o tratamento a partir de campanhas farmacêuticas, não se
reportando às fontes baseadas em evidências, a fácil aquisição e disponibilidade de
medicamentos sem a necessidade de apresentação da receita médica, a busca
através da internet por medicamentos caros, com preços mais convidativos e sem
qualidade assegurada, a ausência de políticas farmacêuticas que induzem medidas e
infraestruturas apropriadas para monitorar e regulamentar o uso de medicamentos e
a sobrecarga de trabalho dos profissionais da saúde que pode resultar em ações de
saúde deficientes.
Toda essa ausência de estrutura acaba conduzindo os pacientes a adotarem
novos hábitos culturais, induzindo ao uso incorreto de medicamentos como a
polifarmácia, o uso indiscriminado de antibióticos, a prescrição não orientada por

45
diretrizes, a automedicação inapropriada e o fácil acesso ao desmedido armamentário
terapêutico disponibilizado no comércio. O uso irracional de medicamentos além de
afetar diretamente todos os países, pode desencadear graves consequências que se
tornam gradativamente nocivas à saúde dos pacientes, como a resistência a
antibióticos, a presença de reações adversas, o desperdício de recursos e a perda de
confiança, muitas vezes gerada pela ausência da ação farmacológica esperada, já
que houve, anteriormente, um uso excessivo do fármaco em questão.
Para que toda essa problemática tenha seu impacto na saúde reduzido, é
necessária a elaboração de estratégias que facilitem a comunicação entre o prescritor,
paciente e o farmacêutico, proporcionando, assim, o uso racional do medicamento.

8.8 O papel do farmacêutico na Atenção Farmacêutica quanto ao uso racional


de medicamentos

Entre as intervenções fundamentais para promover o uso racional de


medicamentos está a prática da Atenção Farmacêutica. Esse processo é conceituado
como uma atividade profissional em que o paciente é o principal beneficiário das ações
do farmacêutico. Nela são incluídas atitudes, cuidados, compromissos,
comportamentos, funções, conhecimentos, valores éticos, responsabilidades e
habilidades do profissional farmacêutico na prestação da farmacoterapia, buscando
obter resultados terapêuticos baseados nos indicadores de saúde e na qualidade de
vida dos pacientes.
Para o desenvolvimento dessa prática, são necessárias ações que, ancoradas
ao tripé farmacêutico-paciente-medicamento, possibilitem usar estratégias educativas
como o aconselhamento terapêutico que irá contribuir não só para o uso correto de
medicamentos, mas também propiciar benefícios individuais, institucionais e
nacionais.
No caso do usuário, a escolha racional proporciona mais garantia de benefício
terapêutico (eficácia e segurança) com menor custo, contribuindo para o cuidado
integral à saúde. Para os órgãos institucionais há melhora no padrão de atendimento,
maior resolução do sistema e redução dos gastos.

46
Em nível nacional, essas atitudes racionais acarretam consequências positivas
sobre a morbimortalidade e qualidade de vida da população, aumentando a confiança
do usuário na atenção à saúde pública.
Para que o uso racional de medicamentos seja estabelecido, é necessário que
a concepção de medicamento seja consolidada como instrumento de saúde e não
como uma mercadoria.
É preciso confirmar a necessidade do uso do medicamento para que o mesmo
seja receitado de forma apropriada de acordo com a eficácia e segurança
comprovadas e aceitáveis. O fármaco deve ser prescrito adequadamente na forma
farmacêutica correspondente, dose e período de duração do tratamento, que esteja
disponível a um preço acessível, que responda sempre aos critérios de qualidade
exigidos, se dispense em condições adequadas, com responsabilidade e com todas
as informações necessárias para que se cumpra a terapêutica prescrita da melhor
maneira possível.
A partir dessas informações, pode-se enfatizar a importância da humanização
no atendimento pelo profissional farmacêutico, proporcionando ao paciente a
habilidade de seguir seu tratamento corretamente, tendo acesso às informações de
que necessita, a fim de ser capaz de desenvolver, de forma correta, o seu
autocuidado, transformando a adesão ao tratamento num processo dinâmico.
É importante lembrar que os farmacêuticos são os únicos profissionais de
saúde com potencial e formação para exercer a Atenção Farmacêutica no uso racional
de medicamentos, pois toda sua bagagem de conhecimento acerca do medicamento
direciona sua base de formação ao bem-estar físico, mental e social dos pacientes,
permitindo uma visão de integralidade do ser humano.
Orientações básicas para o uso correto de medicamentos Como a Atenção
Farmacêutica é uma prática profissional que permite ganhos positivos ao paciente,
cabe ao profissional realizar serviços de educação em saúde que garantam ao usuário
o acesso às informações quanto ao uso racional de medicamentos Dentre as diversas
etapas da educação em saúde, a dispensação torna-se uma das mais importantes,
pois ela é uma das últimas oportunidades dentro do sistema de saúde que permite

47
identificar, corrigir ou reduzir possíveis riscos associados à terapêutica
medicamentosa.
A dispensação caracteriza-se por atender um paciente específico, que terá
características e necessidades também específicas e que devem ser levadas em
conta no momento do atendimento. É exatamente nessa hora que são estabelecidas
oportunidades ímpares para a contribuição do farmacêutico no uso racional de
medicamentos. Isso pode ser realizado por diversos procedimentos que nem sempre
são adequadamente valorizados, mas que fazem toda a diferença na saúde do
usuário em questão.
Durante a dispensação, é imprescindível que o farmacêutico forneça
orientações necessárias que irão compreender toda a logística do uso correto de
medicamentos, indo desde a avaliação da prescrição até o acondicionamento correto
dos mesmos na farmácia caseira. Principais políticas para promover o uso racional
dos medicamentos. Embora o papel do farmacêutico seja fundamental no processo
de Atenção Farmacêutica para tornar o paciente beneficiário no uso correto de
medicamentos, algumas estruturas políticas e administrativas precisam ser
reorganizadas para fortalecerem essa prática e, consequentemente, reduzirem os
grandes agravos que acometem a saúde pública.

9 A IMAGEM PROFISSIONAL: O FARMACÊUTICO

Fonte:g1.globo.com
48
Construir e conservar uma boa imagem não pode estabelecer um fim em si
mesmo. Para cultivar uma imagem apropriada e maximizar seu valor intrínseco, a
imagem deve ser o reflexo de um bom produto, de uma boa empresa, de uma boa
pessoa ou de um bom trabalho.
Nos serviços de saúde e, em particular, na farmácia, a verificação da imagem
que os diversos grupos de pessoas que, de alguma maneira, interagem com a
profissão, constitui-se em importante marco para o seu direcionamento estratégico. A
imagem é capaz de influenciar e direcionar o comportamento da sociedade em geral.
O farmacêutico precisa adaptar suas funções de acordo com a realidade. Ele
deve possuir, além de conhecimentos específicos sobre o uso de medicamentos e
acompanhamento farmacoterapêutico, conhecimentos e habilidades administrativas,
pois as farmácias são empresas e é necessário desenvolver, ainda, uma visão
comercial para determinar um plano de negócio compatível, que garanta a sua
ratificação no segmento em que atua. Por outro lado, farmacêuticos sugerem que o
reconhecimento e a valorização da profissão não se apresentam atualmente
compatíveis com a magnitude da sua relevância. Acredita-se que diversos fatores
podem estar favorecendo a esse problema. Entre eles, pode-se destacar:
a) o baixo conhecimento que a sociedade possui em relação às atribuições e
ao papel do profissional farmacêutico;
b) farmacêuticos podem não possuir conhecimentos necessários sobre
marketing de serviços, o que pode gerar uma baixa qualidade na prestação dos
serviços aos clientes e, desvalorização profissional;
c) a carência de uma estratégia consistente na projeção da imagem da
profissão de farmacêutico;
d) a inadequação de estratégias pelo Conselho Federal e conselhos regionais
de farmácia de posicionamento da profissão em razão da amplitude de atuação
profissional.
Existem no mercado farmacêutico brasileiro 398 indústrias farmacêuticas
nacionais e multinacionais registradas. O Brasil ocupa lugar de destaque no cenário
farmacêutico mundial, por ser um dos países que mais cresce, da mesma forma que
outros emergentes como a China e a Índia. O maior mercado do mundo é o norte-

49
americano, seguido pelos japoneses, alemão e francês. Ainda, o mercado
farmacêutico brasileiro ocupa a décima colocação no mercado mundial, colaborando
com 2,3% das vendas totais de medicamentos do mundo. Conforme dados do
Conselho Federal de Farmácia (2013), existem hoje no Brasil 416 cursos de
graduação em Farmácia, e o número de farmácias chega a 66,5 mil.
O profissional farmacêutico possui diversos significados, podendo-se destacar
a sua importância, competência, necessidade e referência para a saúde pública, a
responsabilidade profissional, além do seu amplo conhecimento sobre os
medicamentos. Quanto aos aspectos tangíveis sublinhados pelos stakeholders,
relacionados à identificação do profissional farmacêutico, os resultados da pesquisa
indicaram que a imagem está relacionada à postura, à maneira de se vestir desse
profissional e à sua identificação visual. O crachá portado pelo profissional e a
vestimenta branca (jaleco) utilizados durante o ambiente de trabalho foram os pontos
mais citados, mas placas e quadros com o nome e a imagem do farmacêutico afixados
no estabelecimento também são objetos utilizados pelos pacientes para identificarem
o profissional. Quanto à postura como objeto de identificação profissional algumas
sentenças foram relevantes para relacionar com a estima e o conhecimento do
profissional pela sociedade. A distância criada pelo farmacêutico em relação ao
paciente nos estabelecimentos tem levado a uma imagem negativa dessa profissão
na visão dos stakeholders.
A qualidade do trabalho do farmacêutico é avaliada pela sua educação,
acolhimento, atendimento, disponibilidade e atenção prestada à sociedade, sua
atitude enquanto profissional de saúde, postura ética e pelos conhecimentos
adquiridos sobre os medicamentos.
Quando foi analisada a imagem negativa do profissional farmacêutico nessa
dimensão, foram citados os seguintes fatores que podem contribuir para tal fato: a
prescrição de um medicamento errado, a sua ausência no estabelecimento, a falta de
conhecimento técnico, a dificuldade de acesso, a irresponsabilidade e o foco no
interesse comercial, esquecendo-se da prestação de saúde à sociedade.
A ausência do profissional no estabelecimento é um ponto muito relevante, pois
se este não estiver presente ao ser procurado pelo paciente, não haverá prestação de

50
serviços farmacêuticos e, o paciente pode buscar orientação do balconista ou se
automedicar. Essa ausência gera uma imagem negativa da profissão. Isso também
acontece quando o cliente, ao procurar uma orientação para um tratamento de saúde,
recebe uma prescrição farmacêutica com excesso de medicamentos ou sem uma
informação devida. O paciente se sente enganado, pois percebe o foco da atuação do
profissional muito mais comercial do que um agente cuidador da saúde. Nesse
sentido, verifica-se uma grande interação entre o profissional farmacêutico e o usuário
do seu serviço, que buscam por profissionais com habilidades e capacidades
adequadas para atenderem às suas exigências específicas, como pode ser observado
nos depoimentos anteriores. Um prejuízo para a imagem dessa profissão pode vir de
uma experiência negativa com o usuário, uma vez que a configuração do atendimento
é personalizada e, busca satisfazer as necessidades e os desejos de cada cliente.
Verifica-se que a dimensão funcional está mais relacionada à atuação do
farmacêutico em farmácias e drogarias pela relação direta com a orientação sobre o
uso de medicamentos. Isso demonstra uma visão limitada que muitos possuem das
áreas de atuação do farmacêutico.
A presença do farmacêutico no local de trabalho é fundamental, sendo um
ponto relevante para a sociedade, principalmente na farmácia, que foi a área mais
citada pelos entrevistados, entre as várias em que o farmacêutico pode atuar. A
presença desse profissional pode prevenir o uso incorreto dos medicamentos, bem
como a aquisição destes de forma incorreta.
Outras áreas de atuação e atividades do farmacêutico foram relatadas, como a
farmácia hospitalar, laboratórios, indústria, farmácia de manipulação, gestão do
estabelecimento, organização e logística, além do atendimento ao cliente em
consultórios, que ainda é pouco divulgado. Entretanto, existe grande relação a
imagem do farmacêutico a um profissional que trabalha em farmácias e drogarias.
O acolhimento, a abordagem correta no atendimento e a execução das
atividades são essenciais na execução das atividades desse profissional. O
conhecimento adquirido e a forma de orientar e transmitir essa informação são
fundamentais para a sociedade. O encaminhamento do cliente a um profissional

51
médico, quando o farmacêutico não possui conhecimento sobre a causa, também foi
citado por alguns dos entrevistados.
Os serviços farmacêuticos prestados nas farmácias e drogarias também foram
citados pelos entrevistados como uma atividade profissional, incluindo as atividades
clínicas e a prescrição farmacêutica, recentemente regulamentada pelo Conselho
Federal de Farmácia, mas ainda pouco conhecida pela sociedade.
Na percepção da população, o farmacêutico realmente executa as atividades
de orientar e vender medicamentos, ou seja, a dispensação farmacêutica em
farmácias foi a atividade mais lembrada pelos respondentes.
Entretanto, para alguns, a atuação do farmacêutico somente com a intenção de
vender medicamentos, deixando de lado o cuidado com a saúde, é um ponto negativo
no exercício de sua profissão.
Na farmácia, o farmacêutico também realiza atividades burocráticas
relacionadas à legislação e ao gerenciamento do estabelecimento. Essas atividades
administrativas executadas atualmente pelo farmacêutico estão afastando o
profissional do usuário, pois há uma diminuição do tempo disponível para a orientação
aos clientes, prejudicando o serviço prestado à sociedade.
A assistência e o atendimento aos clientes foram citados como as principais
atividades a serem desempenhadas pelo farmacêutico, mas não estão sendo
realizadas de acordo com a necessidade dos usuários. Falta uma assistência de forma
individualizada, o que impede a fidelidade ao profissional pelo cliente, situação que
acontecia de forma natural no passado. Uma imagem negativa do profissional pode
ser gerada, também, quando o farmacêutico é procurado na farmácia em busca de
uma orientação e não é encontrado pelo cliente. A presença com falta de assistência
também é percebida como um ponto negativo.
Em meio a inúmeras necessidades e demandas, os serviços farmacêuticos não
são considerados prioritários na disputa por recursos nos orçamentos da saúde
pública. A sua importância ainda não está clara para a maioria dos gestores públicos
e tampouco para os líderes do setor privado das farmácias comunitárias. Isso pode
ser lido indiretamente no reduzido número de vagas dentro do SUS, e na realidade

52
sobejamente conhecida pela população brasileira da ausência do profissional dentro
das farmácias.
Todo esse movimento atual é ainda pequeno diante das dimensões da
categoria profissional e dos problemas vividos pelo ensino nas universidades, haja
vista o pequeno número ainda de profissionais envolvidos e a insipiente organização
de grupos de professores atuantes nessa área nas academias. Isso realça a
importância da sensibilização e adesão de um número cada vez maior de profissionais
para o resgate deste papel social do farmacêutico.
Observa-se hoje uma fase de ruptura do paradigma tecnicista e de
reconstrução de uma identidade social, ainda insipiente e conflituosa em sua
construção. Não obstante a definição de um consenso, este ainda parece incapaz de
realmente reunir os diversos atores em um forte movimento de mudança, implicando
uma articulação com a reorganização do serviço e uma nova postura perante a
sociedade e os demais profissionais da saúde.

53
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