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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4
3 FARMACOCINÉTICA ................................................................................. 7
5 FARMACODINÂMICA............................................................................... 16
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8.8 O papel do farmacêutico na Atenção Farmacêutica quanto ao uso
racional de medicamentos ..................................................................................... 46
10 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 54
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 INTRODUÇÃO A FARMACOLOGIA CLÍNICA: ÊNFASE AO CUIDADO
FARMACÊUTICO E PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA
Fonte: portal.crfsp.org.br
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e deve fazer o acompanhamento e/ou encaminhamento ao médico caso a queixa do
paciente persista.
Deste modo, o profissional também responde pelo compromisso de prevenir,
identificar e resolver os problemas relacionados aos medicamentos (PRM), o que se
traduz em segurança para o usuário.
Vista a importância da prescrição responsável, é imprescindível ao
farmacêutico conhecer profundamente as formas farmacêuticas e vias de
administração de medicamentos, bem como a farmacocinética e a farmacodinâmica,
divisões da farmacologia.
Fármacos administrados em diferentes formas farmacêuticas e vias de
administração são considerados novos medicamentos pela Food and Drug
Administration (FDA) e devem ser avaliados individualmente, nos estudos clínicos de
determinação da dose eficaz. Na prática terapêutica, os fármacos devem ser capazes
de atingir um local de ação específico após a administração por uma via específica.
Uma substância química pode ser administrada na forma de pró-fármaco, ou seja, em
uma forma inativa e assim somente após absorção e distribuição é então convertida
ao fármaco ativo pelos processos biológicos no interior do corpo.
Neste material didático abordaremos o assunto, mostrando que existem
vantagens para administração do fármaco na forma inativa.
Sobretudo iremos abordar tópicos importantes para uma boa prática de
prescrição, como:
• Conceitos mais importantes em Farmacologia.
• Compreender a conformação e estrutura dos receptores.
• Compreender locais de ação de medicamentos.
• Discutir sobre o uso racional de medicamentos.
• Apresentar aspectos sobre interações medicamentosas.
• Finalizar com os conceitos e aspectos da automedicação responsável de MIPs.
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3 FARMACOCINÉTICA
Fonte: pixabay.com.br
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depois de provocar o seu efeito, o fármaco deve ser eliminado a uma velocidade
razoável por excreção do corpo.
Em alguns casos, a substância química administrada é absorvida
imediatamente e distribuída e somente depois é convertida no fármaco ativo pelos
processos biológicos no interior do corpo. Esses são chamados de pró-fármaco.
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• Fármacos recíprocos.
Pró-fármacos clássicos promovem a melhoria da atividade terapêutica por
aumento de biodisponibilidade, diminuição da toxicidade, prolongamento da ação,
aumento da seletividade, mediante a escolha de transportador adequado, geralmente
de caráter lipofílico. Um exemplo é o Valaciclovir, pró-fármaco do Aciclovir.
Bioprecursores: não apresentam transportadores e são obtidos por
modificações moleculares. Como exemplo são os medicamentos: Azitromicina (AZT),
Metronidazol e Enalapril.
Pró-fármacos mistos: têm características de pró-fármacos clássicos e de
bioprecursor. É uma molécula inerte que requer várias reações químicas para a sua
conversão à forma ativa. O sistema CDS (Chemical Delivery System) é um exemplo.
Foi originalmente empregado para liberação da forma ativa no cérebro. Nesse
sistema, o transportador é biotransformado após atravessar a barreira
hematoencefálica (BHE), sofrendo primeiramente oxidação e assim tornando-se
positivamente carregado e acumulando-se no SNC, onde sofre em seguida, reação
de biotransformação para liberar o fármaco ativo.
Vários fármacos foram desenvolvidos utilizando o sistema CDS, como por
exemplo, para doença de Alzheimer foram desenvolvidos vários pró-fármacos anti-
inflamatórios derivados de diclofenaco e do ibuprofeno.
Fármacos dirigidos, os transportadores utilizados nesta forma latente são
capazes de transportar os fármacos seletivamente do local de administração até o
sítio de ação (receptores específicos). O objetivo principal do fármaco dirigido é
minimizar as reações adversas provocadas pela ação inespecífica do fármaco em
outros alvos, diminuindo, pois, a toxicidade.
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3.2 Absorção
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consideração tanto a absorção quanto a degradação metabólica local. A absorção
diretamente a partir da cavidade oral, que acontece nas administrações sublinguais,
é muito útil quando existe necessidade de obter uma resposta rápida, particularmente
quando o fármaco é instável em pH gástrico ou é rapidamente metabolizado pelo
fígado. Como por exemplo, o Trinitrato de glicerina que é absorvido pela boca (via
sublingual) e passa diretamente para a circulação sistêmica sem penetrar no sistema
portal, escapando, do metabolismo de primeira passagem.
3.3 Distribuição
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Os compostos são removidos do organismo para o meio externo através do
processo chamado excreção. A remoção de um fármaco do organismo humano pode
ocorrer através de várias vias: renal, biliar, intestinal, pulmonar, além do suor, saliva,
secreção nasal, e, leite materno. A principal via de excreção de fármacos é constituída
pelo sistema renal, entretanto há outras vias de grande importância, como por
exemplo, a via pulmonar (muito importante para fármacos voláteis como o álcool e
anestésicos gasosos), leite materno, sistema biliar (é uma via muito importante para
fármacos que dependem do ciclo enterohepático como os contraceptivos hormonais,
cloranfenicol, tetraciclinas, rifampicina e digoxina), lágrimas, saliva (atualmente muitos
fármacos e substâncias endógenas tem sido monitorados por meio de sua
concentração salivar), suor, fecal entre outras.
Fonte: NatueLife.com.br
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administração e a formulação terapêutica influenciam diretamente na
biodisponibilidade de um medicamento. Além disso, ambos podem ser fatores
importantes na adesão do paciente ao tratamento.
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Fonte: ANSEL, 2007.
5 FARMACODINÂMICA
Fonte: uss.cl/medicina/curso-farmacocinetica-aplicada/
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das células para produzirem efeito.
• Receptores: qualquer molécula a qual uma substância se liga para iniciar seus
efeitos.
Sítios de ligação:
• Proteínas alvo;
• Enzima;
• Molécula transportadora;
• Canal iônico;
• Receptor.
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Figura adaptada: BARREIRO, 2001.
Fonte: qnint.sbq.org.br/novo/index.php?hash=tema.15
Receptores
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• Tipos 4: receptores nucleares.
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Fonte: WordPress.com
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Fonte: RANG, 2007.
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• Receptores tirosina quinase (RTKs) incorporam uma porção de tirosina
quinase na região intracelular desse receptor. Fosforilam proteínas que
tenham resíduos de tirosina. Os receptores de insulina são RTKs, assim como
os receptores para fator de crescimento epidérmico e neural.
• Receptores de serina/treonina quinases fosforilam resíduos de serina e/ou
treonina. Exemplo: fator de transformação de crescimento.
• Receptores de citocinas não possuem atividade enzimática intrínseca. Atuam
ativando proteínas quinases citosólicas. Exemplo: receptores de citocinas,
fatores estimuladores de colônias e hormônios do crescimento.
• Receptores associados à guanilil ciclase: a porção enzimática é guanilil
ciclase, e regula a formação de GMPc através da hidrólise de GTP.
Mecanismo da fosforilação:
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6 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Fonte: jornaldoreboucas.com.br
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intestinal: que afetam o equilíbrio de dissociação de medicamentos ácidos ou bases
fracas. Como exemplo, a administração de antiácidos diminui a absorção de
fenobarbital, pois ao aumentar o pH, predomina a forma ionizada que é menos
lipossolúvel. Alteração da velocidade do esvaziamento gástrico e ou motilidade
intestinal: Alguns medicamentos inibem o esvaziamento gástrico, como a
escopolamina ou opiáceos como morfina e codeína, ou podem acelerar o
esvaziamento como metoclopramida. Os medicamentos que aumentam a velocidade
de esvaziamento, geralmente promovem um aumento da eliminação da substância,
diminuindo seus efeitos e aqueles que diminuem o esvaziamento são perigosos no
caso de ingestão de substâncias tóxicas que poderão ficar mais tempo no organismo,
assim potencializando seus efeitos.
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A inibição enzimática de sistemas como, por exemplo, do citocromo p450, das
colinesterases e monoaminoxidases (MAO), promovem a lentificação da
biotransformação do próprio medicamento e de outros que tenham sido administrados
concomitantemente. Nesse processo, ocorre o acúmulo de substâncias no organismo,
podendo assim ocorrer potencialização dos seus efeitos e aumento de toxicidade. Um
exemplo interessante é a administração de alguns medicamentos com suco de toranja
(grapefruit), que reduz a biotransformação da terfenadina e de outros fármacos como
paroxetina, por inibir a enzima Citocromo CYP3A4 e assim esses medicamentos não
são biotransformados e têm o efeito potencializado por não serem excretados do
organismo. Já na indução enzimática, um fármaco promove o aumento da ação de
algum sistema enzimático, promovendo o aceleramento do processo de
biotransformação de fármacos que serão eliminados do organismo mais rapidamente
e assim seus efeitos serão diminuídos ou não apresentarão efeito. A indução
enzimática pode causar toxicidade de um segundo fármaco, se os seus efeitos tóxicos
são mediados por um metabólito. A toxicidade do paracetamol é o caso, ela é causada
pela N-acetil-p-benzoquinonaimina, que é formada pelo citocromo p450.
Consequentemente, o risco de lesão hepática séria após uma dose excessiva de
paracetamol e aumentada em pacientes cujo sistema citocromo p450 tenha sido
induzido, por exemplo, com o uso crônico de álcool. Aqui então temos dois
exemplos diferentes, no primeiro caso, o próprio medicamento (paracetamol) está
gerando a indução, pois o aumento da dose do medicamento proporciona um
aumento na biotransformação pelo sistema citocromo p450, considerando que em
doses terapêuticas a maior parte do fármaco é conjugado ao ácido glicurônico ou ao
sulfato, porém o organismo não promove a formação dos metabólitos conjugados
quando em doses acima da terapêutica, assim o sistema citocromo p450 é
recrutado mas promove formação do metabólito tóxico citado anteriormente que
causa morte celular. No outro exemplo, o álcool que é um indutor enzimático do
citocromo p450, quando administrado junto com o paracetamol, promove a
biotransformação por essa via, promovendo a formação dos metabólitos tóxicos. Em
alguns casos, essas interações podem ser benéficas como por exemplo a indução
enzimática provocada pela administração de fenobarbital em prematuros para induzira
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glucuronil transferase, portanto, aumentando a conjugação da bilirrubina e reduzindo
o risco de icterícia.
Interações farmacodinâmicas
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Antagonismo: o efeito de um fármaco pode ser diminuído ou abolido na
presença de outro, e isso pode ocorrer através de vários mecanismos:
Antagonismo competitivo: descreve a situação comum em que uma substância é
ligada seletivamente a determinado tipo de receptor sem ativá-lo e impede a ligação
deum fármaco agonista.
Antagonismo não competitivo: o antagonista bloqueia, em algum ponto, a
cadeia de eventos que leva à produção de uma resposta pelo agonista. Antagonismo
químico: nesse caso, duas substâncias se combinam em solução, de forma que o
efeito do fármaco ativo é perdido. Como por exemplo, o uso do quelante dimercaprol
que se liga a metais pesados e, assim, reduz a sua toxicidade. Antagonismo
fisiológico: é a interação de duas substâncias cujas ações opostas no organismo
tendem a anular uma à outra. Por exemplo, a histamina atua sobre os receptores das
células parietais da mucosa gástrica, estimulando a secreção de ácido, enquanto, o
lanzoprazol bloqueia esse efeito ao inibir a bomba de prótons, assim podemos dizer
que as duas substâncias atuam como antagonistas fisiológicos.
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Por sua vez, pode também ocorrer interação fármaco nutriente durante a fase
farmacocinética de distribuição plasmática. Estudos demonstram que a ligação da
droga a uma proteína plasmática pode ser alterada por uma dieta hiperlipídica. Já as
alterações no metabolismo das drogas são geralmente afetadas pela inibição
enzimática ou pela formação de complexos insolúveis com os nutrientes. Algumas
drogas podem aumentar ou diminuir a excreção renal de certos nutrientes, por meio
da filtração glomerular, interferindo na reabsorção renal dos nutrientes. As possíveis
interações dos medicamentos com a alimentação dos pacientes podem levar ao
prejuízo da ação do medicamento e/ou alimento, podendo causar um aumento da
necessidade de utilização dos fármacos em tratamentos crônicos ou desnutrição,
ocasionados aumentos no custo e no tempo de internação hospitalar.
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é que o uso simultâneo de etanol com outros depressores do sistema nervoso central
acentua efeitos como sedação, agravo de coordenação motora e comprometimento
da memória, risco de quedas, entre outros. O álcool potencializa a ação da loperamida
e ivermectina frente ao sistema nervoso central. Aumenta a tendência de hemorragia
gástrica resultante do uso de AAS e anti-inflamatórios não esteroides, devido destruir
a mucosa gástrica e eleva a retrodifusão de íons hidrogênio (H+).
Em pacientes com diabetes mellitus o álcool pode causar efeitos similares ao
dissulfiram. O uso intenso de etanol estende a ação dos hipoglicemiantes, já o uso
crônico inibe os mesmos.
Pode-se notar que a interação entre fármacos e o álcool é prejudicial, e
infelizmente hoje essa associação ainda é extremamente frequente entre a população.
O álcool etílico altera o metabolismo de muitos medicamentos, afetando as
concentrações desses fármacos no corpo e, além de que, pode prejudicar a eficácia
de certas drogas, aumentando seus efeitos colaterais. Esta combinação pode causar
efeitos colaterais graves, incluindo efeitos potencialmente fatais.
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Estudos mostraram que pacientes fumantes que utilizam benzodiazepínicos
experimentam menor ação tranquilizadora, comparados aos pacientes não fumantes.
Os fumantes também apresentam menor tolerância à dor, necessitando de
maiores doses de analgésicos narcóticos. Os antagonistas de H2 como cimetidina e
ranitidina não produzem efeitos em fumantes à noite. Em pacientes diabéticos,
dependentes de insulina, que fumam, o efeito da insulina é diminuído, e isso faz que
com necessitem de doses maiores.
7 FARMÁCIA CLÍNICA
Fonte: pixabay.com.br
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Segundo a Comissão de Farmácia Clínica do Conselho Regional de Farmácia,
a Farmácia Clínica é uma área da farmácia voltada à ciência e prática do uso racional
de medicamentos, na qual os farmacêuticos prestam cuidado ao paciente, de forma a
otimizar a farmacoterapia, promover saúde e bem-estar e prevenir doenças. O
farmacêutico clínico é aquele profissional apto a identificar sinais e sintomas,
implementar, monitorar a terapia medicamentosa e orientar o paciente, atuando em
conjunto com outros profissionais de saúde visando a efetividade do tratamento. Exige
um amplo conhecimento em práticas terapêuticas, aliado à capacidade de julgamento
e tomada de decisão.
A Comissão Assessora de Farmácia Clínica tem por objetivos desenvolver
discussões sobre a prática clínica, o aperfeiçoamento técnico e a proposição de
normas e procedimentos (CRF SP, 2015).
A Resolução 585, de 29 de agosto de 2013, regulamenta as atribuições clínicas
do farmacêutico e dá outras providências, considerando a RDC Anvisa no 7, de 24 de
fevereiro de 2010, que na seção IV, artigo 18, estabelece a necessidade da
assistência farmacêutica à beira do leito da Unidade de Terapia Intensiva e, em seu
artigo 23, dispõe que a assistência farmacêutica deve integrar a equipe
multidisciplinar.
Em 2000, a American College of Clínical Pharmacy publicou que a Farmácia
Clínica é uma disciplina da saúde em que o farmacêutico presta assistência ao
paciente por meio da prática do uso racional de medicamentos com a adequação da
terapia medicamentosa da prevenção de doenças. E somente em 2013, no Brasil, foi
aplicada uma resolução para regulamentar as atribuições clínicas do farmacêutico. Os
termos Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica se confundem, mas a Farmácia
Clínica surgiu em 1960 nos Estados Unidos por um grupo de professores da
Universidade da Califórnia, devido à necessidade de mudança no currículo de
farmácia como uma forma de ligar o aluno à prática clínica e dessa forma, a Farmácia
Clínica passou a ser o meio onde o farmacêutico atua junto a uma equipe de saúde,
avaliando e monitorando a resposta terapêutica do paciente, fazendo intervenções,
recomendações e fornecendo informações sobre os medicamentos. Já a ideia da
Atenção Farmacêutica surgiu como uma nova necessidade do profissional
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farmacêutico frente à industrialização dos medicamentos. Atenção Farmacêutica foi
definida por Cipolle e seus colaboradores (2004) como uma prática profissional que
inclui uma filosofia um processo de cuidados e um sistema de gestão. Existem dois
métodos de Atenção Farmacêutica utilizados por vários profissionais no mundo todo,
são eles o Método de Dader (espanhol) e o Modelo de Minesota (americano) e
segundo o Consenso de Granada de 2004 (PEREIRA; FREITAS, 2008), os seis
problemas relacionados aos medicamentos – PRM são:
• Paciente usa medicamentos que não necessita;
• Idiossincrasia;
• O paciente apresenta uma reação adversa;
• Dose inferior/ paciente interrompe a medicação.
8 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA
Fonte: hipolabor.com.br
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aponta os benefícios da prescrição farmacêutica segundo diferentes modelos, tanto
quando realizada individualmente como em conjunto com uma equipe multidisciplinar
de saúde. Os relatos descrevem que o farmacêutico prescreve medicamentos
definidos em programas de saúde no âmbito dos sistemas públicos, em rotinas de
instituições ou conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas pré-
estabelecidas. A resolução legaliza a prática que acontece desde os tempos dos
boticários, em que o profissional recomenda algo ao paciente e essa recomendação
pode ser a seleção de uma opção terapêutica, a oferta de serviços farmacêuticos ou
o encaminhamento a outros profissionais de saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os Medicamentos Isentos
de Prescrição (MIPs) como substâncias aprovadas pelas autoridades sanitárias para
tratar sintomas e males menores, disponíveis sem prescrição ou receita médica,
desde que utilizados conforme as orientações disponíveis nas bulas e rotulagens.
A ANVISA regulamentou estes medicamentos pela RDC 138/03. A Resolução
nº 586, de 29 de agosto de 2013 (publicada em setembro 2014), do Conselho Federal
de Farmácia (CFF), com amparo na lei 13.021 / 14 e resolução 585, do CFF altera o
ato de prescrever como apenas uma recomendação de determinado medicamento ao
paciente.
Com a medida, os farmacêuticos podem realizar a prescrição de medicamentos
(não tarjados e que não exijam prescrição médica), além de outros produtos, com
finalidade terapêutica.
Fazem parte da resolução os medicamentos industrializados e preparações
magistrais (alopáticos ou dinamizados), plantas medicinais, drogas vegetais e outras
categorias ou relações de medicamentos que venham a ser aprovadas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para prescrição do farmacêutico.
O profissional de saúde pode também prescrever medicamentos cuja
dispensação exija prescrição médica, desde que condicionado à existência de
diagnóstico prévio e apenas quando estiver previsto em programas, protocolos,
diretrizes ou normas técnicas, aprovados para uso no âmbito de instituições de saúde
ou quando da formalização de acordos de colaboração com outros prescritores ou
instituições de saúde. Mas para o exercício da prescrição farmacêutica em casos de
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medicamentos que exijam prescrição médica, será exigido, pelos Conselhos
Regionais de Farmácia (CRFs), o reconhecimento de título de especialista na área
clínica, com comprovação de formação que inclua conhecimentos e habilidades em
boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, comunicação interpessoal,
farmacologia clínica e terapêutica.
Para prescrição de medicamentos homeopáticos e manipulados, a exigência
será o título de especialista em Homeopatia ou Antroposófica.
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de aperfeiçoamento pelos farmacêuticos analistas clínicos que optaram por atuar
nesta área.
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I - identificação do estabelecimento farmacêutico ou do serviço de saúde ao
qual o farmacêutico está vinculado;
II - nome completo e contato do paciente;
III - descrição da terapia farmacológica, quando houver, incluindo as seguintes
informações: a) nome do medicamento ou formulação, concentração/dinamização,
forma farmacêutica e via de administração; b) dose, frequência de administração do
medicamento e duração do tratamento; c) instruções adicionais, quando necessário.
IV - descrição da terapia não farmacológica ou de outra intervenção relativa ao
cuidado do paciente, quando houver;
V - nome completo do farmacêutico, assinatura e número de registro no
Conselho Regional de Farmácia;
VI - local e data da prescrição.
Fonte: pixabay.com.br
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Quando o farmacêutico decide como conduta encaminhar o paciente a outro
profissional da saúde, ele precisa garantir que, tanto o usuário, quanto o profissional
compreendam o motivo da recomendação feita pelo farmacêutico.
Este procedimento tem como objetivo a compreensão do outro profissional a
respeito do raciocínio clínico utilizado pelo farmacêutico, assim como, da conduta
selecionada. O documento formaliza a comunicação com outros profissionais.
A garantia da provisão de serviços e produtos para o cuidado das pessoas é
um problema de saúde coletiva. A dimensão da necessidade de acesso e utilização a
recursos terapêuticos e propedêuticos é superior à capacidade de financiamento e
provisão dos sistemas de saúde. A população, em decorrência da ausência ou
carência de assistência médica, frequentemente, toma decisões de tratamento por
conta própria, selecionando terapias que em muitos casos não são efetivas, seguras
e, portanto, contraindicadas. Isto pode favorecer o agravamento da sua condição
clínica, gerar novos problemas de saúde e até mesmo retardar o diagnóstico precoce
e o início de terapia efetiva e segura. A carência de acesso e da utilização dos
recursos assistenciais implicam desfechos negativos dos problemas de saúde das
pessoas, elevando os custos para os sistemas de saúde.
Os estabelecimentos farmacêuticos, pela capilaridade de sua distribuição
geográfica, e o farmacêutico, pela sua competência e disponibilidade, representam,
muitas vezes, a primeira possibilidade de acesso das pessoas ao cuidado em saúde,
especialmente para as famílias com piores condições socioeconômicas. O
farmacêutico, apesar de representar um profissional estratégico para o sistema de
saúde, nesta conjuntura, costuma ser subutilizado.
No mundo contemporâneo, os modelos de assistência à saúde passam por
profundas transformações resultantes da demanda por serviços, da incorporação de
novas tecnologias e dos desafios de sustentabilidade do seu financiamento. Esses
fatores provocam mudanças na forma de produzir o cuidado à saúde das pessoas, a
um tempo em que contribuem para redefinição da divisão social do trabalho entre as
profissões da saúde.
A ideia de expandir para outros profissionais, entre os quais o farmacêutico,
maior responsabilidade no manejo clínico dos pacientes, intensificando o processo de
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cuidado, tem propiciado alterações nos marcos de regulação em vários países. Com
base nessas mudanças, foram estabelecidas, entre outras, a autorização para que
distintos profissionais possam selecionar, iniciar, adicionar, substituir, ajustar, repetir
ou interromper a terapia farmacológica. Essa tendência surgiu pela necessidade de
ampliar a cobertura dos serviços de saúde e incrementar a capacidade de resolução
desses serviços.
É fato que, em vários sistemas de saúde, profissionais não médicos estão
autorizados a prescrever medicamentos. É assim que surge o novo modelo de
prescrição como prática multiprofissional. Esta prática tem modos específicos para
cada profissão e é efetivada de acordo com as necessidades de cuidado do paciente,
e com as responsabilidades e limites de atuação de cada profissional. Isso favorece o
acesso e aumenta o controle sobre os gastos, reduzindo, assim, os custos com a
provisão de farmacoterapia racional, além de propiciar a obtenção de melhores
resultados terapêuticos.
Apesar disso, discutir prescrição farmacêutica não é tarefa fácil. Nós, os
farmacêuticos, muitas vezes tivemos receio de usar termos como: consulta
farmacêutica, diagnóstico farmacêutico, consultório farmacêutico, prescrição
farmacêutica. Estes termos e expressões, que ainda são considerados como "tabus"
no Brasil, fazem parte da linguagem técnica dos farmacêuticos em vários países, há
mais de uma década. Em nosso país, frequentemente, justificamos a não pertinência
de utilizá-los, recorrendo a eufemismos, tais como: atendimento farmacêutico, sala de
serviços farmacêuticos, indicação farmacêutica, automedicação responsável,
orientação farmacêutica, dispensação documentada, entre outros. Em outras
profissões da saúde, como a enfermagem, a nutrição e a fisioterapia, não se percebe
este mesmo receio. Isso pode ter contribuído para o avanço significativo das mesmas
em seu papel no cuidado dos pacientes.
Após a análise das 229 manifestações encaminhadas em resposta à Consulta
Pública no. 06 de 2013, decidiu-se pela elaboração deste documento, com o objetivo
de discorrer não somente sobre o posicionamento favorável de 85% das contribuições
enviadas, mas também, e principalmente, a respeito das questões mais recorrentes,
e que, em síntese, versam sobre:
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1. A definição e o escopo da prescrição;
2. A competência do CFF em regular este tema e a legalidade da regulação;
3. A formação/qualificação/certificação do farmacêutico para prescrever; e,
4. O alegado conflito de interesse entre prescrever e comerciar medicamentos.
A prescrição é uma das atribuições clínicas do farmacêutico e deverá ser
realizada com base nas necessidades de saúde do paciente. Esta resolução encerra
a concepção de prescrição como a ação de recomendar algo ao paciente. Tal
recomendação pode incluir a seleção de opção terapêutica, a oferta de serviços
farmacêuticos ou o encaminhamento a outros profissionais ou serviços de saúde. O
ato de prescrever não constitui um serviço clínico per se, mas uma das atividades que
compõem o processo de cuidado à saúde.
Esta é uma concepção ampliada da prescrição, para além da seleção de
medicamentos. Visão similar a esta é adotada por outras profissões da saúde e
representa uma estratégia para a inserção desta atividade no sistema de saúde, na
medida em que atendem às necessidades dos pacientes de forma ampla e minimiza
a sobreposição de áreas de atuação exclusivas de outras categorias profissionais.
Com relação aos medicamentos e outros produtos para à saúde que podem
ser prescritos por farmacêutico, a presente proposta de resolução está alinhada com
a regulamentação sanitária vigente. Além disso, cria a base legal para a prescrição
farmacêutica de novas categorias de medicamentos que venham a ser aprovadas pelo
órgão sanitário federal.
Em todos os países em que ocorre prescrição farmacêutica de medicamentos,
esta foi implantada com base em uma hierarquização clara da autonomia do
farmacêutico em prescrever, de acordo com a complexidade da terapia, do serviço,
da formação e certificação do profissional, e dos tipos de produtos autorizados pelo
órgão sanitário.
Com base nessas experiências internacionais, foram estabelecidos dois tipos
possíveis de prescrição farmacêutica de medicamentos:
a) O farmacêutico poderá realizar de forma independente a prescrição de
medicamentos cuja dispensação não exija prescrição médica.
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b) Com relação aos medicamentos tarjados ou cuja dispensação exija a
prescrição médica, a resolução possibilita que o farmacêutico especialista exerça o
papel de prescritor, tanto para iniciar como para fazer modificações na farmacoterapia,
desde que existam programas, protocolos, diretrizes clínicas ou normas técnicas
aprovadas para uso no âmbito das instituições de saúde, ou quando da formalização
de acordos de colaboração com outros prescritores, como médicos e odontólogos.
Lembrando que se deve dar uma atenção especial nos casos de gravidez e
aleitamento, assim como em bebês e crianças.
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diretrizes, a automedicação inapropriada e o fácil acesso ao desmedido armamentário
terapêutico disponibilizado no comércio. O uso irracional de medicamentos além de
afetar diretamente todos os países, pode desencadear graves consequências que se
tornam gradativamente nocivas à saúde dos pacientes, como a resistência a
antibióticos, a presença de reações adversas, o desperdício de recursos e a perda de
confiança, muitas vezes gerada pela ausência da ação farmacológica esperada, já
que houve, anteriormente, um uso excessivo do fármaco em questão.
Para que toda essa problemática tenha seu impacto na saúde reduzido, é
necessária a elaboração de estratégias que facilitem a comunicação entre o prescritor,
paciente e o farmacêutico, proporcionando, assim, o uso racional do medicamento.
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Em nível nacional, essas atitudes racionais acarretam consequências positivas
sobre a morbimortalidade e qualidade de vida da população, aumentando a confiança
do usuário na atenção à saúde pública.
Para que o uso racional de medicamentos seja estabelecido, é necessário que
a concepção de medicamento seja consolidada como instrumento de saúde e não
como uma mercadoria.
É preciso confirmar a necessidade do uso do medicamento para que o mesmo
seja receitado de forma apropriada de acordo com a eficácia e segurança
comprovadas e aceitáveis. O fármaco deve ser prescrito adequadamente na forma
farmacêutica correspondente, dose e período de duração do tratamento, que esteja
disponível a um preço acessível, que responda sempre aos critérios de qualidade
exigidos, se dispense em condições adequadas, com responsabilidade e com todas
as informações necessárias para que se cumpra a terapêutica prescrita da melhor
maneira possível.
A partir dessas informações, pode-se enfatizar a importância da humanização
no atendimento pelo profissional farmacêutico, proporcionando ao paciente a
habilidade de seguir seu tratamento corretamente, tendo acesso às informações de
que necessita, a fim de ser capaz de desenvolver, de forma correta, o seu
autocuidado, transformando a adesão ao tratamento num processo dinâmico.
É importante lembrar que os farmacêuticos são os únicos profissionais de
saúde com potencial e formação para exercer a Atenção Farmacêutica no uso racional
de medicamentos, pois toda sua bagagem de conhecimento acerca do medicamento
direciona sua base de formação ao bem-estar físico, mental e social dos pacientes,
permitindo uma visão de integralidade do ser humano.
Orientações básicas para o uso correto de medicamentos Como a Atenção
Farmacêutica é uma prática profissional que permite ganhos positivos ao paciente,
cabe ao profissional realizar serviços de educação em saúde que garantam ao usuário
o acesso às informações quanto ao uso racional de medicamentos Dentre as diversas
etapas da educação em saúde, a dispensação torna-se uma das mais importantes,
pois ela é uma das últimas oportunidades dentro do sistema de saúde que permite
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identificar, corrigir ou reduzir possíveis riscos associados à terapêutica
medicamentosa.
A dispensação caracteriza-se por atender um paciente específico, que terá
características e necessidades também específicas e que devem ser levadas em
conta no momento do atendimento. É exatamente nessa hora que são estabelecidas
oportunidades ímpares para a contribuição do farmacêutico no uso racional de
medicamentos. Isso pode ser realizado por diversos procedimentos que nem sempre
são adequadamente valorizados, mas que fazem toda a diferença na saúde do
usuário em questão.
Durante a dispensação, é imprescindível que o farmacêutico forneça
orientações necessárias que irão compreender toda a logística do uso correto de
medicamentos, indo desde a avaliação da prescrição até o acondicionamento correto
dos mesmos na farmácia caseira. Principais políticas para promover o uso racional
dos medicamentos. Embora o papel do farmacêutico seja fundamental no processo
de Atenção Farmacêutica para tornar o paciente beneficiário no uso correto de
medicamentos, algumas estruturas políticas e administrativas precisam ser
reorganizadas para fortalecerem essa prática e, consequentemente, reduzirem os
grandes agravos que acometem a saúde pública.
Fonte:g1.globo.com
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Construir e conservar uma boa imagem não pode estabelecer um fim em si
mesmo. Para cultivar uma imagem apropriada e maximizar seu valor intrínseco, a
imagem deve ser o reflexo de um bom produto, de uma boa empresa, de uma boa
pessoa ou de um bom trabalho.
Nos serviços de saúde e, em particular, na farmácia, a verificação da imagem
que os diversos grupos de pessoas que, de alguma maneira, interagem com a
profissão, constitui-se em importante marco para o seu direcionamento estratégico. A
imagem é capaz de influenciar e direcionar o comportamento da sociedade em geral.
O farmacêutico precisa adaptar suas funções de acordo com a realidade. Ele
deve possuir, além de conhecimentos específicos sobre o uso de medicamentos e
acompanhamento farmacoterapêutico, conhecimentos e habilidades administrativas,
pois as farmácias são empresas e é necessário desenvolver, ainda, uma visão
comercial para determinar um plano de negócio compatível, que garanta a sua
ratificação no segmento em que atua. Por outro lado, farmacêuticos sugerem que o
reconhecimento e a valorização da profissão não se apresentam atualmente
compatíveis com a magnitude da sua relevância. Acredita-se que diversos fatores
podem estar favorecendo a esse problema. Entre eles, pode-se destacar:
a) o baixo conhecimento que a sociedade possui em relação às atribuições e
ao papel do profissional farmacêutico;
b) farmacêuticos podem não possuir conhecimentos necessários sobre
marketing de serviços, o que pode gerar uma baixa qualidade na prestação dos
serviços aos clientes e, desvalorização profissional;
c) a carência de uma estratégia consistente na projeção da imagem da
profissão de farmacêutico;
d) a inadequação de estratégias pelo Conselho Federal e conselhos regionais
de farmácia de posicionamento da profissão em razão da amplitude de atuação
profissional.
Existem no mercado farmacêutico brasileiro 398 indústrias farmacêuticas
nacionais e multinacionais registradas. O Brasil ocupa lugar de destaque no cenário
farmacêutico mundial, por ser um dos países que mais cresce, da mesma forma que
outros emergentes como a China e a Índia. O maior mercado do mundo é o norte-
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americano, seguido pelos japoneses, alemão e francês. Ainda, o mercado
farmacêutico brasileiro ocupa a décima colocação no mercado mundial, colaborando
com 2,3% das vendas totais de medicamentos do mundo. Conforme dados do
Conselho Federal de Farmácia (2013), existem hoje no Brasil 416 cursos de
graduação em Farmácia, e o número de farmácias chega a 66,5 mil.
O profissional farmacêutico possui diversos significados, podendo-se destacar
a sua importância, competência, necessidade e referência para a saúde pública, a
responsabilidade profissional, além do seu amplo conhecimento sobre os
medicamentos. Quanto aos aspectos tangíveis sublinhados pelos stakeholders,
relacionados à identificação do profissional farmacêutico, os resultados da pesquisa
indicaram que a imagem está relacionada à postura, à maneira de se vestir desse
profissional e à sua identificação visual. O crachá portado pelo profissional e a
vestimenta branca (jaleco) utilizados durante o ambiente de trabalho foram os pontos
mais citados, mas placas e quadros com o nome e a imagem do farmacêutico afixados
no estabelecimento também são objetos utilizados pelos pacientes para identificarem
o profissional. Quanto à postura como objeto de identificação profissional algumas
sentenças foram relevantes para relacionar com a estima e o conhecimento do
profissional pela sociedade. A distância criada pelo farmacêutico em relação ao
paciente nos estabelecimentos tem levado a uma imagem negativa dessa profissão
na visão dos stakeholders.
A qualidade do trabalho do farmacêutico é avaliada pela sua educação,
acolhimento, atendimento, disponibilidade e atenção prestada à sociedade, sua
atitude enquanto profissional de saúde, postura ética e pelos conhecimentos
adquiridos sobre os medicamentos.
Quando foi analisada a imagem negativa do profissional farmacêutico nessa
dimensão, foram citados os seguintes fatores que podem contribuir para tal fato: a
prescrição de um medicamento errado, a sua ausência no estabelecimento, a falta de
conhecimento técnico, a dificuldade de acesso, a irresponsabilidade e o foco no
interesse comercial, esquecendo-se da prestação de saúde à sociedade.
A ausência do profissional no estabelecimento é um ponto muito relevante, pois
se este não estiver presente ao ser procurado pelo paciente, não haverá prestação de
50
serviços farmacêuticos e, o paciente pode buscar orientação do balconista ou se
automedicar. Essa ausência gera uma imagem negativa da profissão. Isso também
acontece quando o cliente, ao procurar uma orientação para um tratamento de saúde,
recebe uma prescrição farmacêutica com excesso de medicamentos ou sem uma
informação devida. O paciente se sente enganado, pois percebe o foco da atuação do
profissional muito mais comercial do que um agente cuidador da saúde. Nesse
sentido, verifica-se uma grande interação entre o profissional farmacêutico e o usuário
do seu serviço, que buscam por profissionais com habilidades e capacidades
adequadas para atenderem às suas exigências específicas, como pode ser observado
nos depoimentos anteriores. Um prejuízo para a imagem dessa profissão pode vir de
uma experiência negativa com o usuário, uma vez que a configuração do atendimento
é personalizada e, busca satisfazer as necessidades e os desejos de cada cliente.
Verifica-se que a dimensão funcional está mais relacionada à atuação do
farmacêutico em farmácias e drogarias pela relação direta com a orientação sobre o
uso de medicamentos. Isso demonstra uma visão limitada que muitos possuem das
áreas de atuação do farmacêutico.
A presença do farmacêutico no local de trabalho é fundamental, sendo um
ponto relevante para a sociedade, principalmente na farmácia, que foi a área mais
citada pelos entrevistados, entre as várias em que o farmacêutico pode atuar. A
presença desse profissional pode prevenir o uso incorreto dos medicamentos, bem
como a aquisição destes de forma incorreta.
Outras áreas de atuação e atividades do farmacêutico foram relatadas, como a
farmácia hospitalar, laboratórios, indústria, farmácia de manipulação, gestão do
estabelecimento, organização e logística, além do atendimento ao cliente em
consultórios, que ainda é pouco divulgado. Entretanto, existe grande relação a
imagem do farmacêutico a um profissional que trabalha em farmácias e drogarias.
O acolhimento, a abordagem correta no atendimento e a execução das
atividades são essenciais na execução das atividades desse profissional. O
conhecimento adquirido e a forma de orientar e transmitir essa informação são
fundamentais para a sociedade. O encaminhamento do cliente a um profissional
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médico, quando o farmacêutico não possui conhecimento sobre a causa, também foi
citado por alguns dos entrevistados.
Os serviços farmacêuticos prestados nas farmácias e drogarias também foram
citados pelos entrevistados como uma atividade profissional, incluindo as atividades
clínicas e a prescrição farmacêutica, recentemente regulamentada pelo Conselho
Federal de Farmácia, mas ainda pouco conhecida pela sociedade.
Na percepção da população, o farmacêutico realmente executa as atividades
de orientar e vender medicamentos, ou seja, a dispensação farmacêutica em
farmácias foi a atividade mais lembrada pelos respondentes.
Entretanto, para alguns, a atuação do farmacêutico somente com a intenção de
vender medicamentos, deixando de lado o cuidado com a saúde, é um ponto negativo
no exercício de sua profissão.
Na farmácia, o farmacêutico também realiza atividades burocráticas
relacionadas à legislação e ao gerenciamento do estabelecimento. Essas atividades
administrativas executadas atualmente pelo farmacêutico estão afastando o
profissional do usuário, pois há uma diminuição do tempo disponível para a orientação
aos clientes, prejudicando o serviço prestado à sociedade.
A assistência e o atendimento aos clientes foram citados como as principais
atividades a serem desempenhadas pelo farmacêutico, mas não estão sendo
realizadas de acordo com a necessidade dos usuários. Falta uma assistência de forma
individualizada, o que impede a fidelidade ao profissional pelo cliente, situação que
acontecia de forma natural no passado. Uma imagem negativa do profissional pode
ser gerada, também, quando o farmacêutico é procurado na farmácia em busca de
uma orientação e não é encontrado pelo cliente. A presença com falta de assistência
também é percebida como um ponto negativo.
Em meio a inúmeras necessidades e demandas, os serviços farmacêuticos não
são considerados prioritários na disputa por recursos nos orçamentos da saúde
pública. A sua importância ainda não está clara para a maioria dos gestores públicos
e tampouco para os líderes do setor privado das farmácias comunitárias. Isso pode
ser lido indiretamente no reduzido número de vagas dentro do SUS, e na realidade
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sobejamente conhecida pela população brasileira da ausência do profissional dentro
das farmácias.
Todo esse movimento atual é ainda pequeno diante das dimensões da
categoria profissional e dos problemas vividos pelo ensino nas universidades, haja
vista o pequeno número ainda de profissionais envolvidos e a insipiente organização
de grupos de professores atuantes nessa área nas academias. Isso realça a
importância da sensibilização e adesão de um número cada vez maior de profissionais
para o resgate deste papel social do farmacêutico.
Observa-se hoje uma fase de ruptura do paradigma tecnicista e de
reconstrução de uma identidade social, ainda insipiente e conflituosa em sua
construção. Não obstante a definição de um consenso, este ainda parece incapaz de
realmente reunir os diversos atores em um forte movimento de mudança, implicando
uma articulação com a reorganização do serviço e uma nova postura perante a
sociedade e os demais profissionais da saúde.
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