Você está na página 1de 4

Universidade Federal de Uberlândia

Instituto de Ciências Biomédicas


Departamento de Farmacologia
Prof. Dr. Rodrigo Molini Leão

Curso: Odontologia
Disciplina: ICBIM31401 - Fundamentos de Farmacologia I
Valor: 4,0 pontos
Data de entrega: 01/03/2024
Aluna: Milena Alves Teixeira

Estudo Dirigido para a Prova 2

1. Explique os diferentes tipos de agonistas e antagonistas.


Agonistas são tipos de fármacos ligantes que possuem afinidade com receptor, interagem com o sítio
de ligação e são capazes de promover alteração conformacional do receptor, produzindo assim uma
resposta intracelular. Sua eficácia, ou seja, intensidade do efeito que produz é maior que 0.
Existem 3 tipos de Agonistas:
 Agonista Pleno: possui eficácia de 100%, ou seja, produz efeito em uma intensidade total.
 Agonista Parcial: tem eficácia intermediária, sua intensidade de efeito não é total.
 Agonista Inverso: tem eficácia negativa, geralmente são associações de agonistas plenos+ agonistas
parciais. Essa interação acaba por provocar uma competição entre os dois ligantes, reduzindo a
eficácia do agonista pleno, que deixa de fazer ligações onde o agonista parcial está ligado (não
gerando efeitos, uma vez que sua eficácia não é de 100%). Esse tipo de agonista também funcionam
inativando receptores constitutivamente ativos, reduzindo a resposta abaixo da basal.
Já fármacos antagonistas possuem afinidade com o receptor, interagem com o sítio de ligação mas não
são capazes de provocar alteração conformacional, não sendo capaz de produzir uma resposta
intracelular. Esses ligantes agem por bloqueio de receptores.
Existem diferentes tipos de ação antogonista.
 Antagonista Competitivo: compete com o agonista pelo sítio de ligação que possuem a mesma
afinidade. Nesse tipo de interação “ganha” a substância ou com maior concentração, por quebra
das forças eletrostáticas ali envolvidas, mesmo assim parte de sua eficácia é perdida.
 Antagonista Não Competitivo: atuam em ligações fortes, como as covalentes e não tem relação
com a concentração de cada susbstância.
o Irreversível: atuam formando uma ligação covalente com o receptor, de difícil dissociação.
Depois de ocupada alguma proporção de receptores por um antagonista, o número
remanescente de receptores desocupados pode ser baixo demais para que o agonista
provoque uma resposta com uma eficiência adequada, mesmo quando em altas
concentrações.
o Alostérico: interagem se ligando a sítios diferentes dos agonistas nos receptores, não
bloqueando a ligação do agonista. Possuem ação reversível, reduzindo a afinidade do
agonista ao receptor.

2. O que é eficácia de um fármaco e como os antagonistas podem afetar essa eficácia.


A eficácia de um fármaco é a capacidade da produção de intensidade de um efeito. O parâmetro de
comparação geralmente é uma substância endógena, que mesmo em pequenas concentrações é capaz
de produzir 100% da intensidade de um efeito esperado. A interação de agonistas e antagonista, como
por exemplo usado o antagonista para ocupar o sítio de ligação do receptor do agonista, interferindo
em sua ação farmacológica podem reduzir a intensidade e amplitude do efeito reduzindo assim sua
eficácia farmacológica. Um exemplo do uso de antagonistas é o uso de beta-bloqueadores, como o
Propanolol (antagonista competitivo do sítio de interação da adrenalina), que reduz a ligação da
agonista adrenalina, reduzindo a ativação do sistema adrenérgico e consequentemente a pressão
arterial.
3. Quais são os tipos de receptores farmacológicos? Explique cada um dos diferentes tipos.

A. Receptores de Canais Iônicos


Atuam em canais que possuem 5 subunidades, que são capazes de produzir atividade inibitória ou
excitatória. Quando o miolo desse canal está aberto significa que canal está ativo e quando o miolo
está fechado, inativo. Um exemplo de atividade que acontece nesse receptor é a interação com a
Acetilcolina, que abre o canal e permite a entrada de Na+ (sódio), que provocará uma atividade
excitatória na célula. Cada tipo de tecido, órgão vai responder de diferentes formas a esse estímulo
excitatório.

B. Receptores Acoplados à Proteína G


Receptores acoplados à proteína G possuem sete domínios com duas regiões, um sitío externo que
vai permitir a ligação do agonista e um sítio que se liga á proteína G, essa por sua vez liberada
apenas após a ligação externa.
A proteína G possui 3 subunidades (alfa, beta e gamma). A porção alfa é subdividida em outras 3
subunidades (alfa s e alfa q, de atividade excitatória, e alfa i de atividade inibitória). As subunidades
beta e gamma possuem resposta inibitória, ativando canais de K+.
Um exemplo de atividade que acontece nesse receptor é a união de GDP com a proteína G  torna
GTP  aumenta a quantidade de energia (fosforilila)  gera instabilidade das subunidades da
proteína  diminuindo a força de ligação de alfa com beta e gamma  alfa soltasse a fica sozinha e
vai atrás de um efetor (enzima que produz segundo mensageiro). O efetor vai ativar outros sistemas
de proteínas que, se forem Gs ou Gq vão ter atividade excitatória na célula e se for Gi atividade
inibitória. No caso do Gs, subunidade alfa s, a enzima efetora é a adenililciclase que tem como alvo
ATP, produzindo o segundo mensageiro AMP cíclico que em contato com a proteína quinase A se
fosforila e provoca uma atividade excitatória na célula.
Quando as subunidades da proteína G estão unidas, essa proteína está inativa. E, quando separadas
as subunidades da proteína G podem interagir com diferentes proteínas acionando uma via de
sinalização que leva a uma resposta.

C. Receptores com Atividade Tirosina Quinase (ou Enzimáticos)


São receptores de membrana. A ligação, de um agonista por exemplo, provoca a dimerização do
receptor, provocando uma aproximação das sua porções internas que possuem resíduos de tirosina
quinase que autofosforila o receptor. Essa autofosforilação promovem ao receptor uma atividade
enzimática, permitindo um contato com os substratos, que são também fosforilados e assim
ativados. Uma vez que os susbstratos são fosforilados e internalizados, eles são realocados na
membrana e passam a permitir a interação receptor-membrana.

D. Receptores Intracelulares (ou Nucleares)


São receptores de moléculas lipossolúveis, como os hormônios, pois devem entrar dentro da célula
para que ocorra a interação. A substância, já dentro da célula, interage com um receptor nuclear
que expõe seu sítio interno e se liga ao núcleo, gerando uma expressão gênica. Essa pode ser um
fator de transcrição de RNAm que a partir da interação com os ribossomos do citoplasma fazem a
tradução de proteínas (exemplo: a interação de aldosterona com receptores nucleares acaba por
provocar a tradução de uma proteína, nesse caso, proteína canal de Na+).
4. Quais são os processos de regulação de receptores? Explique cada um dos tipos.

Receptores podem ser regulados quanto a sua síntese quanto à sua degradação, sendo alterado o
número ou sua atividade. Nesse processo podem ocorrer: up-regulation, onde a quantidade de
receptores é aumentada, o que facilita a ligação dos fármacos. E também down-regulation: a
diminuição do número de receptores diminui a ligação a eles.
Existem também processos de regulação chamados de desenssibilização, entre eles: fosforilação
(impedindo certas ligações com esses sítios) e internalização (que acabam por provocar a
endocitose/fagocitose desse receptor).
5. As interações medicamentosas podem ser classificadas quanto ao estágio farmacológico, gravidade e
efeito. Explique cada uma dessas classificações.

 Quanto ao estágio farmacológico

Interações medicamentosas farmacocinéticas são aquelas que um fármaco altera velocidade ou


extensão de absorção, distribuição, biotransformação ou excreção. É mensurado observando
parâmetros como tempo de meia-vida, concentração sérica, quantidade do fármaco excretado na
urina.

Interações farmacodinâmicas ocorrem nos sítios de ação dos fármacos, envolvendo os


mecanismos de efeito, nos receptores ou nas enzimas. Podem ocorrer interações que aumentem o
efeito do agonista por estimular a receptividade do receptor ou inibição de enzimas que impedem
a ligação. A diminuição do efeito pode ocorrer por competições de receptores, por exemplo.

Interações farmacêuticas se devem a incompatibilidades medicamentosas dos fármacos nas vias


de administração, como por exemplo antineoplásicos que por ser fotossensíveis devem ser
admnistrados e armazenados em vidros escuros, foscos; a inativação de antibióticos em soros
glicosilados, entre outros.

Existem também interações de efeito que podem produzir fármacos sinergistas ou antaganistas, a
exemplo do álcool que reforça efeito dos sedativos.

 Quanto a gravidade

Podemser graves ou podem não apresentar consequências sérias. Alguns tipos de interações que
potencialmente são perigosos ocorrem em pequena parcela da população. Porém, interações não
são necessariamente prejuidicais a maior parcela da população, exemplo da polifarmárcia de
idosos com diversas doenças sistêmicas. Porém, medicamentos com baixo índice terapêutico
devem ter cuidado rigoroso.

 Quanto ao efeito

Interações medicamentosas podem causar efeitos positivos ou negativos, podendo agir com o
aumento ou diminuição do efeito terapêutico ou tóxico de um ou de outro. O desfecho pode ser
perigoso quando promove o aumento da toxicidade de um fármaco (exemplo: anticoagulantes e
atiinflmatórios, que pode promover homorragias) mas também pode ter um desfecho benéfico e
útil (como a interação de antidiuréticos e hipotensores).

6. Explique e exemplifique como as interações medicamentosas podem ocasionar respostas positivas e


negativas.
As interações medicamentosas podem ocasionar respostas positivas uma vez que podem: facilitar a
administração, quando adicionado saborizantes; facilitar a solubilidade, como a interação ciclamatos e
propilenoglicol; melhorar a resposta terapêutica, aumentando o efeito, como por exemplo a
administração de antidiuréticos-que reduzem volume plasmático e diminuem pressão arterial-e
hipotensores); aumentar a eficiência e tempo de ação, no caso da interação de anestésicos locais e
vasoconstritores, que diminuem a absorção do fármaco para corrente sanguínea, permitindo que esse
tenha maior tempo de ação no local anestesiado; entre outros tipos de interações.
Alguns substâncias, quando associadas acabam por serem inativadas. É o caso da interação de beta-
galactâmicos quando administrados em soro glicosado (nesse caso, a sua administração deve ser feita
no soro fisiológico); interação de aminoglicosídeos como penicilinas e cefalosporinas que têm seu
grupamento amino reagindo entre si e sendo inativados; interações que modificam a absorção
intestinal, como por exemplo o uso de redutores de acidez gástrica e um antifúngico (exemplo do
cetoconazol), os redutores acabam por tornar o meio gástrico alcalino, diminuindo a absorção do
antinfúngico e consequentemente sua eficácia; interações que modificam a metabolização e
reabsorção de certas substâncias, como no caso de antbióticos de amplo espectro e anticoncepcionais,
os antibióticos acabam matando as bactérias que quebram a complexação do ácido glicurônico com o
contraceptivo, impedindo que ele seja reabsorvido, diminuindo sua biodisponibilidade e eficácia.

7. Alterar o pH urinário pode ser uma alternativa para modificar a capacidade de excretar substâncias.
Explique outra forma de alterar o processo de excreção renal baseando-se em interações
medicamentosas.
A administração de uma substância inibidora, que possui maior afinidade pelo transportador renal
altera o processo de secreção tubular e reabsorção pelo túbulo proximal contorcido. Um exemplo é a
interação de um Probenicida com Penicilina, o primeiro, por ter maior afinidade com o transportador
renal, é mais excretado que a penicilina, que por sua vez é menos transportada e menos excretada,
acabando por ter uma duração e intensidade do efeito maior.

8. Explique como as interações medicamentosas podem facilitar a manifestação de toxicidade em um


indivíduo.
As interações medicamentosas podem alterar a absorção de uma substância. Como exemlo temos a
interação Digoxina+antibióticos de amplo espectro que acabam por destruir parte da microbiota
intestinal que faz a quebra da digoxina para que ela seja absorvida, isso acaba concentrando o fármaco
no plasma, gerando intoxicação e arritimias cardíacas (por ser um medicamento que aumenta a força
de contração do músculo cardíaco).
As interações medicamentosas podem também modificar a metabolização de certas susbstâncias. O
paracetamol, por exemplo, possui duas vias de metabolização: uma formadora de metabólitos ativos
não tóxicos e a outra de metabólitos tóxicos A interação paracetamol com álcool e o aumento da
indução enzimática da P450 que acaba induzindo a via de metabolização do paracetamol para uma
vida de produção de metabólitos hepatotóxicos.

Você também pode gostar