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Pedro Henrique Ferreira Guimarães – 3º Período FAMERV 2023/2

Roteiro de Farmacologia
Aula 02 – Farmacodinâmica de uma droga (Receptores)

01) Conceito de farmacodinâmica - origem das drogas


A farmacodinâmica ocupa-se do estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos
fármacos e seus mecanismos de ação. Os conhecimentos de farmacodinâmica podem
proporcionar as bases para o uso terapêutico racional dos fármacos e o
desenvolvimento de outros agentes terapêuticos mais novos e eficazes.

Os efeitos da maioria dos fármacos são atribuídos à sua interação com os


componentes macromoleculares do organismo. Essas interações alteram a função do
componente envolvido e iniciam as alterações bioquímicas e fisiológicas que
caracterizam a resposta do fármaco. O termo receptor ou alvo farmacológico refere-
se à macromolécula com o qual o fármaco interage para produzir uma resposta
celular. Em geral, os fármacos alteram a velocidade ou a magnitude de uma resposta
celular intrínseca, ao invés de produzir reações que antes não ocorriam. Os receptores
dos fármacos geralmente se localizam na superfície das células, mas também podem
estar localizados nos compartimentos intracelulares específicos, por exemplo o
núcleo. Sob o ponto de vista numérico, as proteínas constituem o grupo mais
importante de receptores farmacológicos.

“As drogas não criam funções no órgão ou sistema sobre o qual atuam, as drogas
modificam as funções preexistentes” Penildon Silva

Efeito Placebo: substância ou preparação inativa administrada que não contém


nenhum princípio ativo, mas que o paciente acredita que seja verdadeiro.

02) Classificar as drogas com base nos efeitos em alvos moleculares


Os fármacos atuam nos receptores fisiológicos e são particularmente seletivos porque
os receptores fisiológicos evoluíram de forma a reconhecer e responder com grande
seletividade às moléculas sinalizadoras específicas.

Muitos receptores de fármacos podem ser categorizados dentro de dois estados de


conformação, que estão em equilíbrio reversível entre si. Esses dois estados são
denominados estado ativo e estado inativo. Muitos fármacos atuam como ligantes
desses receptores e afetam a probabilidade de o receptor encontrar-se
preferencialmente em uma dessas duas conformações. As propriedades
farmacológicas dos fármacos baseiam-se, com frequência, em seus efeitos sobre o
estado de seus receptores cognatos. Um fármaco que, através de sua ligação a seu
receptor, favorece a conformação ativa deste receptor é denominado agonista; por
outro lado, um fármaco que impede a ativação do receptor pelo agonista é designado
como antagonista. Alguns fármacos não se enquadram exatamente dentro dessa
definição simples de agonista e antagonista; esses fármacos incluem os agonistas
parciais e os agonistas inversos.
Agonista: Um agonista é uma molécula que se liga a um receptor e o estabiliza numa
Substância que
determinada conformação (habitualmente na conformação ativa). Quando ligado por
ativa um receptor
um agonista, um receptor típico tem mais tendência a encontrar-se na sua
específico,
conformação ativa do que na sua conformação inativa. Dependendo do receptor, os
produzindo um
efeito semelhante agonistas podem ser fármacos ou ligantes endógenos.
ao da molécula de Um antagonista é uma molécula que inibe a ação de um agonista, mas que não exerce
sinalização
nenhum efeito na ausência do agonista. Os antagonistas podem ser divididos em
fisiológica
antagonistas de receptores e antagonistas sem receptores. O antagonista de receptor
(endógena).
liga-se ao sítio ativo (sítio de ligação do agonista) ou a um sítio alostérico de um
Drogas agonistas
agem ativando ou receptor. O antagonista sem receptores não se liga ao receptor do agonista;
estimulando seus entretanto, inibe a capacidade do agonista de iniciar uma resposta. Em nível
receptores molecular, essa inibição pode ocorrer através da inibição direta do agonista (por
produzindo uma exemplo, utilizando anticorpos), através da inibição de uma molécula localizada
resposta que distalmente na via de ativação, ou através da ativação de uma via que se opõe à ação
pode aumentar do agonista.
ou diminuir a
função celular. Um agonista parcial é uma molécula que se liga a um receptor em seu sítio ativo, mas
que só produz uma resposta parcial, mesmo quando todos os receptores estão
Antagonista: ocupados (ligados) pelo agonista.
substância que
impede a ação de Conforme assinalado anteriormente, em alguns casos, os receptores podem
um agonista em apresentar uma estabilidade inerente. Nessa circunstância, existe uma atividade
um receptor intrínseca (tônus) do sistema receptor, mesmo na ausência de um ligante endógeno ou
de um agonista exógeno administrado. Um agonista inverso atua de modo a abolir
essa atividade intrínseca (constitutiva) do receptor livre (não-ocupado).

Efeitos colaterais Reação adversa

Efeito não intencional previsível de se ocorrer Efeito não intencional não previsível
03) Princípios gerais da ação das drogas: mecanismos de ação das drogas
As drogas podem atuar em nosso organismo por meio de dois mecanismos distintos
chamados mecanismo de ação inespecífico e específico. No mecanismo inespecífico, a
droga não precisa se ligar a estruturas específicas nas células e nos tecidos para
exercerem os seus efeitos. Como exemplo, temos os antiácidos, os quelantes para a
contenção de metais pesados (EDTA), os laxantes e os antibióticos. No mecanismo de
ação específico, os fármacos devem se ligar a estruturas específicas nas células e nos
tecidos para conseguir exercer seus efeitos. Estas estruturas são denominadas
receptores e enzimas.

Os fármacos podem agir de formas distintas no organismo humano. Algumas dessas


drogas atuam alterando a síntese, o armazenamento, a liberação o transporte ou o
metabolismo dos ligantes endógenos, como os neurotransmissores e hormônios. Por
exemplo, existem muitos fármacos que atuam nas junções neuro efetoras e alteram a
síntese do neurotransmissor, seu armazenamento nas vesículas, sua liberação na
fenda sináptica e sua remoção subsequente da fenda sináptica por hidrólise ou
transporte do neurónio pré-sináptico ou pós-sináptico. Nesse sentido, os efeitos
desses fármacos podem aumentar ou diminuir as ações dos neurotransmissores de
modo a produzir o efeito terapêutico desejado.

Ainda, há aqueles medicamentos que atuam alterando o equilíbrio iônico do sangue,


da urina e do TGI. Os receptores desses fármacos são bombas e transportadores
iônicos, dos quais muitos estão expressos apenas nas células especializadas dos rins e
do sistema GI. Os efeitos farmacológicos de muitos desses receptores podem causar
alterações em todo o organismo, em consequência das alterações dos eletrólitos e do
pH do sangue, como a maioria dos diuréticos. Outro alvo importante desses fármacos
é a bomba de prótons das células parietais do estômago. A inibição dessa bomba pelos
fármacos reduz a secreção ácida do estômago e é fundamental no tratamento da
úlcera péptica.

04) Alvos moleculares das drogas: canais iônicos (tipos); moléculas


carreadoras; enzimas; receptores (diferentes tipos e ações das drogas nos
ácidos nucléicos)

As enzimas são alvos importantes para a ação do fármaco, pois auxiliam no transporte
de substâncias que controlam a velocidade das reações químicas. Os fármacos
direcionados para as enzimas são classificados como inibidores ou ativadores. Quase
todas as reações biológicas ocorrem sob a influência catalítica de enzimas. A inibição
das enzimas representa uma forma comum de ação das drogas.

Inibição inespecífica: muitas substâncias químicas e drogas tem a capacidade de


provocar a desnaturação das proteínas. Tal ação altera a estrutura terciária de
qualquer enzima com a qual essas substâncias entram em contato, inibindo-a.
Inibição específica: muitas drogas inibem uma enzima em particular, sem afetar
outras. Essa inibição pode ser competitiva e não-competitiva.

- Inibição competitiva: o fármaco compete com o substrato pelo mesmo sítio da


enzima com a qual se combina reversivelmente.

- Inibição não competitiva: o fármaco combina-se com a enzima ou com o complexo


enzima substrato com igual facilidade, mas num sítio diferente daquele ao qual o
substrato é atraído. O inibidor reage com um sítio adjacente, e não com o sítio
catalítico, porém altera a enzima de tal maneira que ela perde a sua propriedade
catalítica

Outro importante alvo de ação das drogas são os receptores. Um grande número de
drogas atua através de componentes macromoleculares específicos da célula que
regulam funções básicas, como a atividade enzimática, permeabilidade, processos de
transporte, características estruturais, função de molde. Essas macromoléculas ou os
seus sítios que se ligam à droga e interagem com ela são denominados receptores. Os
principais tipos de receptores são receptores acoplado à proteína G, receptor acoplado
a enzimas, Canal iônico e Receptor nuclear.

Há, ainda, os canais iônicos, os quais são importantes no estabelecimento e na


manutenção dos gradientes eletroquímicos necessários para conservar o potencial de
que elas se abrem e os íons que eles conduzem. Portanto, podem ser classificados em
canais ativados por voltagem e canais regulados por ligantes.

05) Tipos de Receptores

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