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PROPÓSITO
Reconhecer os agentes potencialmente tóxicos e suas categorias, compreender seus efeitos
mais comuns e a forma como tais agentes interagem propiciando eventos clinicamente
relevantes para saúde ambiental e dos seres vivos. A partir dessas informações, o profissional
estará mais preparado para agir de forma imediata em casos de intoxicação, tomando as
providências adequadas.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Neste conteúdo, definiremos e compreenderemos a Toxicologia como uma área de
conhecimento em que exploramos os mecanismos pelos quais substâncias químicas produzem
efeitos adversos nos sistemas biológicos.
Evitar o contato com entidades químicas prejudiciais à saúde humana, à saúde animal e ao
meio ambiente.
E, sendo necessário esse contato, fazê-lo de forma segura.
Além disso, cabe à Toxicologia estudar métodos e ou antídotos que reparem eventuais danos
causados pela exposição a esses agentes.
HISTÓRIA DA TOXICOLOGIA
A Toxicologia por definição é uma ciência. Muito antes do desenvolvimento da escrita, o
conhecimento dos venenos de animais e extratos vegetais era atributo importante para ter
sucesso na caça e na guerra. Foi o registro de tais venenos e seus efeitos que determinou o
início da Toxicologia.
A história mostra que cerca de 1500 a.C, o Papiro de Ebers apresentava informações a
respeito de 800 ingredientes ativos, entre eles cicuta, acônito, ópio, chumbo e antimônio.
Papiro de Ebers.
Uma mulher em destaque nesse ramo foi madame Toffana — a mais famosa envenenadora na
época do Renascimento. A partir da Acqua Toffana, cosmético a base de arsênio, mulheres
envenenavam seus maridos ricos.
Paracelsus (1493–1541), médico-alquimista, se propôs a dar um outro tom ao uso rotineiro dos
venenos. Pelo seu ponto de vista revolucionário, estabeleceu os agentes tóxicos como
entidades químicas e sua experimentação como essencial para análise de respostas.
Paracelsus (1493–1541).
A toxicologia moderna foi marcada pelos estudos de Fontana (1720–1805), realizados com
veneno de serpente. Outros cientistas também se destacaram à época, principalmente por
seus métodos científicos e sistemáticos.
Nesse contexto, temos:
CURARE
A toxicologia moderna como conhecemos foi, portanto, derivada de uma evolução na forma
como a humanidade e os cientistas olharam para as entidades químicas e seus efeitos. A
aplicabilidade focada na terapêutica dessas entidades foi bem estabelecida a partir de 1850,
quando começaram a ser usadas como anestésicos, juntamente com diversos eventos de
intoxicação por essas substâncias.
Por isso, no início dos anos 1900, os estudos em animais se estabeleceram, principalmente
nos EUA. Em 1930, foi criado o National Institute of Health (NIH) ou Instituto Nacional de
Saúde, uma agência de pesquisa médica parte do Departamento de Saúde e Serviços
Humanos dos Estados Unidos.
Anos depois, alguns projetos de lei foram criados envolvendo a atuação do Food and Drug
Administration (FDA), a Administração de Alimentos e Medicamentos, principalmente
impulsionado pelo evento trágico da sulfanilamida, um antibacteriano que, por ser pouco
hidrossolúvel, foi dissolvido em dietilenoglicol, uma substância de sabor doce comumente
utilizada na indústria de alimentos, entretanto, muito tóxica.
SAIBA MAIS
O elixir de sulfanilamida foi responsável pela morte de mais de 100 crianças na década de 30.
Os estudos de segurança e eficácia tornaram-se mais importantes e vários aditivos foram
adicionados à Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos.
Na década de 50, foi fundada a Sociedade de Toxicologia dos EUA. Na década de 60, outro
evento trágico acomete a humanidade: o incidente da talidomida.
Apesar de trágico, esse episódio culminou na criação de novas legislações que visam garantir
a segurança dos produtos químicos nos embriões, nos fetos e no meio ambiente.
MUITAS REVISTAS CIENTÍFICAS FORAM FUNDADAS
COM O OBJETIVO DE PROPAGAR INFORMAÇÕES
ACERCA DA TOXICOLOGIA CELULAR E MOLECULAR,
DESSA FORMA, O QUE VEMOS HOJE É A ÊNFASE DA
TOXICOLOGIA VOLTADA À AVALIAÇÃO DE
SEGURANÇA E RISCO NA UTILIZAÇÃO DE
SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS, BEM COMO CONTROLE
REGULATÓRIO DE SEU USO EM ALIMENTOS E EM
LOCAIS DE TRABALHO.
01
Em uma exposição prolongada, resultem em transtornos da capacidade funcional.
02
Reduzam a capacidade de manutenção da homeostasia (de forma reversível ou não).
03
Aumentem a vulnerabilidade a efeitos deletérios de outros fatores (físicos, ambientais,
químicos, biológicos ou sociais).
HOMEOSTASIA
É o estado de estabilidade das diversas variáveis do organismo, tais como temperatura, pH,
pressão arterial e concentração de íons, estado no qual o organismo pode funcionar de forma
adequada.
Descrevemos como agente tóxico ou toxicante a entidade capaz de causar dano ao sistema
biológico e, dessa forma, alterar sua função. Para entender o conceito de toxicante, precisamos
avaliá-lo de forma qualitativa e quantitativa:
Quantitativo
Um agente tóxico no aspecto quantitativo é assim definido quando é perigoso em certas doses
e desprovido de perigo em doses muito baixas.
Qualitativo
No aspecto qualitativo, o agente será tóxico quando nocivo para uma linhagem, ou seja, para
uma espécie de ser vivo, e desprovido de perigo para outra linhagem.
ANTÍDOTOS
TOXINA
TOXICIDADE
Para alguns toxicantes, é possível antagonizar os efeitos nocivos por meio da administração de
antídotos, que são substâncias ou misturas que agem no organismo revertendo o efeito do
toxicante, neutralizando-o quimicamente.
Comumente confundida com toxicante, temos o termo toxina, que é definida como substâncias
tóxicas estritamente produzidas por sistemas biológicos como plantas, animais, fungos e
bactérias. As toxinas são, portanto, um grupo de toxicantes.
A medida indica a dose necessária para promover letalidade em 50% da amostra exposta ao
agente. A intoxicação é dependente da dose. Quanto menor a dose necessária para gerar
letalidade, maior será a toxicidade do agente.
O contato com agentes que possuem toxicidade muitas vezes é inevitável. Seja porque a
manipulação é necessária nas atividades laborais, seja porque estão presentes em alimentos
como conservantes, por exemplo.
Dessa forma, em Toxicologia há a preocupação de se prever o risco das substâncias. O risco é
a probabilidade de aparecer um efeito nocivo quando há exposição a um agente tóxico,
considerando as condições da exposição (dose, via de exposição, características físico-
químicas do agente, entre outros).
XENOBIÓTICO
DROGA
XENOBIÓTICO
É o termo utilizado para definir substâncias estranhas ao organismo. Ainda que de ocorrência
endógena, serão também consideradas xenobióticas substâncias em quantidades elevadas,
acima do normal, que por esse motivo podem provocar intoxicação.
DROGA
É um termo genérico usado para definir toda e qualquer substância capaz de modificar o
sistema fisiológico ou patológico, definição essa na qual os fármacos estão incluídos.
Importante notar, como descrito, que mesmo fármacos, drogas com intenção benéfica, podem
causar intoxicação dependendo da dose utilizada.
Agora que nós vimos os principais termos utilizados em Toxicologia, vamos conceituar e
entender como o processo de intoxicação acontece.
1ª - FASE DE EXPOSIÇÃO
Momento em que o organismo entra em contato com o toxicante, interna ou externamente. É
determinante para a intoxicação, pois a depender da dose, da concentração do agente, da
frequência e da duração da exposição, das características individuais e da via de introdução,
pode-se observar uma probabilidade maior ou menor de o agente gerar seu efeito nocivo.
A - ORAL
B - PULMONAR
C - CUTÂNEA
D - MUCOSAS
2ª - FASE TOXICOCINÉTICA
Fase em que estão agrupados todos os processos entre a absorção do agente até sua
eliminação do organismo. Também estão sob estudo nessa fase a capacidade de distribuição e
acúmulo dos agentes em tecidos particulares, bem como o comportamento do organismo no
processo de biotransformação.
Podemos citar quatro processos principais que são objetivo dessa fase: absorção (saída do
agente do local de contato para a circulação sistêmica), distribuição (saída da circulação
sistêmica para os diferentes tecidos), biotransformação (transformação sofrida pela molécula
do agente, principalmente ao passar pelo fígado) e eliminação dos agentes (saída do agente
do organismo).
3ª – FASE TOXICODINÂMICA
Abrange o entendimento dos mecanismos da ação tóxica dos agentes. É a fase em que a
interação entre o toxicante e os sítios de ligação celulares ou teciduais são analisados. A
descrição dos mecanismos é importante para entendermos as alterações funcionais sofridas
por órgãos e sistemas e, assim, atuarmos com propósito de contenção dos danos.
4ª – FASE CLÍNICA
Momento em que os sinais e sintomas são evidenciados. Todas as alterações promovidas
pelos agentes repercutem em desequilíbrio e as disfunções orgânicas se tornam aparentes.
Por fim, temos a Toxicologia do Desenvolvimento, que estuda os efeitos dos agentes sobre
os embriões e fetos, dada a exposição dos pais antes da concepção e no período pré-natal,
assim como possíveis efeitos após nascimento, durante o desenvolvimento infantil.
Dedica-se a estudar efeitos nocivos dos agentes a que os trabalhadores são expostos nas
suas funções laborais.
TOXICOLOGIA DE ALIMENTOS
É uma das áreas de atuação mais fortes da Toxicologia, na qual se estudam os efeitos nocivos
provenientes das interações de medicamentos e cosméticos com o organismo.
TOXICOLOGIA SOCIAL
Nessa área, as substâncias de uso não médico são foco. Seus efeitos nocivos e mecanismos
são avaliados, bem como os danos causados à saúde dos indivíduos.
Podemos observar que a atuação nas diferentes áreas da Toxicologia exige grande
conhecimento das Ciências Biomédicas e Biológicas, assim como de assuntos que competem
às áreas criminais, de exatas e humanas. Em face dessa complexidade, o campo da
Toxicologia exige trabalho multiprofissional na resolução dos problemas abordados na área.
A IMPORTÂNCIA DA TOXICOLOGIA NA
HISTÓRIA DA SOCIEDADE
A especialista Cristiane Paiva nos apresenta uma linha do tempo com os principais marcos da
história da Toxicologia e a importância dessa ciência para a sociedade:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Assim, de uma forma geral, os agentes tóxicos podem ser subdivididos em grupos de acordo
com a informação de interesse, como demonstrado a seguir:
Informação de
Exemplos
interesse
– Natural: vegetal (glicosídeos cianogênicos); animal
(vitamina A); mineral (chumbo)
Origem
– Artificial (fenobarbital)
– Pulmão (paraquat)
Órgão alvo
– Solventes (tolueno)
– Mutagênico (aflatoxina)
Efeito
– Teratogênico (isotretinoína)
– Sólido (aldicarb)
Classe química
REAÇÕES ALÉRGICAS
As reações alérgicas são observadas quando há sensibilização prévia ao agente ou a
moléculas com estrutura semelhante. É resultado de reação imunológica. Termos equivalentes
como sensibilização e hipersensibilidade podem ser usados para caracterizar esse tipo de
efeito indesejável. Elas podem ocorrer mesmo em doses baixas, caso o indivíduo já tenha
estabelecido contato com o agente previamente.
REAÇÕES IDIOSSINCRÁTICAS
São respostas que ocorrem em indivíduos com determinada característica genética. A
qualidade da resposta em geral não difere, mas a sensibilidade sim. Alguns indivíduos
manifestam sensibilidade a doses muito baixas, ou são insensíveis mesmo em doses muito
altas.
TOLERÂNCIA
Há ainda indivíduos que não respondem ao efeito tóxico de agentes quando são expostos
previamente. É o espectro de efeito chamado Tolerância. Nessa situação, desenvolve-se a
capacidade de reduzir a quantidade da substância tóxica no local onde o efeito é produzido ou
reduzir a resposta do próprio tecido.
Os efeitos tóxicos, quando ocorrem, podem ser reversíveis ou irreversíveis. O quadro vai
depender da capacidade de regeneração do tecido exposto ao agente e da lesão patológica
produzida. Lesões no sistema nervoso central são, em maioria, irreversíveis, enquanto lesões
do tecido hepático podem ser reversíveis devido a sua capacidade de regeneração.
SÍTIO DE AÇÃO
Outra característica importante para definir a gravidade das lesões após exposição é o sítio de
ação. Efeitos locais ocorrem no sítio do primeiro contato. Agentes que, mesmo não sendo
absorvidos sistemicamente, gerem danos no local de exposição são caracterizados por terem
toxicidade local. Os efeitos sistêmicos dependem de absorção e distribuição da substância a
partir do seu ponto de entrada para outro local onde produzirão efeitos nocivos. A maioria dos
agentes tóxicos, se absorvidos, produzem efeitos sistêmicos. Quando isso ocorre, são
caracterizados por terem toxicidade sistêmica.
Ainda nesse contexto, no caso de medicamentos, que são substâncias potencialmente tóxicas,
é preciso ressaltar os conceitos de reações adversas e intoxicação. As reações adversas são
provocadas com doses terapêuticas do medicamento e ocorrem pois nem sempre há
seletividade para um único alvo. Quando há apenas um único alvo que sofre interferência do
agente, dizemos que a toxicidade é seletiva. Um exemplo comum de reação adversa é a que
observamos quando o paciente alérgico a penicilina faz uso do medicamento sem saber.
Apesar de utilizar dose adequada para seu peso corporal e sua faixa etária, o paciente alérgico
poderá manifestar urticária, edema, chiado no peito e até mesmo choque anafilático.
– A INTOXICAÇÃO AGUDA
A partir dos dados descritos, é possível determinar o índice terapêutico (IT) (Equação 1) e a
margem de segurança (MS) (Equação 2) de agentes farmacológicos, prevendo o risco de
promoverem intoxicação. Quanto maior o índice terapêutico ou a margem de segurança, menor
será o risco de intoxicação.
I T = DL50 ÷ DE50
Equação 1
Equação 2
Para compreendermos melhor, vejamos a comparação entre duas substâncias utilizadas como
princípio ativo de medicamentos:
Diclofenaco de sódio
Ibuprofeno
Prezado aluno: O conteúdo on-line é produzido para que você possa acessá-lo como desejar,
pelo computador, pelo smartphone, por suportes de diferentes tamanhos. Assim, usamos uma
tecnologia para atender a todos. Em nosso material, unidades de medida e números são
escritos juntos (ex.: 25km). No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre
o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por
você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades.
– A INTOXICAÇÃO CRÔNICA
EXPOSIÇÃO SUBAGUDA:
EXPOSIÇÃO SUBCRÔNICA:
EXPOSIÇÃO CRÔNICA:
Os efeitos tóxicos observados após uma única exposição, por exemplo, a agentes rapidamente
absorvidos podem ser imediatos. Outros agentes podem não manifestar efeitos após exposição
única, entretanto, quando a exposição é repetida, podem promover efeitos lentos e graves
como mutagenicidade e carcinogenicidade.
EXEMPLO
Temos o chumbinho como exemplo de um agente que é rapidamente absorvido e gera efeitos
tóxicos imediatos. As manifestações são observadas logo após o contato, iniciando com dor
abdominal, sudorese, vômito, evoluindo para sintomas mais graves como redução da pressão
arterial e da frequência cardíaca.
A intoxicação por mercúrio acontece ao contrário, ela pode manifestar seus primeiros sinais
meses após o início do contato.
O consumo de água ou peixes contaminados, principalmente por populações ribeirinhas de
locais de garimpo, pode gerar intoxicação crônica, com manifestações de fraqueza e cansaço
frequente, emagrecimento, úlceras no estômago, dentes quebradiços e alterações renais.
SAIBA MAIS
FÁBRICAS E AGRICULTURA
A exposição a metais, herbicidas, inseticidas é observada de forma prolongada em
trabalhadores da indústria e da agricultura.
GRANDES CIDADES
Pelo meio ambiente, é possível ocorrer exposição a hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e
monóxido de carbono, principalmente em grandes cidades.
MEDICAMENTOS
Os medicamentos também são agentes aos quais indivíduos são expostos frequentemente e
são grandes causadores de intoxicação.
ALIMENTOS
A exposição a substâncias ativas contidas em alimentos e bebidas como etanol, flavorizantes,
corantes e conservantes são por vezes responsáveis por quadros de intoxicação.
Ainda no contexto da exposição, é importante atentar para as diferentes vias e locais possíveis
para que a exposição aconteça. Como vimos no módulo 1, as principais vias de acesso dos
agentes tóxicos ao organismo são:
A)
(A)
Gastrointestinal – por ingestão.
B)
(B)
Pulmonar – por inalação.
C)
(C)
Cutânea – por ação tópica, percutânea ou cutânea.
D)
(D)
Vias parenterais – por injeção intravenosa, subcutânea e intramuscular.
Ainda que um agente tenha toxicidade, pode-se dizer que a probabilidade de uma intoxicação
sistêmica, por exemplo, está associada à forma como a exposição foi realizada, uma vez que a
absorção depende da via de administração. Um agente com ação no sistema nervoso central,
se bem metabolizado pelo fígado, teria risco menor de intoxicar quando administrado pela via
oral do que pela via inalatória.
O próprio efeito tóxico de uma forma geral é uma resposta em função da dose, da duração da
exposição, das propriedades do agente químico e da susceptibilidade do indivíduo. O risco do
efeito nocivo atribuído a um agente é proporcional à exposição e a sua toxicidade. Dessa
forma, entende-se que quanto maiores a exposição e a toxicidade do agente, maior o risco de
a intoxicação ocorrer. A análise desses fatores é descrita como avaliação de risco.
ATIVIDADE DE REFLEXÃO
Ao administrarmos duas substâncias químicas simultaneamente, uma possibilidade de
interação é a que chamamos de EFEITO ADITIVO. Nesse caso, que variação devemos ver nos
efeitos nocivos?
AUMENTO DIMINUIÇÃO
AUMENTO
Isso mesmo! O efeito aditivo é o somatório dos efeitos das substâncias individuais.
DIMINUIÇÃO
Não é bem assim! O efeito aditivo é o somatório dos efeitos das substâncias individuais.
O efeito sinérgico ocorre quando os efeitos combinados dos dois agentes são muito mais
intensos do que a simples soma dos efeitos desses agentes. No exemplo apresentado
anteriormente, se observássemos efeito sinérgico, teríamos:
Para esse caso, podemos citar como exemplo a interação entre o etanol e o tetracloreto de
carbono, gerando altíssimo risco de hepatotoxicidade.
Além das interações com aumento de efeito, diferentes agentes podem, quando administrados
em conjunto, produzir interações com redução de efeito. Esse tipo de interação é definido como
ANTAGONISMO.
ANTAGONISMO FUNCIONAL
Gerado quando duas substâncias produzem efeitos opostos sobre a mesma função fisiológica.
O uso excessivo de barbitúrico pode promover redução drástica da pressão arterial. Tal ação
pode ser antagonizada com o uso de adrenalina, por exemplo.
ANTAGONISMO QUÍMICO
Ocorre quando uma reação entre dois agentes gera um produto final menos tóxico. Esse tipo
de interação é comum com agentes quelantes, como é o caso do ácido 2,3-mercaptosuccínico,
quelante dos íons chumbo e mercúrio reduzindo a toxicidade destes.
ANTAGONISMO FARMACOCINÉTICO OU
DISPOSICIONAL
Observado quando um agente altera algum processo toxicocinético como absorção,
biotransformação e eliminação do outro agente. Desse modo, a concentração do agente e sua
permanência no organismo são reduzidas. É a interação que o carvão ativado promove com
agentes tóxicos administrados pela via oral, por exemplo.
ANTAGONISMO FARMACODINÂMICO
Também descrito como antagonismo de receptores, ocorre quando dois agentes que se
ligam ao mesmo receptor produzem efeito menor quando comparado à somatória de seus
efeitos isolados.
Podemos exemplificar essa interação citando a atuação da naloxona para reverter a depressão
respiratória provocada pela morfina.
A IMPORTÂNCIA DA TOXICOLOGIA NA
HISTÓRIA DA SOCIEDADE
A especialista Cristiane Paiva nos apresenta exemplos de intoxicações, associando-os aos
agentes tóxicos e demonstrando a aplicação e a classificação deles:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
A interação com o alvo molecular desencadeia uma série de eventos celulares que culminam
no efeito tóxico. Os mecanismos gerais mais conhecidos são descritos a seguir:
Os receptores são estruturas sensíveis e ativáveis que coordenam funções nas células.
EXEMPLO
Ambas se ligam a receptores do tipo muscarínico nos sistemas nervosos central e periférico. O
hexametônio é um bloqueador de receptores do tipo nicotínicos dos gânglios e a d-tubocurarina
(alcaloide extraído de plantas) bloqueia os receptores nicotínicos na placa motora.
Para que uma célula mantenha sua função, um dos principais requisitos é que suas
membranas plasmáticas estejam íntegras e estáveis. Agentes tóxicos podem modificar essa
estabilidade por alguns mecanismos.
O fluxo de íons através de um axônio neuronal pode ser bloqueado pela tetrodotoxina, por
exemplo. Essa substância é derivada das gônadas, fígado e pele de peixes da família
Tetrodontidae. No Brasil, há uma espécie de peixe que possui a tetrodotoxina, o chamado
baiacu.
Ao bloquear os canais de sódio, situados nas membranas axônicas, esse agente impede as
trocas iônicas e a liberação de acetilcolina pelos neurônios. A intoxicação é caracterizada por
acentuada fraqueza muscular que evolui para paralisia completa e morte.
Outro agente que atua por interferência nas funções de membranas excitáveis é a
batrocotoxina. Ela é encontrada na pele do anfíbio sul-americano, o Phyllobates aurotaenia,
membro de uma família de rãs encontradas em ambientes tropicais da América Central e
América do Sul.
Esse agente aumenta a permeabilidade das membranas em repouso aos íons sódio. Isso as
torna inicialmente hiperexcitáveis e, em seguida, despolarizadas e inexcitáveis. No coração,
observamos arritmias.
Muitos metais também inibem enzimas. O chumbo, o mercúrio e o arsênio se ligam aos
grupamentos sulfidrilas de proteínas, impedindo-as de funcionar. Além disso, o chumbo e o
mercúrio inibem as enzimas atuantes na síntese do grupamento heme, gerando intoxicação
com manifestações de porfiria, uma vez que há acúmulo excessivo dessa molécula (que auxilia
a proteína hemoglobina no transporte de oxigênio no sangue).
Outro agente tóxico que se complexa com enzimas é o monóxido de carbono, que pode
modular a enzima citocromo oxidase. Além disso, esse gás liberado na combustão de matérias
orgânicas se fixa à forma reduzida do ferro na hemoglobina, diminuindo o transporte de
oxigênio.
Apesar de ser um fármaco utilizado em larga escala, principalmente no Brasil, é preciso ter
cuidado com a sobredose, ou seja, o uso de doses excessivas, pois a sua eliminação depende
de duas reações hepáticas. Quando há saturação desse mecanismo, o metabólito tóxico se
acumula no interior da célula, ligando-se a proteínas intracelulares e gerando hepatotoxicidade.
COMERCIALIZAÇÃO
DIVULGAÇÃO
PRESCRIÇÃO MÉDICA
ACIDENTES
SUICÍDIO
COMERCIALIZAÇÃO
DIVULGAÇÃO
PRESCRIÇÃO MÉDICA
ACIDENTES
SAIBA MAIS
Dados do Sinitox já mostraram em alguns estudos que os medicamentos são responsáveis por
34% das intoxicações no Brasil. Em um estudo realizado no estado do Ceará, de 214
intoxicações, 99 casos foram associados exclusivamente aos medicamentos. O Centro de
Assistência Toxicológica (CEATOX-CE) chegou a notificar 1.362 casos de intoxicação
medicamentosa em um período de 4 anos (CARVALHO et al., 2017).
ATENÇÃO
Importante notar que o perfil de intoxicação varia em função dos padrões culturais, sociais e
econômicos. De maneira geral, em países desenvolvidos, a ocorrência maior de intoxicações
está relacionada a produtos químicos e medicamentos. Em países em desenvolvimento, além
desses agentes, observamos envenenamento por animais peçonhentos, plantas venenosas e
pesticidas agrícolas.
Particularmente, por ter grandes polos industriais, o Brasil registra casos em excesso de
intoxicações por produtos químicos utilizados na fabricação, manipulação, transporte e
descarte. Além disso, o Brasil é grande consumidor de pesticidas, o que favorece intoxicações
por uso excessivo e indiscriminado desses produtos (CIAVE, 2009).
ATENÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, a Toxicologia é uma ciência ampla que evoluiu muito ao longo dos anos.
Historicamente, a humanidade sempre se interessou em pesquisar diferentes substâncias que
pudessem curar as enfermidades que as acometiam, mas que também pudessem punir seus
inimigos provocando danos, quando não a morte.
Muito se aprendeu com os erros na utilização de agentes tóxicos. Alguns episódios marcaram a
humanidade de forma vitalícia, a exemplo o episódio da talidomida, entretanto, foram cruciais
para uma reflexão acerca da utilização segura e eficaz de substâncias desconhecidas. Esses
eventos também encorajaram a criação de agências e órgãos regulamentadores que hoje em
dia atuam vigiando a liberação e uso de qualquer componente novo e potencialmente tóxico.
A Toxicologia absorveu o estudo de muitos agentes diferentes e isso forçou sua subdivisão.
Discutimos a respeito dos efeitos tóxicos dos toxicantes e as alterações fisiológicas e
bioquímicas nos tecidos e órgãos. Ainda, falou-se sobre a relação de proporcionalidade entre
as lesões, a exposição e a intensidade de sua ação.
Concluímos que, para evitarmos esses efeitos, deve-se evitar o contato com tais agentes. No
entanto, diante da necessidade de manipulação desses agentes, o ideal é uma exposição
segura, com os riscos previstos e a paramentação adequada.
PODCAST
Agora, a especialista Cristiane Paiva encerra o tema fazendo um apanhado geral do que foi
visto por você até aqui.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. B. M. et al. Epidemiologia das intoxicações medicamentosas registradas no
Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas de 2012-2016. Saud. Pesq.,
Maringá (PR), vol. 13, n. 2, p. 431-40, 2020.
EXPLORE+
A intoxicação no exercício de atividades laborais é uma questão que há muitos anos preocupa
a humanidade. Um dos episódios emblemáticos de ocorrência de intoxicação ocupacional foi
pontuada no filme Alice no País das Maravilhas, de 2010, dirigido por Tim Burton. No filme, o
chapeleiro, interpretado pelo ator Johnny Depp, apresentava sintomas de intoxicação por
exposição ao vapor de mercúrio. Na Inglaterra dessa época (Rei Eduardo VII - 1902), os
chapéus eram tratados no vapor de mercúrio metálico para atender aos requisitos de
elegância. Foi daí que surgiu a expressão: mad as a hatter; ou seja, tão louco quanto um
chapeleiro.
Para saber mais, leia o artigo intitulado Toxicidade Mercurial - Avaliação do Sistema Visual
em Indivíduos Expostos a Níveis Tóxicos de Mercúrio de Luiz Carlos L. Silveira, Dora Fix
Ventura e Maria da Conceição N. Pinheiro.
Assista também ao filme Alice no País das Maravilhas e perceba os sinais e sintomas do
Chapeleiro Maluco.
CONTEUDISTA
Luiza Villarinho Pereira Mendes
CURRÍCULO LATTES
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