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DESCRIÇÃO

A construção de modelos para divulgação científica e os avanços na área da saúde com o uso
de mídias indexadas.

PROPÓSITO
Compreender a importância da divulgação científica para avanços em diversas realidades
socioambientais a partir do impacto de artigos, notas e outras publicações dentro da ciência e,
principalmente, na sociedade.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Identificar os meios necessários à produção de um artigo científico

MÓDULO 2

Descrever resumo e nota científica

MÓDULO 3

Reconhecer a importância da metodologia em um trabalho científico


INTRODUÇÃO
Neste conteúdo, você vai conhecer o processo de escrita e confecção de meios de
comunicação científica, como artigos, notas e resumos, observando seus impactos e sua
importância para o desenvolvimento da ciência. Além disso, verá como analisar os meios de
publicação e como alcançar comunicações de qualidade em meios de grande abrangência. Por
fim, conhecerá os processos metodológicos necessários para que um trabalho científico seja
elaborado e aceito para publicação.

MÓDULO 1

 Identificar os meios necessários à produção de um artigo científico

O ARTIGO CIENTÍFICO
Imagine-se descobrindo algo que pode mudar, em pequena ou larga escala, o direcionamento
de uma sociedade. Uma descoberta que pode melhorar a qualidade da vida humana ou então
nos alertar sobre possíveis fatores que podem impactar a humanidade no futuro. De que
maneira você pode comunicar isso a ponto de ter alta credibilidade em seu achado e amplo
espectro de alcance em sua divulgação?

Você pode até imaginar meios para essa exposição, como um canal no YouTube, uma
postagem no Instagram, podcasts ou a utilização de outras redes sociais. Mas quem vai validar
sua descoberta a ponto de considerá-la real e relevante?
Ter meios de comunicação com processos bem estabelecidos, mediados por profissionais
qualificados, que aplicam a metodologia científica em suas avaliações, é importante para fazer
valer a informação que você quer divulgar. Para isso, existem os meios de comunicação
indexados, que divulgam artigos, notas e resumos, possibilitando a comunicação eficiente e
relevante de seus dados.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) :


ARTIGO CIENTÍFICO É PARTE DE UMA PUBLICAÇÃO
COM AUTORIA DECLARADA, QUE APRESENTA E
DISCUTE IDEIAS, MÉTODOS, TÉCNICAS, PROCESSOS
E RESULTADOS NAS DIVERSAS ÁREAS DO
CONHECIMENTO.

(ABNT, 2003)
Pela definição acima, observe que um artigo é uma publicação. O fato de ser publicado tem
relação com a relevância por indexação.

E COMO SE DÁ ESSE PROCESSO?


Por uma perspectiva mais abrangente, indexar tem relação com organizar em índices, ou então
em classificações. Por outro lado, há também o sentido de se registrar alguma mídia em uma
biblioteca. Entretanto, para artigos científicos, indexar tem uma relação mais restrita e
complexa. Revistas e publicações indexadas são mídias de grande rigor científico, com
métodos de análise de artigos bem criteriosos situados em plataformas que congregam uma
série de dados de outros artigos publicados.

Então, como sempre deve ser na ciência, a indexação tem compromisso com a qualidade e
a precisão das informações. O fato de um artigo apresentar autoria declarada permite a
promoção do autor, mas também o expõe a questionamentos. Quando alguém se declara autor
de um artigo, torna-se responsável pelas informações que serão veiculadas, aumentando ainda
mais a credibilidade do que se publica.

A apresentação da discussão de ideias, métodos, técnicas e processos é o cerne desse


documento. Ele se torna um ambiente propício para exposição, análise e debate de ideias. Na
verdade, o artigo científico faz com que sua ideia tenha o potencial de alcançar todo o mundo
acadêmico e, quem sabe, modificar padrões que vigoram em uma sociedade.

De forma diferente, as revistas de divulgação científica apresentam linguagem simples e


didática, levando ciência à comunidade leiga; são publicadas mensal ou bimestralmente e
distribuídas em bancas de jornais e com acesso remoto.

Há quem associe o termo ciência apenas às ciências naturais, mas todas as áreas do
conhecimento são ciências. Portanto, em todas elas podem ser construídos artigos científicos.
Associe sempre esses documentos à melhor forma de expressão, a partir de métodos
consolidados, e com credibilidade das suas ideias.

 As oito áreas do conhecimento.

ARTIGO CIENTÍFICO – BREVE HISTÓRICO

Registrar ideias em um papel não é algo recente. Na verdade, quando houve o


desenvolvimento do papel, já ocorreu o primeiro registro de ideias. Mas é claro que essa não é
a origem de um artigo científico, que precisa de critérios para ser publicado. Assim,
estabeleceremos critérios para voltar no tempo e observar qual foi o primeiro artigo a veicular
nos moldes atuais.

Um diário, mais precisamente um "diário dos sábios", foi a primeira revista com critério e rigor
científico a ser publicada. Seu nome original é Journal des Sçavans e sua primeira edição foi
publicada em 5 de janeiro de 1665, com apenas 12 páginas, mas com muita informação
(SPINAK e PACKER, 2015). Essa revista continua sendo publicada até hoje com o nome Le
Journal des Savants, tendo mais de 480 edições ao longo de todo esse tempo — com uma
breve interrupção entre 1792 e 1816. Já imaginou quanta informação foi veiculada por ali?
 Imagem de um dos artigos publicados na primeira revista com registro oficial.

Esse marco, fundamental para estabelecer um modo de comunicação que vigora até hoje,
permitindo que as pessoas tenham acesso às ideias e novidades do campo das ciências,
resultou em um número quase incontável de publicações com periodicidade diversa, que
permeiam todo o campo da pesquisa científica.

O QUE COMPÕE UM ARTIGO CIENTÍFICO?

Para começar a pensar na escrita de um artigo científico, é preciso entender quais são os
elementos que compõem esse tipo de documento.

Aqui você não irá escrever um artigo científico, mas começará a ver quais são as principais
necessidades para que esse texto seja então produzido. Inicialmente é necessário um padrão,
uma escrita formal que seja reconhecida como um artigo científico. Mas, ao observar as
revistas que publicam tais artigos, percebe-se que nem sempre os mesmos elementos
constituem e compõem essa produção. Veja, por exemplo, as orientações da Revista Brasileira
de Zoologia:

MANUSCRITOS
O texto deverá ser digitado em espaço duplo, com margens esquerda e direita de 3 cm,
alinhado à esquerda e suas páginas devidamente numeradas. A página de rosto deve conter:
1) título do artigo, mencionando o(s) nome(s) da(s) categoria(s) superior(es) à(s) qual(is) o(s)
animal(ais) pertence(m);

2) nome(s) do(s) autor(es) com endereço(s) completo(s), exclusivo para recebimento de


correspondências, e com respectivos algarismos arábicos para remissões;

3) resumo em inglês, incluindo o título do artigo se o mesmo for em outro idioma;

4) palavras-chave em inglês, no máximo cinco, em ordem alfabética e diferentes daquelas


utilizadas no título;

5) resumo e palavras-chave na mesma língua do artigo, ou em português se o artigo for em


inglês, e equivalentes às do resumo em inglês. 

O conjunto de informações dos itens 1 a 5 não deve exceder a 3500 caracteres considerando-
se espaços.

Os nomes de gênero(s) e espécie(s) são os únicos do texto em itálico. A primeira citação de


uma taxa no texto deve vir acompanhada do nome científico por extenso, com autor e data, e
família.

Citações bibliográficas devem ser feitas em caixa alta reduzida (Versalete) e da seguinte forma:
Smith (1990), Smith (1990: 128), Lent & Jurberg (1965), Guimarães et al. (1983), artigos de um
mesmo autor ou sequências de citações devem ser arrolados em ordem cronológica.

(REVISTA BRASILEIRA DE ZOOLOGIA)

Esse é apenas um fragmento de uma longa lista de recomendações para que um autor
submeta seu artigo a essa revista.

Observe agora como a Revista Brasileira de Epidemiologia, em sua página de políticas, orienta
os autores quanto à apresentação de seus artigos:

RESUMO E ABSTRACT
[...] Os autores deverão apresentar no mínimo quatro e no máximo seis palavras-chave no
idioma em que o manuscrito foi apresentado e em inglês. Caso o idioma seja o inglês, as
palavras-chave também devem ser enviadas em português. Esses descritores devem estar
padronizados conforme os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) (disponíveis em
http://decs.bvs.br/).

Introdução

Métodos
Resultados

Discussão

Recomenda-se que o(s) último(s) parágrafo(s) da Discussão seja(m) destinado(s) às


conclusões e recomendações.

(REVISTA BRASILEIRA DE EPIDEMIOLOGIA)

REFERÊNCIAS
Devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a primeira menção no texto e
utilizando-se algarismos arábicos sobrescritos. A listagem final deve seguir a ordem numérica
do texto, ignorando a ordem alfabética dos autores. Não devem ser abreviados títulos de livros,
editoras ou outros. Os títulos de periódicos seguirão as abreviaturas do Index Medicus/Medline.
Devem constar os nomes dos seis primeiros autores, seguidos da expressão et al. quando
ultrapassarem esse número. Sempre que disponível, o Digital Object Identifier (DOI) deve ser
informado ao final da referência(....). Comunicações pessoais, trabalhos inéditos ou em
andamento poderão ser citados quando absolutamente necessários, mas não devem ser
incluídos na lista de referências, sendo apresentados somente no corpo do texto ou em nota de
rodapé. Quando um artigo estiver em vias de publicação, deverão ser indicados o título do
periódico, o ano e outros dados disponíveis, seguidos da expressão, entre parênteses, “No
prelo” ou “In press”. A exatidão das referências é de responsabilidade dos autores.

(REVISTA BRASILEIRA DE EPIDEMIOLOGIA)

E ONDE ESTÁ O PADRÃO NECESSÁRIO PARA QUE


HAJA PUBLICAÇÃO DE UM ARTIGO CIENTÍFICO?

Analisando os tópicos levantados pelas duas revistas, podemos encontrar congruências entre
alguns deles. Na verdade, observando um número maior de revistas, encontraríamos as
mesmas congruências, ou seja, existem elementos que são fundamentais para todo artigo
científico; os elementos que diferenciam o artigo de uma publicação em relação ao de outra
têm a ver com a especificidade do assunto abordado. Veja, então, quais são os pontos
congruentes que caracterizam um artigo científico.
I

Todo artigo começa com uma introdução, elemento fundamental para situar o leitor quanto à
proposta do conteúdo. Ela dá o embasamento necessário para que o leitor consiga conduzir a
leitura, sabendo da intenção do autor e dos objetivos que ele pretendeu atingir ao escrever o
artigo.

Logo após a introdução vêm os objetivos, que podem ser divididos em objetivo geral e
objetivos específicos. O objetivo geral apresenta ao leitor a proposta mais abrangente, mais
ampla do artigo. Já os objetivos específicos são propostas mais estritas, que, juntas,
promovem o alcance do objetivo geral.

II
III

É preciso citar também a seção de metodologia, que muitos artigos tratam como materiais e
métodos. É nesse ponto que descrevemos as referências metodológicas e os procedimentos e
processos usados para chegar ao objetivo esperado ou testar as hipóteses levantadas,
sempre com o princípio da falseabilidade.

Os artigos científicos também apresentam a seção de resultados, em que os dados


encontrados são demonstrados para que o leitor possa fazer análises e algumas correlações.
Nessa seção, o ideal é que os resultados sejam apenas explanados para que as análises
sejam feitas em seções posteriores, como a discussão e a conclusão.

IV
V

Alguns artigos apresentam a seção de discussão. Nela, o autor apresenta o seu olhar sobre
as referências que usa a partir dos resultados obtidos. É importante compreender que o olhar
do autor não tem por base uma opinião subjetiva, mas sim critérios científicos, sejam eles
concordantes ou não com seu ponto de vista. Isso valida o artigo como um instrumento
imparcial do desenvolvimento da ciência.

Por último, todo artigo apresenta uma conclusão. Em alguns casos a discussão e a conclusão
são trabalhadas juntas. A conclusão é importantíssima porque é ela que define se o objetivo foi
ou não alcançado, demonstrando se a questão apontada pelo autor foi solucionada.

VI
HIPÓTESES

Trata-se de uma possível explicação para determinado fenômeno. Como sabemos, a pesquisa
científica se inicia sempre com a colocação de um problema solucionável, a nossa questão
norteadora. O passo seguinte consiste em determinar uma solução possível, formulando as
hipóteses.

 SAIBA MAIS

Por mais que os artigos sejam padronizados e sigam uma proposta metodológica de
divulgação de dados, é necessário destacar seus modelos de escrita. Não existe uma única
linguagem para os artigos científicos, cada revista tem a sua proposta. Ela sempre se adapta à
área, à disciplina ou ao teor da pesquisa realizada. E isso demonstra um caráter particular da
própria revista que publica o artigo. Vivenciar essa diversidade de linguagens é importante para
conhecer as diversas formas de se falar de ciência.

Uma forma interessante para você começar a produzir um artigo é escrever uma proposta
respeitando as orientações fornecidas por uma revista da sua escolha. Assim, você já começa
a vivenciar e participar desse processo de construção, aproveitando para treinar o
desenvolvimento da linguagem científica.

 Algumas das principais publicações científicas da atualidade.


ONDE PUBLICAR UM ARTIGO
Já que estamos falando de revistas, é importante entender como se publica um artigo.

 VOCÊ SABIA

Existem hoje no mundo mais de 40 mil revistas que publicam artigos científicos! É claro que
nem todas elas são da área de Saúde. Dentro dessa, são cerca de dez mil publicações, das
quais aproximadamente 200 são brasileiras e pertencem às áreas de Saúde e de Ciências
Biológicas.

O número pode até parecer pequeno quando se constata o tanto de revistas que são
publicadas no mundo, entretanto, quando observamos a distribuição pelos países, esse
número se torna muito relevante. Isso indica que a ciência no Brasil tem nessas revistas
grandes meios de divulgação formal e também demonstra que a quantidade de publicações no
nosso país é consideravelmente relevante para o desenvolvimento sociocientífico.

Com tantas possibilidades, escolher uma revista mais bem relacionada ao tipo de pesquisa que
se está fazendo é o que vai realmente indicar o caminho para a publicação de um manuscrito.
É interessante fazer uma pesquisa nas plataformas de periódicos para buscar as revistas mais
próximas da intenção temática do artigo.

 DICA

As revistas científicas apresentam uma abrangência de divulgação. Revistas bem consolidadas


e de renome têm distribuição ampla e atingem diversos pesquisadores, em diversos países.
Publicando seu artigo em revistas de alto impacto, mais pessoas vão saber sobre o que você
está pesquisando, quais foram os resultados e aonde você quer chegar com a proposta de seu
manuscrito.

AS CLASSIFICAÇÕES QUALIS

Uma das formas de comprovar credibilidade, abrangência e impacto é identificando a qualidade


e o rigor nas análises de artigos de um periódico.

Em 1998, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)


desenvolveu uma forma de avaliar e classificar os periódicos científicos globais, referenciando-
os em nível de importância, veracidade e credibilidade. A partir dessa proposta, foram
criadas oito classificações: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C.

Esses conceitos demonstram revistas de alta qualidade, com relevância e grande impacto,
identificadas como A1 e A2, até aquelas reconhecidas como revistas científicas, mas muito
recentes ou que não apresentam grande impacto, identificadas por C. Essas classificações são
chamadas de Qualis e têm norteado e direcionado os investimentos das agências de fomento
nos periódicos de maior qualidade.

 Classificação Qualis CAPES.

 COMENTÁRIO

Recentemente, em 2019, a CAPES emitiu uma revisão dos conceitos e dos critérios, criando os
conceitos A3 e A4, considerados também de alto nível. Agora existem dez conceitos Qualis.

Para buscar os periódicos e decidir o melhor lugar de publicação do artigo, é necessário


acessar a Plataforma Sucupira, da CAPES. Você pode buscar o periódico pelo ISSN ou pelo
título da revista. Na plataforma, ao se deparar com alguma dessas revistas, você notará que
em um mesmo periódico há classificações distintas, que ocorrem para as diferentes áreas
abordadas na publicação.

Você pode estar se perguntando: quais são os critérios para que ocorra essa classificação de
cada periódico?

Como já falado, os periódicos são avaliados pelas áreas do conhecimento que ela apresenta e
não pela revista como um todo. Abaixo, demonstramos um exemplo dessa classificação
atribuída à Revista Trabalho, Educação e Saúde, da Fiocruz:
 Classificação Qualis CAPES 2013-2016 Revista Trabalho, Educação e Saúde, FIOCRUZ.

Se uma revista aborda artigos de duas áreas diferentes, cada área será avaliada
separadamente, podendo receber diferentes classificações. Portanto, é importante
compreender que os critérios e classificações podem ser bem distintos dentro de uma mesma
revista.

 COMENTÁRIO

Ainda hoje, ao observar a Plataforma Sucupira, você encontrará esse tipo de classificação
temática, mas em breve isso mudará. Em função das novas diretrizes da CAPES para a
classificação de periódicos, as revistas passarão a ser avaliadas de maneira completa, e não
pelos temas que podem constar em cada edição.

Publicar um artigo não é complicado. Você precisa sistematizar sua pesquisa, escrever o artigo
seguindo as instruções da revista que o publicará e encaminhar aos revisores. Você já tem
algum resultado para mostrar à comunidade científica?
OBSERVANDO AS INSTRUÇÕES AOS
AUTORES.
Neste vídeo, especialista descreve uma instrução de publicação de uma revista indexada,
demonstrando quais os parâmetros de análise de um artigo para validação de sua publicação.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2

 Descrever resumo e nota científica

O QUE É E COMO SE ESTRUTURA UM


RESUMO CIENTÍFICO
Tente resumir em poucas palavras toda a pesquisa que você já fez ou um projeto que esteja
encaminhando:

Ao longo de sua vida acadêmica, certamente você escutou falar em resumo. Seja na educação
básica, quando seu professor de linguagens pedia para você sintetizar um texto, seja em sua
graduação, quando precisou condensar um trabalho realizado ou uma pesquisa produzida.
Mas será que esses resumos são científicos?

De modo geral, o resumo é uma apresentação abreviada de um texto, com a visão concisa dos
pontos mais relevantes. Fazer um bom resumo é muito importante: trata-se da parte mais lida
de um texto acadêmico e científico, apresentado logo depois do título. Quando bem
apresentado, ele acaba envolvendo o leitor, que continua lendo e analisando o que você
escreveu. Além disso, o resumo costuma ser a primeira parte julgada de um artigo e às vezes a
única a ser avaliada para a o aceite de um trabalho dentro de congressos e outros eventos.

QUAIS SERIAM AS PRINCIPAIS VANTAGENS E A


IMPORTÂNCIA DE UM RESUMO PARA O TEXTO
CIENTÍFICO?

DESPERTAR O INTERESSE
AUXILIAR NA ORGANIZAÇÃO
DESTACAR O ARTIGO
DESPERTAR O INTERESSE

Em primeiro lugar, ele serve para comunicar a visão do documento. É ali que
compreendemos do que trata o artigo. Além disso, ele deve destacar pontos interessantes,
relevantes e inovadores da pesquisa que você está fazendo.

AUXILIAR NA ORGANIZAÇÃO

O resumo facilita a organização para a construção do próprio artigo, funcionando como um


esqueleto dos principais pontos da pesquisa.

DESTACAR O ARTIGO

Caso seja localizado em um processo de triagem de artigos, dependendo da qualidade do seu


resumo, ele pode se destacar dentre tantos outros sobre o mesmo tema. É nesse processo de
triagem que o artigo será selecionado pelo leitor.

A estrutura de um resumo científico costuma ser a mesma usada em artigos científicos, teses,
dissertações e na maior parte dos textos científicos:

Objetivos do trabalho.

Metodologia adotada.

Fundamentação teórica.

Dados sobre o resultado.

Conclusão.
As orientações dos periódicos para a publicação de resumos científicos também variam.
Algumas revistas pedem para que não sejam colocados os referenciais teóricos utilizados no
texto. No entanto, caso esse resumo seja escrito para figurar em uma tese, uma monografia ou
uma dissertação, você pode apresentar os referenciais teóricos usados para fundamentar o
seu trabalho. Nesses tipos de manuscritos, não há impedimento para essa inclusão.

 ATENÇÃO

É preciso consultar previamente as regras de formatação adotadas pela instituição à qual você
está vinculado.

Para finalizar a estrutura do resumo, é preciso elaborar a conclusão do trabalho. É a partir da


leitura do resumo que o leitor identifica se vai realmente querer observar o trabalho para
entender como você chegou àquele desfecho. Por isso, é importante que esse tipo de
elemento esteja em seu texto.

Outro elemento bastante relevante é a metodologia. Muitas vezes as pessoas buscam um


artigo para entender qual método foi utilizado para se testar uma hipótese, e não
necessariamente para conhecer os resultados finais obtidos. A análise dos resultados é
consequência do método adotado e esse mesmo método pode ser utilizado em diversas outras
pesquisas.

Muitas pessoas confundem o resumo científico com a introdução de um artigo. Alguns


elementos são até similares, mas as diferenças são evidentes:
A introdução não apresenta uma conclusão. Como o nome indica, ela introduz o assunto, traz o
embasamento, para mostrar ao leitor sobre o que é a pesquisa.

A introdução não encerra o assunto nela mesma, mas dá elementos para que o leitor tenha
uma leitura guiada.

Um aspecto que pode ajudar bastante na escrita de um resumo é observar, em uma revista
científica, os direcionamentos oferecidos para a elaboração do texto. Isso porque ela pode
definir o número de palavras que você precisa usar, como deve ser a estruturação textual, se
você terá que apresentar ou não o nome dos autores que utilizou como base para o
desenvolvimento de seu projeto e de que forma os objetivos do trabalho estarão dispostos
dentro desse pequeno texto.

O resumo escrito em língua portuguesa (ou em qualquer outra língua) precisa de uma versão
em inglês para poder constar nas bases de dados de pesquisas internacionais. A partir daí, o
seu trabalho e a sua pesquisa podem ser observados e, com isso, um número maior de
pessoas tem acesso ao que você quis divulgar.

TIPOS DE RESUMOS

Podemos encontrar dois tipos de resumos científicos, quanto ao seu conteúdo:

RESUMO INDICATIVO
Demonstra o processo da pesquisa, mas não chega a nenhum resultado ou conclusão. É
usado principalmente para revisões bibliográficas, pesquisas em andamento e atualizações, e
serve apenas para sinalizar e chamar atenção do leitor para a pesquisa.


RESUMO INFORMATIVO

Vem com todos os elementos estruturantes de um artigo científico, apresentando os objetivos,


a metodologia, os resultados e a conclusão do estudo. Pode ser considerado como um mini
trabalho.

Quanto à forma de apresentação, um resumo pode ser:

RESUMO NARRATIVO
Apresenta, como o nome indica, um parágrafo com a narração, de forma livre, sobre o que
ocorreu na pesquisa. Nesse resumo ,a leitura é mais fluida e não há ordem específica dos
dados a serem apresentados.


RESUMO ESTRUTURADO
A escrita é ordenada, promovendo uma construção sistematizada das informações. Esse tipo
de resumo costuma ser solicitado pela maioria das revistas científicas indexadas.

Mesmo que o resumo científico não tenha a mesma densidade e qualidade de um artigo
científico, ele é fundamental para atrair a atenção do leitor.
A NOTA CIENTÍFICA
De início, é preciso esclarecer que nota científica não é o mesmo que notação científica.
Essa informação pode parecer desnecessária, mas se você fizer um teste e pesquisar na
internet sobre nota científica, verá que praticamente nenhum buscador vai direcioná-lo para o
que você realmente quer.

Nota expressa um breve comunicado, algo que pode ser exposto em poucas palavras ou em
poucas páginas. Ela frequentemente é maior do que um resumo, mas é menor do que um
artigo científico. As notas científicas apresentam o mesmo rigor de avaliação que os artigos e
também têm o mesmo tipo de relevância na publicação de novos dados descobertos que
podem auxiliar o desenvolvimento da ciência

Uma nota científica deve ser escrita quando você precisa comunicar algo, alguma descoberta
dentro de um projeto, mas ela não representa um resultado final. Também um manuscrito pode
ser enquadrado como uma nota científica quando a quantidade de dados que serão expressos
nos resultados não é suficiente para configurar um artigo científico. Por isso muitos periódicos
adotam a seção de notas científicas.

Pela limitação nos dados, as notas científicas representam trabalhos de caráter preliminar e
muitas vezes não trazem os resultados definitivos, mas são importantes pois sua divulgação
pode embasar outros trabalhos feitos em paralelo.

 EXEMPLO

Ao trabalhar com a sistemática filogenética, pesquisadores sempre se deparam com o


processo de sinonimização de algumas espécies. Ao descobrir qualquer dado sobre esse tema,
eles precisam comunicar à comunidade científica que dois nomes diferentes foram dados à
mesma espécie. Como essa é uma comunicação simples, mas precisa de todo embasamento
metodológico para que se possa verificar a veracidade dos dados, ela é, então, apresentada
como nota.

Em revistas que publicam seus artigos em inglês, é comum a nota científica receber o nome
short communication.

ESTRUTURA BÁSICA DA NOTA CIENTÍFICA

Como você viu, a nota científica é de grande importância para a promoção e divulgação de
dados no campo da ciência, de forma que ela pode e deve ser explorada pelos pesquisadores
que querem fazer uma divulgação rápida e relevante dos resultados de suas pesquisas. Por
mais que a nota científica seja menor que um artigo, ela apresenta o mesmo rigor acadêmico
na sua estruturação e avaliação. Na maior parte das vezes, os periódicos usam os padrões de
análise de um artigo científico. Isso faz com que uma nota apresente os mesmos elementos
constitutivos de um artigo, ou seja, introdução, objetivos, materiais e métodos, resultados e
conclusão.

 COMENTÁRIO

Perceba que o número de seções é o mesmo de um grande artigo. Por isso, um dos fatores
que diferenciam um artigo de uma nota é o tamanho dessa comunicação. É interessante
observar que a estrutura de uma nota também apresenta um resumo — mais curto, narrativo, e
em um único parágrafo.

ONDE PUBLICAR UM RESUMO E UMA NOTA


CIENTÍFICA

Se você tem algo a publicar ou divulgar dentro da comunidade científica, é importante saber
em quais meios essas comunicações podem ser distribuídas.
NOTAS CIENTÍFICAS

Já que uma nota científica apresenta o mesmo rigor de análise de um artigo científico, ela
costuma ser publicada pelas revistas e periódicos científicos. Aqui também vale a
recomendação para observar revistas de ampla divulgação que tenham qualidade e rigor em
suas análises e uma classificação alta nos bancos de pesquisa, como, por exemplo, na
Plataforma Sucupira.

 DICA

Se por acaso você tiver oportunidade de publicar uma nota em uma revista Qualis A1 ou A2,
certamente alcançará boa parte da comunidade de pesquisadores que trabalham na mesma
área que você.
RESUMO

Caso tenha sido escrito para acompanhar um artigo ou uma nota científica, ele será publicado
junto com esses textos. No entanto, se ele foi escrito para ser apresentado em um evento
científico, como um congresso ou simpósio, esse resumo será submetido às organizações
desses eventos seguindo as instruções necessárias para a composição do texto. A partir disso,
você vai elaborar a redação e então submetê-la aos organizadores do evento. Se o resumo for
aprovado, e caso você participe apresentando esse resumo para os espectadores e leitores,
seu texto será publicado em uma mídia chamada anais do evento.

Os anais são compilações de resumos e outros textos — artigos, notas, e outros comunicados
— apresentados em algum evento. Por exemplo, em um evento sobre temas diversos, como
costuma ser um congresso, haverá uma publicação contendo informações de diversas áreas
da pesquisa; da mesma forma, se o evento for menor e mais específico, esse tipo de
publicação ficará mais restrito quanto à divulgação.

 DICA

A apresentação de um trabalho em um congresso e sua consequente publicação nos anais,


são portas de entrada para que você seja conhecido no campo da pesquisa. A partir daí, você
pode explorar cada vez mais as mídias de divulgação.
O DILEMA EM CONSEGUIR ACESSO ÀS
REVISTAS CIENTÍFICAS.
Neste vídeo, o docente irá falar sobre o aumento de revistas que liberam seus artigos apenas
mediante pagamento de valores — muitas vezes altos — freando o progresso científico.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3

 Reconhecer a importância da metodologia em um trabalho científico

LINGUAGEM CIENTÍFICA NA DESCRIÇÃO


DA METODOLOGIA
Se você tivesse em mãos uma revista científica, de Qualis alto, e uma revista de divulgação
científica, como você diferenciaria o tratamento da linguagem dessas duas revistas?

A primeira, mais formal, complicada de se entender, com padrões expositivos; já na revista de


divulgação científica, você poderia encontrar uma narrativa, um texto corrido, mais simples e
mais acessível.

Se imaginou essas diferenças, você não está errado. Tais revistas trabalham com uma
linguagem própria, necessária para o público-alvo que as leem. E por mais que a linguagem
científica não seja tão acessível assim, ela é fundamental para o campo acadêmico. Então,
vamos ver as principais características dessa linguagem e o porquê da sua aplicação.
 ATENÇÃO

Hoje, o meio acadêmico, no ambiente de pesquisa, não aceita profissionais que não dominem
a linguagem. Biólogos, biomédicos, enfermeiros, educadores físicos, entre outros profissionais
da área de Saúde, se não souberem se expressar da forma adequada, não conseguirão êxito
em suas pesquisas e em seus trabalhos.

CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM EM UM TEXTO


CIENTÍFICO

A LINGUAGEM CIENTÍFICA DEVE SER EXPLICATIVA

Significa dizer que o texto de natureza acadêmica não é uma narração, um manual de
instruções ou uma argumentação. Ele é uma explicação e, desse modo, o texto científico deve
sempre responder a algumas perguntas: o que foi realizado? Como foi realizado? Por que foi
realizado? Seguindo essas normas, você garantirá o caráter explicativo requerido para a
linguagem científica.

O TEXTO CIENTÍFICO DEVE SER CLARO

A clareza é um aspecto muito importante no desenvolvimento de um texto. Ele precisa


descrever de forma objetiva os tópicos de um artigo científico, como: qual o problema de
pesquisa e a temática? Quais os objetivos? Quais métodos foram utilizados? Essas
informações até podem estar presentes em um texto, mas se não forem claras e
sistematizadas, ele perde o caráter científico.

O TEXTO CIENTÍFICO PRECISA SER COMPLETO


Seja um artigo, um resumo, uma dissertação, um TCC ou uma tese, é necessário que o leitor
compreenda o trabalho de maneira completa ou, então, o principal aspecto trabalhado no texto.
Nenhum aspecto relevante à compreensão do trabalho deve ser omitido; por isso, os pontos
requeridos por uma revista ou periódico para a descrição devem ser cumpridos em sua
integralidade.

O TEXTO CIENTÍFICO PRECISA SER IMPARCIAL

Geralmente o texto científico é neutro, mas claro que essa neutralidade tem limites e é quase
impossível o autor não mostrar alguma parcialidade em sua escrita. É preciso ter atenção para
não tomar o caminho de alguma ideia específica no desenvolvimento do texto, deixando de
trabalhar o todo.

A LINGUAGEM CIENTÍFICA PRECISA SEGUIR UMA


ORDEM

A ordenação dos tópicos é fundamental na elaboração de um texto científico. Não se pode, por
exemplo, falar da metodologia antes de apresentar o problema. Por isso, o sequenciamento
lógico da descrição de uma pesquisa precisa ser estritamente seguido.

A LINGUAGEM CIENTÍFICA PRECISA SER ACURADA

Toda informação prestada no texto precisa ser fundamentada ou expressar a realidade dos
dados. Por isso o cuidado que se deve ter com a escolha de ideias e de vocabulário.

A LINGUAGEM CIENTÍFICA DEVE SER OBJETIVA

Um texto científico requer objetividade e, por isso, precisa apresentar apenas os dados
requeridos. Esse tipo de trabalho não dá espaço para opiniões pessoais ou comentários sem
dados que os sustentem.

Essas características mostram que a metodologia de uma pesquisa precisa ser apresentada ao
leitor de maneira clara, completa, objetiva, sem omissões e seguindo um padrão informativo,
que auxiliará no desenvolvimento do trabalho.

Um projeto de pesquisa deve ser pautado no método científico apresentado durante sua
construção, em etapas organizadas e divididas em:

escolha do tema;

delimitação do tema;

situação-problema (contextualizar e apresentar de forma clara o problema, delimitando


com exatidão o tipo de resposta esperada ao final da investigação);

hipóteses;

justificativa;

objetivos;

suporte teórico;

metodologia; e

considerações finais.

TÉCNICAS E MÉTODOS EM PESQUISA


BIBLIOGRÁFICA
Uma pesquisa não se origina do nada. Em um processo análogo à biogênese, uma pesquisa,
para ser desenvolvida, necessariamente terá como base trabalhos anteriores publicados. E é aí
que entra a pesquisa bibliográfica. Trata-se de um procedimento técnico que oferece resultados
de trabalhos anteriores, dando suporte para a apuração de novos dados.
Antes de apresentarmos as características da pesquisa bibliográfica, é preciso fazer a distinção
entre ela e a pesquisa documental:

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Fundamenta-se na análise de materiais já publicados, com característica científica, veiculados


por mídias de relevância, revistas científicas, artigos, anais de congressos, entre outros. Esses
materiais trazem tratamento de dados, com análises e conclusões obtidas após a aplicação de
metodologias sobre os resultados.


PESQUISA DOCUMENTAL

Refere-se à busca por dados crus, sem qualquer tipo de processo analítico que possa lhes dar
algum direcionamento. É um tipo de pesquisa primária, original, de simples busca de dados.
Como o nome sugere, os dados são recolhidos de documentos, bancos de informações e
outros locais de armazenamento.

Um dos principais objetivos da pesquisa bibliográfica é estreitar o diálogo entre trabalhos já


realizados e aquele que se pretende realizar. Nessa pesquisa, são evocadas todas as análises
já feitas sobre um certo assunto, propiciando ao pesquisador a possibilidade de acompanhar o
processo histórico do uso de diversos dados, além de inferir hipóteses sobre o que a nova
pesquisa quer buscar.

COMO FAZER UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Não se pode começar uma pesquisa bibliográfica sem um direcionamento. Seria como tentar
procurar uma agulha no palheiro. Para iniciar esse levantamento, é preciso relacionar as
principais publicações científicas que trazem artigos e notas sobre o tema ou objeto da
pesquisa na qual você está trabalhando. Por isso, o primeiro passo é encontrar o seu norte de
pesquisa.
Hoje, o melhor local para fazer esse tipo de busca é a internet, com páginas e perfis que
permitem ao pesquisador investigar possíveis publicações. Infelizmente nem todas são de
visualização gratuita, o que pode acabar atrasando a pesquisa.

Algumas vezes, uma pesquisa bibliográfica é feita apenas para a publicação de uma revisão
bibliográfica, mas quase sempre o objetivo é encontrar um referencial teórico para fundamentar
o trabalho em desenvolvimento.

ETAPAS DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Não há regras para a realização de uma pesquisa bibliográfica, mas há um consenso lógico,
que você verá agora:

DEFINA COM CLAREZA O TEMA DO SEU TRABALHO


Ter clareza sobre o que precisa buscar é importante para que o pesquisador não perca tempo
analisando materiais irrelevantes.

ROTEIRIZE O PROJETO

Toda pesquisa bibliográfica é feita com uma intencionalidade. A simples definição de um tema
não é suficiente para direcionar a busca. Por exemplo, se você está estudando um tema
relacionado ao desenvolvimento de herbáceas, só esse dado não será suficiente para
determinar o que precisa ser levantado. Então, roteirize, observe o que pode ser feito dentro do
tema, para conseguir restringir mais o campo da pesquisa.

ENCONTRE MATERIAIS PARA SUA PESQUISA

Esse é o momento da busca, é quando você irá às plataformas que congregam revistas
científicas para iniciar o seu levantamento. Essa busca pode ser feita pelo objeto de pesquisa,
pelo tema, por aplicações metodológicas, ou seja, são diversas possibilidades. É claro que, ao
fazer esse levantamento, muitos dados aparecerão, muitas análises já realizadas serão
selecionadas, e você precisará organizar esses dados. Uma ideia é fazer uma espécie de
fichamento para ajudar nesse processo.
ORGANIZE O FICHAMENTO EM UMA SEQUÊNCIA
LÓGICA

Tente observar as relações entre os dados levantados e como eles podem ser consequências
de outros dados. No momento da leitura, é importante seguir alguns procedimentos para
facilitar seu entendimento e o diálogo com o autor do trabalho acadêmico. Para isso, faça a
análise textual — com a finalidade de se preparar para a leitura produtiva —; a análise temática
— com a finalidade de compreender a mensagem do autor pela percepção do tema, da
argumentação utilizada e da conclusão —; e a análise com a finalidade de buscar o significado
do texto em relação à disciplina ou área de conhecimento.

DESENVOLVA SEU TEXTO

Essa parte não precisa de explicações. Agora, mão na massa!

TÉCNICAS E MÉTODOS EM PESQUISA


EXPERIMENTAL
Ao ler o título desta parte, talvez você tenha associado a pesquisa experimental a alguma
experimentação. E você está certo! Diferentemente da pesquisa bibliográfica, em que
praticamente fazemos uma viagem ao passado para levantar dados e análises de pesquisas,
na pesquisa experimental promovemos testagens para gerar novos dados.

A pesquisa experimental se faz com a testagem de hipóteses. Em todo projeto de pesquisa,


diversas hipóteses são levantadas para tentar resolver uma situação-problema ou então
responder às perguntas que geraram a pesquisa. Ela tem como objetivo dizer de que modo e
por quais causas algum fenômeno é produzido ou algum dado é obtido. Não determina uma
verdade absoluta sobre o que está sendo estudado, mas oferece conhecimento a respeito
desse estudo. Como citado anteriormente, a pesquisa experimental acaba gerando novos
dados.

Essa pesquisa é baseada, em parte, na tentativa e erro, e por isso é necessário manipular as
variantes metodológicas para conseguirmos analisar como o objeto de estudo se comporta
dentro dessas variantes.

 EXEMPLO

Um pesquisador precisa analisar os fatores ambientais que podem influenciar na reprodução


de uma espécie de ave em risco de extinção. Para isso, ele promove um experimento com
duas dessas aves em cativeiro, uma com um espaço que simula o ambiente natural, outra em
um local do qual o pesquisador retira algum componente ou então inclui novos elementos. Nós
teremos, então, um experimento controle para ser analisado junto a um experimento teste.

Esse tipo de pesquisa acaba gerando dados interessantes, mesmo que não atinja o seu
objetivo, pois ao longo da realização dessa pesquisa vários dados podem ser obtidos e
publicados como notas científicas.

O QUE CARACTERIZA A PESQUISA EXPERIMENTAL?

As características da pesquisa experimental envolvem a metodologia para a construção dessa


pesquisa. Uma delas é a identificação das possíveis variáveis que podem ocorrer no fenômeno
ou contexto estudado; para isolar tais variáveis, é necessário manipular algumas delas. Outra
característica é a determinação de um grupo controle, em que não haverá a manipulação de
variáveis — com isso elas estarão expostas às causas naturais. Por fim, toda pesquisa
experimental conta com a aleatoriedade da distribuição de dados. Dentro da pesquisa não
se sabe quais elementos farão parte do grupo controle ou grupo experimental.

GRUPO EXPERIMENTAL

É aquele em que as variáveis vão ocorrer, ou seja, tomarão uma vacina ativa, ou terão algum
medicamento aplicado, por exemplo.

 EXEMPLO

Durante as testagens de eficácia da vacina contra a covid-19, vários voluntários foram divididos
em grupo controle e grupo experimental. Esse tipo de método é importante, pois demonstra
imparcialidade na obtenção dos dados.

É importante ressaltar que uma pesquisa experimental não necessariamente ocorrerá apenas
em laboratórios; ela pode ser desenvolvida em qualquer lugar, desde que contemple as
propriedades antes mencionadas (controle, manipulação e distribuição aleatória).

Caso você esteja inserido em algum projeto e intencione fazer uma pesquisa experimental,
fique atento aos principais passos para a realização desse método:
1 - Defina o problema a ser estudado – esse passo é crucial para que os outros se
desenvolvam. O problema precisa ser muito bem definido e corresponder ao real problema a
ser analisado. Muitos projetos não dão certo em suas hipóteses e experimentações pois os
problemas não estão bem explicitados.

2 - Levante hipóteses mensuráveis – as hipóteses elencadas precisam ter meios de


medidas. Não há como definirmos hipóteses que não possam ser testáveis. Aquilo que não
pode ser testado não gera dados para a ciência.

3 - Planeje seu experimento – o planejamento metodológico da experimentação é importante


para garantir que os testes que serão realizados sejam seguidos. Dentro do planejamento,
você deve elencar não somente os processos, mas também os insumos necessários para a
testagem.
4 - A execução do experimento – após o preparo do terreno, é importante executar o teste e
aguardar os dados que serão gerados a partir dele.

5 - Coleta e análise dos dados – a análise será feita a partir do entendimento de que a
pergunta-problema foi solucionada. Disso decorrem os dados necessários para a exposição da
conclusão.
COMO A PESQUISA EXPERIMENTAL
AJUDOU A SALVAR VIDAS?
Neste vídeo, o docente irá demonstrar o processo de pesquisa experimental na testagem de
vacinas contra a covid-19 e como essa experimentação foi fundamental para preservar vidas.

TÉCNICAS E MÉTODOS CIENTÍFICOS EM


PESQUISA DE CAMPO
Pare o que você está fazendo, dê uma pausa na leitura, vá até a janela e olhe para fora.
Sabe o que você viu? Um mundo imenso onde se pode fazer pesquisa! Ali é o campo, é a
realidade acontecendo. Ali, todas as variáveis agem de acordo com o ambiente natural e é ali
que acontecem os principais fenômenos ou existem os principais elementos que você precisará
estudar. Eu sei que você agora deve estar curioso para ir a campo, mas, por enquanto, fique
por aqui para entender como essa pesquisa é realizada.

A pesquisa de campo tem um objetivo único, inserido em uma realidade também única, dentro
do tema que você pesquisa. Ela relaciona o conhecimento teórico com o que é de fato aplicado
na prática em relação ao elemento que está sendo pesquisado. Pretende verificar in loco os
fenômenos relatados pela teoria. A pesquisa de campo está ligada a diversas áreas, pode ser
desenvolvida em várias metodologias e se relaciona muito bem com os estudos de caso.

MAS O QUE É UM ESTUDO DE CASO?

 RESPOSTA

Essa técnica visa analisar um fenômeno que esteja ocorrendo em um certo ambiente, exposto
a variáveis reais no contexto em que se encontra. Esses estudos são realizados de forma
intensiva e sistematizada e costumam levantar uma grande quantidade de dados.

Para que uma pesquisa de campo seja realizada em um estudo de caso, ela requer
metodologias de levantamento de dados, como entrevistas, questionários e formulários. Isso
servirá para rastrear algumas inferências que o pesquisador tem sobre o assunto. Toda
pesquisa que envolva uma entrevista precisa ter suas questões já formuladas e analisadas. E
essa técnica apresenta um preparo anterior bem fundamentado, além de grande organização.
A pesquisa de campo pode ser:

QUANTITATIVA-DESCRITIVA

Aqui se analisam as características dos fenômenos pesquisados, além de empregar artifícios


quantitativos, com o intuito de quantificar o que está acontecendo em campo. Essa pesquisa
gera métricas e estatísticas que, por sua vez, geram dados importantes para o trabalho como
um todo.
EXPLORATÓRIA

Aqui são desenvolvidas hipóteses a partir da formulação de problemas, sem interferir no objeto
que se está pesquisando, mas observando os fatores que provocam alterações nele.
EXPERIMENTAL

Na verdade, a pesquisa experimental é uma característica da pesquisa de campo. Diferencia-


se da exploratória pelo fato de nela haver interferência no objeto com a manipulação de
variáveis.

Esses três tipos se relacionam bastante entre si. De certa forma, não há como dissociar um
tipo de pesquisa de outro, até porque, em parte, eles se complementam.

 ATENÇÃO

As pesquisas que envolvem seres humanos e animais precisam, na maioria dos casos, de
aprovação do Comitê de Ética de Pesquisa (CEP) e do Comitê de Ética na Utilização de
Animais (CEUA), respectivamente. Além disso, pode ser necessária a aprovação de outras
instâncias legais, dependendo do local em que é realizada a coleta de dados. Assim, antes de
iniciar um projeto, não deixe de perguntar e verificar, junto à instituição ou ao professor
responsável, quais pré-requisitos legais são necessários para o desenvolvimento de sua
pesquisa. Essas aprovações se encaixam na pesquisa experimental e de campo.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, você pôde constatar que existem diversas possibilidades de construir e divulgar
a produção científica. A partir de breves resumos, passando por notas e chegando a artigos
científicos, independentemente do meio pelo qual há comunicação científica, o acontecimento
dessa comunicação é imprescindível para o crescimento da ciência. E essa comunicação deve
ser feita com linguagem apropriada e a partir de metodologias bem embasadas.

 PODCAST
Antes de encerrarmos, ouça este podcast no qual o especialista dá dicas sobre os caminhos e
dificuldades para você publicar sua primeira comunicação científica.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 6022: informação e
documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de
Janeiro, 2003. 5 p.
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científico como forma de comunicação. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de
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social. Revista Ciências & Ideias, [s.l.] v. 11, n. 1, 2020.

CORREA, M. D. C.; ABREU, A. S. A linguagem do texto científico: as metodologias e a


potencialização do ensino aprendizagem de língua, literatura e produção textual. 1. ed. [S.l.]:
Inovar, 2020.

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VOLPATO, E. S. N. Pesquisa bibliográfica em ciências biomédicas. Jornal de Pneumologia,


São Paulo, v. 26, n. 2, p. 77-80, 2000.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo:

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Atlas), para saber mais detalhes sobre como elaborar um projeto de pesquisa.

CONTEUDISTA
Luiz Rafael Silva da Silva

 CURRÍCULO LATTES

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