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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Curso de Direito

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ARTIGO CIENTÍFICO-JURÍDICO

Professora Responsável: Izabel Leventoglu

Autores:

Prof. Ari Francisco Barbosa Filho

Prof. Marcus Tadeu Daniel Ribeiro

Profª. Izabel Leventoglu


2

Rio de Janeiro

2007

1. O ARTIGO CIENTÍFICO

1.1 O que é um artigo científico?


A elaboração de um artigo científico é regulamentada pela NBR 6022:1994.
Pode-se definir o artigo científico como um texto destinado a divulgar, em publicações especializadas, os
resultados de uma pesquisa científica, podendo abordar um dos vários aspectos de uma pesquisa maior
(dissertações ou teses) ou apenas divulgar os resultados de um trabalho investigativo de menor dimensão.
Seja para o cumprimento das exigências curriculares dos cursos de graduação ou pós-graduação, seja para
publicação em revistas especializadas, os artigos devem seguir um modelo determinado pela ciência.
Marina Markoni1 informa que o artigo científico deve tratar de um tema de interesse da ciência, mas que não
chega a se constituir em matéria de um livro. Os artigos, “completos em si mesmos”2, sendo de menor
envergadura do que as monografias, são destinados a publicações em revistas especializadas, em anais de
congressos, páginas da Rede Mundial ou em outras formas de divulgação de trabalhos científicos.
Com freqüência, esse tipo de trabalho científico é chamado também de paper (papel, em inglês), termo em
tudo inadequado à nossa realidade cultural, já que extraído de uma língua infinitamente menos rica do que o
português, como também não elucida nada além do que a expressão artigo científico expressa, devendo, por
isso, ser banido de nossas práticas acadêmicas.

1.2 Motivadores
Os artigos são usados para tornar público os resultados de um estudo desenvolvido a respeito de um assunto
de interesse restrito ou pontual. Eles servem também como um mecanismo poderoso de divulgação de uma
pesquisa maior, que venha sendo realizada pelo investigador, como, por exemplo, um trabalho de mestrado
ou doutorado.
É também freqüente, na realização de uma grande pesquisa, encontrarem-se elementos interessantes sobre
um determinado assunto, mas que se ligam apenas de forma indireta ao assunto tratado no estudo maior. Se o
pesquisador resolver incluir, em sua dissertação ou tese, o elemento novo com que se deparou, soará como
uma digressão do trabalho principal, avolumando-o desnecessariamente. Esse tipo de situação pode ser
também uma oportunidade para se escrever um artigo. Uma tese, quando feita com profundidade e
seriamente, costuma gerar vários artigos que a ela estão associados.
Os artigos são adequados também para se abordarem temas polêmicos pouco adequados para serem tratados
num livro.
Por fim, dada a sua natureza prática e rica, os artigos costumam ser usados como cumprimento das atividades
curriculares dos cursos de graduação ou de pós-graduação.

1.3 Características
O artigo deverá apresentar algumas características típicas dos estudos científicos:
- O artigo científico deverá ser o resultado de uma investigação que obedeça aos princípios e
métodos da ciência.

1
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva M. Técnicas de pesquisa. 3. ed. São Paulo, Atlas, 1996. p. 210.
2
MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica: para o curso de direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p.
96
3

- Trabalho escrito com a formatação científica, obedecendo às normas técnicas brasileiras


referendadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
- A linguagem deve ser simples, clara, objetiva, precisa, escorreita e técnica, mas sempre
compatível ao público a que se destina o artigo.
- O assunto de que tratar o artigo deverá ser sobre algum aspecto específico de um determinado
campo de uma ciência, evitando-se generalizações meramente descritivas.
- O trabalho deverá trazer uma contribuição nova ao campo do conhecimento de que ele trata,
devendo ser redigido com as palavras do aluno, embora comporte citações de outros autores,
desde que devidamente referenciadas.
A cópia não autorizada de trabalhos disponíveis em meios analógicos ou digitais será considerada plágio.
Em caso de trabalhos feitos no âmbito universitário, o autor de um estudo que contenha esse tipo de delito
poderá ser reprovado sumariamente.
- No caso dos artigos científicos produzidos no meio universitário como cumprimento das
exigências acadêmicas para conclusão de curso, o artigo deverá ser de um só aluno, sob a
orientação de um ou mais professores.
- O artigo deverá ter uma extensão compatível ao tema e propósito a que se destina, sem ser
demasiadamente sucinto, que possa ser criticado por superficial, nem demasiadamente longo, que
possa ser tomado como uma monografia. Assim, sem que isso seja uma regra muito rígida, o
artigo não deverá ser menor do que 15 nem superior a 25 páginas, afora as partes pré-textuais e
pós-textuais.3
Maria Augusta de Castilho, em seu Roteiro para elaboração de Monografias em Ciências Jurídicas,4 refere-
se a certos aspectos que se relacionam à monografia jurídica, mas que também podem ser úteis para a
elaboração de artigos científicos. Guardadas as devidas diferenças e proporções entre um artigo e uma
monografia, para a qual esses aspectos foram escritos, podemos lembrar que o texto a ser produzido:
é um trabalho que observa e acumula informações;
organiza as informações e observações;
procura as relações e regularidades que possa haver entre elas;
indaga sobre os seus porquês;
utiliza de forma inteligente as leituras e experiências para comprovação; e
comunica aos demais seus resultados.
Muito embora um artigo científico possa apresentar uma ou outra diferença dos aspectos acima relacionados,
é sempre bom ressaltar que o aluno não deverá desviar-se por demais de tais pontos, para não descaracterizar
seu trabalho não como um artigo, mas como um trabalho de natureza científica.

3
Orides Mezzaroba e Cláudia Monteiro falam num tamanho entre 15 e 20 páginas. Cf. MEZZAROBA, Orides;
MONTEIRO, Cláudia Servilha. Manual de Metodologia da Pesquisa no Direito. São Paulo: Saraiva, 2003. O
tamanho máximo de páginas de um artigo poderá variar. Especialmente na área jurídica, onde a construção de um
argumento necessita de extensa fundamentação, é muito comum um artigo científico ficar entre 20 ou 30 páginas.
Esse tamanho poderá mudar, todavia, com a adoção de entrelinhas, espaçamentos e margens diferentes. Atualmente,
é comum o editor estabelecer o tamanho do artigo pelo critério do número de letras, dada a facilidade de
quantificação que esse sistema apresenta nos processadores eletrônicos de texto.
4
CASTILHO, Maria Augusta de. Roteiro para elaboração de monografia em ciências jurídicas. 3. ed. São Paulo:
Sugestões Literárias, 2002. p. 2
4

1.4 Tipos de artigos científicos


Artigo Temático

É o tipo de artigo mais utilizado, o mais conhecido. Pode ser sobre um assunto, uma questão específica de
uma área temática determinada ou sobre qualquer aspecto que importe ser analisado cientificamente. Os
artigos temáticos devem trabalhar com aspectos pontuais contidos dentro de determinadas áreas temáticas,
evitando-se, assim, temas por demais abrangentes.
Um artigo intitulado “A união estável” corre um sério risco de ser, por sua amplidão, um trabalho superficial,
sem qualquer novidade e, portanto, extremamente enfadonho, mesmo aos olhos do mais incipiente estudante
de Direito. Todavia, uma análise sobre “A união estável nas comunidades carentes do Rio de Janeiro: uma
análise jurídica de uma questão social” poderá enfocar questões novas e que chamem o interesse de qualquer
advogado.

Artigo autor/escola
Esse tipo de artigo destina-se à análise crítica sobre a contribuição que intelectuais e pessoas de expressão,
vistas isolada ou conjuntamente, exerceram dentro da área do conhecimento humano em que atuaram.
Mesmo enfatizando a questão do autor, nem sempre o artigo é um estudo de natureza estritamente biográfica,
mas um recorte a respeito de um determinado aspecto de um autor que se queira pôr em evidência. Trabalhos
como “Aleixo Manuel: o primeiro advogado da cidade do Rio de Janeiro” ou “A contribuição do pensamento
weberiano entre juristas brasileiros” podem ser apontados como exemplos desse tipo de artigo.

Artigo categorial
Nesse artigo existe uma associação entre o artigo do tipo temático com o autor/escola. Como exemplo, pode-
se mencionar os casos de estudo de certas categorias de estudo adstritas a alguns autores ou escolas,
procurando relacioná-las criticamente. Como exemplo, pode-se mencionar um artigo que tenha por título “O
conceito de liberdade na obra de Montesquieu” ou “A visão do negro na literatura brasileira naturalista”.

Resenha científica
Esse tipo de artigo científico é enormemente útil, pois procura analisar criticamente uma obra importante da
literatura especializada, considerada como uma referência pelos especialistas no assunto. Ele não é apenas
um resumo inteligente e preciso sobre o conteúdo da obra em questão, mas traz consigo um estudo criterioso
do contexto específico em que a obra surge, buscando, assim, avaliar sua importância e a natureza da
contribuição que ela representou em seu contexto ou época. As resenhas podem enfocar também um certo
número de obras, ligadas entre si por algum recorte conceitual feito pelo investigador.

1.5 A importância do artigo científico


Os artigos científicos são sumamente importantes para o desenvolvimento da ciência contemporânea. Albert
Einstein (1879-1955), célebre cientista alemão que revolucionou os princípios da física moderna e que
permitiu a realização de inventos e feitos que assombraram a humanidade no século XX, ganhou o Prêmio
Nobel da Física (1921), com a publicação de quatro artigos científicos em revistas especializadas.
Por meio do artigo científico, o pesquisador pode (e deve) tornar pública a primazia das idéias que teve em
relação a um assunto, que até então ninguém havia pensado. Através desse mecanismo de divulgação da
pesquisa, o investigador poderá também abrir um espaço para debate sobre novas teorias, revisão de
conceitos ou mesmo de reafirmação de outros antigos.
O trabalho científico aplicado como tarefa de final de curso, seja de graduação, seja de pós-graduação,
poderá ajudar o aluno em dois aspectos principais: de um lado, ele terá a oportunidade de rever conceitos e
teorias estudadas no curso e, ao mesmo tempo, de utilizá-los de uma forma crítica, na análise dos casos
concretos que o estudo científico normalmente faculta. De outro lado, a realização de uma pesquisa científica
5

ajudará o docente a desenvolver método de estudo, que desenvolverá nele independência crítica e postura
questionadora como fundamento para o exercício criativo de sua futura profissão.

1.6 Uma advertência


Muito embora a universidade solicite um artigo científico do aluno de fim de curso, o que é preciso se ter em
mente é o estudo que será desenvolvido e cujos resultados serão colocados em algumas folhas de papel,
gerando assim um trabalho científico, que tanto pode ser um artigo, uma monografia ou uma dissertação.
O artigo é um desdobramento natural de um processo crítico de reflexão científica. Ele não é um objetivo. O
objetivo do aluno é desenvolver um estudo científico. Quando ele fizer isso, o artigo será uma etapa
subseqüente natural e simples. Mas o aluno que permanecer preocupado apenas com o artigo em si,
esquecido de sua verdadeira incumbência – realizar uma pesquisa científica –, enfrentará dificuldades
grandes para concluir seu trabalho.
A palavra de ordem é pesquisa e não artigo.

1.7 A redação do artigo: alguns cuidados


Os artigos científicos, normalmente, obedecem a uma composição dividida em três partes:
Pré-textuais: Título, autoria, resumo e palavras-chave.
Textuais: Introdução, desenvolvimento, conclusão
Pós-textuais: Referência; apêndice, anexo.
Maria Augusta Castilho assinala como aspecto relevante que deve caracterizar a escrita de um trabalho
científico alguns pontos que devem ser considerados:
- expressam uma descoberta verdadeira;
- apresentam provas: para muitos, é a comprovação que distingue um trabalho científico daquele que
não o é. Em conseqüência, pode-se afirmar que a maior arte de uma investigação científica consiste
na procura de provas conclusivas;
- pretendem ser objetivas, ou seja, independentes do pesquisador que as apresenta: qualquer outro
investigador deve poder encontrar o mesmo resultado, isto é, verificar as afirmações ou, com o seu
trabalho, refutá-las ou modificá-las;
- possuem uma formulação geral. A ciência procura, classifica e relaciona fatos ou fenômenos com a
intenção de encontrar os princípios gerais que os governam;
- são, geralmente, sistemáticas, portanto ordenadas sob princípios lógicos; e
- expõem interpretações e relações entre os fatos-fenômenos, assim como suas regularidades.5

5
CASTILHO, A. C., op. cit., p. 3-4.
6

2. O ESTUDO
2.1 O ato de ler
Ler significa conhecer uma série de elementos, distinguindo a quantidade, relevância e representatividade a
fim de atingir um objetivo, ou seja, em função de uma intenção. A leitura terá validade se o leitor conseguir
apreendê-la e comentar seu conteúdo, utilizando-a como experiência construtiva, como produção de
conhecimento.
Há várias classificações e, entre elas, pode-se apontar a de entretenimento, a de cultura geral ou informativa
e a formativa, que consiste no aprofundamento de conhecimentos.
A leitura só terá valor se o leitor for capaz de entender, avaliar, explicar, discutir e aplicar o que leu, caso
contrário não terá validade ou importância, isto é, sem utilidade prática.
De acordo com Martins6, o processo de leitura segue o seguinte roteiro:
a) leitura de reconhecimento - o primeiro contato com o livro (leitura do título, introdução,
apresentação etc.);
b) leitura seletiva - primeiro, deve-se conhecer a idéia geral do autor, selecionando a essência do
trabalho;
c) leitura crítica ou reflexiva - leitura mais atenta e cuidadosa nos aspectos julgados relevantes.
Pretende-se, nesta etapa, tirar dúvidas, transcrever trechos mais importantes, sublinhar termos ou
frases consideradas essenciais;
d) leitura crítica ou interpretativa - é a fase mais complexa, pois exige interpretação e crítica dos dados
segundo os objetivos propostos.
Para se ter um aprendizado regular e constante, seja para o estudo de uma disciplina, seja para a produção de
um saber sistemático e organizado, torna-se necessário adotar um método para executar o trabalho.
Antes dessa etapa, é necessário estabelecer alguns critérios, tais como estabelecer o objeto de estudo e seu
objetivo, da mesma forma a necessidade de estudar o assunto.
O segundo passo na produção do conhecimento a que se está sujeito é o estudo que também exige disciplina
e dedicação; o processo de estudo exige uma atitude ou ação planejada, segura, constante e rigorosa.

2.2 A delimitação do problema


A determinação do tema, isto é, problema, incide, efetivamente, na construção de um trabalho de conclusão
de curso, sobretudo a delimitação precisa do assunto sobre o qual versará o trabalho.
É natural que, durante seu estudo, ocorra alguma alteração quanto a essa primeira delimitação a fim de
precisar ou especificar o tema e explorá-lo em seus vários ângulos ou aspectos.
Além da precisão do problema, ou seja, do objeto em si do trabalho, deve considerar-se a perspectiva sobre
a qual será tratado, a extensão que se pretende dar ao sujeito e ao objeto de estudo, como também ao tempo e
ao espaço. O conteúdo do objeto de estudo pode, até, ser o mesmo, mas as perspectivas sob as quais se
pretende fazer esse estudo vão determinar o desenvolvimento do trabalho.
Essa visão clara do tema precisa confirmar-se com sua especificação em termos de problema. Quer dizer, o
raciocínio só se desencadeia se o tema for problematizado. Todo o raciocínio ou a argumentação a serem
desenvolvidos visam a solucionar o problema proposto; é uma demonstração com o propósito de estabelecer-
se um método de trabalho, os objetivos a serem alcançados com o fito de responder à grande questão: a
gênese dessa problemática acontece pela reflexão sugerida em função das leituras, dos debates, isto é, pela
vivência intelectual que se adquire no meio universitário ou cultural.

6
MEZZAROBA, Orides; MONTEIRO, Cláudia Sevilha. Manual de metodologia da pesquisa em Direito. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.22
7

Exige-se, portanto, uma tomada de posição sobre o tema-problema, adquirindo este a forma de tese, da
proposição central do trabalho que será demonstrada logicamente por meio do raciocínio. Aliás, todo o
discurso científico pretende demonstrar uma posição a respeito do tema a ser problematizado.
A pesquisa científica, portanto, acontece com o propósito de se solucionar uma dúvida, uma questão objetiva
que o pesquisador necessita esclarecer. A pesquisa é uma forma de se buscarem soluções para problemas que
atingem a sociedade ou a um grupo social específico, mas cujas respostas ainda não estejam disponíveis no
estado atual do conhecimento humano. Assim, a alma de uma pesquisa científica é uma questão ou um
conjunto de questões (as chamadas questões norteadoras) a serem respondidas ao longo do trabalho de
investigação.
Em seguida, o pesquisador procurará definir suas hipóteses, que são respostas provisórias às suas questões
norteadoras, feitas à luz do estudo exploratório e que ajudarão a nortear a sua pesquisa científica. Em outras
palavras, é o caminho que o raciocínio deverá percorrer no desenvolvimento ao se fundamentar o trabalho.
As hipóteses são previsões ou suposições que podem ser confirmadas ou não ao final da pesquisa. Deve-se
deixar claro que toda pesquisa científica possui uma questão norteadora como motivadora, mas nem toda
questão norteadora produzirá, necessariamente, uma hipótese.
A hipótese pode ser única como suposta resposta à pergunta, ou vir acompanhada de hipóteses secundárias
como variação, quer dizer, como afirmações ou respostas complementares à hipótese básica. São as
chamadas hipóteses secundárias.
Deve-se, ainda, considerar as variáveis que trazem, para a hipótese, conceitos de valor, como qualidades,
quantidades, características, traços especificadores.

2.3 Um roteiro de pesquisa


Os objetivos são definidos na seqüência da delimitação do objeto da pesquisa e da enunciação da questão
norteadora e hipóteses que darão uma resposta provisória ao estudo. É importante lembrar que a definição do
objeto da investigação derivou da leitura de obras disponíveis sobre o assunto, onde se procurou responder a
questões ou esclarecer dúvidas suscitadas pelo pesquisador (leitura exploratória). Se, dessa abordagem, não
se obtiverem respostas para a questão, configurando-se assim a demanda da investigação científica
(enunciação do problema), o objetivo da pesquisa será, assim, o de responder a essas questões. Dessa forma,
o objetivo específico de toda investigação científica é responder às suas questões norteadoras .
Estes limites devem considerar, então, os objetivos geral e específico. O primeiro (objetivo geral) permite
uma visão global e abrangente do tema, objetiva as idéias a serem desenvolvidas, e propõe a própria
significação do trabalho. Já o específico possui uma função intermediária e prática, isto é, instrumental. De
um lado, tenta atingir o objetivo geral e, de outro, aplica-o a situações particulares.
A justificativa de uma pesquisa científica é o que abona a sua própria realização. São as razões que levaram a
fazer um artigo para estudar um determinado problema e que têm, no plano das implicações éticas do
trabalho científico, a sua legitimidade mais essencial.
Portanto, alguns aspectos devem ser assinalados: em primeiro lugar, a necessidade, ou seja, a relevância de
aquele trabalho ser feito, tendo-se em vista ainda o não satisfatório estágio do conhecimento sobre a matéria,
já que, às vezes, até existe um número razoável de textos escritos sobre a matéria, mas há ainda muita
discordância entre eles. Seu estudo será uma contribuição à reflexão sobre a matéria. Eis aí uma justificativa
bastante razoável.

2.4 Os caminhos
2.4.1 Tipos de pesquisa
A pesquisa quanto ao nível de desenvolvimento pode ser:
pesquisa exploratória
pesquisa teórica
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pesquisa aplicada
A exploratória é a pesquisa desenvolvida com a ajuda da bibliografia existente sobre determinado assunto ou
a partir da observação direta de um problema em cuja solução o pesquisador esteja empenhado. Nesse
estágio da investigação, o pesquisador trabalha com obras de referência, como, por exemplo, dicionários
especializados, enciclopédias, manuais bibliográficos, vade mécuns, livros introdutórios ou especializados
sobre o assunto. Essa pesquisa se desenvolve quando ainda não se têm definidas as respostas para um
problema, ajudando a levantar hipóteses que nortearão o desenvolvimento da pesquisa propriamente dita.
A hipótese, lembrando mais uma vez, é uma solução provisória, burilada à luz do estudo exploratório,
proposta pelo pesquisador às questões inicialmente levantadas e que orientará o investigador em toda a
pesquisa.
A pesquisa teórica, que é o estudo desenvolvido com a ajuda da bibliografia existente, é destinada a escolher
um modelo teórico segundo o qual o investigador fará o seu estudo sobre um determinado assunto. Por
modelo teórico entende-se como o ponto de vista que será utilizado para interpretar uma determinada
questão.
Já a pesquisa aplicada, que é o estudo desenvolvido de forma sistemática, obedece aos postulados científicos
e se destina a responder às questões que a pesquisa exploratória não havia conseguido responder. Essa
pesquisa tem por objetivo investigar, comprovar ou rejeitar as hipóteses que tenham sido levantadas quando
da pesquisa exploratória e deverá ainda ter seguido os modelos teóricos eleitos durante a pesquisa teórica.
Quanto ao método, podem ser apontados três tipos principais:
pesquisa experimental
pesquisa de observação
pesquisa bibliográfica
Muito embora esses três tipos de pesquisa se associem em diversos aspectos, apresentando características de
natureza metodológica comuns, eles também possuem peculiaridades que lhe são típicas.
Tendo-se em vista ser o presente trabalho destinado a alunos do Curso de Direito, será dada maior ênfase à
pesquisa bibliográfica. Todavia, torna-se necessário, pelo menos, uma referência às demais modalidades de
pesquisa, antes de entrar no problema da pesquisa bibliográfica.

a. Pesquisa experimental ou de laboratório


Conceituação – a pesquisa experimental ou de laboratório caracteriza-se pela observação objetiva dos fatos e
coisas, ao mesmo tempo em que o pesquisador exerce controle direto dessas variáveis que interferem na
natureza e dinâmica do objeto de pesquisa. A pesquisa de laboratório é comumente utilizada em ciências
exatas e biológicas, mas também pode ser usada em vários outros ramos do saber.

b. Pesquisa de observação
Conceituação – Ao contrário da pesquisa experimental, em que o investigador mantém sob controle as
variáveis que influenciam no fenômeno estudado, a pesquisa de campo consiste na observação direta das
coisas e fatos tal qual eles ocorrem espontaneamente no mundo real, sem que haja qualquer tipo de
intervenção, por parte do pesquisador, objetivando controlar as variáveis que influenciam o objeto de
investigação. A pesquisa de observação, portanto, se caracteriza por não poder reproduzir o evento sob
situação de controle, o que obriga o pesquisador a manter-se rigorosamente adstrito à observação rigorosa do
evento. Ela pode ser utilizada em disciplinas da área humana, como Psicologia, Antropologia, Política,
Economia, Sociologia, além de outras, mas também nas áreas exatas e biológicas, como Engenharia,
Medicina, Ecologia etc.
Um universitário poderá igualmente desenvolver uma pesquisa de observação na área do Direito, em que ele
queira apurar, por exemplo, o problema do descumprimento das leis de trânsito, num bairro onde tenha sido
registrado um alto índice de acidentes automobilísticos.
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Ele poderá então se deslocar para o local e observar diretamente que tipo de imprudência é mais comumente
praticada nas ruas, faixa etária aproximada do motorista, policiamento na localidade, áreas mais atingidas por
acidentes, condições dos equipamentos de trânsito (semáforos, placas sinalizadoras, estado de conservação
do asfalto etc.).
Esse estudante poderá também proceder a entrevistas com moradores na localidade ou com especialistas
sobre a questão do trânsito, utilizando, em cada intervenção, métodos diferentes de pesquisa de campo.

c. Pesquisa Bibliográfica
Conceituação – É a pesquisa que incidirá sobre a bibliografia de um tema, ou seja, é a pesquisa que se faz a
partir do conjunto de livros, artigos, ensaios e de outras formas de escritos a respeito dum determinado
assunto. Assim, a pesquisa bibliográfica não decorre apenas da leitura de livros, mas também de todo texto
publicado de uma maneira geral. Essa bibliografia é composta de trabalhos de diferentes autores, que
utilizaram, por sua vez, modelos teóricos distintos, segundo suas opiniões e convicções pessoais,
constituindo um manancial intelectual que normalmente se caracteriza pela pluralidade de opiniões, às vezes,
discordantes entre si.
A pesquisa bibliográfica é a mais utilizada pelo estudante de Direito bem como pelo próprio advogado, que
às vezes também recorre às fontes.
Fontes – Trata-se de um conceito que pode variar de uma circunstância para outra, sendo difícil sua definição
de forma rígida. Na maior parte das vezes, as fontes são os textos fundamentais, originais ou básicos cuja
interpretação e discussão crítica gera a fortuna bibliográfica correspondente. A fonte é sempre o suporte mais
básico da informação. A Constituição Federal poderia ser apontada como um exemplo de fonte, no plano
legal, para uma pesquisa que tivesse o Direito Civil como objeto, enquanto que os textos de Afonso Arinos
de Melo Franco poderiam ser vistos como uma bibliografia (fonte secundária dentro dessa mesma pesquisa).
Mas, se a pesquisa fosse de caráter biográfico, tendo por título, por exemplo, “A importância de Afonso
Arinos de Melo Franco no processo de democratização do Brasil”, os escritos desse importante senador da
República, inclusive aqueles publicados na imprensa, passariam à condição de fonte e não mais apenas
bibliografia.

2.4.2 Fases da pesquisa bibliográfica


a. O tema e a delimitação do objeto (pesquisa exploratória)
O tema corresponde à área temática dentro da qual o estudante pretenderá estudar, enquanto que a
delimitação do objeto refere-se ao problema que ele irá procurar esclarecer ao longo de sua investigação. Ele
poderá, por exemplo, interessar-se pela questão da violência urbana, mas esse tema não se constituirá ainda
num objeto de investigação científica. Trata-se apenas de um assunto, que precisa ser ainda problematizado.
A delimitação do objeto de uma investigação científica é um momento de importância capital para a
pesquisa. Apesar de o aluno não ter por hábito atribuir o devido valor a essa parte do trabalho, é ela que irá
garantir a exeqüibilidade de sua proposta. Na maior parte das vezes, a tendência do aluno é querer estudar,
tão-somente, um tema com o qual ele tenha alguma afinidade acadêmica.
É importante observar-se que são inúmeras as possibilidades para o acadêmico de Direito na hora de definir
seu objeto de pesquisa. Muitas vezes, ele fica preocupado em extrair alguma questão especificamente da área
jurídica, mas é sempre bom lembrar que ele poderá estudar qualquer aspecto do mundo que o cerca a partir
de uma abordagem jurídica. Ou também ele poderá trabalhar algum aspecto que lhe tenha chamado
particularmente a atenção dentro de uma cadeira como, por exemplo, Teoria Geral do Estado, História do
Direito, Sociologia Jurídica.

Lembretes:
a delimitação do objeto é a escolha de uma questão específica dentro de um tema mais abrangente;
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para se fazer a delimitação do objeto de pesquisa, deve-se antes proceder a uma pesquisa exploratória;
a delimitação do objeto deve ser tal que possa ser anunciada pelo título e pelo sub-título do trabalho de
pesquisa científica.

b. Levantamento bibliográfico
Escolhido o tema e delimitado o objeto de investigação, será feito um estudo preliminar do problema,
também chamado de pesquisa exploratória. Esse estudo preliminar inicia-se com a leitura da bibliografia
existente sobre o assunto, devendo-se começar pelas obras de referência, partindo-se em seguida para os
artigos e livros específicos, entre os quais devem ser privilegiados os mais recentes, cuja elaboração
pressupõe o conhecimento das obras mais antigas.
Nesta etapa do trabalho, o pesquisador ainda está buscando, na bibliografia disponível, respostas para a
questão que o motiva ao estudo em causa. Sua leitura procura uma resposta para um problema específico.
Pode ser que ele encontre a resposta, mas também pode ocorrer o contrário. Se ele encontrar a resposta, a
análise preliminar do problema se encerra e a questão estará resolvida, não havendo necessidade de
desenvolvimento de uma pesquisa científica − à falta de questões não há pesquisa científica. Mas se ele não
encontrar a resposta para aquela questão, ou ainda se a resposta que a bibliografia correspondente oferecer
não for suficiente, então esse estudioso estará com uma demanda de uma pesquisa científica na mão.
Que tipos de livro devem ser usados pelo iniciante da pesquisa durante essa etapa? Como já foi dito, ele
deve utilizar as obras de referência, que ajudarão o pesquisador a iniciar seu estudo, com informações
preliminares e sucintas sobre o tema, indicativos conceituais, relação da legislação afeta ao problema tratado
e, especialmente, indicações bibliográficas essenciais para o estudo daquela matéria. Já foi destacada, no
caderno “Como escolher um livro”, é muito importante procurar amealhar indicações orais da bibliografia
junto a professores e mesmo junto a colegas de sala. Mas o levantamento bibliográfico deverá ser feito
também nas obras que são especializadas nessa área.
Infelizmente, poucos pesquisadores dão atenção, hoje em dia, às obras de referência para orientar os
primeiros passos de um trabalho científico. A seleção bibliográfica que se deve fazer no início da elaboração
de um projeto de pesquisa científica, todavia, sob a égide de um estudo preliminar é a alma desses estudos
preliminares que subsidiarão toda a elaboração futura do projeto e uma base segura para o desenvolvimento,
numa segunda etapa, da própria pesquisa científica. Para que o aluno tenha uma idéia mais clara da
importância que uma obra de referência apresenta em seu projeto, é recomendável a leitura do caderno
“Como escolher um livro”.

c. Enunciação das questões norteadoras


Já ficou claro que a pesquisa científica acontece com o propósito de se solucionar uma dúvida, uma questão
objetiva que o pesquisador necessite esclarecer. A pesquisa é uma forma de se buscarem soluções para
problemas que atingem a sociedade ou a um grupo social específico, mas cujas respostas ainda não estejam
disponíveis no estado atual do conhecimento humano.
Assim, a alma de uma pesquisa científica é uma questão ou um conjunto de questões a serem respondidas ao
longo do trabalho de investigação. A essa questão principal dá-se o nome de Questão Norteadora da pesquisa
científica. Como normalmente essa questão suscita outras tantas, que a ela se associam, apresentam-se,
normalmente, algumas Questões Norteadoras, em que são explicitadas as dúvidas a serem dirimidas pelo
estudo.
Essa dúvida decorre da inexistência de uma reflexão crítica, por parte da comunidade científica, em relação
àquela questão particular. Explica-se: quando a coletividade tem um problema para resolver, como, por
exemplo, solucionar uma questão de natureza jurídico-social, e não há uma resposta objetiva nos livros para
aquele problema, então ela tem que produzir esse conhecimento. O conhecimento produzido é exatamente a
resposta àquela questão norteadora.
Embora as questões secundárias não sejam a questão norteadora principal, desempenham, todavia, uma
função relevante na condução da pesquisa, à medida que ajudam a esclarecer pontos necessários ao
11

desenvolvimento da pesquisa. O pesquisador deverá escolher o seu elenco de questões norteadoras a partir de
uma reflexão objetiva e crítica. Apenas as mais essenciais deverão ser escolhidas e, mesmo assim, somente
após um estudo exploratório inicial, onde sejam estudados aspectos um pouco mais profundos do que
aqueles que são do conhecimento do leigo. Quer dizer, a questão norteadora enunciada por um pesquisador
deve corresponder à “dúvida” de um especialista, isto é, de alguém que estudou o assunto com uma certa
profundidade e que toma conhecimento de que aquela questão não está resolvida pela bibliografia
especializada
É sempre bom lembrar que o pensamento científico distingue-se do vulgar exatamente pelo seu rigor em
questionar os fenômenos a partir de suas causas.7
As possibilidades são infinitas, mas o pesquisador deverá escolher o seu elenco de questões norteadoras a
partir de uma reflexão objetiva e crítica. Apenas as mais essenciais deverão ser escolhidas e, mesmo assim,
somente após um estudo exploratório inicial, onde sejam estudados aspectos um pouco mais profundos do
que aqueles que são do conhecimento do leigo, ou seja, a questão norteadora enunciada por um pesquisador
deve corresponder à dúvida de um especialista, isto é, de alguém que estudou o assunto com uma certa
profundidade e que toma conhecimento de que aquela questão não está resolvida pela bibliografia
especializada.
O passo seguinte será pôr em prática a pesquisa em si.

d. Aplicação da metodologia
Este é o momento em que o cientista inicia o trabalho de pesquisa propriamente dita. Passada a fase da
delimitação do objeto de investigação (pesquisa exploratória) e da preparação do artigo (pesquisa teórica),
chega o momento de o pesquisador colocar em prática tudo o que foi previsto. Agora se está fazendo uma
pesquisa aplicada.
O trabalho, a partir desse momento, se constitui em ler e em fichar os livros e artigos que o levantamento
bibliográfico preliminar indicou e ainda os demais que a pesquisa for apresentando. É o momento de
responder às questões norteadoras, checar eventuais hipóteses que o estudo preliminar sugeriu eliminar
aquelas que a prática da pesquisa demonstrou ser inviáveis (não se constitui em erro o pesquisador descobrir
que uma de suas hipóteses estava errada ou imperfeita), criticar a fortuna bibliográfica existente etc.
Além disso, procurar-se-ão, na Internet, discussões mais atuais, levantar sites idôneos que opinem sobre a
questão tratada na pesquisa e buscar ainda publicações eletrônicas concorrentes.
É esse o momento também em que alguma pesquisa de campo poderá ser utilizada como complemento da
bibliográfica em curso. O acadêmico de direito poderá, especialmente nos casos em que ainda for pequena a
fortuna crítica sobre a questão sob análise, utilizar-se dessa pesquisa. Da mesma forma, o estudioso deve
obedecer ao que foi planejado, ser rigoroso na apuração dos resultados e não ir além da evidência dos fatos
gerados pela investigação científica.
Durante a chamada pesquisa aplicada, o investigador irá produzir o seu fichário de documentação pessoal, na
qual ele irá reunir as fichas onde ele anotou, de forma sistemática e cuidadosa, o conhecimento apreendido
durante o estudo do material bibliográfico correspondente. Nessas fichas, ele anotará também eventuais
observações de caráter pessoal, fará transcrições, cotejará a bibliografia especializada etc.

Lembrete
- A pesquisa aplicada é o momento em que o pesquisador irá desenvolver todas as atividades que ele
planejou no projeto de pesquisa científica.
- Na pesquisa aplicada, ele irá ler livros, artigos, sites e demais fontes que o ajudarão a responder às
questões norteadoras enunciadas em seu projeto de pesquisa.

7
Cf. RUIZ, João Álvaro. op. cit. p. 96 e seg.
12

3. MARCO TEÓRICO
O marco teórico do artigo científico seguirá as instruções abaixo e as observações feitas no item Elaboração
de um artigo científico, apresentado, inclusive, com a análise de um artigo científico para ajudar os alunos a
melhor compreenderem a construção do seu texto. Assim, a estrutura do artigo jurídico-científico, com base
constitucional, deverá ter a seguinte estrutura:

3.1 Estrutura do artigo


Título: forma lógica, rigorosa, breve e essência do artigo.
Autor: nome e instituição (nome do aluno e curso/campus).
Resumo: descrição sumária de sua totalidade; realça os aspectos mencionados; essência de todo o assunto;
dez linhas, 100 palavras. É importante salientar que não haverá rodeios ou referências de autores.
Sumário: indicação das partes do artigo (texto corrido).
1. Introdução: elemento identificador do tema; natureza jurídica da sua discussão; objetivo do artigo e
sua relevância; a metodologia a ser desenvolvida ( 01 lauda).
2. Desenvolvimento: mínimo de 20 laudas, contendo
- Abordagem constitucional do objeto da pesquisa.
- Discussão técnico-jurídica do problema, ressaltando o posicionamento crítico do pesquisador.
Obs.:
a. fundamentação doutrinária e jurisprudencial;
b. não se permite inserção de citações longas e acórdãos;
3. Considerações finais: conclusão da pesquisa reforçada com a análise do pesquisador ( 01 lauda).
4. Referências : listagem, em ordem alfabética, das obras pesquisadas para a elaboração do trabalho.

3.2 Como escrever um artigo jurídico


Descrevem-se as diversas componentes de um artigo científico, apresentadas segundo a ordem pela qual o
leitor as encontra. Entretanto, esta ordem não corresponde à seqüência pela qual elas são escritas. Na prática,
o resumo, a introdução e a conclusão são geralmente os últimos a serem produzidos, e até mesmo o título
pode sofrer alteração.

Componentes de um artigo científico:


_________________________________________________________________________
1. Título - descreve-se de forma lógica, rigorosa, breve e gramaticalmente correta a essência do artigo.
Ex: “As concepções do direito e a ideologia dominante”
_________________________________________________________________________

2. Autor: nome do autor, identificação profissional, instituição.


13

_________________________________________________________________________

3. Resumo: É uma síntese do trabalho concluído, razão porque só deve ser elaborado ao término do
estudo, numa apresentação concisa dos pontos relevantes do texto, realçando finalidade, resultado,
conclusão. Pode ser considerado como ementa, tal a concisão com que deve ser elaborado, devendo
ser em torno de 100 palavras, num texto de parágrafo único, e redigido em 3ª pessoa.
_____________________________________________________________________________________
4. Sumário – constitui-se no roteiro do artigo e deve ser elaborado, ainda que provisoriamente, antes de
se iniciar o trabalho. Tem a função de proporcionar uma visão de conjunto de todo o trabalho,
indicando a ordenação seqüencial dos assuntos desenvolvidos. É essencial para a disciplina do
trabalho porque revela a estruturação do pensamento do autor ao iniciar a construção de sua
argumentação e o caminho percorrido no desenvolvimento do estudo. Deve ser formado entre 3 a 5
itens ou subitens.
Ex: Tema : “As concepções do direito e a ideologia dominante”

Sumário: Introdução. 1 – A abordagem constitucional 2 – O direito natural; 2.1 - Fundamentos do direito


natural; 2.2 – Fundamentos do direito positivo. 3 – Direito como ciência - a visão de Kelsen; 4 - Ideologia
jurídica; 4.1- Ideologia do jusnaturalismo; 4.2 – Ideologia do positivismo 5 – O direito e a ideologia
dominante. Considerações finais. Referências.

5. Introdução - Na Introdução, o pesquisador deve enunciar a idéia central do estudo, justificando a


escolha do tema e delimitando o assunto a ser tratado. Deve indicar ainda os objetivos que orientam
o artigo, os aspectos metodológicos a serem observados e apresentar as etapas de discussão do
trabalho (01 lauda).
Ex: Tema: “As concepções do direito e a ideologia dominante”
O artigo se propõe a discutir a ideologia como fator determinante no pensar do Direito. Ainda se
discute, na teoria do Direito, a antecedência do direito natural sobre o direito positivo e se há predomínio de
uma ou de outra corrente. Buscando a linha da convergência, o estudo pretende demonstrar que essas
interfaces se complementam, utilizando-se, para isso, do rigor metodológico da pesquisa empírica do Direito.
O trabalho relaciona as concepções do Direito à ideologia dominante, pretendendo demonstrar a
permanência ideológica em qualquer relação jurídica, seja ela fundada no direito natural ou no positivismo,
importando, para isso, recuperar o aspecto histórico de cada vertente, trazendo à discussão o fundamento
natural, de como se infiltra a ideologia, vista como formadora da mente humana ou captada pelo estudioso a
partir do próprio fenômeno natural, ou ainda a construção sistematizada do direito. Como se intui a
existência do Direito somente a partir da existência humana, não se desprezará o processo histórico social, o
eterno conflito de dominação entre os homens, as diferentes formas de organização da sociedade e sua
relação com a norma jurídica regulamentadora. A ideologia surge como condicionante necessário na
estrutura do Direito seja qual for seu fundamento histórico.

6. Desenvolvimento do artigo
Parte I – A abordagem constitucional do tema – a natureza jurídica do tema remete obrigatoriamente
ao marco teórico constitucional. Dentro dessa linha, a discussão temática sofre, no primeiro momento de
sua elaboração, a abordagem constitucional, ou seja, as referências constitucionais que emolduram a
proposta de trabalho. O olhar do pesquisador não pode se deter no universo particular da questão
jurídica, a compreensão de que a ordem jurídica deve ser lida e apreendida sob a lente da Constituição,
14

de modo a realizar os valores nela consagrados, ou seja, a reinterpretação de seus institutos sob uma
ótica constitucional.8
Parte II – A discussão teórica do tema - Corresponde ao corpo do trabalho em que o assunto é
apresentado e demonstrado, na seqüência lógica estabelecida no Sumário. Compreende os itens e
subitens, a discussão das hipóteses jurídicas que se pretendem comprovar. Pressupõe uma exposição,
demonstração e argumentação de idéias, a partir de uma linha de raciocínio dedutivo do tema escolhido
apontando para a comprovação da temática do trabalho.
A lógica do raciocínio dedutivo é aplicada a cada item do trabalho. O primeiro parágrafo traduz o
pensamento do ser demonstrado nos demais parágrafos, sendo estes apoiados na idéia central. A
continuidade da discussão levará inevitavelmente à síntese integradora.
O emprego do raciocínio dedutivo acompanha todo o trabalho. O pesquisador fundamenta os pressupostos
teóricos de sua pesquisa, expressa a idéia síntese, a comprovação da tese que produziu. Sempre que
necessário, recorre-se ao uso de citações da legislação, doutrina e jurisprudência, que se tornam a
fundamentação teórico-jurídica do que se pretende comprovar com o estudo do tema. Inserir citações não dá
tecnicidade ou argumentação ao texto. Importa que a citação, literal ou parafraseada, esteja contida no plano
do texto, seja de raciocínio complementar, seja passível de comentário conclusivo do pesquisador. A simples
transcrição de artigos ou posicionamentos jurídicos, sem a devida contextualização, além de prejudicar o
desenvolvimento do trabalho, em nada lhe acrescenta, a não ser o tratamento descritivo que deve ser evitado
num trabalho de natureza científica.
O uso da argumentação como forma de comprovação deve ser vista com extremo cuidado, pois uma das
características do discurso científico é nada afirmar sem comprovar ou justificar 9. Comprova-se primeiro
com fatos empíricos, observáveis, e, em seguida, com argumentos racionais e com os chamados argumentos
de autoridade – de autores, doutrina, teorias científicas, jurisprudências – evitando-se as afirmações gratuitas
e manifestações de cunho pessoal sem respaldo na bibliografia utilizada.
Devem-se evitar também a subdivisão excessiva e os detalhamentos inúteis que apenas somam número de
linhas, sem nada acrescentar ao trabalho. Não devem ser trazidos exemplos, fatos recentes ou experiências
próprias. O texto é de natureza técnica, o pesquisador é impessoal em sua análise, daí os verbos serem
conjugados na 3ª. pessoa. No desenvolvimento do trabalho devem ser buscados os raciocínios lógicos e
coerentes que resultarão na análise e reflexão da temática proposta pelo autor.
_____________________________________________________________________________________

7. Considerações finais
É o momento em que o autor se posiciona integralmente diante do tema estudado. Constitui-se em ponto de
convergência natural de tudo quanto antes foi desenvolvido. É um retorno à Introdução, uma passagem por
seu Desenvolvimento, sendo uma resultante que expresse a síntese da pesquisa realizada. Resgata-se a
problematização da pesquisa e demonstra-se o que foi esclarecido ao longo de sua argumentação. Trata-se de
um texto relativamente curto, enunciando o que se expôs e comprovou na trajetória percorrida. Na correta
definição de Andrade10 “é a menos extensa, porquanto não admite nenhum fato novo, nenhum argumento
novo”. É uma síntese interpretativa dos principais argumentos apresentados. Compõe-se de uma estrutura
específica e de caráter pessoal, não se incluindo nenhuma citação ou referência, direta ou indireta, à
legislação, doutrina ou posição jurisprudencial de qualquer autor específico, mantendo-se a impessoalidade
do texto no uso dos verbos na 3ª pessoa. A conclusão é a finalização de todo trabalho.

8
CANOTILHO, J.J.Gomes;MOREIRA, Vital apud BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e
constitucionalização do direito. Revista da EMERJ, v.9. nº 33, 2006, p.68.
9
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 3ª. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994
10
ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação – noções práticas. 5.ed.
São Paulo: Atlas, 2000, p. 152
15

Ex: Conclusão do texto “As concepções do Direito e a ideologia dominante.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Procurou-se, ao longo do trabalho, demonstrar a permanência da questão ideológica no pensar do
Direito. Sem que fosse o objetivo principal, a busca de definição completa do fenômeno ideológico,
evidenciou-se, nos diversos momentos da experiência jurídica, a maneira pela qual a ideologia aparece
mascarada no pressuposto da vontade natural, do contraponto sociológico, na necessidade econômica ou
ainda na aspiração política.
Ao escolher o jusnaturalismo e o positivismo como elementos essenciais do fenômeno jurídico,
comprovou-se a perenidade do substrato ideológico tanto no direito natural como na concepção positivista.
É certo também não se poder afirmar a prevalência da ideologia sobre essas vertentes jurídicas.
A função ideológica da teoria jusnaturalista, enquanto defensora de um idealismo de atos e condutas,
ao longo da história, acomodou-se aos movimentos sociais, ainda que fornecendo a medida do sonho para a
realização dos anseios humanos, nas diferentes formas de convivência humana experimentada pela
humanidade. Da pureza cristã da salvação, o idealismo da revolução francesa, aos modernos movimentos de
recuperação de valores éticos, subsiste a noção do mais puro direito natural.
Quanto ao direito positivo, mesmo transmudado em vários matizes, encontrou no contexto social a
justificação para sua elaboração. Mesmo a experiência da teoria pura do direito tenha estabelecido divisor
fundamental para compreensão do fenômeno jurídico, não faltaram ideólogos e pensadores buscando, no
conjunto das relações sociais, as justificativas para um Direito mantenedor de situações sócio-econômicas
produzidas para controle daquelas relações.
Depreende-se também que essas correntes, antes de se conflitarem, convergem, na medida em que o
movimento histórico tem confirmado a permanência de um direito natural na legitimação do direito positivo.
Se, eventualmente, ao sabor de novas formulações sociais, o direito positivo acaba eclipsando o direito
natural, permanece o substrato ideológico em determinadas uniformidades da conduta humana oriunda de
uma força divino-natural.
Não há como renunciar às regras, aos limites, às normas de convivência social. Elas integram o
próprio senso comum do homem, sedimentado por toda sua história de reconhecimento do mundo
circundante. Porém, é na elaboração das regras onde se afigura com maior intensidade a ideologia, que os
conceitos de valor sobre os objetos tornam-se postulados do ordenamento jurídico de qualquer grupo social.
Conclui-se que o Direito, por depender de fatos sociais que constituem a eficácia do sistema
normativo em seu conjunto e sendo também revestido de uma ideologia específica, pode ser, finalmente,
entendido com ideologia, mais precisamente, como uma ideologia específica do poder.
8. Referências
Parte obrigatória de qualquer trabalho científico, diz respeito ao material utilizado na pesquisa. Trata-se da
relação sistematizada das obras que foram consultadas, gerais ou específicas, abrangendo livros, revistas
especializadas, periódicos, publicações oficiais, Internet que serviram de fundamento teórico para o
desenvolvimento do estudo.
A relação de todas as fontes utilizadas – textualmente citadas ou parafraseadas pelo autor – deve compor as
referências, devendo ser sistematizada em ordem alfabética e redigida conforme disposto nas normas da
ABNT.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA NESTE TRABALHO

BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito.


Revista da EMERJ, v.9, n.33, 2006
16

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científica: um guia para iniciação científica. 2. ed. São Paulo: Makron Books: Prentice Hall, 2000

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