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Curso de Toxicologia
ANVISA - RENACIAT - OPAS – NUTES/UFRJ - ABRACIT
MÓDULO X
Envenenamento por Metais
Autor
Eduardo Mello de Capitani (CCI - Campinas)
Tutor
Roberto Henrique Belo Pereira (CIAT - Rio de Janeiro)
Apesar dos dois mais conceituados dicionários brasileiros de língua portuguesa não
definirem “intoxicação” com a precisão necessária ao seu uso adequado, optamos
neste capítulo pelo emprego da palavra com a conotação dada na língua inglesa, ou
seja, como uma “alteração da função orgânica normal secundária à introdução de
substância química num organismo”. A importância de assumir esta definição será
discutida mais adiante. Neste capítulo tentaremos fazer distinção entre o termo
“intoxicação” e outros termos usados corriqueiramente na literatura tanto especializada
quanto leiga
“absorção relativa àentre
excessiva”, Toxicologia, como
outros. Na “contaminação”,
prática clínica diária,“exposição excessiva”,
nas discussões técnico-
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b) exposição que resulta em níveis elevados, acima dos valores de referência, a partir
de fontes, tanto naturais quanto antropogênicas, sem evidência de efeitos adversos
detectáveis. Essa situação é corriqueiramente chamada de situação de contaminação
com exposição e absorção anormais. A ausência de efeitos adversos evidenciáveis
demanda ações de controle da fonte de emissão ou controle e remediação das áreas
contaminadas e das vias de contaminação (solo, água, ar, alimentos, etc.), e
monitorização regular e constante do ambiente e das populações expostas;
c) exposição que acarreta níveis elevados, acima dos valores de referência, com
presença de efeitos adversos reversíveis a nível bioquímico, e ausência de sinais e
sintomas de intoxicação. Esse tipo de exposição é bastante comum no ambiente
ocupacional, onde trabalhadores ficam expostos a concentrações atmosféricas
elevadas, que produzem dosagens dos indicadores biológicos sempre acima dos
valores de referência. Nessa situação, para controle de exposição, são utilizados limites
de tolerância ambientais e biológicos, estes últimos atualmente chamados de Índices
Biológicos
referência. de
OsExposição (IBE) 1, que
Índices Biológicos desão sempretêm
Exposição valores mais elevados
correlação que os valores de
com concentrações
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d) exposição a níveis elevados, acima dos valores de referência, ou acima dos limites
de tolerância,
poderão, comsepresença
ou não, de sinais
enquadrar e sintomas
nos critérios sugestivos
clínicos de intoxicação,
de intoxicação que
previamente
definidos para aquela substância ou metal pesado (ver discussão mais adiante). Nesta
situação específica é necessário enfatizar que somente a presença de níveis elevados,
acima dos limites de tolerância, da substância ou metal pesado em tecidos ou líquidos
biológicos, não caracteriza diagnóstico de intoxicação na ausência de sinais e sintomas
sugestivos. É necessário sempre o afastamento imediato e completo da exposição, com
posterior avaliação criteriosa da necessidade de medidas terapêuticas específicas. Com
várias substâncias químicas, como solventes e alguns metais pesados, o afastamento da
exposição é a melhor medida terapêutica, pois ao longo do tempo ocorre a eliminação
da substância e de seus metabólitos, com melhora dos sinais e sintomas. O Quadro 1
resume, de forma esquemática, as quatro situações descritas.
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Para fins de diagnóstico da intoxicação por chumbo, deve-se ter em mente que este metal
age em alguns órgãos-alvo que determinam os sinais e sintomas típicos da intoxicação:
cérebro, rins, sistema hematopoïético, sistema nervoso periférico.
Em exposições tanto agudas quanto crônicas, em concentrações baixas ou moderadas, o
órgão crítico alvo é o cérebro, promovendo sinais e sintomas de encefalopatia de maior e
menor grau, dependendo da intensidade e duração da exposição, tais como, cefaléia,
perda de memória, perda da concentração e atenção em tarefas corriqueiras, alterações
de humor, com irritabilidade, depressão, insônia (ou sonolência).
Esses sintomas podem progredir para piora na intensidade, até surgimento de sinais
característicos de encefalopatia com alterações neurológicas visíveis ao exame físico,
como distúrbios de comportamento mais graves (paranóia, delírios e alucinações),
alterações da marcha e,
agitação psicomotora e do
emequilíbrio
situações(denotando já aumaltas
de exposição comprometimento de cerebelo),
concentrações, alterações de
consciência como obnubilação, estupor e coma, precedidos, em alguns casos, de
convulsões. A seqüência de sintomas e sinais decorrentes da ação do metal sobre o
sistema nervoso central deve ser vista como possibilidades de ocorrência dependendo
sempre da duração da exposição e da concentração de chumbo no ambiente. Em
crianças, pode-se verificar a ocorrência dos mesmos sinais e sintomas, sendo que os
sinais mais intensos estão quase sempre relacionados à exposição por via digestiva
(ingestão de solo contaminado, ou flocos de tinta de construções ou brinquedos
deteriorados, com teores altos de chumbo, como nos EUA).
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imagem pode corroborar o diagnóstico de intoxicação crônica por chumbo (Figura 1). Tal
banda densa, radiopaca, parece estar relacionada com acúmulo de cálcio na região por
distúrbio do metabolismo normal provocado pelo chumbo, e não ao depósito de
chumbo, semelhante às linhas de sofrimento que marcam a ossatura de crianças durante
estresses nutricionais, infecciosos ou metabólicos intensos durante a fase de crescimento.
Bandas densas
em metáfises
de ossos
longos de
crianças
expostas
ambientalment
ea
chumbo(crianç
a residente nas
proximidades
de fábrica de
baterias).
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Nesse sentido, duas situações referentes ao diagnóstico de intoxicação devem ser tratadas
separadamente:
Nas duas situações, o critério diagnóstico de intoxicação clínica por chumbo deve,
necessariamente, incluir a positividade das três ocorrências assinaladas adiante (ver
Quadro 1):
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* basta um dos três resultados estar alterado para definir a ação no campo direito do quadro
** o retorno ao trabalho só poderá ser efetivado com valores dos parâmetros dosados abaixo do
VR
O TMC tem por objetivo clínico estimar a carga corpórea de chumbo em expostos,
através
partir dadaadministração
medida da quantidade de chumbo
de uma dose excretada
única padrão na urinaTradicionalmente
de quelante. (plumbúria ou PbU),
essea
teste (também chamado de Teste de Provocação) é feito usando-se o versenato de cálcio
(EDTACaNa2), mas pode ser realizado com D-penicilamina e, eventualmente, com DMSA.
A interpretação básica do TMC é de que a plumbúria produzida após administração do
quelante, reflita a carga de chumbo presente em compartimentos mobilizáveis, e
provavelmente não a carga corpórea total de chumbo, presente em tecidos de meia-vida
prolongada, como ossos compactos, dentina, e rins. A importância clínica do teste está
na possibilidade de avaliar a necessidade de tratamento quelante, em ciclos repetidos,
para o chumbo localizado em grande quantidade em compartimentos mobilizáveis, tais
como, fígado, baço, vísceras ocas, eritrócitos, cérebro e, provavelmente, osso trabecular.
Resultados de PbU após dose teste de EDTA (PbU-EDTA) têm boa correlação com níveis
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O TMC está indicado para crianças com níveis de PbS entre 25 e 44µg/dL, desde que
afastadas da exposição ambiental. Está contra-indicado em crianças com níveis de PbS
acima de 45µg/dL. A dose preconizada é de 500mg/m 2 em soro glicosado a 5%, em
infusão de 1h. Um TMC em criança será considerado positivo se o índice PbU-EDTA
24h/dose EDTACaNa2 em mg for maior que 0,6.
Pode-se realizar TMC com D-penicilamina, na dose de 450 a 500mg em dose única oral,
para adultos, dada à noite e dosando PbU em urina das 8 horas seguintes. O Centre for
Disease Control and Prevention (USA) não indica uso de D-penicilamina para TMC em
crianças. O valor de corte para indicação de tratamento quelante é de 300µg.
O DMSA pode também ser usado como quelante na realização de TMC, na dosagem de
10mg/kg em administração oral única, porém ainda não existe padronização da
interpretação dos resultados com esse quelante. Estudo de 1995 mostrou que o PbU após
provocação com DMSA é, em média, menor quando comparado com dose equivalente
de versenato de cálcio.
Apesar de controverso
resultados, o TMC é umaemferramenta
algumas situações clínicas, na
importantíssima quanto à interpretação
avaliação de
clínica de adultos e
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Plumbemia
(µg/dl) Intervenções necessárias (ambientais, de avaliação clínica e terapêuticas)
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Os compostos orgânicos, por sua vez, provêm da ligação covalente entre o íon
2+
mercúrio
mercúrio (Hg ) e+pelo
(CH3Hg ) e o menos
cloreto um átomo de carbono,
de etilmercúrio formando
(C2H5ClHg) sais como
(ALESSIO et al., o1995a)
monometil
O Quadro 1 resume os possíveis achados clínicos úteis para o diagnóstico dos variados
tipos de exposição a compostos de mercúrio.
Quadro 1 – Resumo dos achados clínicos nos quadros de intoxicação por mercúrio, de
acordo com o tipo de composto envolvido.
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Pode ser ingerido, principalmente por crianças, a partir de contato manual com o
conteúdo de instrumentos de medida quebrados, como termômetros ou barômetros.
Injeções acidentais, terapêuticas, ou em tentativas de homicídio ou suicídio, podem
ocorrer, envolvendo as vias subcutânea, intramuscular, endovenosa e intrarterial, esta
última forma estando relacionada a acidentes com barômetros utilizados, até pouco
tempo atrás, para medida de pressão arterial central durante cirurgias cardíacas e
neurocirurgias.
A. Intoxicação Aguda
Em altas concentrações, no entanto, antes que ocorra a absorção, ele pode causar um
quadro clínico de pneumonite química, com insuficiência respiratória aguda, dor
pleurítica, ocorrência de pneumotórax e pneumomediastino, bronquite erosiva e
bronquiolite. A bronquiolite é mais comum em crianças jovens e pode causar dilatação
alveolar e formação de pneumatoceles. Alguns casos de evolução para a fibrose
pulmonar já foram descritos, apesar de serem raros.
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ser acompanhados por náusea, vômitos, dor abdominal, diarréia, cefaléia, assim como
de gosto metálico na boca. O quadro clínico de febre dos fumos metálicos, de
resolução fugaz, também tem ocorrido.
B. Intoxicação Crônica
Nas exposições crônicas, os efeitos estão relacionados com o órgão-alvo principal, que
é o sistema nervoso central. Três quadros clínicos diferentes podem ser estabelecidos:
a) mercurialismo crônico
b) micromercurialismo
c) efeitos pré-clínicos ou sub-clínicos precoces
Os três quadros clínicos diferenciam-se entre si basicamente pela intensidade dos
fenômenos evidenciados, mas com interposição e sobreposição de sinais e sintomas.
a) Mercurialismo crônico
A esses sintomas, diversos autores acrescentam distúrbios renais pouco freqüentes, que
aparecem em exposições crônicas, em função da dose absorvida: variam da
proteinúria de alto peso molecular, assintomática, das exposições a baixas
concentrações, até a síndrome nefrótica, em exposições a concentrações mais
acentuadas e prolongadas. Um efeito renal precoce pode ser detectado, se traduzindo
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Tremor de extremidades
b) grau 2 - tremor estático, em grau mais intenso associado a tremor intencional, mais
evidente. Neste estágio pode haver perturbação moderada da atividade muscular
motora delicada, dificultando certas atividades;
Quando no grau 1 da classificação exposta, o tremor pode ser de difícil identificação se
o exame neurológico se fizer apenas com a observação desarmada; ele necessita de
equipamento apropriado. A análise da caligrafia do paciente pode ser uma arma
diagnóstica importante em alguns casos selecionados.
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a) tremor fino intencional, que lembra o tremor encontrado em pacientes que sofrem de
esclerose múltipla;
b) tremor tipo parksoniano, estático, de repouso, com função motora reduzida.
O tremor das extremidades pode persistir por muitos anos após o cessar da exposição,
mesmo depois do desaparecimento de outros sinais neurológicos como
descoordenação motora, tonturas, insônia e fadiga.
Eretismo psíquico
O termo eretismo provém do grego e significa excitação. Foi adotado pela terminologia
médica com o significado de “estado de excessiva irritabilidade, extrema e intensa
reatividade, e labilidade emocional, envolvendo sinais de depressão e introspecção
exagerada”.
Distúrbios vasculares
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b) Micromercurialismo
a) distúrbios do sistema motor, como o tremor fino, que são o sinal e o sintoma
neurocomportamental mais freqüentemente mencionados;
b) deterioração da capacidade intelectual, que tem sido descrita como insidiosa no seu
desencadear, mas gradualmente progressiva em seu desenvolvimento, afetando a
memória e as capacidades de concentração e raciocínio lógico;
Tremor de extremidades
Alterações psicomotoras Velocidade motora (tempos de reação)
Coordenação motora
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Memória visual
Memória auditiva
Alterações das capacidades Cognição
intelectuais
Raciocínio lógico
concentração
Humor depressivo
Irritabilidade
Sintomas emocionais
Timidez excessiva
Fadiga / desânimo
Sudorese excessiva
Sistema Nervoso Autônomo Rubor facial
Velocidade de condução nervosa motora e sensitiva
Sistema Nervoso Periférico alterada
Alterações eletroneuromiográficas
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Ainda no campo das dificuldades do uso de baterias de testes para fins diagnósticos
deve-se apontar o problema da ausência de valores de referência populacional
adequados para a maioria dos testes em uso.
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Com relação
mostrado queàasocorrência de neuropatia
fibras sensitivas são maisperiférica,
sensíveis estudos experimentais
ao mercúrio elementartêm
que as
fibras motoras, ao contrário do que ocorre na intoxicação por chumbo inorgânico. No
entanto, do ponto de vista eletroneuromiográfico, vêm-se alterações tanto na
velocidade de condução nervosa de nervos sensitivos quanto de nervos motores. Isto
leva outros autores a afirmar que os distúrbios no sistema motor, quando ocorrem, são
mais propensos à reversão do que, por exemplo, as alterações nas funções cognitivas.
A utilização de procedimentos de triagem que levem em conta apenas a aferição de
funções motoras, como critério de afastamento da exposição, por exemplo, pode
representar um risco para os trabalhadores. Por outro lado, as alterações das funções
cognitivas são mais insidiosas e difíceis de serem detectadas em situação de controle
médico dentro dos locais de trabalho.
Quadros clínicos relacionados com alteração localizada no corno anterior da medula
espinal têm sido relatados na exposição a mercúrio orgânico (como o etil-mercúrio
empregado como fungicida em sementes), caracterizando o diagnóstico sindrômico de
esclerose lateral amiotrófica (ELA). No entanto, dois relatos da literatura descrevem três
casos de trabalhadores expostos a mercúrio inorgânico que desenvolveram quadro
clínico abrupto, compatível com diagnóstico sindrômico de ELA, mas com reversão total
dos sinais e sintomas após afastamento da exposição. Num destes relatos, dois
trabalhadores inalaram poeira de óxido de mercúrio (Hg0) na fabricação deste sal. Em
outro, um trabalhador expôs-se a mercúrio elementar por dois dias consecutivos
apenas, em tarefa de recolhimento de vazamento acidental de mercúrio metálico em
fábrica de termômetros. Houve reversão total do quadro clínico nestes três casos.
C. Toxicocinética e diagnóstico laboratorial
A excreção urinária (em µg/g de creatinina urinária ou µg/gC) guarda relação com a
exposição ambiental (em µg/m3) e mantém relação numérica de 1:1,5
aproximadamente: exposição a 35 µg/m3 de de mercúrio no ar correlaciona-se uma
excreção urinária de 50µg/gC, desde que o indivíduo esteja em equilíbrio com o meio.
A dosagem de mercúrio urinário reflete uma exposição corrente, não tendo relação
direta com o quadro clínico. Desta forma, um trabalhador que apresente níveis de
mercúrio urinário acima de 35µg/gC (limite biológico máximo permitido para este
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Nas situações clínicas nas quais a exposição foi crônica com doses desconhecidas, ou
variável ao longo do tempo ou se deram há mais de dois meses do diagnóstico
sintomático, as dosagens de mercúrio urinário ou sangüíneo poderão apresentar
discrepâncias. Nesses casos o diagnóstico deve ser realizado a partir da presença de
sinais e sintomas compatíveis, relação temporal definida entre o surgimento destes e a
história de exposição, e história de exposição comprovada (conhecimento do ambiente
+ dosagens ambientais caracterizando presença de mercúrio no ar acima dos limites
de tolerância estabelecidos).
Convém ainda salientar que, apesar de bastante utilizado como material de obturação
dentária, o amálgama de mercúrio dentário em geral proporciona elevações no
mercúrio urinário em proporções não significantes, de cerca de 3 a 17µg por urina de
24 horas, e que em alguns estudos esses resultados não passaram de 5µg/24 horas,
pouco interferindo nos resultados de monitorização.
D. Tratamento
Os casos de intoxicação aguda por mercúrio elementar, casos raros onde a exposição
se dá em altas concentrações e geram quadro de pneumonite química grave, além do
tratamento inespecífico relacionado à manutenção da homeostase interna, os pacientes
podem ser tratados com agentes quelantes. Dentre eles destacam-se: o dimercaprol
(BAL), a penicilamina e o ácido dimercapto-1-propanilsulfônico (DMPS).
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A ingestão de baterias tipo botão ou cilíndricas deve ser motivo de preocupação médica
e observação criteriosa do paciente, apesar dos poucos casos de complicação desse
tipo de acidente até o momento. O tratamento desses casos pode necessitar de
intervenção cirúrgica, quando a bateria se rompe na luz do trato gastrintestinal,
causando corrosão, necrose e perfuração.
O tratamento das intoxicações por sais inorgânicos de mercúrio, além dos cuidados
inespecíficos de controle do choque, da insuficiência renal aguda, do sangramento de
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sangüíneo não deve descartar a relação etiológica do quadro clínico com uma
exposição ao mercúrio no passado.
c) Tratamento
O
usotratamento com eagentes
de BAL, DMPS DMSA,quelantes desseemtipo
deve-se levar de intoxicação
conta aspectos daétoxicocinética
pouco animador.
dos Para
compostos mercuriais orgânicos (meia-vida plasmática, volume de distribuição, ligação
tecidual, etc.), além da experiência acumulada na literatura mostrando pouca resposta
clínica.
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Os casos clínicos de intoxicação aguda por arsênio são devidos, em sua maioria, as
tentativas de suicídio, quando seus sais inorgânicos, tais como os óxidos de arsênio, são
ingeridos em doses elevadas. Os pacientes chegam aos serviços de urgência com sinais
de sangramento do trato gastrintestinal e graus variados de hipovolemia.
A intoxicação aguda por arsênio manifesta-se inicialmente por quadro de náusea, dor
abdominal intensa, vômitos e diarréia, que pode ser profusa, em água de arroz (como
no cólera) e tornar-se sanguinolenta com a evolução. Esses sintomas são precoces,
ocorrendo alguns minutos ou poucas horas após ingestão.
Contemporaneamente ao quadro
gastrintestinal,
depois, efeitos ou algumas horas
cardiovasculares
tornam-se mais evidentes, como
taquicardia, sinais de hipovolemia,
como hipotensão e oligúria, levando
ao choque. Arritmias graves com
torsade de pointes2 com intervalo QT
prolongado, podem surgir
tardiamente, dias após a ingestão.
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A intoxicação aguda por ingestão de sais inorgânicos de arsênio deve sempre ser
considerada grave a priori, com grande risco de morte, mesmo quando os sinais e
sintomas ainda são leves. Ela deve ser tratada agressivamente desde o início, com
reposição generosa de volume e uso de drogas vasoativas. A lavagem gástrica, com
sonda calibrosa e grandes volumes de soro fisiológico, está indicada nesses casos. O
carvão ativado ou
gastrintestinal, é contra-indicado quando há
se o paciente apresenta suspeitas dedigestivo.
sangramento corrosãoOdaconteúdo
mucosa da
do trato
lavagem gástrica pode ser utilizado para dosagem de arsênio e confirmação
diagnóstica. O início precoce da terapêutica quelante é fator determinante na
sobrevivência desses pacientes, pois as medidas de controle do choque, da insuficiência
renal aguda e das arritmias, podem ter seus efeitos comprometidos.
O tratamento quelante específico deve ser feito com o dimercaprol (BAL), nas doses de
3 a 5mg/kg, de 4 em 4 horas, por via intramuscular, até que níveis de arsênio na urina
estejam abaixo de 50µg/L. O ácido 2,3-dimercatosuccínico (DMSA) pode ser dado, por
via oral, como complementação ao tratamento com dimercaprol, quando esta via
tornar-seaoviável
quanto durante
aumento evolução dodaquadro.
ou diminuição absorçãoPouco se sabena
do arsênio sobre os efeitos Adodose
luz intestinal. DMSA,
é
de 10mg/kg, de 8 em 8h, por 5 dias, seguida de 10mg/kg, de 12 em 12h, por mais
14 dias. O ácido dimercapto-1-propanol (DMPS) parece ter melhores efeitos no
tratamento da intoxicação aguda por arsênio. Usado também por via oral, é análogo
hidrossolúvel e derivado do BAL. Outra opção de tratamento, que complementa o
tratamento parenteral com BAL, é o aporte de D-penicilamina por via oral. No entanto,
seus efeitos colaterais, principalmente renais, podem contra-indicar seu uso em alguns
casos. Hemodiálise pode ser necessária em caso de falência renal (VAZIRI et al., 1980).
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Introdução
As medidas terapêuticas em Toxicologia clínica estão divididas em etapas ou fases, não
necessariamente isoladas ou seqüenciais, podendo ser indicadas simultaneamente
conforme cada caso.
A irrigação intestinal total (whole bowel irrigation) pode ser uma medida terapêutica
associada ao uso de quelantes em casos de ingestões de grandes quantidades de
metais, como o chumbo, na forma de óxidos.
Tratamento quelante
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quelação. O termo “quelação” provém do inglês “chelation”, que por sua vez vem do
grego, a partir de khélê, que significa pinça ou mandíbula. O latim também fornece
“chêle”, derivado do grego, significando “os braços da constelação de escorpião”.
Assim, o sentido do termo usado em química está ligado à ação de pinçar, agarrar, e é
utilizado como o processo de transformação de uma substância (o quelante) e um
metal qualquerquimicamente,
ou «agarrado» num quelato, que é um
numa complexo
ligação químico
covalente comnoo qual o metal
agente é «pinçado»
quelante.
Quimicamente, o quelato é um sal ou íon complexo, no qual os ligantes se coordenam
com o íon ou átomo do metal através de duas ou mais ligações covalentes, na forma
de anel.
Os metais parecem exercer seus efeitos tóxicos através da ligação com um ou mais
grupamentos reativos de enzimas e proteínas constituintes da estrutura ou do
metabolismo normais. Os agentes quelantes, também chamados de antídotos, são
compostos que competem especificamente com esses grupamentos promovendo a
ligação química do metal consigo e não com as enzimas ou proteínas normais. Os
metais podem reagir com os seguintes grupamentos contidos em enzimas: -OH, -COO -
, -OPO3H, >C=O, -SH; -S-S-, -NH2 e >NH. Um agente quelante possui dois ou mais
desses grupamentos em sua estrutura química, permitindo a ligação covalente do
cátion metálico, formando um anel heterocíclico bastante estável, que será então
eliminado, sem sofrer biotransformação significativa, através da urina.
Essa estabilidade química vai variar de acordo com o metal e com o agente quelante.
O chumbo e o mercúrio, por exemplo, têm maior afinidade pelos grupamentos
contendo enxofre do que pelos grupamentos contendo oxigênio.
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A injeção intramuscular pode provocar dor local. Tendo em vista sua boa
lipossolubilidade, a absorção por essa via é rápida e sua distribuição pelos tecidos
também é rápida e eficiente, passando as barreiras hematoencefálica e placentária sem
problemas, garantindo o efeito do fármaco nos sítios celulares de ação do metal tóxico.
Assim, os pacientes referem melhora de sintomas logo após a primeira injeção, e níveis
elevados de arsênio na urina são logo identificados.
Estudos experimentais mostraram que o uso tópico de BAL é eficaz no controle dos
efeitos dérmicos tópicos de agentes arsenicais, tanto na sua prevenção quanto no seu
tratamento, quando aplicados dentro da 1ª. hora após contato com o metal.
Entretanto, durante o uso em seres humanos, o BAL tópico mostrou efeitos colaterais
como prurido, eritema e disestesias, desencorajando sua aplicação por essa via.
Verificou-se mais tarde que os mesmos efeitos dérmicos, sejam eles causados por ação
tópica ou por ação sistêmica do arsênio, eram neutralizados de forma eficaz por
injeções intramusculares de BAL.
Uma revisão sobre esse quelante, citando estudo realizado na década de quarenta,
descreve a análise de uma série de mais de duas centenas de casos de intoxicação por
arsênio tratados, quando se conseguiu estabelecer um protocolo mínimo de tratamento
seguro com BAL, que é utilizado praticamente até hoje. Nesse trabalho, os autores
propõem a dose de 3mg/kg de peso, a cada 4 h, durante as primeiras 48 h, seguindo-
se administrações a intervalos de 12 em 12 h por mais 7 a 10 dias, baseadas em
critérios de máxima eficácia com o mínimo de efeitos adversos. Conseguiram também
mostrar que o início precoce da terapêutica é fator crítico e determinante da eficácia. A
taxa de mortalidade foi bem menor quando os pacientes eram tratados dentro das
primeiras 6 h (cerca de 25%), com relação a pacientes tratados depois de 72 h do
aparecimento da intoxicação (55% de mortalidade).
Vários estudos clínicos não randomizados foram realizados na década de 40, usando
BAL em pacientes com intoxicação por arsênio, mas se restrigiram ao âmbito militar dos
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ministérios ligados à área, nos EUA e na Grã Bretanha, tendo sido publicados apenas
em relatórios internos dos órgãos públicos, por razões alegadas de segurança. Alguns
autores relatam a história desses relatórios após o final da segunda grande guerra,
citando alguns dados de importância clínica. Por exemplo, num desses relatórios,
inacessíveis ainda hoje, de experiências clínicas nos EUA, com pacientes intoxicados por
arsenicais,
dividida deos autores diárias.
6 frações se referem à dose estabelecida como segura, como de 4mg/kg,
Em 1948, foi publicado o primeiro relato de uma série de casos clínicos de crianças
tratadas com BAL para combate à intoxicação por arsênio por ingestão. Comparando
os achados com dados retrospectivos de crianças que não foram tratadas, pela
ausência de quelante na época, os autores concluem que nos 42 casos tratados não
houve mortes, contra 3 mortes nos 111 controles históricos.
No entanto, o BAL tem sido utilizado com sucesso no tratamento de intoxicações por
chumbo em crianças, quando existe a necessidade de “proteção” do sistema nervoso
central, já que o quelante de escolha para chumbo, EDTACaNa2, não ultrapassa a
barreira hematoencefálica. Também tem sido eficaz em casos de adultos com sinais e
sintomas de encefalopatia. No entanto, nesses casos é sempre associado ao
EDTACaNa2, pois seu uso isolado parece produzir pouca melhora clínica e os estudos
experimentais utilizando acetado de chumbo mostraram declínio do índice de
sobrevivência dos animais que utilizaram apenas o BAL, contra os que o utilizaram em
associação com o EDTACaNa2.
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Também pode ser útil no tratamento de intoxicações medicamentosas por sais de ouro.
Nos casos em que toxicidade significativa for evidenciada durante o uso do BAL, a
hemodiálise pode ser necessária para remoção do complexo (quelato) e evitar maiores
danos renais. Sais de ferro, como sulfato ferroso em apresentações terapêuticas, devem
ser evitados quando do uso de BAL.
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Pode ser administrado pela via intramuscular, com boa absorção e boa eficácia, mas a
dor local limita o número de injeções possíveis e constitui seu único inconveniente.
Com relação
possível à toxicidade
hipocalcemia do próprio
quando agente,
o versenato o clínico
utilizado é odeve estar preparado
dissódico, sem cálciopara
na uma
molécula. Esse efeito, no entanto, é esperado apenas quando a administração por via
endovenosa for rápida. Infusões mais lentas, com menos de 15mg/min, em
gotejamento contínuo, não causam esse tipo de ação, pois há tempo para que os
depósitos extracelulares forneçam o cálcio necessário para a retomada do equilíbrio. O
versenato de cálcio pode, por outro lado, ser administrado em velocidades maiores e
em doses maiores sem causar esse efeito, ou mesmo sem causar efeito contrário pela
liberação de cálcio da molécula em troca do metal, pois essa quantidade liberada é
negligenciável frente à concentração fisiológica de cálcio.
O efeito tóxico mais temido do versenato (tanto o sódico quanto o cálcico), mas pouco
freqüente, está relacionado a um possível dano renal. Doses altas repetidas (mais de
75mg/kg/dia, por mais de 10 dias) podem causar vacuolização hidrópica das células
tubulares proximais, com perda da borda em escova e degeneração celular. Alterações
nos túbulos distais são mais raras. Apesar de dramático, esse efeito é, em geral, dose-
dependente e reversível com a interrupção do tratamento. Utilizando-se doses habituais
entre 15 e 25mg/kg/dia não há relatos de danos renais significativos.
Pacientes intoxicados e com dano renal por outra causa ou pela própria exposição
crônica ao chumbo, por exemplo, podem utilizar o versenato como quelante com doses
corrigidas conforme o clearance de creatinina.
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O outro grupo de efeitos colaterais do uso do versenato está relacionado ao fato dele
quelar somente
intersticial), o chumbo
criando contido
assim um no compartimento
gradiente extracelular
de concentração (plasma
entre esse e líquido e
compartimento
outros diversos compartimentos cinéticos por onde o chumbo se distribui
desigualmente. Isso pode provocar uma mobilização (redistribuição) muito rápida do
chumbo desses compartimentos em direção ao plasma, causando elevação abrupta de
plumbemia que será redistribuída, podendo causar sintomas encefálicos, piora dos
sintomas já existentes, como cólica abdominal, e aumentar o risco de lesão renal.
Esse tipo de efeito colateral do tratamento pode ser eficientemente prevenido com a
administração lenta da droga por via endovenosa, fazendo com que esse gradiente de
concentração se forme lentamente e em magnitude menor, havendo tempo para o re-
equilíbrio
doses podementreaumentar
os compartimentos.
a eficácia doAssim, doses emenores
tratamento e intervalos
reduzir risco maioresAentre
de toxicidade. via as
intramuscular é boa opção no sentido de evitar esse efeito colateral devido à
redistribuição rápida de chumbo.
Outros efeitos adversos são representados por sintomas inespecíficos que podem estar
relacionados a eventuais depleções de metais essenciais como zinco, cobre, magnésio,
manganês, ferro e cálcio, ou ser causados por respostas idiossincráticas ao agente. Tais
sintomas incluem mal estar, astenia, sede excessiva, calafrios e febre, mialgia, cefaléia
frontal, anorexia, náusea, vômitos, urgência urinária, espirros em salva, congestão
nasal, lacrimejamento, queda transitória da pressão arterial e inversão de onda T no
eletrocardiograma.
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dos sinais clínicos. A dose deve ser administrada em soro fisiológico a 0,9% ou soro
glicosado a 5%, em volume que não ultrapasse 500mL, em infusão gotejante com
duração mínima de 1 h 30 min a 2
h. Durações de infusão maiores (até
cerca de 3h) são mais seguras e
garantem
tratamento.eficácia semelhante
Hidratação de
adequada
que garanta boa diurese é medida
essencial e precede qualquer outro
procedimento terapêutico. A
administração é feita em ciclos de 3
a 5 dias, com intervalos entre ciclos
de no mínimo 2 dias, visando dar
tempo para re-equilíbrio entre os
compartimentos.
A eficáciaexcretado
chumbo do tratamento
na formaé avaliada
queladapela remissão
durante cadados
24 sintomas e pela dosagem
h de tratamento. de dos
A repetição
ciclos de 3 a 5 dias dependerá dos resultados dessas dosagens urinárias (plumbúria de
24 h) durante cada ciclo, e dos níveis de plumbemia verificados nos intervalos dos
ciclos. A medida de plumbemia durante os dias de tratamento não é merecedora de
crédito, pois vai refletir o processo de mobilização de chumbo dos diversos
compartimentos em direção ao plasma e não refletirá o estado de equilíbrio entre eles.
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A Figura 4 apresenta o
comportamento das plumbúrias
de 24 h de outro paciente com
quadro de intoxicação crônica por
chumbo por exposição
ocupacional
subseqüentes.que realizou 4 ciclos
Nos casos clínicos com sinais e sintomas de encefalopatia (ver quadro clínico em seção
adiante), ou em casos
além do EDTACaNa de tratamento
2 deve-se associardeBAL
crianças (mesmo em
intramuscular semintervalos
sinais de de
encefalopatia),
4 h,
objetivando o acesso de quelante ao sistema nervoso central e, no caso das crianças,
proteger o encéfalo de possível redistribuição de chumbo durante a quelação com
versenato.
A via intramuscular pode ser usada com doses menores, não ultrapassando 300 a
600mg por dia. O limite de dose tem a ver com o volume da preparação. A principal
vantagem dessa via é a absorção mais lenta impedindo a formação de gradiente de
concentração muito rápido entre o plasma e os outros compartimentos. A eficácia é
bastante boa, comparável à via endovenosa. A magnitude da plumbúria, ou seja, a
quantidade total de chumbo que é quelado, no entanto, é menor que na via
endovenosa, em função da dose ser menor.
para tratamento
sintomáticas por de criançasa chumbo,
exposição
com níveis de plumbemia acima de
45µg/dL.
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Por ser altamente hidrossolúvel, o DMSA é absorvido pelo trato gastrintestinal de forma
incompleta, mas rápida.
plasmático ocorre Estima-se
em cerca de 1 a que
duasahoras
taxa de absorção
após seja no máximo
administração de 20. Pico
oral e o quelante
tem volume de distribuição pequeno, permanecendo a maior parte da dose no
compartimento plasmático. No plasma, 95% encontram-se ligados à albumina. O
DMSA sofre biotransformação, provavelmente hepática, sendo excretado na forma de
dissulfetos mistos DMSA-cisteína em 90% da dose administrada, e os restantes 10%
inalterados. Foi demonstrado haver ciclo enterohepático do agente. A meia-vida de
eliminação urinária do DMSA é de aproximadamente 48 h. O pico de excreção do
produto de biotransformação em DMSA-cisteína ocorre em 4 h após ingestão. A DL50 é
de cerca de 5g/kg, contra 1010mg/kg para o BAL e 1g/kg para o versenato de cálcio.
O DMSA, aodecontrário
a absorção chumbodo EDTACaNa
presente 2
por
do trato via oral e da O
gastrintestinal. D-penicilamina,
DMSA reduz anão aumenta
absorção do
chumbo a partir dessa via, corroborando a idéia do uso dessa droga em crianças com
níveis sangüíneos elevados, mesmo que ainda estejam expostas em situação ambiental.
O uso de DMSA em crianças intoxicadas por chumbo tem mostrado que existe
decréscimo nos níveis de plumbemia durante os dias de tratamento, com retorno
gradual logo em seguida a níveis médios num patamar inferior ao pré-tratamento. Um
estudo que analisou dados de 39 crianças tratadas, mostrou esse padrão de resposta
da plumbemia, com manutenção de níveis baixos até cerca de 4 semanas durante o
tratamento e re-elevação dos mesmos na 5a ou 6a semanas, com a suspensão do
tratamento, mas em níveis médios 10µg/dL abaixo dos níveis pré-tratamento.
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Dos estudos clínicos até agora realizados, todos com ciclos de 5 dias, comprovou-se
que a dose de 30mg/kg/dia é uma dose segura e eficaz, promovendo decréscimo de
plumbemia e aumento
um prolongamento na plumbúria.
do ciclo Alguns
por mais 14 dias,desses estudos
na dose mostraram também
de 20mg/kg/dia, que
mostrou-se
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4. D-penicilamina
a) formação
b) de uma
incorporação ligação
do metal emsimples entre o em
uma estrutura metal
anele oentre
grupamento sulfidrila;
o grupo –SH e o átomo de
nitrogênio, ou
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A D-penicilamina pode causar diversos efeitos colaterais que, em geral, não são
incomuns. Náuseas e vômitos são freqüentes. A eosinofilia ocorre em cerca de 20% dos
casos e a leucopenia e a trombocitopenia leves, transitórias, em cerca de 10% das
crianças
erupçõestratadas. O aparecimento
maculopapulares de um edema
pode necessitar angioneurótico,
a interrupção de urticária e de
do tratamento.
A redução de dose, mas não interrupção do tratamento, pode ser necessária em caso
de proteinúria, hematúria microscópica e incontinência urinária. Um quadro de
nefrotoxicidade com síndrome nefrótica representa uma possível evolução da
proteinúria. Por sua falta de especificidade, a D-penicilamina pode causar depleção de
elementos essenciais como ferro e zinco, bem como de piridoxina.
Na Toxicologia clínica, essa droga tem sido utilizada desde 1956 como quelante de
chumbo e mercúrio. Apesar de não ser aprovado pelo Food and Drug Administration
(FDA) norte-americano para uso em intoxicação por chumbo (apenas para tratamento
da doença de Wilson), a D-penicilamina tem sido usada há várias décadas como
complementação por via oral em esquemas de quelação que utilizam agentes
quelantes parenterais como o versenato de cálcio e o BAL .
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Apresenta
por via oralboa
de absorção gastrintestinal,
cerca de 39%, com índices
quase o dobro de biodisponibilidade
da disponibilidade do DMSA queapósestá
dosepor
volta de 20%. A biotransformação se dá no fígado, de modo rápido através de reações
de fase I, por oxidação à forma dissulfeto, sendo que após 15 h da ingestão apenas 9%
da dose total encontram-se inalterados na urina. A meia-vida de eliminação renal do
DMPS é de cerca de 20 h.
Tendo em vista os bons resultados obtidos nos estudos experimentais quanto à eficácia
e segurança de seu uso, bem como a elucidação de boa parte de sua farmacocinética,
alguns ensaios clínicos foram desenvolvidos em voluntários sadios, trabalhadores
expostos e casos clínicos isolados e séries de casos. Estudos com voluntários mostraram
ótima correlação
excretados, (r = 0,92)outras
corroborando entrepublicações
dosagem dequemercúrio urinário
mostraram e níveissignificativo
aumento de DMPS de
excreção de mercúrio na urina, em cerca de 10 vezes entre expostos industriais e cerca
de 5,9 vezes entre dentistas. Outros autores, também obtiveram resultados semelhantes
com trabalhadores expostos, mostrando aumento de cerca de 7,6 vezes na excreção de
mercúrio após dose oral de DMPS, sendo que 62% desse mercúrio eram excretados nas
primeiras 6 h.
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O DMPS não está disponível no Brasil, sendo fabricado na Europa com o nome
comercial de Dimaval®. A indicação de seu uso restringe-se basicamente às
intoxicações por mercúrio, de forma isolada ou como complemento ao uso parenteral
do BAL em casos mais graves. Pode ser utilizado eventualmente como quelante por via
oral na intoxicação por chumbo, como o DMSA, e na intoxicação por arsênio, também
como complemento do BAL em fase clínica menos crítica.
Logo após sua descoberta e síntese, a desferoxamina passou a ser usada como
quelante em casos de intoxicação por ferro, exibindo na prática mais afinidade por esse
metal do que por outros metais essenciais como zinco, cobre, magnésio e cálcio, e em
pH fisiológico quelando exclusivamente o ferro. A ligação do ferro com a molécula da
desferoxamina se dá em três grupamentos N–OH, formando um anel octaédrico que
permite a estabilidade química com a constante 10 31 da ferrioxamina.
A droga é hidrossolúvel
preferencial e muito
em casos graves, e apouco absorvidaem
intramuscular porcasos
via oral,
levessendo a via endovenosa
e moderados. A
administração por via oral está sempre indicada em casos de ingestão recente, sempre
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Um mol de desferoxamina liga-se a 1 mol de ferro trivalente, fazendo com que 100mg
do agente quelem 9,35mg de ferro férrico. Essa informação é básica para o cálculo de
dose
vezes em casos
a dose de intoxicação.
ingerida, Na prática, a dose
dada simultaneamente compor viaparenteral,
dose oral deve ser
na de 10 a 15de 2
proporção
vezes a dose ingerida de ferro.
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Para casos de intoxicação grave por ferro, com níveis séricos de ferro > 500µg/dL,
recomenda-se 10 a 15mg/kg por hora em infusão endovenosa contínua, em
velocidade não ultrapassando 45mg/kg/h. Casos moderados podem ser tratados por
via intramuscular
crianças e 2g em em dosescomo
adultos, de 50mg/kg,
nos casoscom dose total máxima
de talassemia. diária de 1gtem
A via intramuscular em como
limite o volume elevado quando em altas doses. A via subcutânea também pode ser
usada na dose de 1 a 2g por dia.
A dose total diária de desferoxamina não deve ultrapassar 8g, apesar de que a dose de
16g já tenha sido usada sem efeitos colaterais de importância. A duração dos
tratamentos é variável e não existem parâmetros completamente confiáveis que balizem
a continuidade ou a suspensão do tratamento. Um parâmetro utilizado é a cor da urina
durante a quelação. Coloração de vinho rosé na urina é sinal de excreção de cerca de
10 a 30mg de ferro em 24 h. Assim, enquanto o paciente apresentar essa coloração de
urina é sinal de que existe ferro em excesso que deve ser quelado, e o uso da
desferoxamina deve ser prolongado até cerca de 24 h após a urina estar de cor
normal.
A dose tradicional para esse fim tem sido de 5 a 10g, quando do atendimento inicial
do paciente intoxicado, associado sempre aos esquemas parenterais. Não há trabalhos
clínicos mostrando eficácia da via oral no controle dos efeitos corrosivos do ferro no
trato gastrintestinal.
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mercury without poisoning. Lancet 1:206, 1980.
1
Indicador biológico de exposição é uma substância química, elemento químico, atividade enzimática ou
constituintes do organismo cuja concentração (ou atividade) em fluido biológico (sangue, urina, ar
exalado) ou em tecidos, possui relação com a exposição ambiental a determinado agente tóxico.
2
Torsade de pointes é uma variante pouco comum de taquicardias ventriculares polimórficas (mudanças
periódicas dos pontos dos complexos QRS), com intervalo QT prolongado e freqüência entre 200 e 250
batimentos por minuto. Pode ser autolimitada ou progredir para a fibrilação ventricular, causando síncopes
recorrentes ou morte súbita.
3
Ataques recidivantes de edema transitório aparecendo subitamente em áreas da pele ou das membranas
mucosas e, ocasionalmente, das vísceras, geralmente associadas com dermatografismo, urticária, eritema
e púrpura.
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