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FARMACODINÂMIC

A
PROFESSORA DRA. DAYANE OLÍMPIA GOMES
FARMACOCINÉTICA

É o que o organismo animal faz com o fármaco.

FARMACODINÂMICA

É o que o fármaco faz no organismo animal.


Farmacodinâmica
É uma área da farmacologia que estuda os mecanismos fisiológicos, bioquímicos e
moleculares de ação das drogas.
 Local de ação

 Mecanismo de ação

 Efeitos terapêuticos

 Efeitos tóxicos
Farmacodinâmica
 Estuda os mecanismos pelos quais um medicamento atua nas funções bioquímicas e
fisiológicas de um organismo vivo;

 Refere-se a ação e aos efeitos das drogas dentro do organismo;

 Em geral, a farmacodinâmica caracteriza o que uma droga causa no paciente;

 Farmacodinâmica + farmacocinética = conhecimento completo do caminho percorrido


pelos medicamentos e seus efeitos no organismo animal.
Farmacodinâmica

 Os fármacos produzem efeitos terapêuticos e tóxicos em


decorrência de suas interações com moléculas existentes no
indivíduo;

 Os fármacos atuam, em sua maioria, ao associar-se a


macromoléculas específicas, alterando suas atividades biofísicas ou
bioquímicas.
Farmacodinâmica
Considerando um determinado medicamento:
1. Sua atividade biológica depende essencialmente da estrutura
química do fármaco
2. O fármaco se liga ao seu receptor formando um complexo capaz
de alterar o funcionamento celular

Exemplo: uma droga anti-hipertensiva causa relaxamento da


musculatura lisa dos vasos sanguíneos (vasodilatação), diminuindo
assim a pressão arterial.
Farmacodinâmica

Os fármacos não criam novas


funções no organismo, eles
modificam uma função já
existente!
Termos
Farmacodinâmicos
Receptores

 Para que um fármaco promova seu efeito terapêutico, é necessário que haja uma
atração química entre o fármaco e seus receptores;

 Dependendo do tipo de ligação entre o receptor e o medicamento, a duração do


efeito poderá ser breve ou prolongada;

 Com frequência, um mesmo receptor pode ligar-se ao medicamento utilizando


mais de um tipo de interação química.
Receptores
 Um receptor de uma droga é o componente macromolecular do tecido corporal com
o qual a droga interage para iniciar seus efeitos farmacológicos;

 Interação fármaco-receptor = "ação" da droga


 Os efeitos que sucedem essa ligação = "efeitos" da droga

 Podem ser proteínas, enzimas, ácidos nucleicos, entre outros;


 Os receptores proteicos estão frequentemente bem-caracterizados.
Interação fármaco-receptor
Tipos de ligação fármaco-receptor
A maioria dos fármacos interagem com seus alvos por meio de diversas ligações
químicas diferentes. Em geral, as ligações F + R são reversíveis e envolvem
múltiplas ligações fracas.

 Ligações de Van Der Walls ou forças de dispersão;


 Ligações de hidrogênio: são as mais importantes interações não-covalentes
existentes nos sistemas biológicos;
 Ligações iônicas: são fortes mas podem ser desfeitas por alterações no pH;
 Ligações covalentes: são muito fortes e requerem grandes quantidades de
energia para serem desfeitas (irreversíveis).
Classificação dos fármacos em relação ao
seu mecanismo de ação
 Fármacos estruturalmente inespecíficos: são aqueles cujo efeito
farmacológico não decorre diretamente do fármaco agindo em um determinado
receptor (alterações nas propriedades físico-químicas => mudanças em
mecanismos importantes das funções celulares => desorganização dos processos
metabólicos). Exemplo: anestésicos gerais inalatórios e desinfetantes.

 Fármacos estruturalmente específicos: são aqueles cuja ação biológica


decorre essencialmente de sua estrutura química. Eles se ligam a receptores,
isto é, macromoléculas existentes no organismo, formando com eles um
complexo, o que leva a uma determinada alteração na função celular.
Alvo para a ação dos medicamentos
Canais iônicos dependente O fármaco se liga ao canal iônico que funciona como um portão (abre e fecha), alterando a
de ligante condutância de íons.

A família dos receptores acoplados à proteína G representa a maioria dos receptores


R acoplados à Proteína G conhecidos na atualidade. As proteínas G são os mensageiros entre os receptores e as
enzimas responsáveis pelas mudanças no interior das células.

Vários medicamentos exercem seu efeito farmacológico por meio da interação com
R com atividade enzimática
enzimas, atuando principalmente como inibidores destas.

Estes receptores, diferentes dos anteriores, encontram-se no interior da célula como um


R citoplasmáticos ou
constituinte solúvel do citosol ou do núcleo, apresentando capacidade de ligar-se com
intracelulares
grande afinidade à cromatina nuclear.
Fonte: Farmacologia
Ilustrada 6ª ed., 2016
Atividade Intrínseca
É a capacidade do fármaco de produzir uma ativação do receptor.

Atividade intrínseca (α) pode variar de 0 a 1:

α=0 não ativa o receptor


α=1 ativação máxima
0<α<1 ativação intermediária do receptor
Agonista e Antagonista
Os fármacos que agem sobre os receptores podem ser:
AGONISTAS
 Indica que uma determinada substância, ao ligar-se ao receptor, ativa-o, acarretando
efeito farmacológico;
 Dão origem a alterações no funcionamento celular, produzindo efeitos de vários tipos;

ANTAGONISTAS
 Refere-se a uma substância que, ao combinar-se com o receptor, não o ativa;
 Ligam-se a receptores sem originar tais alterações.
Agonista e Antagonista
AGONISTA ANTAGONISTA

Fármacos que apresentam São fármacos que se ligam ao


afinidade pelo receptor e receptor mas não têm as
atividade intrínseca na célula. características estruturais próprias
Se ligarão ao receptor e o para ativá-lo. Na analogia da chave e
ativarão, assim como uma fechadura, os antagonistas podem até
chave se encaixará em uma se encaixar na fechadura, mas não
fechadura e a abrirá. conseguem abri-la.
Potência
 A potência de uma droga refere-se à quantidade necessária de fármaco para
produzir a resposta terapêutica;
 Quanto menor a concentração ou dose do medicamento necessária para
desencadear determinado efeito, mais potente é este medicamento;

 Medicamentos muito pouco potentes apresentam como desvantagem a


necessidade de doses muito elevadas, o que muitas vezes torna incômoda sua
administração;
 Medicamentos extremamente potentes devem ser manipulados com mais cuidado,
podendo acarretar intoxicações.
Potência
A potência dos agonistas depende de
dois parâmetros:
EFICÁCIA AFINIDADE

Faixa de doses terapêuticas (vasodilatadores):


Candesartana = 4-32 mg
Irbesartana = 75-300 mg Candesartana
Fonte: Farmacologia Qual é o fármaco mais potente?
Ilustrada 6ª ed., 2016

EC50 = concentração da droga necessária para que se atinja 50% da resposta


Eficácia
 É a capacidade máxima de um fármaco em produzir uma resposta biológica;
 É o tamanho da resposta que o fármaco produz quando interage com um receptor;
 A eficácia depende do número de complexos fármaco-receptores formados e da
atividade intrínseca do fármaco (α);
 A eficácia máxima de um fármaco (Emáx) considera que todos os receptores estão
ocupados pelo fármaco e não se obterá aumento na resposta com maior
concentração do fármaco.

O fármaco X é mais eficaz que o fármaco Y


Potência e Eficácia

 Fármaco A é mais potente do


que o fármaco B;

 Fármaco C apresenta potência


e eficácia menor que os
demais;
Fonte: Farmacologia
 Eficácia fármaco A = fármaco B Ilustrada 6ª ed., 2016
Afinidade
 É a tendência do agonista de ligar-se aos
receptores;

 Estabelecida pelas forças químicas que


fazem com que o fármaco combine-se de
maneira reversível com o receptor;

 Quanto maior for a afinidade do fármaco


pelo receptor, mais potente será o fármaco.
Exercício
A resposta correta é...
Tipos de Agonistas
Um fármaco que, através de sua ligação a seu
receptor, favorece a ativação deste receptor é
denominado agonista.

Os agonistas podem ser:


 Agonista total
 Agonista parcial
 Agonista inverso Fonte: Farmacologia
Ilustrada 6ª ed., 2016
Agonista Total
 Se um fármaco se liga a um receptor e produz a resposta biológica máxima que
mimetiza a resposta do ligante endógeno, ele é um agonista total;
 Produzem 100% do efeito (α = 1) análogo às substâncias endógenas;
 Possuem alta eficácia: são capazes de produzir efeitos máximos.
Agonista Parcial
 É uma molécula que se liga a um receptor em seu sítio ativo, mas que só produz
uma resposta parcial, mesmo quando todos os receptores estão ocupados
(ligados) pelo agonista;
 Não produzem 100% da resposta, mesmo ocupando 100% dos receptores;
 Fármaco que possui afinidade pelo receptor e desenvolve uma resposta, só que
ambas são de forma reduzida;
 Possuem eficácia intermediária: são capazes de produzir apenas efeitos
submáximos
 0 < α < 1 atividade intrínseca intermediária
Agonista Inverso
 Comumente, os receptores são inativos (R) e precisam da interação com um
agonista para assumir uma conformação ativa (R*).
 Contudo, alguns receptores apresentam conversão espontânea de R para R* na
ausência de agonista.
 Agonistas inversos, ao contrário de agonistas totais, estabilizam a forma R
(inativa) e convertem R* em R. Isso diminui o número de receptores ativados
para menos do que observado na ausência do fármaco.
 Os agonistas inversos têm atividade intrínseca menor que zero (α < 0),
revertem a atividade de receptores e exercem efeito farmacológico oposto ao
dos agonistas.
Agonista Inverso
Agonista desloca R da forma inativa para ativa

R R*

Na ausência de um ligante (agonista) há um equilíbrio entre as


conformações ativa e inativa dos receptores.

Agonista inverso desloca R da forma ativa para inativa

R* R
Antagonistas
 Bloqueiam a ação dos agonistas;
 Não possuem atividade intrínseca (α = 0);
 Impede que o agonista se ligue ao receptor;
 Bloqueia algum ponto importante da cadeia de
eventos que levaria à resposta desencadeada
pelo agonista.
 Os antagonistas podem ser farmacológicos ou
não farmacológicos.
Antagonismo
FARMACOLÓGICO NÃO FARMACOLÓGICO

 Competitivo  Farmacocinético

 Não competitivo  Fisiológico ou funcional

 Alostérico  Químico
Antagonismo farmacológico
 Competitivo: quando há competição do agonista e do antagonista pelo mesmo receptor, e o
antagonista impede ou dificulta a formação do complexo agonista-receptor. A ligação é reversível,
ou seja, o aumento na concentração do agonista é capaz de deslocar o antagonista do receptor;

 Não competitivo: o antagonista se liga fortemente ao receptor no mesmo sítio do agonista


(ligação covalente - irreversível), por isso o aumento na concentração do agonista não consegue
deslocar o antagonista do receptor e o número de receptores disponíveis para o agonista fica
reduzido (efeito máximo do agonista também é reduzido);

 Alostérico: o antagonista se fixa em um local diferente (alostérico) do local de ligação do


agonista e evita que o receptor seja ativado pelo agonista, mesmo que ele esteja ligado ao
receptor.
Fonte: GOLAN, Princípios de
Farmacologia 2ª ed., 2009
Antagonismo não farmacológico
 Farmacocinético: um medicamento reduz efetivamente a concentração plasmática de outro
administrado a um animal, devido às alterações em alguma das etapas da farmacocinética (absorção,
distribuição, biotransformação ou excreção);
Exemplo: tetraciclina + antiácido = diminuição na absorção da tetraciclina

 Fisiológico ou funcional: Ações contrárias – um tende a anular o efeito do outro


Exemplos: Heparina (anticoagulante) + vitamina K (coagulante)
Noradrenalina (vasoconstrictor) + histamina (vasodilatador)

 Químico: as duas substâncias não reagem com os receptores do organismo, mas reagem quimicamente
entre si se antagonizando.
Exemplo: ampicilina + gentamicina = inativação da gentamicina
Interação Medicamentosa
Necessidade de utilização concomitante de mais de um medicamento

modificação do efeito de ambos ou de um deles quando associados

As interações dos medicamentos podem levar a aumento ou diminuição dos


efeitos dos mesmos:

SINERGISMO: A + B = aumento do efeito

ANTAGONISMO: A + B diminuição ou anulação do efeito


Tipos de Sinergismo

 Sinergismo por adição: o efeito combinado de dois ou mais medicamentos


é igual à soma dos efeitos isolados de cada um deles.

 Sinergismo por potenciação: o efeito combinado de dois ou mais


medicamentos é maior do que a soma dos efeitos isolados. É comum que as
duas substâncias não atuem pelo mesmo mecanismo de ação. Neste caso,
uma das substâncias potencializa a outra por interferir na sua
biotransformação, distribuição ou excreção.
Tipos de Sinergismo
 Sinergismo por adição
 Sinergismo por potenciação

RESPOSTA
Índice ou Janela Terapêutica
Índice ou Janela Terapêutica
 O índice terapêutico (IT) de um fármaco é a relação entre a dose que produz
toxicidade em metade da população (DT50) e a dose que produz o efeito
clinicamente desejado em metade da população (DE50):

 O IT é uma medida da segurança do fármaco, pois um valor elevado indica uma


ampla margem entre a dose que é efetiva e a que é tóxica.
Índice ou Janela Terapêutica
Concentração no Efeitos
sítio alvo
Excessiva Tóxicos
Máxima permitida Potencialmente tóxicos
Ótima Terapêuticos
Limiar Parcialmente eficazes
Insuficiente Ausentes
Reações Adversas
O fármaco, mesmo que administrado na dose correta e
com uma boa margem de segurança, pode produzir
reações adversas, que consistem em uma resposta
previsível ou não do organismo frente a um determinado
medicamento, mas que não é a resposta que se deseja
obter com o seu uso, podendo ser essa uma reação
branda ou grave.
Efeitos Anormais dos Medicamentos
 Hiper reativos: indivíduos que apresentam respostas a doses baixas de determinado
medicamento que não causam efeitos na grande maioria da população;
 Hiporreativos: indivíduos que necessitam de doses maiores do que as normalmente
utilizadas pela população para desencadear determinado efeito farmacológico;
 Idiossincrasia ou efeito incomum: aparecimento de um efeito não esperado após
uso de um medicamento e que ocorre em pequena porcentagem dos indivíduos;
 Supersensibilidade: aumento do efeito de um medicamento, sendo este causado
pela elevação da sensibilidade de receptores
 Hipersensibilidade: restringe somente aos fenômenos causados pelas reações
alérgicas que têm como explicação a ligação antígeno-anticorpo, com consequente
liberação de histamina.
Obrigada!

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