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FARMACODINÂMICA

Princípios gerais

Luiz Fernando C. N. Neto


Farmacodinâmica

MECANISMOS DE AÇÃO

Geração do
Evento
bioquímico
Farmacodinâmica

Relações dose-resposta

• Dose Efetiva 50% (DE50):


– Concentração do fármaco que induz um
efeito específico em 50% de indivíduos de
uma dada população.

• Dose Letal 50% (DL50):


– Concentração do fármaco que induz morte
em 50% de indivíduos de uma dada
população.
Farmacodinâmica

Farmacodinâmica

✓ A farmacodinâmica é a área da farmacologia que estuda


o efeito de uma determinada droga (ou fármaco, ou
medicamento) em seu tecido-alvo;

✓ Entende-se tecido-alvo como o órgão ou sítio onde uma


determinada droga tem efeito.

“O que a droga faz sobre o


organismo”
Farmacodinâmica

Farmacodinâmica

Drogas...
... alteram a taxa em que se processam as
atividades no organismo

... drogas não criam funções

... modulam funções fisiológicas e


bioquímicas intrínsecas
Farmacodinâmica

Importância da Farmacodinâmica

• Estudo minucioso da ação do fármaco:


– base para o uso terapêutico racional;
– desenvolvimento de novos agentes
terapêuticos melhores;
– compreensão da regulação bioquímica e
fisiológica.

Eficácia X segurança.
Farmacodinâmica

Interação fármaco - receptor

Receptor: componente do organismo com o qual é


possível o agente químico interagir

Qualquer molécula biológica à qual o fármaco se liga para


iniciar seu efeito e produzir uma resposta mensurável.
Farmacodinâmica

CONCENTRAÇÃO X EFEITO

Escala em % Escala logarítmica


Farmacodinâmica

Ka = Constante de afinidade POTÊNCIA


Farmacodinâmica

Relações concentração-efeito

• Potência:
– Medida da quantidade
do fármaco necessária
para produzir um
efeito de uma dada
intensidade;

–É usada para
comparar compostos
de mesma classe
farmacológica;
Farmacodinâmica

Relações concentração-efeito

• Eficácia:
– Grau de capacidade do fármaco produzir a
resposta desejada;

– Independe da dose e está relacionada à


capacidade intrínseca do fármaco de produzir
atividade.
Farmacodinâmica

Relações concentração-efeito

Normal Com morfina


Farmacodinâmica

Relações concentração-efeito
Em geral, a ação em
um órgão único ou
um número limitado
de órgãos é decisiva
para o efeito
terapêutico e o efeito
tóxico de um
fármaco;

EX.: para o fluxo de


sangue, é importante
o calibre vascula.
Farmacodinâmica

Relações concentração-efeito
Farmacodinâmica

Potência e Eficácia
Farmacodinâmica

Relações concentração-efeito

• Índice terapêutico:
– relação da dose que produz respostas tóxicas
com a dose que produz o efeito terapêutico
em uma população.
Farmacodinâmica
Relações concentração-efeito: Índice terapêutico:
Farmacodinâmica
Relações concentração-efeito: Índice terapêutico:

A eficácia de uma droga é estimada a partir da altura da curva. O slope (inclinação)


indica o índice terapêutico, um parâmetro que avalia o grau de segurança da droga
testada. Drogas que produzem curvas com inclinação acentuada possuem baixo índice
de terapêutico, ou seja, pequenos incrementos na dose podem produzir intensa variação
no efeito estudado chegando facilmente a dose tóxica. Eficácia e potência são
independentes.
Farmacodinâmica

Farmacodinâmica

Amitriptilina, dose: 50 a 100 Paracetamol, dose até


mg, até uma dose total de 6000 mg/dia
150 mg/dia
Farmacodinâmica

Receptores Farmacológicos

Genericamente, receptor
pode ser compreendido como
componentes
macromoleculares funcionais
do organismo com o qual a
molécula da droga se
combina para produzir um
efeito.
Farmacodinâmica

Receptores Farmacológicos

✓ Os fármacos produzem seus efeitos, em sua maioria,


através da sua ligação, em primeiro lugar, a moléculas de
proteínas;

✓ Quatro tipos de proteínas reguladoras estão principalmente


envolvidas:
- Enzimas;
- Moléculas Transportadoras;
- Canais de Íons;
- Receptores;

✓ Outros tipos de proteínas e ácidos nucléicos podem também


ser alvos de ligação.
Farmacodinâmica
Farmacodinâmica

Fármacos
Específicos X Inespecíficos
Farmacodinâmica

Especificidade dos Fármacos

✓ Para que um fármaco seja útil como instrumento terapêutico


ele deve atuar seletivamente sobre determinadas células e
tecidos;

✓ Classes individuais de substâncias se ligam apenas a


determinados alvos, e alvos individuais só reconhecem
determinadas classes de fármacos;

✓Nenhum fármaco é totalmente específico nas suas


ações. O aumento da dose afeta outros alvos diferentes do
alvo principal, resultando em efeitos colaterais.
Farmacodinâmica

Fármacos Específicos

✓ Sua atividade resulta da interação com sítios bem definidos


apresentam, portanto, um alto grau de seletividade;

✓ As drogas desse grupo também apresentam uma relação


definida entre sua estrutura e a atividade exercida. Como
consequência, drogas de estrutura similar podem exercer o
mesmo tipo de atividade;

✓ Esses fármacos atuam em concentrações muito baixas, por


meio de interações com enzimas, proteínas carregadoras,
ácidos nucléicos ou receptores farmacológicos.
Farmacodinâmica
Farmacodinâmica

Fármacos Inespecíficos

✓ As ações dessas drogas dependem de suas propriedades


físico-químicas
✓Solubilidade;
✓pKa;
✓poder oxi-redutor;
✓capacidade de adsorção...

✓ As drogas desse grupo não apresentam como pré-requisito


uma relação estrutura-atividade e necessitam de
concentrações relativamente altas para se mostrarem
efetivas.
Farmacodinâmica

Fármacos Inespecíficos
Farmacodinâmica

Interações Fármaco-Receptor

✓ A ocupação de um receptor por um fármaco pode ou não


resultar em ativação do receptor;

✓ Ativação refere-se a capacidade do ligante de desencadear


uma resposta tecidual, sendo então classificado como
agonista.

Resposta
Farmacodinâmica

Interações Fármaco-Receptor

✓ Quando uma substância se liga ao receptor sem causar


ativação, impedindo consequentemente a ação do agonista é
denominada antagonista do receptor.

Sem
Resposta
Farmacodinâmica

Interações Fármaco-Receptor

Antagonista

Agonista
Farmacodinâmica
Farmacodinâmica

Agonista Parcial

✓ Verifica-se que a resposta produzida por diferentes


agonistas difere de uma substância para outra;

✓ Alguns fármacos podem produzir uma resposta máxima


(agonista total) enquanto outros apenas submáxima (agonista
parcial);

✓ A diferença entre agonistas totais e parciais reside na


relação entre ocupação e resposta;

✓ A resposta é sempre menor, em termos de concentração,


para o agonista parcial possuindo, portanto, uma menor
eficácia.
Farmacodinâmica
Farmacodinâmica
Farmacodinâmica

Agonistas totais
Farmacodinâmica

Agonistas parciais
Farmacodinâmica

Agonistas
Farmacodinâmica

Agonistas
Farmacodinâmica

Receptor adrenérgico alfa 1 utilizado como


agente midriático, descongestionante nasal e
agente cardiotônico.
Farmacodinâmica

Antagonismo Competitivo

✓ Situação onde uma substância se liga seletivamente a


determinado tipo de receptor sem ativá-lo

✓ Desta forma, impede a ligação do agonista


Farmacodinâmica

Antagonismo Competitivo
• Na presença do antagonista a curva do log da
concentração x efeito do agonista é deslocada
para a direita e/ou para baixo
Farmacodinâmica

Antagonismo Competitivo

✓ Curva de Concentração-Efeito
Farmacodinâmica

Antagonismo Competitivo Reversível


Farmacodinâmica

Antagonismo Competitivo Irreversível


Efeitos dos antagonistas
competitivos irreversíveis
sobre as curvas
concentração de
agonista x efeito;

[A] Resposta do músculo


liso de estomago de rato
à Serotonina em vários
momentos após a adição
de metissergida

[B] Resposta do
estômago de coelho ao
carbacol em vários
momentos após a adição
de dobutamina
Farmacodinâmica

Antagonismo competitivo
Farmacodinâmica

Antagonismo Químico

✓ Situação incomum em que os dois compostos se combinam


de modo que o efeito do fármaco ativo é perdido;

✓ Enquadram-se neste grupo os agentes quelantes que se


ligam a metais pesados e assim reduzem a sua toxicidade;

✓ Anticorpos neutralizantes contra venenos animais são


considerados antagonistas químicos;

✓ O carvão ativo em casos de intoxicação oral.


Farmacodinâmica

Antagonismo Químico

✓ Dimercaprol:

Indicado no tratamento de intoxicações por arsênico,


ouro e mercúrio;

O dimercaprol possui maior afinidade pelo metal que a


enzima e, portanto, reverte a inibição enzimática pela quelação
do metal e evita ou reverte os efeitos tóxicos pela regeneração
dos grupos sulfidrila.
Farmacodinâmica

Antagonismo Fisiológico

✓ Descreve a interação de duas substâncias cujas ações


opostas no organismo tendem a anular uma à outra

Histamina

Omeprazol
Farmacodinâmica

Antagonismo Farmacocinético

✓ Situação em que o antagonista reduz efetivamente a


concentração do fármaco ativo em seu local de ação por:

- Aumento da velocidade de degradação metabólica do


fármaco;

- Redução da velocidade de absorção da substância


ativa pelo trato gastrintestinal;

- Aumento da taxa de excreção renal.


Farmacodinâmica

Antagonismo Farmacocinético

Fenobarbital Warfarin
AUMENTA O METABOLISMO

Ação
Anticoagulante
Farmacodinâmica

Antagonismo Não-Competitivo

✓ Situação onde uma substância se liga seletivamente a


determinado tipo de receptor também sem ativá-lo;

✓ Não compete com o agonista pelo sítio de ligação específico


(diferença de especificidade);

Inibe de forma indireta a ação


do agonista através da ligação
em outro local receptor;

✓ Apresenta também uma relação dose dependente com


supressão total do efeito biológico.
Farmacodinâmica

Antagonismo Não-Competitivo
Farmacodinâmica
Farmacodinâmica
Farmacodinâmica

Atenção

Esse mecanismo
pode ser usado
como antagonista
e agonista
Farmacodinâmica

Competitivo X Não competitivo


Farmacodinâmica
A curva é representada por quem?

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