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FARMACOLOGIA DOS SISTEMAS

Prof. Fernanda Henrique Lyra de Assis


Relembrando...
AFINIDADE EFICÁCIA
Droga
RESPOSTA
Agonista

AFINIDADE = OCUPAÇÃO, capacidade de a droga manter-se


ligada ao receptor.

EFICÁCIA = ATIVAÇÃO, capacidade de causar mudanças no


receptor e este comportamento se estender para
a célula, desencadeando o efeito.
Conceito de Agonista e Potência
AGONISTA = fármaco que ao se ligar ao
receptor promove sua ativação

Potência
CE50 = concentração (dose)
necessária para produzir 50% do
efeito máximo mediado pelo fármaco

Dale

DE50 DE50
CONCEITOS IMPORTANTES EM TERAPIA

ED50 (dose efetiva mediana) – dose de fármaco necessária para


produzir determinado efeito em 50% da população

LD50 (dose letal mediana) – dose de fármaco necessária para


produzir efeitos tóxicos em 50% da população

DL50 = Índice terapêutico ou janela terapêutica


ED50

Faixa de concentrações (doses) que produzem eficácia terapêutica


com efeitos tóxicos mínimos
Fármaco Antagonista apresenta estrutura similar ao
Agonista

Agonista Eficácia=ativação
Antagonista
Sítio de
ligação

Receptor Sem Ativação

Antagonista e agonista apresentam afinidade semelhante pelo


receptor (tendência de se ligar ao receptor)
Tipos de efeito antagonista

Antagonismo de
receptores

Antagonismo Antagonismo Antagonismo


competitivo não-competitivo alostérico
(reversível) (irreversível)

Antagonismo sem
receptores

Antagonismo químico Antagonismo


fisiológico

ANTAGONISTA = fármaco que se liga ao receptor mas não promove


ativação deste.
Antagonismo competitivo

competitivo

ligação
não-covalente

• Antagonismo por bloqueio dos receptores

• Antagonismo competitivo (reversível)


Antagonismo competitivo

• Na presença do Antagonista, é necessário concentrações maiores


do Agonista para manutenção do Efeito Máximo
Antagonismo competitivo

Agonista Agonista + Antagonista

Efeito Máx

% do Efeito observado
(Ação)
Presença de doses crescentes
do Antagonista

1 2 3 4 5 7 9
Concentração do Agonista (mol/L)

Antagonista desloca a curva dose-resposta do Agonista para direita


Exemplos de Antagonistas competitivos reversíveis

Antagonista Reversível Função Exemplo

Antagonistas colinérgicos Reduz secreções Atropina


muscarínicos Tratamento da asma Ipratrópio

Antagonistas de Tratamento de Atenolol, propranolol


Adrenoceptores hipertensão

Antagonista de Dopamina Tratamento da Haloperidol


esquizofrenia
Antagonistas de Receptores Tratamento de úlceras Cimetidina,
H2 da Histamina gástricas e duodenais famotidina, nizatidina,
ranitidina
Antagonismo não-competitivo

ligação
covalente
Antagonismo não-competitivo

Antagonista bloqueia, em algum ponto, a cadeia de eventos que leva


à produção de uma resposta pelo agonista.

Ex.: Verapamil e Nifedipina (impedem o influxo de cálcio através da


membrana celular).
Antagonismo alostérico

antagonismo

alostérico

potencialização

Ex. iodeto de ecotiofato que atua no sitio alostérico de enzima


acetilcolinesterase desta forma inativando a enzima e aumentando a
concentração de acetilcolina.
reversível
Questão de prova:

A figura abaixo se refere à curva dose-resposta de 4 diferentes fármacos (A,


B, C e D):

a) Qual dos fármacos apresenta maior efeito? Explique sua resposta.


b) Qual dos fármacos é mais potente? Explique sua resposta.
c) O fármaco C apresenta efeito agonista total, agonista parcial ou está na
presença de um antagonista? Explique sua resposta.
Tipos de efeito antagonista

Antagonismo de
receptores

Antagonismo Antagonismo Antagonismo


competitivo não-competitivo alostérico
(reversível) (irreversível)

Antagonismo sem
receptores

Antagonismo químico Antagonismo


fisiológico

ANTAGONISTA = fármaco que se liga ao receptor mas não promove


ativação deste.
ANTAGONISTAS SEM RECPTORES

• Antagonista não competitivo: drogas que anulam ativamente os


efeitos de drogas agonistas ou substâncias endógenas.
• Podem ser de três tipos:
–Químico;
–Fisiológico.

• Antagonista Químico: forma ligação química com o agonista, por


meio da qual diminui sua afinidade por seus sítios de ligação nos
receptores.

Exemplos: Protamina que reduz o efeito da heparina por ligações


químicas iônicas.
ANTAGONISTAS SEM RECEPTORES

• Antagonista Fisiológico: quando o antagonista é um agonista que


agem em um sistema de receptores diferentes, no qual produz
efeitos fisiológicos opostos àqueles produzidos pelo agonista
inicial.

–Exemplo: Histamina (vasodilatador) é antagonista fisiológico da


Adrenalina (vasoconstritor).
Principais classes de receptores

Canais Receptores Receptores Receptores


Iônicos acoplados à ligados à Nucleares
(receptores Proteínas G enzimas
ionotrópicos) intracelulares
(receptores
metabotropicos)
- Importantes na neurotransmissão, condução cardíaca, contração muscular e
secreção;
- Em geral, são altamente seletivos para os íons que conduzem e compartilham
uma certa semelhança estrutural
Estrutura pentamérica, formado por 4 tipos diferentes de
subunidades:

Poro de ~ 0,7nm de diâmetro

Sítios de ligação do efetor α-hélices formando a comporta

Quando as duas moléculas de ACh se ligam ao sítio, as subunidades α se rotacionam,


fazendo com que os segmentos abaulados se afastem, promovendo a abertura do canal.
Canais iônicos controlados por LIGANTES (receptores ionotrópicos)

-Proteínas da membrana com estrutura similar a outros canais iônicos.


-Apresentam sítio(s) de ligação ao efetor.

Ach MP
Sítio de ligação

Ex.: receptor nicotínico, receptor GABAA, receptor de glutamato dos tipos


NMDA, AMPA.
- Ach: neurotransmissor agindo na membrana pós-sináptica do nervo ou célula
muscular.

ACh
Membrana pós-sinaptica

Citoplasma

Canal de Na+ Canal de Na+


FECHADO ABERTO
Canais iônicos ou receptores ionotrópicos

Canais iônicos regulados por ligantes

Ex. receptor nicotínico


para acetilcolina
Canais iônicos ou receptores ionotrópicos

Canais iônicos
regulados por
voltagem
Canais iônicos ou receptores ionotrópicos

Canais iônicos regulados por segundo mensageiro

Agonista se liga ao receptor metabotrópico

GTP= GUANOSINA TRIFOSFATO


Mecanismo de ação geral de fármacos que atuam
em canais iônicos ou receptores ionotrópicos

 Ativação do canal iônico (ligante, voltagem ou segundo mensageiro) 


aumento do fluxo de íons pela membrana plasmática

 Bloqueio do canal iônico  bloqueio do fluxo de íons pela membrana


plasmática
Principais classes de receptores

Canais Receptores Receptores Receptores


Iônicos acoplados à ligados à Nucleares
(receptores Proteínas G quinase
ionotrópicos) intracelulares
(receptores
metabotropicos)

- Envolvidos em processos importantes como visão, olfação e neurotransmissão


Receptores acoplados à proteínas G intracelulares

GTP= GUANOSINA TRIFOSFATO


GDT= GUANOSINA DIFOSFATO
Receptores acoplados à proteína GS

3´5´-adenosina-monofosfato-cíclico
ATIVA

Exemplo: receptores β-adrenérgicos


Receptores acoplados à proteína Gq

fosfatidilinositol-4,5-difosfato (PIP2)
diacilglicerol (DAG)

inositol-1,4,5-trifosfato

LIBERAÇÃO DE Ca2+ DO RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO PARA O CITOSOL

Exemplo: receptores α-adrenérgicos


Agonistas dos Receptores Muscarínicos (M1 e M3)

Acetilcolina Canal de K+
membrana
Betanecol
Pilocarpina ACh Fosfolipase C

PKC

M1

Proteína Gq Canal de
Ca2+
PIP2: fosfatidilinositol
IP3: inositol trifosfato Citoplasma
DAG: diacilglicerol
Mecanismo de ação geral em receptores acoplados
a proteína G ou metabotrópicos

 ativação do receptor no domínio extracelular

 alteração conformacional do receptor

 troca de GDP por GTP na subunidade α

 dissociação de α-GTP das subunidades βγ

 ativação de um efetor específico (adenilil ciclase,


fosfolipase C)

 produção de segundos-mensageiros (AMPc, DAG, IP3, Ca2+)

 resposta celular
Principais classes de receptores

Canais Receptores Receptores Receptores


Iônicos acoplados à ligados à Nucleares
(receptores Proteínas G enzimas
ionotrópicos) intracelulares
(receptores
metabotropicos)
Receptores ligados a enzima: tirosina quinase

- incorporação de uma porção tirona quinase intracelular


-Ex.: receptores para fatores de crescimento, receptor de insulina (estrutura dimérica
um pouco mais complexa).

Mudança
conformacional Autofosforilação Fosforilação de
Ligante Dimerização da tirosina Grb2
Ativação de Ras
Domínio do Receptor Troca GDP/GTP
α-hélice transmembrana

Domínio tirosina quinase

Ativação
Resíduo de tirosina
Fosforilação

Ligação da Cascata das


Fosforilação
proteína de quinases
domínio SH2
(Grb2) Fosforilação
Vários fatores de
transcrição

Núcleo
Transcrição
gênica
2 moléculas de Insulina
ligam-se a cada
subunidade α da
porção extracelular do
Glicose receptor
α α
β β

Cascata das quinases


Tirosina quinase auto-fosforila

Recrutamento do
Transportador de
Glicose

Ao recrutar o transportador do citosol para a membrana, a


glicose é captada
Nature, 2001
Mecanismo de ação geral em receptores ligados a enzimas citoplasmáticas

Ativação do receptor

Alteração conformacional do receptor

Fosforilação de resíduos de tirosina, serina e treonina de


proteínas celulares importantes.

 resposta celular
Principais classes de receptores

Canais Receptores Receptores Receptores


Iônicos acoplados à ligados à Nucleares
(receptores Proteínas G quinase
ionotrópicos) intracelulares
(receptores
metabotropicos)

- Envolvidos na transcrição gênica em


muitos processos fisiológicos
Receptores nucleares ou intracelulares

Exemplos: receptores de hormônios esteróides


Ex.: mecanismo de ação dos Glicocorticóides

São moléculas pequenas e lipossolúveis que atravessam a membrana por


difusão simples

Citoplasma Núcleo

Cortisol

Proteína

Proteína
Transportadora

Proteína Transportadora ocupada pelo Cortisol migra do citoplasma até o


compartimento nuclear: parte da proteína transportadora (receptor de
glicocorticóide) liga-se em uma porção específica do genoma, regulando a
transcrição de RNA, por alterações na atividade do gene promotor

Farmacologia, Texto e Atlas, Lullman & Morh, 2004


Mecanismo de ação geral em receptores nucleares

Ligação ao receptor presente no citoplasma (ou núcleo)

Alteração conformacional do receptor

Migração do complexo ligante-receptor para o núcleo da célula

Dimerização do complexo ligante-receptor (forma ativa)

Ligação do dímero ao DNA celular

Alteração da taxa de transcrição gênica, resultando em alteração


da expressão de proteínas celulares (resposta celular)
Tipos de relação entre receptor e efetor

1. Canais iônicos 2. Receptores acoplados à proteína G 3.Receptores 4.Receptores


controlados por ligante (metabotrópicos) ligados a nucleares
(ionotrópicos) quinases

Hiperpolarização Alteração na Segundos Fosforilação de


ou despolarização excitabilidade mensageiros proteínas
Transcrição
gênica
Transcrição gênica
Liberação Fosforilação de Outros
de Ca 2+ proteínas
Síntese proteica Síntese proteica

Efeitos celulares Efeitos celulares Efeitos celulares Efeitos celulares

Escala de tempo
Milissegundos Segundos Horas Horas
Exemplos
Receptor nicotínico Receptor Receptores de Receptor de
de ACh muscarínico de ACh citocinas estrógenos

E: enzima; G: proteína G; R: receptor

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