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Farmacodinâmica

Prof. Héllen Fonseca


ICS/UFBA
Farmacodinâmica
Estudo das interações entre fármacos e constituintes do
organismo, as quais, por uma série subsequente de eventos
biológico resultam num efeito farmacológico.

Ação 
Ações inespecíficas Efeito
• Propriedades físico-químicas
• Ex: antiácidos, diuréticos osmóticos, anestésicos
 Modificar a função da célula;
gerais.

 Modificar a taxa da função celular;


Ações específicas

• AlvoUm
sãofármaco não tem a capacidade de conferir uma nova
macromoléculas
função à célula ou tecido-alvo.
Alvos para a Ação dos Fármacos
Receptor
Componente de uma célula ou organismo que interage com um
fármaco e dá início à cadeia de eventos bioquímicos que levam às
ações observados do fármaco;

Veículo para a transmissão entre o estímulo causado pela interação


com o ligando e a resposta fisiológica (transdução)
Langley, 1905

• Importância:
– Compreensão da resposta biológica;
– Desenvolvimento de fármacos
– Tomada de decisão na prática clínica;
Efeito biológico decorrente da interação F-R
Propriedades Gerais dos Receptores

• Os receptores determinam, em grande parte, as relações


quantitativas entre a dose ou concentração do fármaco e
seus efeitos farmacológicos;

• Os receptores são responsáveis pela seletividade da ação


dos fármacos;
Interação Fármaco-Receptor

Complementaridade Molecular
Interações Fármaco-Receptor

• Tipos de forças envolvidas:

Ligações fortes

Maioria das ligações F-R


Efeitos prolongados ou até irreversíveis

Exemplos:

Efeitos produzidos
• Quimioterápicos  são
ação reversíveis
tóxica sobre parasitos
• Ação anti-séptica dos compostos clorados sobre
proteínas microbianas.

Fármaco deixa de agir assim


que diminui sua [ ] nos líquidos
extracelulares
Transdução de sinal
Transferência de informação do meio extracelular
para o intracelular

• Habilidade das células de receber e


reagir a sinais vindos do outro lado da
membrana. Estes sinais são detectados
por um receptor específico e
convertidos em uma resposta celular
Classificação dos receptores

Topográfico:

• Superficiais
• Intracelulares citosólicos e nucleares

Pelo ligante:

• De acordo com os ligantes endógenos que atuam sobre eles:


• Acetilcolínicos – Ach

Pela estrutura;

• Configuração mais comum: Hepta-helicoidal

Pelos processos de transdução;


Canais Iônicos regulados por ligantes

No sistema cardiovascular, a ACh


é responsável por:

•Vasodilatação;
•Redução da freqüência cardíaca;
•Diminuição da força de contração
cardíaca;
•Queda da condução nervosa no nodo
sinoatrial e nodo atrioventricular.
Receptores acoplados à proteína G
Receptor Proteína G Sistemas efetores

Receptores metabotrópicos ou heptahelicoidais


Constituem a maior família (80% dos receptores)
Interage com a Proteína G;
Exemplos:
Receptores muscarínicos da acetilcolina
Receptores adrenérgicos (catecolaminas)
Receptores de dopamina
Receptores da serotonina
Receptores acoplados à proteína G
Receptor Proteína G Sistemas efetores

Elemento intermediário
Classes de proteína entre o receptor
G: seletividade e o efetor
para receptores e efetores
conferidos pelas subunidades ,  e 
3 estimulação,
subunidades:
Gs: da,adenilato
 ancoradas à membrana.
ciclase
Gi: inibição da adenilato ciclase
Sub. : onde se ligam GTP e GDP; tem atividade
Gq: seletividade para a PLC.
enzimática – hidrólise do GTP

Vários subtipos de proteina G: amplificação e integração


de sinais.
Agonistas beta adrenérgicos
Nos pulmões...

Anticolinérgicos

Fármaco Impede a
broncocontrição e
diminui a secreção
brônquica
Receptor
muscarínico
Receptores acoplados à proteína G
Receptor Proteína G Sistemas efetores

Alvos da Proteína G

Adenilato ciclase (AC)

• AMPc

Fosfolipase C (PLC)

• Trifosfato de inositol e diacilglicerol

Canais iônicos

• Cálcio e potássio.

Rho A/Rho quinase


Receptores acoplados à proteína G
Receptor Proteína G Sistemas efetores

Alvos da Proteína G

Adenilato ciclase (AC)

• AMPc

Fosfolipase C (PLC)

• Trifosfato de inositol e diacilglicerol

Canais iônicos

• Cálcio e potássio.

Rho A/Rho quinase


Fosfolipase C
No estômago...

Fármacos
antagonistas
Receptores ligados à quinase

 Papel importante na divisão, crescimento e


diferenciação celulares, inflamação, reparação
tecidual, apoptose e respostas imunológicas

 Domínio intracelular de natureza enzimática


Exemplos:
 Receptores de fatores de crescimento (serina/treonina
quinase)
 Receptores de citocinas (Jak)
 Receptores da insulina (tirosina quinase)
 Receptor para interferon
• A insulina anula a fosforilação
estimulada pelo glucagon;
• estimula a fosforilação de
diversas enzimas;
• induz e reprime a síntese de
enzimas específicas;
• A insulina age como fator de
crescimento e tem um efeito
usual estimulatório na síntese
de proteínas;
• estimula o transporte de glicose
e aminoácidos para o interior
da célula.
Receptores nucleares

 Efeitos de início lento;


 Receptores estão no núcleo ou no citoplasma;
 Ligantes: todos lipofílicos;
 Hormônios possuem efeitos não genômicos: regulam outros
receptores (ex. GABAA);

 Exemplos:
 Receptores dos hormônios esteróides;
 Receptores do hormônio tireoideano;
 Receptores do ácido retinóico ;
 Receptores da vitamina D.
Ligação Fármaco-receptor (F-R)

alterações químicas ou
conformacionais

ativar ou inibir sistemas efetores
Sistemas Efetores

Ativação de Efetores

Cascata bioquímica amplificadora

Resposta biológica
Resumo
Amplificação da cascata de sinalização
INTERAÇÃO DO FÁRMACO COM O RECEPTOR
(Lei da ação das massas)
Prof. Hellen Fonseca
Estado de equilíbrio dos receptores
O receptor pode existir em duas comformações: (R) inativa e (R*)
ativa, independentemente de um fármaco estár ligado a ele.

Os fármacos atuam quer como agonistas, quer como


antagonista, segundo sua afinidade relativa por uma
ou outra conformação.
Agonistas e Antagonistas

• Agonista
– É o ligante que se une aos receptores e aumenta
a proporção dos que estão em forma ativa,
resultando numa resposta biológica.
– Pode ser:
• Agonista total – resposta tecidual máxima
• Agonista parcial
• Agonista inverso ou contra-agonista
Agonistas e Antagonistas

• Antagonista
– Possuem afinidade maior para a forma inativa;
– É a droga que reduz a ação de outra droga, em
geral um agonista. Muitos antagonistas atuam
nas mesmas macromoléculas do receptor em
que o agonista atua.
– Mesmo sítio ou alostérico.
Fármacos que agem em receptores

Agonistas

• Totais: resposta máxima;


• Parciais: resposta submáxima;

Antagonistas farmacológicos
• Competitivos (Reversível/Irreversível):
• Compete com o agonista pelos sítios receptores
• Não-competitivos (Reversível/Irreversível):
• Impede a resposta do agonista sem bloquear o receptor
Interação do fármaco com o receptor
Agonistas e Antagonistas
Interação Fármaco-Receptor
Interação Fármaco-Receptor
Quantificação da interação do agonista com o receptor
pela curva dose-efeito
Potência e eficácia
A C

B
D
0,62

0,50

0,31

Resposta X Log [Droga]


A é mais potente que C, B e D e possui a mesma eficácia que C;
B é menos eficaz que A e C e possui a mesma eficácia que D; entretanto tem maior potência que D.
Ex. A Aspirina é um analgésico menos eficaz que a morfina; A petidina é uma
analgésico menos potente mais tão eficaz como a morfina
Receptores dos Fármacos

• AFINIDADE
– Refere-se à força de ligação entre o fármaco e o receptor;
– Número de receptores ocupados está relacionado com o
balanço entre o fármaco livre e ligado.

• EFICÁCIA
– Habilidade do fármaco, uma vez ligado ao receptor, de
iniciar alterações que conduzem aos efeitos biológicos.

• POTÊNCIA
– Quantidade relativa necessária do fármaco para produzir
uma resposta desejada
Potência
Permite comparar compostos dentro
das mesmas classes de fármacos
Potência x Eficácia
Conceito em terapia

• CONCENTRAÇÃO EFETIVA 50% (ED50)


– Concentração do fármaco que induz um efeito clínico específico
em 50% de indivíduos

• DOSE LETAL 50% (LD50)


– Concentração do fármaco que induz morte em 50% de
indivíduos
Conceitos em terapia
Índice Terapêutico
– Medida de segurança de um fármaco
– Calculado: LD50/ED50
Índice Terapêutico
Dessensibilização
Redução dos efeitos de uma substância quando
administrada de modo contínuo ou repetidamente

TERMOS AFINS:
• Tolerância
• Taquifilaxia
• Refratariedade ( perda de eficácia terapêutica)
• Resistência (perda da atividade dos antibióticos)
Causas da dessensibilização
I - Alteração dos receptores

• Modificação conformacional;
• Fosforilação;

II. Perda dos receptores

• a exposição contínua ao fármaco diminui o número de receptores ( down regulation =


internalização do receptor por endocitose);

III. Exaustão dos receptores

• associado à depleção de uma substância intermediária;


• Ex. anfetamina que diminui reservas de noradrenalina)

IV. Aumento da degradação metabólica

• Indução metabólica ( ex.: fenobarbital)

V. Adaptação fisiológica

• diminuição da eficácia de drogas antihipertensivas pela liberação de renina/angiotensina


e/ou aumento volemia

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