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Universidade Zambeze

Faculdade de Ciências de Saúde

Farmácia III Nível

Farmacodinâmica
MSc. João Matos
Objetivos

 Explicar o conceito de farmacodinâmica.


 Classificar e caracterizar os principais tipos de receptores
farmacológicos.
 Descrever mecanismos de producao de efetitos farmaocologicos em
diferentes tipos de receptores (mecanismos de transducao de sinal).
 Relacionar mecanismos de transducao de sinal e deterterminadas
enfermidades.
Introdução à Farmacodinâmica

A interação entre um fármaco e certos componentes celulares


representam o mecanismo de ação do fármaco.

A parte do organismo que interage com a droga é denominado


‘receptor’.

O fármaco não cria funções, apenas modifica as que já existem.


Alvo para a Ação dos Farmacos

Há 4 tipos principais de proteínas reguladoras que atuam como alvos


farmacológicos primários:
• Enzimas:

• Moléculas Transportadoras
• Receptores Celulares
• Canais Iônicos
Canais Iônicos:
Incorporam um receptor e só se abrem quando este estiver ocupado
por um agonista. Outros são regulados por diferentes mecanismos,
sendo os canais iônicos regulados por voltagem.

Para fármaco sem dose de ataque, em quantas


doses foram necessário para antigir
A interação fármaco-receptor-canal iônico pode ser indireta,
concentrações plasmática efetiva?
envolvendo
uma proteína G e outros intermediários, ou direta, quando o próprio
fármaco liga-se à proteína do canal e altera sua função.
Receptores Celulares
Os receptores celulares constituem os elementos sensores no sistema
decomunicações químicas que coordena a função de todas as diferentes

células do corpo.

Muitas substâncias terapeuticamente úteis atuam, seja como agonistas,

seja como antagonistas, sobre os receptores de mediadores endógenos

conhecidos.
Moléculas Transportadoras

Moléculas Transportadoras: farmacos que interferem nas proteínas


transportadoras, responsáveis pelo carreamento de várias substâncias
para o interior das células.
Enzimas
Geralmente, a molécula do fármaco é um análogo do substrato que atua
como inibidor competitivo da enzima, seja de modo reversível ou

irreversível.
Interação Fármaco-Receptor

A ocupação de um receptor por uma molécula de um fármaco pode ou


não resultar na ativação do receptor. A ligação do fármaco e a ativação
são etapas distintas.

Ativação: refere-se à capacidade da molécula ligada afetar o receptor de


modo a desencadear uma resposta tecidual.
Afinidade: a tendência de um fármaco ligar-se ao seu receptor.
Eficácia: a tendência de ativar o receptor
Agonista total: não necessariamente ocupa 100% dos receptores, mas
possui eficácia de 100% ou suficiente para produzir uma resposta
tecidual máxima.
Agonista parcial: mesmo ocupando 100% dos receptores apresentam
uma resposta tecidual submáxima.

Agonista. Inverso: Quando um ligante reduz o nível de ativação é


considerado um agonista inverso. São consideradas drogas de eficácia
negativa, distinguindo-se dos agonistas (eficácia positiva) e dos
antagonistas (eficácia zero).

Antagonista: substância que liga-se ao receptor sem causar a ativação,


impedindo consequentemente a ligação do agonista. Possuem eficácia
zero.
Relação Droga-Receptor:

1. Agonistas: são substâncias que interagem com o receptor e


inicia uma resposta celular.

2. Antagonista: são substâncias que interagem com o


receptor mas é

incapaz de induzir alteração celular, atividade intrínseca de 0.


Antagonista
Competitivo: competição pelo sítio de ligação.
•Reversível (ou superável): ligação fraca entre o antagonista e
o receptor. O antagonismo diminui com o aumento da
concentração do agonista.
•Irreversível: ligação covalente e a dissociação é lenta ou não
dissocia.

Não Competitivo: Age em um sítio distinto do receptor do


agonista.
Como Agem os Fármacos: Aspectos Moleculares

Alvo para a Ação de Fármacos.

Receptores. é o sítio de ligação para Antagonistas e Agonistas.


Canais Iônicos: existem os regulados por ligantes (receptores
ionotrópicos) e os regulados por voltagem. Estes receptores
Ionotrópicos incorporam um receptor e só se abrem quando
estiverem ocupados por um agonista. A interação poder ser:

Indireta: envolvendo uma proteína G e outros intermediários.


Direta: quando o próprio fármaco liga-se à proteína do canal
e altera a sua função.
Enzimas:
Moléculas Transportadoras
Receptores

• Tipo 1: canais iônicos controlados por ligantes (ionotrópicos)

• Ex.: Nicotínico da Acetilcolina.

• Tipo 2: receptores acoplados à proteína G (GPCRs – Metabotrópicos)

Ex.: Muscarínico da Acetilcolina.

• Tipo 3: receptores ligados à quinases e Relacionados.

Ex.: Insulina

• Tipo 4: receptores nucleares.

Ex.: receptores dos Esteróides.


Receptor Tipo 1: Ionotrópicos (Canais Iônicos regulados
por ligantes).

Canais Iônicos: são macromoléculas transmembrânicas, formando um


poro aquoso através da membrana lipídica.

Abertura de canais de Na+ e Ca++ causa despolarização (carga


intracelular fica mais positiva) facilitando a ativação da célula.

Abertura de canais de Cl- e K+ causa a hiperpolarização (carga


intracelular fica mais negativa) dificultando a ativação da célula.
Estrutura: possui 4 ou 5 subunidades (α, β,γ e δ) podendo ter 2
subunidades α. Cada subunidade atravessa quatro vezes a membrana,
circundando um poro central. Possui 2 sítios para ligação da acetilcolina
(na subunidade α e sua vizinha).
Características
O canal incorpora o sítio de ligação à droga.
Estão envolvidos principalmente na transmissão sináptica rápida.
A ligação é direta ou indireta (via proteína G).

Exemplos: GABAA, Nicotínico, NMDA, 5-HT3 (serotonina).


Receptor Tipo 2: Metabotrópicos: GPCRs
Exemplos: receptores muscarínicos de acetilcolina, receptores
adrenérgicos, receptores de dopamina, de 5-HT, opiáceos.

Estrutura: constituem-se de sete α-hélices transmembrana


(monômeros), com domínio N-terminal extracelular de comprimento
variável e um domínio C-terminal intracelular.
Transdução de Sinais pelos GPCR

A ligação entre o receptor de membrana e a primeira etapa da cascata


de transdução de sinais é estabelecida através das proteínas G.

Proteínas G: são denominadas proteínas G em virtude de sua interação


com os nucleotídeos guanina, GTP e GDP.
Mecanismos de Transducao de Sinal Atraveis de Proteina G
Conclusão do Processo: concluí-se quando ocorre a hidrólise do GTP a
GDP, através da atividade da GTPase da subunidade α (enzima

intrínseca).

Resultado: Um único complexo agonista-receptor é capaz de ativar


várias moléculas de proteína G, podendo cada uma delas permanecer
associada à enzima efetora durante o tempo suficiente para produzir
muitas moléculas do produto. O produto com frequência é um segundo
mensageiro.
Variações
Existe quatro classes principais de proteína G (GS, Gi, Go e Gq) que
exibem seletividade tanto para os receptores quanto para os efetores
aos quais se acoplam.
• GS: estimula a Adenil-Ciclase (ATP  AMPc), aumentando a função

do AMPc.

• Gi: inibição da enzima Adenilato Ciclase (ATP  AMPc), diminuindo

a função do AMPc.

• Go: efeitos devem-se principalmente às subunidades βγ.

• Gq: ativa a fosfolipase C (PLC), aumentando a produção dos

segundos mensageiros Inusitol Trifosfato (IP3) e Diacilglicerol (DAG)

• Subunidade βγ: iguais a subunidade α e outras funções como ativar


canais de K+. Ex.: promove a abertura de um canal de K + na
membrana plasmática de uma célula muscular cardíaca.
Alvos das Proteínas G

 Adenilato Ciclase: a enzima responsável pela formação do AMPc.


 Fosfolipase C: enzima responsável pela formação de fosfato de

inusitol e diacilglicerol.
 Canais Iônicos: particularmente os canais de cálcio e potássio.
Sistema da Adenilato Ciclase/AMPc:

• O AMPc é um nucleotídeo sintetizado no interior da células a

partir do ATP, sob a ação de uma enzima ligada à membrana, a


adenilato ciclase.

• O AMPc é constantemente produzido e inativado por hidrólise


por enzimas Fosfodisterases. Muitas substâncias diferentes,
hormônios, neurotransmissores atuam sobre os GPCR e
produzem seus efeitos ao aumentar ou diminuir a atividade
catalítica da adenilato ciclase.
Alvos do AMPc: enzimas do metabolismo energético, divisão e
diferenciação celular, transporte de íons, canais iônicos e proteínas

contráteis no músculo liso.

O AMPc ativa proteinoquinases (Proteína Quinase A – PKA) , e essas têm


como função catalisar a fosforilação de resíduos de serina e treonina,
utilizando ATP como fonte de grupo fosfato. A fosforilação pode ativar
ou inibir enzimas-alvos ou canais iônicos.
Ex: O Sildenafil (Viagra) inibe as Fosfodiesterases.
Sistema de Fosfolipase C/Fosfato de Inusitol

• IP3 e DAG: mensageiros intracelulares.

• IP3: O IP3 é um mediador hidrossolúvel, liberado no citossol e que atua

sobre um receptor específico (o receptor de IP3 – um canal de cálcio


regulador por ligante existente na membrana do retículo
endoplasmático).

Função: controlar a liberação de Ca++ das reservas intracelulares.


DAG
Função: ativar uma proteinoquinase ligada à membrana, a
proteinoquinase C (PKC), que catalisa a fosforilação de uma variedade
de proteínas intracelulares. E também ativa a Fosfolipase A2 (PLA2) e
portanto controla a formação de ácido Araquidônico e eicosanóides.
Canais Iônicos como alvos das Proteínas G

Não há envolvimento de segundos mensageiros. As


ações ocorrem por interação direta entre a
subunidade da proteína G e o canal, sem participação
de segundos mensageiros. Os principais canais
regulados são os de Ca++ e os de K+.
Receptores Ligados a Quinases e Relacionados:
Receptor Nuclear
Receptores Nucleares
Uma família de 48 receptores que podem detectar lipídos e sinais
hormonais e modular a transcrição gênica.
-Receptor Classe I: citossólico
-Receptor Classe II: nuclear

Agonistas: Esteróides (estrógeno, progesterona, andrógenos,


glicocorticóides e mineralocorticóides) e Hormônios (hormônio
tireoideano, vitamina D3 e ácido graxos).
Funções: Papel vital na sinalização endócrina e regulação
metabólica.
O receptor pode ativar ou inativar os fatores de transcrição
Obrigado!

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