Os sinais recebidos por receptores associados à proteína G ou associados a enzimas, na
superfície de uma célula, são transmitidos para o seu interior por uma combinação de pequenas e grandes moléculas de sinalização intracelular.
1. Mediadores Intracelulares Pequenos: segundo mensageiro
São as pequenas moléculas de sinalização intracelular, como o AMP cíclico, o Ca2+ e o diacilglicerol. Essas moléculas são geradas em grande número em resposta a ativação do receptor e se difundem rapidamente para longe de sua fonte de produção, transmitindo o sinal para outras partes da célula. Tal transmissão de sinal ococrre na medida em que essas moléculas se ligam a proteínas sinalizadoras específicas ou a proteínas efetoras, alterando a sua conformação e, assim, o seu comportanto.
2. Mediadores Intracelulares Grandes
São as proteínas de sinalização intracelular, que auxiliam na transmissão do sinal para o interior da célula pela ativação da proteína sinalizadora seguinte na cadeia ou através da geração de pequenos mediadores intracelulares. Essas proteínas formam uma rede funcional, onde cada uma auxilia na transformação do sinal das seguintes formas distintas: 1. Transmiti a mensagem para o próximo componente da cadeia de sinalização. 2. A proteína atua como suporte para unir duas ou mais proteínas sinalizadoras para que possam interagir de forma mais rápida e eficiente. 3. Amplifica o sinal que recebe, produzindo grandes quantidades de mediadores intracelulares pequenos ou ativando muitas cópias de uma proteína sinalizadora downstream. Dessa forma, um pequeno número de moléculas-sinal extracelulares pode evocar uma resposta intracelular ampla. Quando há etapas de amplificação múltipla em uma cadeia de transmissão, essa é referida como uma cascata de sinalização. 4. A proteína recebe sinais de duas ou mais vias de sinalização e o integra antes de transmití-lo adiante. Uma proteína que requer informações de duas ou mais vias para se tornar ativada é chamada de um detector de coincidência. 5. A proteína propaga o sinal de uma via para outra, criando ramificações no fluxo de sinalização, aumentando. assim, a complexidade da resposta. 6. Ancora uma ou mais proteínas de sinalização em uma via que leva a uma estrutura específica na célula, onde a proteína sinalizadora é necessária. 7. A proteína modula a atividade de outras proteínas sinalizadoras e, dessa forma, regula a intensidade da sinalização ao longo da via. 2.1. Comutadores Moleculares Muitas proteínas sinalizadoras se comportam como comutadores moleculares. Quando recebem um sinal, elas passam da forma inativa para a inativa até que outro processo as inative novamente. Esse processo de inativação é muito importante para que a proteína sinalizadora possa transmitir outro sinal. Duas classes de importantes de comutadores moleculares que participam da sinalização intracelular dependem da perda ou do ganho de grupos fosfatos para sua ativação. No entanto, essas classes diferem quanto a forma que o fosfato é ganho ou perdido, podendo ser uma sinalização por fosforilação ou uma sinalização por ligação a GTP. 2.1.1. Fosforilação A maior classe de proteínas são ativadas ou inativadas por fosforilação. No caso das proteínas, elas são fosforiladas por uma proteína-cinase, que adiciona um ou mais grupos fosfato em ligação covalente, e, por outro lado, são desfosforiladas por uma proteína-fosfatase, que remove os grupos fosfato da molécula. Essas cinases, muitas vezes, estão organizadas em cascatas de fosforilação, nas quais uma cinase, ativada por fosforilação, forsforila a proteína cinase na sequência, e assim por diante, transmitindo adiante o sinal, amplificando-o e, às vezes, distribuindo-o para outras vias. Os tipos principais de cinase são: 1. Serinatreonina-cinases, que fosforilam os resíduos de aminoácidos serina e, em menor proporção, resíduos de treonina. 2. Tirosina-cinases, que fosforilam os resíduos de aminoácidos tirosina. 2.1.2. Proteínas de Ligação a GTP As proteínas estão ativas quando encontram-se ligadas ao GTP e estão inativas quando encontram-se ligadas ao GDP. Tais proteínas, quando ativadas, possuem atividade GTPásica intríseca e inativam a si mesmas, hidrolisando o GTP em GDP. Existem dois tipos principais de proteínas ligadas a GTP: 1. As grandes proteínas triméricas de ligação a GTP, também chamadas de proteína G, que ajudam a transmitir sinais a partir de receptores associados à proteínas G que as ativam 2. As pequenas proteínas monoméricas de ligação a GTP, também chamadas de GTPases monoméricas, auxiliam na transmissão de sinais de muitas classes de receptores de superfície celular. Proteínas reguladoras específicas controlam ambos os tipos de proteínas de ligação a GTP. As proteínas de ativação da GTPase, chamadas de GAPs, conduzem as proteínas a um estado inativo pelo aumento da taxa de hidrólise de GTP. Quando atuam na proteína G, as GAPs podem ser chamadas de reguladoras da sinalização da proteína G, os RGSs. Os receptores associados a proteína G ativam as proteínas G triméricas. Já os fatores de troca de nucleotídeos de guanina, chamados de GEFs, ativam as GTPases monoméricas por promoverem a troca de GDP por GTP. 2.2. Complexos de Sinalização A ligação de uma única molécula-sinal a um receptor é capaz de ativar inúmeras proteínas e vias de sinalização, criando, assim, as cascastas de sinalização. Uma estratégia para conseguir especificidade e evitar, portanto, a comunicacão cruzada das vias de sinalização é usar proteínas de suporte, as quais organizam grupos de proteínas de sinalização em complexos de sinalização. O suporte mantém as proteínas muitos próximas e os componentes podem interagir em concnetrações locais altas e podem ser ativados sequencialmente, de forma rápida, seletiva, em resposta a um sinal extracelular apropriado, evitando a comunicação cruzada indesejada com outras vias. Em outros casos, os complexos de sinalização se formam somente transitoriamente em resposta a um sinal extracelular e se desmontam rapidamente quando o sinal cessa. Tais complexos se reúnem ao redor de um receptor, após a ativação desse por uma molécula sinal extracelular. Em muitos casos, a cauda citoplasmática do receptor é fosforilada durante o processo de ativação e os aminoácidos fosforilados servem como sítios de ancoragem para a reunião de outras proteínas sinalizadoras. Já em outros casos, a ativação do receptor leva a produção, na membrana plasmática adjacente, de moléculas de fosfoinositídeos, que recrutam, para essa região da bicamada, proteínas sinalizadoras intracelulares específicas, onde elas são ativadas. Esses complexos estabelecidos no interior da célula aumentam a velocidade, a eficiência e a especificidade da resposta. 2.3. Domínios de Interações Muitas vezes, simplesmente reunir as proteínas de sinalização intracelular é suficiente para ativá-las. Assim, a proximidade induzida, na qual um sinal desencadeia a montagem de um complexo de sinalização, comumente é utilizada na transmissão de sinais de uma proteína para outra ao longo de uma via de sinalização. A montagem desses complexos depende de vários domínios de interação pequenos e altamente conservados, como uma sequência peptídica curta, uma modificação covalente com aminoácidos fosforilados ou ubiquitinados, que são encontrados em muitas proteínas de sinalização intracelular. Existem muito tipos de domínios de interação nas proteínas de sinalização, tais como: 1. Os domínios de homologia com Src 2, conhecidos por SH2, e os domínios de ligação à fosfotirosina, chamados de PTB, se ligam a tirosinas fosforiladas em sequências peptídicas específicas em receptores ativados ou nas proteínas de sinalização intracelular. 2. Os domínios de homologia com Src 3, conhecidos por SH3, se ligam a sequências curtas ricas em prolina. 3. Já os domínios de homologia com plequistrina, chamados de PH, se ligam a grupos carregados de fosfoinositídeos específicos produzidos na membrana em resposta a sinais extracelulares específicos. Algumas proteínas de sinalização consistem somente em dois ou mais domínios de interação e funcionam somente como adaptadores para reunir duas ou mais proteínas em uma via. Os domínios de interação permitem que as proteínas se liguem umas às outras em combinações múltiplas, podendo formar cadeias lineares, ramificadas ou redes tridimensionais de proteínas que determinam o caminho a ser seguido pela via de sinalização. ́ Alguns receptores de superficie celular e proteínas de sinalização celular podem se reunir, transitoriamente, em microdomínios específicos ricos em colesterol e glicolipídeos na bicamada lipídica da membrana plasmáticas. Tais balsas lipídicas promovem sinalização eficiente uma vez que servem como sítios nos quais as moléculas sinalizadoras se reúnem e interagem.