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transmissor central: 1) essa substância deve ser sintetizada, armazenada e possuir enzimas
inativadoras no local de liberação; 2) essa substância deve ser encontrada no espaço sináptico
e precisa apresentar ação pós-sináptica quando se ligar a receptores na membrana da célula-
alvo, onde pode produzir efeitos excitatórios ou inibitórios.
Após estarmos convencidos de que um candidato a transmissor é sintetizado por um neurônio
e está localizado no terminal pré-sináptico, devemos demonstrar que ele é realmente liberado
após um estímulo.
Um mesmo neurônio pode realizar tanto sinapses inibitórias quanto excitatórias, e o resultado
das duas influências determinará se o neurônio pós-sináptico sofrerá despolarização ou
hiperpolarização ou mesmo se gerará um potencial de ação (ver temas 1 e 3).
Cada neurotransmissor exerce seus efeitos pós-sinápticos por meio da ligação a receptores
específicos. Como regra, dois neurotransmissores diferentes não se ligam a um mesmo
receptor; entretanto, um neurotransmissor pode ligar-se a diferentes tipos de receptores.
O neurotransmissor, ao ligar-se ao seu receptor, promove mudança na permeabilidade iônica
ao Na+, culminando em uma despolarização, ao passo que o aumento de permeabilidade aos
íons K+, Cl–, ou ambos, provoca hiperpolarização neuronal, o que equivale a uma inibição do
impulso nervoso. É oportuno acrescentar que os neurotransmissores centrais formam um
sistema múltiplo, no qual interagem modulando as funções nervosas de maneira balanceada.
Consequentemente, qualquer manipulação (p. ex., farmacológica) que afete um ou mais
componentes desse sistema modifica o equilíbrio que se manifesta por meio de alterações na
função do SNC.
Nas sinapses a chegada de um potencial de ação causa rápida fusão de vesículas, contendo
moléculas de neurotransmissores com a membrana do axônio. As moléculas se difundem
através da fenda sináptica e agem em receptores específicos na membrana pós-sináptica,
alterando a atividade elétrica do neurônio pós-sináptico.
É importante destacar que as características inibitórias ou excitatórias da transmissão sináptica
são definidas pelos receptores, e não pelos neurotransmissores em si, já que um mesmo
neurotransmissor pode se ligar a receptores diferentes, tanto na membrana pré-sináptica
quanto na pós-sináptica, gerando ou inibindo a formação de potenciais de ação.
Assim, quando um receptor tem papel excitatório, sua interação com o neurotransmissor
provoca uma corrente de entrada gerada pelo aumento da permeabilidade ao íon sódio (Na+)
e saída do íon potássio (K+), que desencadeia um potencial excitatório pós-sináptico (PEPS).
Tipicamente, a amplitude desse PEPS é de apenas alguns milivolts, e muitos desses eventos
devem somar-se para que a membrana celular pós-sináptica alcance o limiar para gerar um PA.
Essa despolarização da membrana se propaga pelo neurônio, resultando na transmissão do
impulso nervoso do neurônio pré-sináptico para o neurônio pós-sináptico.
Para um receptor inibitório, a interação com o neurotransmissor provoca uma corrente gerada
pelo aumento da permeabilidade ao íon cloreto (Cl–), que gera um potencial inibitório pós-
sináptico (PIPS). Da mesma maneira, muito desses PIPS devem somar-se a fim de gerar um
estado de hiperpolarização neuronal. Isso impede a propagação do impulso nervoso da região
pré para a pós-sináptica. Os neurotransmissores e seus receptores não estão distribuídos
aleatoriamente no cérebro; ao contrário, são produzidos (em maior ou menor concentração)
em estruturas específicas. A superposição desses diferentes sistemas neuronais em um circuito
neuronal mais amplo dá ao SNC uma incrível dimensão de modulação e especificidade.
um ligante de um receptor pode ser um agonista, um antagonista ou o próprio
neurotransmissor químico.
divisão dos receptores de neurotransmissores em dois grupos:
canais iônicos ativados por transmissores e receptores acoplados à proteína G (receptores
metabotrópicos)
A ideia de que um neurônio tenha somente um neurotransmissor muitas vezes denominada
princípio de Dale. Muitos neurônios que contêm peptídeos violam o princípio de Dale, pois
essas células normalmente liberam mais do que um neurotransmissor: um aminoácido ou uma
amina e um peptídeo.
Quando dois ou mais transmissores são liberados de um mesmo terminal nervoso, eles são
denominados cotransmissores.
Esses neurônios
contêm enzimas específicas que os sintetizam a partir de vários precursores metabólicos. As
enzimas envolvidas na síntese de ambos os neurotransmissores, aminoácidos e aminas. são
transportadas até o terminal axonal, e, nesse local .• elas rapidamente promovem a síntese de
neurotransmissores. Uma vez sintetizados no citosol do terminal axonal, os neurotransmisso
res
aminoácidos e aminas devem ser captados pelas vesículas sinápticas. Concentrar esses
neurotransmissores dentro da vesícula é o trabalho dos transportadores, proteínas especiais
embutidas na membrana vesicular. A liberação de neurotransmissores é desencadeada pela
chegada de um potencial de ação ao terminal axonal A despolarização da membrana do
terminal
causa a abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem nas zonas ativas. Esses canais de
membrana sào muito similares aos canais de sódio
Há uma grande força condutora impulsionando o Ca" para o interior. Lembre-se que a
concentração interna de cálcio - [ Ca'']; - em repouso é muita baixa, apenas 0,0002 mM;
portanto, o Ca'' inundará o citoplasma dos terminais axonais assim que os canais sejam
abertos. A elevação resultante na [Ca' ' [; éo sinal que causa a liberação dos
neurotransmissores da vesícula sináptica.
As vesículas liberam seus conteúdos por um processo denominado exocitose. A membrana da
vesícula sináptica funde-se com a membrana pré-sináptica nas zonas ativas, permitindo que o
conteúdo da vesícula seja derramado na fenda sináptica.
Na presença de aumento da (Ca" ),, essas proteínas alteram suas conformações, de modo que
as bicamadas lipídicas das membranas vesicular e pré-sináptica se fundam, formando um poro
que permite que o neurotransmissor escape para a fenda sináptica. A abertura desse poro de
fusão exocítica continua a se expandir até que a membrana vesicular esteja completamente
incorporada à membrana pré-sináptica. A membrana vesicular é posteriormente recuperada
por um processo de endocitose, e a vesícula reciclada é recarregada com neurotransmissor.
Durante os períodos de estimulação prolongada, as vesículas são mobilizadas a partir de um
estoque de vesículas que está ligado ao citoesqueleto do terminal axonal. A liberação dessas
vesículas do citoesqueleto e seu ancoramento às zonas ativas também são dependentes da
elevação da [Ca2]
Neurotransmissores:
Normalmente, os neurotransmissores são classificados conforme suas características químicas
(aminoácidos, monoaminas, gases difusíveis) e função (excitatória ou inibitória).
1) No terminal sináptico, ocorrem os fenômenos de síntese, armazenamento, liberação e
catabolismo dos neurotransmissores. A síntese, o metabolismo e a função de cada
neurotransmissor variam conforme suas características químicas, bem com de seus
respectivos receptores. Grosso modo, a síntese dos neurotransmissores ocorre no
citoplasma do neurônio, por meio de enzimas especializadas em converter o precursor
químico (p. ex., aminoácidos oriundos da dieta) na estrutura final do neurotransmissor.
2) Depois de sintetizados, os neurotransmissores são armazenados em vesículas lipídicas, com
exceção da norepinefrina e da epinefrina, cujas etapas finais de síntese e armazenamento
acontecem no mesmo compartimento.
3) Durante a transmissão sináptica, as vesículas fundem-se à membrana do terminal axônico,
permitindo a comunicação do interior aquoso da vesícula com o espaço extracelular,
liberando, assim, os neurotransmissores. (Esse processo ocorre após a despolarização do
terminal pré-sináptico por um mecanismo dependente da entrada de cálcio).
4) Após liberados na fenda sináptica, os neurotransmissores ligam-se aos receptores
localizados na membrana pós-sináptica e promovem as alterações elétricas ou bioquímicas
no neurônio pós-sináptico. Transmissões excitatórias promovem a despolarização da
membrana celular por conta do influxo de cargas positivas para a célula, e transmissões
inibitórias promovem a hiperpolarização da membrana, em virtude do influxo de cargas
negativas para a célula ou o efluxo de cargas positivas da célula.
5) Os neurotransmissores devem ser removidos do seu local de ação, pois a estimulação
prolongada dos receptores sinápticos pode ocasionar dessensibilização, que consiste na
redução do número de receptores e na consequente disfunção sináptica. Além disso, uma
deficiência do transmissor pode acarretar aumento do número de receptores e causar
supersensibilidade do sistema. O excesso de neurotransmissores excitatórios na fenda
sináptica também pode gerar excitotoxicidade, comprometendo o funcionamento da
sinapse e gerando inflamação e apoptose celular. Para evitar esses efeitos, são necessários
processos de inativação do neurotransmissor, em que a principal ação consiste na remoção
da fenda sináptica por processos localizados nas membranas pré e pós-sinápticas, assim
como nas membranas das células da glia que circundam a sinapse.
Neuropeptídeos
Atualmente, os neuropeptídeos são alvos de pesquisas sobre as possibilidades de suas funções
no SNC e de suas manipulações por meio de fármacos. Os avanços da biologia molecular
possibilitaram o conhecimento dos neuropeptídeos quanto à sua estrutura gênica, regulação
da expressão gênica e determinação da sequência de peptídeos a partir dos ácidos nucleicos.
Para facilitar o entendimento dos neuropeptídeos, eles podem ser agrupados em grandes
famílias:
•Hormônios hipotalâmicos (ocitocina e vasopressina
•Taquicininas (substância P, neurocinina A, neurocinina B, neuropeptídeo K)
•Peptídeos relacionados ao glucagon (polipeptídeo intestinal vasoativo – VIP, peptídeo ativador
da adenilato ciclase hipofisária – PACAP, peptídeo tipo glucagon – GLP-1, glucagon, secretina,
HPP)
•Peptídeos opioides (β-endorfina, dinorfina, leu-encefalina, met-encefalina)
•Calcitoninas (calcitonina, peptídeo relacionado ao gene da calcitonina – CGRP)
•Liberadores hipotalâmicos e hormônios inibitórios (fator liberador de corticotrofina – CRF,
hormônio liberador de gonadotrofina – GnRH, hormônio liberador do hormônio do
crescimento – GHRH, somatostatina, hormônio liberador de tireotrofina – TRH)
•Neuropeptídeo Y (neuropeptídeo Y – NPY, neuropeptídeo YY – PYY, polipeptídeo pancreático –
PP)
•Hormônios da hipófise (hormônio adrenocorticotrófico – ACTH, hormônio estimulante de α-
melanócito – α-MSH, hormônio de crescimento – GH, hormônio folículo Estimulante – FSH, β-
lipotropina – β-LPH, hormônio luteinizante – LH)
•Outros (grelina, galanina, brodicinina, colecistocinina, neurotencina, fator de crescimento
nervoso – NGF, orexina).
Outras substâncias moduladoras
Além das famílias de neurotransmissores, outras substâncias endógenas participam da
sinalização entre os neurônios. Entre elas, destacam-se as purinas (adenosina, ADP e ATP), que
funcionam como moléculas sinalizadoras extracelulares. Outras substâncias, denominadas
mediadores difusíveis, que exercem funções reguladoras, têm sido estudadas recentemente.
Entre elas constam o óxido nítrico (NO), que pode aumentar a liberação de glutamato na fenda
sinápitca, modulando, assim, a LTP ou levando à excitotoxidade. As citocinas e as quimiocinas,
uma vasta família de polipeptídeos reguladores da inflamação que influenciam a transmissão
sináptica, têm sido alvo de estudo para o tratamento de doenças autoimunes e
neurodegenerativas, por meio do uso de anticorpos monoclonais e proteínas recombinantes. O
principal canabinoide da maconha. Os receptores de canabinoides CB1 são receptores
autoinibitórios pré-sinápticos (ligados à proteína Gi) que reduzem a liberação de
neurotransmissores.