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Primeira Avaliação do Curso de Biofísica Celular e dos Sistemas

Universidade Federal Fluminense


Aluno: Caio Maximus Góes Chagas
Professora: Elizabeth Giestal de Araújo

1- Quais funções são exercidas pelas membranas plasmáticas? Qual a composição


biológica das membranas e qual o papel de cada tipo de macromolécula presente na
membrana?
As membranas plasmáticas protegem e delimitam o interior da célula, diferenciando-o
do meio externo, além de terem a função de controlar e auxiliar o fluxo de substâncias
para dentro e para fora da célula.
As membranas são compostas por fosfolipídios, moléculas de colesterol, proteínas
integrais e periféricas e açúcares, os quais formam o glicocálix.
Os fosfolipídios compõem a maior parte da membrana plasmática. Eles se organizam
em uma bicamada e apresentam uma cabeça polar, que fica voltada para o meio
externo ou interno da célula, e caudas apolares, que ficam voltadas para o interior da
bicamada. A principal função deles é garantir a estrutura da membrana celular,
formando algo como uma parede.
As moléculas de colesterol são encontradas entre os fosfolipídios da membrana. São
parecidos com os fosfolipídios, apresentando uma extremidade apolar composta por
ácidos graxos porém outra com pequena polaridade. Elas têm como função regular a
fluidez da membrana, sendo o maior número de moléculas sinônimo de mais rigidez.
As proteínas integrais e periféricas podem exercer diversas funções, podendo servir de
enzimas, transportadoras de moléculas ou íons, âncoras de citoesqueleto ou matriz,
receptoras de sinais. Podem também exercer funções com outras células, realizando
junções celulares ou, quando associadas a açúcares, reconhecimento celular.
Estes açúcares são só encontradas no fase extracelular da células, ligando-se a
proteínas, como supracitado, ou a outros açúcares. Eles têm como função a proteção
da célula contra impactos mecânicos ou agentes químicos nocivos, regulação de
excitabilidade e apresentam também função enzimática. No caso dos neurônios
também podem auxiliar no isolamento elétrico dos axônios. O glicocálix também
exerce importante função no sistema ABO das hemácias, compondo os antígenos
presentes nas membranas destas células.
2- O que são especializações de membrana e que funções podem ser exercidas por
elas. Qual o papel do colesterol nessas estruturas?
Especializações de membrana são áreas da membrana celular que apresentam uma
organização diferente do modelo padrão celular e que exercem uma função específica.
Podemos citar por exemplo as microvilosidades, projeções celulares que têm como
intuito aumentar a área de contato de células do intestino com o quimo.
Outro exemplo são os “lipid rafts”. Eles são compostos por uma concentração de 3 a 5
vezes maior de colesterol do que no resto da membrana plasmática,
glicoesfingolipídeos e proteínas específicas, que são responsáveis por processos de
sinalização química. Nos lipid rafts, o colesterol serve como um agente de coesão entre
as outras moléculas do “lipid raft” e o resto da membrana.
Por fim, podemos também citar as caveolas, invaginações de membrana ricas na
proteína caveolina, podendo também apresentarem lipid rafts, que são responsáveis
pelo transporte de líquido e eletrólitos.
3- Como se dá o transporte de glicose da luz intestinal para o sangue? Como ocorre a
captação de glicose em células do tecido adiposo e em células musculares
esqueléticas?
A glicose é transportada da luz intestinal para o sangue por meio de uma proteína
transportadora acoplada Sódio/Glicose. Isso significa que ela transporta tanto o sódio
quanto a glicose para o interior da célula, porém, necessita que ambos estejam
presentes para que isso aconteça.
A glicose então cai na corrente sanguínea e é captada por diversas células,
especialmente adiposas e musculares. Porém, por se serem polares, as moléculas de
glicose não são capazes de atravessarem a membrana plasmática por difusão,
necessitando de proteínas transportadoras para que isso ocorra. Estas proteínas
carregadoras existem em pequeno número nas células, porém, quando recebem
estímulos da insulina produzida pelo pâncreas, a qual só é produzida quando há glicose
no sangue, as células passam a expressar mais destas proteínas na membrana e
conseguem enfim captar a glicose no sangue.
4- Descreva as estruturas biológicas responsáveis pela passagem dos íons através da
membrana? Qual a diferença entre um transporte ativo e passivo? Como podemos
demonstrar que um transporte é ativo?
Um transporte é ativo quando há necessidade de hidrólise do ATP para sua ocorrência
enquanto no passivo não há tal necessidade. Neste último tipo é utilizada a energia do
gradiente de concentração. Além disso, transportes ativos normalmente ocorrem
contra o gradiente de concentração. Dessa forma se existem moléculas se
movimentando contra o gradiente por meio de uma proteína que utiliza ATP, podemos
ter certeza que trata-se de um transporte ativo.
As estruturas responsáveis por esta passagem são as proteínas transportadoras ou
canais iônicos. As proteínas transportadoras são um tipo de transporte ativo, movendo
os íons normalmente contra o gradiente de concentração e com gasto de ATP. Elas
podem realizar transporte acoplado, transportando duas ou mais moléculas por vez,
ou serem bombas de íons, movendo-os através da membrana em uma só direção com
o uso de ATP ou de luz.
Já os canais iônicos são proteínas de membrana que abrem e fecham. Quando estão
aberta formam um canal em que íons podem passar usando a energia do gradiente de
concentração. Eles podem ser voltagem-dependentes, precisando de diferença de
potencial para abrirem ou fecharem, ligante-dependentes, necessitando a presença ou
ausência de moléculas sinalizadoras para abrirem ou fecharem, ou mecânicos,
precisando de estímulos mecânicos.
5- Qual o papel biológico da sinalização química? Quais os tipos de sinalização
química que foram descritos?
A sinalização química consiste na geração de respostas pelas células quando recebem
determinados estímulos, podendo transmitir essas respostas para outras células e
gerar algo semelhante a uma conversa.
Seu papel biológico é crucial para células pois regula sobrevivência, crescimento,
divisão, diferenciação e morte celular, apresentando efeitos na transcrição gênica,
metabolismo e citoesqueleto.
Os tipos de sinalização descritos são os contato-dependentes, necessitando de
contato entre duas células, parácrinas, onde uma célula libera moléculas sinalizadoras
no meio, sinápticas, onde moléculas sinalizadoras são liberadas muito próximas da
célula-alvo, endócrinas, onde as moléculas sinalizadoras são liberadas na corrente
sanguínea ou autócrina, onde a própria célula libera moléculas sinalizadoras que ela
mesma reconhece.
6- Como ocorre a sinalização mediada por moléculas hidrofóbicas desde o transporte
na corrente sanguínea até a célula alvo?
Uma molécula sinalizadora hidrofóbica, ou seja, apolar, é transportada na corrente
sanguínea com a ajuda de uma proteína carreadora. Como o sangue é composto
majoritariamente por água, esta molécula não se difundiria no sangue e não seria
transportada propriamente, tornando necessária a proteína.
Ao chegar na célula alvo, esta molécula é liberada pela proteína. Ela então atravessa a
membrana plasmática por meio de difusão, já que é uma molécula apolar, e encontra
um receptor no citoplasma. Daí em diante, ele segue em direção ao núcleo celular para
realizar sua alteração na transcrição gênica.
7- Como ocorre a sinalização mediada por moléculas hidrofílicas? Como podemos
classificar os receptores de membrana? Cite um exemplo de cada um deles.
A sinalização por moléculas hidrofílicas ocorre de certa forma oposta a sinalização por
moléculas hidrofóbicas. Por serem polares, estas moléculas conseguem se difundir no
sangue ou no meio extracelular, portanto não necessitam de proteínas carreadoras
para atingirem as células alvo. Porém, não conseguem atravessar a membrana celular,
pois somente moléculas apolares conseguem. Dessa forma, necessitam da ajuda de
receptores de membrana capazes de transportá-las para dentro da célula. Após isso,
estas moléculas seguem para realizar suas alterações seja no núcleo ou no citoplasma.
Os receptores de membrana podem ser ionotrópicos, como o receptor nicotínico da
acetilcolina, metabotrópicos, como os receptores de neuropeptídeos, ou enzimáticos,
como os receptores tirosina-quinases.
8- O que são segundos mensageiros e o que são fatores de transcrição? Como ocorre
a produção do AMPc? Qual a sua função? Descreva uma patologia que envolva o
AMPc.
Segundos mensageiros são as substâncias produzidas ou mobilizadas na célula após
ativação de uma proteína receptora localizada na parte externa da membrana celular.
Eles são capazes de indiretamente promover a transcrição do DNA por fatores de
transcrição.
Fatores de transcrição são proteínas que reconhecem certas partes do DNA e
permitem depois a ligação da enzima RNA polimerase com o DNA, possibilitando a
realização do processo de transcrição.
AMPc são segundos mensageiros produzidos pela ativação de receptores
metabotrópicos que ativam uma proteína G a qual se comunica com a enzima adenilil
ciclase, a qual produz o AMPc com o uso de ATP.
A função AMPc é ativar uma proteína quinase. Ele se liga nas suas subunidades
regulatórias liberando suas subunidades catalíticas, as quais fosforilam seus alvos.
Uma patologia que envolve o AMPc é a cólera. A toxina produzida pela bactéria Vibrio
cholerae é capaz de fazer uma ADP ribosilação na subunidade alfa da adenilil ciclase, o
que resulta na impossibilidade de hidrólise do GTP, deixando a adenilil ciclase
constantemente ativa. Isso aumenta a secreção de cloreto pelo corpo, o que resulta
em uma diarreia que pode rapidamente transformar-se em um caso de desidratação.
9- Que vias de sinalização podem levar a produção de segundos mensageiros de
origem lipídica? Qual a enzima chave para a produção desses segundos
mensageiros?
As vias de sinalização que podem levar a esta produção são as vias metabotrópicas.
A enzima chave para a produção deste é a fosfolipase C.
10- Porque a sinalização de receptores catalíticos está envolvida em processos
tumorais?
A sinalização de receptores catalíticos está envolvida nestes processos pois eles estão
diretamente envolvidos nas respostas a sinais promotores de crescimento,
proliferação e diferenciação. Vemos por exemplo o fator de crescimento epidermal,
reconhecido por um receptor catalítico e que regula sobrevivência, síntese proteica e
proliferação de células da pele.
Como tumores são multiplicações incontroladas de certas células, suas existências são
normalmente ligadas a uma desregulação nos receptores catalíticos, levando a uma
proliferação excessiva de células.

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