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5.5.

Via Secretória e Organelos

Via Secretória: A via secretória tem início no retículo endoplasmático (RE) e termina na
membrana plasmática. Os organelos que fazem parte desta via são:

• RE;
• Complexo de Golgi;
• Vesículas secretórias

A vermelho encontra-se representada a via secretória (RE e Golgi); A azul a via endocítica; A
verde a via de reciclagem.
Retículo Endoplasmático: Dois tipos de retículo endoplasmático: 1 – Retículo Endoplasmático
Liso (REL) 2- Retículo Endoplasmático Rugoso (RER).

Funções do Retículo Endoplasmático Liso (REL):


• Síntese de lípidos, fosfolípidos, esteroides e lipoproteínas
• Desintoxicação
• Metabolismo de carbohidratos e esteroides
• Armazenamento de cálcio (Ca2+) – função importante

Retículo Endoplasmático Rugoso (RER): O RER diferencia-se do REL em cortes histológicos,


devido ao seu aspeto “rugoso”, adquirido pela presença de pontos pretos – ribossomas tendo as
seguintes funções:
• Síntese proteica
• Glicosilação do tipo N (do grupo amida das cadeias laterais da esparagina)
• Aquisição da conformação de proteínas – Protein Folding
• Quality Control (garante que as proteínas apresentam a conformação correta).
Quality Control no RE: Este mecanismo de regulação assegura que apenas as proteínas
com a conformação nativa são transportadas para o Golgi:
1- Translocação do polipéptido nascente para o lúmen do RE, sendo que os glicanos
ligados ao átomo N vão ser triplamente glicosados, ficando com 3 açúcares.
2- As Glucosidades I e II vão hidrolisar dois dos açúcares, para que a proteína possa ser
reconhecida pela chaperone calreticlina (CTR).
3- A CTR, já ligada à proteína recém-chegada, interage com outro chaperone: Erp57,
que irá catalisar a formação de pontes dissulfureto, essenciais para a aquisição da
conformação nativa da proteína.
4- Por fim, a última molécula de glicose vai ser clivada, novamente pela ação da
Glucosidade IIproteína deixa de estar glicosilada. Se a proteína se encontrar com a
estrutura correta, encontra-se pronta para abandonar o RE e seguir pela via
secretória (para o Golgi).
5- Estrutura incorreta - a enzima UGGT (glucose: glycoprotein glucosyltransferase)
deteta zonas hidrofóbicas expostas* e vai monoglicosilar a proteína que necessita
de ser verificada, tornando-a novamente reconhecível para os chaperones,
percorrendo um novo ciclo até atingir a conformação correta. Caso tal não ocorra ao
fim de vários ciclos a proteína será degradada.
Complexo de Golgi: Constituído por 3 zonas principais:
• Cis-golgi: porção mais próxima do RE, zona de chegada das proteínas.
• Staks Médio: porção média constituída por vesículas achatadas
• Trans-golgi: porção mais afastada do RE, onde as proteínas são agrupadas(sorted) e
incorporadas em vesículas para seguir diferentes destinos, por este motivo é uma zona
com grande formação ativa de vesículas.

Funções:
• Modificações pós-traducionais em novas proteínas e lípidos ( ex: fosforilação, acetilação,
glicolisação do tipo O, metilação, sulfação...)
• Síntese de esfingolípidos e glicolípidos complexos

Transporte entre o RE e o Golgi é medidado por vesículas – proteínas Coat:


• COP I – envolvidas no transporte Golgi – RE, corresponde ao transporte retrógrado, necessário
para os recetores do transporte RE – Golgi serem reciclados, regressando ao RE.
COP II – envolvidas no transporte RE – Golgi, corresponde ao transporte antrógrado.
Secreção Constitutiva e Regulada
Secreção Constitutiva: tipo de secreção onde as proteínas são secretadas de modo contínuo,
devido à sua constante síntese e atividade. As vesículas de secreção provenientes do complexo
de Golgi fundem-se com a membrana plasmática, libertando o seu conteúdo para o meio
extracelular. Ex: albumina.
Secreção Regulada: a secreção é acumulada numa vesícula secretória, semelhante ao que
acontece na constitutiva, porém a grande diferença é que estas vesículas apenas libertam as
proteínas quando há um sinal/estímulo, fundindo-se com a membrana de modo regulado.

Secreção de Colagénio: É um tipo de secreção especializado, sendo que a molécula secretada é


o procolagénio, e só quando este se encontra da célula é que começa a formar as fibrilhas. Isto
ocorre devido ao tamanho da molécula, que se se encontrasse totalmente formada dentro da
célula, ocuparia grande parte do espaço intracelular e por isso não seria fácil ocorrer a sua
secreção.
Via Endocítica: Inicia-se na membrana plasmática por um processo de endocitose.
Endocitose: Processo de internalização de fluido extracelular, partículas e proteínas
membranares. Existem dois tipos de endocitose: a pinocitose e a fagocitose.
1- Acumulação de carga na parte citoplasmática e de coat na parte da membrana
citoplasmática (coating e sorting)
2- Vesícula em formação, fase anterior ao seu fecho
3- Vesícula fechada, porém, ainda tem ligação ao meio extracelular
4- Vesícula completamente inserida no meio intracelular, ainda com a coat (removida
posteriormente).
Pinocitose: “cell drinking”, que significa literalmente célula a beber, e corresponde à
internalização da fase fluida, proteínas membranares e lípidos através de vesículas.
Fagocitose: “cell eating”, internalização de partículas de maiores dimensões, > 0,75 µm, ex:
bactérias. São emitidos pseudópodes (prolongamentos da membrana plasmática) que vão
envolver a partícula.

Vias de Endocitose
Endocitose dependente de clatrina: a estabilização da vesícula endocítica é assegurada pela coat
(claterina), como ocorre no LDL.
Endocitose dependente da dinamina: faz a fissão/ separação da vesícula.
Macropinocitose: ocorre a internalização de grandes quantidades de fluido extracelular. Por
exemplo nas células dendríticas, de modo a captar o máximo de informação do meio extracelular
que permita identificar alguma infeção/presença antigenes, para determinar uma resposta
imune desencadeada.
Organelos que participam na endocitose:
Sorting Endosome: Este tipo de endossoma volta para o ambiente exterior ou pode continuar a
via endocítica e evoluir para early endosomes e late endosomes.
Early Endosome: Organelos lucentes (pouca densidade), com poucas vesículas intraluminais (no
lúmen do organelo) e é acessível a carga de fase fluida a partir do exterior. São os primeiros na
via endocítica e os menos densos.

Late Endosome: um tipo destes endossomas são os MVB (multi vesicular body), pois apresentam
muitas partículas intraluminais, e também são têm acesso a carga endocitada. Estes endossomas
podem fundir-se com lisossomas, como se vê na segunda imagem. São mais densos que os Early
endosomes mas menos densos que os lisossomas
Lisossomas: Contém enzimas hidrolíticas (hidrolases) e pH acídico- pH ótimo para as enzimas-
(4,5 – 5).
Função:
• Degradação de macromoléculas (proteínas, lípidos, glicoproteínas...);
• Degradação de organelos – autofagia;
• Envolvidos no sorting (sistema de reciclagem);
• Endocitose;
• Exocitose e reparação da membrana;
• Morte celular (apoptose);
• Sinalização.

Acidificação Progressiva ao longo da Endocitose: Ao longo da via endocítica verifica-se uma


acidificação progressiva. Ou seja, quando a pH: Early Endosome (6.3) > Late Endosome (5.5) >
Lisossoma (4.7). Tal ocorre devido à necessidade da acidez no lisossoma, para o ambiente ser
hidrolítico e para as enzimas hidrolíticas (hidrolases) funcionarem corretamente, uma vez que é
este o seu pH ótimo.
Defeitos nos lisossomas: Um dos grupos de doeças mais proeminentes provocadas pelo mau
funcionamento dos lisossomas, são as Lysosomal storage diseases, ou doenças de sobrecarga
lisossomal. Que podem ser provocadas por:
• Defeito na atividade da enzima lisossomal, a enzima está presente mas não funciona
corretamente;
• Baixa ou ausente expressão da enzima lisossomal;
• Defeitos no processamento pós-traducional da enzima (Nota: tais modificações são
muito importantes para proteger a enzima do ambiente desnaturante do lisossoma);
• Defeitos no tráfego das enzimas

Fagocitose: Há vários tipos de fagocitose. Vai ser explicada a fagocitose com opsonização. Existe
uma bactéria, rodeada de anticorpos (reconheceram o antigénio bacteriano). Estes, por sua vez
ligam-se a recetores da membrana (Fc receptor), formando-se pseudópodes que englobam a
bactéria – dependentes das proteínas Rac envolvidas na dinâmica do citoesqueleto que
necessita de um rearranjo depois de ser perturbada a sua estrutura, pelos prolongamentos
membranares.
Depois de englobada a partícula existe uma vesícula que contém o antigénio – Fagossoma. Este
fagossoma vai fundir-se com um lisossoma, formando um Fagolisossoma. No fagolisossoma vai
ocorrer a digestão das partículas endocitadas e o que não é digerido é exocitado.

Via de Reciclagem: Endocitose de partículas de LDL


1- Partículas de LDL ligam-se ao recetor de LDL (conformação aberta e pH neutro)
2- Internalizadas em vesículas de claterina
3- Nos early e late endosomes, o pH baixa e a conformação do recetor muda – fechada
4- A partícula de LDL separa-se e é transportada para um lisossoma (digerida)
5- O recetor com a conformação fechada (não se liga a LDL) vai ser reciclado até à
membrana plasmática
a2008728

João Pinheiro

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