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1.Introdução ............................................................................................................................... 3
1.1.Objectivo .............................................................................................................................. 4
1.1.1.Geral .............................................................................................................................. 4
1.1.2.Específicos .................................................................................................................... 4
10.Conclusão............................................................................................................................ 38
11.Referências .......................................................................................................................... 39
1.Introdução
O presente trabalho tem como tema o aparelho digestivo que estendendo-se da «boca» ao
«ânus», é um dos maiores sistemas do corpo humano. Através dele realizamos a ingestão dos
alimentos, a sua digestão, a absorção dos seus nutrientes e a eliminação de seus produtos
residuais. Resumidamente, o trato digestório tem o importante papel de quebrar o alimento
em moléculas menores, cujos nutrientes serão posteriormente usados para construir e reparar
o corpo.
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1.1.Objectivo
1.1.1.Geral
1.1.2.Específicos
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2. ANATOMIA DO APARELHO DIGESTIVO EXTRA-ABDOMINAL
O aparelho digestivo extra-abdominal é constituído pela boca e seus anexos (língua, dentes e
glândulas salivares), a faringe e o esófago. Estes órgãos iniciam os processos de digestão e
transportam os alimentos até o aparelho digestivo intra-abdominal para a sua digestão final e
absorção de nutrientes.
Boca ou Cavidade oral. Estrutura que recebe os alimentos, com uma porta de entrada, “rima
da boca” limitada pelos lábios, estruturas carnosas móveis que fecham a boca, e uma porta
de saída, o “istmo das fauces”, que a separa da faringe.
A cavidade oral está recoberta pela mucosa oral, composta de um epitélio plano não
queratinizado e de um tecido conjuntivo subjacente (lâmina própria) com a função de suporte.
A mucosa oral é humedecida pela saliva.
Limites da boca:
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Figura 1. Anatomia da boca.
Língua. Estrutura de tecido muscular voluntário, muito móvel, formada por músculos
intrínsecos (feixes de fibras dentro da língua) e extrínsecos que a fixam a estruturas vizinhas,
(ossos temporal e hióide principalmente).
Modulação da voz.
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No adulto, são um total de 2 dentes, distribuídos em duas fiadas independentes (arcadas
superior e inferior) que se opõem ao fechar a boca. Cada arcada é simétrica, com 8 dentes em
cada lado (de anterior a posterior): 2 incisivos, 1 canino, 2 pré-molares e molares.
No nascimento estão enterrados nos alvéolos. Começam a sair a partir dos 6-8 meses
de idade (começando pelos incisivos inferiores), até completar 20 dentes temporários
(dentes de leite ou deciduais) aos 4-5 anos. Estes irão sendo substituídos
progressivamente (entre os 5 e os 14 anos) pelos dentes definitivos.
A parte visível dos dentes é a coroa e a parte que o fixa aos ossos, a raiz (pode ser uma para
os incisivos e caninos e várias para pré-molares e molares).
Têm um núcleo de conjuntivo (polpa) com vasos e nervos que entram através dos alvéolos,
recoberto por um conjuntivo denso e calcificado, mais duro que o osso (dentina) revestido
externamente na coroa por uma camada fina de conjuntivo extremamente calcificado e duro
(esmalte).
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Faringe. Tubo muscular que comunica a boca com o esófago, revestido pela mucosa faríngea
(epitélio plano, como da boca), que facilita a rápida passagem do alimento, divide-se em
partes: nasofaringe, orofaringe e laringo-faringe. (mais detalhes na Aula 22).
A Função da faringe é levar o bolo alimentar desde a boca até o esófago (deglutição),
facilitada pela saliva e muco que reveste a boca, a faringe e o esófago.
Tem a estrutura típica do tubo digestivo, mas o epitélio é plano estratificado (muda para
cilíndrico na entrada do estômago).
A Função do esófago é o transporte do bolo alimentar até ao estômago.
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Imagem cortesia de Digestion de los Alimentos
Tem forma de “J” dilatada, sendo o segmento mais largo do tubo digestivo. O bordo medial
côncavo (a direita) é denominado Curvatura menor, enquanto o lateral convexo (a esquerda) é
a Curvatura maior. Pode-se dividir em 4 regiões:
Cárdia, em volta do orifício esófago-gástrico de entrada. Colabora com o esfíncter
esofágico inferior para impedir o refluxo gasto esofágico.
Fundo, que é a zona superior, por cima e lateral à cárdia.
Corpo, é a grande zona central, que representa 2/ do volume gástrico.
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Antro pilórico, área de saída do estômago, que o conecta com o duodeno (primeira
porção do intestino), mediante um estreitamento o conduto pilórico, dotado de uma
potente válvula muscular (Esfíncter gastro-duodenal ou Piloro).
O estômago recebe o bolo alimentar e a mistura com o suco gástrico ácido para formar o
“quimo”, papa semilíquida onde os alimentos vão sendo divididos em unidades moleculares
cada vez mais simples.
Figura 4. Estômago.
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Tem três partes (de proximal a distal):
Duodeno: com cerca de 25 cm, com forma de “C”, imóvel e parcialmente incluído no
retroperitónio. Apresenta 4 porções: superior (horizontal, da esquerda a direita),
descendente (onde desembocam os ductos das glândulas anexas: fígado e pâncreas),
horizontal (de direita a esquerda) e ascendente.
Jejuno: Continuação do duodeno, com maior diâmetro (quase 4 cm), com parede mais
espessa e mesentério mais vascular. Situa-se no quadrante superior esquerdo abdominal.
Íleo: Último segmento, continuação do jejuno até o intestino grosso, sendo mais estreito e
com parede mais fina e menos vascularizada que o jejuno. Situa-se no quadrante inferior
direito abdominal. A transição entre jejuno e íleo é progressiva e não exactamente num ponto.
Ambas são muito móveis, sobre o seu próprio mesentério.
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Figura 6. Intestino delgado: Duodeno, Jejuno e Íleo.
O intestino delgado tem a estrutura típica do tubo digestivo, com algumas particularidades:
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Figura 7. Estrutura do intestino delgado.
O Intestino grosso é o segmento final do tubo digestivo, que se estende desde o intestino
delgado até o ânus (orifício distal aberto ao exterior). Com forma quadrangular, tem
aproximadamente 1,5 m de comprimento e entre 6 e 8 cm de diâmetro.
Ceco. Dilatação sacular (área de maior calibre do intestino) na fossa ilíaca direita, que
recebe o íleo através da válvula ileocecal ou iliocólica, que impede o refluxo para o
intestino delgado. No fundo do ceco, encontramos o apêndice vermiforme, pequeno
tubo cego com tecido linfóide e função de defesa.
Cólon ascendente. Desde o ceco até a flexura ou ângulo hepático, ângulo superior
direito do cólon (inferior ao fígado).
Cólon transverso. Desde o ângulo hepático até a flexura ou ângulo esplénico, ângulo
superior esquerda do cólon (inferior ao baço).
Cólon descendente. Desde o ângulo esplénico até a fossa ilíaca esquerda, onde se
curva em forma de “S” formando o sigma ou cólon sigmóide, que o une à porção
terminal do intestino grosso.
Recto. Tubo vertical de uns 15 a 20 cm que perfura o soalho da pélvis para ter saída
ao exterior.
Ânus. Estrutura tubular de saída do tubo digestivo, de uns cm, habitualmente fechada
pela acção muscular dos esfíncteres anais para evitar a saída de conteúdo fecal. Só se
relaxam para a defecação e apresenta dois esfíncteres:
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O esfíncter anal interno, profundo ou involuntário resulta do espessamento das
últimas fibras musculares lisas circulares do recto. O esfíncter anal externo,
superficial ou voluntário resulta do espessamento do músculo estriado que forma o
soalho da pélvis.
O ânus é uma estrutura de trânsito, onde o epitélio cilíndrico simples do intestino
passa a ser Plano estratificado (marcado pela linha pectínea).
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Figura 9. Recto e Ânus.
Tem um maior diâmetro, que vá-se afinando progressivamente desde o ceco até o
ânus.
Não tem vilosidades.
As glândulas mucosas (criptas) são mais profundas, mais frequentes e contem muitas
células caliciformes, produtoras de muco que lubrifica a mucosa para facilitar a
passagem do bolo fecal.
Glândulas salivares. Formação que produzem e secreta saliva, que podem estar dispersas
pela mucosa oral (glândulas menores) ou bem individualizadas, localizadas em volta da
cavidade oral (glândulas maiores), com a que se comunicam através de ductos.
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As glândulas salivares menores são pequenas invaginações glandulares disseminados nas
paredes da boca: labiais, palatinas, linguais e molares.
As glândulas salivares maiores são estruturas pares bem delimitadas, com multidão de
ácinos glandulares que acabam por drenar à boca por um conduto conjuntivo-muscular, e são:
Glândulas Parótidas são as maiores, situam-se uma de cada lado, Na parte lateral da
face, ântero-inferior ao pavilhão da orelha, externo ao ângulo mandibular.
Glândulas Sub-mandibulares situam-se no assoalho da boca, interior ao ângulo
mandibular.
Glândulas Sublinguais, são as menores deste grupo, localizam-se em baixo da mucosa
do assoalho da boca.
Fígado maior glândula do corpo e pesa aproximadamente 1,5 kg, localizado no quadrante
superior direito do abdómen, inferior ao diafragma, e que tem funções vitais tanto na digestão
como no metabolismo de muitas substâncias.
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Face visceral (posteiro inferior), irregularmente côncava, em contacto com os
diferentes órgãos, que fazem impressões na sua superfície (flexura direita do
cólon, duodeno, rim direito, e estômago).
É totalmente recoberto pelo peritónio visceral, que se estende pelo ligamento coronário, que o
suspende do diafragma, e pelo ligamento falciforme, que o fixa ao peritónio parietal da
parede abdominal anterior (o seu bordo está espessado pelo ligamento redondo, resíduo dos
vasos umbilicais fetais).
O fígado é dividido em 2 lobos e 8 segmentos, cada um dos quais tem uma irrigação e
canalização secretora independente.
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Figura 11. Fígado.
“Tríadas portais ou espaços porta”, nos vértices do hexágono, com ramos da veia
porta, da artéria hepática e da via biliar.
“Veia centro-lobular”, que ocupa esse espaço central de confluência.
“Sinusóides”, comunicações radiais desde os vasos portais (periféricos) até a veia
centro-lobular, ao longo dos quais o sangue entra em contacto com os hepatócitos.
Contêm algumas células de defesa (“células de Kupfer”) que fagocitam restos
celulares sanguíneos e microrganismos que vêm do tubo digestivo.
“Canalículos biliares”, comunicações radiais em sentido oposto desde os hepatócitos
até o ducto biliar de cada espaço porta, para a drenagem da bílis produzida pelos
hepatócitos.
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Figura 12. Lóbulos hepáticos. Vascularização e via biliar
O fígado tem uma irrigação sanguínea dupla: pela artéria hepática (com sangue oxigenada e
com nutrientes) e pela veia porta (com sangue desoxigenada com as substâncias absorvidas
ao longo do tubo digestivo).
O retorno venoso se faz a partir das veias centro-lobulares, que irão desaguando
progressivamente a outras maiores até chegar às veias hepáticas (esquerda, média e
direita) que desembocam na veia cava inferior.
Via biliar. Sistema de condutos que drenam a bílis (produto da secreção hepática) até o
duodeno. Inclui:
Via biliar extra-hepática, que inclui a confluência dos anteriores num “ducto hepático
comum”, que se dirige até o duodeno.
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Pâncreas. Glândula comprida, de 12-15 cm, aplanada, que se situa na parte retroperitoneal,
posterior ao estômago, com uma estrutura microscópica semelhante às glândulas salivares
O pâncreas divide-se em Cabeça (que se aloja na curva que forma o duodeno), Corpo e
Cauda
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5.FISIOLOGIA DO APARELHO DIGESTIVO EXTRA-ABDOMINAL
O processo fisiológico da digestão começa já na boca, onde se realizam os primeiros passos
na preparação dos alimentos, mediante:
Mastigação. Os dentes fazem a divisão inicial dos alimentos quando entram na boca
mediante a mastigação. Cada tipo de dente mastiga diferente: os incisivos cortam, os caninos
desgarram, os pré-molares e molares trituram.
Ensalivação. É a mistura com a saliva dos alimentos triturados pelos dentes. A saliva é um
líquido viscoso, claro, sem gosto e sem odor, constituído por uma solução com enzimas que
ajudam na digestão dos alimentos e na protecção da mucosa oral. É composta por duas
porções, com funções diferentes:
A quantidade da saliva secretada estima-se em 1.500 ml por dia. A porção mucosa da saliva é
secretada de maneira contínua e a porção serosa é secretada perante estímulos que indicam
início iminente da ingestão de alimentos.
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Os estímulos podem serem: visuais, olfactivos, gustativos, auditivos ou tácteis
que activam o centro da salivação do bolbo (sistema nervosos central), que por
via nervosa autónoma (parassimpática) ordena a secreção de saliva.
Deglutição. O bolo alimentar, produto da mastigação e da mistura com saliva, será deglutido
em fracções de segundos, mediante três estágios:
Voluntário através dos músculos da língua: no qual o bolo alimentar é empurrado pela língua
para a parte oral da faringe.
Faríngeo: controlada pelo sistema nervoso autónomo onde ocorre a passagem do bolo
alimentar pela faringe para o esófago.
Esofágico: também controlada pelo sistema nervoso autónomo onde ocorre a
passagem do bolo alimentar pelo esófago para o estômago.
Durante a fase faríngea da deglutição, a faringe evita que o bolo passe à cavidade nasal (o
palato mole levanta-se e fecha a nas faringe) e ao trato respiratório (a traqueia move-se para
cima e permite que a epiglote, cubra a entrada da via respiratória).
O bolo alimentar chega ao esófago, que o transporta até o estômago (cerca de 2 segundos
para líquidos e 8 segundos para sólidos), mediante contracções rítmicas ondulatórias da sua
parede (peristalse), que empurram o bolo alimentar para baixo.
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A função geral do tubo digestivo é a preparação dos alimentos ingeridos para seus nutrientes
serem aproveitados pelo organismo. Isto é realizado mediante grandes mecanismos
fisiológicos, presentes em maior ou menor medida em todos os segmentos do aparelho
digestivo intra-abdominal:
Actividades motoras. O tubo digestivo é capaz de mudar de forma pelos movimentos que
provoca a contracção do músculo liso da sua parede. Os movimentos do tubo digestivo
podem ser de dois tipos, ambos presentes em maior ou menor medida em cada segmento do
tubo, com finalidades diferentes:
Digestão química, pela acção de diferentes enzimas e outros compostos químicos secretados
pelo próprio tubo e pelos órgãos anexos, que degradam as grandes moléculas contidas nos
alimentos em pequenas moléculas capazes já de ser absorvidas ao nível do intestino delgado
para o organismo.
O suco gástrico é uma solução muito ácida (pH de 2, rica em ácido clorídrico) produzida pelo
epitélio gástrico (cerca de litros por dia), que contém enzimas digestivas, especialmente a
pepsina, capaz de decompor as proteínas em moléculas mais pequenas (polipéptidos).
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O ácido, para além de permitir a função da pepsina (a qual fica inactiva a pH maior de
4), tem função de defesa, eliminando a maioria dos microrganismos que entram com
os alimentos.
Apesar de estarem protegidas por uma densa camada de muco, as células da mucosa
gástrica são continuamente lesadas pela acção do ácido, pelo que tem que estar
sempre em regeneração. Estima-se que a superfície do estômago é totalmente
reconstituída em cada três dias.
Nos lactantes a maior parte da enzima é a quimosina e não a pepsina, capaz de separar
o leite em fracções líquidas e sólidas.
O bolo alimentar é misturado com o suco gástrico durante 2 a 4h, auxiliado pelas contracções
da musculatura do estômago, para transformar-se em uma massa acidificada semilíquida
leitosa, o quimo.
O quimo passa para o duodeno através do esfíncter muscular de saída (piloro), que permite a
passagem apenas de pequenas quantidades quando ondas de contracção peristáltica
progridem desde o corpo gástrico ao antro pilórico empurrando o quimo.
Sais dos ácidos biliares, que têm acção detergente (como sabão),
emulsionando as gorduras, fragmentando-as em milhares de microgotículas
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(gotas de tamanho microscópico), para permitir a acção das enzimas
digestivas.
Pigmento biliar, que dá a cor amarela esverdeada à bílis, principalmente a
bilirrubina (produto de degradação metabólica da hemoglobina do sangue).
Colesterol, Lecitina.
O suco pancreático, produzido pelo pâncreas (aproximadamente 1,5 litros por dia), é uma
solução alcalina (pH de 9, com grandes quantidades de bicarbonato de sódio) que contém a
maioria das enzimas digestivos responsáveis pela degradação das diferentes macromoléculas
de alimento:
O suco intestinal, secretado pela mucosa do intestino delgado, (aproximadamente 2 litros por
dia), é uma solução de pH neutro rica em enzimas digestivos capazes de produzir a
degradação final das unidades moleculares mais pequenas provenientes da digestão mais
grosseira feita pelas enzimas pancreáticas. Inclui:
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Figura 1. Digestão dos alimentos.
Absorção. Ao longo do intestino delgado, uma vez formado o quilo e conforme avançam os
processos de digestão, as células da vasta mucosa intestinal absorvem as moléculas básicas
digeridas desde o interior do intestino. Desde as células, passarão ao sangue dos capilares da
submucosa intestinal.
A água absorve-se por osmose (existe uma passagem nos dois sentidos em relação à
passagem de electrólitos e nutrientes).
Os electrólitos (Na+, K+, Cl-, Ca+, Fe++, Mg++, nitratos e fosfatos) entram nas células
intestinais por transporte passivo ou activo, sendo encaminhadas aos capilares.
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Os carbohidratos simples (monossacáridos como a glicose, frutose,…) atravessam as células
da mucosa intestinal mediante transporte passivo (por difusão) ou activo (como a glicose) e
passam para os capilares sanguíneos intestinais.
O glicerol e os ácidos gordos resultantes da digestão de lipídos são absorvidos pelas células
intestinais, onde são agrupados de novo em pequenos grãos lipídicos recobertos por proteínas
(quilomicrones).
Os quilomicrones, pelo seu grande tamanho, não podem passar aos capilares, e
são transportados pela rede linfática (desde os vasos linfáticos intestinais até o
conduto torácico) até a veia subclávia esquerda, incorporando-se ao sangue,
sem passar inicialmente pelo fígado.
Depois de uma refeição rica em gorduras, o plasma do sangue fica com
aparência leitosa, devido ao grande número de quilomicrones.
As vitaminas hidrossolúveis (C, B1, B2, B6, Niacina e Ácido fólico) são absorvidas pelos
capilares por difusão facilitada.
A vitamina B12 absorve-se apenas no íleo, para o qual precisa do factor intrínseco, produzido
pelo estômago.
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Figura 2. Absorção dos produtos da digestão
O intestino grosso receberá, através da válvula ileo-cecal (que evita o refluxo desde o
intestino grosso para o delgado), um quilo já pobre em nutrientes, mas com muita água.
O intestino grosso não possui vilosidades e nem secretos sucos digestivos com
enzimas, sendo assim, o seu papel é a absorção da água para a formação do
bolo fecal.
A formação do bolo fecal por absorção de água no intestino grosso dura em
média cerca de -8 horas e faz-se mediante suaves movimentos.
Numerosas bactérias não patogénicas (que não provocam doenças) vivem no intestino grosso.
Suas funções são:
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Dissolver os restos alimentares não assimiláveis mediante fermentação, o que
produz os gases (metano, CO2, sulfureto de hidrogénio, indol.) que
acompanham às fezes.
Decompor a bilirrubina da bílis em estercobilina, que dá a cor parda
característica das fezes.
Proteger o organismo contra bactérias estranhas geradoras de doenças (com as
quais concorrem para se alimentarem dos resíduos fecais).
As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem absorvidas, contribuindo
para uma percentagem significativa da massa fecal. As fibras dos vegetais, por um
mecanismo osmótico, retêm a água, tornando as fezes macias e fáceis de serem eliminadas.
O intestino grosso distal (cólon descendente, sigmóide e recto) tem uma menor função de
absorção de água, sendo o sítio de armazenamento dos resíduos da digestão (fezes) até a sua
expulsão pelo ânus.
O transporte das fezes para preencher o recto, lugar de armazenamento até o momento de ser
expulsas, faz-se por impulsos pontuais, que se produzem 1- vezes por dia, com contracção
massiva de todo o cólon (movimentos em massa).
A distensão provocada pela presença de fezes no recto, provoca o reflexo da defecação, que
estimula a contracção do recto e a relaxamento do esfíncter anal interno (involuntário),
permitindo a evacuação dos resíduos.
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7. FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS ANEXOS
Os órgãos anexos do tubo digestivo são estruturas anatómicas que facilitam a função
digestiva do aparelho. São glândulas especializadas na síntese e secreção de substâncias
(enzimas, principalmente) necessárias para a digestão dos alimentos.
As funções das glândulas salivares, localizadas na boca e produtoras da saliva, foi vista na
aula 26 (Fisiologia do aparelho digestivo extra-abdominal).
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Metabolismo final de diferentes produtos bioquímicos (especialmente carbohidratos e
aminoácidos) para obter energia armazenando-a em forma de ATP (adenosina trifosfato).
Limpeza do sangue, mediante a fagocitose (através das células de Kupfer) de restos celulares
e microrganismos.
As funções do pâncreas são duas, realizadas por cada uma das partes histológicas:
Pela glândula pancreática exócrina: produção e excreção no duodeno pela via pancreática, do
suco pancreático.
8.REGULAÇÃO DA DIGESTÃO
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Sistema nervoso autónomo simpático, inibidor geral das funções digestivas
(diminui o peristaltismo e a actividade secreto-motora);
Sistema nervoso autónomo parassimpático ou vagal (do nervo vago),
estimulador geral das funções digestivas (aumenta o peristaltismo, a actividade
secreto-motora e relaxa os esfíncteres involuntários);
Sistema nervoso entérico constituído pelos plexos submucoso e mioenterico
que são estruturas nervosas da parede intestinal. Este sistema pode dar origem
as respostas locais directas ou sob a influencia do sistema nervoso autónomo
Alça de retroalimentação para o Sistema Nervoso Central que integram e
coordenam as actividades entre Sistema Nervoso Entérico e o Sistema
Nervoso Autónomo.
O apetite ou vontade de comer é regulado pelo equilíbrio entre dois centros do hipotálamo:
centro da fome e centro da saciedade, que controla o anterior por mecanismo homeostático
(retroalimentação negativa).
Uma vez ingerido o alimento, a glicose aumenta no sangue e activa o centro da saciedade,
que trava o centro da fome (retroalimentação negativa).
A salivação tem regulação nervosa exclusivamente, desde o centro da salivação do bulbo, que
envia ordens às glândulas salivares por via parassimpática para a sua contracção, que provoca
a secreção salivar. Existem diferentes estímulos:
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Presença de alimento na boca, faringe ou esófago. A irritação destes órgãos
provoca também a salivação, pelo que uma salivação excessiva, sem relação
com a comida pode ser sintoma de tumores ou inflamações a estes níveis.
Estimulação parassimpática, como se produz em estados de relaxamento ou
com certos medicamentos ou drogas parassimpaticomiméticos (medicamentos
que estimulam a actividade do sistema nervoso parassimpático).
Informação pelos órgãos dos sentidos sobre o estado dos alimentos em mal
estado ou coisas nojentas.
Desidratação reduz a produção de saliva, mediante mecanismo homeostático
de poupança de água.
Inibição parassimpática, como se produz em estados de ansiedade e alerta ou
com certos medicamentos ou drogas (parassimpaticolíticos).
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Nervosa, pelos nervos vago (estimulador) e simpático abdominal (inibidor), e
Hormonal, pela gastrina, hormónio estimulador produzido pelo próprio
epitélio gástrico, que facilita a secreção de suco gástrico, os movimentos de
mistura e de propulsão e o relaxamento do piloro
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O nervo vago, perante a distensão mecânica do duodeno, estimula a Peristálse.
A falta do reflexo (sempre que o intestino está vazio), faz com que o simpático
predomine, inibindo a motilidade.
A entrada de quilo no cego provoca a distensão deste, que tem efeito reflexo sobre a
actividade parassimpática (nervo vago) provocando as contracções da parede do cólon:
A distensão gástrica (quando passa o bolo alimentar ao estômago), provoca outros dois
reflexos simples por via parassimpática:
A defecação é regulada por duas vias nervosas interligadas. A distensão do recto envia um
sinal com dois destinos:
A nível do hipotálamo e outros centros cerebrais, que provoca a vontade de defecar, que
permite a defecação só se voluntariamente se faz o relaxamento do esfíncter anal externa e a
contracção da musculatura da parede abdominal e diafragma.
9.PATOLOGIA DIGESTIVA
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O refluxo gastro-esofágico se dá quando o esfíncter esofágico inferior não se fecha
adequadamente, permitindo ao quimo ácido reflua para a parte inferior do esófago. Isto causa
azia, com sensação de queimação epigástrica e retroesternal chamada pirose.
Diarreia é a evacuação frequente (mais de vezes por dia) de fezes, que geralmente são fezes
líquidas ou pastosas, ocasionalmente acompanhadas de sangue (disenteria).
A obstrução intestinal é uma condição aguda, de muitas possíveis causas, caracterizada pela
obstrução completa do trânsito intestinal, de maneira que não há emissão de fezes nem de
gases e se acompanha geralmente de vómitos.
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Alterações metabólicas, pela incapacidade de realizar as suas funções
habituais e pela incapacidade para metabolizarem medicamentos e tóxicos.
A obstrução ao fluxo do sangue pela veia porta (por trombose da mesma ou por doença
crónica do fígado) provoca um aumento da pressão do sangue do seu território (hipertensão
portal), que frequentemente provoca sangramentos dentro do próprio tubo digestivo
(hemorragia digestiva alta).
A via biliar produz frequentemente cálculos (formações minerais, como pedras, por
cristalização dos seus componentes). Os cálculos podem não dar problemas ou provocar
diferentes doenças, em relação à obstrução e infecção da via biliar e do pâncreas.
Doenças do pâncreas incluem: a sua inflamação aguda com auto-digestão do órgão pelas
enzimas que contém (pancreatite aguda), a sua inflamação crónica e cicatrização do seu
tecido (pancreatite crónica) e os tumores (carcinoma pancreático). Lesões das células beta das
ilhotas de Langerhans no pâncreas resultam em diabetes insulino-dependente
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10.Conclusão
Feito isto concluiu-se que o aparelho digestivo extra-abdominal é constituído pela boca e seus
anexos, a faringe e o esófago, e tem como função o início da digestão e o transporte dos
alimentos até o aparelho digestivo intra-abdominal; a boca é a cavidade de entrada dos
alimentos, que contem os anexos que iniciam a digestão: dentes, língua e glândulas salivares.
Na boca se realiza a primeira fase da digestão, mediante a trituração mecânica dos alimentos
pelos dentes é a mistura com a saliva pela língua para formar o bolo alimentar. O estômago é
órgão intra-abdominal que recebe o bolo desde o esófago, para fazer uma grande parte da
digestão dos alimentos, que depois envia pelo piloro para o intestino delgado. O intestino
delgado é um tubo comprido onde se realizam as últimas fases da digestão dos alimentos e
onde se realiza a absorção dos nutrientes. O intestino grosso é um tubo de maior diâmetro
onde se faz a absorção de água para formar o bolo fecal que se expulsará pelo ânus. O fígado
é uma glândula que produz bílis (necessária para a digestão) e que filtra o sangue proveniente
da absorção intestinal de nutrientes, realizando o metabolismo e armazenamento destes. O
pâncreas é uma glândula com uma porção exócrina que secreta no duodeno enzimas
digestivas e outra endócrina que secreta no sangue hormónios que regulam o metabolismo
dos açúcares.
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11.Referências
Guyton & Hall, Tratado de Fisiologia Médica, 11ª edição, 2006
Jacob SW. Anatomia e fisiologia humana. 5ª edição. Brasil: Guanabara Koogan; 1990.
http://essa.uncoma.edu.ar/academica/materias/morfo/ARCHIVO%20PDF%202/.
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