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Aula 4

RESUMO: Motilidade do Trato Gastrointestinal

 Anatomia da parede gastrointestinal


- A parede gastrointestinal é dividida em camadas: mucosa,
submucosa, muscular (m. circular interno e m. longitudinal externo) e
serosa.

- OBS.: Na submucosa está presente o plexo nervoso de Meissner


(submucoso) e entre as camadas muscular, o plexo nervoso de
Auerbach (mioentérico).

 Atividade Elétrica do Músculo Liso Gastrointestinal


- O músculo liso do trato gastrointestinal é excitado por atividade
elétrica intrínseca, contínua e lenta, nas membranas das fibras
musculares. Essa atividade consiste em dois tipos básicos de ondas
elétricas: ondas lentas e potenciais em ponta.

- Ondas Lentas: a maioria das contrações gastrointestinais ocorre


ritmicamente, e o ritmo é determinado, em grandes partes, pela
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frequência das chamadas “ondas lentas”. Essas ondas, não são


potencias de ação. São variações lentas e ondulantes do potencial de
repouso da membrana. As células de Cajal, localizadas entre as
camadas musculares, atuam como marca-passos elétricos. As ondas
lentas não causam, por si sós, contração muscular (exceto no
estômago), mas basicamente, estimulam o disparo intermitente de
potenciais em ponta e, estes, de fato, provocam a contração muscular.

- Potenciais em ponta: são verdadeiros potenciais de ação. Quando o


potencial da membrana atinge geralmente por volta de -40mV, no pico
da onda lenta, surgem os potenciais de ponta surgem. Quanto maior o
potencial da onda lenta, maior a frequência dos potenciais em ponta.

- OBS.: a contração do músculo liso ocorre em resposta à entrada de


íons cálcio na fibra muscular. As ondas lentas não estão associadas à
entrada de íons cálcio e, sim, somente íons de sódio. Dessa forma, em

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geral não causam contração muscular. É durante os potenciais em


ponta, gerados nos picos das ondas lentas, que quantidades
significativas de íons de cálcio entrem nas fibras e causam grande parte
da contração.

 Controle Neural da Função Gastrointestinal


- A estimulação simpática, em geral, inibe a atividade do trato
gastrointestinal.

- As fibras nervosas sensoriais aferentes do intestino são geralmente


oriundas do n. vago e respondem a irritação da mucosa, distensão
excessiva do intestino ou presença de substâncias químicas específicas.

 Tipos de movimentos no trato gastrointestinal


- No trato gastrointestinal existem dois tipos de movimentos:
movimentos propulsivos (peristaltismo) que fazem com que o
alimento percorra o trato com velocidade apropriada e movimentos de
mistura, que mantêm os conteúdos intestinais bem misturados todo o
tempo.

 Movimentos propulsivos (peristaltismo): um anel contrátil, ao


redor do intestino, surge em um ponto e se move para adiante

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- O estímulo usual do peristaltismo é a distensão do trato


gastrointestinal.

- OBS.: “Reflexo Peristáltico” e “Lei do Intestino”: o reflexo peristáltico


(ou mioentérico) e a direção do movimento do peristaltismo (bocal-
anal) constituem a chamada “Lei do Intestino”.

 Movimentos de Mistura: diferem nas várias partes do trato


alimentar. As próprias contrações peristálticas causam a maior
parte da mistura, o que é, especialmente, verdadeiro quando a
progressão dos conteúdos intestinais é bloqueada por esfíncter, de
maneira pode apenas agitar os conteúdos intestinais, em vez de
impulsioná-los para frente.

 Propulsão e Mistura dos Alimentos no trato alimentar


- A quantidade de alimento que a pessoa ingere é determinada, em
grande parte, pelo desejo por alimento chamado fome. O tipo de
alimento que a pessoa prefere é determinado pelo apetite.

 Mastigação: grande parte desse processo é causada pelo reflexo de


mastigação. A presença de bolo alimentar na boca, primeiro,
desencadeia a inibição reflexa dos mm. da mastigação, permitindo
que a mandíbula inferior se abaixe. Isso por sua vez, inicia reflexo de
estiramento dos mm. mandibulares que leva a contração reflexa, o
que, automaticamente, eleva a mandíbula, causando o cerramento
dos dentes. A mastigação é importante para aumentar a área de
superfície de contato dos alimentos e facilitar o seu transporte.

 Deglutição: esse processo pode ser dividido em: estágio voluntário,


estágio faríngeo (involuntário) e estágio esofágico (involuntário).

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- Estágio voluntário: quando o alimento está pronto para ser deglutido,


ele é “voluntariamente”, comprimido e empurrado para trás em
direção à faringe.

- Estágio faríngeo: o palato mole se eleva, a traqueia se fecha, o


esôfago se abre e onda peristáltica rápida, iniciada pelo sistema
nervoso da faringe, força o bolo de alimento para a parte superior do
esôfago.

- Estágio esofágico: o esôfago apresenta dois movimentos: peristáltico


primário e secundário. O primário é a continuação da onda peristáltica
que começa na faringe e se prolonga para o esôfago. Se a onda
peristáltica primária não conseguir mover, para o estômago, todo o
alimento que entrou no esôfago, ondas peristálticas secundárias
resultam da distensão do próprio esôfago com o alimento retido; essas
ondas continuam até o completo esvaziamento do esôfago.

- OBS.: A musculatura da parede faríngea e do terço superior do


esôfago é composta por músculo estriado. Portanto, as ondas
peristálticas nessas regiões são controladas por impulsos em fibras
nervosas motoras de músculos esqueléticos do nervos glossofaríngeo e
vago. Nos dois terços inferiores do esôfago, a musculatura é composta
por músculo liso e essa é controlada pelo n. vago, que atua por meio
de conexões com o sistema nervosos mioentérico esofágico.

 Relaxamento receptivo do estômago: quando a onda peristáltica


esofágica se aproxima do estômago, onda de relaxamento,
transmitida por neurônios inibidores mioentérico, precede o
peristaltismo. O relaxamento do estômago facilita sua dilatação
para a acomodação do alimento.

 Esfíncter Esofágico Inferior: quando a onda peristáltica da


deglutição desce pelo estômago, ocorre o “relaxamento receptivo”

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do esfíncter esofágico inferior. Raramente, o esfíncter não se relaxa,


de forma satisfatória, resultando na condição denominada de
acalasia.

 Funções motoras do estômago


- As funções motoras do estômago estão associadas: com o
armazenamento de alimento até que ele possa ser processado no
estômago e encaminhado para o duodeno; misturar esse alimento com
secreções gástricas até formar uma mistura semilíquida denominada
de quimo; esvaziar, lentamente, o quimo do estômago para o
duodeno, vazão compatível com a digestão e absorção adequadas.

- Armazenagem do Estômago: quando o alimento distende o


estômago, o “reflexo vago vagal” reduz o tônus da parede muscular do
órgão de modo que a parede se distende, acomodando mais e mais
alimento até o limite (0,8 a 1,5 L).

- Mistura: quando o alimento atinge o corpo do estômago, estimula as


ondas de mistura (sem atingir o potencial de ação), porém conforme
avança para o antro, o potencial de ação é atingido e dá início as ondas
peristálticas. A medida que as ondas peristálticas atingem o piloro, o
esfíncter é aberto, no entanto, sua passagem é muito estreita, apenas
alguns milímetros, o que ocorre que apenas uma pequena parte do
quimo passe para o duodeno e outra, por conta da força da onda, seja
lançada de volta para o corpo do estômago, tal ação é denominada de
retropulsão (ou ejeção retrógrada).

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- OBS.: contrações de fome, em geral, ocorre quando o estômago fica


vazio por várias horas (12-24h). Quando ocorre contrações da fome no
estômago, por vezes, sente branda dor epigástrica, denominada
pontadas de fome.

 Fatores gástricos que promovem o esvaziamento gástrico:


dilatação da parede muscular do estômago e efeito do hormônio
gastrina.

 Fatores duodenais que promovem a inibição do esvaziamento


gástrico: o principal fator é a mudança de pH com a chegada de
quimo ainda ácido do duodeno; outro fator relevante é a distensão
duodenal e o feedback hormonal pela colecistocinina (CCK).

 Movimentos do intestino delgado


- Os movimentos do intestino delgado, como os de outros locais do
trato gastrointestinal, podem ser divididos em contrações de mistura e
contrações propulsivas. O movimento resultante, ao longo do intestino
delgado, é de, em média, 1 cm/min. Isso significa que são necessárias 3
a 5 horas para a passagem do quimo do piloro até a válvula ileocecal.

- Válvula ileocecal: a principal função dessa é a de evitar o refluxo do


conteúdo fecal do colón para o intestino delgado.

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 Movimentos do Cólon
- A principal função do cólon é a absorção de água para a formação das
fezes.

- Movimentos de mistura (haustrações).

- Movimentos propulsivos (movimentos de massa): grande parte da


propulsão no ceco e no cólon ascendente resulta de contrações das
haustrações lentas, mas persistentes; o quimo leva de 8 a 15 horas
para se mover da válvula ileocecal, pelo cólon, passando a ser fecal, em
qualidade, ao se transformar de material semilíquido em material
semissólido.

- Do ceco ao sigmoide, movimentos de massa pode, por vários minutos


a cada surto, assumir o papel propulsivo. Esses movimentos,
normalmente, ocorrem apenas uma a três vezes por dia. O movimento
de massa é tipo modificado de peristaltismo caracterizado pela
seguinte sequência de eventos: primeiro um anel constritivo ocorre,
em resposta à distensão ou irritação, em um ponto no cólon, em geral,
no cólon transverso. Então rapidamente, as haustrações desaparecem
e o segmento passa a se contrair como uma unidade, impulsionando o

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material fecal em massa para regiões adiantes no cólon. Quando


tiverem forçado a massa de fezes para o reto, surge a vontade de
defecar.

- OBS.: o reflexo de defecação é parassimpático, ele promove a


contração do reto e relaxamento do esfíncter interno; no entanto o
esfíncter externo é voluntário, controlado pelo n. pudendo.

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