Você está na página 1de 10

Motilidade do sis.

digestório
A contração do músculo liso se inicia por meio de canais de Ca2+ dependentes
de voltagem que estão localizados na membrana celular. Ao entrar na célula, o
cálcio favorece o efluxo de Ca2+ do retículo endoplasmático para o citoplasma
aumentando ainda mais a sua concentração celular.

No meio intracelular, o Ca2+ se une a proteína calmodulina formando o


complexo Ca-calmodulina.

Esse complexo tem a capacidade de fosforilar a MLCK (quinase de cadeia


leve) que se torna ativa na sua forma fosforilada.

A MLCK irá desencadear os eventos da contração muscular: atividade


ATPase da miosina > formação das pontes cruzadas > contração muscular.

O músculo liso pode estar relaxado e contraído. Quando ele está contraído
pode estar em contração fásica ou tônica.

Contração fásica: músculo relaxado > contração > músculo relaxado. Ocorre
nos órgãos do TGI, ex: esôfago.

Motilidade do sis. digestório 1


Contração tônica: contração constante. Ocorre normalmente nos
esfíncteres.

Ondas lentas: oscilações ou despolarizações subliminares, frequência típica


para cada região do TGI, determinada nas regiões de marca­-passo,
originam o ritmo elétrico basal.

Assim como no coração, existe um “marco passo” no trato


gastrointestinal, essa célula apresenta um aspecto parecido com
um fibroblasto. São as células intersticiais de cajal, elas geram
potenciais de ação e se comunicam umas com as outras por
junções do tipo GAP. Isso propicia a propagação do impulso
elétrico por toda a musculatura lisa.

Motilidade do sis. digestório 2


Padrões de comportamento motor: envolvem os processos de contração e
relaxamento da musculatura.

Peristalse: onda contrátil numa região anterior ao bolo alimentar com o


intuito de deslocar o conteúdo luminal no sentido cefálo-caudal.

Segmentação: ondas contráteis adjacentes do intestino que facilitam a


mistura, digestão e absorção dos alimentos.

Motilidade do sis. digestório 3


Mastigação: papel dos dentes na quebra dos alimentos. O movimento da
mandíbula é coordenado por um ritmo devido a inervação motora do nervo
trigêmeo.

Deglutição: a língua desliza o conteúdo alimentar para cima e para trás em


direção ao palato mole.

Quando isso acontece, há o fechamento da cavidade nasal. Nessa região,


há inervação de um ramo sensitivo do NC trigêmeo, gerando um potencial
de ação e o conduzindo para o centro da deglutição que fica no tronco
encefálico.

Motilidade do sis. digestório 4


A resposta vem pelos nervos vago e glossofaríngeo. O trigêmeo fecha a
epiglote (para que o conteúdo alimentar não siga para a laringe) e relaxa os
esfíncteres esofágicos: primeiramente o esfíncter esofágico superior (EES)
que irá realizar peristalse, e depois o esfíncter esofágico inferior (EEI) que já
está relaxado.

Motilidade do sis. digestório 5


💡 Acalásia: aumento de tônus do EEI ou de falha no seu relaxamento.
Logo, o alimento irá ficar concentrado na região distal do esôfago,
além disso o ESS irá impedir o fluxo retrógrado. Pode ser realizada
dilatação mecânica com um balão.

Motilidade gástrica: ao chegar no estômago o alimento encontrará o esfíncter


pilórico contraído, a distensão da parede gástrica provoca um estimulo para a
atividade secretora gástrica. A musculatura gástrica se contrai para promover a
mistura do alimento com as secreções gástricas.

💡 O EEI pode relaxar promovendo refluxo gástrico-esofágico.

O conteúdo estomacal não é liberado de uma única vez: onda contrátil >
esfíncter pilórico relaxa > parte do conteúdo estomacal passa para o
duodeno > esfíncter pilórico contrai.

Motilidade do sis. digestório 6


As primeiras contrações ocorrem no antro e se dissipam para o piloro.
Depois a onda contrátil ocorre no corpo e segue até a região do
esfíncter pilórico que se abre e logo fecha, assim o processo se repete.

Complexo Migratório Mioelétrico (CMM): inicia uma atividade elétrica e


motora peristáltica, que empurra qualquer material (pequenos ossos e
alimentos não digeridos) que não tenha deixado o estômago durante o
processo digestivo. Ocorrem da região superior para a inferior.

Motilidade do sis. digestório 7


A gastrina estimula a contração do esfíncter pilórico, a secretina ajuda a
reduzir a acidez do conteúdo gástrico e a CCK ajuda a quebrar os
nutrientes e a relaxar o esfíncter pilórico para permitir a passagem do
conteúdo gástrico para o intestino delgado.

O processo de segmentação ocorre mais no estômago e intestino delgado e


menos no restante do trato gastrointestinal. Isso ocorre pois a maior parte das
secreções são liberadas até o duodeno.

Motilidade do sis. digestório 8


Motilidade do intestino delgado

Surto peristáltico: ocorre na porção final do intestino delgado e empurra o


alimento do lúmen intestinal para o intestino grosso. Isso ocorre pois a
segmentação no íleo é pequena porque a maioria dos nutrientes já foram
absorvidos (duodeno e jejuno). Logo, essa onda contrátil empurra o
conteúdo luminal para o ceco.

💡 Íleo paralítico: ausência transitória dos movimentos contráteis normais


da parede intestinal.

Motilidade do intestino grosso

Movimento de massa: contração de grandes extensões do cólon.

A distensão do reto, pela chegada das fezes, em resposta ao


movimento de massa, distende a sua parede e desencadeia o reflexo da
defecação (normalmente ele está contraído).

Contrações segmentares

São as haustrações, que movimentam o conteúdo luminal tanto no


sentido cefálo-caudal como no oposto, por retropropulsão.

Motilidade do sis. digestório 9


Haustrações no cólon descendente e sigmóide têm uma função de
amassamento e lubrificação das fezes pelo muco, abundantemente
secretado no cólon. Nestes locais, a consistência do conteúdo luminal é
pastosa. Propulsão só ocorre no cólon distal, pelo movimento de massa.

Propulsão segmentar: esvaziamento do conteúdo luminal de um ou de


vários haustros para outro, no sentido cefálo-caudal, o que propele o
conteúdo luminal a curtas distâncias.

Reflexo de defecação: consiste no relaxamento do esfíncter anal interno e


na contração do esfíncter anal externo. Esse reflexo cessa quando as fezes
saem, mas se for adiado os esfíncteres voltam ao normal e ocorre
retropropulsão ao colo sigmoide.

Sistema biliar

A presença de lipídeos no intestino delgado ativa as células I (células


endócrinas presentes no duodeno e jejuno) que liberam colecistocinina. A
CCK atua por uma via vagal (acetilcolina) que irá contrair a vesícula biliar
promovendo a liberação da secreção biliar no duodeno, além disso a CCK
também irá relaxar o esfíncter da ampola hepatopancreática (de Oddi).

💡 Cálculos biliares: constituintes biliares precipitados, que se acumulam


na vesícula biliar, ou em outro local das vias biliares. Causada por
dieta rica em gorduras.

Motilidade do sis. digestório 10

Você também pode gostar