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01 fev 21
Aula 01 – Sistema digestório I
Prof. Stefani Valéria Fischer
Além disso, há órgãos anexos ao trato gastrointestinal, as- Sistema nervoso entérico
sociados a ele, auxiliam na digestão e na absorção: É a inervação própria do trato gastrointestinal compreen-
- Dentes. dendo plexos nervosos (complexos de neurônios) que se
- Língua. localizam ao longo do trato digestório. Essa rede de neu-
- Glândulas salivares. rônios distribui-se pelo esôfago, estômago e intestino e é
- Fígado (produção da bile). responsável por coordenar secreção, motilidade e por re-
- Vesícula biliar (armazena e concentra a bile). gular o aporte sanguíneo de acordo com a necessidade.
- Pâncreas (porção exócrina responsável pela produção
de enzimas digestivas que são direcionadas ao intestino). Os plexos nervosos subdividem-se em:
Regulação da função do trato gastrointestinal Os plexos apresentam neurônios sensitivos que perce-
Todas as células que formam o TGI, de todas as camadas bem essas variações (por exemplo: estímulos mecânicos
e segmentos, são responsivas a hormônios, a sinalização e químicos). Esses neurônios sensoriais, em contato com
parácrina e a neurotransmissores. Ou seja, a regulação os interneurônios que, por sua vez, estão em contato com
das funções do trato gastrointestinal ocorre por meio de: os neurônios motores e acabam os estimulando fazendo
com que liberem neurotransmissores responsáveis por
Hormônios. desencadear respostas secretórias e respostas de motili-
Sinalização parácrina. dade (contração e relaxamento da musculatura lisa).
Sinalização neuronal (neurotransmissores).
Variação mecânica = tração, estiramento.
Sinalização neuronal: ocorre tanto pelo sistema nervoso Variação química = osmolaridade, substâncias dos
entérico, quanto sistema nervoso autônomo (simpático e próprios alimentos.
parassimpático) que compõe a inervação extrínseca que
faz sinapse com o SNE e modula o TGI. Inervação extrínseca: O sistema nervoso autônomo pelas
divisões parassimpática e simpática faze contato com os
O principal estímulo para iniciar a secreção dos hormô- neurônios intrínsecos modulando sua atividade.
nios, as secreções parácrinas e a sinalização neuronal
ocorre a partir de um estímulo local. Assim, quando nos (a) Simpático: eferências partem da região toráculo-lom-
alimentos, o conteúdo passando pelo TGI acarreta mu- bar da medula espinal. Os neurônios pré-ganglionares se
danças de pH, estiramento da parede, mudança de osmo- direcionam para os gânglios (especialmente para os gân-
laridade e os próprios produtos da digestão estimulam re- glios celíaco e mesentéricos superior e inferior) onde há
ceptores sensoriais presentes na mucosa desencadeando sinapse com os neurônios pós-ganglionares que são dire-
respostas neuronais intrínsecas (desencadeadas pelo cionados para diversas regiões do trato gastrointestinal.
SNE) enviando sinais para o SNC por aferências sensoriais Os neurônios pós-ganglionares simpáticos fazem sinapse
regulando tanto secreções, quanto motilidade do TGI. com os neurônios entéricos (formadores dos plexos) mo-
dulando sua atividade. Além disso, o sistema nervoso sim-
Principal estímulo para iniciar é o estimulo local, o pático também pode modular diretamente algumas célu-
alimento passando pelo trato gastrointestinal. las ou estruturas da parede do trato gastrointestinal.
O N. Vago estimula os neurônios presentes na parede do Com isso, há estímulo para secreções gástricas e entéri-
trato gastrointestinal que formam o plexo mioentérico cas antes de o alimento passar pelas regiões. Ou seja, a
para que haja motilidade. fase cefálica age preparando o trato gastrointestinal para
que ele receba o alimento com secreções já prontas.
Dos 9 L que passam diariamente pelo trato gastrointesti-
nal, há uma porção advinda da alimentação e uma porção Fase cefálica = preparo de secreções e motilidade.
secretada pelas glândulas do trato para a luz do tubo. Por
exemplo, a saliva corresponde a 1,5 L por dia, além dela, Nervo vago: atua no esôfago, no estômago e em porções
há secreções gástricas, entéricas e de glândulas anexas iniciais do intestino delgado e intestino grosso. É o nervo
(como o fígado e o suco pancreático). Apesar disso, dos 9 principal na inervação do trato gastrointestinal superior.
L diários, apenas pequena porção de 150 mL é eliminada – Neurotransmissor principal: acetilcolina, estimulatório
nas fezes já que a maior parte é absorvida. para secreções e motilidade.
Por exemplo: quando a pessoa viu o alimento, ativou a Além disso, o tronco encefálico recebe informações do
fase cefálica, começou a salivar e teve as secreções gás- córtex (como olfato e gustação) que irão regular esse pro-
tricas estimuladas e aumento da motilidade. Porém, se a cesso da mastigação. Além disso, há um controle volun-
pessoa não comeu, o processo gradualmente se desfaz tário, assim, é possível definir se eu quero mastigar mais
porque há uma parada no estimulo dos núcleos neuronais ou menos ou fazer processos.
do nervo vago e, gradualmente, o preparo para o recebi-
mento do alimento se desfaz voltando para a fase basal. A partir do tronco encefálico, os núcleos neuronais en-
viam neurônios motores eferentes que inervam os mús-
Fase oral culos estriados esqueléticos responsáveis pela mastiga-
Estímulos orais se somam à fase oral. O mecanismo de ção, por exemplo, masseter, pterigoideo lateral e medial,
secreção salivar desencadeado pela fase cefálica, em con- temporal.
junto com o alimento em contato com a mucosa oral
agem estimulando terminais sensoriais que levam essa in- Secreção salivar: a saliva cumpre diversas funções, umidi-
formação para o SNC trazendo um estímulo das glândulas fica, lubrifica, solubiliza para o paladar, inicia a digestão
salivares para a produção e secreção da saliva. de carboidratos e lipídios (por enzimas), neutraliza o re-
fluxo gástrico (auxilia na neutralização do ácido do re-
A trituração do alimento sólido de maneira mecânica pe- fluxo), regula a temperatura, faz limpeza da cavidade oral
los dentes gera um estímulo da salivação. A mistura do (conteúdo seja eliminado e deglutido com ela) e participa
bolo alimentar com a saliva inicia a digestão, especial- da defesa imunológica (secreção de anticorpos na saliva).
mente do amido, e facilitada a deglutição já que o ali-
mento molhado é mais facilmente deglutido, causando - Produção basal: 1,5 L/dia
menos lesões no epitélio de revestimento das cavidades, - Noturno: há redução (por isso deve haver uma escova-
evitando, também, escoriações no trato gastrointestinal. ção ideal à noite, já que a salivação reduzida diminui a
Além disso, a salivação possibilita saborear o alimento já limpeza, favorecendo os microrganismos).
que as partículas dissolvidas estimulam algumas termina-
ções sensoriais químicas possibilitando a palatabilidade. A alimentação é um estímulo para a produção sali-
var. A saliva aumenta de 10/20 vezes nessa condição.
Reflexo mastigatório: o estímulo do alimento em termi-
nais sensoriais da mucosa oral causa a inibição da muscu- As glândulas salivares são compostas por porções acino-
latura mastigatória porque a informação, levada ao SNC, sas, responsáveis pela secreção de enzimas, e uma sele-
induz uma resposta de relaxamento da musculatura com ção de ductos em que há modificação da saliva inicial. As-
queda da mandíbula e estiramento da musculatura. As sim, a saliva divide-se em:
terminações sensoriais do próprio músculo estriado es-
quelético captam esse estímulo de estiramento e estimu- Serosa = saliva aquosa, enzimas.
lam reflexos que promovem a contração da musculatura Mucosa = muco, glicoproteínas.
que comprime o bolo alimentar.
As glândulas salivares maiores, as principais, são as paró-
Ciclo que se repete constantemente: alimento na tidas, sublinguais e submandibulares, responsáveis pela
boca, inibe os músculos da mastigação, a mandíbula produção de aproximadamente 90% do volume total de
cai e há estiramento. O estiramento, ou seja, o mús- saliva.
culo relaxado, serve como estímulo para a contração
da musculatura e compressão do bolo alimentar. Hipofunção das glândulas salivares: disfunções com favo-
Junto a isso a língua favorece a mistura do conteúdo recimento de lesões, especialmente na mucosa, dificul-
alimentar com secreção salivar. dade de deglutição, maior propensão a desenvolvimento
de cárie, rachaduras na língua, queimação na garganta e
A região do tronco encefálico é importante para o con- na boca pela ausência de lubrificação, propiciando dor e
trole da mastigação já que é onde estão localizados os nú- o aparecimento de infecções oportunistas.
cleos neuronais responsáveis pelo estímulo. Recebem as
informações da cavidade oral via nervos sensoriais (V, VII Síndrome de Sjogren: disfunção que causa resse-
e IX) e, nos núcleos, há processamento e a informação camento da cavidade oral (xerostomia). Fisiopatolo-
motoro enviada para os músculos da mastigação. gia envolve a incapacidade de transportar íons e água
por meio dos trocadores de cloreto e íon bicarbonato
e dos poros de aquaporina 5 após estimulação coli- pH salivar: varia (de 6,2 a 7,2) conforme o período.
nérgica.
(a) Período interdigestivo: menor produção de saliva,
Composição orgânica: enzimas responsáveis pela degra- isotônica gradualmente modifica até uma saliva hipo-
dação de carboidratos (amilase – amigo e glicogênio) e tônica secretada na cavidade oral com pH oral de
que auxiliam na degradação de lipídios (lipases) e que au- cerca de 7,2. Fluxo menor, mais tempo de passagem
xiliam na digestão de RNA (ribonucleases). Proteínas ricas pelos ductos permitindo uma maior modificação.
em prolina ideais para a lubrificação e para a formação de
proteção do esmalte (mucinas), proteínas com efeito an- (b) Períodos alimentares: fluxo maior. O período de
tibacteriano (Lactoferrina, lactoperoxidase e lisozima). passagem da saliva primária pelos ductos é mais rá-
Além disso, há anticorpos (IgA) necessários para a ação da pido, mas modificações acontecem em uma propor-
saliva na resposta imunológica, e fatores de crescimento ção menor. A saliva é mais ácida porque há menor
que estimulam parede/mucosa do trato gastrointestinal. adição de bicarbonato. Nesse momento, a saliva se-
Imunoglobulinas (IgA) anticorpos necessários para a ação cundária é muito mais próxima da saliva primária.
Composição inorgânica: íons (sódio, potássio, bicarbo- Controle secretor da saliva: o controle da secreção da sa-
nato, cálcio, magnésio, cloreto) e água (composição mais liva é exclusivamente neuronal. O SNA, pelas inervações
líquida da saliva). simpáticas e parassimpáticas, estimula síntese/secreção.
Essa composição se altera de acordo com nosso Parassimpático: especialmente através do N. Facial
estado pré ou pós-prandial (antes da alimentação, in- (VII) e do N. Glossofaríngeo (IX) que inervam as glân-
terjejum, e períodos de alimentação ou logo após a dulas salivares e estimulam sua secreção. As células
alimentação). Além disso, da composição da saliva, mioepiteliais em torno dos ácinos que promovem a
cerca de 98% a 99% é água. contração favorecendo a ejeção do conteúdo da luz
dos ácidos para dentro dos ductos. Além disso, pro-
Secreção salivar: divide-se em secreção primária e secre- movem a vasodilatação dos vasos sanguíneos que ir-
ção secundária, cada uma com diferentes características. rigam as glândulas através do VIP (neurotransmissor
inibitório). A ação nos ácinos e ductos pela acetilco-
(a) Secreção primária: que forma a saliva. A concen- lina estimula o receptor que atua via IP3 aumentando
tração de íons, em comparação com a do plasma, é o cálcio intracelular, via fosfolipase C, estimulando a
isotônica (concentração de potássio levemente secreção dos ácinos e dos ductos, tanto de eletrólitos
maior, mas basicamente a mesma coisa). Formada quanto de água. Também promovem estímulo do
pela região acinar e secretada na luz dos ductos. crescimento glandular e manutenção das glândulas.
- Efeito final: estímulo para secreção salivar.
Quando essa saliva passa pelos ductos, especialmente
pelo ducto estriado, há proteínas nas membranas das cé- Simpático: também é para estimulo secretório. Po-
lulas que irão fazer trocas de íons culminando na modifi- rém, promove a vasoconstrição dos vasos sanguí-
cação da saliva primária que passa a ser chamada de sa- neos, com efeito final de inibição da secreção salivar.
liva secundária que será direcionada para a cavidade oral. Há secreção de proteínas do componente eletrolítico
e do conteúdo orgânico, porém, o conteúdo liquido
(b) Secreção secundária: saliva hipotônica, com me- para produção da saliva é reduzido, assim, há um me-
nor concentração de íons em relação à saliva primá- nor volume de saliva, com aspecto mais espesso. Ca-
ria. Há reabsorção de cloreto de sódio (Na e Cl) e adi- racterística de boca seca para quem tem aumento da
ção de potássio e bicarbonato de sódio, este, inclu- atividade simpática (como em atividades físicas, paci-
sive, que é muito importante para a neutralização da entes que ficam nervosos no consultório odontoló-
acidez como nos casos de refluxo. Portanto, a saliva gico ou em outras condições de estresse). Embora es-
secundária também é menos ácida pela adição de ba- timule as células ductais e acinares, o efeito de vaso-
ses. A concentração é hipotônica porque os ductos constrição reduz o conteúdo liquido da saliva.
são impermeáveis à água, permitindo apenas a absor-
ção dos íons. Fase esofagiana
A deglutição apresenta 3 fases, oral, orofaríngea e esofá-
gica. É parcialmente voluntária e parcialmente reflexo, ou
seja, até cerco ponto é passível de controle. No processo
reflexo, há vários nervos sensoriais e motores. Os termi- do sistema nervoso central, já a onda secundária conta
nais sensoriais da cavidade oral levam a informação para com a participação apenas do sistema nervoso entérico.
a região do tronco encefálico, essa informação é proces-
sada e eferências motoras coordenam os músculos res-
ponsáveis pelo processo de deglutição (inervam os mús- Fase gástrica
culos estriados esqueléticos e os músculos lisos, especifi- O estômago pode ser dividido em 3 porções de acordo
camente os lisos na região do esôfago). com as secreções prevalentes e o tipo de glândulas que
estão formando as respectivas porções, assim:
1. Fase oral (voluntária): quando o alimento está na
cavidade oral. Há fechamento dos lábios e a língua (a) Região cárdica, próxima ao esfíncter gástrico su-
age empurrando o bolo contra o palato duro e poste- perior. É responsável pela secreção de muco e bicar-
riormente contra o palato mole. As terminações sen- bonato promovendo prevenção ao refluxo e grande
soriais no final posterior são estimuladas e os estímu- relaxamento receptivo para que o conteúdo do esô-
los táteis iniciam o reflexo da deglutição (processo in- fago entre no estômago. Quando o conteúdo está
voluntário). chegando próximo ao estômago, há estímulos senso-
riais que levam a informação até o SNC, e, via N. Vago,
2. Fase faríngea (involuntária): os reflexos estimula- há relaxamento da região da cárdia para que haja re-
dos onde há abertura do esfíncter esofágico superior dução da pressão interna para acomodação do con-
iniciando a onda de peristaltismo primária. Onda de teúdo alimentar.
contração da musculatura estriada esquelética fa-
zendo a constrição posterior e dilatação na porção (b) Região do fundo e do corpo, a maior proporção.
anterior de relaxamento receptivo. Secreção de H+, de fator intrínseco, bicarbonato,
pepsinogênio e lipase. É uma região de reservatório,
o conteúdo alimentar é armazenado com força tônica
O esófago possui uma primeira porção de musculatura
durante o processo de esvaziamento do estômago. A
estriada esquelética e, gradualmente, passa para muscu-
partir da porção mediana, o estômago tem 3 cama-
latura lisa nas 2/3 finais. Então, inicialmente, o peristal-
das de musculatura lisa: uma circular, uma longitudi-
tismo promove a contração dessa musculatura estriada
nal e uma oblíqua. Até a região mais distal do antro,
esquelética e, gradualmente, passa para a musculatura
a camada extra de musculatura lisa funciona como
lisa. A onda de peristaltismo primária é gerada a partir de
uma bomba e promove a contração vigorosa e a que-
reflexos que levam a informação para o tronco encefálico
bra mecânica misturando o conteúdo com as secre-
e a partir daí trazem a informação motora de constrição
ções gástricas e empurrando-o contra a região do pi-
e relaxamento. Porém, após a onda primária, há ondas
loro para que esse conteúdo liquefeito passe gradu-
consecutivas de peristaltismo secundário desencadeadas
almente pele região do esfíncter e seja levemente di-
pelo próprio sistema nervoso entérico.
recionado para a região do intestino delgado.
3. Fase esofagiana (involuntária): passagem do bolo
(c) Antro e piloro, região mais distal. Especialmente
pelo esôfago exige que haja o relaxamento do esfínc-
responsáveis pela secreção de muco e de bicarbo-
ter superior, as ondas primárias prosseguem ao longo
nato importantes para a neutralização de H+. Região
do esôfago e gradualmente são propagadas por ele.
de grande mistura, trituração do alimento com as se-
Além disso, há relaxamento do esfíncter esofágico in-
creções gástricas e também de esvaziamento. É uma
ferior para a passagem do conteúdo para o estô-
região responsiva a vários hormônios gástricos e en-
mago. Há, além disso, uma onda secundária para caso
téricos promovendo a abertura ou fechamento do es-
resquícios de alimento permaneceram no esôfago. O
fíncter pilórico (intermédio entre o conteúdo gástrico
estiramento da porção do esôfago pelo alimento es-
e o intestino delgado).
timula o sistema nervoso entérico desencadeando re-
flexos locais que levam a constrição da musculatura
Divisão funcional: o estômago pode ser dividido entre
lisa atrás do bolo e o relaxamento na frente do bolo.
uma porção distal (próxima ao delgado) e uma porção an-
terior (próxima ao esôfago). Os tipos principais de glân-
A onda de peristaltismo secundárias são desencadeadas
dulas são as glândulas oxínticas e pilóricas.
pelo sistema nervoso de ação local, diferente da onda pri-
- Oxínticas, região central, maior parte (80%).
mária. Ou seja, a onda primária conta com a participação
- Pilóricas, região distal (20%).
Cada glândula é composta por células diferenciadas: Pacientes com remoção total ou parcial do estô-
mago necessitam de reposição de vitamina B12 por-
Glândulas oxínticas: que não apresentam fator intrínseco sendo secre-
- Células parietais (ácido clorídrico e fator intrínseco). tado. A B12 age na medula óssea promovendo a ma-
- Células mucosas (muco e bicarbonato). turação das células vermelhas, assim, quem não tem,
- Células ECL (histaminas, como as enterocromafins). acaba desenvolve anemia perniciosa. Por exemplo,
- Células D (Somatostatina). em caso de cirurgia bariátrica.
- Células principais/pépticas (pepsinogênio).
(b) Secreções endócrinas, direcionadas à corrente
Glândulas pilóricas: sanguínea. Os hormônios gastrina e Somatostatina.
- Células mucosas (muco e bicarbonato).
- Células G (hormônio gastrina). (c) Secreções parácrinas, atuam localmente, uma cé-
- Células D (somatostatina). lula gástrica secreta uma substância que atua nas cé-
lulas vizinhas, como histamina e Somatostatina.
Todos os fatores (histamina, somatostatina e gastrina) re-
lacionam-se diretamente com a secreção de ácido clorí- A aspirina (e medicamentos com o mesmo princí-
drico e, indiretamente, com o pepsinogênio. pio ativo dela) pode causar úlceras gastrointestinais
em grandes concentrações porque inibe a ação da ci-
cloxigenase que produz as prostaglandinas, interme-
diários que estimulam a produção de muco que pro-
tege o epitélio contra o suco gástrico, assim, o epité-
lio fica mais susceptível a ações do ácido clorídrico.
Porém, nessa fase oral e cefálica, o alimento ainda não se A chegada do alimento no estômago, estimula o meca-
encontra no estômago. Assim, não é interessante que a nismo do tamponamento do ácido clorídrico favorecendo
secreção do ácido clorídrico esteja em grandes quantida- a inibição da secreção da somatostatina pelas células D.
des já que não há alimento nem para tamponar, nem para O N. Vago, muito estimulado, também inibe a secreção
que o ácido clorídrico digira. Assim, há mecanismo de re- de somatostatina pelas células D, e, via GRP, estimula a
gulação que pausa o excesso de secreção de ácido clorí- secreção de gastrina, assim como os componentes do ali-
drico enquanto o alimento ainda não está na luz gástrica. mento e a distensão que causam reflexos locais também
estimulando a secreção de gastrina.
Mecanismo de regulação: através das células D. Na região
do antro e na região mediana, no corpo do estômago. Então, nessa faze gástrica, os mecanismos contribuem
Com ácido gástrico secretado em grandes condições e o muito para a secreção de gastrina e, consequentemente,
pH tornando-se muito ácido, temos as células D sendo ati- para a secreção de ácido clorídrico. Por conta disso, a
vadas pelo íon H+ e há secreção de somatostatina. De maior parte das secreções ocorre nessa fase (60%).
modo geral, quando secretada pelas células do antro,
funciona como hormônio, cai na corrente sanguínea e re-
torna para as células que formam as glândulas gástricas.
Secreção de pepsinogênio: outro mecanismo importante
para a formação do suco gástrico. O pepsinogênio é uma
proteína secretada em sua forma inativa pelas células
pépticas/principais. Na luz do estômago, em condições
ideais de pH ácido, o pepsinogênio é convertido em pep-
sina, sua forma ativa. É necessário um pH ácido para que
o próprio H+ atue sobre o pepsinogênio convertendo-o
em pepsina. A pepsina é uma enzima ativa que atua nas
proteínas da dieta fazendo sua digestão parcial.
Esfíncter de Oddi: região que faz intermédio entre duo- Processo inverso: CO2 com água, pela ação da ani-
deno e o ducto do conteúdo pancreático e da vesícula bi- drase carbônica, gerando H2CO3 (ácido carbônico)
liar. Esse esfíncter precisa ser relaxado pela ação da CCK que se dissocia em H+ e bicarbonato (mesmo pro-
para que esse conteúdo possa passar para o intestino. cesso das células parietais). Diferença na localização
dos trocadores. O íon H+ (que antes ia para dentro) Controle secretor da bile: exercido pela CCK. Com a eje-
vai para o interstício trocado pelo sódio, e, posterior- ção do conteúdo vesicular para dentro do intestino, áci-
mente, para os capilares sanguíneos. O íon bicarbo- dos graxos e peptídeos estimulam as células I do intestino
nato, lançado para a luz do ducto, trocado pelo clo- delgado e há secreção da CCK. Via corrente sanguínea
reto, adicionado ao suco pancreático primário. Além (ação endócrina, hormonal), a CCK estimula a muscula-
disso, há uma passagem paracelular da água e do só- tura lisa que forma a parede da vesícula, assim, há con-
dio para dentro do ducto terminando a composição tração, aumento de pressão interna e ejeção da bile via
do suco pancreático. O sódio sai a favor do gradiente ductos para dentro do intestino. Além disso, a CCK pro-
eletroquímico e a água a favor do gradiente osmó- move o relaxamento do esfíncter de Oddi, assim, o con-
tico, formando o bicarbonato de sódio e adicionando teúdo consegue passar.
água (parte mais líquida, células ductais).
Além do estimulo da CCK, há ação via N. Vago. Eferências
Fígado vagais estimulam neurônios colinérgicos que formam a
Glândula associada ao trato gastrointestinal onde há pro- parede da vesícula biliar e secretam acetilcolina que esti-
dução da bile pelos hepatócitos. Essa bile é escoada pelos mulará a contração do músculo liso, com, também, rela-
ductos biliares e é armazenada na vesícula biliar. xamento do esfíncter de Oddi pelo estímulo vagal.
Bile: composta por água, sais biliares, ácidos graxos, fos- Reaproveitamento: parte dos ácidos biliares secretados
folipídios e colesterol. Sua função é facilitar a digestão e no intestino delgado sofre reabsorção na porção do íleo
a absorção da gordura por meio da quebra da tensão su- destinados via sistema aporta para o fígado de novo
perficial da água e emulsificação das gorduras, além sendo reutilizados para síntese da bile.
disso, a bile é o meio de excreção de substâncias como o
colesterol e a bilirrubina. Parte II: Digestão e absorção
dos macronutrientes
O fígado recebe 25% do débito cardíaco, um grande vo-
lume de sangue. Há a circulação enterro-hepática onde o Digestão: é um processo mecânico e processo químico.
sangue que vem do trato gastrointestinal é direcionado
primariamente para o fígado, sofre modificações e é des- Mecânica: com movimentos, com a motilidade fa-
tinado novamente à circulação pela veia hepática. vorecendo a mistura do conteúdo com secreções do
trato gastrointestinal promovendo quebra em subu-
Funções: controle da glicemia, metabolismo de lipídios nidades menores aumentando a área de superfície
(produção de ácidos graxos e síntese de TAG triacilglice- para a ação de enzimas e outras substâncias.
rois, produção de corpos cetônicos e lipoproteínas), me- Química: pela ação de enzimas específicas em
tabolismo proteico (síntese de aminoácidos não essenci- substratos específicos, hidrólise de proteínas, lipídios
ais e proteínas plasmáticas). e carboidratos. Enzimas secretadas em locais especí-
ficos de acordo com condições, por exemplo, pH.
Esteatose hepática: acúmulo de lipídios no fígado
(gordura no fígado, fígado gorduroso). Absorção: transferência ativa ou passiva de subunidades
clivadas, hidrolisadas na digestão, da luz do trato para o
Vesícula biliar interior do organismo, passando pelo endotélio e en-
Apenas armazena a bile produzida pelos hepatócitos pro- trando na corrente sanguínea ou em capilares linfáticos.
movendo a concentração do conteúdo armazenado.
- Capacidade máxima de 30 a 50 ml. O intestino é o principal local de digestão e absorção já
que as vilosidades são recobertas por enterócitos. Na
Há uma mudança de concentração na bile hepática e na membrana apical dos enterócitos, há vilosidades que au-
bile vesicular devido à reabsorção de líquido na vesícula mentam a área de superfície em contato com o conteúdo
biliar que a torna mais concentrada. da luz, favorecendo a absorção. As substâncias passam
pelo epitélio, pelos enterócitos, entram na corrente san-
Nos ductos biliares ocorre a secreção do bicarbonato no- guínea da porção central das vilosidades ou são absorvi-
vamente contribuindo para a neutralização dos prótons dos para os vasos linfáticos, os vasos lactíferos (principal-
que alcançam o intestino delgado pelo quimo. mente em caso de lipídios).
Digestão e absorção de macronutrientes Na reação de formação dos carboidratos, monossacarí-
Macronutrientes são polímeros de subunidades. deos são unidos com ligação de condensação liberando
- Carboidratos, ação de sacaridases > monossacarídeos. uma molécula de água. Logo, na degradação, a hidrólise
- Proteínas, ação de peptidases > AA e peq. peptídeos. acontece pela ação de uma enzima que adiciona uma mo-
- Lipídeos, ação de lipases > ác. graxos e monoglicerídeos. lécula de água na ligação liberando os dois monossacarí-
deos que, então, podem ser absorvidos.
Cada polímero é degradado a monômeros que podem
passar pelo epitélio para serem absorvidas na corrente Na nossa dieta, temos principalmente sacarose (dissaca-
sanguínea ou em vasos lactíferos (linfáticos). Vitaminas, rídeo), lactose (dissacarídeo) e amido (polissacarídeo).
sais minerais e água não precisam de clivagem enzimática Então, a hidrólise acontece com a adição de uma molé-
para serem absorvidos, assim, entram diretamente após cula de água na ligação glicosídica dos di/tri/polissacarí-
chegarem ao intestino. deos liberando os monossacarídeos.
Ação enzimática: há secreção de enzimas desde a cavi- Amido: polímero de monossacarídeos (polissacarí-
dade oral até o intestino. Na cavidade oral, assim que deo) formado por cadeias retilíneas (amilose) ou ra-
mastigamos e misturamos o alimento com as enzimas, há mificadas (amilopectina). A sua digestão tem hidró-
início de digestão química e mecânica. No interior gás- lise de amilose e amilopectinas liberando os monos-
trico também há enzimas específicas. Mas, no duodeno, sacarídeos.
há liberação do suco pancreático (pelos ácinos do pân-
creas exócrino). O suco pancreático possui várias enzimas Dissacarídeos
que atuam nos 3 macronutrientes, essas enzimas são ma- - Sacarose (glicose + frutose).
joritariamente inativas, secretadas em forma de pró-en- - Lactose (glicose + galactose).
zimas, e, posteriormente, são convertidas em enzimas - Maltose (glicose + glicose).
ativas.
Dextrinas alfa-limitadas: cadeias ramificadas que
O tripsinogênio é ativo primariamente em tripsina precisam ser digeridas por enzimas específicas libe-
pelas enterocinases presentes nas células epiteliais rando os monossacarídeos.
dos enterócitos no intestino delgado. A tripsina tem
uma capacidade catalítica e ativa as próximas enzi- Liberação de glicose (80% dos carboidratos da dieta), fru-
mas e pepsinogênios que iniciam a digestão. tose e galactose que são os monossacarídeos que for-
mam os carboidratos.
Importância do Na+ na absorção: muitos dos componen-
tes absorvidos são dependentes da absorção associada a Digestão de carboidratos
alguns íons. Durante o dia, há secreções do trato gastroi-
ntestinal com 20 a 30 grama de sódio secretado junto. O 1. Digestão oral, enzima ptialina (alfa-1,4 amilase) inici-
sódio é importante porque funciona como força de difu- ando a hidrolise do amido. Na cavidade oral, 5% é degra-
são auxiliando na absorção de nutrientes. dado em subunidades menores (maltose e pequenos po-
límeros de glicose).
Transporte secundário: por exemplo, glicose e galactose
(monossacarídeos) são absorvidos com o sódio. Na mem- 2. Digestão lúmen gástrico, quando esse conteúdo chega
brana apical, o transportador SGLT1 (co-transporte de só- no interior gástrico, há ação da ptialina ainda até o mo-
dio e monossacarídeo) usa a força de difusão do sódio do mento em que há acidificação do conteúdo deglutido. Até
meio mais concentrado para o meio menos concentrado isso acontecer, o amido continua protegendo a ptialina e
(extra > intra), favorecendo a absorção da glicose aco- cerca de 20% é degradado. No estômago não há secreção
plada. O mesmo acontece para outras substâncias. Por de enzima específica para a digestão de carboidratos.
exemplo, di e tripeptídeos são absorvidos com o H+.
3. Digestão no intestino delgado, subdivide-se em:
Carboidratos (a) primeira fase, ocorre na luz do intestino delgado. Pân-
São polímeros de monossacarídeos (glicose, frutose e ga- creas secreta suco pancreático em que há amilase (similar
lactose). Combinação de dois: dissacarídeo, três: trissaca- a oral) que degrada as ligações alfa-1,4. O que não foi de-
rídeo. Quatro ou mais: polissacarídeos. gradado no interior gástrico é agora clivado em dissacarí-
deos, trissacarídeo e dextrinas ramificadas.
(b) segunda fase, ocorre na borda em escova, produtos Absorção de proteínas
digeridos até os monossacarídeos. Componentes entram Di e tripeptídeos podem ser absorvidos associados a um
em contato com a membrana apical dos enterócitos, as co-transportador com o H+, ou seja, são proteínas que re-
enzimas da borda em escova convertem tudo em monos- alizam essa absorção. Os aminoácidos são co-transporta-
sacarídeos. Enzimas alfa-1,6 amilase digerem mesmo as dos por um co-transportador com o gradiente de sódio
dextrinas ramificadas. que favorece sua absorção. Os pequenos peptídeos so-
frem transcitose, vesículas se formam englobando e
Absorção de carboidratos transportando-os até a outra face (menos comum).
Os monossacarídeos serão absorvidos. A glicose e galac-
tose são absorvidas junto com o sódio por meio do co- Aminoácidos, após absorvidos, são transportados pela
transporte, já a frutose apresenta o GLUT5 (transporta- membrana basolateral para o interstício e seguem até os
dor) favorecendo sua absorção em favor do gradiente de capilares. Di e tripeptídeos podem, ainda, sofrer degrada-
concentração. Na membrana basolateral das células, o ção citosólica nos enterócitos.
GLUT2 permite a passagem dos monossacarídeos para o
interstício e para a corrente sanguínea. Lipídeos
A digestão ocorre pela ação de enzimas fazendo hidrólise.
Proteínas Lipídeos consumidos são os triacilglicerois, ésteres de co-
A digestão das proteínas acontece pela hidrólise por en- lesterol e fosfolipídios. Cada um dos substratos apresenta
zimas específicas adicionando água entre as ligações pep- enzimas específicas para degradá-los em subunidades:
tídicas de um aminoácido e outro, liberando-os para que
possam ser absorvidos. TAG – Monoglicerídeos e 2 ácidos graxos.
Ésteres de colesterol – colesterol e ácido graxo.
Fases da digestão de proteínas Fosfolipídios – Lisolectina e ácido graxo.
1. Lúmen gástrico: início com a liberação da pepsina (pep-
sinogênio secretado pelas células principais e convertido Como os lipídeos não se misturam facilmente com a água
em pepsina). Cliva as ligações no interior das cadeias, as e as enzimas que fazem a digestão são solúveis em água,
ligações peptídicas mais internas pela endopeptidase, li- é necessário que os lipídeos sofram emulsificação. Esse é
berando pequenos polímeros de AA (oligopeptídeos). o papel principal da bile produzida pelo fígado, armaze-
nada na vesícula biliar e secretada para o intestino del-
2. Intestino delgado: após o conteúdo gástrico passar gado no momento de digestão.
para o intestino delgado, há digestão dos oligopeptídeos
e proteínas que não foram completamente digeridas. Fases da digestão de lipídeos
(a) primeira fase, no lúmen do intestino delgado, há ação 1. Cavidade oral, a lipase lingual, secretada conforme o
das enzimas do suco pancreático: alimento é mastigado e misturado, só atua em pH ácido,
- Endopeptidases (tripsina, quimotripsina e elastase). então só começa a ter ação no interior gástrico.
- Exopeptidases (carboxipeptidases A e B, lig. Externas).
Formando oligopeptídeos, dipeptídeos, tripeptídeos e 2. Interior gástrico, a lipase gástrica, secretada pelas célu-
aminoácidos livres (pela carboxipeptidases). Oligo, di e las principais, age com a lipase lingual no pH ácido inici-
tripeptídeos ainda sofrem uma ação de enzimas localiza- ando a digestão. Até aqui, apenas 10% dos lipídios são di-
das na borda em escova (como os carboidratos). geridos.
(b) segunda fase, na borda em escova. Proteínas associa- 3. Interior do intestino delgado, principal de digestão, es-
das à membrana apical atuam em substratos específicos. pecialmente no duodeno e início do jejuno. A bile secre-
Essas enzimas são ectopeptidases, assim, clivam aminoá- tada apresenta os sais biliares e a lectina (fosfolipídios). A
cidos das extremidades liberando-os de forma livre, for- massa de gordura é misturada ao conteúdo com ajuda da
mando dipeptídeos, tripeptídeos e aminoácidos. motilidade subdividindo o conteúdo de gordura em gotí-
culas lipídicas menores. Assim, há mistura do conteúdo
(c) terceira fase, digestão intracelular. Di e tripeptídeos gorduroso com o conteúdo aquoso.
podem ser absorvidos nessa forma e sofrerão a digestão
final em aminoácidos no interior dos enterócitos. Absorção dos lipídeos
As gotículas lipídicas revestidas por sais biliares e fosfoli-
pídios que agem evitando que as gotículas se unam nova-
mente formando uma massa maior. Essa redução em ta-
manho e proporção favorece a digestão aumentando a
área de contato das gotículas com o ambiente aquoso (lo-
cal das enzimas que promovem a hidrólise).
Sístole: 25 mmHg.
Diástole: 8 mmHg.
Ventrículo esquerdo: principal bomba de geração Linha verde: com a perda da força de ejeção, há fluxo re-
de diferença de pressão cardíaca. trógado e fechamento da valva aórtica (F). Inicia-se o re-
laxamento isovolumétrico e não há variação de volume.
Relação pressão, variação de volume e fluxo de sangue: Voltando ao início do ciclo (A), no momento em que a
pressão ventricular fica menor que a pressão atrial, as val-
vas atrioventriculares se abrem e há fluxo de dentro dos
átrios para dentro do ventrículo esquerdo.
Linha roxa: A pressão que está baixa reduz gradualmente Variação no volume de ejeção: diversos fatores alteram
(A-B) em função do relaxamento da musculatura ventri- os 70 ml ejetados a cada sístole pelo ventrículo esquerdo
cular, há fluxo de sangue escoando dos átrios para o ven- para aorta conforme a força de contratilidade ventricular.
trículo, enchimento gradual e aumento da pressão intra- Entre os fatores que alteram o volume de ejeção temos:
ventricular. A pressão final possui um aumento maior que
representa os 20% de volume adicionais que entram com - Força de contração (> maior o volume de ejeção).
a contração atrial. Assim, no início, há um volume residual - Frequência cardíaca.
de sangue que permanece no ventrículo de 50 ml pelo - Alteração na resistência dos vasos.
processo de contração anterior. O volume diastólico (an- - Resistência nos vasos venosos (retorno venoso).
tes da contração, período de relaxamento) final chega a
120 ml, há um aumento de 70 ml.
Débito cardíaco (DC)
O débito cardíaco diz qual o volume de sangue ejetado
Início do volume = 50 ml (fluxo retrógrado).
por minuto pelo coração. Assim, sabendo que o coração
Final do volume = 120 ml (recebeu 70 ml).
bate, em média, 72 vezes por minuto e há um volume de
ejeção sistólico de 70 ml, temos que:
Linha vermelha: nesse momento dos 120 ml (C), a despo-
larização alcança a porção ventricular e inicia-se a contra-
DC = Frequência cardíaca x Volume sistólico
ção isovolumétrica ventricular. Há aumento de tensão e
DC = 72 x 70 = 5040 ml batimento/min.
pressão intraventricular e a valva atrioventricular (mitral)
- Aproximadamente 5 L/minuto = volume total.
se fecha.
É muito importante manter esse volume para manter a
Fechamento da valva atrioventricular.
pressão arterial ideal. A pressão arterial é a pressão de
Aumento da tensão sem redução do volume.
sangue dentro dos vasos arteriais e precisa ser mantida
porque a perfusão dos tecidos depende da pressão arte- do suportado e há poucas pontes cruzadas nas extremi-
rial. Essa perfusão é a passagem dos componentes do dades que não consegue tracionar todo o volume tor-
sangue para o interstício alcançando as nossas células. Se nando-se ineficiente.
a pressão não é efetiva, o sangue na região, sem pressão
ideal, não faz com que o conteúdo seja extravasado nos Assim, o retorno venoso altera a capacidade do volume
capilares de troca impossibilitando que nutrientes e oxi- sistólico pelo efeito de pré-carga. Se aumenta o retorno
gênio cheguem às células. venoso, até um dado volume ideal, há um efeito positivo
aumentando o VDF. Porém, após esse limite fisiológico,
Quando há alterações na pressão arterial, há modifica- se o retorno é exagerado, estira além do que deveria e
ções que levam à variação do débito cardíaco ajustando não se consegue exercer a força ideal de contração.
o volume de ejeção para que, nas nossas artérias, a pres- - Relação com comprimento de sarcômeros.
são seja mantida ideal.
Retorno venoso abaixo: VDF aumentado.
Manutenção da pressão arterial envolve variações Retorno venoso ideal: VDF ideal.
no débito cardíaco. Retorno venoso acima: VDF reduzido.
VDF abaixo: o comprimento dos sarcômeros é menor que Contratilidade: também afeta o volume sistólico, relaci-
o ideal, há uma sobreposição maior e, por consequência, ona-se com os níveis de cálcio dentro da célula quando se
há menor possibilidade de pontes cruzadas e menor pro- inicia a contração. Por exemplo, se há mais cálcio na cé-
babilidade de contrair mais o músculo. lula, independente do motivo, há mais cálcio ativando os
VDF ideal: age criando um estresse ideal, os sarcômeros mecanismos para formação de mais pontes cruzadas pro-
estirados possibilitam a formação de maior número de movendo uma maior força para o processo de ejeção. Se
pontes cruzadas (força, tensão, quanto mais, mais rápida há menos cálcio entrando nas células ou menos cálcio
a contração), atingindo o ápice de ejeção. saindo do retículo sarcoplasmático para dentro do cito-
VDF acima: estiramento além do normal, o VDF excede o plasma, menos pontes cruzadas são formadas e há menor
que o ventrículo consegue acomodar. Volume estira de- capacidade de gerar força.
mais a parede dos ventrículos causando um estresse além
Concentração de cálcio intracelular é diretamente
proporcional ao aumento da força gerada pelo ven-
trículo no momento de contração porque o cálcio es-
timula os mecanismos moleculares para formação de
pontes cruzadas.
Ionotropismo:
+ aumento da condutância de Ca2+ para dentro.
- redução da entrada de Ca2+ nos cardiomiócitos.
que permite que os átrios se contraiam 1/6 do tempo an-
tes dos ventrículos e, posteriormente, há condução pela
região do septo.
A despolarização inicia no átrio direito, passa para o átrio O retardo da condução para o sistema de His-Pur-
esquerdo com contração quase simultânea. Depois, é kinje tem função de dar o tempo necessário para o
conduzida para o nodo atrioventricular com um atraso
enchimento dos ventrículos mantendo o débito car- se sobrepõe. Além disso, há efluxo de íons potássio repo-
díaco ideal, bem como a pressão arterial ideal. larizando a membrana até que o potencial volte ao valor
basal. Em muitas condições, há hiperpolarização (saída de
cátions além do normal por canais mantidos abertos) e
posteriormente repolarização.
Resposta lenta
Caracteriza-se pela fase 4 (potencial de repouso) instável,
ou seja, o potencial de repouso não tem valor fixo. É o
tipo de resposta elétrica que acontece com:
- Nodo sinoatrial.
Nas membranas, há repouso estabelecido pelo gradiente
- Nodo atrioventricular.
eletroquímico onde a membrana interna é eletronegativa
- Feixe de His-Purkinje,
em relação à membrana externa.
Distribuição do sangue pelo sistema Quando o sangue chegando nas veias cavas há menor
- Circulação sistêmica (84%, maioria em sistema venoso). pressão nos átrios, depois, nas artérias pulmonares, há
- Circulação pulmonar (9%). um aumento. Assim, a bomba muscular esquelética é im-
- Coração (7%). portante para fazer o retorno do sangue para o coração.
Relação de área dos vasos Fluxo sanguíneo: volume de sangue que passa por deter-
Dentro da hemodinâmica, o tamanho da área influencia minado ponto em determinado intervalo de tempo. Vo-
na velocidade do fluxo sanguíneo. lume/tempo, logo, alteração de pressão e área alteram o
fluxo sanguíneo.
Por exemplo:
- Aorta = 2,5 cm2 Lei de Pouseuille: determina como as interações das vari-
- Capilares (troca) = 2500 cm2 áveis raio, pressão, comprimento e viscosidade alteram o
fluxo sanguíneo.
Pressão: a pressão em mmHg é a força exercida sobre
uma determina área. Pressão arterial, portanto, significa ∆𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑥 𝑟𝑎𝑖𝑜4
Fluxo =
a pressão do sangue arterial sobre a parede dos vasos ar- 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑥 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
teriais. Essa pressão é importante para que o sangue al-
cance os capilares, os vasos de troca, com uma pressão
que permita a perfusão ideal das regiões para que ocorra Comprimento: de modo geral, não há modificação
troca ideal. rápida. Há angiogênese que pode aumentar o com-
primento dos vasos, mas esse é um processo longo
A pressão intravascular varia de acordo com a dis- que não afeta rapidamente como um mecanismo di-
tância da bomba pressórica (bombas musculares) e reto do controle do fluxo sanguíneo.
as características dos vasos. Então a pressão varia de Viscosidade: também não se altera rapidamente
acordo com a pressão cardíaca (pressão que o cora- em minutos ou segundo.
ção ejeta o sangue para fora dos ventrículos) e a pres-
são venosa gerada pela contração das bombas mus- Variação de pressão e raio (considerado a resistência) são
culares esqueléticas (ex: panturrilha). E pelas caracte- fatores muito importantes para o fluxo. Isolados, são apli-
rísticas das paredes dos vasos, por exemplo, arteriais cados na Lei de Ohm para entender como tanto a resis-
com maior musculatura lisa e maior capacidade de al- tência quanto a variação de pressão alteram o fluxo san-
terar a pressão em comparação aos vasos venosos. guíneo.
Assim, pela Lei de Ohm, determinados que: Aorta = menor área, maior velocidade.
Capilares = maior área, menor velocidade.
∆ 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜
Fluxo =
𝑅𝑎𝑖𝑜 Qual o local de maior facilidade para o ajuste da resistên-
cia do sistema vascular? Os vasos arteriais, porque a mus-
Ou seja, só ocorre fluxo sanguíneo em vasos em que há culatura lisa que forma a parede desses vasos permite
diferença de pressão e, quanto maior a diferença de pres- que a resistência seja controlada com maior facilidade.
são, maior o fluxo sanguíneo (grandezas diretamente pro-
porcionais). Disposição dos vasos: há vasos dispostos em série e vasos
dispostos em paralelo. Sendo que, nos vasos dispostos
Sem diferença de pressão, sem fluxo. em paralelo, a resistência ofertada é muito menor. O vo-
Quanto maior a diferença de P, maior o fluxo. lume de sangue que chega é distribuído para ramificações
Quanto menor a diferença de P, menor o fluxo. com resistência muito menor. A disposição em série tem
soma de resistência.
A resistência é contrária ao fluxo, quanto maior a resis-
tência ofertada pelo vaso, menor a capacidade do sangue Disposição em paralelo = resistência dividida.
de passar pela região, sendo menor o fluxo (grandezas in- Disposição em série = resistência somada.
versamente proporcionais).
Viscosidade: quanto maior a viscosidade, maior a resis-
Quanto maior a resistência, menor o fluxo. tência para a passagem dentro de um tubo. Por exemplo,
Quanto menor a resistência, maior o fluxo. um milk-shake mais gelado, com mais viscosidade, passa
com maior dificuldade pelo canudo em comparação a um
Condições que influenciam a resistência: milk-shake mais líquido, mais derretido.
- Área.
- Disposição dos vasos. Sangue mais viscoso, maior resistência.
- Viscosidade. Sangue menos viscoso, menor resistência.
- Padrão de fluxo (velocidade).
Padrão de fluxo: relaciona-se com resistência e veloci-
A resistência é o inverso da área, ou seja, são inversa- dade. Em um fluxo sem que haja perturbações, a passa-
mente proporcionais. Se há uma área maior de passagem gem forma lâminas, o sangue em contato com a parede
para o sangue, há menor resistência. A resistência varia do vaso tem menor velocidade porque há maior resistên-
inversamente à quarta potência do raio. cia ofertada, e, gradualmente, as lâminas mais internas
assumem maior velocidade.
Quanto maior a resistência, menor o raio.
Quanto menor a resistência, maior o raio. Fluxo laminar, com cisalhamento:
Lâmina das bordas, menor velocidade.
Em condição de maior resistência, há uma área reduzida Lâminas centrais, maior velocidade.
e maior será a velocidade de passagem. Comparação com
o leito de um rio, onde ele é mais largo, a velocidade da Em uma condição de fluxo turbilhonar, ou seja, quando o
correnteza será menor do que na área que haverá um es- sangue não consegue formar as lâminas, por exemplo,
treitamento, então área e velocidade são inversamente em ramificações de vasos, o cisalhamento do sangue com
proporcionais: a parede dos vasos também acaba reduzindo velocidade.
Quanto maior a resistência, maior a velocidade. Como o nosso organismo, pela regulação do tônus dos
Quanto menor a resistência, menor a velocidade. vasos, mantém a pressão arterial média. Quando temos
ativação da mm. lisa que forma a parede dos vasos, esta-
Nos capilares, a área de secção transversa somada é mos regulando resistência, área, fluxo, determinando a
muito maior (cerca de 1357) do que a Aorta (2,8). Assim, pressão, perfusão e disponibilidade de O2, nutri...
pode-se dizer que a passagem do sangue na Aorta é
muito maior. Isso é importante porque os capilares são
justamente a região de troca. Então, precisa-se de mais
tempo para que ocorram as trocas ideais, logo, a veloci-
dade deve ser menor.
distribuído para a circulação periférica mantendo níveis
ideais de pressão arterial.
O balanço entre fluxo de entrada de sangue e saída de Manutenção da pressão arterial relativamente estável
sangue nas artérias determina a pressão arterial. Assim, Basicamente, o que ocorre, é a translocação de um vo-
temos vários fatores que se relacionam com a variação. lume sanguíneo de um leito vascular para outro. Então se,
por exemplo, temos condição de perda de sangue dos va-
Importante: quais são e como os mecanismos al- sos arteriais, precisamos translocar mais sangue para eles
teram frequência cardíaca, volume sistólico e deter- por meio do sistema venoso, para isso:
minam o diâmetro das arteríolas e veias.
- Altera-se a capacitância venosa (por venoconstrição há
Volume de sangue: maior ejeção de sangue para o coração).
- Se há maior ingestão de líquido, mais líquido é absorvido - Retorno venoso maior (pré-carga maior, aumenta DC).
no sistema cardiovascular, aumentando a volemia. Com - Altera-se a resistência periférica total, não só o volume
mais sangue circulante, há aumento da pressão arterial. de sangue, mas reduz-se a área dos vasos arteriais au-
- Se há perda de líquido (como em hemorragia), há menor mentando a pressão arterial.
volemia, menor pressão nos vasos arteriais e redução da - Débito cardíaco.
pressão arterial.
Alteram o volume de sangue presente no leito vascular
Eficiência do coração/débito cardíaco: arterial momentaneamente possibilitando a translocação
- Se há aumento da frequência cardíaca ou do volume sis- do volume sanguíneo de um leito vascular para outro.
tólico, há aumento do débito cardíaco, por exemplo, Mantendo a PA ideal.
quando há alteração no volume de ejeção e, por conse-
quência, na pressão arterial. De que forma o organismo entende que precisa ajustar o
volume sanguíneo? Como faz isso? Existem sensores que
Resistência do sistema ao fluxo sanguíneo: levam essa informação ao SNC, são terminações neuro-
- Se há redução do diâmetro das arteríolas, uma menor nais nas paredes dos vasos e no coração. Sensores mecâ-
área oferece uma maior resistência periférica total, as- nicos de estiramento, quando há alteração na parede de
sim, há maior pressão arterial. vasos ou do sistema cardíaco, essa informação é levada
no SNC. Além disso, essas terminações sensoriais tam-
Distribuição relativa ao sangue entre os bém estão em vasos e estruturas específicas dos rins, per-
vasos sanguíneos arteriais e venosos: cebendo se houve alteração da perfusão renal. Depois, le-
- O sistema venoso é o local de maior armazenamento de vam essa informação para o SNC desencadeando eventos
sangue, então, o diâmetro das veias influencia. Se há re- que alteram cada uma das condições para manutenção
dução do diâmetro, venoconstrição, mais sangue retorna da PA.
ao coração (retorno venoso maior), coração tem maior
pré-carga favorecendo maior débito cardíaco aumen- Mecanismos de controle sistêmico
tando a pressão arterial.
Curto prazo: mecanismo neuronal que envolve os meca-
nismos de reflexo (não controlamos, ocorre de forma es-
pontânea) para os receptores:
- Barorreceptores, rec. sensíveis a estiramento mecânico.
- Quimiorreceptores, rec. sensíveis a substâncias (por
exemplo, H+, CO2 e níveis de O2 na corrente sanguínea).
- Relacionado a atividades diárias que desempenhamos,
levantar, mudar de posição, etc, mecanismos que regu-
lem a PA de maneira rápida (segundos a minutos).
Regulação metabólica: regulação por metabólitos gera- Longo prazo: muitas vezes, nosso organismo não conse-
dos pelos tecidos. Se o tecido não está tendo aporte de gue manter a PA em níveis ideais, saudáveis, então pre-
sangue suficiente e está, por exemplo, com falta de O2, cisa de um mecanismo que se some aos de curto prazo
há alguns metabólitos que são produzidos pelas células porque eles não estão dando conta. São eles:
que sofrem a falta (CO2, queda de pH, aumento do ácido
láctico, adenosina, ATP, ADP, AMP, alto K extracelular). Sistema renina-angiotensina-aldosterona: modula o sis-
Esses metabólitos agem na musculatura lisa do vaso esti- tema renal controlando a perda de líquido através da for-
mulando outros produtos que agem na musculatura lisa mação de urina. Esses hormônios (angiotensina e aldos-
terona) também podem atuar em vasos regulando seus
tônus. Então esse sistema RAA se torna mais ativo em mo- Reabsorção de sódio e vasopressina (estimula pre-
mento de redução da pressão arterial. sença de Aquaporinas) = reabsorção de sódio e água
(via osmose) nos rins.
Condição de hipotensão: nos rins, há menor perfusão
sanguínea e chega menos sangue para o sistema renal. Há Pontos importantes:
mecanorreceptores nas células renais, especialmente nos - Controle hormonal, ativação neuronal que estimula se-
vasos, que percebem a variação de pressão e levam a in- creção da renina, com outros fatores locais renais, inici-
formação ao SNC. A partir do processamento da informa- ando o mecanismo do sistema RAA.
ção no SNC, há uma resposta que favorece o aumento da - Condição de longo prazo porque precisamos de secre-
atividade de secreção da renina por células renais. ção e ação de enzimas, produção de subprodutos, atua-
ção em diversos locais, requerendo um tempo mais de-
Nos rins, há células responsáveis pela secreção de renina. morado do as ações neuronais diretas.
No glomérulo, há filtração do plasma, arteríola aferente - Modulações sobre os vasos e sobre os SCV.
formando os capilares e arteríola eferente. Na região em - Secreção de outros hormônios como a vasopressina, es-
que as arteríolas têm contato com a outra porção do tú- timulando também mecanismos da sede. RAA = mantém
bulo renal, há uma especialização das células que são da a volemia e estimula ingestão de água para manutenção
musculatura lisa da parede das arteríolas. Essas células da PA não apenas pela modulação de vasos e coração, re-
especializadas são as responsáveis pela secreção da re- estabelecendo a pressão com condição de favorecimento
nina (células granulares). Com ativação do simpático, em para manutenção de volume de líquido evitando a perda
condição de redução da pressão arterial, as terminações excessiva de líquido pela urina e favorecendo a ingestão
sensoriais levam a informação para o SNC que, via eferên- a fim de aumentar a volemia.
cias autonômicas simpáticas que terminam nas células
granulares, estimulam a secreção da renina.
As células epiteliais alveolares são os pneumócitos que Edema: extravasamento de líquido para a região
constituem a parede alveolar e podem ser pneumócitos do tecido conjuntivo. Há espessamento da mem-
tipo I e pneumócitos tipo II. Além dessas células, os alvé- brana e dificuldade de respiração. Pode ocorrer, por
olos também apresentam células da defesa imunitária exemplo, pelo aumento da pressão dos capilares.
(macrófagos, linfócitos, plasmócitos e mastócitos).
Mecânica ventilatória
A essência dos fenômenos que permitem tanto a expan-
são pulmonar e, consequentemente, a entrada de ar nos
pulmões, quanto a retração e a saída de ar, está nas alte-
rações do equilíbrio de forças que atuam na parede torá-
cica e nos pulmões.
A caixa torácica é limitada pelas costelas na lateral, pos- Espaço intrapleural: espaço entre a pleura visceral e a
terior e anterior. Na região anterior, o esterno faz a liga- pleura parietal. É pequeno, não há ar, há um líquido pleu-
ção, na parte inferior, o diafragma é como principal mús- ral viscoso para que, nos momentos de expansão e retra-
culo do processo de ventilação. ção da caixa torácica e do tecido pulmonar, ocorra o des-
lizamento entre as estruturas sem haver lesão.
Inspiração: influxo de ar pela bomba muscular, ca-
pacidade de contrair a musculatura com expansão do Em repouso, o tecido pulmonar e a caixa torácica deter-
volume da caixa torácica, reduzindo a pressão, com minam um equilíbrio entre as forças de expansão e as for-
fluxo ocorrendo da região externa para a interna dos ças de retração do tecido elástico. Por exemplo, no mo-
alvéolos. mento de uma cirurgia com abertura da caixa torácica, ela
fica de um tamanho muito maior porque é o tecido pul-
O parênquima pulmonar é formado por várias fibras, en- monar que faz uma retração e que confere resistência à
tre elas, fibras elásticas que conferem elasticidade confe- abertura total da caixa. O mesmo funciona para pulmões,
rida ao tecido. Quando esticado, a tensão/energia gerada se retirados da caixa, o ar sai e eles ficam totalmente re-
pelas fibras é mantida, quando a musculatura relaxa, as traídos pelo tecido elástico. Quando há associação, a ex-
fibras estão livres para voltar ao estado normal, se re- pansão da caixa faz com que o tecido pulmonar seja tra-
traem. Conforme se retraem, há redução do volume pul- cionado ficando mais aberto, mais expansivo.
monar aumentando a pressão dentro dos alvéolos em-
purrando o ar para fora dos alvéolos. Portanto, por causa da associação entre tecido pul-
monar e caixa torácica, a caixa torácica apresenta um
Expiração: efluxo de ar pela retração elástica do tamanho menor, enquanto o pulmão, maior.
parênquima pulmonar, pulmões diminuem de tama-
nho, a pressão aumenta e o fluxo ocorre da região in- Repouso: equilíbrio entre forças de retração e forças de
terna para a região externa aos alvéolos. expansão. Isso se acentua no momento de inspiração e
de expiração. Na inspiração, a contração é maior, au-
Assim, há um equilíbrio entre caixa torácica e pulmões: menta volume reduzindo a pressão gerando influxo. Na
- Caixa torácica: forças expansivas. expiração, o relaxamento é maior, a retração de tecido
- Tecido pulmonar elástico: forças retrativas. aumenta pressão e gera efluxo de ar.
Dessa forma, durante a inspiração, as forças de expansão Membranas pleurais: é como se fosse um balão em torno
se sobressaem devido à contração da musculatura estri- dos pulmões se desdobrando na porção apical. No espaço
ada esquelética que forma a caixa, em especial, o dia- intrapleural há 25 ml de líquido fazendo com que se
fragma. Durante a expiração, por conta do relaxamento forme apenas uma lâmina de líquido entre pleura visceral
da musculatura, as forças retrativas das fibras elásticas e pleura parietal.
que formam o parênquima se sobressaem às expansivas
Quando temos duas lâminas de vidro com uma ca- Musculatura da cavidade torácica
mada muito fina de líquido entre as duas, é muito di- Inspiração basal:
fícil de deslocar as duas quando há tração, precisa - Diafragma.
deslocar deslizando para conseguir separar, é como o - Intercostais externos (levantamento das costelas au-
que ocorre entre as pleuras que ficam lado a lado mentando a cavidade torácica).
com fina camada de líquido entre elas: cada vez que
a caixa torácica se expande pela contração da muscu- Inspiração forçada:
latura, a pleura visceral é puxada com a pleura parie- - Diafragma e intercostais externos.
tal e o tecido pulmonar também. - Esternocleidomastoideo.
- Escalenos.
Líquido pleural: constantemente produzido e constante- - Músculos auxiliares facilitando o levantamento das cos-
mente drenado pelos vasos linfáticos. É necessário que telas e expandindo ainda mais a caixa torácica com mais
seja constantemente reabsorvido porque não se pode ter volume sendo inspirado.
líquido em excesso na região intrapleural que tem pres-
são sub-atmosférica que deve ser mantida para que Expiração basal:
ocorra a tração da caixa torácica. Se for adicionado ar ou - Relaxamento muscular.
líquido na região intrapleural, a tração não ocorre com - Retração elástica pulmonar.
eficiência e há deficiência na ventilação. O líquido pleural:
- Confere lubrificação entre as pleuras. Expiração forçada:
- Mantém os pulmões aderidos à parede torácica. - Intercostais internos (puxam as costelas para baixo e
para dentro, reduzindo volume e aumentando pressão).
Ciclo ventilatório - Reto abdominal (contrai e pressiona o conteúdo visceral
= movimentos de inspiração e movimentos de expiração. do abdômen contra a região do diafragma reduzindo
ainda mais o volume da cavidade torácica).
Inspiração: 2 segundos. - Relaxamento do diafragma.
- Diafragma, intercostais externos. - Retração elástica pulmonar.
- Pode ser basal ou forçada.
- A musculatura da caixa torácica, especialmente o dia- O principal músculo da inspiração de repouso é o
fragma, se contrai com expansão da caixa e do tecido pul- diafragma que é responsável pelo aumento de vo-
monar. Há redução da pressão interna pelo aumento do lume de 60% a 70%. Com a contração, ele desce pres-
volume e deslocamento do ar para dentro dos alvéolos. sionando o conteúdo abdominal gerando aumento
súpero-inferior da cavidade torácica. Já com auxílio
Expiração: 3 segundos. da musculatura acessória, há aumento ântero-poste-
- Pode ser passiva ou ativa. rior e látero-lateral. Ou seja, nesse processo, todas as
dimensões são aumentadas.
Expiração passiva: acontece em repouso com o diafragma
relaxado, sem um fator estressante. Com o relaxamento Pressão atmosférica x Pressão intra-alveolar
muscular, as forças retraem o tecido pulmonar e, passiva- Segundo a Lei de Ohm, o fluxo é diretamente proporcio-
mente, o ar é expelido pelo aumento da pressão interna nal ao gradiente de pressão e inversamente proporcional
em função da diminuição do volume. à resistência ofertada, assim:
Hematose
A conversão de sangue venoso (rico em CO2) em sangue
arterial (rico em O) ocorre pela difusão dos gases entre
capilares e alvéolos.
(b) Receptores centrais: quimiorreceptores que se comu- Células glomus I: são quimiorreceptores periféricos que,
nicam com a região do tronco encefálico. apesar de perceberem a variação dos 3 parâmetros, per-
cebem mais a variação da pressão parcial de O2.
Todas essas informações sensoriais informam o bulbo so-
bre os parâmetros ventilatórios e há uma tomada de de- Quando há hipóxia, redução do O2, há rápida resposta de
cisão: aumentar ou reduzir a ventilação. despolarização na membrana pelo fechamento de canais
de cálcio dependentes de voltagem promovendo exoci-
Componentes do mecanismo de feedback tose de substâncias químicas que estimulam os nervos
Há aferências sensoriais distribuídas pela caixa torácica e vago e glossofaríngeo que, por sua vez, levam a informa-
quimiorreceptores presentes principalmente no arco da ção da região periférica para a região do tronco encefá-
aorta e na bifurcação da carótida que levam a informação lico. Essa informação, ainda, é integrada no bulbo.
das pressões parciais de O2 e CO2 para o SNC chegando
ao núcleo do trato solitário no bulbo. Além disso, há tam- Nesse momento, com redução de O2 dos tecidos, há
bém receptores de estiramento do parênquima pulmo- maior estímulo do vago e do glossofaríngeo com maior
nar e nociceptores ao longo da caixa torácica informando estímulo do GRV e GRD para que aumentem a ventilação
o bulbo sobre o estiramento do pulmão e estímulos noci- alveolar. Aumento da ventilação alveolar para que seja re-
vos que chegam à caixa respectivamente. estabelecida a oxigenação.
Além disso, há grupos de neurônios na ponte: Hipóxia gera estímulo dos quimiorreceptores com
- GRP, grupo respiratório pneumotáxico. despolarização da membrana, fechamento de canais
- GRD, grupo respiratório dorsal. de cálcio, estímulo dos nervos vago e faríngeo culmi-
- GRV, grupo respiratório dorsal. nando no estímulo de GRV e do GRD para que aumen-
tem a ventilação.
Os grupos GRD e GRV, estimulados pelos centros superi-
ores do encéfalo como o GRP, estimulam os motoneurô- Quimiorreceptores centrais
nios da medula espinal que estimulam a contração da Localizam-se na região do bulbo e são sensíveis à variação
musculatura da caixa torácica específica: do pH, ou seja, ao aumento dos prótons.
- GRD: músculos da inspiração (diafragma, i. externos).
- GRV: expiração formação e músculos inspiratórios (por- Mais prótons, mais ácido, menor o pH.
ção superior do trato respiratório, faringe e laringe).
Quando há aumento do CO2 plasmático, há aumento da
Quimiorreceptores periféricos pressão parcial do CO2 gerando um aumento da produção
São células especializadas em perceber: do íon H+, já que o gás carbônico combinado com a água
- Variação da pressão parcial de O2. forma ácido carbônico que, por ser muito instável, se dis-
- Variação da pressão parcial de CO2. socia em bicarbonato e prótons acidificando o sangue.
- Variação do pH do sangue arterial.
Assim, quando há aumento do CO2 na corrente sanguí-
Por isso, localizam-se principalmente no arco da nea, o gás carbônico se difunde pela barreira hematoce-
aorta e na bifurcação do seio carotídeo. fálica e alcança os tecidos do sistema nervoso central. No
bulbo, há conversão do CO2 em prótons (H+) que irão es-
Esses quimiorreceptores, quando estimulados com au- timular diretamente esses quimiorreceptores centrais
mento do CO2, redução do O2 ou variação do pH, liberam sensíveis à variação do pH.
substâncias químicas que estimulam o nervo vago.
Ou seja, não é a acidificação direta do sangue pe-
Quimiorreceptores informam o bulbo por: riférico que estimula os quimiorreceptores porque o
- Arco da aorta, nervo vago. H+ é incapaz de ultrapassar a barreira hematocefálica.
- Seio carotídeo, nervo glossofaríngeo. O gás carbônico é quem consegue atravessar a bar-
reira e, apenas no tecido nervoso, irá se combinar
com a água gerando prótons e bicarbonato. Por isso, GRV: contração da laringe e faringe, aumentando as vias
quanto mais CO2, mais prótons no bulbo sinalizando aéreas superiores favorecendo inspiração e expiração, re-
os quimiorreceptores centrais. laciona-se com a expiração forçada.
- Controle de laringe, faringe e vias aéreas superiores.
Feedback negativo - Expiração forçada e controle da musculatura acessória.
Os quimiorreceptores centrais, assim como os periféri-
cos, estimulam o GRV e o GRD estimulando a ventilação. Basal, GRD e GRV.
Expiração forçada, GRV, estímulo da musculatura
Quanto maior a pressão parcial de CO2, menor o pH esti- acessória, importante durante exercícios.
mulando os quimiorreceptores centrais favorecendo o
aumento da ventilação. Com aumento da ventilação, há A ventilação é rítmica e involuntária. O padrão rítmico ori-
redução do CO2 na corrente sanguínea porque ele é lan- gina-se de uma rede de neurônios marca-passo distribu-
çado para fora do sistema pulmonar. Com isso, há redu- ída no bulbo que coordena gerando o padrão rítmico de
ção dos prótons que, por consequência, estimulam me- ventilação.
nos os quimiorreceptores centrais.
Não se sabe quais neurônios, mas sugere-se que
Condições que afetam a frequência ventilatória seja uma rede que se intercomunica gerando padrão.
(a) Estímulos periféricos de distensão captados por recep-
tores nos pulmões, de pH, O2 e CO2 (q. periféricos). Núcleos pontinos (difusos)
(b) Estímulos centrais (quimiorreceptores centrais sensí- Mantém sinapse com a região do bulbo e auxiliam na ma-
veis ao pH ácido do líquido extracelular). nutenção do controle da frequência e da amplitude (pro-
(c) Comando de fonação, estado emocional, deglutição... fundidade da respiração).
Núcleos bulbares
GRD: especialmente para a inspiração basal, estimula di-
afragma, intercostais. Se há necessidade de aumento do
ritmo inspiratório, maior estímulo para esses músculos.
- Controle da musculatura inspiratória inferior.
- Inspiração, ritmo basal da respiração.
Anatomia dos rins
O hilo é o local por onde en-
tram e saem os vasos (arté-
rias, veias, vasos linfáticos) e
a inervação. Além disso, o rim
é dividido em duas partes
principais: córtex, mais ex-
16 abr 21 terno, e medula. A medula,
Aula 10 – Sistema Renal I parte mais interna, é com-
posta por pirâmides renais
Filtração glomerular
formadas pelos segmentos tubulares dos néfrons. A por-
Prof. Stefani Valéria Fischer
ção final das pirâmides forma papilas. Já os cálices, maio-
res e menores, são as estruturas responsáveis por rece-
Rins
ber o conteúdo de urina produzido ao longo dos néfrons.
Os rins são os órgãos que se localizam na parede poste-
Esses cálices direcionam a urina para a pelve renal e para
rior do abdome, possuem o tamanho do punho fechado
o ureter que, por sua vez, direciona para a bexiga urinária.
do indivíduo e têm como função:
Irrigação sanguínea
- Produção da urina (uma das funções principais), fazendo
Os rins recebem um grande fluxo sanguíneo, cerca de
a regulação da osmolaridade do líquido extracelular por
25% do débito cardíaco. Sabendo que o débito cardíaco é
meio da alteração na concentração da urina que depende
de aproximadamente 5 L/minuto, então, sabe-se que algo
do estado fisiológico do indivíduo.
em torno de 1,25 L disso é destinado aos rins. Esse vo-
- Balanço de eletrólitos (Na+, K+, Cl-, HCO3-, H+ e Pi).
lume de sangue é acomodado especialmente no córtex
- Balanço ácido-base.
onde há glomérulos, estruturas primárias que têm como
- Excreção de metabólitos e fármacos (ureia, ácido úrico,
função a filtração do plasma sanguíneo.
ácidos nucleicos, creatinina...).
- Gliconeogênese, ou seja, a produção de glicose por
Caminho do sangue: artéria renal > artérias inter-
substratos que não são carboidratos (em conjunto com o
lobares > artéria arqueada > artéria interlobular > ar-
fígado que também realiza).
téria aferente > arteríolas aferentes > capilares glo-
merulares (1ª rede capilar) > arteríola eferente > ca-
Além disso, cumprem uma função endócrina:
pilares peritubulares (2ª rede capilar) > veia interlo-
Renina: produzem a renina que participa do sistema re-
bular > veia arqueada > veia interlobar > veia renal.
nina-angiotensina-aldosterona atuando no controle e na
manutenção da pressão arterial e no balanço de eletróli-
Uma peculiaridade da irrigação renal é a formação de dois
tos com reflexo nessa pressão.
sistemas capilares. O primeiro, formado pelos capilares
glomerulares que, posteriormente, se fusionam for-
Calcitriol: responsáveis pelo processo final de sua síntese,
mando arteríola eferente que, por sua vez, forma uma se-
ou seja, pela ativação da vitamina D. O calcitriol é a vita-
gunda rede capilar. Ou seja, entre os dois sistemas capi-
mina D ativa e atua estimulando a absorção de cálcio no
lares, há arteríolas eferentes.
intestino e na deposição óssea.
- Controle da calcemia fisiológico.
Túbulo uriníferos
São as unidades funcionais dos rins compostos pela união
Eritropoetina: responsável por estimular a formação de
entre néfrons, tubo conector e ducto coletor distal.
eritrócitos.
Néfrons
Qualquer alteração nas funções renais há debili-
Em cada rim, há aproximadamente 1 milhão de néfrons
dade na formação da urina e também há alterações
que são formados pelo conjunto de:
nas funções endócrinas relacionadas a esses hormô-
- Glomérulo.
nios (calcitriol, eritropoetina e renina).
- Túbulo contorcido proximal.
- Alça de Henle descendente.
- Alça de Henle ascendente delgada.
- Alça de Henle ascendente espessa.
- Túbulo contorcido distal.
células que formam a alça na região. É importante para
Enquanto o glomérulo é responsável pela filtração, regular a filtração glomerular e para regular as concentra-
as demais estruturas que compõem o néfrons são ções de sódio no organismo.
responsáveis pela reabsorção e pela secreção de so-
lutos. Filtração glomerular
Primeira etapa da filtração do plasma e que, posterior-
Além disso, associado ao néfrons há um túbulo conector mente, quando esse filtrado for modificado, dará origem
que conecta o túbulo contorcido distal ao ducto coletor. a urina.
A soma das unidades tubulares com o glomérulo, túbulo
conecto e ducto coletor forma o túbulo urinífero. Etapas de formação da urina;
- Filtração glomerular.
O túbulo urinífero é uma unidade funcional em que há fil- - Reabsorção tubular.
tração do plasma no glomérulo originando o filtrado, um - Secreções tubulares.
líquido que passa pelos túbulos sofrendo modificações.
Posteriormente, nos túbulos renais após a filtração glo-
Tudo que o organismo precisa, reabsorve, tudo merular, irá ocorrer a reabsorção de íons importantes
que não é necessário, é eliminado. Além disso, a pa- para o organismo e ocorrerá a secreção de algumas subs-
rede dos túbulos pode secretar algumas substâncias tâncias e íons. Na reabsorção, tira conteúdo do túbulo
adicionais no interior dos néfrons ao longo da passa- que volta para o sistema circulatório. Na secreção, há adi-
gem do filtrado. ção de mais conteúdo nos segmentos tubulares pelas cé-
lulas que os formam.
Tipos de néfrons:
Glomérulo
Néfrons corticais: a maioria dos túbulos localiza-se, A arteríola aferente traz o sangue e se ramifica na 1ª rede
com os glomérulos, na porção cortical. Apenas uma de capilares onde ocorre filtração. O que é filtrado sai dos
pequena porção da alça de Henle atinge a região me- capilares e é lançado a cápsula de Bowmann, uma estru-
dular de forma bem superficial. tura capsular que envolve os capilares glomerulares. A
Néfrons justamedulares: pirâmides compostas pe- cápsula escoa o filtrado para dentro do primeiro seg-
las projeções das alças de Henle das porções tubula- mento do néfrons, o túbulo contorcido proximal.
res dos néfrons. O glomérulo fica na região cortical.
O que não foi fil-
A artéria renal que traz sangue arterial para os rins entra trado segue dentro dos
pelo hilo sofre intensa ramificação até formar cerca de 1 capilares e é direcio-
milhão de arteríolas aferentes em cada rim. Cada arterí- nado para a arteríola
ola aferente entra formando a estrutura glomerular, ou eferente que está
seja, fazendo parte da estrutura do glomérulo. Assim, se saindo do glomérulo.
ramifica dando origem ao 1º sistema capilar glomerular
em que há filtração, a separação de uma parte do plasma
com lançamento do filtrado para dentro dos túbulos que
formam o túbulo urinífero. - Aa. Aferente.
- Aa. Eferente.
O filtrado formado é uma porção removida do - Rede de capilar.
plasma que passa dentro dos capilares. - Cápsula de Bowmann.
- Espaço de Bowmann (entre os capilares e cápsula).
O restante do conteúdo de sangue (células, grandes pro-
teínas...) e do plasma é direcionado para uma arteríola Esses capilares glomerulares apresentam, por fora, podó-
eferente, formada pela união dos capilares, que leva o citos, células que apresentam projeções que envolvem os
conteúdo para fora do sistema renal. capilares auxiliando no processo de filtração.
Mácula densa: alguns dos néfrons tem essa estrutura em O que faz parte do filtrado? O filtrado é parte do plasma,
que a alça de Henle ascendente espessa passa no meio então, componentes do plasma como íons, água, proteí-
das arteríolas aferente e eferente tendo contato com nas de baixo peso molecular (proteínas pequenas), com-
elas. Quando isso acontece, há uma especialização das põem esse filtrado.
- Ou seja, é a parte líquida sem muitas proteínas (as que 1) Endotélio: composto pelas células que formam a pa-
estão presentes têm baixo peso molecular, tamanho pe- rede dos capilares. É fenestrado, ou seja, apresenta poros
queno, possibilitando que passem pela barreira de filtra- tornando-se sendo permeável à água, pequenos solutos
ção que é altamente seletiva). Não apresenta células san- (glicose, Na+ e ureia) e pequenas proteínas (proteínas de
guíneas porque elas são muito grandes para passar pela baixo peso molecular). É impermeável à passagem de cé-
barreira. Caso haja alguma lesão, algum rompimento, aí lulas.
sim, pode apresentar células sanguíneas (condição não-
fisiológica). 2) Membrana basal: faz parte da matriz extracelular. É
composta principalmente por glicoproteínas que são car-
Condição fisiológica: filtrado sem células sanguí- regadas negativamente. Como a maioria das proteínas
neas e apenas com proteínas de baixo peso molecu- que compõe o sangue são aniônicas, as cargas negativas
lar. Pouquíssimo conteúdo proteico. da membrana basal repelem cargas negativas dessas pro-
teínas. Essa camada é importante para evitar a passagem
As proteínas não são eliminadas na urina. Essa perda não das proteínas para a cápsula de Bowmann repelindo as
seria viável, seria como perder energia. Assim, essas pro- proteínas que formam o plasma. Assim, há uma força de
teínas filtradas são reabsorvidas para dentro das células repulsão que evita filtração proteica.
que formam a parede dos túbulos.
3) Podócitos: formados pelas células que projetam mem-
O filtrado não é a urina, a urina é o produto final brana e citoplasma envolvendo o capilar formando fen-
de filtração, reabsorção e secreção, ao longo dos né- das entre os podócitos por onde o conteúdo filtrado pre-
frons. Apenas o conteúdo que chega a pelve renal é a cisa passar. Também apresentam na membrana carga ne-
urina, enquanto o filtrado passa pelos túbulos, sofre gativa atuando como mais uma barreira que repele pro-
modificações, logo, não é a urina propriamente dita. teínas evitando que uma grande quantidade de proteína
seja filtrada.
Visão geral da filtração renal
As proteínas, então, são filtradas pelo seu tama-
nho e também pela sua carga (sofrem repulsam).
Aparelho justaglomerular:
Percepção da variação do NaCl no filtrado.
- Mácula densa (TCD /AHE): sensíveis à variação de NaCl.
- Células mesangiais extraglomerulares.
- Células granulares da arteríola aferente: produtoras de
renina.
O sangue passa para dentro dos glomérulos pela arteríola Arteríola aferente traz o sangue e arteríola eferente leva
aferente com pressão hidrostática de 60 mmHg. Caso o sangue para a circulação sistêmica. Se houver redução
haja um pico da pressão arterial, aumentará a entrada, ou da pressão de sangue, da perfusão da arteríola aferente,
seja, haverá um aumento do volume de sangue e maior haverá menor pressão hidrostática, assim, a TFG será me-
pressão exercida sobre a parede da arteríola eferente. nor e o volume de filtrado tende a ser menor. Com menor
Dessa forma, quando estirada a parede pelo aumento da volume de filtrado, conforme passa pelo néfrons, há
pressão, estira a musculatura lisa e abrem-se canais de maior reabsorção. Assim, haverá maior reabsorção de
cálcio. O cálcio entra nas células musculares lisas promo- NaCl e haverá menos cloreto de sódio na arteríola efe-
vendo vasoconstrição. Há redução da área de passagem rente, menos NaCl alcançando a região da mácula densa
do sangue e redução do fluxo de sangue, ou seja, man- que percebe a redução do cloreto estimulando a produ-
tendo a pressão de sangue que alcança os capilares baixa ção de vasodilatadores que atuam na arteríola aferente
(dentro dos 60 mmHg) evitando que, conforme a pressão aumentando o fluxo de sangue para estabilizar a pressão
hidrostática dentro dos capilares em 60 mmHg.
Menos volume, mais reabsorção (maior área de
contato para menor volume de filtrado). Menos NaCl
sendo detectado pela mácula densa = produção de
vasodilatadores (PGE2 e NO) para aumentar o fluxo. A
PGE2 estimula a secreção de renina e causa vasodila-
tação da arteríola aferente.
Aquilo que chega ao final do ducto coletor que não foi re-
absorvido somado às substâncias que foram adicionadas
no percurso é lançado para os cálices renais dando ori-
gem a urina.
23 abr 21
Aula 11 – Fisiologia do Sistema Renal II Portanto, a formação da urina acontece em 3 processos:
1 Filtração.
Parte I: Mudanças no filtrado
2 Reabsorção.
Prof. Stefani Valéria Fischer
3 Secreção.
Formação da urina
A reabsorção, além disso, depende do tempo do filtrado
O túbulo urinífero está associado aos capilares sanguí-
dentro do túbulo renal e da saturação dos transportado-
neos, dessa forma, tudo que é reabsorvido sai do túbulo
res, ou seja, há uma taxa máxima de reabsorção.
e vai para os capilares que direcionam pela veia renal para
A reabsorção da água ao longo dos túbulos é determinada A bomba NKCC, como o nome diz, utiliza gasto
pela diferença de pressão osmótica (interstício medular) energético para reabsorver 1 Na+, 2 Cl- e 1 K+.
e pela permeabilidade à água (maior ou menor presença
de aquaporinas). Segmentos diluidores, reduzem a concentração do
filtrado reabsorvendo solutos e mantendo a água.
Túbulo contorcido proximal: é o responsável pela maior
reabsorção, cerca de 65% do volume filtrado é a reabsor- Túbulo contorcido distal: há reabsorção de sódio, especi-
vido ao passar por esse segmento. Essa reabsorção é isos- almente NaCl, fazendo com que o filtrado fique hiposmó-
mótica em relação ao plasma, ou seja, água e outros ele- tico já que aumenta a quantidade de solvente (a água per-
mentos são absorvidos numa igual proporção sem que manece no túbulo) e reduz a concentração dos solutos
haja alteração na concentração do filtrado que passa pelo que passam do filtrado para as células.
túbulo.
Nessa região final entre túbulo contorcido distal e ducto
Essa reabsorção acontece porque o Na+ gera um coleto, há uma regulação hormonal feita pela aldosterona
gradiente osmótico para a reabsorção de solutos que intensifica a reabsorção de Na+.
como potássio, magnésio e cloreto, e água.
Para manter as concentrações e reduzir a excre-
Principais substâncias reabsorvidas: ção, a aldosterona é secretada nos segmentos:
Água Aminoácidos - Túbulo contorcido distal.
Sódio Vitaminas - Túbulo coletor (ligação).
Cloreto Fosfato - Ducto coletor.
Potássio Bicarbonato
Glicose Cálcio Além disso, na ausência do hormônio antidiurético (ADH),
Proteína o túbulo contorcido distal é praticamente impermeável a
água. Assim, o filtrado resultante que origina a urina é hi-
A glicose é 90% reabsorvida na região por meio de posmótico fazendo com que a urina seja menos concen-
transportadores específicos das células (os SGLTs). trada.
Além disso, pequenas proteínas (KDa baixo) são reab-
sorvidas por pinocitose e há intensa reabsorção de Ducto coletor: Intensificação da reabsorção do sódio, es-
aminoácidos. pecialmente pela aldosterona, responsivo ao ADH tam-
bém. Sem ADH, impermeável a água com urina hiposmó-
Alça de Henle descendente delgada: o filtrado fecha à alça tico como produto final.
de Henle isosmótico e então, na delgada descendente, é
concentrado e torna-se hiperosmótico. Isso ocorre por- ADH: adiciona aquaporina nas membranas da cé-
que há maior proporção de reabsorção de água em rela- lula, sem aquaporinas, sem reabsorção de água.
ção aos solutos, assim, a osmolaridade é alterada. Esse
segmento apresenta aquaporinas que permitem a saída Tipos celulares (ducto e túbulo coletores):
da água a favor de um gradiente osmótico. - Células principais (a aldosterona e o ADH agem nelas).
- Células intercalares (controlam o pH).
Segmento pouco permeável ao Na+, ureia e outros.
Balanço do íon Na+
Alça de Henle ascendente delgada: esse segmento é muito O íon sódio é reabsorvido em diferentes proporções pelos
pouco permeável à água e é mais permeável ao Na+ e ou- diferentes segmentos dos túbulos renais:
tros solutos. Por conta dessa configuração, há início da - 67% é reabsorvido no túbulo contorcido proximal.
diluição do filtrado, os soltos são reabsorvidos em uma - 25% na alça de Henle.
maior proporção do que a água. - 5% no túbulo contorcido distal.
- 3% no ducto coletor.
O solvente não se altera, os solutos sim.
A perda de sódio, portanto, varia conforme a ingestão di-
Alça de Henle ascendente espessa: segmento completa- ária. Por exemplo, se a dieta tem cerca de 150 mg/dia, a
mente impermeável à água. Há intensa reabsorção de so- perda do íon na urina é menor de 1%, ou seja, é quase
lutos por uma bomba NKCC utilizando o gasto energético todo reabsorvido. Se a dieta é rica em sódio, há uma
do ATP para que haja reabsorção. perda maior de sódio na urina.
Rins: fazem o balanço das concentrações de sódio Furosemida: bloqueia o NKCC e possui ação diuré-
de acordo com a ingestão. Quanto mais sódio inge- tica. É um fármaco que evita reabsorção adicional de
rido, maior a proporção excretada. Quanto menos só- sódio que permanece dentro do túbulo renal gerando
dio ingerido, mais reabsorção e mínimo excreção. um gradiente osmótico que evita a reabsorção adici-
onal da água. Há maior eliminação de sódio e água.
A importância de controlar a excreção do sódio e reab-
sorvê-lo quase que totalmente se deve ao importante pa- Túbulo contorcido distal, túbulo e ductos coletores:
pel do sódio como principal soluto da osmolaridade do lí- - Túbulo contorcido distal reabsorve 5% do sódio.
quido extracelular. - Ducto coletor reabsorve 3% do sódio.
Túbulo contorcido proximal: a reabsorção de sódio no tú- São regiões responsivas a aldosterona que modula o per-
bulo contorcido proximal gera um gradiente para reab- centual de reabsorção. Com a presença do hormônio, há
sorção de água e outros solutos. Isso é possível porque a o percentual máximo de reabsorção, com redução da al-
bomba Na/K, localizada na membrana basolateral das cé- dosterona, estimula menos a reabsorção de sódio e há
lulas, atua gerando um gradiente de concentração para o maior perda de sódio na urina. Já a porção final promove
sódio. um ajuste fino na concentração de sódio no LEC.
Bomba Na/K lança o sódio para fora deixando a Diversos hormônios atuando nesses segmentos dos túbu-
concentração de sódio no interior das células do tú- los uriníferos que podem modular as concentrações des-
bulo contorcido proximal em menor concentração. ses íons e do volume de água reabsorvido:
Em diabéticos, por exemplo, há aumento da gli- 1) Neutralização de H+: é a primeira linha (proteínas, íons
cose plasmática gerando uma diurese osmótica. Indi- fosfato e bicarbonato), são os tampões que se combinam
víduos com diabetes têm maior volume de urina por- com o H+ evitando que ele esteja livre no líquido extrace-
que, permanecendo dentro do túbulo, a glicose gera lular contribuindo para a acidificação do pH.
um gradiente osmótico que evita que o volume de - Principal tampão = bicarbonato.
água seja reabsorvido competindo com a osmolari-
dade do sódio fazendo com que um volume maior de 2) Eliminação de H+: é a segunda linha realizada, por
urina seja produzido. exemplo, através da ventilação. O H+ combinado com o
Glicosúria = perda excessiva da glicose na urina. bicarbonato resulta em CO2 e água. O gás carbônico é eli-
minado pelo organismo através da ventilação.
Depuração renal ou clearance
Quantidade de plasma sanguíneo que é purificado de 3) Eliminação renal: é a terceira linha, uma resposta mais
uma determinada substância. Descreve a velocidade pela lenta que requer horas ou dias, mas que é muito efici-
qual substâncias são removidas (depuradas) do plasma. ente.
O nosso organismo tem uma tendência a acumular ácidos Além disso, a urina é uma solução ácida com pH variando
como resultado do metabolismo (com produção de CO2) de 4 a 6 conforme a quantidade e concentração de H+ eli-
e da excreção de bases (sais biliares) nas fezes. Assim, minada pela urina.
precisamos ter formas de eliminar ou neutralizar o ex-
cesso de ácido para que o pH do organismo se mantenha Os ácidos voláteis podem passar diretamente pelo
dentro da faixa de 7,38 a 7,42. processo de filtração ou podem ser secretados ao
longo da passagem do filtrado pelo túbulo pelas célu-
Ácidos voláteis (CO2) eliminados pelos pulmões. las intercalares e TCP.
Ácidos fixos (láctico, cítrico, sulfúrico, fosfórico e
clorídrico) são eliminados pelos rins.
Bicarbonato: transportado pela membrana basola- Geração e excreção do amônio são importantes
teral para o interstício e, posteriormente, para dentro porque geram novo bicarbonato lançado para a cor-
do capilar sanguíneo. rente sanguínea, e o amônio gerado é secretado para
Próton: transportado para fora da célula do túbulo a luz do túbulo renal levando os prótons produzidos
contorcido proximal junto ao filtrado. como produto da metabolização da glutamina.
Resposta a variações do pH
As células intercalares são importantes para a regulação
do pH e respondem à variação dele eliminando H+, ou
seja, secretando para dentro da luz do túbulo renal onde
eles se combinam com os ânions fosfatos fazendo o tam-
ponamento sendo eliminados como ácido fosfórico.
Em condições menos comuns, por exemplo de alcalose,
as células intercalares eliminam bicarbonato do orga-
nismo. Essas células estão localizadas especialmente na
porção final do túbulo urinífero, túbulo contorcido distal
e no ducto coletor.
01 mai 21
Aula 12 – Sistema Renal III
Balanço eletrolítico e
controle da pressão arterial
Prof. Stefani Valéria Fischer
Balanço hídrico
A osmolaridade do líquido extracelular é dependente da
proporção entre volume de soluto e volume de solvente.
Gradiente osmótico corticopapilar ou corticomedular Para isso, o indivíduo encontra-se bem hidratado, por-
tanto, precisa reduzir a volemia do líquido extracelular
Sistema multiplicador contracorrente: a impermeabili- por meio da eliminação de líquido.
dade da alça de Henle ascendente espessa à água faz com
que não haja passagem da água dos túbulos para o inters- A partir da alça de Henle ascendente delgada há reabsor-
tício. Além disso, ocorre transporte de cloreto de sódio e ção de sódio sem reabsorção de água porque tanto o tú-
de potássio pelo NKCC para o interstício constantemente. bulo contorcido distal, quanto o ducto coletor precisam
da ação do ADH (antidiurético) para que as aquaporinas
É algo dinâmico, o fluido troca constantemente (sais, tipo II sejam inseridas na membrana apical para permitir
água...) com o interstício no túbulo contorcido proximal e a reabsorção da água do filtrado para o interstício e, pos-
na alça de Henle. Na parte ascendente espessa da alça, o teriormente, para os capilares.
transporte de fluido é unidirecional direcionado para o in-
terstício enquanto a água dentro do túbulo se mantém. Quando o indivíduo está bem hidratado, a osmolaridade
não está alterada, e a síntese e a secreção do ADH estão
Isso gradualmente promove o acúmulo do soluto reduzidas. Ou seja, há poucas aquaporinas inseridas na
no interstício com deposição gradual de soluto com o região do túbulo contorcido distal e do ducto coletor. Por-
córtex menos concentrado e medula acumulando tanto, a reabsorção de água é mínima culminando na pro-
mais solutos estabelecendo o gradiente. dução de urina menos concentrada com volume maior.
Papel dos hormônios: diversos hormônios auxiliam no por exemplo, de uma região de 800 mOsm para uma re-
controle da osmolaridade e da volemia modulando a in- gião de 900 mOsm e, posteriormente, para os vasos re-
tensidade de reabsorção dos solutos e da água. tos. Quando o líquido passa para dentro dos vasos retos
é adicionado ao sangue e direcionado a circulação sistê-
Hormônios e local de atuação: mica.
Angiotensina II: alça de Henle ascendente.
Aldosterona: túbulo distal/ducto coletor, secreção K+. Condições necessárias para concentração da urina:
Adrenalina/noradrenalina: todo o néfron. - Presença do ADH (para inserir aquaporinas).
- Gradiente corticomedular (possibilita osmose).
O principal estímulo para secreção do ADH é o aumento - Fluxo sanguíneo pelas alças formando os vasos retos
da osmolaridade. Se o indivíduo está hidratado, a osmo- contrário ao fluxo dos túbulos renais favorecendo que a
laridade normal, há redução do ADH que interage menos água que iria se acumular no interstício passe para dentro
com o túbulo contorcido distal e ducto coletor. Ou seja, dos vasos retos.
há uma redução muito grande na capacidade de reabsor-
ção de água pela ausência de aquaporinas na membrana Sistema multiplicador contracorrente
apical. Assim, o filtrado tem os solutos reabsorvidos e a A capacidade de remover a água que foi passada dos tú-
água não, assim, o filtrado torna-se mais diluído. bulos para o interstício para dentro dos vasos retos se
deve ao fluxo dos vasos retos em relação aos túbulos re-
Hormônio antidiurético (ADH) nais de maneira contracorrente.
Produzido no hipotálamo, secretado pela neuro-hipófise,
possui dois estímulos principais para a sua secreção: O sentido do fluxo é contrário, a alça de Henle ascendente
- Alta osmolaridade (variações de 1%). é impermeável à água tendo NKCC para o interstício ge-
- Baixo volume do líquido extracelular (volemia, 5%). rando o gradiente osmótico. Parte dos solutos vai para
dentro da corrente sanguínea pelos vasos retos. O san-
Fatores estimuladores adicionais: gue, próximo a alça de Henle ascendente espessa, tem
- Angiotensina II, náusea e nicotina. concentração de 300 mOsm, ao passar pelos túbulos re-
tos em direção à medula, há adição de solutos aumen-
Fatores inibidores: tando a concentração, ao chegar ao final da medula, os
- Peptídeo natriurético atrial (ANP), etanol. vasos retos têm menor concentração do sangue che-
gando a 1200 mOsm no túbulo e vasos retos.
ADH na corrente sanguínea atua nos rins, especialmente
porção final do TCD e no DC adicionando as aquaporinas Conforme o sangue ascende na região do córtex onde
nas membranas apicais as células principais das regiões será levado para a circulação sistêmica, há associação
estimulando a passagem da água de dentro do túbulo com a alça de Henle descendente e o túbulo contorcido
para o interstício e, do interstício, para os capilares. proximal, onde a água é a reabsorvida intensamente, não
se acumulando no interstício porque o gradiente de
As aquaporinas ficam em vesículas intracelulares, maior concentração gerado nos vasos retos permite que
quando há ação do ADH nos receptores de mem- a água seja difundida para dentro dos vasos sendo reab-
brana, há translocação das vesículas para membrana. sorvida.
A osmose ocorre sempre de um meio de menor para um Tanto o líquido que passa do túbulo contorcido proximal,
meio de maior concentração, como a água passa do tú- quanto a alça de Henle descendente, se difunde pelo gra-
bulo para os capilares, os vasos retos. O gradiente corti- diente osmótico para os vasos. O mesmo acontece para a
comedular é importante para o processo, o interstício é água que passa do túbulo contorcido distal e do ducto co-
mais concentrado que o filtrado, quando adicionadas as letor para o interstício e, posteriormente, para os vasos
aquaporinas, a água segue o fluxo da região de menor retos, porém, aqui, só há reabsorção de água em maneira
concentrado (filtrado) para uma região de maior concen- ideal e volume maior se houver aumento do ADH, sem
tração (interstício) e, posteriormente, para dentro dos va- ele, a reabsorção de água ocorre normalmente no TCP e
sos retos. AHD.
Mecanismos estimulados:
- Síntese de bombas de sódio-potássio ATPase na mem-
brana basolateral das células principais.
- Aumento do número de canais de sódio e potássio na
membrana basolateral.
Dopamina:
- De origem neural e parácrina, estimulada pelo aumento
do volume do líquido extracelular.