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resumos de

Julia Maldonado Garcia | Odontologia | ufsc


 Principal local de digestão: no intestino, especial-
mente no intestino delgado onde há adição das enzi-
mas digestivas do suco pancreático, favorecendo os
processos de digestão e absorção.

01 fev 21
Aula 01 – Sistema digestório I
Prof. Stefani Valéria Fischer

Estrutura do tubo digestório – esôfago ao cólon


Fisiologia digestória O tubo digestório se desenvolve a partir da endoderme
- Componentes do trato gastrointestinal. do embrião. Assim, quando ocorre dobramento de folhe-
- Conceitos básicos. tos embrionários formando um tubo que passa pela re-
- Regulação das funções digestórias. gião central do embrião, há formação do trato digestório.
- Inervação (controle neuronal).
- Motilidade (movimentos ao longo do TGI, conceito, fun- Camadas: o tubo digestório é formado por 4 camadas que
ção, padrões de motilidade, base elétrica (modificações formam uma parede e são encontradas ao longo do tubo
nas membranas das células lisas que formam o TGI pro- todo, do esôfago ao final do intestino grosso:
movendo os movimentos).
1. Mucosa (mais externa, contato com a luz).
Divisão anatomofuncional 2. Submucosa.
Trato gastrointestinal é composto pelos seguintes seg- 3. Muscular (dividida em circular e longitudinal).
mentos, cada um com suas especializações: 4. Serosa ou adventícia (final, mais interna).
- Cavidade oral.
- Orofaringe. Embora essas quatro camadas ocorram em qualquer seg-
- Esôfago. mento do TGI, há especializações em cada um deles. Ou
- Estômago. seja, a mucosa das camadas será diferente conforme a
- Intestino delgado (3 porções, duodeno, jejuno, íleo). especialização do segmento. A diferença de cada camada
- Intestino grosso (cólon ascendente, transverso, descen- mucosa relaciona-se com a função que cada segmento
dente, sigmoide e reto). desempenha, de acordo com digestão, absorção, motili-
- Ânus (porção final com 2 esfíncteres, interno e externo). dade, secreção...

Além disso, há órgãos anexos ao trato gastrointestinal, as- Sistema nervoso entérico
sociados a ele, auxiliam na digestão e na absorção: É a inervação própria do trato gastrointestinal compreen-
- Dentes. dendo plexos nervosos (complexos de neurônios) que se
- Língua. localizam ao longo do trato digestório. Essa rede de neu-
- Glândulas salivares. rônios distribui-se pelo esôfago, estômago e intestino e é
- Fígado (produção da bile). responsável por coordenar secreção, motilidade e por re-
- Vesícula biliar (armazena e concentra a bile). gular o aporte sanguíneo de acordo com a necessidade.
- Pâncreas (porção exócrina responsável pela produção
de enzimas digestivas que são direcionadas ao intestino). Os plexos nervosos subdividem-se em:

Funções básicas sistema gastrointestinal 1. Plexo nervoso submucoso (Meissner): conjunto de


- Ingestão. neurônios localizados na camada submucosa. Há
- Motilidade. pontos específicos do plexo na região do esôfago,
- Secreção (7 litros/dia + 2L de ingestão). mas se torna mais proeminente a partir da região do
- Processo de digestão química e mecânica. intestino delgado. Regula especialmente os vasos
- Absorção (passagem do conteúdo da luz do trato gas- sanguíneos e a distribuição de sangue ao longo do
trointestinal para corrente sanguínea e vasos linfáticos). TGI, além de regular o estímulo das células endócri-
- Excreção do que não foi digerido e absorvido. nas e exócrinas controlando a secreção e a absorção.
2. Plexo nervoso mioentérico (Auerbach): localizado composto por neurônios sensitivos, interneurônios e
entre as duas camadas musculares (circular e longitu- neurônios motores, sendo a subdividido em:
dinal). É o responsável por coordenar os movimentos - Plexo submucoso: secreções e fluxo sanguíneo.
de mistura e propulsão do conteúdo luminal. - Plexo mioentérico: motilidade.

Regulação da função do trato gastrointestinal Os plexos apresentam neurônios sensitivos que perce-
Todas as células que formam o TGI, de todas as camadas bem essas variações (por exemplo: estímulos mecânicos
e segmentos, são responsivas a hormônios, a sinalização e químicos). Esses neurônios sensoriais, em contato com
parácrina e a neurotransmissores. Ou seja, a regulação os interneurônios que, por sua vez, estão em contato com
das funções do trato gastrointestinal ocorre por meio de: os neurônios motores e acabam os estimulando fazendo
com que liberem neurotransmissores responsáveis por
 Hormônios. desencadear respostas secretórias e respostas de motili-
 Sinalização parácrina. dade (contração e relaxamento da musculatura lisa).
 Sinalização neuronal (neurotransmissores).
 Variação mecânica = tração, estiramento.
Sinalização neuronal: ocorre tanto pelo sistema nervoso  Variação química = osmolaridade, substâncias dos
entérico, quanto sistema nervoso autônomo (simpático e próprios alimentos.
parassimpático) que compõe a inervação extrínseca que
faz sinapse com o SNE e modula o TGI. Inervação extrínseca: O sistema nervoso autônomo pelas
divisões parassimpática e simpática faze contato com os
O principal estímulo para iniciar a secreção dos hormô- neurônios intrínsecos modulando sua atividade.
nios, as secreções parácrinas e a sinalização neuronal
ocorre a partir de um estímulo local. Assim, quando nos (a) Simpático: eferências partem da região toráculo-lom-
alimentos, o conteúdo passando pelo TGI acarreta mu- bar da medula espinal. Os neurônios pré-ganglionares se
danças de pH, estiramento da parede, mudança de osmo- direcionam para os gânglios (especialmente para os gân-
laridade e os próprios produtos da digestão estimulam re- glios celíaco e mesentéricos superior e inferior) onde há
ceptores sensoriais presentes na mucosa desencadeando sinapse com os neurônios pós-ganglionares que são dire-
respostas neuronais intrínsecas (desencadeadas pelo cionados para diversas regiões do trato gastrointestinal.
SNE) enviando sinais para o SNC por aferências sensoriais Os neurônios pós-ganglionares simpáticos fazem sinapse
regulando tanto secreções, quanto motilidade do TGI. com os neurônios entéricos (formadores dos plexos) mo-
dulando sua atividade. Além disso, o sistema nervoso sim-
 Principal estímulo para iniciar é o estimulo local, o pático também pode modular diretamente algumas célu-
alimento passando pelo trato gastrointestinal. las ou estruturas da parede do trato gastrointestinal.

 Controle endócrino: regulação por meio de hor- - Função principal: inibitória.


mônios secretados por células êntero-endócrinas - Reduz digestão e motilidade de modo geral. Inervam a
presentes na mucosa (na lâmina própria) que, através parede relaxando a musculatura lisa, retardando o esva-
da corrente sanguínea, atuam em células-alvo à dis- ziamento, estimulando a contração dos esfíncteres (redu-
tância (inclusive SNC). zindo passagem de uma região para a outra), promo-
 Controle neurócrino: regulação por meio de neu- vendo a redução da passagem de sangue com contração
rônios que liberam seus neurotransmissores em si- das arteríolas reduzindo o fluxo sanguíneo para o TGI, e
napses ou, mais difusamente, nas varicosidades. inibe o processo de secreção das glândulas exócrinas.
 Controle parácrino: regulação por meio de células
especializadas (enterocromafins) presentes na mu-  Condições que retardam a motilidade e reduzem
cosa, inclusive na lâmina própria, que secretam subs- as secreções no trato gastrointestinal.
tâncias que difundem no interstício e atuam em célu-  Neurotransmissor: noradrenalina.
las vizinhas.
(b) Parassimpático: suas eferências se projetam do tronco
Regulação neural de secreção e motilidade encefálico e da região sacral. Do tronco encefálico, parte
projeção do Nervo Vago para a região do trato gastroin-
Inervação intrínseca: composta pelo sistema nervoso en- testinal direito e esquerdo. Neurônios pré-sinápticos lon-
térico, a terceira divisão do sistema nervoso autônomo, gos vão até o trato. Como os pós-sinápticos se localizam
dentro da parede do trato gastrointestinal, a sinapse
ocorre dentro da parede. Assim, pode-se dizer que os Exemplos de reflexos:
neurônios pós-sinápticos são intramurais, compondo os Reflexo longo: deglutir. O alimento na cavidade oral esti-
neurônios entéricos. mula terminais sensoriais que levam essa informação até
o tronco encefálico, então, as eferências estimulam o TGI
 Nervo vago: maior parte, do esôfago até a primeira para motilidade para que ocorra a deglutição. Além disso,
porção do intestino grosso. o aumento da motilidade ou da secreção ao longo do
 Nervos sacrais: menor parte, nervos pélvicos, iner- trato gastrointestinal antes da ingestão do alimento, cau-
vam a porção final do intestino grosso posterior. sado pela visão, cheiro, audição ou pensamento que ati-
vam áreas do SNC que liberam estímulos eferentes que
- Função principal: estimulatória. modulam o SNE por meio do simpático e parassimpático.
- Estímulo das funções digestivas pós-prandiais (após ali- Reflexo curto: alimento na região do estômago. Após a
mentação). Quando o indivíduo acabou de se alimentar, deglutição e o peristaltismo, o alimento chega na região
há aumento da atividade do parassimpático que age fa- do estômago e gera reflexos curtos desencadeados ape-
vorecendo digestão e secreção ao longo do trato gastroi- nas pela ação dos neurônios dos plexos entéricos.
ntestinal. Age aumentando a atividade das glândulas pelo
estímulo de ácinos e ductos aumentando a secreção, es- Motilidade do trato gastrointestinal
timula a contração da parede, favorecendo a motilidade, A motilidade é o conjunto de movimentos desencadea-
a propulsão e a mistura do conteúdo alimentar com as dos pelo processo de contração e relaxamento da muscu-
secreções, aumentando a digestão e a absorção. latura lisa ao longo do trato. Assim, alguns segmentos
têm maior ou menor motilidade conforme o estado do
 Estímulo de funções digestivas pós-prandial. indivíduo (alimentado, pós-prandial ou interdigestivo),
 Neurotransmissores: acetilcolina ou peptídeos portanto, a motilidade associa-se a essas condições.
(GRP, substância P e VIP).
 Acabou de ingerir o alimento, estímulos para que
haja aumento da motilidade favorecendo a quebra
mecânica e a mistura do conteúdo com as secreções.
 Período interdigestivo, redução da motilidade e
das secreções.

Portanto, a motilidade é o resultado da alternância entre


contração e relaxamento da musculatura lisa visceral.

- Organização da parede do TGI:


Na parede do TGI, há duas camadas musculares, a circular
Reflexos do trato gastrointestinal interna e a longitudinal externa. As células que formam
Reflexos são respostas estereotipadas, ou seja, que ocor- essa parede são associadas por junções comunicantes,
rem sempre da mesma forma frente a um estimulo. Por suas informações passam/se propagam para as células vi-
exemplo: alimento passa pelo TGI, estira uma região es- zinhas, são sinapses elétricas. Ao longo do trato, as célu-
pecífica gerando um estímulo sensorial que culmina em las se organizam em folhetos separados, assim, a motili-
respostas motoras (aumento de motilidade e secreção). dade de cada um dos segmentos pode ser controlada de
forma independente.
Os reflexos do trato gastrointestinal podem ser classifica-
dos em curtos e longos conforme os plexos envolvidos: - Funções dos movimentos:
 Curtos: realizados a partir de estímulos circuito-lo- - Propulsão do conteúdo luminal boca-ânus (direção prin-
cais. Há apenas envolvimento de plexos entéricos, cipal, às vezes, há propulsões reversas como vômito).
dos receptores sensoriais do SNE, dos interneurônios - Mistura mecânica do alimento com as secreções favore-
e dos neurônios motores entéricos. cendo a ação das enzimas.
 Longos: envolve o SNC. A informação sensorial é - Trituração mecânica.
levada até ele por aferências sensoriais, é processa e, - Limpeza do trato gastrointestinal.
através de eferências do simpático ou do parassimpá-
tico, há modulação dos plexos entéricos e, por conse- Há movimentos relacionados principalmente a períodos
quência, da resposta gerada por eles. digestivos (quando há alimento) e movimentos de lim-
peza que ocorrem no período interdigestivo retirando re- mecânicos por exemplo) contribuem para a existência de
síduos dos segmentos. As células musculatura lisa respon- um grande potencial de membrana até que se atinja o li-
dem, têm atividade elétrica modulada por estímulos neu- miar disparando os potenciais de ação que irão se propa-
ronais, endócrinos e parácrinos. gar. Assim, haverá abertura de grande quantidade de ca-
nais de cálcio sensíveis à voltagem com maior influxo de
 O principal estímulo que leva ao aumento da ativi- cálcio provocando o aumento da contração.
dade neuronal, aumento de secreções endócrinas e
parácrinas é a presença do conteúdo luminal no  Onda lenta: força de contração baixa. Poucos ca-
trato, um estímulo mecânico e químico. nais se abrindo, pouca entrada de cálcio, menor nú-
mero de pontes cruzadas se formando.
Músculo liso  Ondas lentas + outras variações: força de contra-
O músculo liso responde a diversos estímulos porque pos- ção alta. Limiar elétrico atingido, abertura de mais ca-
sui canais específicos para o cálcio sensíveis à voltagem, nais (sódio, altera a voltagem da membrana, ativa ca-
sensíveis à variação de estoque na célula, sensíveis a li- nal de cálcio), grande entrada de cálcio (aumenta o
gante (IP3) que, quando estimulados, se abrem e permi- influxo), maior número de pontes cruzadas.
tem a entrada de cálcio nas células. Assim, o grau de con-
tração da célula depende da concentração de cálcio no Ritmo elétrico basal formado pelas ondas lentas, então, é
citoplasma. uma condição que favorece e possibilita que o limiar seja
alcançado mais facilmente ocorrendo uma contração vi-
 Grau de contração: depende dos diferentes tipos gorosa da musculatura. Assim, as ondas lentas não são
de estímulos recebidos por essas células. potenciais de ação (não atingem o limiar). Porém, quando
alcançam o limiar em conjunto, há desenvolvimento de
Eletrofisiologia da musculatura lisa no TGI um potencial de ação na musculatura lisa.
As células da musculatura lisa apresentam um potencial
de membrana estável, porém, as células intersticiais de Ritmo elétrico basal e segmento do TGI: a frequência das
Cajal, células marca-passo, associam-se por junções co- ondas lentas é dependente do segmento do TGI. Isso
municantes às células da musculatura lisa e geram varia- ocorre porque cada região tem folhetos diferentes de
ções no potencial de membrana (de 5 a 10 mV). Por conta musculatura lisa, cada qual com um sistema marca-passo
das junções comunicantes, quando a célula marca-passo que dita o ritmo. Então:
apresenta uma despolarização na membrana, essa des-
polarização se propaga para as células da musculatura lisa - Estômago, 3 a 5/minuto.
e o potencial de repouso das células lisas fica instável. - Duodeno, 12 a 20/minuto.
- Íleo, 8 a 9/minuto.
As células musculares lisas apresentam um ritmo elétrico - Intestino grosso: 6 a 8/minuto.
basal. Isso significa que apresentam pequenas variações
no potencial de membrana por conta das células de Cajal. Ondas lentas e neurotransmissores: a acetilcolina, neuro-
Esse ritmo elétrico basal é gerado por essas células e transmissor parassimpático estimulante, estimula o pro-
pode ser modulado pelo SNE, por ação de hormônios ou cesso de formação das ondas lentas favorecendo que o
substâncias parácrinas. Pequenas variações no potencial limiar seja atingido e a formação do potencial de ação. Já
de membrana são alterações elétricas (potenciais gradu- a adrenalina, neurotransmissor simpático inibitório, re-
ados) que permitem a abertura dos canais de cálcio de- duz a propagação e formação das ondas lentas reduzindo
pendentes de voltagem. Assim, há entrada de pequenas a motilidade do trato gastrointestinal.
concentrações de cálcio nessas células promovendo a for-
mação de pontes cruzadas e diferentes graus de contra- Padrões de motilidade
ção das células musculares. Os padrões de motilidade se alteram durante períodos in-
terdigestivo e períodos pós-prandiais. Assim:
 Ritmo elétrico basal: ondas lentas, pequenas vari-
ações no potencial de membrana das células lisas vis- (a) Contração tônica, as células permanecem a maior
cerais em resposta às despolarizações causadas pelas parte do tempo contraídas. Ex: esfíncteres.
células intersticiais de Cajal. (b) Contração fásica, as células relaxam e contraem com
alternância. Dentro dessa contração, há movimentos de
Importância: as variações no potencial de membrana, peristaltismo (propulsão) e movimentos segmentares
quando somadas a outras despolarizações (por estímulos (mistura).
Peristaltismo: contrações alternadas da musculatura cir- Motilidade gástrica
cular e longitudinal propelindo o conteúdo alimentar da O estômago é responsável por armazenar o que degluti-
boca em direção ao ânus. Ocorre na faringe, esôfago, es- mos até o processo inicial de digestão gástrica pelo suco
tômago (bomba pilórica) e no intestino delgado. gástrico que será direcionado para o intestino onde so-
- São movimentos de curtas distâncias. frerá o processo final de digestão e de absorção.
- Frequência decrescente do duodeno ao íleo, tendo o du-
odeno maior motilidade em comparação ao íleo. A região anterior (fundo do estômago) se relaxa para re-
- São acelerados durante o período de digestão. ceber e armazenar o conteúdo deglutido. Enquanto isso,
- São reduzidos nos períodos interdigestivos. a região posterior do estômago (região mediana do
corpo, antro e piloro) é responsável por promover movi-
Mecanismo: o bolo alimentar pressiona a parede do trato mentos vigorosos da musculatura lisa favorecendo uma
desencadeando estímulos mecânicos e químicos na mu- quebra mecânica do conteúdo do interior gástrico.
cosa. Os neurônios sensíveis aos estímulos sinalizam os
neurônios da região posterior ao bolo alimentar promo- Estômago divide-se em:
vendo a contração da musculatura lisa circular formando (a) Porção proximal: fundo e corpo proximal, relaxa-
um anel de contração aumentando a pressão da região mento receptivo, acomoda o conteúdo deglutido.
impulsionando o bolo alimentar para frente. Além disso, (b) Porção distal: corpo médio, corpo caudal, antro
a musculatura lisa longitudinal relaxa. O mesmo estímulo proximal, antro terminal e piloro, propulsão e mistura
promove no segmento anterior ao bolo o relaxamento da para que haja quebra mecânica do conteúdo.
musculatura lisa circular reduzindo a pressão e favore-
cendo a movimentação do bolo para a região a frente, a Motilidade do intestino grosso
musculatura lisa longitudinal é estimulada a se contrair. No intestino grosso, os movimentos de segmentação e
movimentos peristálticos recebem outros nomes:
 Anterior: circular relaxa/longitudinal contrai.
 Posterior: circular contrai/longitudinal relaxa. (a) Contrações haustrais: movimentos segmentares
lentos que ocorrem em função da contração e relaxa-
Contração segmentar ou de mistura: ocorre em pequenos mento das células musculares que formam a parede
segmentos, é a contração da musculatura lisa formando do segmento e que separam o bolo fecal em porções.
diversos anéis de constrição fazendo o conteúdo do inte- (b) Movimento em massa: peristáltico, movimentos
rior do segmento se misturar. Não há intenção de propelir de propulsão. Ocorrem de 3 a 4 vezes por dia e têm
o alimento da região oral para a região aboral, mas, sim, como função impulsionar o conteúdo fecal em dire-
de misturar o conteúdo com as secreções do trato gas- ção ao reto, distendendo o reto e estimulando o re-
trointestinal. flexo da defecação.
- Aumentado em período digestivo e pós-prandial.
- Reduzido em período interdigestivo. Reflexo da defecação
Abordado na aula síncrona.
Complexo motor-migratório: movimento de faxina do
trato gastrointestinal que ocorre em períodos interdiges-
tivos. Ocorre no interior gástrico e no intestino delgado
sendo desencadeado por um sistema marca-passo locali-
zado na parede do estômago. Esse complexo promove
ondas peristálticas de contração que vão propelindo todo
o conteúdo residual que permaneceu no estômago e no
intestino delgado em direção ao intestino grosso. Além
dos resíduos, o conteúdo de bactérias é levado para o in-
testino grosso impedindo que subam para regiões onde
poderiam causar problemas.

 Estímulo: hormônio motilina que, secretado, esti-


mula o sistema marca-passo da parede gástrica favo-
recendo a formação do complexo motor-migratório.
 As ondas ocorrem a cada 90 minutos.
Conforme o alimento passa pelo trato gastrointestinal, o
estímulo mecânico do alimento em contato com os ter-
minais sensoriais da mucosa e os seus componentes quí-
micos (como aminoácidos, peptídeos e ácidos graxos) es-
timulam a secreção das porções onde se encontram. Por
exemplo, quando estamos mastigando, há produção de
08 fev 21 estímulos químicos e mecânicos para secreção da saliva.
Aula 02 – Sistema digestório II
Prof. Stefani Valéria Fischer Em todas as fases há estímulos que desencadeiam a se-
creção. A presença do alimento no TGI causa estímulo
mecânico (estiramento) e químico. A partir daí, temos:
Fisiologia digestória
Fases de resposta à refeição:
 Secreções endócrinas, caem na corrente sanguí-
(a) Fase cefálica (quando ainda não há alimentação).
nea e atuam não só no local, mas em outras regiões.
(b) Fase oral (alimento na cavidade oral).
 Secreções parácrinas, estímulo local em que uma
(c) Fase esofágica (deglutição e no esôfago).
das células secreta substância que age nas vizinhas.
(d) Fase gástrica.
 Estímulos nervosos, por exemplo, com o estira-
(e) Fase do intestino delgado.
mento, há ativação de terminais sensoriais mecânicos
(f) Fase colônica.
que levam a informação ao SNC que, por sua vez, re-
tribui com eferências pelo sistema autônomo deter-
Deglutição: por dia, cerca de 9 mil litros de conteúdo pas-
minando secreção de determinadas células ou au-
sam pelo trato gastrointestinal. Assim, a deglutição é um
mento da motilidade.
processo complexo que envolve uma parte voluntária e
uma parte involuntária (mecanismos reflexos). Para que
Assim, cada porção possui função e secreções específicas,
ela ocorra, é necessário que haja abertura do esfíncter
além de características específicas, como pH. Cada pH é
esofágico superior, ondas de peristaltismo primário em-
especial para local no momento de digestão e no mo-
purrando o bolo pelo esôfago e abertura do esfíncter eso-
mento interdigestivo.
fágico inferior para a passagem até o estômago.

Onda peristáltica primária: o bolo gera um estímulo me- Fase cefálica


cânico levando uma informação sensorial ao SNC. O N. Inicia-se antes da alimentação (contato/ingestão), apenas
Vago comprime a região atrás do bolo e promove a dila- o ato de observar, escutar ou cheirar algo pode acabar
tação na região à frente do bolo. Dessa forma, o bolo ali- ativando a fase cefálica. Ou sejam são reflexos antecipa-
mentar é empurrado para o local de relaxamento em um tórios. Esses estímulos desencadeiam respostas via N.
sentido oral-aboral. Nesse mecanismo, os neurotransmis- vago do parassimpático (núcleos neuronais no bulbo)
sores da contração são: com neurônios pré-ganglionares direcionados para a pa-
rede do trato. No trato gastrointestinal, o neurônio pré-
 Acetilcolina = estimulatória. ganglionar faz sinapse com o pós-ganglionar que faz parte
 Óxido nítrico = inibitório. da parede.

O N. Vago estimula os neurônios presentes na parede do Com isso, há estímulo para secreções gástricas e entéri-
trato gastrointestinal que formam o plexo mioentérico cas antes de o alimento passar pelas regiões. Ou seja, a
para que haja motilidade. fase cefálica age preparando o trato gastrointestinal para
que ele receba o alimento com secreções já prontas.
Dos 9 L que passam diariamente pelo trato gastrointesti-
nal, há uma porção advinda da alimentação e uma porção  Fase cefálica = preparo de secreções e motilidade.
secretada pelas glândulas do trato para a luz do tubo. Por
exemplo, a saliva corresponde a 1,5 L por dia, além dela, Nervo vago: atua no esôfago, no estômago e em porções
há secreções gástricas, entéricas e de glândulas anexas iniciais do intestino delgado e intestino grosso. É o nervo
(como o fígado e o suco pancreático). Apesar disso, dos 9 principal na inervação do trato gastrointestinal superior.
L diários, apenas pequena porção de 150 mL é eliminada – Neurotransmissor principal: acetilcolina, estimulatório
nas fezes já que a maior parte é absorvida. para secreções e motilidade.
Por exemplo: quando a pessoa viu o alimento, ativou a Além disso, o tronco encefálico recebe informações do
fase cefálica, começou a salivar e teve as secreções gás- córtex (como olfato e gustação) que irão regular esse pro-
tricas estimuladas e aumento da motilidade. Porém, se a cesso da mastigação. Além disso, há um controle volun-
pessoa não comeu, o processo gradualmente se desfaz tário, assim, é possível definir se eu quero mastigar mais
porque há uma parada no estimulo dos núcleos neuronais ou menos ou fazer processos.
do nervo vago e, gradualmente, o preparo para o recebi-
mento do alimento se desfaz voltando para a fase basal. A partir do tronco encefálico, os núcleos neuronais en-
viam neurônios motores eferentes que inervam os mús-
Fase oral culos estriados esqueléticos responsáveis pela mastiga-
Estímulos orais se somam à fase oral. O mecanismo de ção, por exemplo, masseter, pterigoideo lateral e medial,
secreção salivar desencadeado pela fase cefálica, em con- temporal.
junto com o alimento em contato com a mucosa oral
agem estimulando terminais sensoriais que levam essa in- Secreção salivar: a saliva cumpre diversas funções, umidi-
formação para o SNC trazendo um estímulo das glândulas fica, lubrifica, solubiliza para o paladar, inicia a digestão
salivares para a produção e secreção da saliva. de carboidratos e lipídios (por enzimas), neutraliza o re-
fluxo gástrico (auxilia na neutralização do ácido do re-
A trituração do alimento sólido de maneira mecânica pe- fluxo), regula a temperatura, faz limpeza da cavidade oral
los dentes gera um estímulo da salivação. A mistura do (conteúdo seja eliminado e deglutido com ela) e participa
bolo alimentar com a saliva inicia a digestão, especial- da defesa imunológica (secreção de anticorpos na saliva).
mente do amido, e facilitada a deglutição já que o ali-
mento molhado é mais facilmente deglutido, causando - Produção basal: 1,5 L/dia
menos lesões no epitélio de revestimento das cavidades, - Noturno: há redução (por isso deve haver uma escova-
evitando, também, escoriações no trato gastrointestinal. ção ideal à noite, já que a salivação reduzida diminui a
Além disso, a salivação possibilita saborear o alimento já limpeza, favorecendo os microrganismos).
que as partículas dissolvidas estimulam algumas termina-
ções sensoriais químicas possibilitando a palatabilidade.  A alimentação é um estímulo para a produção sali-
var. A saliva aumenta de 10/20 vezes nessa condição.
Reflexo mastigatório: o estímulo do alimento em termi-
nais sensoriais da mucosa oral causa a inibição da muscu- As glândulas salivares são compostas por porções acino-
latura mastigatória porque a informação, levada ao SNC, sas, responsáveis pela secreção de enzimas, e uma sele-
induz uma resposta de relaxamento da musculatura com ção de ductos em que há modificação da saliva inicial. As-
queda da mandíbula e estiramento da musculatura. As sim, a saliva divide-se em:
terminações sensoriais do próprio músculo estriado es-
quelético captam esse estímulo de estiramento e estimu-  Serosa = saliva aquosa, enzimas.
lam reflexos que promovem a contração da musculatura  Mucosa = muco, glicoproteínas.
que comprime o bolo alimentar.
As glândulas salivares maiores, as principais, são as paró-
 Ciclo que se repete constantemente: alimento na tidas, sublinguais e submandibulares, responsáveis pela
boca, inibe os músculos da mastigação, a mandíbula produção de aproximadamente 90% do volume total de
cai e há estiramento. O estiramento, ou seja, o mús- saliva.
culo relaxado, serve como estímulo para a contração
da musculatura e compressão do bolo alimentar. Hipofunção das glândulas salivares: disfunções com favo-
Junto a isso a língua favorece a mistura do conteúdo recimento de lesões, especialmente na mucosa, dificul-
alimentar com secreção salivar. dade de deglutição, maior propensão a desenvolvimento
de cárie, rachaduras na língua, queimação na garganta e
A região do tronco encefálico é importante para o con- na boca pela ausência de lubrificação, propiciando dor e
trole da mastigação já que é onde estão localizados os nú- o aparecimento de infecções oportunistas.
cleos neuronais responsáveis pelo estímulo. Recebem as
informações da cavidade oral via nervos sensoriais (V, VII  Síndrome de Sjogren: disfunção que causa resse-
e IX) e, nos núcleos, há processamento e a informação camento da cavidade oral (xerostomia). Fisiopatolo-
motoro enviada para os músculos da mastigação. gia envolve a incapacidade de transportar íons e água
por meio dos trocadores de cloreto e íon bicarbonato
e dos poros de aquaporina 5 após estimulação coli- pH salivar: varia (de 6,2 a 7,2) conforme o período.
nérgica.
(a) Período interdigestivo: menor produção de saliva,
Composição orgânica: enzimas responsáveis pela degra- isotônica gradualmente modifica até uma saliva hipo-
dação de carboidratos (amilase – amigo e glicogênio) e tônica secretada na cavidade oral com pH oral de
que auxiliam na degradação de lipídios (lipases) e que au- cerca de 7,2. Fluxo menor, mais tempo de passagem
xiliam na digestão de RNA (ribonucleases). Proteínas ricas pelos ductos permitindo uma maior modificação.
em prolina ideais para a lubrificação e para a formação de
proteção do esmalte (mucinas), proteínas com efeito an- (b) Períodos alimentares: fluxo maior. O período de
tibacteriano (Lactoferrina, lactoperoxidase e lisozima). passagem da saliva primária pelos ductos é mais rá-
Além disso, há anticorpos (IgA) necessários para a ação da pido, mas modificações acontecem em uma propor-
saliva na resposta imunológica, e fatores de crescimento ção menor. A saliva é mais ácida porque há menor
que estimulam parede/mucosa do trato gastrointestinal. adição de bicarbonato. Nesse momento, a saliva se-
Imunoglobulinas (IgA) anticorpos necessários para a ação cundária é muito mais próxima da saliva primária.

Composição inorgânica: íons (sódio, potássio, bicarbo- Controle secretor da saliva: o controle da secreção da sa-
nato, cálcio, magnésio, cloreto) e água (composição mais liva é exclusivamente neuronal. O SNA, pelas inervações
líquida da saliva). simpáticas e parassimpáticas, estimula síntese/secreção.

 Essa composição se altera de acordo com nosso  Parassimpático: especialmente através do N. Facial
estado pré ou pós-prandial (antes da alimentação, in- (VII) e do N. Glossofaríngeo (IX) que inervam as glân-
terjejum, e períodos de alimentação ou logo após a dulas salivares e estimulam sua secreção. As células
alimentação). Além disso, da composição da saliva, mioepiteliais em torno dos ácinos que promovem a
cerca de 98% a 99% é água. contração favorecendo a ejeção do conteúdo da luz
dos ácidos para dentro dos ductos. Além disso, pro-
Secreção salivar: divide-se em secreção primária e secre- movem a vasodilatação dos vasos sanguíneos que ir-
ção secundária, cada uma com diferentes características. rigam as glândulas através do VIP (neurotransmissor
inibitório). A ação nos ácinos e ductos pela acetilco-
(a) Secreção primária: que forma a saliva. A concen- lina estimula o receptor que atua via IP3 aumentando
tração de íons, em comparação com a do plasma, é o cálcio intracelular, via fosfolipase C, estimulando a
isotônica (concentração de potássio levemente secreção dos ácinos e dos ductos, tanto de eletrólitos
maior, mas basicamente a mesma coisa). Formada quanto de água. Também promovem estímulo do
pela região acinar e secretada na luz dos ductos. crescimento glandular e manutenção das glândulas.
- Efeito final: estímulo para secreção salivar.
Quando essa saliva passa pelos ductos, especialmente
pelo ducto estriado, há proteínas nas membranas das cé-  Simpático: também é para estimulo secretório. Po-
lulas que irão fazer trocas de íons culminando na modifi- rém, promove a vasoconstrição dos vasos sanguí-
cação da saliva primária que passa a ser chamada de sa- neos, com efeito final de inibição da secreção salivar.
liva secundária que será direcionada para a cavidade oral. Há secreção de proteínas do componente eletrolítico
e do conteúdo orgânico, porém, o conteúdo liquido
(b) Secreção secundária: saliva hipotônica, com me- para produção da saliva é reduzido, assim, há um me-
nor concentração de íons em relação à saliva primá- nor volume de saliva, com aspecto mais espesso. Ca-
ria. Há reabsorção de cloreto de sódio (Na e Cl) e adi- racterística de boca seca para quem tem aumento da
ção de potássio e bicarbonato de sódio, este, inclu- atividade simpática (como em atividades físicas, paci-
sive, que é muito importante para a neutralização da entes que ficam nervosos no consultório odontoló-
acidez como nos casos de refluxo. Portanto, a saliva gico ou em outras condições de estresse). Embora es-
secundária também é menos ácida pela adição de ba- timule as células ductais e acinares, o efeito de vaso-
ses. A concentração é hipotônica porque os ductos constrição reduz o conteúdo liquido da saliva.
são impermeáveis à água, permitindo apenas a absor-
ção dos íons. Fase esofagiana
A deglutição apresenta 3 fases, oral, orofaríngea e esofá-
gica. É parcialmente voluntária e parcialmente reflexo, ou
seja, até cerco ponto é passível de controle. No processo
reflexo, há vários nervos sensoriais e motores. Os termi- do sistema nervoso central, já a onda secundária conta
nais sensoriais da cavidade oral levam a informação para com a participação apenas do sistema nervoso entérico.
a região do tronco encefálico, essa informação é proces-
sada e eferências motoras coordenam os músculos res-
ponsáveis pelo processo de deglutição (inervam os mús- Fase gástrica
culos estriados esqueléticos e os músculos lisos, especifi- O estômago pode ser dividido em 3 porções de acordo
camente os lisos na região do esôfago). com as secreções prevalentes e o tipo de glândulas que
estão formando as respectivas porções, assim:
1. Fase oral (voluntária): quando o alimento está na
cavidade oral. Há fechamento dos lábios e a língua (a) Região cárdica, próxima ao esfíncter gástrico su-
age empurrando o bolo contra o palato duro e poste- perior. É responsável pela secreção de muco e bicar-
riormente contra o palato mole. As terminações sen- bonato promovendo prevenção ao refluxo e grande
soriais no final posterior são estimuladas e os estímu- relaxamento receptivo para que o conteúdo do esô-
los táteis iniciam o reflexo da deglutição (processo in- fago entre no estômago. Quando o conteúdo está
voluntário). chegando próximo ao estômago, há estímulos senso-
riais que levam a informação até o SNC, e, via N. Vago,
2. Fase faríngea (involuntária): os reflexos estimula- há relaxamento da região da cárdia para que haja re-
dos onde há abertura do esfíncter esofágico superior dução da pressão interna para acomodação do con-
iniciando a onda de peristaltismo primária. Onda de teúdo alimentar.
contração da musculatura estriada esquelética fa-
zendo a constrição posterior e dilatação na porção (b) Região do fundo e do corpo, a maior proporção.
anterior de relaxamento receptivo. Secreção de H+, de fator intrínseco, bicarbonato,
pepsinogênio e lipase. É uma região de reservatório,
o conteúdo alimentar é armazenado com força tônica
O esófago possui uma primeira porção de musculatura
durante o processo de esvaziamento do estômago. A
estriada esquelética e, gradualmente, passa para muscu-
partir da porção mediana, o estômago tem 3 cama-
latura lisa nas 2/3 finais. Então, inicialmente, o peristal-
das de musculatura lisa: uma circular, uma longitudi-
tismo promove a contração dessa musculatura estriada
nal e uma oblíqua. Até a região mais distal do antro,
esquelética e, gradualmente, passa para a musculatura
a camada extra de musculatura lisa funciona como
lisa. A onda de peristaltismo primária é gerada a partir de
uma bomba e promove a contração vigorosa e a que-
reflexos que levam a informação para o tronco encefálico
bra mecânica misturando o conteúdo com as secre-
e a partir daí trazem a informação motora de constrição
ções gástricas e empurrando-o contra a região do pi-
e relaxamento. Porém, após a onda primária, há ondas
loro para que esse conteúdo liquefeito passe gradu-
consecutivas de peristaltismo secundário desencadeadas
almente pele região do esfíncter e seja levemente di-
pelo próprio sistema nervoso entérico.
recionado para a região do intestino delgado.
3. Fase esofagiana (involuntária): passagem do bolo
(c) Antro e piloro, região mais distal. Especialmente
pelo esôfago exige que haja o relaxamento do esfínc-
responsáveis pela secreção de muco e de bicarbo-
ter superior, as ondas primárias prosseguem ao longo
nato importantes para a neutralização de H+. Região
do esôfago e gradualmente são propagadas por ele.
de grande mistura, trituração do alimento com as se-
Além disso, há relaxamento do esfíncter esofágico in-
creções gástricas e também de esvaziamento. É uma
ferior para a passagem do conteúdo para o estô-
região responsiva a vários hormônios gástricos e en-
mago. Há, além disso, uma onda secundária para caso
téricos promovendo a abertura ou fechamento do es-
resquícios de alimento permaneceram no esôfago. O
fíncter pilórico (intermédio entre o conteúdo gástrico
estiramento da porção do esôfago pelo alimento es-
e o intestino delgado).
timula o sistema nervoso entérico desencadeando re-
flexos locais que levam a constrição da musculatura
Divisão funcional: o estômago pode ser dividido entre
lisa atrás do bolo e o relaxamento na frente do bolo.
uma porção distal (próxima ao delgado) e uma porção an-
terior (próxima ao esôfago). Os tipos principais de glân-
A onda de peristaltismo secundárias são desencadeadas
dulas são as glândulas oxínticas e pilóricas.
pelo sistema nervoso de ação local, diferente da onda pri-
- Oxínticas, região central, maior parte (80%).
mária. Ou seja, a onda primária conta com a participação
- Pilóricas, região distal (20%).
Cada glândula é composta por células diferenciadas:  Pacientes com remoção total ou parcial do estô-
mago necessitam de reposição de vitamina B12 por-
Glândulas oxínticas: que não apresentam fator intrínseco sendo secre-
- Células parietais (ácido clorídrico e fator intrínseco). tado. A B12 age na medula óssea promovendo a ma-
- Células mucosas (muco e bicarbonato). turação das células vermelhas, assim, quem não tem,
- Células ECL (histaminas, como as enterocromafins). acaba desenvolve anemia perniciosa. Por exemplo,
- Células D (Somatostatina). em caso de cirurgia bariátrica.
- Células principais/pépticas (pepsinogênio).
(b) Secreções endócrinas, direcionadas à corrente
Glândulas pilóricas: sanguínea. Os hormônios gastrina e Somatostatina.
- Células mucosas (muco e bicarbonato).
- Células G (hormônio gastrina). (c) Secreções parácrinas, atuam localmente, uma cé-
- Células D (somatostatina). lula gástrica secreta uma substância que atua nas cé-
lulas vizinhas, como histamina e Somatostatina.
Todos os fatores (histamina, somatostatina e gastrina) re-
lacionam-se diretamente com a secreção de ácido clorí-  A aspirina (e medicamentos com o mesmo princí-
drico e, indiretamente, com o pepsinogênio. pio ativo dela) pode causar úlceras gastrointestinais
em grandes concentrações porque inibe a ação da ci-
cloxigenase que produz as prostaglandinas, interme-
diários que estimulam a produção de muco que pro-
tege o epitélio contra o suco gástrico, assim, o epité-
lio fica mais susceptível a ações do ácido clorídrico.

Controle das secreções gástricas: as secreções gástricas


começam a ocorrer frente a estímulos da fase cefálica,
antes de o alimento entrar no estômago. Esse estímulo
acontece via N. vago, a pessoa recebe um estímulo con-
dicionado e há ativação do n. vago (núcleos vagais no
tronco encefálico) e as eferências se direcionam para re-
giões do trato gastrointestinal, especialmente para a por-
ção superior. Nesse momento, há estímulo de neurônios
entéricos e, a partir disso, eles estimulam as células que
formam as glândulas gástricas. Assim, a fase cefálica cor-
Secreções gástricas: as glândulas gástricas que formam o responde ao estímulo de 30% das secreções gástricas.
estômago apresentam secreções exócrinas (na luz do ór-
gão), endócrinas (na corrente sanguínea) e parácrinas Fase gástrica representa a maior parte do estímulo, e as
(atuam no local, em células vizinhas). secreções gástricas correspondem a 60% do total.
Quando o alimento alcança a luz do estômago, distende
(a) Secreção exócrina: suco gástrico. O íon H+ atua a parede do órgão e estimula quimicamente (AA, peque-
como bactericida e envolve-se com a ativação do nos peptídeos e ácidos graxos) as células gástricas. A dis-
pepsinogênio. Além disso, a secreção do FI (fator in- tensão mecânica (o estiramento) ativa terminais sensori-
trínseco) está relacionada com a absorção da vita- ais que levam essa informação ao SNC e, no SNC, retor-
mina B12 na porção do íleo, vitamina que é essencial nam para o estômago desencadeando aumento da moti-
a vida. Há também secreção de bicarbonato e muco lidade e aumento de secreção via N. Vago (reflexo vago
que formam a barreira próxima ao epitélio de reves- vagal). Além disso, há também estímulo do SNE (reflexos
timento, fazendo com que o H+ seja combinado com locais desencadeados). Portanto, na fase gástrica, há um
o bicarbonato e seja neutralizado, evitando que o estímulo mecânico e químico das células e terminais sen-
conteúdo gástrico ácido lese o revestimento epitelial. soriais causado pelo alimento que chegou na luz do estô-
Por fim, há secreção de água para liquefazer o conte- mago.
údo do bolo alimentar e que, gradualmente, possa
ser direcionado ao delgado. Fase intestinal, há estímulo por substâncias produzidas
pelo intestino. Quando passa conteúdo da luz gástrica ao
intestino delgado, o intestino delgado vai secretar vários
hormônios que caem na corrente sanguínea e retornam Quando secretada pelas células próximas às parietais, por
estimulando ou inibindo secreções e motilidade gástrica. exemplo, próximas à região do corpo, tem efeito pa-
De modo geral, os estímulos desencadeados pelo intes- rácrino e agem diretamente nas células parietais.
tino delgado são mais inibitórios do que excitatórios, isso
porque o intestino precisa receber determinada quanti-  Somatostatina: inibitória da secreção de HCl.
dade e processá-la de forma lenta e gradual para que haja
uma correta digestão e absorção. Assim, toda vez que Fase oral e cefálica: equilíbrio de estímulos secretórios e
chega um conteúdo, os hormônios liberados e os estímu- inibitórios. Quando, nessas fases, os estímulos do ali-
los de reflexos neuronais costumam diminuir secreções e mento são muito elevados ativando N. vago em grande
motilidade gástricas em sua maioria para que o conteúdo proporção, os estímulos secretórios se sobrepõem aos
seja processado e absorvido com tempo. Depois, há mais inibitórios contribuindo mais para a secreção do que para
liberação e o ciclo se repete. As secreções gástricas libe- a inibição. Porém, se o estímulo do N. vago é baixo, os
radas por estímulo intestino são apenas 10% do total. estímulos inibitórios se sobrepõem. Quando estímulos
cefálicos e orai são muito altos, o N. vago age nas células
Secreção de HCl: ocorre em resposta aos estímulos cefá- D inibindo a secreção de somatostatina e, por conse-
licos e orais, antes de o alimento chegar ao estômago. guinte, diminuindo a inibição provocada por ela.
Esse estímulo acontece via parassimpático pelo n. vago
(X). O N. vago envia eferências a parede do estômago, na  Principal inibidor da secreção do ácido gástrico: so-
parede do estômago, esses nervos pré-ganglionares fa- matostatina, quando pH diminui.
zem sinapse com os neurônios do SNE. Na parede do es-
tomago, os neurônios pós-sinápticos secretam GRP, um A somatostatina atua em duas formas. A primeira, age di-
neurotransmissor que estimula as células G do antro que retamente nas células parietais, reduzindo sua secreção.
produzem gastrina. Além disso, há estimulo de neurônios A segunda age sobre as células G que secretam gastrina,
colinérgicos da parede gástrica que secretam acetilcolina assim, a histamina é reduzida (porque é estimulada pela
que estimulará diretamente as células parietais que pro- gastrina das células G). Portanto, a somatostatina age di-
duzem HCL. retamente e indiretamente (redução do principal secre-
tagogo, a histamina) nas células parietais.
 N. Vago estimula células G e células parietais.
Fase gástrica: quando o alimento entra no estômago, se
Dessa forma, a gastrina, hormônio secretado na corrente mistura com o ácido gástrico e há menos H+ para estimu-
sanguínea, atua estimulando as células parietais e esti- lar as células D, o pH aumenta um pouco e as células D
mula as células ECL que secretam histamina. A histamina deixam de secretar somatostatina. Assim, as células G são
é o principal estímulo para as parietais secretarem ácido estimuladas tanto pelo n. vago, quanto pela distensão e
clorídrico. Então, há estímulo neuronal (N. vago) + estí- por alguns componentes dos alimentos (como aminoáci-
mulo endócrino (gastrina) + estímulo parácrino (hista- dos). A gastrina secretada age estimulando as células ECL
mina) agindo nas células parietais para secreção de HCl. e as células parietais.

Porém, nessa fase oral e cefálica, o alimento ainda não se A chegada do alimento no estômago, estimula o meca-
encontra no estômago. Assim, não é interessante que a nismo do tamponamento do ácido clorídrico favorecendo
secreção do ácido clorídrico esteja em grandes quantida- a inibição da secreção da somatostatina pelas células D.
des já que não há alimento nem para tamponar, nem para O N. Vago, muito estimulado, também inibe a secreção
que o ácido clorídrico digira. Assim, há mecanismo de re- de somatostatina pelas células D, e, via GRP, estimula a
gulação que pausa o excesso de secreção de ácido clorí- secreção de gastrina, assim como os componentes do ali-
drico enquanto o alimento ainda não está na luz gástrica. mento e a distensão que causam reflexos locais também
estimulando a secreção de gastrina.
Mecanismo de regulação: através das células D. Na região
do antro e na região mediana, no corpo do estômago. Então, nessa faze gástrica, os mecanismos contribuem
Com ácido gástrico secretado em grandes condições e o muito para a secreção de gastrina e, consequentemente,
pH tornando-se muito ácido, temos as células D sendo ati- para a secreção de ácido clorídrico. Por conta disso, a
vadas pelo íon H+ e há secreção de somatostatina. De maior parte das secreções ocorre nessa fase (60%).
modo geral, quando secretada pelas células do antro,
funciona como hormônio, cai na corrente sanguínea e re-
torna para as células que formam as glândulas gástricas.
Secreção de pepsinogênio: outro mecanismo importante
para a formação do suco gástrico. O pepsinogênio é uma
proteína secretada em sua forma inativa pelas células
pépticas/principais. Na luz do estômago, em condições
ideais de pH ácido, o pepsinogênio é convertido em pep-
sina, sua forma ativa. É necessário um pH ácido para que
o próprio H+ atue sobre o pepsinogênio convertendo-o
em pepsina. A pepsina é uma enzima ativa que atua nas
proteínas da dieta fazendo sua digestão parcial.

Quem estimula a secreção do pepsinogênio? A gastrina


(células G), estímulo via nervo vago (terminações colinér-
gicas) com acetilcolina e hormônios como a secretina (cé-
lulas I do intestino).

O pepsinogênio é secretado inativo porque, se houvesse


secreção direta em pepsina, como é proteolítica, ela de-
gradaria a própria célula principal como também todas as
Em jejum: há secreção de HCl no jejum por meio da libe- células que tivesse contato. Assim, a secreção ocorre
ração tônica (estímulos constantes) de histamina que in- principalmente nos períodos digestivos quando há todos
duz a secreção basal de HCl que atua como secreção pa- os estímulos.
rácrina nas células que secretam ácido clorídrico. Quando
o pH fica muito ácido, o aumento do H+ estimula a secre-
ção da somatostatina que, por conseguinte, reduz a se-
creção das células parietais e das células G, estabilizando
a secreção de ácido clorídrico durante o jejum.

Como ocorre a secreção do HCl?


Uma célula parietal é responsável pela secreção do ácido
clorídrico e do FI (fator intrínseco necessário para a ab-
sorção da vitamina B12).

A secreção ocorre inicialmente quando há essa secreção


ocorrendo, o CO2 + a água com a anidrase carbônica ace-
lerando essa reação e gerando o ácido carbônico que, por
sua vez, é instável e se dissocia em bicarbonato e H+. O
H+ é trocado por uma bomba por potássio, assim, H+ é
liberado para luz e potássio é internalizado.

Assim, o bicarbonato também é trocado na membrana


basolateral, enviado para a corrente sanguínea, pelo clo-
reto. O cloreto tem um canal na membrana apical e é di-
fundido pelo gradiente de concentração para a luz do es-
tômago.

Na luz do estômago, há combinação do cloreto com o H+


formando o ácido clorídrico. Ou seja, a secreção não é
junta, há secreção separada de H+ e cloreto. Se não há
atividade da anidrase carbônica, o processo de transfor-
mação do CO2 com a água em ácido carbônico é debili-
tado. Se não há troca de cloreto com bicarbonato, não há
o mecanismo ideal.
De modo geral, as funções das secreções podem ser defi-
nidas na regulação de secreções gástricas, pancreáticas,
na secreção de bile e na regulação do esfíncter Oddi.

Secreções duodenais: possuem controle das secreções


gástricas e da motilidade gástrica, além de realizarem o
controle do pâncreas e da vesícula biliar. Quando o quimo
15 fev 21 alcança o intestino delgado, há aumento da secreção
Aula 03 – Sistema digestório pt. III pancreática exócrina, o suco pancreático contém enzimas
Prof. Stefani Valéria Fischer para a digestão e bicarbonato para a neutralização. Além
disso, há aumento da contração da vesícula biliar para
Intestino delgado ejeção da bile, relaxamento do esfíncter de Oddi para que
O órgão é revestido por uma mucosa com vilosidades. Es- o conteúdo vindo da bile e do pâncreas possa entrar no
sas vilosidades são projeções recobertas por diversos ti- intestino delgado, regulação do esvaziamento gástrico,
pos de células, os enterócitos, responsáveis por absorção, inibição das secreções gástricas e interrupção do com-
as células caliciformes, responsáveis pela secreção de plexo motor-migratório (movimento dos períodos inter-
muco e regiões de cripta com outras células com ação en- digestivos, contração da porção mediana do estômago
dócrina e parácrina respondendo ao quimo passando até a porção final do intestino levando o conteúdo da luz
pela luz. Além disso, o sistema nervoso entérico também do TGI em direção aboral, movimento de limpeza).
promove o estímulo das células que revestem a mucosa
do intestino delgado. A secreção de colecistocinina e secretina não ocorrem
apenas em um lugar específico do intestino, há diversas
porções com células e a secreção ocorre especialmente
Fase do intestino delgado de resposta à refeição
na porção inicial do intestino delgado (duodeno e jejuno)
Quando o quimo chega ao duodeno, há estímulos adicio-
e vai reduzindo ao longo do íleo.
nais de componentes do quimo sobre as células da mu-
cosa, tanto as células de revestimento, quanto as senso-
Principais secreções do duodeno:
riais. As células sensoriais, então, levam essa informação
para o SNC e desencadeiam respostas reflexas locais.
(a) Secretina: hormônio secretado pelas células S especi-
almente no intestino delgado. O estímulo é aumento do
Aumento das secreções no intestino delgado altera a mo-
H+ oriundo do quimo (vindo do estômago) que alcança o
tilidade e a secreção gástrica, há ação desses hormônios
intestino > pH mais ácido. Atua no estômago reduzindo o
em tecidos encefálicos, e especialmente sobre fígado, ve-
esvaziamento gástrico e as secreções ácidas (atrasa o es-
sícula biliar e pâncreas exócrino, coordenando o processo
vaziamento). Atua também no pâncreas exócrino como
de síntese e secreção dos componentes necessário para
um estímulo para secreção do bicarbonato nas células
a digestão e absorção final no intestino delgado.
ductais que formam o pâncreas exócrino.
Principais secreções: são diversos tipos de substâncias se-
O estímulo para secreção de secretina é o aumento dos
cretadas pelas células da mucosa do intestino, por exem-
prótons e sua ação é o estímulo de mecanismos que re-
plo, colecistocinina, secretina, GIP, PYY, GLP1, GLP2, cada
duzem a chegada desses prótons no intestino. Então, a
uma com uma célula específica que precisa ser estimu-
secretina age reduzindo o esvaziamento gástrico e esti-
lada para ocorrer a secreção. Além disso, há estímulos es-
mulando a secreção de componentes do pâncreas que
pecíficos para que cada secreção ocorra.
mantêm o pH ideal para a ação das enzimas do intestino,
reduzindo a acidificação do quimo para que ele tenha seu
Por exemplo:
pH equilibrado (tornando-se básico) favorecendo as
ações enzimáticas e evitando lesões na mucosa do intes-
 Células I são responsáveis pela secreção de cole-
tino delgado.
cistocinina. O estímulo é a chegada de ácidos graxos
e proteínas (pequenos peptídeos) no intestino del-
Velocidade de esvaziamento: dependendo do compo-
gado. Ação parácrina e endócrina.
nente ingerido, o esvaziamento é mais rápido ou mais
 Células S são as responsáveis pela secreção da se-
lento do quimo para o intestino. Por exemplo, um com-
cretina. O estímulo são os prótons, H+, e a acidifica-
ponente mais líquido, menos sólido e com composição de
ção do quimo. Ação parácrina e endócrina.
carboidratos possui esvaziamento mais rápido. Já proteí- Controle secretor: ocorre desde a fase cefálica, os estímu-
nas, ácidos graxos e gorduras têm esvaziamento mais los iniciados com a atividade do n. vago, gastrina e n. vago
lento porque o tempo para digestão no intestino é maior. na fase gástrica (gerados pelo componente alimentar no
Assim, componentes proteicos e lipídicos ocasionam um estômago) e fase intestinal com secreções intestinais res-
maior estímulo para secreção de secretina, colecistoci- ponsáveis pelo estímulo (70 a 80%). O quimo no intestino
nina... fazendo com que o tempo de esvaziamento seja delgado gera um maior estímulo do pâncreas, CCK, secre-
reduzido para que dê tempo de os componentes serem tina e VIP.
processados e digeridos.
 Porção acinar: responsável pela secreção de enzi-
(b) colecistocinina (CCK): hormônio secretado pelas célu- mas (componente proteico, secretado em forma ina-
las I estimulado pelos produtos da hidrólise de lipídios, tiva de zimogênio) e eletrólitos (NaCl),
como os ácidos graxos, e aminoácidos, produtos da que-  Porção ductal: secreção do componente aquoso.
bra de proteínas, especialmente fenilalanina e triptofano.
O N. vago estimula especialmente a porção acinar (via
Possui diversas ações em várias porções diferentes: acetilcolina). Já a CCK (no intestino delgado com chegada
No pâncreas, estimula a porção acinar para secretar enzi- de aminoácidos e lipídios) age atuando nos ácinos e, em
mas digestivas. No estômago, inibe a secreção de HCl mi- menor proporção, nos ductos. A secretina estimulada
metizando a ação da secretina, diminui os movimentos do com o quimo no intestino (com concentrada de H+ ele-
antro (região de fortes contrações) de retropropulsão e vada) atua especialmente nos ductos (secreção do bicar-
esvaziamento. No duodeno, promove o relaxamento do bonato, estímulo dos componentes que neutralizam a
esfíncter de Oddi que, na porção inicial do intestino, se- acidez). Gastrina na fase gástrica atua nos ácinos estimu-
para o conteúdo do pâncreas, do fígado e da vesícula bi- lando a secreção das enzimas.
liar. Assim, com relaxamento, há passagem do suco pan-
creático e da bile para o intestino. Além disso, age na ve- Suco pancreático
sícula biliar estimulando a contração com ejeção do con- Composição: enzimas secretadas pela porção acinar em
teúdo armazenado (bile). No SNC, sinaliza a saciedade, forma de pró-enzimas (inativas) e algumas secretadas em
por conta disso, o tipo de alimento ingerido influencia na forma ativa (sem capacidade de lesionar). Bicarbonato de
saciedade. Assim, alimentos gordurosos e proteicos con- sódio adicionado na passagem pelos ductos para a neu-
ferem saciedade prolongada porque são esses compo- tralização dos prótons que chegam ao duodeno.
nentes que estimulam a secreção de CCK.
Tripsinogênio: é uma enzima secretada em forma inativa.
Pâncreas exócrino Quando chega ao intestino, sofre ação de enzimas da
O pâncreas é um órgão misto, a porção exócrina sintetiza borda em escova dos enterócitos que revestem as vilosi-
e secreta enzimas e bicarbonato para o processo de di- dades e é clivado em tripsina (forma ativa) que atua nos
gestão e neutralização do quimo. Além disso, parte endó- zimogênios ativando-os.
crina é responsável pela secreção de insulina/glucagon.
 Zimogênios são ativados pela tripsina.
O pâncreas exócrino é formado pela porção de ácinos e
ductos, onde há secreção das enzimas e suco pancreático Regulação da secreção pancreática: acetilcolina (N. Vago)
primário. Conforme há secreção, o suco pancreático vai age estimulando as secreções adicionais pelo pâncreas.
passando pelos ductos e vai sofrendo modificações. Há
síntese de mais de 20 enzimas digestivas em sua maioria Bicarbonato de sódio: secretado pelas células ductais no
secretadas na forma de zimogênios (proteínas em forma momento em que a secreção primária, que foi produzida
inativa para que o próprio pâncreas não seja degradado e secretada pelos ácinos, está passando pelo ducto pan-
por essas enzimas). Ao longo do dia, 1 L de secreções pan- creático. As células ductais produzem um componente
creáticas são lançadas no intestino delgado, entre elas, há aquoso rico em bicarbonato de sódio para ser adicionado
secreção de bicarbonato de sódio que é um componente ao suco pancreático. A reação que ocorre dentro das cé-
essencial para a neutralização do quimo. lulas foi vista na síntese de ácido clorídrico do estômago.

Esfíncter de Oddi: região que faz intermédio entre duo-  Processo inverso: CO2 com água, pela ação da ani-
deno e o ducto do conteúdo pancreático e da vesícula bi- drase carbônica, gerando H2CO3 (ácido carbônico)
liar. Esse esfíncter precisa ser relaxado pela ação da CCK que se dissocia em H+ e bicarbonato (mesmo pro-
para que esse conteúdo possa passar para o intestino. cesso das células parietais). Diferença na localização
dos trocadores. O íon H+ (que antes ia para dentro) Controle secretor da bile: exercido pela CCK. Com a eje-
vai para o interstício trocado pelo sódio, e, posterior- ção do conteúdo vesicular para dentro do intestino, áci-
mente, para os capilares sanguíneos. O íon bicarbo- dos graxos e peptídeos estimulam as células I do intestino
nato, lançado para a luz do ducto, trocado pelo clo- delgado e há secreção da CCK. Via corrente sanguínea
reto, adicionado ao suco pancreático primário. Além (ação endócrina, hormonal), a CCK estimula a muscula-
disso, há uma passagem paracelular da água e do só- tura lisa que forma a parede da vesícula, assim, há con-
dio para dentro do ducto terminando a composição tração, aumento de pressão interna e ejeção da bile via
do suco pancreático. O sódio sai a favor do gradiente ductos para dentro do intestino. Além disso, a CCK pro-
eletroquímico e a água a favor do gradiente osmó- move o relaxamento do esfíncter de Oddi, assim, o con-
tico, formando o bicarbonato de sódio e adicionando teúdo consegue passar.
água (parte mais líquida, células ductais).
Além do estimulo da CCK, há ação via N. Vago. Eferências
Fígado vagais estimulam neurônios colinérgicos que formam a
Glândula associada ao trato gastrointestinal onde há pro- parede da vesícula biliar e secretam acetilcolina que esti-
dução da bile pelos hepatócitos. Essa bile é escoada pelos mulará a contração do músculo liso, com, também, rela-
ductos biliares e é armazenada na vesícula biliar. xamento do esfíncter de Oddi pelo estímulo vagal.

Bile: composta por água, sais biliares, ácidos graxos, fos- Reaproveitamento: parte dos ácidos biliares secretados
folipídios e colesterol. Sua função é facilitar a digestão e no intestino delgado sofre reabsorção na porção do íleo
a absorção da gordura por meio da quebra da tensão su- destinados via sistema aporta para o fígado de novo
perficial da água e emulsificação das gorduras, além sendo reutilizados para síntese da bile.
disso, a bile é o meio de excreção de substâncias como o
colesterol e a bilirrubina. Parte II: Digestão e absorção
dos macronutrientes
O fígado recebe 25% do débito cardíaco, um grande vo-
lume de sangue. Há a circulação enterro-hepática onde o Digestão: é um processo mecânico e processo químico.
sangue que vem do trato gastrointestinal é direcionado
primariamente para o fígado, sofre modificações e é des-  Mecânica: com movimentos, com a motilidade fa-
tinado novamente à circulação pela veia hepática. vorecendo a mistura do conteúdo com secreções do
trato gastrointestinal promovendo quebra em subu-
Funções: controle da glicemia, metabolismo de lipídios nidades menores aumentando a área de superfície
(produção de ácidos graxos e síntese de TAG triacilglice- para a ação de enzimas e outras substâncias.
rois, produção de corpos cetônicos e lipoproteínas), me-  Química: pela ação de enzimas específicas em
tabolismo proteico (síntese de aminoácidos não essenci- substratos específicos, hidrólise de proteínas, lipídios
ais e proteínas plasmáticas). e carboidratos. Enzimas secretadas em locais especí-
ficos de acordo com condições, por exemplo, pH.
 Esteatose hepática: acúmulo de lipídios no fígado
(gordura no fígado, fígado gorduroso). Absorção: transferência ativa ou passiva de subunidades
clivadas, hidrolisadas na digestão, da luz do trato para o
Vesícula biliar interior do organismo, passando pelo endotélio e en-
Apenas armazena a bile produzida pelos hepatócitos pro- trando na corrente sanguínea ou em capilares linfáticos.
movendo a concentração do conteúdo armazenado.
- Capacidade máxima de 30 a 50 ml. O intestino é o principal local de digestão e absorção já
que as vilosidades são recobertas por enterócitos. Na
Há uma mudança de concentração na bile hepática e na membrana apical dos enterócitos, há vilosidades que au-
bile vesicular devido à reabsorção de líquido na vesícula mentam a área de superfície em contato com o conteúdo
biliar que a torna mais concentrada. da luz, favorecendo a absorção. As substâncias passam
pelo epitélio, pelos enterócitos, entram na corrente san-
Nos ductos biliares ocorre a secreção do bicarbonato no- guínea da porção central das vilosidades ou são absorvi-
vamente contribuindo para a neutralização dos prótons dos para os vasos linfáticos, os vasos lactíferos (principal-
que alcançam o intestino delgado pelo quimo. mente em caso de lipídios).
Digestão e absorção de macronutrientes Na reação de formação dos carboidratos, monossacarí-
Macronutrientes são polímeros de subunidades. deos são unidos com ligação de condensação liberando
- Carboidratos, ação de sacaridases > monossacarídeos. uma molécula de água. Logo, na degradação, a hidrólise
- Proteínas, ação de peptidases > AA e peq. peptídeos. acontece pela ação de uma enzima que adiciona uma mo-
- Lipídeos, ação de lipases > ác. graxos e monoglicerídeos. lécula de água na ligação liberando os dois monossacarí-
deos que, então, podem ser absorvidos.
Cada polímero é degradado a monômeros que podem
passar pelo epitélio para serem absorvidas na corrente Na nossa dieta, temos principalmente sacarose (dissaca-
sanguínea ou em vasos lactíferos (linfáticos). Vitaminas, rídeo), lactose (dissacarídeo) e amido (polissacarídeo).
sais minerais e água não precisam de clivagem enzimática Então, a hidrólise acontece com a adição de uma molé-
para serem absorvidos, assim, entram diretamente após cula de água na ligação glicosídica dos di/tri/polissacarí-
chegarem ao intestino. deos liberando os monossacarídeos.

Ação enzimática: há secreção de enzimas desde a cavi-  Amido: polímero de monossacarídeos (polissacarí-
dade oral até o intestino. Na cavidade oral, assim que deo) formado por cadeias retilíneas (amilose) ou ra-
mastigamos e misturamos o alimento com as enzimas, há mificadas (amilopectina). A sua digestão tem hidró-
início de digestão química e mecânica. No interior gás- lise de amilose e amilopectinas liberando os monos-
trico também há enzimas específicas. Mas, no duodeno, sacarídeos.
há liberação do suco pancreático (pelos ácinos do pân-
creas exócrino). O suco pancreático possui várias enzimas Dissacarídeos
que atuam nos 3 macronutrientes, essas enzimas são ma- - Sacarose (glicose + frutose).
joritariamente inativas, secretadas em forma de pró-en- - Lactose (glicose + galactose).
zimas, e, posteriormente, são convertidas em enzimas - Maltose (glicose + glicose).
ativas.
 Dextrinas alfa-limitadas: cadeias ramificadas que
 O tripsinogênio é ativo primariamente em tripsina precisam ser digeridas por enzimas específicas libe-
pelas enterocinases presentes nas células epiteliais rando os monossacarídeos.
dos enterócitos no intestino delgado. A tripsina tem
uma capacidade catalítica e ativa as próximas enzi- Liberação de glicose (80% dos carboidratos da dieta), fru-
mas e pepsinogênios que iniciam a digestão. tose e galactose que são os monossacarídeos que for-
mam os carboidratos.
Importância do Na+ na absorção: muitos dos componen-
tes absorvidos são dependentes da absorção associada a Digestão de carboidratos
alguns íons. Durante o dia, há secreções do trato gastroi-
ntestinal com 20 a 30 grama de sódio secretado junto. O 1. Digestão oral, enzima ptialina (alfa-1,4 amilase) inici-
sódio é importante porque funciona como força de difu- ando a hidrolise do amido. Na cavidade oral, 5% é degra-
são auxiliando na absorção de nutrientes. dado em subunidades menores (maltose e pequenos po-
límeros de glicose).
Transporte secundário: por exemplo, glicose e galactose
(monossacarídeos) são absorvidos com o sódio. Na mem- 2. Digestão lúmen gástrico, quando esse conteúdo chega
brana apical, o transportador SGLT1 (co-transporte de só- no interior gástrico, há ação da ptialina ainda até o mo-
dio e monossacarídeo) usa a força de difusão do sódio do mento em que há acidificação do conteúdo deglutido. Até
meio mais concentrado para o meio menos concentrado isso acontecer, o amido continua protegendo a ptialina e
(extra > intra), favorecendo a absorção da glicose aco- cerca de 20% é degradado. No estômago não há secreção
plada. O mesmo acontece para outras substâncias. Por de enzima específica para a digestão de carboidratos.
exemplo, di e tripeptídeos são absorvidos com o H+.
3. Digestão no intestino delgado, subdivide-se em:
Carboidratos (a) primeira fase, ocorre na luz do intestino delgado. Pân-
São polímeros de monossacarídeos (glicose, frutose e ga- creas secreta suco pancreático em que há amilase (similar
lactose). Combinação de dois: dissacarídeo, três: trissaca- a oral) que degrada as ligações alfa-1,4. O que não foi de-
rídeo. Quatro ou mais: polissacarídeos. gradado no interior gástrico é agora clivado em dissacarí-
deos, trissacarídeo e dextrinas ramificadas.
(b) segunda fase, ocorre na borda em escova, produtos Absorção de proteínas
digeridos até os monossacarídeos. Componentes entram Di e tripeptídeos podem ser absorvidos associados a um
em contato com a membrana apical dos enterócitos, as co-transportador com o H+, ou seja, são proteínas que re-
enzimas da borda em escova convertem tudo em monos- alizam essa absorção. Os aminoácidos são co-transporta-
sacarídeos. Enzimas alfa-1,6 amilase digerem mesmo as dos por um co-transportador com o gradiente de sódio
dextrinas ramificadas. que favorece sua absorção. Os pequenos peptídeos so-
frem transcitose, vesículas se formam englobando e
Absorção de carboidratos transportando-os até a outra face (menos comum).
Os monossacarídeos serão absorvidos. A glicose e galac-
tose são absorvidas junto com o sódio por meio do co- Aminoácidos, após absorvidos, são transportados pela
transporte, já a frutose apresenta o GLUT5 (transporta- membrana basolateral para o interstício e seguem até os
dor) favorecendo sua absorção em favor do gradiente de capilares. Di e tripeptídeos podem, ainda, sofrer degrada-
concentração. Na membrana basolateral das células, o ção citosólica nos enterócitos.
GLUT2 permite a passagem dos monossacarídeos para o
interstício e para a corrente sanguínea. Lipídeos
A digestão ocorre pela ação de enzimas fazendo hidrólise.
Proteínas Lipídeos consumidos são os triacilglicerois, ésteres de co-
A digestão das proteínas acontece pela hidrólise por en- lesterol e fosfolipídios. Cada um dos substratos apresenta
zimas específicas adicionando água entre as ligações pep- enzimas específicas para degradá-los em subunidades:
tídicas de um aminoácido e outro, liberando-os para que
possam ser absorvidos.  TAG – Monoglicerídeos e 2 ácidos graxos.
 Ésteres de colesterol – colesterol e ácido graxo.
Fases da digestão de proteínas  Fosfolipídios – Lisolectina e ácido graxo.
1. Lúmen gástrico: início com a liberação da pepsina (pep-
sinogênio secretado pelas células principais e convertido Como os lipídeos não se misturam facilmente com a água
em pepsina). Cliva as ligações no interior das cadeias, as e as enzimas que fazem a digestão são solúveis em água,
ligações peptídicas mais internas pela endopeptidase, li- é necessário que os lipídeos sofram emulsificação. Esse é
berando pequenos polímeros de AA (oligopeptídeos). o papel principal da bile produzida pelo fígado, armaze-
nada na vesícula biliar e secretada para o intestino del-
2. Intestino delgado: após o conteúdo gástrico passar gado no momento de digestão.
para o intestino delgado, há digestão dos oligopeptídeos
e proteínas que não foram completamente digeridas. Fases da digestão de lipídeos
(a) primeira fase, no lúmen do intestino delgado, há ação 1. Cavidade oral, a lipase lingual, secretada conforme o
das enzimas do suco pancreático: alimento é mastigado e misturado, só atua em pH ácido,
- Endopeptidases (tripsina, quimotripsina e elastase). então só começa a ter ação no interior gástrico.
- Exopeptidases (carboxipeptidases A e B, lig. Externas).
Formando oligopeptídeos, dipeptídeos, tripeptídeos e 2. Interior gástrico, a lipase gástrica, secretada pelas célu-
aminoácidos livres (pela carboxipeptidases). Oligo, di e las principais, age com a lipase lingual no pH ácido inici-
tripeptídeos ainda sofrem uma ação de enzimas localiza- ando a digestão. Até aqui, apenas 10% dos lipídios são di-
das na borda em escova (como os carboidratos). geridos.

(b) segunda fase, na borda em escova. Proteínas associa- 3. Interior do intestino delgado, principal de digestão, es-
das à membrana apical atuam em substratos específicos. pecialmente no duodeno e início do jejuno. A bile secre-
Essas enzimas são ectopeptidases, assim, clivam aminoá- tada apresenta os sais biliares e a lectina (fosfolipídios). A
cidos das extremidades liberando-os de forma livre, for- massa de gordura é misturada ao conteúdo com ajuda da
mando dipeptídeos, tripeptídeos e aminoácidos. motilidade subdividindo o conteúdo de gordura em gotí-
culas lipídicas menores. Assim, há mistura do conteúdo
(c) terceira fase, digestão intracelular. Di e tripeptídeos gorduroso com o conteúdo aquoso.
podem ser absorvidos nessa forma e sofrerão a digestão
final em aminoácidos no interior dos enterócitos. Absorção dos lipídeos
As gotículas lipídicas revestidas por sais biliares e fosfoli-
pídios que agem evitando que as gotículas se unam nova-
mente formando uma massa maior. Essa redução em ta-
manho e proporção favorece a digestão aumentando a
área de contato das gotículas com o ambiente aquoso (lo-
cal das enzimas que promovem a hidrólise).

Para que ocorra a hidrólise, é necessário que as enzimas


da parte aquosa se associem à gota lipídica e, dessa
forma, consigam acessar esse núcleo lipídico iniciando a
hidrólise. Para que as enzimas lipases consigam acessar o
núcleo lipídico deslocando os sais biliares, há co-lipases,
cofatores secretados no suco pancreático que fazem o in-
termédio entre enzimas e núcleo e deslocam os sais bili-
ares permitindo o acesso das lipases ao núcleo, além de
ativar a ação das lipases.

Conforme a hidrólise acontece na gotícula, há formação


de estruturas menores até a formação de micelas. As mi-
celas são estruturas pequenas com sais biliares em torno
e um núcleo lipídico resultante da degradação (com mo-
noglicerídeos, colesterol, ácidos graxos livres...). Assim, as
micelas chegam cada vez mais próximas da membrana
apical e, nessa região, há uma dissociação gradual com li-
beração dos componentes e difusão deles através da
membrana dos enterócitos para o interior, promovendo
a primeira etapa da absorção.

 Hidrólise: formação de micelas.


 Micela: 1 lamela.

Após a entrada dos produtos para o interior dos enteró-


citos, há reesterificação. Os ácidos graxos livres e o mo-
noacilglicerol vão reconstituir o triacilglicerol. O éster de
colesterol vai ser formado novamente (colesterol e ácido
graxo). Nessa reesterificação, os TAGs, o éster de coleste-
rol e fosfolipídios formam os quilomícrons, estruturas
com componentes lipídicos e proteínas que são exocita-
dos, depois de formados, do enterócitos para o interstí-
cio. Os quilomícrons, porém, apresentam tamanho maior,
não entram diretamente nos capilares, passam para os
vasos linfáticos, vasos lactíferos, primeiramente e, poste-
riormente são levados até próximo do coração e, então,
desembocados na circulação sistêmica.
ramifica em capilares distribuídos pelo pulmão onde há
oxigenação do sangue (pequena circulação, c. pulmonar).
A variação de pressão é baixa em sístole (ejeção):

 Sístole: 25 mmHg.
 Diástole: 8 mmHg.

27 fev 21 Bomba cardíaca esquerda: após ser reoxigenado, o san-


Aula 04 – Sistema cardiovascular gue retorna do pulmão pelas veias pulmonares para o
Prof. Stefani Valéria Fischer átrio esquerdo, é lançado para o ventrículo esquerdo que
se contrai e lança o volume de sangue na artéria aorta
com distribuição na circulação sistêmica. Nessa circula-
Fisiologia cardiovascular
ção, o sangue lançado sobre alta pressão em sístole.
- Componentes e suas funções.
- Ciclo cardíaco e variações de pressões no ventrículo (E).
 Sístole: 120 mmHg.
- Cálculo do débito cardíaco.
 Diástole: 80 mmHg.
- Fatores que alteram o débito cardíaco.
- Fatores que alteram o fluxo sanguíneo.
O sistema circulatório humano é fechado (vasos não são
- Gradiente de pressão.
abertos), possui fluxo unidirecional garantido pela pre-
- Resistência.
sença das valvas que se fecham mantendo o fluxo em
uma única direção e pelo gradiente de pressão. Os átrios
Sistema cardiovascular
se contraem 1/6 do tempo antes dos ventrículos, a alta
Funções: transporte de gases e nutrientes, remoção de
pressão interna que lança o volume de sangue para os
resíduos metabólicos produzidos pelas nossas células que
ventrículos (que, nesse momento, tem pressão menor e
se difundem para o sangue e, então, podem ser removi-
estão relaxados) e, posteriormente, quando os ventrícu-
dos pelo sistema respiratório ou renal, distribuição de ca-
los se contraem, há fechamento das valvas e abertura das
lor pela circulação do sangue (de áreas mais produtoras
valvas que possibilitam o lançamento desse sangue para
para áreas menos produtoras de calor) mantendo a tem-
a circulação pulmonar e para a circulação sistêmica, por
peratura corporal de regiões de órgãos vitais (encéfalo e
isso, a alteração de pressão favorece o fluxo do sangue.
região do abdômen).
Além disso, o coração é uma bomba cardíaca, ou seja, ele
que gera a diferença de pressão favorecendo o fluxo de
Componentes:
sangue (se para, não há gradiente, nem fluxo sanguíneo).
- Vasos arteriais (transporte com alta pressão).
- Vasos venosos (baixa pressão).
Ciclo cardíaco
- Capilares (áreas de troca, estrutura fina com apenas um
São os eventos elétricos e mecânicos que ocorrem no co-
endotélio possibilitando troca dos componentes sanguí-
ração. Possui duração média de 0,8 ms gerando uma fre-
neos com o interstício).
quência cardíaca normal de 72 batimentos/min.
- Coração, órgão central que gera o gradiente de pressão
(fazendo com que ocorra o fluxo saindo de região de alta
Eventos elétricos: sequências de despolarizações com
pressão, aorta/coração, sendo direcionado para regiões
propagação nos átrios, pelo septo cardíaco até o ápice e
de baixa pressão, vasos venosos, com posterior retorno
retornando para a base dos ventrículos. Despolarização,
ao átrio direito continuando o ciclo do gradiente).
ativação e contração ocorrendo na mesma sequência fa-
zendo com que o sangue passe dos átrios para os ventrí-
Circulação pulmonar: o coração lança sangue para a circu-
culos, dos ventrículos para as artérias direcionando para
lação pulmonar onde é reoxigenado e retorna para o co-
a pequena circulação e para a circulação sistêmica.
ração que, então é direcionado para a circulação sistê-
mica. A pulmonar tem pressão menor, o ventrículo direito
Condução elétrica cardíaca
lança e há variação de pressão.
O coração apresenta sistema marca-passo que produz as
despolarizações, ou seja, que se auto-despolariza. O prin-
Bomba cardíaca direita: o átrio direito recebe sangue ve-
cipal é o nó sino atrial (SAT) encontrado na porção do
noso de regiões superiores e inferiores e direciona esse
átrio direito próximo da veia cava. Suas células despolari-
sangue para o ventrículo direito que, quando se contrai,
zam e essa despolarização se propaga pelo átrio direito e
ejeta o volume de sangue para a artéria pulmonar que se
esquerdo e, posteriormente, segue pelo septo cardíaco
até a região do ápice. Ou seja, não há passagem da des-  Portanto, no músculo cardíaco não há tetania, não
polarização diretamente para os ventrículos, essa passa- há sustentação da contração, já que o coração precisa
gem ocorre apenas pela região do septo que apresenta manter o ritmo cardíaco e o fluxo sanguíneo por con-
um tecido conjuntivo isolante para que ocorra a despola- tração/relaxamento.
rização em sequência.
Além disso, o potencial de ação é mais prolongado em re-
A partir da despolarização do septo, a despolarização se- lação ao músculo estriado esquelético. Entre a geração do
gue do ápice para a base dos ventrículos. A despolariza- potencial de ação e a contração muscular há um período
ção inicia os mecanismos moleculares para a contração. de latência, um tempo necessário para que o cálcio entre
Assim, os átrios passam primeiro por isso. A contração e desencadeie os mecanismos. Com o potencial de ação,
dos átrios aumenta a pressão intra-atrial e lança o conte- ainda ocorrendo sem repolarização imediata, os eventos
údo de sangue para os ventrículos. Posteriormente, na de relaxamento e o potencial de ação vão terminando
contração dos ventrículos e no relaxamento dos átrios, o quase juntos (praticamente). Essa situação faz com que,
sangue é direcionado para a circulação pulmonar (pelo até que o ocorra a repolarização da membrana, não possa
ventrículo direito) ou para a circulação sistêmica (pelo ocorrer outro estímulo para que ocorra outro evento de
ventrículo esquerdo) e não retorna para os átrios pelo fe- polarização somado ao que está ocorrendo, evitando a
chamento das valvas. tetania.

 Potencial de ação: tempo de permanência da des-


Eventos mecânicos: são pós-elétricos.
polarização da membrana maior. Faz com que os
- Sístole = contração, dura 0,3 ms.
eventos de contração ocorram e que ambos termi-
- Diástole = relaxamento, dura 0,5 ms. A diástole é um
nem praticamente juntos evitando tetania.
pouco mais longa, isso é necessário para que haja tempo
suficiente para o enchimento das câmaras cardíacas.
Sístole e diástole
As sístoles atriais ocorrem primeiro lançando o sangue
Os eventos elétricos são necessários porque, quando há
para os ventrículos. Posteriormente, há sístole de ventrí-
despolarização na membrana da célula, ocorre a ativação
culos enquanto os átrios estão em diástole. Os eventos se
de canais de cálcio do tipo L (lento) que são voltagem de-
repetem, por isso é um ciclo.
pendentes, ou seja, são sensíveis à variação de voltagem
e se abrem com essa despolarização permitindo o influxo
Enchimento das câmaras atriais pelo sangue (veias pul-
de cálcio (extra > intra) no citoplasma dos cardiomiócitos.
monares ou sistêmicas). Esse sangue é direcionado gra-
O cálcio, por sua vez, atua como segundo mensageiro ati-
dualmente com escoamento para os ventrículos. Quando
vando mecanismos intracelulares que ativam o processo
os átrios se contraem, há o término do enchimento dos
de contração: ativa retículo sarcoplasmático que libera
ventrículos com 20% do restante sendo lançado para os
mais cálcio, se associa com proteínas ligadas aos filamen-
ventrículos.
tos de actina e miosina que controlam a contração e, por
fim, promove a sístole (contração).
Posteriormente, há relaxamento dos átrios com o poten-
cial elétrico passando pelo septo cardíaco iniciando a des-
A despolarização que precede o evento mecânico inicia
polarização dos ventrículos. Ventrículos despolarizados e
os mecanismos moleculares para a contração dos cardio-
cheios de sangue iniciam a contração do ápice para a base
miócitos já que influxo de cálcio favorece que a contração
com aumento da pressão intraventricular para a ejeção
inicie. Logo após o início, há mecanismos que reduzem o
do sangue para as artérias (pulmonar ou sistêmica).
cálcio citoplasmático para que os filamentos relaxem.
Nesse momento, as valvas ventriculares direita e es-
 Influxo: contração.
querda estão fechadas para que o sangue flua para as ar-
 Redução: relaxamento.
térias e não retornem para os átrios que estão relaxados
enquanto a contração dos ventrículos está ocorrendo.
No mecanismo de redução atuam bombas que fazem a
receptação (SERCA) do cálcio para dentro do retículo sar-
Por que os eventos ocorrem de forma tão rápida? Ocorre
coplasmático reduzindo a concentração do cálcio, e tro-
em apenas 0,8 ms com sístole e diástole porque os cardi-
cadores de membrana que favorecem a saída do cálcio
omiócitos apresentam discos intercalares que possuem
para o líquido extracelular, essa situação faz com que
regiões de grande densidade de complexos juncionais
aconteça a diástole (relaxamento).
GAP que permitem a passagem de corrente e sinapses
elétricas de uma célula com a célula adjacente, fazendo Bulhas cardíacas: são os registros sonoros escutados re-
com que a condução do impulso elétrico seja muito rá- sultantes da abertura e fechamento de valvas. As bulhas
pida. Os átrios se comportam como um sincício atrial (“fu- cardíacas ocorrem de acordo com variação de pressão in-
são” de células originalmente separadas) e, posterior- traventricular que está relacionada com o fluxo, abertura
mente, com a passagem do potencial elétrico pelo septo, e fechamento das valvas.
os ventrículos também se contraem com comportamento
de sincício ventricular.

Descrição dos eventos

(a) Diástole atrial: relaxamento com menor pressão atrial


favorecendo o fluxo passivo de sangue para átrios.

(b) Sístole atrial: depois da passagem do potencial, há en-


chimento de 20% do volume de sangue restante do ven-
trículo. Ocorre atraso na passagem do potencial na região
Com a pressão reduzida no ventrículo esquerdo, inicia-se
atrioventricular para o completo enchimento dos ventrí-
o processo de aumento da pressão, despolarização e
culos, favorecendo a sístole.
eventos mecânicos. Quando há aumento da pressão, ini-
cia-se o ciclo gerando a 1ª bulha cardíaca (S1) devido ao
(c) Diástole ventricular: ocorre no momento de sístole
fechamento das valvas atrioventriculares promovendo
atrial, o relaxamento reduz a pressão intraventricular per-
uma distensão propagada pela parede cardíaca trazendo
mitindo que o sangue seja lançado dos átrios (pressão
o som.
maior) para região ventricular (pressão menor).
Quando a pressão intraventricular excede a pressão aór-
 A partir daqui, há uma contração isovolumétrica:
tica (A) considerando-se um ventrículo esquerdo, há eje-
todas as valvas atrioventriculares se fecham, e, na re-
ção do sangue para a aorta até o momento em que o VE
gião do ventrículo, o coração inicia o processo mecâ-
inicia o relaxamento reduzindo a pressão que vai gradu-
nico de contração, aumentando a pressão intraven-
almente caindo bem como o fluxo sanguíneo ejetado
tricular, porém, sem alteração do volume. A contra-
para a aorta. Nesse momento, há fluxo retrógrado (um
ção isovolumétrica gera, então, um aumento da ten-
pouco do sangue retorna) fazendo o fechamento da valva
são, aumento da pressão, contudo, o volume sanguí-
aórtica ocorrendo no momento a 2ª bulha cardíaca.
neo é mantido. Aumento da pressão ventricular inicia
o fechamento das valvas atrioventriculares dispa-
Há também 3ª e 4ª bulhas cardíacas:
rando a 1ª bulha cardíaca (som).

 3ª bulha cardíaca: fluxo turbulento do enchimento


(d) Sístole ventricular: encurtamento dos cardiomiócitos.
ventricular após a abertura das valvas atrioventricu-
Do ápice para a base do ventrículo empurrando o sangue
lares. Momento em que os ventrículos se contraem e
para as artérias para que seja ejetado para a circulação.
os átrios se relaxam, mas continuam recebendo san-
Isso só ocorre quando a pressão intraventricular ultrapas-
gue. Quando o ventrículo relaxa, as valvas, pelo peso
sar a pressão dos vasos, tanto da aorta quanto das arté-
do sangue acumulado nos átrios, se abrem, é um me-
rias pulmonares, forçando as valvas semilunares para eje-
canismo passivo. O sangue acumulado passa rapida-
ção.
mente para os ventrículos marcando o início do en-
chimento para o próximo ciclo.
 O mecanismo de ejeção é rápido, logo que au-
- Rápida passagem dos átrios para ventrículos.
menta a pressão e ultrapassa a dos vasos, conforme
reduz a contração, a ejeção vai ficando mais lenta.
 4ª bulha cardíaca: fluxo turbulento ventricular com
Com a redução da ejeção do sangue passando para
a contração atrial. Momento de contração termi-
os vasos, um pouco de sangue faz o fluxo retrógado.
nando o enchimento do ventrículo relaxado (20% fi-
Como a pressão intraventricular está reduzindo, o
nal). Eventos formando a 4ª bulha cardíaca pela pas-
sangue final tende a retornar para área de baixa pres-
sagem rápida do sangue átrio para o ventrículo.
são, empurrando a valva aórtica para uma posição de
fechamento dando origem à 2ª bulha cardíaca.
Alça pressão-volume do ventrículo esquerdo Linha amarela: a pressão intraventricular ultrapassa a
Enfoque no ventrículo esquerdo porque é a principal pressão que está dentro da aorta (D), dessa forma, a força
bomba cardíaca, já que, na sístole, envia o sangue para a abre a valva aórtica e há ejeção rápida do volume do san-
aorta, sendo esse sangue oxigenado arterial é distribuído gue inicial. Gradualmente, há perda da força da ejeção
para toda a circulação sistêmica. que se torna mais lenta nesse segundo momento (E).

 Ventrículo esquerdo: principal bomba de geração Linha verde: com a perda da força de ejeção, há fluxo re-
de diferença de pressão cardíaca. trógado e fechamento da valva aórtica (F). Inicia-se o re-
laxamento isovolumétrico e não há variação de volume.
Relação pressão, variação de volume e fluxo de sangue: Voltando ao início do ciclo (A), no momento em que a
pressão ventricular fica menor que a pressão atrial, as val-
vas atrioventriculares se abrem e há fluxo de dentro dos
átrios para dentro do ventrículo esquerdo.

 Variação de volume que altera a pressão, eventos


elétricos que estimulam eventos mecânicos aumen-
tando a pressão intraventricular proporcionando a
ejeção do sangue para a circulação sistêmica.

- Ponto C: Volume diastólico final, 120 ml.


- Ponto D-F: Volume de ejeção na sístole, 70 ml (o volume
que foi acrescido, é ejetado).
- Ponto F: Volume sistólico final, 50 ml.

Fração de ejeção: precisa ser maior que 55% para indiví-


duos saudáveis, ou seja, cálculo é dado por volume sistó-
lico/volume diastólico final. Por exemplo: sendo o VDF
120 ml, enquanto VS é 70 ml, a fração de ejeção é de 58%.
 Significa que a eficiência da ejeção está boa.

Linha roxa: A pressão que está baixa reduz gradualmente Variação no volume de ejeção: diversos fatores alteram
(A-B) em função do relaxamento da musculatura ventri- os 70 ml ejetados a cada sístole pelo ventrículo esquerdo
cular, há fluxo de sangue escoando dos átrios para o ven- para aorta conforme a força de contratilidade ventricular.
trículo, enchimento gradual e aumento da pressão intra- Entre os fatores que alteram o volume de ejeção temos:
ventricular. A pressão final possui um aumento maior que
representa os 20% de volume adicionais que entram com - Força de contração (> maior o volume de ejeção).
a contração atrial. Assim, no início, há um volume residual - Frequência cardíaca.
de sangue que permanece no ventrículo de 50 ml pelo - Alteração na resistência dos vasos.
processo de contração anterior. O volume diastólico (an- - Resistência nos vasos venosos (retorno venoso).
tes da contração, período de relaxamento) final chega a
120 ml, há um aumento de 70 ml.
Débito cardíaco (DC)
O débito cardíaco diz qual o volume de sangue ejetado
 Início do volume = 50 ml (fluxo retrógrado).
por minuto pelo coração. Assim, sabendo que o coração
 Final do volume = 120 ml (recebeu 70 ml).
bate, em média, 72 vezes por minuto e há um volume de
ejeção sistólico de 70 ml, temos que:
Linha vermelha: nesse momento dos 120 ml (C), a despo-
larização alcança a porção ventricular e inicia-se a contra-
DC = Frequência cardíaca x Volume sistólico
ção isovolumétrica ventricular. Há aumento de tensão e
DC = 72 x 70 = 5040 ml batimento/min.
pressão intraventricular e a valva atrioventricular (mitral)
- Aproximadamente 5 L/minuto = volume total.
se fecha.
É muito importante manter esse volume para manter a
 Fechamento da valva atrioventricular.
pressão arterial ideal. A pressão arterial é a pressão de
 Aumento da tensão sem redução do volume.
sangue dentro dos vasos arteriais e precisa ser mantida
porque a perfusão dos tecidos depende da pressão arte- do suportado e há poucas pontes cruzadas nas extremi-
rial. Essa perfusão é a passagem dos componentes do dades que não consegue tracionar todo o volume tor-
sangue para o interstício alcançando as nossas células. Se nando-se ineficiente.
a pressão não é efetiva, o sangue na região, sem pressão
ideal, não faz com que o conteúdo seja extravasado nos Assim, o retorno venoso altera a capacidade do volume
capilares de troca impossibilitando que nutrientes e oxi- sistólico pelo efeito de pré-carga. Se aumenta o retorno
gênio cheguem às células. venoso, até um dado volume ideal, há um efeito positivo
aumentando o VDF. Porém, após esse limite fisiológico,
Quando há alterações na pressão arterial, há modifica- se o retorno é exagerado, estira além do que deveria e
ções que levam à variação do débito cardíaco ajustando não se consegue exercer a força ideal de contração.
o volume de ejeção para que, nas nossas artérias, a pres- - Relação com comprimento de sarcômeros.
são seja mantida ideal.
 Retorno venoso abaixo: VDF aumentado.
 Manutenção da pressão arterial envolve variações  Retorno venoso ideal: VDF ideal.
no débito cardíaco.  Retorno venoso acima: VDF reduzido.

Alteração na frequência cardíaca: Pós-carga: se refere à resistência, impedância ou pressão


- Fatores neuronais (cronotropismo). que os ventrículos têm que exercer para ejetar seu vo-
- Divisão simpática (aumenta). lume sanguíneo. Ou seja, é a dificuldade que precisa ser
- Divisão parassimpática (diminui). vencida para que haja ejeção do sangue.
- Estiramento atrial (por exemplo, pelo aumento do vo-
lume, consequentemente estiramento o nó sinoatrial). As principais pós-cargas são:
- Medicamentos.
(a) Resistência vascular periférica: se os vasos estão con-
Fatores que alteram o volume sistólico: traídos, a luz de passagem é menor e a resistência ofer-
- Fatores cardiovasculares. tada à ejeção do sangue é maior. Essa situação exige
- Pré-Carga (volume de retorno venoso e pressão diastó- muito mais força para exceder a pressão oferecida para
lica ventricular). conseguir ejetar o volume.
- Pós-Carga (resistência arteriolar, que o ventrículo pre-
cisa vencer, e pressão arterial).  Quando há aumento da pós-carga, há redução do
- Ionotropismo positivo ou negativo (contratilidade). volume sistólico ejetado. Embora precise fazer força
muito maior, precisa vencer uma pressão maior, mas
Pré-carga: relacionada ao volume sistólico, ao volume eje- não significa que consiga ejetar um volume como an-
tado, é o estresse na parede ventricular antes do início da tes em condição de resistência periférica normal.
contração, o efeito do estiramento das fibras causado  Reduz volume sistólico, reduz débito cardíaco.
pelo volume sanguíneo acomodado pelos ventrículos an-
tes da contração. Ou seja, quando o volume diastólico fi- Modificação do débito cardíaco
nal (120 ml) varia, há variação na pré-carga. Isso acontece Várias condições são alteradas conjuntamente resul-
porque conforme varia o VDF, há variação no compri- tando na modificação do débito cardíaco de acordo com
mento dos sarcômeros que formam a parede ventricular. as necessidades de manter a pressão arterial.

VDF abaixo: o comprimento dos sarcômeros é menor que Contratilidade: também afeta o volume sistólico, relaci-
o ideal, há uma sobreposição maior e, por consequência, ona-se com os níveis de cálcio dentro da célula quando se
há menor possibilidade de pontes cruzadas e menor pro- inicia a contração. Por exemplo, se há mais cálcio na cé-
babilidade de contrair mais o músculo. lula, independente do motivo, há mais cálcio ativando os
VDF ideal: age criando um estresse ideal, os sarcômeros mecanismos para formação de mais pontes cruzadas pro-
estirados possibilitam a formação de maior número de movendo uma maior força para o processo de ejeção. Se
pontes cruzadas (força, tensão, quanto mais, mais rápida há menos cálcio entrando nas células ou menos cálcio
a contração), atingindo o ápice de ejeção. saindo do retículo sarcoplasmático para dentro do cito-
VDF acima: estiramento além do normal, o VDF excede o plasma, menos pontes cruzadas são formadas e há menor
que o ventrículo consegue acomodar. Volume estira de- capacidade de gerar força.
mais a parede dos ventrículos causando um estresse além
 Concentração de cálcio intracelular é diretamente
proporcional ao aumento da força gerada pelo ven-
trículo no momento de contração porque o cálcio es-
timula os mecanismos moleculares para formação de
pontes cruzadas.

Frequência cardíaca: o aumento da frequência, até certo


limite, gera aumento do débito cardíaco, isso acontece
porque precisamos de um tempo adequado para o enchi-
mento dos ventrículos de modo ideal. Se a frequência car-
díaca é tão rápida que não há tempo suficiente para o en-
chimento dos ventrículos, o volume a ser ejetado pelos
ventrículos vai ser menor e, por consequência, o débito
cardíaco será menor também. Então:

Simpático: atua cronotrópico positivo, aumentando o nú-


mero de eventos por tempo, e ionotrópico positivo, au-
mentando a entrada de íons cálcio para dentro dos cardi-
omiócitos ventriculares aumentando a contratilidade. Au-
menta o número de eventos (frequência) e a concentra-
ção de cálcio nas células, há aumento da força de contra-
ção.

 Aumento do simpático, aumento do DC.

Contudo, se a frequência cardíaca é muito elevada, não


enche os ventrículos corretamente e há redução do dé-
bito cardíaco. Portanto, o número de eventos deve ser re-
lacionado com o tempo necessário para enchimento dos
ventrículos.

Parassimpático: reduz frequência cardíaca, especial-


mente relacionado ao nó sinoatrial, com efeito cronotró-
pico negativo. O número de eventos é reduzido, logo, age
afetando o débito cardíaco.

Todos os fatores são alterados em uma condição fisioló-


gica normal, em conjunto, assim, a resultante das varia-
ções levam a um débito cardíaco diferente relacionado a
melhor condição para manutenção da pressão arterial.
- Volume de ejeção.
- Frequência cardíaca (SNA e SNP).
- Estiramento atrial com medicamentos.

Ionotropismo:
+ aumento da condutância de Ca2+ para dentro.
- redução da entrada de Ca2+ nos cardiomiócitos.
que permite que os átrios se contraiam 1/6 do tempo an-
tes dos ventrículos e, posteriormente, há condução pela
região do septo.

O septo se contrai antes do que o restante do tecido ven-


tricular gerando uma estrutura mais rígida fazendo com
que o tecido mole do coração tenha um apoio, um eixo
06 mar 21 de sustentação. Então, o tecido responsável por contrair
Aula 04 – Sistema cardiovascular II é formado pelos cardiomiócitos, as células de contração
Prof. Stefani Valéria Fischer que geram a força de contração pelo mecanismo de pon-
tes cruzadas entre miosina e actina.
Parte I: Propriedades
elétricas do coração (a) Tecido de geração e condução elétrica, formado por
células marca-passo (1%).
Coração (b) Tecido de contração, formado por cardiomiócitos que
O coração é uma bomba muscular que gera o gradiente geram a força contrátil.
de pressão possibilitando o fluxo de sangue, ou seja, pos-
sibilitando a conversão de energia química (ATP) em Autoexcitabilidade cardíaca: capacidade de gerar e pro-
energia mecânica (contração, interação entre actinas e pagar potenciais de ação de forma independente do sis-
miosinas) e em energia cinética (movimento). tema nervoso central, possível pelo sistema marca-passo
composto por células com canais especializados que per-
O ventrículo direito é menos espesso, mais delgado, que mitem a variação no potencial de membrana até o pro-
o ventrículo esquerdo, isso acontece por conta da varia- cesso de despolarização atingindo um limiar e iniciando
ção de pressão que cada um deles precisa exercer. O di- os potenciais de ação que se propagam.
reito ejeta em 8 mmHg (em diástole para as artérias pul-
monares), enquanto o esquerdo é realmente a bomba e Sistema marca-passo:
ejeta em 80 mm (em diástole para a artéria aorta). 1. Nodo sinoatrial, principal, com frequência de disparos
maior que os outros, gera 70 a 80 bpm. Então, quando há
Além disso, o coração tem dois átrios que recebem o san- condução dos potenciais e ação para os outros, há co-
gue em baixa pressão e o direcionam para o ventrículo. O mando sobre os outros. Se há perda da capacidade de ge-
ápice é mais afunilado e é onde se inicia a polarização que rar potencial de ação do nodo, quem assume é o 2º.
chega pelo septo e, gradualmente, alcança a base dos 2. Nodo atrioventricular, na porção final do átrio na divi-
ventrículos. são entre átrio e ventrículo, gerando 40 a 60 bpm. Se ele
vai à falência, quem assume é o 3º.
Tecidos: há dois tipos de tecido formando o coração. 3. Sistema de His-Purkinje, gerando 10 a 40 bpm.
4. Ramo subendocárdico, gerando 15 a 20 bpm.
1. Nodo sinoatrial (no átrio direito, próximo a veia
cava superior) é o marca-passo do coração, suas cé-  Porém, mesmo que os outros (2, 3 e 4) consigam
lulas geram os potenciais de ação que se propagam assumir o comando, com batimentos tão baixos, não
pelas vias intermodais que os levam para a muscula- há condição ideal para a manutenção da saúde, da
tura atrial direita e esquerda e também para o nodo homeostase. Portanto, o ideal é que o nodo sinoatrial
atrioventricular. esteja funcional mantendo os batimentos ideais.

2. Nodo atrioventricular, quando o nodo sinoatrial fa- Então, esquematicamente:


lha, toma a frente gerando os potenciais de ação. A O nodo sinoatrial gera os potenciais de ação que são con-
condução ocorre pelo feixe de His, subdividido em di- duzidos pelos feixes intermodais especializados para a
reito e esquerdo com ramificação que passa do septo despolarização e condução, alcançando o nodo atrioven-
para dentro dos ventrículos distribuindo e condu- tricular, o sistema de His-Purkinje e subdividindo-se em
zindo esse potencial elétrico do ápice para a base. ramo subendocárdico.

A despolarização inicia no átrio direito, passa para o átrio  O retardo da condução para o sistema de His-Pur-
esquerdo com contração quase simultânea. Depois, é kinje tem função de dar o tempo necessário para o
conduzida para o nodo atrioventricular com um atraso
enchimento dos ventrículos mantendo o débito car- se sobrepõe. Além disso, há efluxo de íons potássio repo-
díaco ideal, bem como a pressão arterial ideal. larizando a membrana até que o potencial volte ao valor
basal. Em muitas condições, há hiperpolarização (saída de
cátions além do normal por canais mantidos abertos) e
posteriormente repolarização.

Potencial de ação dos diferentes tecidos.


Átrios e ventrículos têm potencial de ação de 5 fases.
Cada fase é regida pela maior condutância de um deter-
minado íon, então canais específicos se abrem ou se fe-
cham determinando a variação do potencial de mem-
brana naquele momento. Já no nodo sinoatrial e nas cé-
lulas do sistema marca-passo, há uma condição apenas
fase 4, 0 e 3 (nessa ordem), não há fase 1 e 2.

Representação dos potenciais de ação em relação às cé-


lulas e aos locais: o traçado da região com células com-
pondo o nó sinoatrial é muito diferente do traçado da cé-
lula que forma o cardiomiócitos por exemplo. As fases do
potencial de ação são diferentes por conta dos tipos de
canais responsável por cada uma das fases do potencial. Portanto, considerando o tipo de traçado e o tipo de res-
posta elétrica das células, dividimos as células em:
Potencial de ação a) Cél. Marca-passo (auto-excitáveis) = Lenta.
O potencial de ação possui diferentes fases. b) Cél. Contráteis (atriais ou ventriculares) = Rápida.

O que determina se é lenta/rápida? A fase 0 da potencial


ação. Enquanto nas células de resposta rápida, a fase 0 é
ascendente e íngreme e, quando atinge o limiar, há rá-
pida reversão do potencial de membrana, nas células de
resposta lenta, a fase 0 demora mais a ocorrer, não é tão
rápida. Essa diferença entre uma e outra fase 0 relaciona-
se com o tipo de canal.

Resposta lenta
Caracteriza-se pela fase 4 (potencial de repouso) instável,
ou seja, o potencial de repouso não tem valor fixo. É o
tipo de resposta elétrica que acontece com:
- Nodo sinoatrial.
Nas membranas, há repouso estabelecido pelo gradiente
- Nodo atrioventricular.
eletroquímico onde a membrana interna é eletronegativa
- Feixe de His-Purkinje,
em relação à membrana externa.

Fase ascendente: quando há variação na condutância dos


canais, quando eles se abrem permitindo a passagem de
íons, há influxo de sódio desencadeando a despolarização
local. Isso significa que há reversão no potencial, a face
interna torna-se mais positiva que a face externa.
 Despolarização.

Ultrapassagem e repolarização: o potencial de ação


atinge o seu pico e, então, os canais de sódio dependente
de voltagem são inativados e o efluxo de cargas positivas
Fase 4, despolarização diastólica lenta: assim que a célula Parassimpático: possui ação ionotrópica negativa na fre-
alcança o potencial, há ativação de correntes funny (If). quência cardíaca. As terminações do N. Vago que inervam
As correntes funny são chamadas assim porque os canais o sistema marca-passo atuam exocitando a acetilcolina
que permitem a passagem de cátion são ativos quando o das terminações vagais. A ACh se liga aos receptores me-
potencial de membrana se torna negativo, diferente da- tabotrópicos tipo M2 desencadeando uma cascata intra-
queles que são ativos quando há despolarização. celular que leva ao retardo do sistema marca-passo com
redução da frequência cardíaca.
Os canais para cátions não-seletivo permitem o influxo
principalmente de sódio. Quando o potencial de mem- Esses mecanismos levam à redução da condutância das
brana chega a - 55v/- 60v, os canais se abrem permitindo correntes If. Com menor condutância, menos cátions en-
a entrada de cátions para dentro das células marca-passo. tram e a despolarização da membrana é ainda mais lenta,
Assim, gradualmente, as correntes de cátions permitem ou seja, a fase 4 é mais longa. Há efeito de reduzir as des-
que o potencial de membrana vá se elevando, tornando- polarizações em determinado período. O tempo que leva
se cada vez menos negativo. para ocorrer a despolarização é maior, havendo um cro-
notropismo negativo já que número de eventos por
No final da fase 4 de repouso, há ativação de canais espe- tempo é reduzido pela fase que demora mais.
cíficos de cálcio do tipo T. Esses canais têm correntes rá-
pidas para o cálcio (abrem e fecham rapidamente), logo Além disso, há hiperpolarização da membrana dessas cé-
em seguida, o limiar é atingido e inicia-se a fase 0. lulas porque há mecanismos ativos que aumentam a con-
dutância do potássio, ou seja, alguns canais são ativos
Fase 0, despolarização ascendente: há ativação de canais para permanecerem mais tempo abertos, se há mais po-
de cálcio do tipo L (lentos) que são responsáveis pela fase tássio saindo, a membrana se torna mais negativa e é ne-
ascendente do potencial de ação. Esses canais são cha- cessário que entre mais cargas positivas para haver des-
mados de lentos e determinam o nome da resposta por- polarização até chegar ao limiar.
que gradualmente há abertura mais lenta dos canais e in-
fluxo de cálcio e despolarização. No ápice, os canais vão Há também redução das correntes de cálcio e o limiar
se fechando iniciando correntes de efluxo. torna-se mais alto, é preciso que a despolarização alcance
valores cada vez menos negativos para atingir o limiar ini-
 Fase ascendente = canais de cálcio do tipo L. ciando a fase 0 do potencial de ação.

Fase 3, repolarização: é a fase descendente e ocorre a par- Parassimpático na resposta lenta:


tir do efluxo do potássio. Na primeira fase, são canais de  Ionotropismo negativo = reduz condutância.
potássio rápidos, no final, são canais de potássio lentos  Cronotropismo negativo = reduz no de eventos.
levando ao efluxo do potássio e à repolarização até que
novamente o potencial de membrana atinja valores ne- Simpático: atua por meio de receptores do tipo B1 que se
gativos abrindo canais de If reiniciando a fase 4. associam à adenilato ciclase como a enzima para a ativa-
ção do AMP cíclico (segundo mensageiro). Com ativação
 Corrente funny: é a presença dos canais que per- do receptor, há mecanismos moleculares que aumentam
mitem a entrada de cátions que se abrem em valores a condutância dos canais If aumentando a velocidade de
de potencial de membrana negativo que geram as despolarização da fase 4, ou seja, se aumento a veloci-
despolarizações e são a base do sistema marca-passo. dade de despolarização, há aumento do número de ven-
tos por tempo.

Além disso, há aumento das correntes de cálcio. Mais ca-


nais funcionais de cálcio sendo necessário menos despo-
larização para alcançar o limiar. Ou seja, o limiar é menor,
favorecendo o processo de atingir e causar a despolariza-
ção mais rápida na fase 4.

Simpático na resposta lenta:


 Ionotropismo positivo = aumenta condutância.
 Cronotropismo positivo = aumenta no de eventos.
Resposta rápida  Platô: evita o processo de somação e de tetania
Relacionam-se com a fase 0, a fase ascendente do poten- nas células cardíacas. A fase do platô faz com que o
cial de ação, e acontece em células contráteis (átrios, ven- mecanismo molecular de contração seja desencade-
trículos e fibras de Purkinje subendocárdicas). ado fazendo com que ocorra entrada do cálcio inici-
ando a contração e dá tempo de contrair e iniciar o
relaxamento até que o potencial de membrana re-
torne gradualmente ao repouso, evitando que ocorra
mais um estímulo gerando novo potencial de ação
em curto período de tempo somando os estímulos.

Importância do platô: Se o potencial de ação é muito


curto, há capacidade de gerar vários potenciais de ação
desencadeando mecanismos de contração que se somam
gradualmente. Não há tempo de relaxamento da muscu-
latura. No músculo cardíaco isso é evitado pela presença
do platô, após iniciado, o potencial de ação dura de 150
ms a 300 ms, assim, ocorre toda a contração e quando o
mm. inicia o relaxamento o potencial de ação termina e
Fase 0, despolarização rápida: os canais de sódio rápido se há repolarização da membrana evitando que haja um
abrem. O influxo de sódio, a partir do momento que novo estímulo nesse momento gerando outro potencial
houve o limiar atingido, gera a ascensão do potencial de que poderia levar à somação.
ação. Depois, há interrupção da fase ascendente porque
alguns desses canais tornam-se inativos.

Fase 1, repolarização transitória: há abertura de alguns ca-


nais de potássio e cloreto fazendo com que ocorra rápida
repolarização do potencial de membrana. Logo depois, já
há fase 2.

Fase 2, platô: abertura de canais de cálcio lentos ativos na


despolarização de membrana. Como são lentos, demo-
ram a abrir. O cálcio tende a entrar e há abertura dos ca-
nais de potássio fazendo com que haja efluxo do íon.

Por isso, há um platô na fase 2 que ocorre em resposta a


esse equilíbrio, as cargas positivas que entram são iguais
as cargas positivas que saem. Equilíbrio determinando o Parte II: Hemodinâmica
platô tornando o potencial de ação mais longo, por isso,
os potenciais de ação atriais e ventriculares são mais lon- Hemodinâmica
gos em comparação ao músculo estriado esquelético e ao Ramo da fisiologia que estuda os princípios físicos aplica-
potencial de neurônios. dos ao sistema de vasos que regulam pressão, fluxo, re-
sistência, volume e complacência.
Fase 3, repolarização tardia: há abertura de canais para
potássio. No final da fase 2, há fechamento dos canais de Além do coração que se adapta à diferentes condições,
cálcio do tipo L e abertura de mais canais de potássio gra- modulado alterando o débito cardíaco, também há mo-
dualmente permitindo o efluxo de cargas positivas até dulação dos vasos arteriais e venosos para manter a pres-
que o potencial de membrana alcance o potencial de re- são. Coração e vasos trabalham junto para manter a pres-
pouso. são e manter a perfusão dos tecidos ideal para manter
níveis de nutrientes, oxigênio e a remoção dos metabóli-
Fase 4, potencial de repouso: o potencial de repouso per- tos produzidos pelas células.
manece em valor fixo. Há canais de potássio abertos que
permitem a saída normal. Responsável pela despolariza-
ção espontânea das células marca-passo.
Propriedades dos vasos Para alterar a pressão dentro dos vasos:
1. Vasos arteriais, vasos de resistência. Parede com - Alteração no volume de sangue ejetado.
grande proporção de musculatura lisa, essa musculatura - Alteração no diâmetro do vaso, alteração na capacidade
quando ativa tem capacidade de modular a luz do vaso, do vaso de manter o volume (vasodilatação ou vasocons-
ou seja, aumentar (mais passagem de sangue, menor trição).
pressão, vasodilatação, relaxamento da mm lisa) ou dimi-
nuir (menos passagem de sangue, maior pressão, vaso-  Por exemplo: maior volume contra a parede
constrição, contração da mm lisa). exerce maior pressão. Alterando a luz do vaso, vaso-
constrição, eleva a pressão. Assim, o organismo con-
2. Vasos venosos, vasos de capacitância. Armazenamento segue manter condições de pressão ideais. Todo esse
de sangue sob baixa pressão, o sangue não está parado, processo de alterar a pressão altera também o fluxo
mas há maior volume de sangue nos vasos venosos. Ca- de sangue e a resistência dos vasos.
pacidade devido às paredes mais complacentes, ou seja,
com menos musculatura lisa (menor proporção), conse- Na aorta, há uma grande pressão. Gradualmente, con-
guindo armazenar conteúdo de sangue. Local com maior forme o sangue passa para capilares e venosos, há redu-
volume de sangue no sistema circulatório. ção gradual. Embora o coração lance o sangue com alta
pressão para os vasos em sístole, na diástole, a aorta faz
3. Rede de capilares sanguíneos, entre vasos arteriais e uma retração gradual elástica (parede elástica) fazendo a
vasos venosos. Estruturas em que ocorre a troca, há ape- ejeção do sangue para suas ramificações. Assim, na diás-
nas o endotélio de revestimento facilitando a passagem, tole não há uma pressão que chegue a 0 garantindo a ma-
a troca, entre interstício e luz do capilar. nutenção da pressão arterial.

Distribuição do sangue pelo sistema Quando o sangue chegando nas veias cavas há menor
- Circulação sistêmica (84%, maioria em sistema venoso). pressão nos átrios, depois, nas artérias pulmonares, há
- Circulação pulmonar (9%). um aumento. Assim, a bomba muscular esquelética é im-
- Coração (7%). portante para fazer o retorno do sangue para o coração.

Relação de área dos vasos Fluxo sanguíneo: volume de sangue que passa por deter-
Dentro da hemodinâmica, o tamanho da área influencia minado ponto em determinado intervalo de tempo. Vo-
na velocidade do fluxo sanguíneo. lume/tempo, logo, alteração de pressão e área alteram o
fluxo sanguíneo.
Por exemplo:
- Aorta = 2,5 cm2 Lei de Pouseuille: determina como as interações das vari-
- Capilares (troca) = 2500 cm2 áveis raio, pressão, comprimento e viscosidade alteram o
fluxo sanguíneo.
Pressão: a pressão em mmHg é a força exercida sobre
uma determina área. Pressão arterial, portanto, significa ∆𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑥 𝑟𝑎𝑖𝑜4
Fluxo =
a pressão do sangue arterial sobre a parede dos vasos ar- 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑥 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
teriais. Essa pressão é importante para que o sangue al-
cance os capilares, os vasos de troca, com uma pressão
que permita a perfusão ideal das regiões para que ocorra  Comprimento: de modo geral, não há modificação
troca ideal. rápida. Há angiogênese que pode aumentar o com-
primento dos vasos, mas esse é um processo longo
 A pressão intravascular varia de acordo com a dis- que não afeta rapidamente como um mecanismo di-
tância da bomba pressórica (bombas musculares) e reto do controle do fluxo sanguíneo.
as características dos vasos. Então a pressão varia de  Viscosidade: também não se altera rapidamente
acordo com a pressão cardíaca (pressão que o cora- em minutos ou segundo.
ção ejeta o sangue para fora dos ventrículos) e a pres-
são venosa gerada pela contração das bombas mus- Variação de pressão e raio (considerado a resistência) são
culares esqueléticas (ex: panturrilha). E pelas caracte- fatores muito importantes para o fluxo. Isolados, são apli-
rísticas das paredes dos vasos, por exemplo, arteriais cados na Lei de Ohm para entender como tanto a resis-
com maior musculatura lisa e maior capacidade de al- tência quanto a variação de pressão alteram o fluxo san-
terar a pressão em comparação aos vasos venosos. guíneo.
Assim, pela Lei de Ohm, determinados que:  Aorta = menor área, maior velocidade.
 Capilares = maior área, menor velocidade.
∆ 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜
Fluxo =
𝑅𝑎𝑖𝑜 Qual o local de maior facilidade para o ajuste da resistên-
cia do sistema vascular? Os vasos arteriais, porque a mus-
Ou seja, só ocorre fluxo sanguíneo em vasos em que há culatura lisa que forma a parede desses vasos permite
diferença de pressão e, quanto maior a diferença de pres- que a resistência seja controlada com maior facilidade.
são, maior o fluxo sanguíneo (grandezas diretamente pro-
porcionais). Disposição dos vasos: há vasos dispostos em série e vasos
dispostos em paralelo. Sendo que, nos vasos dispostos
 Sem diferença de pressão, sem fluxo. em paralelo, a resistência ofertada é muito menor. O vo-
 Quanto maior a diferença de P, maior o fluxo. lume de sangue que chega é distribuído para ramificações
 Quanto menor a diferença de P, menor o fluxo. com resistência muito menor. A disposição em série tem
soma de resistência.
A resistência é contrária ao fluxo, quanto maior a resis-
tência ofertada pelo vaso, menor a capacidade do sangue  Disposição em paralelo = resistência dividida.
de passar pela região, sendo menor o fluxo (grandezas in-  Disposição em série = resistência somada.
versamente proporcionais).
Viscosidade: quanto maior a viscosidade, maior a resis-
 Quanto maior a resistência, menor o fluxo. tência para a passagem dentro de um tubo. Por exemplo,
 Quanto menor a resistência, maior o fluxo. um milk-shake mais gelado, com mais viscosidade, passa
com maior dificuldade pelo canudo em comparação a um
Condições que influenciam a resistência: milk-shake mais líquido, mais derretido.
- Área.
- Disposição dos vasos.  Sangue mais viscoso, maior resistência.
- Viscosidade.  Sangue menos viscoso, menor resistência.
- Padrão de fluxo (velocidade).
Padrão de fluxo: relaciona-se com resistência e veloci-
A resistência é o inverso da área, ou seja, são inversa- dade. Em um fluxo sem que haja perturbações, a passa-
mente proporcionais. Se há uma área maior de passagem gem forma lâminas, o sangue em contato com a parede
para o sangue, há menor resistência. A resistência varia do vaso tem menor velocidade porque há maior resistên-
inversamente à quarta potência do raio. cia ofertada, e, gradualmente, as lâminas mais internas
assumem maior velocidade.
 Quanto maior a resistência, menor o raio.
 Quanto menor a resistência, maior o raio. Fluxo laminar, com cisalhamento:
 Lâmina das bordas, menor velocidade.
Em condição de maior resistência, há uma área reduzida  Lâminas centrais, maior velocidade.
e maior será a velocidade de passagem. Comparação com
o leito de um rio, onde ele é mais largo, a velocidade da Em uma condição de fluxo turbilhonar, ou seja, quando o
correnteza será menor do que na área que haverá um es- sangue não consegue formar as lâminas, por exemplo,
treitamento, então área e velocidade são inversamente em ramificações de vasos, o cisalhamento do sangue com
proporcionais: a parede dos vasos também acaba reduzindo velocidade.

 Quanto maior a resistência, maior a velocidade. Como o nosso organismo, pela regulação do tônus dos
 Quanto menor a resistência, menor a velocidade. vasos, mantém a pressão arterial média. Quando temos
ativação da mm. lisa que forma a parede dos vasos, esta-
Nos capilares, a área de secção transversa somada é mos regulando resistência, área, fluxo, determinando a
muito maior (cerca de 1357) do que a Aorta (2,8). Assim, pressão, perfusão e disponibilidade de O2, nutri...
pode-se dizer que a passagem do sangue na Aorta é
muito maior. Isso é importante porque os capilares são
justamente a região de troca. Então, precisa-se de mais
tempo para que ocorram as trocas ideais, logo, a veloci-
dade deve ser menor.
distribuído para a circulação periférica mantendo níveis
ideais de pressão arterial.

Cálculo da pressão arterial média (PAM): levando em con-


sideração os 120 mmHg (de sístole) e os 80 mmHg (de
diástole) da aorta, temos:

10 mar 21 PAM = P diastólica + 1/3 (P sistólica – P diastólica).


Aula 06 – Pressão arterial PAM = 80 mmHg + 1/3 (120 - 80)
Prof. Stefani Valéria Fischer PAM = 90 + 1/3 (40)
PAM = 80 + 13
PAM = 93 mmHg.
Pressão arterial
Pressão arterial e mecanismos de regulação, quais os me-
Se a pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue
canismos a curto prazo (em minutos, segundos) e a longo
dentro das artérias, essa pressão arterial média pode ser
prazo (horas, dias).
variada se houver:
Curto prazo: efeitos neuronais, neuro-hormonais e meca-
 Alteração no débito cardíaco, ou seja, o volume de
nismos locais, estimulando mecanismos para a regulação
sangue que é lançado para dentro dos vasos.
da pressão pelo controle de tônus de vasos, força de con-
 Alteração na resistência periférica total, contro-
tração do músculo cardíaco e frequência cardíaca.
lando a resistência de saída do sangue das artérias.
- Regulam funcionamento de vasos e cardíaco.

Se varia o débito cardíaco ou resistência periférica total,


Longo prazo: sistema renina-angiotensina-aldosterona,
há variação da pressão de sangue sobre a parede dos va-
hormônio antidiurético para controle da volemia, ou seja,
sos. Assim, entendemos que a variação da pressão arte-
regula o volume de sangue do organismo.
rial depende de mecanismos que agem aumentando ou
reduzindo o débito cardíaco, aumentando ou reduzindo
Quando não há controle pelos mecanismos de curto
resistência periférica total controlando o tônus do vaso,
prazo, os mecanismos de controle de longo prazo são ati-
se haverá constrição ou dilatação.
vados, se somam e atuam mais eficientemente.

Portanto, considerando DC = FC x VS,


 PA baixa, reduz o volume de perda de líquido pela
se altera alguma das duas condições, altera a PAM.
urina, estimula mecanismos da sede.
 PA elevada, atua favorecendo a perda de líquido
PA = DC x RPT
em urina reestabelecendo a PA.

 Débito cardíaco = FC x VS, em média 5 L/min.


Pressão arterial: força pulsátil que o sangue arterial
 Resistência periférica total (RPT) = Resistência que
exerce sobre as paredes dos vasos arteriais, necessária
os vasos arteriais ofertam para a saída do sangue do
para garantir a perfusão ideal dos tecidos. De modo geral,
ventrículo esquerdo. A principal região que oferta re-
o nosso organismo mantém uma pressão arterial média.
sistência são as arteríolas, dentre os arteriais, são as
Então, se a pressão arterial é a do sangue dentro dos va-
que apresentam maior proporção de musculatura lisa
sos arteriais, não há uma pressão constante, há variação.
em relação à sua luz (proporção mm/luz). Ou seja, há
maior capacidade dessas arteríolas de sofrer vaso-
 Por exemplo: Aorta.
constrição ou vasodilatação. Por exemplo, se há um
- Sístole (contração): 120 mmHg.
estímulo para vasoconstrição, reduz a luz do vaso e
- Diástole (relaxamento): 80 mmHg.
aumenta a resistência periférica total.
- A pressão cai gradualmente porque a aorta é elás-
tica e retrai lentamente sua parede impulsionando o
sangue para a circulação sistêmica. Determinantes da pressão arterial
Capacidade da aorta de armazenar volume de sangue eje-
Pressão aferida: refere-se à condição de 120 por 80 den- tado pelos ventrículos. Uma energia potencial na parede
tro da aorta. Ideal para que gradualmente o sangue seja da aorta é retida quando a parede é distendida e, gradu-
almente, com a retração da parede elástica da aorta, há
conversão da energia potencial armazenada nas paredes
em forma de tensão em energia cinética, de movimento Representação da inter-relação de diversos fatores. O dé-
do sangue, mantendo o fluxo sanguíneo em diástole. bito cardíaco e a resistência periférica total são os fatores
mais diretos, mas se há alteração em qualquer uma das
AORTA = E. potencial > E. cinética. outras condições, haverá alteração na pressão arterial.

O balanço entre fluxo de entrada de sangue e saída de Manutenção da pressão arterial relativamente estável
sangue nas artérias determina a pressão arterial. Assim, Basicamente, o que ocorre, é a translocação de um vo-
temos vários fatores que se relacionam com a variação. lume sanguíneo de um leito vascular para outro. Então se,
por exemplo, temos condição de perda de sangue dos va-
 Importante: quais são e como os mecanismos al- sos arteriais, precisamos translocar mais sangue para eles
teram frequência cardíaca, volume sistólico e deter- por meio do sistema venoso, para isso:
minam o diâmetro das arteríolas e veias.
- Altera-se a capacitância venosa (por venoconstrição há
Volume de sangue: maior ejeção de sangue para o coração).
- Se há maior ingestão de líquido, mais líquido é absorvido - Retorno venoso maior (pré-carga maior, aumenta DC).
no sistema cardiovascular, aumentando a volemia. Com - Altera-se a resistência periférica total, não só o volume
mais sangue circulante, há aumento da pressão arterial. de sangue, mas reduz-se a área dos vasos arteriais au-
- Se há perda de líquido (como em hemorragia), há menor mentando a pressão arterial.
volemia, menor pressão nos vasos arteriais e redução da - Débito cardíaco.
pressão arterial.
Alteram o volume de sangue presente no leito vascular
Eficiência do coração/débito cardíaco: arterial momentaneamente possibilitando a translocação
- Se há aumento da frequência cardíaca ou do volume sis- do volume sanguíneo de um leito vascular para outro.
tólico, há aumento do débito cardíaco, por exemplo, Mantendo a PA ideal.
quando há alteração no volume de ejeção e, por conse-
quência, na pressão arterial. De que forma o organismo entende que precisa ajustar o
volume sanguíneo? Como faz isso? Existem sensores que
Resistência do sistema ao fluxo sanguíneo: levam essa informação ao SNC, são terminações neuro-
- Se há redução do diâmetro das arteríolas, uma menor nais nas paredes dos vasos e no coração. Sensores mecâ-
área oferece uma maior resistência periférica total, as- nicos de estiramento, quando há alteração na parede de
sim, há maior pressão arterial. vasos ou do sistema cardíaco, essa informação é levada
no SNC. Além disso, essas terminações sensoriais tam-
Distribuição relativa ao sangue entre os bém estão em vasos e estruturas específicas dos rins, per-
vasos sanguíneos arteriais e venosos: cebendo se houve alteração da perfusão renal. Depois, le-
- O sistema venoso é o local de maior armazenamento de vam essa informação para o SNC desencadeando eventos
sangue, então, o diâmetro das veias influencia. Se há re- que alteram cada uma das condições para manutenção
dução do diâmetro, venoconstrição, mais sangue retorna da PA.
ao coração (retorno venoso maior), coração tem maior
pré-carga favorecendo maior débito cardíaco aumen- Mecanismos de controle sistêmico
tando a pressão arterial.
Curto prazo: mecanismo neuronal que envolve os meca-
nismos de reflexo (não controlamos, ocorre de forma es-
pontânea) para os receptores:
- Barorreceptores, rec. sensíveis a estiramento mecânico.
- Quimiorreceptores, rec. sensíveis a substâncias (por
exemplo, H+, CO2 e níveis de O2 na corrente sanguínea).
- Relacionado a atividades diárias que desempenhamos,
levantar, mudar de posição, etc, mecanismos que regu-
lem a PA de maneira rápida (segundos a minutos).

Barorreceptores: reflexos de barorreceptores atuam


como mecanismo de feedback negativo. Primeiro, baror-
receptores são terminais sensoriais livres localizadas em
regiões específicas do sistema cardiovascular, como na ser suprimidos de maneira indevida de sangue (como
parede do arco da aorta e seio carotídeo. São ativos pelo no tecido encefálico e no músculo estriado esquelé-
estiramento dessas paredes das regiões. Com a ativação tico, para que não sofram com a redução do fluxo
pós-estiramento, potenciais de ação são desencadeados sanguíneo). Nos vasos arteriais, age aumentando a
e são enviados para o SNC (região específica do bulbo, nú- RPT, e nos vasos venosos, aumentando o retorno ve-
cleo do trato solitário). Essa informação é levada via afe- noso, já que eles armazenam volume do SCV, quando
rência pelo N. glossofaríngeo e N. vago, alcançando a re- reduz a capacitância de armazenamento, há maior re-
gião específica no tronco encefálico. Nessa região, as in- torno venoso aumentando o DC. Vasos de resistência
formações sensoriais em forma de potencial de ação es- e vasos de capacitância.
timulam centros especializados que podem iniciar o estí-
mulo do simpático (resposta) ou parassimpático. Parassimpático: tonicamente ativo, em condição de re-
pouso, está mais proeminente. Em condições de au-
 Pressão arterial elevada, aumenta potencial de mento da pressão arterial além do normal, há feedback
ação que inibem certos neurônios da região do nú- negativo que aumenta a atividade parassimpática.
cleo do trato solitário reduzindo a atividade do sim-
pático. Feedback negativo = aumenta a pressão, ati-  Coração: tonicamente tende a reduzir a frequência
vação do parassimpático e redução do simpático. cardíaca (inibitório levando a bradicardia), libera ACh
 Pressão arterial reduzida, sangue que passa exerce nos terminais de nós sinoatrial e atrioventricular re-
menor pressão na parede dos vasos, há menor estira- duzindo-a.
mento e menos potenciais de ação são gerados, não  Vasos: não há inervação direta do parassimpático,
há mais estímulo inibitório para os núcleos do simpá- então o simples fato da redução da atividade simpá-
tico. Assim, com menor pressão, menos estímulo, tica reduz a condição de vasoconstrição. Ou seja, não
sem inibição dos núcleos que inibem o simpático, há é ação direta, é indireta (sobreposição à atividade
aumento da atividade simpática e redução da ativi- simpática). Redução do tônus simpático dos vasos.
dade parassimpática. Redução da resistência periférica total favorecendo o
reestabelecimento da pressão arterial.
Simpático e parassimpático atuam tanto no coração
quanto nos vasos regulando a atividade cardíaca e de va-
sos fazendo com que a pressão retorne à condição ideal. Relembrando...
Ionotropismo e cronotropismo positivo do simpático no
Feedback negativo: detector (barorreceptores) capta a coração. Aumento da frequência cardíaca via receptores
informação que é enviada por aferências ao SNC, para o pela ativação de receptores beta1 no nodo sinoatrial au-
centro de coordenação (bulbo que se comunica com re- mentando a corrente de cátions para dentro da célula fa-
giões encefálicas superiores) e, essa informação, a partir vorecendo a despolarização mais rápida, aumentando o
do momento que foi processada, via eferências (simpá- número de eventos (despolarizações) por minuto.
tico ou parassimpático) atua no coração e nos vasos san-
guíneos. Ionotropismo positivo: aumenta a contratilidade cardí-
aca via simpático porque há ativação de receptores beta1
Simpático: atua no coração e nos vasos, além de também associados a adenilato ciclase via AMPc como segundo
atuar estimulando a medula da adrenal onde há produ- mensageiro favorecendo o aumento da permeabilidade
ção de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) que do sódio e do cálcio na membrana dos cardiomiócitos.
são lançadas na corrente sanguínea e atuam nos vasos e Aumenta cálcio, favorece contratilidade.
no coração. Atua em maior proporção quando há redu-
ção da pressão arterial. Aumento também da atividade das bombas de cálcio que
têm como função a recaptação para dentro do retículo
 Coração: eleva a frequência cardíaca (excitatório sarcoplasmático ou para o meio extracelular para aumen-
levando a taquicardia) e estimula a força de contra- tar os eventos de relaxamento, favorecendo uma veloci-
ção dos ventrículos (especialmente o esquerdo). Oca- dade de relaxamento maior.
siona aumento do débito (pelo aumento da frequên-
cia cardíaca e do retorno venoso).  Contratilidade maior porque:
 Vasos: promove a vasoconstrição na maioria redu- - Aumenta níveis de cálcio.
zindo a luz, aumentando a resistência periférica. Pos- - Músculo cardíaco relaxa mais rápido podendo ini-
sui ação vasodilatadora em tecidos que não podem ciar a próxima contração de forma mais rápida ainda.
Parassimpático, nos nodos sinoatriais, atua especial-  Resposta integrada de alterações de redução do
mente no sistema marca-passo via N. Vago tendo quase O2, aumento do CO2 na corrente sanguínea e acidifi-
nenhuma inervação sobre os ventrículos. Por isso, atua cação do pH sanguíneo, quimiorreceptores enviando
controlando a frequência cardíaca sem efeito direto so- informações sensoriais que promovem aumento da
bre a contratilidade. ACh liberada pelas terminações do ventilação favorecendo a remoção do CO2 e a disten-
N. Vago que atua sobre receptores muscarínicos M2 me- são pulmonar para melhor ventilação e reestabeleci-
tabotrópicos que ativam uma cascata de sinalização intra- mento das pressões ideais dos gases. Como resposta
celular promovendo a redução da permeabilidade do só- integrada, o SCV é ativo para que ocorra taquicardia
dio e do cálcio do sistema marca-passo, fazendo com que (aumenta FC).
a fase 4 de despolarização seja mais longa reduzindo o
número de eventos por tempo reduzindo a frequência Os quimiorreceptores não são terminais neuronais com
cardíaca. Além disso, a ação provoca aumento da perme- terminações livres, são células especializadas que são
abilidade do potássio que favorece maior tempo no pro- sensíveis à variação de gases e de H+ na corrente sanguí-
cesso de despolarização da fase 4 de resposta lenta dos nea estimuladas por esses fatores desencadeando rea-
potenciais de ação desenvolvidos no nodo sinoatrial. ções celulares e exocitando substâncias sobre termina-
ções sensoriais (periferia e SNC) que levam essa informa-
Núcleo do trato solitário do bulbo recebe a informação ção até centros nervosos de controle da ventilação pul-
dos barorreceptores do seio carotídeo (n. glossofaríngeo monar e da funcionalidade cardíaca e vascular.
IX) e do arco aórtico (n. vago X). As informações chegam
e, quando há aumento da atividade dessas ações sensori- Vaso com musculatura lisa formando uma camada inter-
ais, há aumento da atividade do sistema nervoso paras- mediária da parede do vaso. É essa camada que é ativa
simpático. pelas terminações nervosas simpáticas, onde há liberação
de noradrenalina que respondem promovendo vasocons-
 Se chega mais informações, há frequência de po- trição (na maioria + vasodilatação em tecidos específicos)
tenciais de ação maior, maior estiramento da parede causando resistência nos vasos (contração da mm. lisa).
das artérias, maior pressão arterial, estímulo do cen- Isso tanto em vasos de resistência (artérias, arteríolas...)
tro desacelerador cardíaco que ativa as eferências pa- quanto nos vasos de capacitância (veias) e há:
rassimpáticas que atuam no nodo sinoatrial redu-
zindo a frequência cardíaca.  Aumento do retorno venoso (nas veias, favore-
 Se houver redução da pressão arterial, a frequên- cendo o aumento do débito cardíaco).
cia de potenciais de ação que chegam no núcleo será  RPT, auxílio na manutenção da PA média (nos va-
menor e, dessa forma, haverá ativação dos centros: sos de resistência, artérias e arteríolas).
acelerador cardíaco e vasoconstritor. Ambos ativam
eferências simpáticas que levam ao aumento da fre- Isso ocorre quando há necessidade de manter a PA em
quência cardíaca modulando nodo sinoatrial, au- função de condição de baixa PA. Momento de hipoten-
mento da contratilidade, estímulo de vasoconstrição são, baixa da pressão arterial, com ativação dos mecanis-
de artérias (principalmente arteríolas) e veias. mos simpáticos que atuam nos vasos sanguíneos e no co-
ração.
Além dos barorreceptores, há também quimiorrecepto-
res que levam informações para o SNC informando pres- Medula da adrenal: quando há aumento da atividade sim-
sões parciais de CO2, O2 e o pH do sangue. Assim, quando pática necessitando reestabelecimento da PA em condi-
há alteração na concentração dos gases ou variação do ção de hipotensão, aumenta a atividade da medula da
pH, há modificações nos centros de controle cardiovascu- adrenal com liberação de catecolaminas (adrenalina e no-
lar que levam a alterações no funcionamento cardíaco e radrenalina) para a corrente sanguínea que atuam em di-
no funcionamento vascular. De modo geral, são especifi- ferentes receptores promovendo vasoconstrição (e vaso-
camente para controle da ventilação pulmonar para re- dilatação em outros tecidos hepáticos, coronários e mm.
gulação de gases na circulação e regulação de pH. Porém, estriado esquelético).
em certas condições em que há variações de gases, os
quimiorreceptores também levam essa informação via  Mecanismos de controle sistêmico = envolvendo
aferências para o tronco encefálico influenciando na ati- SNC e projeções do SNA controlando coração e vasos
vidade cardiovascular. para a manutenção da PA.

 Não é função primária, mas há influência no SCV.


Mecanismo de controle local favorecendo vasodilatação local com favorecimento do
fluxo sanguíneo reduzindo a resistência.
Curto prazo: os diferentes tecidos precisam de um fluxo
sanguíneo, de um aporte de oxigênio/nutrientes de Se a condição de aumentar o fluxo de um tecido ocorrer
forma diferenciada e particular. Então, esses próprios te- apenas em um tecido/região, isso não afeta em grandes
cidos apresentam mecanismos particulares em que cada proporções a pressão arterial. Porém, em uma condição
tecido regula o aporte do fluxo sanguíneo. em que todos os tecidos têm atividade elevada com todos
eles regulando seu fluxo para mais aporte, há um desvio
Por exemplo, músculo estriado esquelético com maior muito grande de sangue dos vasos arteriais para eles,
atividade do que outro órgão, a ação sistêmica não é ne- com demanda maior, e, dessa forma, se não tivéssemos a
cessária aumentando o aporte de todos os tecidos para condição sistêmica de regulagem da PA, a redução da PA
suprir um, então há mecanismos denominados de reflexo seria drástica. Então:
miogênico e a regulação metabólica que promovem o
aporte de sangue para os tecidos de maneira especiali-  Controle local, isolado, pequena proporção, não
zada. Cada tecido consegue regular sua necessidade de afeta de fato a pressão em proporção muito grande.
fluxo, controlando de precisa mais ou menos fluxo em de-
terminada condição. Porém, se a situação é de alto estresse (ex: atividade física
de alta intensidade), nesse momento, toda a musculatura
 Quando há ação sistêmica via SNC por ramos au- recrutada e tecidos precisam de um aporte sanguíneo
tonômicos simpáticos e parassimpáticos podemos ter muito maior, favorecendo a vasodilatação local de cada
uma sobreposição, convergência de sinalização para tecido desviando o sangue para esses tecidos. Assim,
regulagem de aporte. Mas imaginaremos o tecido de nessa condição, precisamos de mecanismos sistêmicos
forma isolada. que aumentem o retorno venoso, o débito cardíaco, fa-
voreçam a vasoconstrição de artérias para manter a PA.
Reflexo miogênico: a parede do vaso do tecido responde
à pressão de sangue que chega. Por exemplo, músculo es-  Reflexo barorreceptor > modulação sistêmica.
triado esquelético, se o sangue que chega está sobre alta  Redução da PA.
pressão (além do ideal), temos esse sangue estirando a
parede do vaso, ativando canais de cálcio da musculatura
lisa que forma a parede do vaso. O cálcio entra pelos ca-
nais promovendo a contração da região que foi estirada
reduzindo a luz do vaso e aumentando a resistência se
opondo à entrada em excesso do fluxo de sangue em alta
pressão.

 Por que manter uma pressão de sangue ideal che-


gando aos tecidos? Nas terminações arteriais, poste-
riormente, há ramificação para capilares, estruturas
delgadas e finas que precisam de aporte em baixa
pressão. O mecanismo miogênico serve para que o
sangue alcance os capilares com pressão não muito
grande para que haja extravasamento sem danos aos
capilares que irrigam os tecidos.

Regulação metabólica: regulação por metabólitos gera- Longo prazo: muitas vezes, nosso organismo não conse-
dos pelos tecidos. Se o tecido não está tendo aporte de gue manter a PA em níveis ideais, saudáveis, então pre-
sangue suficiente e está, por exemplo, com falta de O2, cisa de um mecanismo que se some aos de curto prazo
há alguns metabólitos que são produzidos pelas células porque eles não estão dando conta. São eles:
que sofrem a falta (CO2, queda de pH, aumento do ácido
láctico, adenosina, ATP, ADP, AMP, alto K extracelular). Sistema renina-angiotensina-aldosterona: modula o sis-
Esses metabólitos agem na musculatura lisa do vaso esti- tema renal controlando a perda de líquido através da for-
mulando outros produtos que agem na musculatura lisa mação de urina. Esses hormônios (angiotensina e aldos-
terona) também podem atuar em vasos regulando seus
tônus. Então esse sistema RAA se torna mais ativo em mo-  Reabsorção de sódio e vasopressina (estimula pre-
mento de redução da pressão arterial. sença de Aquaporinas) = reabsorção de sódio e água
(via osmose) nos rins.
Condição de hipotensão: nos rins, há menor perfusão
sanguínea e chega menos sangue para o sistema renal. Há Pontos importantes:
mecanorreceptores nas células renais, especialmente nos - Controle hormonal, ativação neuronal que estimula se-
vasos, que percebem a variação de pressão e levam a in- creção da renina, com outros fatores locais renais, inici-
formação ao SNC. A partir do processamento da informa- ando o mecanismo do sistema RAA.
ção no SNC, há uma resposta que favorece o aumento da - Condição de longo prazo porque precisamos de secre-
atividade de secreção da renina por células renais. ção e ação de enzimas, produção de subprodutos, atua-
ção em diversos locais, requerendo um tempo mais de-
Nos rins, há células responsáveis pela secreção de renina. morado do as ações neuronais diretas.
No glomérulo, há filtração do plasma, arteríola aferente - Modulações sobre os vasos e sobre os SCV.
formando os capilares e arteríola eferente. Na região em - Secreção de outros hormônios como a vasopressina, es-
que as arteríolas têm contato com a outra porção do tú- timulando também mecanismos da sede. RAA = mantém
bulo renal, há uma especialização das células que são da a volemia e estimula ingestão de água para manutenção
musculatura lisa da parede das arteríolas. Essas células da PA não apenas pela modulação de vasos e coração, re-
especializadas são as responsáveis pela secreção da re- estabelecendo a pressão com condição de favorecimento
nina (células granulares). Com ativação do simpático, em para manutenção de volume de líquido evitando a perda
condição de redução da pressão arterial, as terminações excessiva de líquido pela urina e favorecendo a ingestão
sensoriais levam a informação para o SNC que, via eferên- a fim de aumentar a volemia.
cias autonômicas simpáticas que terminam nas células
granulares, estimulam a secreção da renina.

Com a redução da pressão, há aumento da renina, uma


enzima lançada na corrente sanguínea que atua sobre o
angiotensinogênio produzido pelo fígado constante-
mente e liberado na corrente sanguínea. A renina cliva o
angiotensinogênio em angiotensina I. A angiotensina I
tem ação da enzima ECA (conversora de angiotensina)
que cliva a angiotensina I em angiotensina II. A ECA loca-
liza-se especialmente na parede dos vasos sanguíneos
(principalmente nos pulmões porque há bastante nos va-
sos pulmonares, mas todos os vasos possuem).

A angiotensina II atua nas arteríolas promovendo a vaso-


constrição favorecendo o aumento da PA, atua no con-
trole cardiovascular no bulbo estimulando a resposta car-
diovascular aumentando as ações que favorecem o au-
mento da PA, atua no hipotálamo em regiões que aumen-
tam a secreção de vasopressina (ADH, antidiurético que
atua nos rins promovendo a reabsorção de água, reduz a
perda de água na urina mantendo a volemia) e em cen-
tros da sede (estimulando a sede do indivíduo para que,
além de reter a água, também reestabeleça os níveis de
líquido, quanto mais líquido, maior a volemia e maior a
PA), atua no córtex da suprarrenal nas células responsá-
veis pela secreção da aldosterona estimulando a secreção
dela. A aldosterona atua nos rins e em outros locais favo-
recendo a reabsorção de sódio.
pirado, então, o condicionamento (temperatura, umidifi-
cação, remoção do particulado...) do ar evita qualquer al-
teração que possa prejudicar as trocas da região dos al-
véolos. As vias aéreas de condução fazem a acomodação
do ar.

Sistema de transporte muco-ciliar: seu epitélio apresenta


28 mar 21 células ciliadas e células caliciformes produtoras de
Aula 07 – Sistema Respiratório I muco. Os cílios removem o muco acumulado levando-o
para fora das vias aéreas carregando junto o elemento
Mecânica ventilatória
particulado que se deposita sobre a camada mucosa. Na
Prof. Stefani Valéria Fischer
inspiração, conforme o ar passa, perde os elementos par-
ticulados que se associam com o muco. Posteriormente,
Sistema Respiratório
com o movimento dos cílios, o muco é lançado para a ca-
Dentre as funções do sistema respiratório, pode-se citar:
vidade nasal ou oral.
- Trocas gasosas.
- Controle do pH (em conjunto com o sistema renal).
 Fumo: fumantes tem redução da mobilidade do cí-
- Fonação.
lio e, gradualmente, maior produção de muco. Por
- Controle da temperatura corporal.
isso, há dificuldade de expelir o componente mucoso
produzido em excesso pelos pulmões.
É por meio das trocas que o organismo realiza a manu-
tenção das concentrações ideais de CO2 e O2. Além disso,
Espaço morto fisiológico: corresponde à região das vias
o controle da temperatura corporal é feito por meio da
aéreas de condução. Dos 500 ml de ar que entram por
respiração porque há perda de calor através dela.
uma inspiração,350 ml alcançam as regiões de troca, os
outros 150 ml ficam retidos na região de condução onde
Divisões morfofuncionais
não há troca gasosa.
O sistema respiratório pode ser dividido de duas formas:
 Ou seja, o espaço morto é uma região em que o ar
(1) Dividido em:
inspirado fica sem ser modificado pelas trocas gaso-
- Vias aéreas superiores (fos. nasais/laringe/faringe)
sas, assim, não contribui para a reoxigenação do san-
- Vias aéreas inferiores (traqueia/brônquios/bronquí-
gue venoso que passa pelo tecido pulmonar.
olos/alvéolos).
Árvore brônquio-alveolar: a traqueia se ramifica em brôn-
(2) Dividido em: -> utilizada pela Fisiologia
quios que se ramificam em bronquíolos que dão origem
- Vias aéreas de condução (cavidade nasal/faringe/la-
aos bronquíolos terminais com brotamento dos alvéolos.
ringe/traqueia/brônquios principais/bronquíolos).
As vias aéreas de condução, então, servem tanto para a
- Vias aéreas de troca (alvéolos)
acomodação do ar, quanto para que ocorra troca gasosa
mais efetiva na região dos alvéolos já que os bronquíolos
Vias aéreas de condução: umidificam e aquecem o ar ins-
são compostos por músculo liso e realizam o controle do
pirado, filtram o material particulado e participam da ol-
fluxo de ar por meio de contração e relaxamento (não
fação e da fonação.
possuem cartilagem como a traqueia).

 O ar inspirado é aquecido e equilibrado com a tem-


Bronquíolos respiratórios > sacos alveolares > alvéolos*
peratura corporal. Há filtração e adição de gotículas
* Maior porção pulmonar, realizam trocas gasosas
de água que umidificam o ar para que o volume al-
cance a região de troca. Dessa forma, o volume aco-
Na região terminal da árvore brônquio-alveolar, há for-
modado e alterado é capaz de se misturar com o ar
mação dos alvéolos que correspondem a maior porção do
residual armazenado nos pulmões.
tecido pulmonar (somadas as áreas de superfície), ou
seja, maior área de contato para que aconteça troca. Os
Os pulmões nunca estão completamente vazios, há sem-
alvéolos brotam dos bronquíolos que vão gradualmente
pre uma quantidade de ar residual mesmo forçando
aparecendo até formar sacos alveolares, conjuntos de al-
muito a expiração. Esse volume se mistura com o ar ins-
véolos formando a estrutura final onde a troca ocorre.
Os alvéolos são revestidos por pneumócitos tipo I bem maior que os pneumócitos tipo II que ficam dispersos en-
delgados, permitindo a difusão de gases do interior da es- tre as células de tipo I. Esses pneumócitos tipo II, apesar
trutura para dentro da corrente sanguínea, e da corrente de não comporem em grande proporção a área de troca,
sanguínea para dentro dos alvéolos. são os produtores dos surfactantes essências para a me-
cânica respiratória.
Regulação do fluxo pelos bronquíolos: os bronquíolos, ra-
mificações finais das vias aéreas de condução, apresen-  Quando há lesão e necessidade de substituição de
tam uma musculatura lisa que, quando estimulada, se pneumócitos tipo I, os pneumócitos do tipo II podem
contrai exercendo uma regulação do fluxo de sangue que sofrer modificações originando pneumócitos tipo I.
chega até os alvéolos.
Há outras células que trafegam por entre as estruturas
Por exemplo, na broncoconstrição, o estímulo da muscu- dos alvéolos, especialmente no tecido conjuntivo em-
latura lisa faz com que ela se contraia reduzindo a luz para baixo do epitélio de revestimento, e células que podem
a passagem para a região alveolar. Com redução da área migrar por entre os alvéolos: macrófagos, que fagocitam
de passagem, há aumento na resistência e redução do os componentes depositados na luz alveolar, os linfócitos,
fluxo com redução do aporte de ar para a região terminal plasmócitos e mastócitos.
alveolar.
A membrana de troca é formada pelo epitélio dos alvéo-
 Asma: broncoconstrição generalizada. Dificuldade los (tipo I), tecido conjuntivo e endotélio que forma a pa-
de respirar porque, mesmo com força na inspiração, rede dos vasos fazendo um intermédio entre a luz do al-
há dificuldade em fazer com que o ar chegue até as véolo e a luz dos vasos capilares onde há células sanguí-
terminações de troca. Utilizam-se medicamentos que neas, especialmente eritrócitos. Assim, a espessura da
façam a broncodilatação aumentando a área dos membrana é muito fina (cerca de 1,5 µm) possibilitando
bronquíolos fazendo com que a resistência seja redu- a difusão de gases do capilar para alvéolo e vice-versa de
zida e o fluxo de ar retorne às condições ideais. forma rápida e eficiente. Se a membrana fosse mais es-
pessa, esse processo seria muito mais difícil e mais lento.
Vias aéreas de troca: as vias aéreas de troca são respon- Assim, situações que aumentam a espessura da mem-
sáveis pela realização da reoxigenação do sangue venoso brana promovem dificuldade da passagem com trocas
que chega ao tecido pulmonar. prejudicadas.

As células epiteliais alveolares são os pneumócitos que  Edema: extravasamento de líquido para a região
constituem a parede alveolar e podem ser pneumócitos do tecido conjuntivo. Há espessamento da mem-
tipo I e pneumócitos tipo II. Além dessas células, os alvé- brana e dificuldade de respiração. Pode ocorrer, por
olos também apresentam células da defesa imunitária exemplo, pelo aumento da pressão dos capilares.
(macrófagos, linfócitos, plasmócitos e mastócitos).
Mecânica ventilatória
A essência dos fenômenos que permitem tanto a expan-
são pulmonar e, consequentemente, a entrada de ar nos
pulmões, quanto a retração e a saída de ar, está nas alte-
rações do equilíbrio de forças que atuam na parede torá-
cica e nos pulmões.

 O ar precisa sofrer um influxo para os alvéolos para


que haja difusão e oxigenação do sangue. O interior
do alvéolo é um espaço exterior ao corpo, porém,
está internalizado na cavidade torácica.
Os pneumócitos tipo I e tipo II distribuem-se pelo epitélio
alveolar em uma proporção 1:1, ou seja, 50% das células O que permite ocorrer o influxo e o efluxo é a associação
são pneumócitos tipo I, 50% são pneumócitos tipo II. Po- entre o parênquima pulmonar e caixa torácica, permi-
rém, a área alveolar é formada especialmente por pneu- tindo que a expansão da caixa traga o tecido pulmonar
mócitos tipo I que correspondem ente 96% a 98% dessa junto com o processo de expansão e haja redução da
superfície. Isso acontece porque esses pneumócitos tipo pressão interna dos alvéolos.
I são mais delgados, mais esticados, ocupando uma área
 Fluxo de região de alta pressão para baixa pressão. fazendo com que o tecido volte ao estado normal, re-
- Quando há expansão da caixa torácica, a pressão é traindo os pulmões com aumento a pressão interna expe-
reduzida e o ar passa da região de alta pressão para a lindo o ar do sistema pulmonar.
região de baixa pressão.
Associação pulmões e caixa torácica
Assim, é a contração da musculatura que forma a parede Acontece por meio das pleuras, membranas muito finas
torácica que faz com que ocorra a expansão da caixa com que recobrem o pulmão (separadamente cada um deles)
associação do tecido pulmonar que também se expande. externamente e a caixa torácica internamente fazendo o
Há aumento da área do parênquima e da luz dos alvéolos, intermédio entre os dois.
reduzindo a pressão. Se as vias aéreas de condução estão
abertas, conforme ocorre a expansão e redução da pres- Pulmão < Pleura visceral > < Pleura parietal > Tórax
são, há gradualmente um volume de ar se deslocando da - Pleura visceral = pulmão, região externa.
região atmosférica para dentro dos alvéolos. - Pleura parietal = caixa torácica, região interna.
- Na região apical, a pleura visceral se desdobra e
 Redução da pressão favorece o sugar de ar para desce cobrindo a caixa torácica formando a pleural
dentro dos pulmões fazendo com que chegue até os parietal.
alvéolos pulmonares.

A caixa torácica é limitada pelas costelas na lateral, pos- Espaço intrapleural: espaço entre a pleura visceral e a
terior e anterior. Na região anterior, o esterno faz a liga- pleura parietal. É pequeno, não há ar, há um líquido pleu-
ção, na parte inferior, o diafragma é como principal mús- ral viscoso para que, nos momentos de expansão e retra-
culo do processo de ventilação. ção da caixa torácica e do tecido pulmonar, ocorra o des-
lizamento entre as estruturas sem haver lesão.
 Inspiração: influxo de ar pela bomba muscular, ca-
pacidade de contrair a musculatura com expansão do Em repouso, o tecido pulmonar e a caixa torácica deter-
volume da caixa torácica, reduzindo a pressão, com minam um equilíbrio entre as forças de expansão e as for-
fluxo ocorrendo da região externa para a interna dos ças de retração do tecido elástico. Por exemplo, no mo-
alvéolos. mento de uma cirurgia com abertura da caixa torácica, ela
fica de um tamanho muito maior porque é o tecido pul-
O parênquima pulmonar é formado por várias fibras, en- monar que faz uma retração e que confere resistência à
tre elas, fibras elásticas que conferem elasticidade confe- abertura total da caixa. O mesmo funciona para pulmões,
rida ao tecido. Quando esticado, a tensão/energia gerada se retirados da caixa, o ar sai e eles ficam totalmente re-
pelas fibras é mantida, quando a musculatura relaxa, as traídos pelo tecido elástico. Quando há associação, a ex-
fibras estão livres para voltar ao estado normal, se re- pansão da caixa faz com que o tecido pulmonar seja tra-
traem. Conforme se retraem, há redução do volume pul- cionado ficando mais aberto, mais expansivo.
monar aumentando a pressão dentro dos alvéolos em-
purrando o ar para fora dos alvéolos. Portanto, por causa da associação entre tecido pul-
monar e caixa torácica, a caixa torácica apresenta um
 Expiração: efluxo de ar pela retração elástica do tamanho menor, enquanto o pulmão, maior.
parênquima pulmonar, pulmões diminuem de tama-
nho, a pressão aumenta e o fluxo ocorre da região in- Repouso: equilíbrio entre forças de retração e forças de
terna para a região externa aos alvéolos. expansão. Isso se acentua no momento de inspiração e
de expiração. Na inspiração, a contração é maior, au-
Assim, há um equilíbrio entre caixa torácica e pulmões: menta volume reduzindo a pressão gerando influxo. Na
- Caixa torácica: forças expansivas. expiração, o relaxamento é maior, a retração de tecido
- Tecido pulmonar elástico: forças retrativas. aumenta pressão e gera efluxo de ar.

Dessa forma, durante a inspiração, as forças de expansão Membranas pleurais: é como se fosse um balão em torno
se sobressaem devido à contração da musculatura estri- dos pulmões se desdobrando na porção apical. No espaço
ada esquelética que forma a caixa, em especial, o dia- intrapleural há 25 ml de líquido fazendo com que se
fragma. Durante a expiração, por conta do relaxamento forme apenas uma lâmina de líquido entre pleura visceral
da musculatura, as forças retrativas das fibras elásticas e pleura parietal.
que formam o parênquima se sobressaem às expansivas
 Quando temos duas lâminas de vidro com uma ca- Musculatura da cavidade torácica
mada muito fina de líquido entre as duas, é muito di- Inspiração basal:
fícil de deslocar as duas quando há tração, precisa - Diafragma.
deslocar deslizando para conseguir separar, é como o - Intercostais externos (levantamento das costelas au-
que ocorre entre as pleuras que ficam lado a lado mentando a cavidade torácica).
com fina camada de líquido entre elas: cada vez que
a caixa torácica se expande pela contração da muscu- Inspiração forçada:
latura, a pleura visceral é puxada com a pleura parie- - Diafragma e intercostais externos.
tal e o tecido pulmonar também. - Esternocleidomastoideo.
- Escalenos.
Líquido pleural: constantemente produzido e constante- - Músculos auxiliares facilitando o levantamento das cos-
mente drenado pelos vasos linfáticos. É necessário que telas e expandindo ainda mais a caixa torácica com mais
seja constantemente reabsorvido porque não se pode ter volume sendo inspirado.
líquido em excesso na região intrapleural que tem pres-
são sub-atmosférica que deve ser mantida para que Expiração basal:
ocorra a tração da caixa torácica. Se for adicionado ar ou - Relaxamento muscular.
líquido na região intrapleural, a tração não ocorre com - Retração elástica pulmonar.
eficiência e há deficiência na ventilação. O líquido pleural:
- Confere lubrificação entre as pleuras. Expiração forçada:
- Mantém os pulmões aderidos à parede torácica. - Intercostais internos (puxam as costelas para baixo e
para dentro, reduzindo volume e aumentando pressão).
Ciclo ventilatório - Reto abdominal (contrai e pressiona o conteúdo visceral
= movimentos de inspiração e movimentos de expiração. do abdômen contra a região do diafragma reduzindo
ainda mais o volume da cavidade torácica).
Inspiração: 2 segundos. - Relaxamento do diafragma.
- Diafragma, intercostais externos. - Retração elástica pulmonar.
- Pode ser basal ou forçada.
- A musculatura da caixa torácica, especialmente o dia-  O principal músculo da inspiração de repouso é o
fragma, se contrai com expansão da caixa e do tecido pul- diafragma que é responsável pelo aumento de vo-
monar. Há redução da pressão interna pelo aumento do lume de 60% a 70%. Com a contração, ele desce pres-
volume e deslocamento do ar para dentro dos alvéolos. sionando o conteúdo abdominal gerando aumento
súpero-inferior da cavidade torácica. Já com auxílio
Expiração: 3 segundos. da musculatura acessória, há aumento ântero-poste-
- Pode ser passiva ou ativa. rior e látero-lateral. Ou seja, nesse processo, todas as
dimensões são aumentadas.
Expiração passiva: acontece em repouso com o diafragma
relaxado, sem um fator estressante. Com o relaxamento Pressão atmosférica x Pressão intra-alveolar
muscular, as forças retraem o tecido pulmonar e, passiva- Segundo a Lei de Ohm, o fluxo é diretamente proporcio-
mente, o ar é expelido pelo aumento da pressão interna nal ao gradiente de pressão e inversamente proporcional
em função da diminuição do volume. à resistência ofertada, assim:

Expiração ativa: ocorre em atividade (ex: atividade física). 𝛥𝑃


𝐹=
Há um fator de aceleração no processo de ventilação pul- 𝑅
monar e há uma musculatura acessória associada que se
contrai (músculos abdominais e intercostais internos) fa- Nesse caso, então se diz que o fluxo de ar
zendo com que a retração da caixa torácica seja mais rá- é igual à diferença de pressão pela resistência.
pida. Assim, puxam a caixa torácica para dentro fazendo
com que o volume reduza, a pressão interna aumente e Portanto, se há diferença de pressão entre ar atmosférico
o ar seja expelido mais rapidamente. e interior dos alvéolos, haverá fluxo de uma região de alta
pressão para uma região de baixa pressão. Assim:
Inspiração: expansão da cavidade torácica, expansão do quido e há uma atração das moléculas de uma extremi-
tecido pulmonar, redução da pressão interna. Região ex- dade pelas da outra favorecendo o colapso da estrutura,
terior tem uma pressão maior, favorecendo o influxo de especialmente daqueles que possuem menor tamanho já
ar para a região de menor pressão (alvéolos). que a força de atração é maior.
Expiração: relaxamento da musculatura, redução do vo-
lume da cavidade torácica, aumento da pressão interna  Menor tamanho, mais susceptível a sofrer colapso.
levando à expulsão do ar porque o interior dos alvéolos
apresenta uma pressão maior que a atmosférica. Surfactantes – aumento da complacência:
Produzidos pelos pneumócitos tipo II, possuem vários
 O ar flui até que as duas pressões sejam igualadas, componentes que apresentam características anfipáticas
quando isso acontece, não há fluxo porque não há va- (uma região apolar, hidrofóbica, e uma região polar, hi-
riação de pressão. Por isso, a bomba muscular, com drofílica). Quando são secretados para a superfície dos al-
sua contração, gera o gradiente de pressão e, por- véolos onde há a fina camada de água, os surfactantes se
tanto, gera fluxo. misturam com a camada líquida evitando a atração das
moléculas de água formando como se fosse uma rede
Resistência: a broncoconstrição é um mecanismo de re- quebrando a tensão superficial.
sistência. Com a redução da área de passagem para o
fluxo de ar, uma resistência é ofertada fazendo com que  Composição:
o fluxo seja diminuído. - 70% fosfolipídios (dipalmitoil e fosfatidilcolina).
- 30% proteínas.
 Quanto maior a resistência, menor o fluxo.
 Quanto menor a resistência, maior o fluxo.  Rede de mercado, quanto menor, mais próximas
as moléculas. O surfactante impede que as moléculas
Pressão: o volume é o que mais auxilia na alteração da se liguem umas às outras em várias direções evitando
pressão. Quando o volume é diminuído, a pressão é au- a alta afinidade que faz com que tracionem a estru-
mentada e a diferença de pressão entre ar atmosférico e tura para a região central até o colapso. É como se
pressão intra-alveolar é reduzida, logo, o fluxo diminui. cortassem as redinhas em várias regiões, evitando a
alta afinidade, a tração e o colapso.
 Quanto maior a pressão, maior o fluxo.
 Quanto menor diferença de pressão, menor fluxo. Surfactantes produzidos e secretados pelos pneumócitos
II são essenciais para evitar o colapso dos alvéolos, espe-
Tensão superficial cialmente os alvéolos de menor tamanho. A produção de-
Força de atração entre as moléculas de água que cria uma les começa a ocorrer nos últimos 3 meses de gestação,
pressão favorável ao colapso no interior da bolha. portanto, bebês prematuros têm um cuidado em função
da respiração porque ainda não há a produção ideal dos
Toda estrutura que tem forma esférica e é revestida por surfactantes, sendo muito fácil que os alvéolos do recém-
uma camada de líquido tende a ter um colapso porque as nascido prematuro entrem em colapso se fecharem com-
moléculas de água têm alta atração, alta afinidade entre pletamente.
elas, tendendo a formar ligações químicas favorecendo
colapso das estruturas esféricas. Dessa forma:  Quando os alvéolos se fecham, a musculatura da
caixa torácica precisa fazer uma força muito maior
A força de atração aumenta conforme o raio reduz. para abri-los gerando gradiente de pressão e fluxo.
 Angústia respiratória: possui todos os alvéolos,
Portanto, quanto menor for o diâmetro da bolha, mais fá- mas sem surfactante suficiente, eles começam a co-
cil de o sistema entrar em colapso pela maior proximi- lapsar.
dade das moléculas de água. Quanto maior, mais distan-
tes estão as moléculas de água umas das outras e menor Os surfactantes, então, rompem as forças coesivas das
a chance de atração, menor a chance de colapsar. moléculas de água e tornam os alvéolos mais complacen-
tes. Quanto mais complacente, mais fácil de distender o
Por que os alvéolos com menor raio têm maior chance de tecido, ou seja, necessária uma menor contração da mus-
colapsar? Os alvéolos são estruturas como as bolhas onde culatura para estirar os alvéolos.
também há um revestimento de uma fina camada de lí-
 Surfactantes aumentam a complacência porque A maior resistência encontrada no sistema respiratório é
favorecem o rompimento das ligações entre as molé- ofertada pela traqueia e pelos brônquios calibrosos. Nes-
culas de água. sas regiões, o ar inspirado passa com grande velocidade,
quanto maior a velocidade, mais turbulento é o ar, ou
Lei de Laplace: a pressão de colapso (P) dentro de uma seja, maior a resistência. O ar não segue o fluxo laminar,
bolha formada por uma fina película de líquido é direta- as moléculas se chocam entre elas e com a parede, ofer-
mente proporcional à tensão superficial do líquido (T) e tando maior resistência.
inversamente proporcional ao raio da bolha (r).
 Traqueia e brônquios calibrosos: ar em alta veloci-
2𝑇 dade, turbulento, alta resistência.
𝑃=
𝑟
A região terminal, dos bronquíolos, por ter uma grande
Ou seja, a probabilidade de a estrutura colapsar é área, acaba ofertando uma menor resistência que tra-
diretamente relacionada com a tensão superficial queia e brônquios calibrosos.
e inversamente relacionada com o raio.
 Broncoconstrição: em condições de ativação do
 Probabilidade maior se o raio é menor. parassimpático, há broncoconstrição, então, a região
 Probabilidade menor se o raio é maior. apresenta grande resistência. Mas para isso, é neces-
sário haver ativação e contração da musculatura lisa.
 Probabilidade maior se a tensão é maior.
 Probabilidade menor se a tensão é menor. Variação das pressões durante o ciclo respiratório
A associação entre caixa torácica e pulmão (intermediada
 Alvéolo menor: maior pressão de colapso. pelas pleuras) estabelece diferentes pressões e, durante
 Alvéolo maior: menor pressão de colapso. o ciclo respiratório, essas pressões variam:
- Pressão intrapleural.
A secreção de surfactante favorece a redução da tensão - Pressão alveolar.
superficial, reduz a pressão de colapso e reduz a probabi- - Pressão elástica.
lidade, principalmente dos alvéolos de menor tamanho, - Pressão transpulmonar (Alveolar – Intrapleural).
colapsarem.
Pressão intrapleural: é sub-atmosférica.
Relação pressão, fluxo de ar e resistência A combinação da caixa torácica puxando o tecido para
Sabendo que: fora e a retração elástica puxando o tecido para dentro
faz com que haja um espaço intrapleural com uma pres-
∆𝑃 𝐿𝑛
𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑟 = 𝑅
𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = 𝑟4
são estabelecida a nível sub-atmosférico. Ou seja, no es-
paço intrapleural, é menor que a pressão atmosférica.
Fluxo de ar é diretamente proporcional ao gradiente de
pressão gerada pela bomba muscular que precisa vencer
as forças elásticas do tecido pulmonar e vencer parte da
tensão superficial (facilitada pela presença de surfactan-
tes, mas que, mesmo assim, existe).

Ao mesmo tempo, o fluxo é inversamente proporcional à


resistência que é determinada pela viscosidade do ar ins-
pirado, pelo comprimento e pelo raio das vias aéreas. En-
quanto viscosidade e comprimento das vias aéreas não se  Há um vácuo criado entre as pleuras porque a re-
alteram muito, o raio é facilmente alterado pela bronco- tração elástica do tecido pulmonar puxa a pleura vis-
constrição ou broncodilatação dos bronquíolos. Assim: ceral para dentro, enquanto a força de expansão da
caixa torácica puxa a pleural parietal para fora. Esse
 A resistência é diretamente proporcional à viscosi- vácuo (pressão sub-atmosférica) criado é extrema-
dade do ar inspirado e ao comprimento das vias aé- mente importante porque mantém as duas pleuras
reas de condução, inversamente proporcional ao raio associadas de forma que, quando há tração da
à quarta potência. bomba muscular, a pleura visceral é tracionada em
conjunto com a parede pulmonar.
Mudança de volume, mudança de pressão, fluxo de ar: maior foi preenchido com o ar do influxo chegando nova-
Mudança de volume e relação com a pressão durante os mente a zero. Ou seja, no final da inspiração, não há mais
processos de inspiração e expiração: fluxo porque a pressão da atmosfera e a pressão alveolar
são iguais, gradiente de pressão = 0. Na expiração, há re-
laxamento da musculatura e retração do tecido pulmo-
nar, nesse momento, há aumento da pressão (sai de 0 e
vai para +1), com isso, o volume de ar armazenado é ex-
pelido e a pressão volta ao 0 (equilíbrio, gradiente 0).

Inspiração: aumento do volume pulmonar.


- Pressão alveolar: 0 mmHg → -1 mmHg.
- Pressão intrapleural: - 5 mmHg → - 7,5 mmHg.
- Pressão transpulmonar:
PA – PL = 0 – (- 5) = + 5 mmHg (pressão positiva).
PA – PL = - 1 – (- 7,5) = + 6,5 mmHg (pressão + positiva).

Expiração: vai reestabelecendo os valores normais, dimi-


Volume da respiração: nui o volume pulmonar e diminuindo a pressão transpul-
Na inspiração basal, cerca de 500 ml sofrem influxo para monar até iniciar um novo ciclo respiratório.
dentro do sistema respiratório. No início, o volume é au-
mentado até chegar a 500 ml marcando o final da inspi- Condições que afetam a mecânica ventilatória
ração. Na expiração, os pulmões estão cheios de ar, con-
forme há retração dos tecidos, o aumento da pressão Pneumotórax: condição em que há perfuração do sistema
dentro dos pulmões (alveolar) em função da retração da pulmonar, da caixa torácica, com perfuração das pleuras.
caixa torácica faz com que o ar seja expelido e gradual- A pressão intrapleural se igual à pressão atmosférica, en-
mente o volume seja reduzido voltando a condição basal. tão, a força que atua mantendo o tecido pulmonar parci-
almente esticado pela associação entre as pleuras é re-
 A: pressão alveolar e atmosférica igualadas (s/f). movida. O tecido pulmonar colapsa já que as forças elás-
 C: volume máximo atingido (500 ml), fim da inspi- ticas que eram tracionadas parcialmente pelo vácuo en-
ração e início da expiração. tre as pleuras agora são inexistentes e o tecido pulmonar
pode se retrair completamente enquanto a caixa pulmo-
Pressão intrapleural: nar se expande.
É sub-atmosférica (cerca de - 5 cm de água). Com a inspi-
ração, a pressão fica ainda mais negativa porque ela é ge-  Perda da pressão sub-atmosférica, ou seja, perda
rada pela tração do tecido pulmonar para uma direção e do vácuo que mantinha o tecido pulmonar expandido
a tração da caixa torácica para outra direção, assim, em função da associação com a caixa torácica.
quando estamos inspirando, embora a caixa torácica tra-
cione com força maior, o tecido pulmonar tem uma resis- Se a pessoa tenta respirar, por mais que faça força de con-
tência a continuar tracionando com a caixa torácica, as- tração da caixa torácica, o pulmão que sofreu perfuração
sim, as forças para os dois lados tornam-se ainda mais di- não se expande, não há a diminuição da pressão dos al-
vergentes, formando um vácuo ainda maior com a pres- véolos e, portanto, não há influxo de ar (nesse caso, de
são tornando-se cada vez mais negativa. Na expiração, um pulmão, o outro funciona normalmente porque são
com a caixa torácica tendo relaxamento da musculatura pleuras independentes).
e o tecido elástico dos pulmões voltando à condição ba-
sal, há reestabelecimento da pressão intrapleural que vai Acúmulo de líquido entre as pleuras: trocas gasosas debi-
voltando ao -5 cm de água. litadas. Se há mais líquido produzido e acumulado entre
as pleuras, sem drenagem ideal, a pressão sub-atmosfé-
Pressão alveolar: rica do espaço pleural fica cada vez maior e tende a se
Na inspiração, há um início saindo de 0 indo para -1 cm igualar com as pressões atmosféricas. Por conta disso,
de H2O com final ascendente, de -1 voltando a 0. Na pri- não haverá condição de expandir os pulmões no processo
meira parte da curva, há expansão da caixa torácica e re- de contração da musculatura.
dução da pressão a nível da luz dos alvéolos. Conforme a
pressão reduz, há fluxo de ar e gradualmente o volume
A ventilação pode ser dividida em:

(a) Ventilação pulmonar: também chamada de ventilação


minuto, é o volume de ar que temos inspirados por mi-
nuto, ou seja, a frequência ventilatória multiplicada pelo
volume confere o volume total de ar que alcança os pul-
mões pelo período de um minuto.
05 abr 21
Aula 08 – Sistema respiratório II (b) Ventilação alveolar: não se considera o volume cor-
rente, considera-se apenas o volume que chega aos alvé-
Trocas gasosas, transporte de gases e
olos, reduzindo-se 150 ml do espaço morto. Portanto, a
controle da ventilação ventilação alveolar é a frequência respiratória multipli-
Prof. Stefani Valéria Fischer cada pelos 350 ml que alcançam os alvéolos.
- Volume que chega é diferente do inspirado.
Fisiologia do sistema respiratório
As trocas gasosas tratam-se da difusão dos gases entre a Espaço morto fisiológico x anatômico:
luz dos alvéolos e os capilares sanguíneos, bem como di- Enquanto o espaço anatômico é o espaço das vias aéreas
fusão dos gases entre os capilares e os tecidos periféricos. preenchido por 150 ml de gás, o espaço fisiológico é com-
Há muitos fatores que podem alterar o processo de tro- posto por todas as áreas sem troca, incluindo alvéolos em
cas gasosas. Após a troca, os gases ainda são transporta- que não há perfusão de sangue.
dos.
Em condições basais, há perfusão de troca nos alvéolos
Ciclo ventilatório da base do pulmão. A porção do ápice pulmonar é uma
É composto por: 1 inspiração + 1 expiração. região de menor perfusão, assim, apenas quando a pres-
são se eleva há troca na região facilitando as trocas gaso-
Quando inspiramos, levamos cerca de 500 ml de ar (vo- sas. Ou seja, a porção apical do pulmão é um espaço
lume corrente) para dentro das vias aéreas. Desses 500 morto fisiológico, presente como um reservatório, mas
ml, 150 ml ficam retidos no espaço morto anatômico (for- sem participação das trocas (em condições basais).
mado pelas vias aéreas de condução, onde não há troca
gasosa). Os 350 ml restantes alcançam a região dos alvé-  Espaço morto fisiológico:
olos, ou seja, a região em que há troca. Esses 350 ml que Anatômico + regiões alveolares s/ perfusão sanguínea.
chegam até o alvéolo se combinam com o volume resi- Importância: área utilizada quando precisamos au-
dual já existente dentro dos pulmões. mentar a quantidade de troca. Por exemplo, em mo-
mento de atividade física em que há pressão elevada,
 Na expiração forçada, mesmo forçando, ainda há débito cardíaco elevado e necessidade de oxigenação
uma porção que permanece nos alvéolos formando o de maior volume de sangue, recruta-se esse espaço
volume residual que se junta aos 350 ml inspirados. reserva facilitando a oxigenação de sangue extra re-
querida nesse momento.
Durante a troca gasosa, O2 é captado para a circulação
sanguínea enquanto o CO2 é adicionado ao volume de ar. Ventilação pulmonar
Então, o ar inspirado é rico em O2, enquanto o ar expirado A ventilação minuto (VM) é a quantidade total de “novo
é rico em CO2. ar” levado ao interior das vias respiratórias por minuto,
ou seja, volume inspirado por minuto, calculada por:
 Inspiração, alto O2, baixo CO2.
 Expiração, baixo O2, alto CO2. VM = Frequência ventilatória x Volume corrente

Assim: Assim, pode-se calcular a ventilação pulmonar total. Ge-


(a) Volume corrente: volume inspirado e expirado em ralmente, em um minuto, a frequência ventilatória é de
cada ciclo. Em um indivíduo normal, saudável, com 1,70 12 ciclos/minuto. Sabendo-se que, cada ciclo leva 500 ml
m e 70 kg, esse volume é de aproximadamente 500 ml, de ar para dentro dos pulmões, tem-se uma ventilação
mas varia de acordo com cada indivíduo. pulmonar total de 6000 ml/min, ou seja, 6 L por minuto.
(b) Volume do espaço morto: 150 ml.
(c) Volume residual: 350 ml.
Desses 6L por minuto, nem todos eles alcançam os alvé- maior probabilidade de difusão, portanto, a veloci-
olos já que uma porção fica retida no espaço morto (sem dade é maior. Se a diferença é muito pequena, a velo-
troca gasosa). Assim, pode-se calcular a ventilação alveo- cidade de troca é muito menor.
lar (VA) por meio de:  Pressão favorece a difusão e a velocidade.

VA = Frequência ventilatória x Volume corrente s/ EM Circulações pulmonares


Os pulmões apresentam duas circulações:
Assim, com a frequência ventilatória de, normalmente, - Circulação brônquica.
12 ciclos por minuto e espaço morto retendo aproxima- - Circulação alveolar.
damente 150 ml dos 500 ml inspirados, restam 350 ml
como volume corrente (sem espaço morto). Portanto, a (a) Circulação brônquica: ramificações da artéria aorta
ventilação alveolar fica com 4200 ml/minuto, ou seja, 4,2 que levam sangue oxigenado saído do ventrículo es-
L de ar sofrendo troca gasosa por minuto. querdo oxigenando os tecidos pulmonares.

 Normalmente, a VM é de 6 L/min e a VA é de 4,2 (b) Circulação alveolar: ramificações da artéria pulmonar


L/min. Contudo, se há alteração na frequência ventila- trazendo sangue do ventrículo direito para a circulação
tória, o volume inspirado e o volume que alcança os pulmonar com ramificação da artéria em capilares que fi-
alvéolos pode ser modificado, modificando tanto VM, cam ao redor dos alvéolos participando das trocas gaso-
quanto VA. Por exemplo, se há aumento frequência sas. Esse sangue, apesar de trazido por uma artéria, é ve-
ventilatória, mas a respiração é superficial (menos ml), noso, cheio de gás carbônico e precisa ser oxigenado.
a ventilação alveolar é menor embora a ventilação pul-
monar seja mantida por exemplo. O mesmo ocorre Membrana de troca
para uma ventilação mais profunda, menos ciclos, Possui de 0,1 a 1,5 micrometros de espessura, é formada
com maior volume, a ventilação pulmonar é mantida, pelo endotélio (células que formam a parede dos capila-
mas o volume que alcança os alvéolos é maior. res), uma pequena membrana basal (tecido conjuntivo) e
pneumócitos do tipo I. A espessura fina favorece a difusão
 Assim, quando se quer uma troca alveolar mais efi- dos gases pelo gradiente de concentração, ou seja, favo-
ciente, a respiração mais profunda favorece em rela- rece que a troca gasosa ocorra de maneira rápida.
ção a inspiração mais superficial.
 Se há alteração na espessura da membrana, há al-
Trocas gasosas teração nas trocas gasosas. Por exemplo, se a mem-
O ar chega aos alvéolos e é necessário que o O2 se difunda brana se espessa, reduz-se a eficiência da difusão.
pelos capilares enquanto o CO2 se difunda dos capilares
para dentro dos alvéolos. Gases atmosféricos
O ar atmosférico é mistura de gases e exerce pressão ba-
A luz dos alvéolos está cheia de ar e os gases irão se di- rométrica de 760 mmHg quando consideramos o volume
fundir entre os dois ambientes: passam do ambiente em seco, sem umidade, a 37 C (é a soma das pressões parciais
que se encontram mais concentrados (com maior pressão de cada um dos gases da mistura gasosa).
parcial) para o ambiente em que se encontram menos
concentrados (menor pressão parcial). Portanto: O ar inspirado sofre modificações até chegar aos alvéolos.
Como consequência, alteram-se as pressões parciais do
- O2: alvéolo → capilar. ar inspirado ao longo da condução pela traqueia. Há, por
- CO2: capilar → alvéolo exemplo, modificações de temperatura e umidificação do
ar. Assim, conforme o vapor d’água é adicionado à mis-
Esse é um processo de difusão simples, é muito rápido e tura, um espaço maior é ocupado e há redução da pres-
leva apenas os segundos da inspiração e da expiração são parcial dos gases.
para que os gases se difundam de zonas de alta pressão
parcial para zonas de baixa pressão parcial. No ar atmosférico:
> Pressão parcial de O2 = 160 mmHg.
 A velocidade de difusão depende do gradiente de > Pressão parcial de CO2 = 0 mmHg.
concentração e da natureza da barreira entre essas
duas áreas. Se a concentração é muito diferente, há Durante a inspiração, há modificação da temperatura, fa-
vorece a agitação das moléculas, e há umidificação com
diluição da mistura gasosa, assim, as pressões parciais dos
gases se alteram:  As concentrações dos componentes do ar atmos-
férico se alteram para o ar alveolar porque há redu-
No ar traqueal: ção das pressões parciais, com exceção CO2 que au-
> Pressão parcial de O2 = 150 mmHg. menta, em função das trocas com os capilares.
> Pressão parcial de CO2 = 0 mmHg.
Cálculo da pressão parcial do gás na mistura gasosa:
Até chegar aos alvéolos, a pressão parcial de O2 reduz Pressão atmosférica x Porcentagem do gás.
ainda mais, e o ar se mistura ao volume residual com
pressão parcial reduzindo aos 100 mmHg. Por exemplo:
PATM = 760 mmHg PO2 = 760 x 0,21
Considera-se ainda que, durante o ciclo respiratório, há O2 ATM = 21% PO2 = 160 mmHg.
constantemente trocas gasosas ocorrendo nos alvéolos.
A pressão parcial de O2 se mantém em 100 mmHg (pela Pressão parcial do oxigênio:
umidificação, aumento de temperatura, mistura com o O ar inspirado é umidificado nas vias condutoras, sa-
volume residual e difusão constante), porém, a pressão bendo que a pressão parcial de água a 37ºC é 47 mmHg,
parcial de CO2 chega a 40 mmHg. pode-se calcular a pressão parcial de O2 na traqueia:
PATM = 760 mmHg
No ar alveolar: Vapor d’água = 47 mmHg
> Pressão parcial de O2 = 100 mmHg. O2 ATM = 21%
> Pressão parcial de CO2 = 40 mmHg.
PO2 = (760 – 47) x 0,21
O sangue venoso que chega aos capilares de troca vindo PO2 = 150 mmHg.
do ventrículo direito é rico em CO2 e pobre em O2:
 Após essa pressão da área traqueal, ainda há de-
Sangue venoso: caimento ainda para 100 mmHg na área alveolar pela
> Pressão parcial de O2 = 40 mmHg. mistura com o ar residual e troca constante.
> Pressão parcial de CO2 = 46 mmHg.
Lei de Dalton: a pressão total de uma mistura gasosa é
Quando esse sangue passa pelos alvéolos, os gases pre- igual a soma das pressões parciais de cada gás que com-
sentes nele e no ar alveolar irão se difundir em direção ao põem a mistura.
local com menor pressão parcial até que se igualem. Por
conta disso, o O2 passa dos alvéolos para os capilares en- Assim, deve haver um gradiente de pressão para que
quanto o CO2 passa dos capilares para os alvéolos. ocorra a difusão dos gases entre os dois ambientes, dessa
forma, no interior do alvéolo e no interior dos capilares
Após a oxigenação do sangue até que se atinja o equilíbrio há diferente pressão.
das pressões, o sague fica arterial e nas mesmas concen-
trações que o ar alveolar que entra constantemente.  Nos alvéolos, há alta pressão parcial do oxigênio
(100 mmHg) determinando que a difusão seja a favor
Sangue arterial: do gradiente de concentração para um ambiente de
> Pressão parcial de O2 = 100 mmHg. menor concentração, ou seja, de menor pressão par-
> Pressão parcial de CO2 = 40 mmHg. cial, justamente o interior do capilar onde há pressão
parcial de oxigênio de 40 mmHg. A difusão ocorre até
Com expiração, há renovação gasosa e manutenção das que o sangue do capilar tenha pressão parcial de O2
taxas de concentrações ideais. igualada a pressão dos alvéolos (100 mmHg).

 Sangue venoso sendo convertido a sangue arterial.

 A difusão do CO2 ocorre no sentido inverso. A


maior pressão de CO2 (46 mmHg) está nos capilares
vinda do metabolismo celular que produz CO2 que se
difundem para os capilares pelos tecidos periféricos,
é direcionada para a corrente sanguínea, vai ao cora- plasma e parte dele é solubilizada no plasma e transpor-
ção que direciona esse sangue pela artéria pulmonar tado na forma solúvel, outra parte se difunde para dentro
que forma os capilares onde há difusão do CO2 para dos eritrócitos e é transportada associada a proteínas.
dentro dos alvéolos.
 Os fatores que podem dificultar ou interferir na he-
Por que a difusão de CO2 é tão efetiva se a diferença de matose estão estabelecidos na Lei de Fick.
pressão é menor que a do O2? Porque as propriedades
de O2 e CO2 são diferentes. O CO2 se difunde pelas mem- Lei de Fick
branas lipídicas e pelo ambiente aquoso muito mais facil- Determina que:
mente que o O2, isso faz com que a diferença de pressão
possa ser menor, mas ainda muito efetiva. Já o O2 precisa 𝑆 . 𝛥[ ] . 𝑃𝑀
Taxa de difusão =
de muito mais pressão pela solubilidade menor em com- 𝐸𝑀
paração a do CO2 nesses ambientes (membrana lipídica
e ambiente aquoso). Ou seja, a taxa de difusão depende de:
- Área de superfície (S).
O gradiente de pressão parcial determina a direção de di- - Gradiente de concentração (Δ[ ]).
fusão e a intensidade de difusão, de onde vai, para onde - Permeabilidade de membrana (PM).
vai e com qual velocidade. Se há uma diferença muito - Espessura de membrana (EM).
grande, maior velocidade.
Ou seja, quanto maior a área de superfície, maior a taxa,
 Exemplo: duas salas com uma porta dividindo a quanto maior a diferença de concentração, maior a taxa
sala (membrana), se a sala está repleta de bolinhas, a (que determina também a velocidade), e quanto maior a
pressão é maior. Quando abre a porta, rapidamente permeabilidade de membrana pelo gás, maior a taxa de
as bolinhas vão para a sala vazia com uma velocidade difusão desse gás (solubilidade do O2 e do CO2 entram
grande pela grande diferença. Porém, se a quanti- aqui, como o CO2 precisa menor gradiente, a permeabili-
dade é a metade, aberta a porta, as bolinhas passam dade é maior). Já quanto maior a espessura ofertada por
para a sala vazia com uma velocidade menor por essa membrana, menor a taxa de difusão dos gases.
conta do gradiente de pressão menor.
Condições que alteram a difusão dos gases:
- Maior diferença, maior intensidade e velocidade. Algumas condições, por alterarem algum dos componen-
- Menor diferença, menor intensidade e velocidade. tes da Lei de Fick, alteram a capacidade de difusão dos
gases, por exemplo, enfisema pulmonar, doença pulmo-
Há manutenção das pressões parciais em valores ideais nar fibrótica, edema pulmonar e asma.
pela influência no pH sanguíneo, principalmente a mu-
dança de CO2 com reações químicas no sangue afetando
o pH.

Hematose
A conversão de sangue venoso (rico em CO2) em sangue
arterial (rico em O) ocorre pela difusão dos gases entre
capilares e alvéolos.

A membrana de troca é composta pela membrana basal,


pneumócitos tipo I e endotélio capilar. O gás passa para o
Transporte de gases
Os gases são transportados pelo sangue de diferentes for-  Em repouso, precisamos de 150 ml de O2 por mi-
mas, podem estar associados a proteínas, podem estar nuto, logo, os 15 ml solubilizados no plasma são insu-
dissolvidos ou podem circular como íons: ficientes.

Gás carbônico: Solubilidade na hemoglobina: é maior. Há 200 ml de O2 a


- 7% dissolvido no plasma. cada litro de sangue. Assim, sendo o débito cardíaco de 5
- 23% associado à hemoglobina (Hb-CO2). L por minuto, em um minuto, há 1000 ml de oxigênio dis-
- 70% na forma de bicarbonato (HCO3-). poníveis (5L/min, sendo 200ml O2/litro).

Gás oxigênio: Ou seja, quando há associado do oxigênio com a hemo-


- 1,5% dissolvido no plasma. globina, a disponibilidade é muito maior. Por isso, a asso-
- 98% associado à hemoglobina (Hb-O2). ciação é extremamente importante para que seja possível
suprir a necessidade dos tecidos.
A pressão parcial do gás no sangue é determinada apenas
pela porção dissolvida, dessa forma, o gás associado à he- O transporte de O2 pela hemoglobina acontece porque a
moglobina, por exemplo, não oferece pressão parcial. As- estrutura da proteína é formada por quatro cadeias (2 ca-
sim, toda vez que o gás dissolvido passa para as células, deias α, 2 β), cada uma com um grupo heme com átomo
outras moléculas associadas se dissociam e ocupam essa de ferro central. Cada grupamento heme pode se associar
porção do gás removido e há transporte do O2 no orga- a uma molécula de O2, assim, a hemoglobina saturada ao
nismo. máximo possui 4 moléculas de oxigênio ligadas a ela.
- Quando há saturação de 75%, só 3.
Quimiorreceptores - Saturação de 50%, só 2.
Estimulam as terminações sensoriais porque controlam e - Saturação de 25%, apenas 1.
avaliam as pressões parciais de O2 e CO2 e avaliam o pH
sanguíneo.  Os eritrócitos são formados por muitas moléculas
de hemoglobina, por isso, possuem afinidade com as
Quando há variação, os quimiorreceptores estimulam moléculas de oxigênio.
neurônios sensoriais, ou seja, não são terminações sen-
soriais, mas estimulam as terminações sensoriais que le- A afinidade da hemoglobina pelo O2 depende de fatores
vam a informação para a região do tronco encefálico para ambientais. Assim, fatores como temperatura, pH, PCO2
núcleos de controle da frequência da ventilação pulmo- favorecem um ambiente de maior afinidade da hemoglo-
nar ajustando-a para tentar manter níveis ideais de O2 e bina pelo CO2, assim, a pressão parcial para saturar 100%
CO2 para que não se altere o pH sanguíneo. a hemoglobina é mais baixa, não precisa ser muito alta.

 Manutenção do pH sanguíneo. Pressão parcial na qual a


hemoglobina está 50% sa-
Transporte do O2 turada (P50). Por exem-
O oxigênio pode se encontrar dissolvido no plasma (1,5%) plo, se o P50 é 25 mmHg,
e associado a hemoglobina formando uma oxi-hemoglo- isso significa que nessa
bina em (98,5%). pressão, 50% das hemo-
globinas estão saturadas
As moléculas se difundem pelo gradiente de pressão dos com O2. Esse valor de P50
alvéolos para os capilares alveolares. Após se difundirem, varia conforme o ambi-
vão para dentro dos eritrócitos se associando às hemo- ente, por exemplo, nos alvéolos é menor e a afinidade é
globinas. Quando há saturação das hemoglobinas, as mo- maior, já nos tecidos periféricos, devido aos fatores, a afi-
léculas se difundem permanecendo como gás livre e fi- nidade pelo O2 é menor e o P50 é maior.
cam circulando no plasma.
Fatores que afetam a afinidade pela hemoglobina
Solubilidade no plasma: é baixa. Há apenas 3 ml de O2 a Há vários fatores afetam a afinidade da hemoglobina.
cada litro de sangue. Sabendo que o débito cardíaco é de Tecidos: há maior temperatura (como em músculos estri-
5 L por minuto, em um minuto há apenas 15 ml de oxigê- ados esqueléticos ativos), há mais pressão de CO2, redu-
nio disponíveis (5L/min, sendo 3ml O2/litro).
ção do pH e aumento do 2,3-DPG, um metabólito da gli- Quando os eritrócitos chegam aos alvéolos, há reversão
cose, fatores que reduzem a afinidade da hemoglobina desse processo. O gás carbônico dissolvido no plasma
com o O2. Reduzida a afinidade, a hemoglobina fica mais passa para dentro dos alvéolos a favor do gradiente de
instável e o O2 dissocia-se com mais facilidade, conse- concentração e há deslocamento reverso das reações.
quentemente, passa mais facilmente da hemoglobina
para os tecidos tornando mais fácil a captação de O2 pelos O CO2 se desprender da hemoglobina, se difunde para o
tecidos favorecendo a redução do próprio O2 com a he- plasma e, do plasma, para o interior dos alvéolos. O íon
moglobina. Cl- sai da célula pelo trocador, enquanto há associação do
bicarbonato com o íon H+ formando ácido carbônico. A
Alvéolo: as condições favorecem a maior afinidade da he- anidrase acelera a reação e há formação de água e CO2
moglobina pelo O2 porque o oxigênio precisa ser carre- que se difundem para fora do eritrócito e para dentro dos
gado pela hemoglobina pela circulação. Assim, as condi- alvéolos.
ções são contrárias às do tecido, a temperatura é menor,
a pressão de CO2 é menor favorecendo que ele passe para  Esse processo ocorre de forma rápida, com modi-
o alvéolo, há menor produção de DPG e o pH é maior. ficação das concentrações do CO2 favorecendo a di-
fusão para os alvéolos.
 O 2,3-DPG é um produto da glicólise produzido pe-
los próprios eritrócitos especialmente onde há hipó- A partir de então, o CO2 é eliminado pela ventilação pul-
xia. Quanto menor a disponibilidade de O2, maior a monar. Quando aumentamos a frequência ventilatória
produção pela via glicolítica desse produto fazendo nesse caso, aumenta a chegada de novo ar aos alvéolos,
com que a afinidade pelo O2 seja reduzida favore- aumenta a ventilação alveolar, elimina o CO2 e repõe O2
cendo a dissociação do O2 do grupamento heme. necessário para que se difunda para as células especial-
mente os eritrócitos sendo distribuído para os tecidos de
Transporte do CO2 modo geral.
O CO2 é produzido pelo metabolismo celular nos tecidos
periféricos, então, está em maior proporção e concentra-
ção dentro das células.

Dentro das células, então, há maior pressão parcial de


CO2 nas células. Parte do CO2 encontra-se dissolvido no
plasma e parte encontra-se difundida para dentro dos eri-
trócitos dos capilares. Parte gás carbônico difundido no
eritrócito forma a carboxi-hemoglobina (23%), contudo, a
maior parte do CO2 sofre uma reação de hidratação com
a anidrase carbônica formando ácido carbônico que se
dissocia em bicarbonato e íon H+.

 O bicarbonato possui trocador com o cloreto na


membrana da célula, então, depois de formato, ele
sai da célula enquanto o Cl- entra. Assim que sai, o
bicarbonato atua no plasma como sistema tampo-
nante para os prótons produzidos pelo organismo
que são liberados na corrente sanguínea. Já o íon H+
associa-se com a hemoglobina sem causar acidifica-
ção do sangue.

 Maior concentração de CO2 é transportada em bi-


carbonato, ou seja, quimicamente modificada.
e o relaxamento da musculatura ajustando a ventila-
ção pulmonar.

O estímulo dos motoneurônios faz com que aumente a


frequência dos potenciais de ação. Com isso, há liberação
de acetilcolina que estimula a contração da musculatura.

07 abr 21 Controle involuntário: o estímulo dos motoneurônios


Aula 09 – Sistema respiratório III parte de núcleos da região do tronco encefálico respon-
sáveis pelo controle involuntário da inspiração e expira-
Controle da ventilação
ção. Os neurônios projetam axônios até a região da me-
Prof. Stefani Valéria Fischer
dula espinhal estimulando os motoneurônios culminando
no processo de contração muscular.
Controle da ventilação
- Neurônios pré-motores.
A ventilação é a combinação de movimentos cíclicos de
- Centros de controle ventilatório.
inspiração e expiração numa frequência de 12 a 18 ciclos
por minuto.
Controle voluntário: tratos descendem do córtex encefá-
lico para a medula espinhal estimulando os motoneurô-
Assim, o ciclo ventilatório é formando por dois períodos:
nios que estimulam a contração muscular ou, ainda,
- Inspiração (2 segundos).
quando há necessidade de pausar o processo de ventila-
- Expiração (3 segundos).
ção, pode haver estimulo inibitório que reduz a atividade
desses motoneurônios promovendo relaxamento da
Para isso, a musculatura da caixa torácica deve ser esti-
musculatura.
mulada com contração do diafragma e dos intercostais
externos produzindo a inspiração e, posteriormente,
Regulação da ventilação
deve haver relaxamento dessa musculatura com retração
A ventilação é um processo rítmico e involuntário coorde-
elástica do tecido pulmonar produzindo a expiração.
nado por núcleos neuronais localizados no tronco ence-
fálico, especialmente na região do bulbo e ponte.
 A expiração forçada tem auxílio da musculatura
acessória, intercostais internos e reto abdominal.
 Há tratos descendentes que podem controlar vo-
luntariamente o processo de ventilação, mas não são
Sendo assim, a ventilação é uma forma de renovação par-
os principais. Mesmo que se queira segurar a respira-
cial do ar contido nos pulmões.
ção, o involuntário se sobrepõe ao voluntário.

Inervação do parênquima pulmonar e caixa torácica


A ventilação alveolar determinada pela frequência e pela
A inervação do parênquima pulmonar e da caixa torácica
duração dos períodos de atividade dos centros respirató-
a partir do sistema nervoso central é diferente. Os pul-
rios do bulbo. Ou seja, quando temos a necessidade de
mões e o tecido de modo geral recebem informações do
alterar a ventilação alveolar, aumentar ou reduzir, os nú-
sistema autônomo que coordena a musculatura lisa e as
cleos bulbares aumentam ou reduzem o estímulo para
glândulas exercendo um controle visceral.
contração da caixa torácica obtendo a frequência e a du-
ração necessárias para o ajuste de ventilação alveolar
Controle motor-somático: controle da musculatura estri-
conforme as necessidades do organismo.
ada esquelética, feito por meio de motoneurônios que se
projetam da medula espinhal para o tecido musculatura
- Necessidades do organismo para o sangue arterial:
esquelético que forma a caixa torácica, ou seja, para dia-
- P. parcial de O2 = 100 mmHg.
fragma, reto abdominal, intercostais externos e internos.
- P. parcial de CO2 = 40 mmHg.
- pH = 7,4.
- Músculos esqueléticos (diafragma, intercostais).
- Nervo frênico (C3-C5) para o diafragma (bilateral).
Aferências sensoriais
- Nervos intercostais (da medial da medula).
As informações sensoriais são levadas pelos nervos afe-
rentes até regiões do tronco encefálico para que o sis-
 Controle da ventilação acontece pelo estímulo dos
tema nervoso central seja sinalizado da necessidade de
motoneurônios que agem coordenando a contração
aumentar ou diminuir ventilação alveolar.
As substâncias químicas estimulam os nervos aferentes,
(a) Receptores periféricos: quimiorreceptores sensíveis a aumentando a frequência de disparo que alcança o bulbo
O2, CO2 e pH, receptores de estiramento que informam o no núcleo do trato solitário. Essa informação recebida é
grau de insuflação, e receptores para estímulos nocivos. integrada e distribuída para o GRV e GRD.

(b) Receptores centrais: quimiorreceptores que se comu- Células glomus I: são quimiorreceptores periféricos que,
nicam com a região do tronco encefálico. apesar de perceberem a variação dos 3 parâmetros, per-
cebem mais a variação da pressão parcial de O2.
Todas essas informações sensoriais informam o bulbo so-
bre os parâmetros ventilatórios e há uma tomada de de- Quando há hipóxia, redução do O2, há rápida resposta de
cisão: aumentar ou reduzir a ventilação. despolarização na membrana pelo fechamento de canais
de cálcio dependentes de voltagem promovendo exoci-
Componentes do mecanismo de feedback tose de substâncias químicas que estimulam os nervos
Há aferências sensoriais distribuídas pela caixa torácica e vago e glossofaríngeo que, por sua vez, levam a informa-
quimiorreceptores presentes principalmente no arco da ção da região periférica para a região do tronco encefá-
aorta e na bifurcação da carótida que levam a informação lico. Essa informação, ainda, é integrada no bulbo.
das pressões parciais de O2 e CO2 para o SNC chegando
ao núcleo do trato solitário no bulbo. Além disso, há tam- Nesse momento, com redução de O2 dos tecidos, há
bém receptores de estiramento do parênquima pulmo- maior estímulo do vago e do glossofaríngeo com maior
nar e nociceptores ao longo da caixa torácica informando estímulo do GRV e GRD para que aumentem a ventilação
o bulbo sobre o estiramento do pulmão e estímulos noci- alveolar. Aumento da ventilação alveolar para que seja re-
vos que chegam à caixa respectivamente. estabelecida a oxigenação.

Além disso, há grupos de neurônios na ponte:  Hipóxia gera estímulo dos quimiorreceptores com
- GRP, grupo respiratório pneumotáxico. despolarização da membrana, fechamento de canais
- GRD, grupo respiratório dorsal. de cálcio, estímulo dos nervos vago e faríngeo culmi-
- GRV, grupo respiratório dorsal. nando no estímulo de GRV e do GRD para que aumen-
tem a ventilação.
Os grupos GRD e GRV, estimulados pelos centros superi-
ores do encéfalo como o GRP, estimulam os motoneurô- Quimiorreceptores centrais
nios da medula espinal que estimulam a contração da Localizam-se na região do bulbo e são sensíveis à variação
musculatura da caixa torácica específica: do pH, ou seja, ao aumento dos prótons.
- GRD: músculos da inspiração (diafragma, i. externos).
- GRV: expiração formação e músculos inspiratórios (por-  Mais prótons, mais ácido, menor o pH.
ção superior do trato respiratório, faringe e laringe).
Quando há aumento do CO2 plasmático, há aumento da
Quimiorreceptores periféricos pressão parcial do CO2 gerando um aumento da produção
São células especializadas em perceber: do íon H+, já que o gás carbônico combinado com a água
- Variação da pressão parcial de O2. forma ácido carbônico que, por ser muito instável, se dis-
- Variação da pressão parcial de CO2. socia em bicarbonato e prótons acidificando o sangue.
- Variação do pH do sangue arterial.
Assim, quando há aumento do CO2 na corrente sanguí-
 Por isso, localizam-se principalmente no arco da nea, o gás carbônico se difunde pela barreira hematoce-
aorta e na bifurcação do seio carotídeo. fálica e alcança os tecidos do sistema nervoso central. No
bulbo, há conversão do CO2 em prótons (H+) que irão es-
Esses quimiorreceptores, quando estimulados com au- timular diretamente esses quimiorreceptores centrais
mento do CO2, redução do O2 ou variação do pH, liberam sensíveis à variação do pH.
substâncias químicas que estimulam o nervo vago.
 Ou seja, não é a acidificação direta do sangue pe-
 Quimiorreceptores informam o bulbo por: riférico que estimula os quimiorreceptores porque o
- Arco da aorta, nervo vago. H+ é incapaz de ultrapassar a barreira hematocefálica.
- Seio carotídeo, nervo glossofaríngeo. O gás carbônico é quem consegue atravessar a bar-
reira e, apenas no tecido nervoso, irá se combinar
com a água gerando prótons e bicarbonato. Por isso, GRV: contração da laringe e faringe, aumentando as vias
quanto mais CO2, mais prótons no bulbo sinalizando aéreas superiores favorecendo inspiração e expiração, re-
os quimiorreceptores centrais. laciona-se com a expiração forçada.
- Controle de laringe, faringe e vias aéreas superiores.
Feedback negativo - Expiração forçada e controle da musculatura acessória.
Os quimiorreceptores centrais, assim como os periféri-
cos, estimulam o GRV e o GRD estimulando a ventilação.  Basal, GRD e GRV.
 Expiração forçada, GRV, estímulo da musculatura
Quanto maior a pressão parcial de CO2, menor o pH esti- acessória, importante durante exercícios.
mulando os quimiorreceptores centrais favorecendo o
aumento da ventilação. Com aumento da ventilação, há A ventilação é rítmica e involuntária. O padrão rítmico ori-
redução do CO2 na corrente sanguínea porque ele é lan- gina-se de uma rede de neurônios marca-passo distribu-
çado para fora do sistema pulmonar. Com isso, há redu- ída no bulbo que coordena gerando o padrão rítmico de
ção dos prótons que, por consequência, estimulam me- ventilação.
nos os quimiorreceptores centrais.
 Não se sabe quais neurônios, mas sugere-se que
Condições que afetam a frequência ventilatória seja uma rede que se intercomunica gerando padrão.
(a) Estímulos periféricos de distensão captados por recep-
tores nos pulmões, de pH, O2 e CO2 (q. periféricos). Núcleos pontinos (difusos)
(b) Estímulos centrais (quimiorreceptores centrais sensí- Mantém sinapse com a região do bulbo e auxiliam na ma-
veis ao pH ácido do líquido extracelular). nutenção do controle da frequência e da amplitude (pro-
(c) Comando de fonação, estado emocional, deglutição... fundidade da respiração).

Há tratos que descendem da região do hipotálamo fa-


zendo sinapse com os núcleos pontinos que fazem si-
napse com o GRD e GRV auxiliando na manutenção de
frequência e amplitude conforme necessidades.
- Núcleo pneumotáxico.
- Núcleo apnêustico.

Integração das informações


Quimiorreceptores centrais, periféricos e outros centros
superiores do sistema nervoso central (como o sistema
límbico) que se projetam para a região do tronco encefá-
lico exercem controle modulando a ventilação.

No bulbo ou na ponte, esses estímulos excitam ou inibem


os grupos GRV ou GRD favorecendo a manutenção da
ventilação conforme a necessidade do organismo. Esses
grupos emitem os tratos controlando os motoneurônios
e, assim, há controle dos motoneurônios de inspiração e
expiração.

Núcleos bulbares
GRD: especialmente para a inspiração basal, estimula di-
afragma, intercostais. Se há necessidade de aumento do
ritmo inspiratório, maior estímulo para esses músculos.
- Controle da musculatura inspiratória inferior.
- Inspiração, ritmo basal da respiração.
Anatomia dos rins
O hilo é o local por onde en-
tram e saem os vasos (arté-
rias, veias, vasos linfáticos) e
a inervação. Além disso, o rim
é dividido em duas partes
principais: córtex, mais ex-
16 abr 21 terno, e medula. A medula,
Aula 10 – Sistema Renal I parte mais interna, é com-
posta por pirâmides renais
Filtração glomerular
formadas pelos segmentos tubulares dos néfrons. A por-
Prof. Stefani Valéria Fischer
ção final das pirâmides forma papilas. Já os cálices, maio-
res e menores, são as estruturas responsáveis por rece-
Rins
ber o conteúdo de urina produzido ao longo dos néfrons.
Os rins são os órgãos que se localizam na parede poste-
Esses cálices direcionam a urina para a pelve renal e para
rior do abdome, possuem o tamanho do punho fechado
o ureter que, por sua vez, direciona para a bexiga urinária.
do indivíduo e têm como função:
Irrigação sanguínea
- Produção da urina (uma das funções principais), fazendo
Os rins recebem um grande fluxo sanguíneo, cerca de
a regulação da osmolaridade do líquido extracelular por
25% do débito cardíaco. Sabendo que o débito cardíaco é
meio da alteração na concentração da urina que depende
de aproximadamente 5 L/minuto, então, sabe-se que algo
do estado fisiológico do indivíduo.
em torno de 1,25 L disso é destinado aos rins. Esse vo-
- Balanço de eletrólitos (Na+, K+, Cl-, HCO3-, H+ e Pi).
lume de sangue é acomodado especialmente no córtex
- Balanço ácido-base.
onde há glomérulos, estruturas primárias que têm como
- Excreção de metabólitos e fármacos (ureia, ácido úrico,
função a filtração do plasma sanguíneo.
ácidos nucleicos, creatinina...).
- Gliconeogênese, ou seja, a produção de glicose por
 Caminho do sangue: artéria renal > artérias inter-
substratos que não são carboidratos (em conjunto com o
lobares > artéria arqueada > artéria interlobular > ar-
fígado que também realiza).
téria aferente > arteríolas aferentes > capilares glo-
merulares (1ª rede capilar) > arteríola eferente > ca-
Além disso, cumprem uma função endócrina:
pilares peritubulares (2ª rede capilar) > veia interlo-
Renina: produzem a renina que participa do sistema re-
bular > veia arqueada > veia interlobar > veia renal.
nina-angiotensina-aldosterona atuando no controle e na
manutenção da pressão arterial e no balanço de eletróli-
Uma peculiaridade da irrigação renal é a formação de dois
tos com reflexo nessa pressão.
sistemas capilares. O primeiro, formado pelos capilares
glomerulares que, posteriormente, se fusionam for-
Calcitriol: responsáveis pelo processo final de sua síntese,
mando arteríola eferente que, por sua vez, forma uma se-
ou seja, pela ativação da vitamina D. O calcitriol é a vita-
gunda rede capilar. Ou seja, entre os dois sistemas capi-
mina D ativa e atua estimulando a absorção de cálcio no
lares, há arteríolas eferentes.
intestino e na deposição óssea.
- Controle da calcemia fisiológico.
Túbulo uriníferos
São as unidades funcionais dos rins compostos pela união
Eritropoetina: responsável por estimular a formação de
entre néfrons, tubo conector e ducto coletor distal.
eritrócitos.
Néfrons
 Qualquer alteração nas funções renais há debili-
Em cada rim, há aproximadamente 1 milhão de néfrons
dade na formação da urina e também há alterações
que são formados pelo conjunto de:
nas funções endócrinas relacionadas a esses hormô-
- Glomérulo.
nios (calcitriol, eritropoetina e renina).
- Túbulo contorcido proximal.
- Alça de Henle descendente.
- Alça de Henle ascendente delgada.
- Alça de Henle ascendente espessa.
- Túbulo contorcido distal.
células que formam a alça na região. É importante para
 Enquanto o glomérulo é responsável pela filtração, regular a filtração glomerular e para regular as concentra-
as demais estruturas que compõem o néfrons são ções de sódio no organismo.
responsáveis pela reabsorção e pela secreção de so-
lutos. Filtração glomerular
Primeira etapa da filtração do plasma e que, posterior-
Além disso, associado ao néfrons há um túbulo conector mente, quando esse filtrado for modificado, dará origem
que conecta o túbulo contorcido distal ao ducto coletor. a urina.
A soma das unidades tubulares com o glomérulo, túbulo
conecto e ducto coletor forma o túbulo urinífero.  Etapas de formação da urina;
- Filtração glomerular.
O túbulo urinífero é uma unidade funcional em que há fil- - Reabsorção tubular.
tração do plasma no glomérulo originando o filtrado, um - Secreções tubulares.
líquido que passa pelos túbulos sofrendo modificações.
Posteriormente, nos túbulos renais após a filtração glo-
 Tudo que o organismo precisa, reabsorve, tudo merular, irá ocorrer a reabsorção de íons importantes
que não é necessário, é eliminado. Além disso, a pa- para o organismo e ocorrerá a secreção de algumas subs-
rede dos túbulos pode secretar algumas substâncias tâncias e íons. Na reabsorção, tira conteúdo do túbulo
adicionais no interior dos néfrons ao longo da passa- que volta para o sistema circulatório. Na secreção, há adi-
gem do filtrado. ção de mais conteúdo nos segmentos tubulares pelas cé-
lulas que os formam.
Tipos de néfrons:
Glomérulo
 Néfrons corticais: a maioria dos túbulos localiza-se, A arteríola aferente traz o sangue e se ramifica na 1ª rede
com os glomérulos, na porção cortical. Apenas uma de capilares onde ocorre filtração. O que é filtrado sai dos
pequena porção da alça de Henle atinge a região me- capilares e é lançado a cápsula de Bowmann, uma estru-
dular de forma bem superficial. tura capsular que envolve os capilares glomerulares. A
 Néfrons justamedulares: pirâmides compostas pe- cápsula escoa o filtrado para dentro do primeiro seg-
las projeções das alças de Henle das porções tubula- mento do néfrons, o túbulo contorcido proximal.
res dos néfrons. O glomérulo fica na região cortical.
 O que não foi fil-
A artéria renal que traz sangue arterial para os rins entra trado segue dentro dos
pelo hilo sofre intensa ramificação até formar cerca de 1 capilares e é direcio-
milhão de arteríolas aferentes em cada rim. Cada arterí- nado para a arteríola
ola aferente entra formando a estrutura glomerular, ou eferente que está
seja, fazendo parte da estrutura do glomérulo. Assim, se saindo do glomérulo.
ramifica dando origem ao 1º sistema capilar glomerular
em que há filtração, a separação de uma parte do plasma
com lançamento do filtrado para dentro dos túbulos que
formam o túbulo urinífero. - Aa. Aferente.
- Aa. Eferente.
 O filtrado formado é uma porção removida do - Rede de capilar.
plasma que passa dentro dos capilares. - Cápsula de Bowmann.
- Espaço de Bowmann (entre os capilares e cápsula).
O restante do conteúdo de sangue (células, grandes pro-
teínas...) e do plasma é direcionado para uma arteríola Esses capilares glomerulares apresentam, por fora, podó-
eferente, formada pela união dos capilares, que leva o citos, células que apresentam projeções que envolvem os
conteúdo para fora do sistema renal. capilares auxiliando no processo de filtração.

Mácula densa: alguns dos néfrons tem essa estrutura em O que faz parte do filtrado? O filtrado é parte do plasma,
que a alça de Henle ascendente espessa passa no meio então, componentes do plasma como íons, água, proteí-
das arteríolas aferente e eferente tendo contato com nas de baixo peso molecular (proteínas pequenas), com-
elas. Quando isso acontece, há uma especialização das põem esse filtrado.
- Ou seja, é a parte líquida sem muitas proteínas (as que 1) Endotélio: composto pelas células que formam a pa-
estão presentes têm baixo peso molecular, tamanho pe- rede dos capilares. É fenestrado, ou seja, apresenta poros
queno, possibilitando que passem pela barreira de filtra- tornando-se sendo permeável à água, pequenos solutos
ção que é altamente seletiva). Não apresenta células san- (glicose, Na+ e ureia) e pequenas proteínas (proteínas de
guíneas porque elas são muito grandes para passar pela baixo peso molecular). É impermeável à passagem de cé-
barreira. Caso haja alguma lesão, algum rompimento, aí lulas.
sim, pode apresentar células sanguíneas (condição não-
fisiológica). 2) Membrana basal: faz parte da matriz extracelular. É
composta principalmente por glicoproteínas que são car-
 Condição fisiológica: filtrado sem células sanguí- regadas negativamente. Como a maioria das proteínas
neas e apenas com proteínas de baixo peso molecu- que compõe o sangue são aniônicas, as cargas negativas
lar. Pouquíssimo conteúdo proteico. da membrana basal repelem cargas negativas dessas pro-
teínas. Essa camada é importante para evitar a passagem
As proteínas não são eliminadas na urina. Essa perda não das proteínas para a cápsula de Bowmann repelindo as
seria viável, seria como perder energia. Assim, essas pro- proteínas que formam o plasma. Assim, há uma força de
teínas filtradas são reabsorvidas para dentro das células repulsão que evita filtração proteica.
que formam a parede dos túbulos.
3) Podócitos: formados pelas células que projetam mem-
 O filtrado não é a urina, a urina é o produto final brana e citoplasma envolvendo o capilar formando fen-
de filtração, reabsorção e secreção, ao longo dos né- das entre os podócitos por onde o conteúdo filtrado pre-
frons. Apenas o conteúdo que chega a pelve renal é a cisa passar. Também apresentam na membrana carga ne-
urina, enquanto o filtrado passa pelos túbulos, sofre gativa atuando como mais uma barreira que repele pro-
modificações, logo, não é a urina propriamente dita. teínas evitando que uma grande quantidade de proteína
seja filtrada.
Visão geral da filtração renal
 As proteínas, então, são filtradas pelo seu tama-
nho e também pela sua carga (sofrem repulsam).

Filtrabilidade: os componentes do plasma apresentam um


grau de filtrabilidade, ou seja, a facilidade que apresen-
tam para passar pelas três camadas componentes da bar-
reira de filtração. Por exemplo:

- Água: completamente permeável.


- Albumina: praticamente impermeável. Proteína de
grande peso molecular.
1. A arteríola aferente traz o plasma que será filtrado.
2. De 100% do plasma trazido, 20% será filtrado, ou seja,
será enviado para dentro dos túbulos do néfrons. Os 80%
restantes saem pela arteríola eferente, formada pela
união da rede de capilares, que, posteriormente, irá se
ramificar na segunda rede de capilares peritubulares.
3. Cerca de 19% são reabsorvidos durante a passagem pe-
los túbulos que compõe os néfrons. Ou seja, basica-
mente, dos 100% de volume iniciais, apenas 1%, em cada
néfrons, irá contribuir para a formação da urina. - Creatinina: apenas filtração.
- Eletrólitos (Na+, Cl-): filtração, reabsorção parcial.
Barreira de filtração - Aminoácidos e glicose: filtração, reabsorção completa.
A barreira de filtração é composta por três camadas que, - Ácidos e bases: filtração e secreção.
em conjunto, irão realizar a filtração do plasma resul-
tando na formação do filtrado. De dentro do capilar em Dessa forma, todos os componentes que serão filtrados
direção ao espaço de Bowmann, são divididas em: são selecionados de acordo com seu tamanho e carga.
Forças físicas que determinam a filtração Aumento da pressão efetiva: mais de 20% é filtrado, e os
- Dentro dos capilares: túbulos renais não reabsorvem tanto quanto antes. O vo-
(a) Pressão hidrostática capilar glomerular: pressão exer- lume de urina a ser eliminado é maior.
cida pelo líquido contra a parede do capilar. Cerca de 60
mmHg, favorável à filtração, ou seja, favorece a passagem  Por isso existem mecanismos que tentam manter
do líquido de dentro do capilar para dentro da cápsula de a pressão hidrostática sem que ela se altere em con-
Bowmann. dições em que há variação da pressão arterial já que
(b) Pressão coloidosmótica glomerular: pressão exercida o organismo sofre picos de hipertensão, por exemplo,
pelas proteínas contra a parede do capilar. Cerca de 32 em condições de ansiedade, exercício físico...
mmHg, contrária à filtração. Tende a reter líquido no ca-
pilar para diluir o conteúdo de proteínas. O volume de filtrado é influenciado pelo fluxo sanguíneo
renal, se há maior volume de sangue chegando aos capi-
- Dentro da cápsula de Bowmann: lares, há maior pressão hidrostática. Se há menor volume
(c) Pressão hidrostática da cápsula de Bowmann: pressão de sangue chegando aos capilares, há menor pressão hi-
exercida pelo volume de líquido acumulado dentro da drostática.
cápsula. Cerca de 18 mmHg, contrária à pressão de filtra-
ção porque, como há acúmulo de líquido na cápsula, esse Taxa de filtração glomerular (TFG)
líquido se opõe à entrada de mais líquido ainda. Corresponde ao volume de líquido filtrado dos gloméru-
(d) Pressão coloidosmótica da cápsula de Bowmann: é los para dentro do espaço de Bowmann por unidade de
pressão exercida pelas proteínas. Como há poucas prote- tempo (mL/min).
ínas, essa pressão é insignificante, quase nula (0).
Depende de:
Pressão efetiva de filtração: pressão resultante que favo- - Pressão de filtração resultante.
rece ou não a filtração. Nessas condições normais, há 60 - Variações no fluxo renal sanguíneo.
mmHg favoráveis à filtração, 18 mmHg desfavoráveis e
mais 32 mmHg desfavoráveis, logo: 60 – 18 – 32 resul- - Coeficiente de filtração.
tando em 10 mmHg favoráveis à filtração. São esses 10 - Permeabilidade dos capilares (integridade).
mmHg determinam a filtração de apenas 20% do plasma - Área de troca.
formando o filtrado.
Enquanto a pressão resultante depende das variações no
Quando há aumento da pressão efetiva, há aumento do fluxo renal sanguíneo, o coeficiente de filtração dependa
percentual de filtrado. Essa situação é um problema por- da permeabilidade e da área de troca dos capilares. Por
que, se há variação na pressão efetiva muito grande, há exemplo, pode haver uma lesão que aumenta a permea-
um aumento no volume de filtração e os túbulos renais bilidade resultando em aumento da taxa de filtração.
não conseguem mais reabsorver 99% do filtrado. Assim,
o volume de urina produzido é muito maior do que o ideal Manutenção da taxa de filtração glomerular
e há desidratação. Por isso, o organismo possui diversos A TFG se altera muito pouco entre as faixas de pressão
mecanismos para tentar manter a pressão hidrostática arterial de 80 a 180 mmHg por que, por meio de meca-
dentro de valores ideais para que ela não varie com a va- nismos de autorregulação nos rins, o organismo conse-
riação da pressão arterial não alterando de forma signifi- gue manter TFG relativamente constante alterando a
cativa o volume de urina. pressão de filtração já que não consegue alterar a perme-
abilidade dos capilares e não consegue alterar muito efi-
Fluxo sanguíneo renal (FSR) cientemente a área de troca.
O fluxo afeta a filtração e o volume de urina.
 Com a pressão arterial entre 80 e 180 mmHg, os
Considerando-se 22% do débito cardíaco destinado ao mecanismos renais têm capacidade de manter a
sistema renal, sabe-se que, por dia, os rins recebem cerca pressão efetiva de filtração na faixa de 10 mmHg. Po-
1600 L de sangue. Aproximadamente 55% do sangue é rém, se houver hipotensão ou hipertensão, os meca-
plasma, assim, 900 L de plasma estariam passando pelo nismos não conseguem manter e há alteração no vo-
sistema renal. Desses 900 L diários, 20% forma o filtrado lume de urina produzido de forma significa.
inicial, ou seja, por dia, os rins filtram 180 L (125 mL/min).
Porém, desses 180 L filtrados, menos de 1 litro de urina é Mudança de volume da urina: quanto mais nos hidratamos,
excretado diariamente. mais urina produzida. Mas, o que estamos vendo é que, se não
houvesse a autorregulação dos rins, conforme fosse alterada a arterial se altere, haja aumento da pressão dentro dos ca-
pressão arterial, haveria alteração no volume de urina. Dessa pilares evitando alteração na pressão hidrostática que se
forma, o sistema renal consegue manter a taxa de filtração glo- refletiria na taxa de filtração glomerular.
merular ideal sem que ela se altere pela variação da pressão
arterial.
 Como há aumento na resistência da arteríola afe-
rente, o sangue entra menos por ela e há aumento do
Mecanismos de regulação do FSR fluxo sanguíneo para outros órgãos.
e consequentemente da TFG
Há três mecanismos de controle: Retroalimentação tubuloglomerular: mecanismo de sina-
- Nervoso (sistêmico, simpático). lização parácrina em que mudanças no fluxo afetam a
- Hormonal (sistêmico). concentração de NaCl pela alça de Henle alterando a TFG.
- Autorregulação.
Quando há passagem da alça de Henle espessa entre ar-
Controle por autorregulação teríola aferente e eferente formando a mácula densa,
Esse mecanismo de controle intrínseco depende apenas essa parte do túbulo em contato sofre uma especializa-
do rim que age promovendo alterações apenas na faixa ção: as células que a formam são sensíveis à variação do
de 80 a 180 mmHg da pressão arterial por meio de: NaCl. Assim, toda vez em que há uma variação do NaCl
- Resposta miogênica (sensível à pressão arterial). que passa por essas células, uma liberação de mediadores
- Feedback tubuloglomerular (sensível ao sódio). químicos é desencadeada. Esses mediadores químicos
promovem vasoconstrição ou vasodilatação nas arterío-
Resposta miogênica: capacidade intrínseca do músculo las alterando o fluxo de sangue que chega aos capilares.
liso em responder a mudanças de pressão. Exerce con-
trole sobre o fluxo sanguíneo nas arteríolas renais e, pela A mácula densa mais as células granulares (que formam a
promoção do aumento da resistência arteriolar, promove parede da aa. Aferente) mais as células mesangiais (que
a redução na pressão (desvio do sangue). ficam entre as células da mácula densa e as células das
arteríolas), formam o aparelho justaglomerular que per-
cebe a variação do NaCl no filtrado alterando o fluxo de
sangue pela secreção de mediadores químicos que mo-
dulam as arteríolas aferente e eferente alterando a pa-
rede hidrostática dentro dos capilares.

Aparelho justaglomerular:
Percepção da variação do NaCl no filtrado.
- Mácula densa (TCD /AHE): sensíveis à variação de NaCl.
- Células mesangiais extraglomerulares.
- Células granulares da arteríola aferente: produtoras de
renina.

O sangue passa para dentro dos glomérulos pela arteríola Arteríola aferente traz o sangue e arteríola eferente leva
aferente com pressão hidrostática de 60 mmHg. Caso o sangue para a circulação sistêmica. Se houver redução
haja um pico da pressão arterial, aumentará a entrada, ou da pressão de sangue, da perfusão da arteríola aferente,
seja, haverá um aumento do volume de sangue e maior haverá menor pressão hidrostática, assim, a TFG será me-
pressão exercida sobre a parede da arteríola eferente. nor e o volume de filtrado tende a ser menor. Com menor
Dessa forma, quando estirada a parede pelo aumento da volume de filtrado, conforme passa pelo néfrons, há
pressão, estira a musculatura lisa e abrem-se canais de maior reabsorção. Assim, haverá maior reabsorção de
cálcio. O cálcio entra nas células musculares lisas promo- NaCl e haverá menos cloreto de sódio na arteríola efe-
vendo vasoconstrição. Há redução da área de passagem rente, menos NaCl alcançando a região da mácula densa
do sangue e redução do fluxo de sangue, ou seja, man- que percebe a redução do cloreto estimulando a produ-
tendo a pressão de sangue que alcança os capilares baixa ção de vasodilatadores que atuam na arteríola aferente
(dentro dos 60 mmHg) evitando que, conforme a pressão aumentando o fluxo de sangue para estabilizar a pressão
hidrostática dentro dos capilares em 60 mmHg.
 Menos volume, mais reabsorção (maior área de
contato para menor volume de filtrado). Menos NaCl
sendo detectado pela mácula densa = produção de
vasodilatadores (PGE2 e NO) para aumentar o fluxo. A
PGE2 estimula a secreção de renina e causa vasodila-
tação da arteríola aferente.

Na situação contrária, com aumento do fluxo sanguíneo


na arteríola aferente, o reflexo miogênico não conse-
guindo reduzir a pressão, haveria maior pressão nos capi-
lares, maior pressão hidrostática e aumento no filtrado. A
reabsorção seria menor aumentando a chegada do clo-
reto de sódio na mácula densa que iria estimular a produ-
ção de vasoconstritores que iriam reduzir a passagem de
sangue pela artéria aferente mantendo a pressão intra-
capilar em 60 mmHg.

 Mais volume, menos reabsorção (menor área de


contato para maior volume de filtrado). Chega mais
NaCl na mácula densa = produção de vasoconstrito-
res (ATP e adenosina) para diminuir o fluxo. Esses va-
soconstritores inibem a secreção de renina e causam
a vasoconstrição da arteríola aferente.
a circulação sistêmica. Além disso, tudo que é secretado
para o túbulo vem da circulação por meio dos capilares.

Aquilo que chega ao final do ducto coletor que não foi re-
absorvido somado às substâncias que foram adicionadas
no percurso é lançado para os cálices renais dando ori-
gem a urina.
23 abr 21
Aula 11 – Fisiologia do Sistema Renal II Portanto, a formação da urina acontece em 3 processos:
1 Filtração.
Parte I: Mudanças no filtrado
2 Reabsorção.
Prof. Stefani Valéria Fischer
3 Secreção.

Fisiologia do Sistema Renal


 Conforme passa pelos túbulos, há balanço hídrico
Como ocorre a alteração do filtrado? O filtrado é gerado
e eletrolítico. Além disso, alguns outros metabólitos
pela filtração glomerular e passa para dentro do túbulo
também são retirados ou adicionados ao filtrado.
renal onde irá sofrer alterações por meio de:
- Reabsorção, retirada de componentes do filtrado que
Reabsorção
são enviados para a corrente sanguínea.
Apesar de 180 L de filtrado serem gerados por dia, há for-
- Secreção tubular, componentes adicionados ao filtrado
mação de apenas 1,5 L de urina (em média, já que essa
por secreções das células que compõem a parede do tú-
quantidade pode variar conforme o estado de hidratação
bulo urinífero.
do organismo no dia).
Relembrando...
A reabsorção por ocorrer por duas vias:
Há dois tipos de túbulos uriníferos: corticais e justamedu-
(a) Via paracelular: o transporte do túbulo para dentro
lares. Enquanto o filtrado está passando pelos túbulos re-
dos capilares ocorre pelas junções célula-célula, ou seja,
nais, não recebe o nome de urina. Urina é apenas o con-
o que está sendo reabsorvido passa entre as células.
teúdo que sai do túbulo urinífero, cai no cálice renal e é
(b) Via transcelular: o transporte do túbulo para dentro
direcionado para pelve.
dos capilares ocorre por dentro das células. Primeiro, o
que está sendo reabsorvido passa por transportadores na
Especialização dos segmentos
membrana apical da célula, entra na célula e, por meio de
Cada segmento dos túbulos uriníferos é especializado
transportadores na membrana basolateral, sai da célula e
porque possui tipos específicos de transportadores de
vai para o interstício onde será redirecionado para os ca-
membrana, assim, possui capacidade diferenciada de ab-
pilares sanguíneos.
sorver alguns componentes e secretar outros. Além disso,
esse processo de modificação do filtrado por secreção e
 Esse tipo de transporte via transcelular, por depen-
absorção ocorre conforme as necessidades do orga-
der de transportadores, pode ser saturado. Ou seja,
nismo: se é preciso reter ou eliminar mais líquido, se é
por não haver uma quantidade ilimitada de transpor-
preciso reter ou eliminar mais sódio...
tadores, quando se atinge a saturação, todos os dis-
poníveis estão ocupados e, mesmo aumentando a
Eletrólitos e líquido extracelular
concentração do que está sendo reabsorvido, não há
Conforme o filtrado passa pelos túbulos uriníferos, há um
mais transporte.
balanço hídrico e eletrolítico particular para cada eletró-
lito do líquido extracelular garantindo que ele mantenha
Reabsorção nos segmentos tubulares
suas concentrações de íons e volume de água.
Sódio, água, glicose e bicarbonato são as substâncias ab-
sorvidas em maior quantidade dos 180 L de plasma filtra-
 Mudanças no filtrado servem para manter as con-
dos pelos rins em um dia. Os 180 L contêm, por exemplo,
centrações ideais do líquido extracelular.
1 Kg de NaCl e 160 g de glicose.

Formação da urina
A reabsorção, além disso, depende do tempo do filtrado
O túbulo urinífero está associado aos capilares sanguí-
dentro do túbulo renal e da saturação dos transportado-
neos, dessa forma, tudo que é reabsorvido sai do túbulo
res, ou seja, há uma taxa máxima de reabsorção.
e vai para os capilares que direcionam pela veia renal para
A reabsorção da água ao longo dos túbulos é determinada  A bomba NKCC, como o nome diz, utiliza gasto
pela diferença de pressão osmótica (interstício medular) energético para reabsorver 1 Na+, 2 Cl- e 1 K+.
e pela permeabilidade à água (maior ou menor presença
de aquaporinas).  Segmentos diluidores, reduzem a concentração do
filtrado reabsorvendo solutos e mantendo a água.
Túbulo contorcido proximal: é o responsável pela maior
reabsorção, cerca de 65% do volume filtrado é a reabsor- Túbulo contorcido distal: há reabsorção de sódio, especi-
vido ao passar por esse segmento. Essa reabsorção é isos- almente NaCl, fazendo com que o filtrado fique hiposmó-
mótica em relação ao plasma, ou seja, água e outros ele- tico já que aumenta a quantidade de solvente (a água per-
mentos são absorvidos numa igual proporção sem que manece no túbulo) e reduz a concentração dos solutos
haja alteração na concentração do filtrado que passa pelo que passam do filtrado para as células.
túbulo.
Nessa região final entre túbulo contorcido distal e ducto
 Essa reabsorção acontece porque o Na+ gera um coleto, há uma regulação hormonal feita pela aldosterona
gradiente osmótico para a reabsorção de solutos que intensifica a reabsorção de Na+.
como potássio, magnésio e cloreto, e água.
 Para manter as concentrações e reduzir a excre-
Principais substâncias reabsorvidas: ção, a aldosterona é secretada nos segmentos:
Água Aminoácidos - Túbulo contorcido distal.
Sódio Vitaminas - Túbulo coletor (ligação).
Cloreto Fosfato - Ducto coletor.
Potássio Bicarbonato
Glicose Cálcio Além disso, na ausência do hormônio antidiurético (ADH),
Proteína o túbulo contorcido distal é praticamente impermeável a
água. Assim, o filtrado resultante que origina a urina é hi-
 A glicose é 90% reabsorvida na região por meio de posmótico fazendo com que a urina seja menos concen-
transportadores específicos das células (os SGLTs). trada.
Além disso, pequenas proteínas (KDa baixo) são reab-
sorvidas por pinocitose e há intensa reabsorção de Ducto coletor: Intensificação da reabsorção do sódio, es-
aminoácidos. pecialmente pela aldosterona, responsivo ao ADH tam-
bém. Sem ADH, impermeável a água com urina hiposmó-
Alça de Henle descendente delgada: o filtrado fecha à alça tico como produto final.
de Henle isosmótico e então, na delgada descendente, é
concentrado e torna-se hiperosmótico. Isso ocorre por-  ADH: adiciona aquaporina nas membranas da cé-
que há maior proporção de reabsorção de água em rela- lula, sem aquaporinas, sem reabsorção de água.
ção aos solutos, assim, a osmolaridade é alterada. Esse
segmento apresenta aquaporinas que permitem a saída Tipos celulares (ducto e túbulo coletores):
da água a favor de um gradiente osmótico. - Células principais (a aldosterona e o ADH agem nelas).
- Células intercalares (controlam o pH).
 Segmento pouco permeável ao Na+, ureia e outros.
Balanço do íon Na+
Alça de Henle ascendente delgada: esse segmento é muito O íon sódio é reabsorvido em diferentes proporções pelos
pouco permeável à água e é mais permeável ao Na+ e ou- diferentes segmentos dos túbulos renais:
tros solutos. Por conta dessa configuração, há início da - 67% é reabsorvido no túbulo contorcido proximal.
diluição do filtrado, os soltos são reabsorvidos em uma - 25% na alça de Henle.
maior proporção do que a água. - 5% no túbulo contorcido distal.
- 3% no ducto coletor.
 O solvente não se altera, os solutos sim.
A perda de sódio, portanto, varia conforme a ingestão di-
Alça de Henle ascendente espessa: segmento completa- ária. Por exemplo, se a dieta tem cerca de 150 mg/dia, a
mente impermeável à água. Há intensa reabsorção de so- perda do íon na urina é menor de 1%, ou seja, é quase
lutos por uma bomba NKCC utilizando o gasto energético todo reabsorvido. Se a dieta é rica em sódio, há uma
do ATP para que haja reabsorção. perda maior de sódio na urina.
 Rins: fazem o balanço das concentrações de sódio  Furosemida: bloqueia o NKCC e possui ação diuré-
de acordo com a ingestão. Quanto mais sódio inge- tica. É um fármaco que evita reabsorção adicional de
rido, maior a proporção excretada. Quanto menos só- sódio que permanece dentro do túbulo renal gerando
dio ingerido, mais reabsorção e mínimo excreção. um gradiente osmótico que evita a reabsorção adici-
onal da água. Há maior eliminação de sódio e água.
A importância de controlar a excreção do sódio e reab-
sorvê-lo quase que totalmente se deve ao importante pa- Túbulo contorcido distal, túbulo e ductos coletores:
pel do sódio como principal soluto da osmolaridade do lí- - Túbulo contorcido distal reabsorve 5% do sódio.
quido extracelular. - Ducto coletor reabsorve 3% do sódio.

Túbulo contorcido proximal: a reabsorção de sódio no tú- São regiões responsivas a aldosterona que modula o per-
bulo contorcido proximal gera um gradiente para reab- centual de reabsorção. Com a presença do hormônio, há
sorção de água e outros solutos. Isso é possível porque a o percentual máximo de reabsorção, com redução da al-
bomba Na/K, localizada na membrana basolateral das cé- dosterona, estimula menos a reabsorção de sódio e há
lulas, atua gerando um gradiente de concentração para o maior perda de sódio na urina. Já a porção final promove
sódio. um ajuste fino na concentração de sódio no LEC.

 Bomba Na/K lança o sódio para fora deixando a Diversos hormônios atuando nesses segmentos dos túbu-
concentração de sódio no interior das células do tú- los uriníferos que podem modular as concentrações des-
bulo contorcido proximal em menor concentração. ses íons e do volume de água reabsorvido:

Com as células do túbulo contorcido proximal com uma


concentração muito menor de sódio que o filtrado que
passa pela luz do túbulo, o gradiente de reabsorção é fa-
vorecido.

Além disso, há vários transportadores na membrana api-


cal da célula favorecendo a reabsorção de sódio: SGLT,
transporte acoplado sódio e glicose, além disso, aminoá-
cidos, fosfatos, citratos e lactatos também têm absorção
acoplada ao sódio.

 Transportadores que usam a força do gradiente


eletroquímico do sódio para fazer a reabsorção de
outras substâncias.

Arrasto de solvente: para a água ser reabsorvida, é neces- Reabsorção da glicose


sário um gradiente osmótico. Com reabsorção do sódio e Ocorre especialmente na região do túbulo contorcido
dos outros elementos para a célula e para o interstício, é proximal onde a maior parte da glicose que foi filtrada é
gerado um gradiente osmótico favorecendo o transporte reabsorvida.
da água por via paracelular já que as junções célula-célula
são reduzidas na porção do túbulo contorcido proximal.  A glicose não pode ser perdida porque é fonte de
- Quando a água passa do ambiente osmótico de menor energia.
concentração (de soluto) para uma região de maior con-
centração, há água acaba arrastando vários outros íons Na membrana apical das células do túbulo contorcido
(cloreto, magnésio, cálcio, potássio, sódio). proximal há o SGLT que utiliza o gradiente de sódio para
acoplar o transporte da glicose para dentro das células. A
glicose se difunde para dentro das células e o transporte
Alça de Henle: especialmente na ascendente espessa, há na membrana basolateral é feito pelo GLUT, uma prote-
o NKCC que acopla sódio, 2 cloretos e 1 potássio em um ína que facilita o transporte da glicose de região de alta
transporte associado utilizando energia de ATP, ou seja, concentração (interior da célula) para uma região de me-
há gasto energético para reabsorção de íons. nor concentração (interstício). Depois, a glicose se di-
funde pelos capilares e é novamente distribuída.
Limiar da reabsorção da glicose: 200 mg/100 ml.  Ácidos voláteis, quando hidratados, formam pró-
Até o limiar, há capacidade de reabsorver toda a glicose. tons (e bicarbonato no caso do CO2). Ou seja, dão ori-
Porém, quando há aumento da glicose plasmática ultra- gem a prótons em reação química.
passando o limiar, os transportadores SGLT atingem sua
saturação. Sem transportadores disponíveis, a glicose Equilíbrio ácido-base
permanece do filtrado do túbulo. Há vários mecanismos de controle:

 Em diabéticos, por exemplo, há aumento da gli- 1) Neutralização de H+: é a primeira linha (proteínas, íons
cose plasmática gerando uma diurese osmótica. Indi- fosfato e bicarbonato), são os tampões que se combinam
víduos com diabetes têm maior volume de urina por- com o H+ evitando que ele esteja livre no líquido extrace-
que, permanecendo dentro do túbulo, a glicose gera lular contribuindo para a acidificação do pH.
um gradiente osmótico que evita que o volume de - Principal tampão = bicarbonato.
água seja reabsorvido competindo com a osmolari-
dade do sódio fazendo com que um volume maior de 2) Eliminação de H+: é a segunda linha realizada, por
urina seja produzido. exemplo, através da ventilação. O H+ combinado com o
 Glicosúria = perda excessiva da glicose na urina. bicarbonato resulta em CO2 e água. O gás carbônico é eli-
minado pelo organismo através da ventilação.
Depuração renal ou clearance
Quantidade de plasma sanguíneo que é purificado de 3) Eliminação renal: é a terceira linha, uma resposta mais
uma determinada substância. Descreve a velocidade pela lenta que requer horas ou dias, mas que é muito efici-
qual substâncias são removidas (depuradas) do plasma. ente.

A depuração renal é a intensidade de remoção de deter-  Somação dos sistemas.


minada substância no organismo pelos rins. O clearance,
na clínica, é utilizado para entender como está o funcio- Nos rins...
namento renal, se a taxa da filtração está ideal. As células intercalares dos túbulos renais são responsá-
veis por secretar o H+ no filtrado e reabsorver o HCO3-.
Utiliza-se uma substância depurada pelos rins para deter- Durante a filtração, o bicarbonato do plasma passa para
minar se a taxa de depuração renal está ideal. os túbulos renais e precisa ser reabsorvido para os capila-
- É preciso que seja utilizada uma substância: res.
- Livremente filtrada pelo glomérulo (passe direto).
- Que não seja secretada pelo túbulo renal.  Como o bicarbonato funciona como principal tam-
- Que não seja reabsorvida pelo túbulo renal. pão, perde-lo é ruim, então, há necessidade de reab-
sorver tudo.
 Creatinina: substância utilizada na clínica para de-
terminar a taxa de filtração glomerular. Os rins também eliminam cerca de 80mEq de ácido não
volátil resultante do metabolismo proteico. Essa quanti-
dade depende da dieta do indivíduo podendo ter au-
Parte II: Equilíbrio ácido-base renal mento dos não voláteis eliminados pelos rins.

O nosso organismo tem uma tendência a acumular ácidos Além disso, a urina é uma solução ácida com pH variando
como resultado do metabolismo (com produção de CO2) de 4 a 6 conforme a quantidade e concentração de H+ eli-
e da excreção de bases (sais biliares) nas fezes. Assim, minada pela urina.
precisamos ter formas de eliminar ou neutralizar o ex-
cesso de ácido para que o pH do organismo se mantenha  Os ácidos voláteis podem passar diretamente pelo
dentro da faixa de 7,38 a 7,42. processo de filtração ou podem ser secretados ao
longo da passagem do filtrado pelo túbulo pelas célu-
 Ácidos voláteis (CO2) eliminados pelos pulmões. las intercalares e TCP.
 Ácidos fixos (láctico, cítrico, sulfúrico, fosfórico e
clorídrico) são eliminados pelos rins.

 Origem dos ácidos: dieta, metabolismo.


Tamponamento de prótons no filtrado no túbulo renal:
No líquido extracelular, o bicarbonato atua como o prin- Todo o bicarbonato do filtrado precisa ser reabsorvido,
cipal sistema tampão, já no filtrado, como o bicarbonato como não há um transportador específico para isso, o bi-
precisa ser reabsorvido, não será o principal tampão. As- carbonato do filtrado se combina com os prótons for-
sim, há dois sistemas-tampão no filtrado: mando água e gás carbônico e ambos são reabsorvidos, o
gás carbônico vai para dentro da célula enquanto a água
1) Ânion fosfato: cargas negativas podem se combinar segue uma via paracelular.
com os prótons gerando ácido fosfórico ou algo seme-
lhante. Podem aumentar a concentração de prótons eli-  Dentro da célula, o CO2 sofre uma nova reação ge-
minados pelo organismo. rando novamente H+ e HCO3-. Os prótons são secre-
tados para o túbulo renal enquanto o bicarbonato é
2) Amônia: é um segundo sistema-tampão dentro dos tú- enviado para o interstício.
bulos renais. A amônia se combina com os prótons for-
mando amônio. Nesse processo de reabsorção do HCO3-, há secreção de
H+. Ou seja, o processo de reabsorção de HCO3- envolve
 Esses dois sistemas garantem que haja alta taxa de reciclagem do H+. Outros prótons se combinam com os
eliminação do H+ porque ele rapidamente acidificaria tampões fosfatos e são eliminados na urina.
a urina a ponto de as células não conseguirem adici-
onar mais H+ para ser eliminado no sistema. Formação de íon amônio no túbulo proximal
Os prótons podem se associar a ânions fosfatos gerando
 Além das intercalares, as células principais que for- ácidos fosfóricos. Esses ânions vêm do processo de filtra-
mam o túbulo contorcido proximal também adicio- ção e, no filtrado, se combinam com H+.
nam o H+ no filtrado.
Além disso, há geração de um novo bicarbonato. As célu-
Reações constantes no túbulo contorcido proximal las do túbulo contorcido proximal apresentam a gluta-
- Reabsorção de bicarbonato e acidificação da urina. mina, um aminoácido que é metabolizado gerando gluta-
mato que, por sua vez, gera α-cetoglutarato dando ori-
Quando há filtração, vários componentes passam for- gem a um novo bicarbonato que é transportado para o
mando o filtrado como o bicarbonato e ânions fosfato. interstício pelo gradiente de sódio, e gera um amônio, ge-
Nesse processo, o sódio está sendo reabsorvido e é ele rando H+.
que gera o gradiente de concentração necessário para a
reabsorção acoplada à sua reabsorção.  Amônio é transferindo para o túbulo urinífero ge-
rando o H+ para fora do túbulo urinífero.
 Assim, enquanto o sódio é reabsorvido, há contra-
transporte de H+ secretado pelas células principais. O amônio se dissocia em amônia e H+. O próton é trans-
portado para fora das células do túbulo contorcido proxi-
Esse H+ é gerado porque ocorre uma reação química den- mal, a amônia tem afinidade por lipídios de membrana e
tro das células. A combinação de gás carbônico com água, passa por difusão. Na luz do túbulo urinífero, há combi-
acelerada pela anidrase carbônica, gera prótons e íon bi- nação da amônia com H+ formando o amônio novamente
carbonato. que é excretado na urina.

 Bicarbonato: transportado pela membrana basola-  Geração e excreção do amônio são importantes
teral para o interstício e, posteriormente, para dentro porque geram novo bicarbonato lançado para a cor-
do capilar sanguíneo. rente sanguínea, e o amônio gerado é secretado para
 Próton: transportado para fora da célula do túbulo a luz do túbulo renal levando os prótons produzidos
contorcido proximal junto ao filtrado. como produto da metabolização da glutamina.

Resposta a variações do pH
As células intercalares são importantes para a regulação
do pH e respondem à variação dele eliminando H+, ou
seja, secretando para dentro da luz do túbulo renal onde
eles se combinam com os ânions fosfatos fazendo o tam-
ponamento sendo eliminados como ácido fosfórico.
Em condições menos comuns, por exemplo de alcalose,
as células intercalares eliminam bicarbonato do orga-
nismo. Essas células estão localizadas especialmente na
porção final do túbulo urinífero, túbulo contorcido distal
e no ducto coletor.

Tipos de células intercalares:

(a) Intercalares tipo A: respondem às condições de au-


mento da concentração de H+, acidificação (redução do
pH). Tornam-se mais ativas promovendo a eliminação do
H+, reação CO2 e H20 gerando H+ e HCO3-. O bicarbonato
é trocado pelo cloreto na membrana basolateral e funci-
ona como tampão no interstício. O H+ é trocado na mem-
brana apical por uma bomba que leva potássio para den-
tro da célula e H+ para fora.

(b) Intercalares tipo B: são menos comuns, respondem às


condições de alcalose, excesso de bases. Reação é a
mesma, hidratação do CO2 gerando H+ e HCO3-, o H+ é tro-
cado na membrana basolateral pelo potássio e transpor-
tadores bombas sendo reabsorvido para dentro dos capi-
lares. Enquanto isso, o HCO3- é trocado pelo cloreto na
membrana apical, sendo lançado para a luz do túbulo uri-
nífero.

 Diferença entre as duas células:


- Localização dos transportadores de membrana.
Balanço hídrico: o volume ingerido deve ser igual ao vo-
lume perdido, assim como, a proporção de íons ingerida
deve ser proporcional à proporção de íons perdida pela
transpiração e pela urina.

01 mai 21
Aula 12 – Sistema Renal III
Balanço eletrolítico e
controle da pressão arterial
Prof. Stefani Valéria Fischer

Balanço hídrico
A osmolaridade do líquido extracelular é dependente da
proporção entre volume de soluto e volume de solvente.

Os rins têm a capacidade de modular a reabsorção da


água (reduzir ou aumentar) de acordo com as condições
do organismo mantendo o balanço hídrico. A água, por
sua vez, pode ser obtida pela alimentação ou por reações
químicas do organismo (em proporções menores). Ainda
assim, a maior fonte é a ingestão.

Há diversas condições que levam à perda de água: Concentração e diluição da urina


- Transpiração. Depende das necessidades do organismo para manter o
- Respiração. líquido extracelular na osmolaridade e com volemia ideal.
- Fezes.
- Urina (maior volume). Há uma excreção obrigatória de solutos. O metabolismo
basal gera cerca de 600 mOsm/dia se solutos que são ex-
 Portanto, por conta de o maior volume ser perdido cretados em um volume mínimo de 500 ml de líquido.
pela urina, quando o organismo precisa modular o vo- Portanto, no metabolismo basal, há, no mínimo, 500 ml
lume de líquido do organismo, ajusta especialmente de urina diários. Os rins mudam a concentração da urina
o volume de urina produzido. conforme as necessidades de manutenção da volemia e
da osmolaridade do líquido extracelular.
 As mudanças no volume e concentração da urina:
- Maior volume, menor concentração. A osmolaridade da urina varia entre 50 mOsm/L a 1200
- Menor volume, maior concentração. mOsm/L. Quando a urina apresenta 50 mOsm/L, o vo-
lume de urina produzido pode chegar até a 20 L, uma
Mecanismos para balanço hídrico e de eletrólitos: urina extremamente hiposmótica (condição patológica),
Pequenas variações na osmolaridade ou na volemia de- já quando chega a 1200 mOsm/L corresponde a 500 ml
sencadeiam um conjunto de respostas: de urina hiperosmótica.
- Sistema nervoso (especialmente simpático).
- Hormônios que atuam no sistema renal modulando a fil-  Hiperosmótica, menos água, mais soluto.
tração e os transportadores da membrana dos túbulos.  Hiposmótica, mais água, menos soluto.

 Esses mecanismos de balanço hídrico buscam Osmolaridade do plasma:


manter a osmolaridade do líquido extracelular ideal - Deve ser mantida em torno de 290 mOsm/L.
em 290 mOsm/L, e, consequentemente, manter a vo-
lemia, o volume do líquido extracelular. O soluto que contribui em maior proporção para a osmo-
laridade do líquido extracelular é o sódio (associado aos
seus ânions Cl- e HCO3-), então, toda vez em que há alte-
ração nas concentrações de sódio no LEC há grandes al- Vasos retos: são os capilares associados aos túbulos re-
terações na osmolaridade. nais com projeção especialmente associada aos túbulos
justamedulares, seguem mais retilíneos com as alças em
 Por isso, os mecanismos renais, além de regular ex- formato de U.
creção e reabsorção de água, também atuam regu-
lando a excreção e reabsorção de sódio.  Os capilares na região do córtex não apresentam
essas alças em forma de U, se projetam em torno dos
Arranjo do néfron justamedular e dos vasos retos túbulos como se fossem uma rede bem ramificada.
A artéria aferente gera os capilares de filtração e, poste-
riormente, gera a artéria eferente que se ramifica dando O fluxo sanguíneo é maior no córtex renal e menor na me-
origem ao capilar peritubular que caminha ao lado dos tú- dula. Por conta do fluxo reduzido, mais lento, na medula,
bulos uriníferos. o processo de troca do túbulo renal com o interstício e a
região capilar é facilitado auxiliando na concentração do
 A reabsorção é a passagem do conteúdo do tubo filtrado (nessa região medular).
para dentro dos capilares.
Características dos vasos retos:
Tipos de néfrons: - Seguem até a medula interna (1200 mOsm).
- Corticais: na região mais cortical dos rins (80%) - Mesmo formato em U como as alças de Henle.
- Justamedulares: na Alça de Henle mais longa indo na - Fluxo sanguíneo baixo (25%).
medula, formando as pirâmides renais (20%, responsá- - Fluxo sanguíneo lento.
veis pelo processo de concentração da urina). - Totalmente permeáveis a água e solutos.

Entre néfrons e capilares, há o interstício, algumas células Concentração e diluição da urina


e muitos solutos depositados. Na região do córtex há uma
concentração do interstício de 300mOsm, até a região Gerar urina hiposmótica
mais profunda da medula, há um aumento da concentra- = volume maior, menos concentrada.
ção chegando, no final, com 1200mOsm. Esse gradiente
corticomedular aumentando a concentração de deposi- - Reabsorção dos solutos sem reabsorção de água.
ção auxilia na produção de uma urina concentrada. Além - A alça de Henle espessa ascendente dilui o filtrado.
disso, a disposição dos túbulos renais junto com os vasos - Túbulo contorcido distal e ducto coletor continuam a di-
que acompanham (vasos retos) associados aos néfrons luir o filtrado (reabsorção basal).
justamedulares também é fundamental para a concentra- - Ausência de ADH (sem reabsorção de água TCD e DC).
ção da urina. - Urina hiposmótica.

Gradiente osmótico corticopapilar ou corticomedular Para isso, o indivíduo encontra-se bem hidratado, por-
tanto, precisa reduzir a volemia do líquido extracelular
Sistema multiplicador contracorrente: a impermeabili- por meio da eliminação de líquido.
dade da alça de Henle ascendente espessa à água faz com
que não haja passagem da água dos túbulos para o inters- A partir da alça de Henle ascendente delgada há reabsor-
tício. Além disso, ocorre transporte de cloreto de sódio e ção de sódio sem reabsorção de água porque tanto o tú-
de potássio pelo NKCC para o interstício constantemente. bulo contorcido distal, quanto o ducto coletor precisam
da ação do ADH (antidiurético) para que as aquaporinas
É algo dinâmico, o fluido troca constantemente (sais, tipo II sejam inseridas na membrana apical para permitir
água...) com o interstício no túbulo contorcido proximal e a reabsorção da água do filtrado para o interstício e, pos-
na alça de Henle. Na parte ascendente espessa da alça, o teriormente, para os capilares.
transporte de fluido é unidirecional direcionado para o in-
terstício enquanto a água dentro do túbulo se mantém. Quando o indivíduo está bem hidratado, a osmolaridade
não está alterada, e a síntese e a secreção do ADH estão
 Isso gradualmente promove o acúmulo do soluto reduzidas. Ou seja, há poucas aquaporinas inseridas na
no interstício com deposição gradual de soluto com o região do túbulo contorcido distal e do ducto coletor. Por-
córtex menos concentrado e medula acumulando tanto, a reabsorção de água é mínima culminando na pro-
mais solutos estabelecendo o gradiente. dução de urina menos concentrada com volume maior.
Papel dos hormônios: diversos hormônios auxiliam no por exemplo, de uma região de 800 mOsm para uma re-
controle da osmolaridade e da volemia modulando a in- gião de 900 mOsm e, posteriormente, para os vasos re-
tensidade de reabsorção dos solutos e da água. tos. Quando o líquido passa para dentro dos vasos retos
é adicionado ao sangue e direcionado a circulação sistê-
Hormônios e local de atuação: mica.
Angiotensina II: alça de Henle ascendente.
Aldosterona: túbulo distal/ducto coletor, secreção K+. Condições necessárias para concentração da urina:
Adrenalina/noradrenalina: todo o néfron. - Presença do ADH (para inserir aquaporinas).
- Gradiente corticomedular (possibilita osmose).
O principal estímulo para secreção do ADH é o aumento - Fluxo sanguíneo pelas alças formando os vasos retos
da osmolaridade. Se o indivíduo está hidratado, a osmo- contrário ao fluxo dos túbulos renais favorecendo que a
laridade normal, há redução do ADH que interage menos água que iria se acumular no interstício passe para dentro
com o túbulo contorcido distal e ducto coletor. Ou seja, dos vasos retos.
há uma redução muito grande na capacidade de reabsor-
ção de água pela ausência de aquaporinas na membrana Sistema multiplicador contracorrente
apical. Assim, o filtrado tem os solutos reabsorvidos e a A capacidade de remover a água que foi passada dos tú-
água não, assim, o filtrado torna-se mais diluído. bulos para o interstício para dentro dos vasos retos se
deve ao fluxo dos vasos retos em relação aos túbulos re-
Hormônio antidiurético (ADH) nais de maneira contracorrente.
Produzido no hipotálamo, secretado pela neuro-hipófise,
possui dois estímulos principais para a sua secreção: O sentido do fluxo é contrário, a alça de Henle ascendente
- Alta osmolaridade (variações de 1%). é impermeável à água tendo NKCC para o interstício ge-
- Baixo volume do líquido extracelular (volemia, 5%). rando o gradiente osmótico. Parte dos solutos vai para
dentro da corrente sanguínea pelos vasos retos. O san-
 Fatores estimuladores adicionais: gue, próximo a alça de Henle ascendente espessa, tem
- Angiotensina II, náusea e nicotina. concentração de 300 mOsm, ao passar pelos túbulos re-
tos em direção à medula, há adição de solutos aumen-
 Fatores inibidores: tando a concentração, ao chegar ao final da medula, os
- Peptídeo natriurético atrial (ANP), etanol. vasos retos têm menor concentração do sangue che-
gando a 1200 mOsm no túbulo e vasos retos.
ADH na corrente sanguínea atua nos rins, especialmente
porção final do TCD e no DC adicionando as aquaporinas Conforme o sangue ascende na região do córtex onde
nas membranas apicais as células principais das regiões será levado para a circulação sistêmica, há associação
estimulando a passagem da água de dentro do túbulo com a alça de Henle descendente e o túbulo contorcido
para o interstício e, do interstício, para os capilares. proximal, onde a água é a reabsorvida intensamente, não
se acumulando no interstício porque o gradiente de
 As aquaporinas ficam em vesículas intracelulares, maior concentração gerado nos vasos retos permite que
quando há ação do ADH nos receptores de mem- a água seja difundida para dentro dos vasos sendo reab-
brana, há translocação das vesículas para membrana. sorvida.

A osmose ocorre sempre de um meio de menor para um Tanto o líquido que passa do túbulo contorcido proximal,
meio de maior concentração, como a água passa do tú- quanto a alça de Henle descendente, se difunde pelo gra-
bulo para os capilares, os vasos retos. O gradiente corti- diente osmótico para os vasos. O mesmo acontece para a
comedular é importante para o processo, o interstício é água que passa do túbulo contorcido distal e do ducto co-
mais concentrado que o filtrado, quando adicionadas as letor para o interstício e, posteriormente, para os vasos
aquaporinas, a água segue o fluxo da região de menor retos, porém, aqui, só há reabsorção de água em maneira
concentrado (filtrado) para uma região de maior concen- ideal e volume maior se houver aumento do ADH, sem
tração (interstício) e, posteriormente, para dentro dos va- ele, a reabsorção de água ocorre normalmente no TCP e
sos retos. AHD.

A urina, quando mais concentrada, possui ação do ADH


inserindo as aquaporinas fazendo com que a água passe,
A aldosterona atua nas células principais estimulando os
mecanismos necessários para reabsorção de sódio e para
a excreção do potássio que sairá na urina.

Mecanismos estimulados:
- Síntese de bombas de sódio-potássio ATPase na mem-
brana basolateral das células principais.
- Aumento do número de canais de sódio e potássio na
membrana basolateral.

O sódio é bombeado constantemente para o interstício


seguindo para os vasos retos pela atividade das bombas.
Há geração de um gradiente de sódio. Dentro das células
principais, o sódio reduz a concentração favorecendo que
o sódio da luz do túbulo renal passe para dentro da célula
e, posteriormente, seguindo para o interstício e para os
vasos retos.

Gerar urina hiperosmótica


= volume menor, mais concentrada.

Nessa condição, é necessário manter o máximo de vo-


lume do líquido extracelular estimulando a reabsorção de
líquido. Essa necessidade surge com a redução da vole-
mia, com a perda do volume do líquido extracelular, como
em situações de hemorragia, há aumento da osmolari-
Além do ADH, é necessário aumentar o transporte de so-
dade levando à hipotensão, por isso, a preservação do vo-
lutos, sem isso, não é possível manter o gradiente osmó-
lume de líquido é muito importante.
tico e o interstício reduziria gradualmente a concentração
de solutos não gerando mais o gradiente osmótico neces-
Nesse momento, há estímulo para a sede para obter mais
sário para a reabsorção de água. Por isso, precisa-se tam-
solvente retornando à osmolaridade normal.
bém da ação da aldosterona.
 Mais complexa, ação de hormônios em vários seg-
ADH estimula aquaporinas TCD e DC, mas também esti-
mentos e disposição dos túbulos renais com os capi-
mulando o co-transporte do NKCC da alça de Henle as-
lares (especialmente vasos retos) e gradiente cortico-
cendente gerando o gradiente corticomedular possibili-
medular formado no interstício dos rins.
tando o aumento da concentração do sangue dos vasos
retos possibilitando a reabsorção de água pelo gradiente
É um processo mais complexo do que a geração de uma
osmótico. ADH estimula, também, a reciclagem da ureia
urina diluída. Precisa-se reabsorver a água dependendo
para que ela saia de dentro dos túbulos renais e seja de-
da presença do ADH para que ele estimule as células prin-
positada no interstício auxiliando a geração do gradiente
cipais da porção final do túbulo contorcido distal e do
osmótico.
ducto coletor. Os rins devem gerar o gradiente osmótico
sem diluir o interstício da medula, por isso o estímulo dos
Sistema renina-angiotensina-aldosterona:
transportadores (principalmente sódio), papel chave do
A aldosterona estimula a reabsorção de sódio em grande
gradiente corticomedular e alça de Henle ascendente es-
quantidade, esse aumento na reabsorção do sódio ga-
pessa, disposição dos vasos retos e mecanismo da recicla-
rante que exista um gradiente osmótico para que a água
gem da ureia.
possa ser reabsorvida.
+ importância da aldosterona (K/Na).

 A maior reabsorção de sódio possibilita maior re-


Em hipotensão ou baixa volemia, há menor perfusão do
absorção de água quando presente o ADH nessa con-
sistema renal, um estímulo para secreção de aldosterona.
dição também.
Há secreção de renina, agindo sobre o angiotensinogênio
gerando angiotensina I convertida pela ECA em angioten-
sina II, gerando vários efeitos no organismo levando ao
estímulo da secreção da aldosterona pelo córtex da su-
prarrenal.

Se ingeriu mais sódio, é transportado para a corrente san-


guínea pelo trato gastrointestinal e há aumento da osmo-
laridade da líquido extracelular (principal componente
para isso), levando ao aumento da secreção de vasopres-
sina (ADH) e estimulando a sede. A vasopressina favorece
a reabsorção de água pelos túbulos renais conservando
água no organismo, já a sede aumenta a ingestão de
água. Ambos os mecanismos levam ao aumento do vo-
lume do líquido extracelular, reduzindo a osmolaridade.

Havendo ADH e gradiente osmótico, a água será reabsor-


vida. O aumento da volemia gera um aumento da pressão
sanguínea.

Conforme a volemia aumenta, se eleva a pressão de per-


fusão do sistema renal e a pressão dentro dos vasos, há
dois mecanismos estimulados:
- Respostas neuronais (vasodilatação, redução de DC).
- Ação sobre sistema renal (reestabelecido do volume do
líquido extracelular e da osmolaridade, há redução da se-
creção do ADH e redução da reabsorção de líquido pro-
movendo perda de maior volume de urina). Conjunta-
mente, há redução da secreção de aldosterona (aumento
da volemia, reduz o sistema, menos aldosterona favore-
cendo a eliminação de um volume maior de líquido.

Hormônios que diminuem a reabsorção de Na+ e água


Quando é necessário reduzir a volemia.

Peptídeo natriurético atrial:


- Secretado pelos átrios e ventrículos cardíacos, atuam no
ducto coletor.

Dopamina:
- De origem neural e parácrina, estimulada pelo aumento
do volume do líquido extracelular.

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