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Unidade II

Unidade II
5 SISTEMA DIGESTÓRIO

Tem como função a modificação do alimento ingerido, por processos químicos e mecânicos, de
modo que no final possam atravessar a parede do trato gastrintestinal e entrar no sistema vascular
e linfático. Cada parte é adaptada para suas funções específicas, algumas para simples passagem do
alimento, como o esôfago, outras para o armazenamento de alimento, como o estômago, e outras para
digestão e absorção, como o intestino delgado.

Figura 78

5.1 Atividades básicas

São atividades básicas do sistema digestório: ingestão (captar alimento pela boca), mistura e
movimentação do alimento (contrações musculares e secreções), digestão (quebra do alimento por
processos químicos e mecânicos), absorção (passagem do alimento para o sistema sanguíneo e linfático)
e defecação (eliminação de substâncias não digeríveis).

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 79

5.2 Componentes do sistema digestório

São componentes do sistema digestório: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e o
intestino grosso. Já suas estruturas acessórias compreendem: dentes, língua, glândulas salivares, fígado,
vesícula biliar e pâncreas.

Podemos dividi-lo em canal alimentar (situado na cabeça, pescoço, tórax, abdome e pelve e se
constitue de cavidade da boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso) e glândulas
anexas (glândulas salivares, o fígado e o pâncreas).

5.2.1 Boca

A boca é a primeira porção do tubo digestório e, como toda cavidade, possui limites:

• anterior: lábios (superior e inferior);

• lateral: bochechas;

• superior: palato;

• inferior: série de músculos que constituem o assoalho;

• posterior: istmo da fauce (limita-se com a orofaringe).

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São as divisões da cavidade da boca:

• vestíbulo da boca: espaço limitado por lábios, bochechas, gengiva e dentes;

• cavidade própria da boca: compreende o restante.

Nas paredes anteriores da boca estão os lábios. Eles são constituídos por músculos (principal, músculo
(m.) orbicular da boca), glândulas e estão externamente revestidos por pele e internamente por mucosa.

A zona vermelha dos lábios é a face externa, que se apresenta não queratinizada. Além disso, possui
uma camada de células superficiais relativamente transparentes e configura-se como região muito
vascularizada.

Nas paredes laterais da boca estão as bochechas, que são constituídas pelo músculo bucinador e
glândulas. São revestidas externamente por pele e internamente por mucosa.

O corpo adiposo da boca é uma formação arredondada de tecido adiposo, biconvexa, localizada
próxima aos mm. masseter e bucinador. É bem-desenvolvido nas crianças ou recém-nascidos e funciona
como amortecedor entre o masseter e bucinador.

Na parede superior da boca encontra-se o palato, que se divide em:

• duro: ósseo, compreende 2/3 anteriores (lâminas horizontais dos ossos palatinos e processos
palatinos das maxilas);

• mole: contém 1/3 posterior.

A parede inferior contém o chamado assoalho da boca (ou soalho da boca). Saindo do assoalho
e chegando à superfície inferior da língua, há uma prega delicada, o chamado frênulo da língua; ao
lado do qual há duas pequenas saliências, carúnculas sublínguais, que configuram-se como local de
desembocadura das glândulas submandibulares e sublinguais. No assoalho há ainda o chamado músculo
milo-hioideo.

Na parede posterior está localizado o istmo da fauce. Posterior à cavidade da boca, ele é formado
(limitado):

• superiormente, pela úvula palatina;

• lateralmente, pelos arcos palatoglossos;

• inferiormente, pelo dorso da língua.

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

5.2.2 Língua

A língua é um órgão muscular. Em sua face superior, está o dorso e nela há confluência dos 2/3
anteriores com 1/3 posterior do sulco terminal, que divide a língua em corpo (anterior) e raiz (posterior).
O vértice desse sulco é uma depressão, o forame cego (resquício do trato tireoglosso do embrião).

A superfície do dorso da língua possui uma série de saliências ou projeções, as papilas linguais. Elas
dividem-se em:

• maiores: formam o “V”;

• valadas;

• filiformes: dão o aspecto aveludado à língua;

• fungiformes: estão entre as filiformes e são achatadas, em forma de cogumelo, maiores e em


menor número que as filiformes;

• foliadas: ficam na porção posterior da língua.

Nas papilas filiformes, não encontramos botões gustatórios.

Saiba mais

Para obter mais informações sobre a anatomia humana, consulte:

<www.sbanatomia.org.br>.

5.2.3 Dentes

Os dentes são estruturas duras e esbranquiçadas. Existem em quatro tipos:

• incisivos: têm coroa em forma de espátula, servem para cortar alimentos e são unirradiculares;

• caninos: em forma de lança, rasgam alimentos e são unirradiculares;

• pré-molares: têm duas ou três cúspides e trituram alimentos; são uni ou birradiculares;

• molares: têm três, quatro ou cinco cúspides, trituram e moem alimentos. Os inferiores são
birradiculares e os superiores, trirradiculares.

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Há duas dentições, a decídua, compreendendo 20 dentes e que não possui pré-molares e a


permanente, contando com 32 dentes.

Dentes
Palato mole

Bochecha

Língua

Figura 80

5.2.4 Faringe

É a parte do sistema digestório situada posteriormente à cavidade da boca (base do crânio até a C6).
Possui três partes: nasal, bucal e laríngea (ou naso, buco e laringofaringe).

A parte nasal da faringe faz parte do sistema respiratório. Na parte bucal da faringe, está o arco
palatofaríngeo e, anterior a ele, o arco palatoglosso; entre eles, a tonsila palatina.

A faringe estende-se do palato mole à margem superior da epiglote e, anteriormente, comunica-se


com a cavidade da boca pelo istmo da fauce (indicado pela seta branca, na figura a seguir).

A parte laríngea da faringe vai da margem superior da epiglote à margem inferior da cartilagem
cricoidea, onde se encontra o esôfago.

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 81

Observação

As glândulas salivares parótidas são as responsáveis por cerca de 70%


da saliva produzida. As glândulas salivares submandibulares respondem por
cerca de 10% da produção da saliva, assim como as glândulas sublinguais.
Os restantes 10% são produzidos pelas glândulas salivares menores.

5.2.5 Esôfago

É um tubo muscular que conecta a faringe com o estômago. Localizado posteriormente à traqueia,
atravessa o mediastino e passa através do diafragma por meio de uma abertura chamada “hiato
esofágico”. Transporta o alimento ao estômago e secreta muco para auxiliar no transporte. Abre-se no
estômago através de uma região denominada “óstio cárdio”. Apresenta entre 25 a 30 cm e conecta a
faringe ao estômago; em função do trajeto, dividido em 3 porções:

• cervical;

• torácica (mais longa);

• abdominal.

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Figura 82

Observação

Alguns indivíduos apresentam a denominada retroesofagite, que


determina um grande desconforto. Nesse caso, a musculatura lisa do
esôfago apresenta um sentido inverso de contração, ocasionando disfunção
digestória transitória.

5.2.6 Estômago

Está situado no quadrante superior esquerdo do abdome, parcialmente coberto pelas costelas.
Limita-se anteriormente com parede abdominal e o diafragma, entre o fígado e o baço. A parede do
estômago, quando ele está vazio, apresenta pregas gástricas, que podem ser vistas a olho nu. A principal
atividade química do estômago é iniciar a digestão das proteínas pela pepsina (enzima). É uma dilatação
do canal alimentar que se segue ao esôfago e continua pelo intestino.

Podemos dividi-lo em quatro partes:

• cárdica (cárdia): relação com o coração, corresponde à junção com esôfago;

• fúndica (fundo): acima do plano horizontal que tangencia a junção esôfago-gástrica;

• corpo: corresponde à maior parte do órgão;

• pilórica: porção terminal, continuada pelo duodeno.

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Fundo gástrico

Região cárdica

Corpo do estômago

Curvatura menor

Região pilórica

Figura 83

Pregas gástricas

Figura 84

Duas camadas serosas se separam na curvatura menor e se reúnem na curvatura maior, formando o
“omento maior”. O omento menor é constituído por um mesentério duplo que se insere na face inferior
do fígado, na curvatura menor do estômago.
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Omento menor

Figura 85

Figura 86 – Estômago

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Observação

A cirurgia bariátrica, ou de redução do estômago, é indicada apenas


para indivíduos com obesidade mórbida, e não para fins meramente
estéticos. Apresenta riscos pré, trans e pós-operatórios, e, desse modo, deve
ser avaliada por um médico.

5.2.7 Intestino delgado

O estômago se esvazia no intestino delgado, que tem aproximadamente 3 m. O intestino delgado


apresenta três segmentos (duodeno, jejuno e o ílio) e a maior parte da digestão e da absorção de
nutrientes ocorre nele.

Duodeno significa “doze”; a estrutura tem aproximadamente doze dedos de comprimento. O


“ducto colédoco” do fígado e o “ducto pancreático” do pâncreas unem-se para formar a “ampola
hepatopancreática”, que se abre no duodeno na ”papila maior”. O jejuno tem cerca de 1 m de comprimento
e estende-se até o íleo, que, por sua vez, mede cerca de 2 m une-se ao intestino grosso na valva ileocecal.

Figura 87

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Unidade II

Figura 88

Figura 89 – Duodeno

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Observação

É no duodeno que desembocam os ductos colédoco e pancreático,


que conduzem, respectivamente, a bile e o suco pancreático, auxiliares na
digestão de gorduras. Esse processo é denominado emulsificação.

5.2.8 Intestino grosso

O intestino grosso é a porção terminal do canal alimentar.

Figura 90 – Intestino grosso

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Unidade II

Figura 91 – Intestino grosso

Ceco é o segmento inicial, em fundo cego, que continua com o colo ascendente; o limite entre eles
é um plano horizontal que passa no nível da papila íleo-ceco-cólica, onde se abre o óstio ileocecal, que
é um prolongamento cilindroide, o apêndice vermiforme (contém numerosos nódulos linfáticos), que se
destaca no ceco, no ponto de convergência das tênias, e por vezes infecciona, originando a apendicite.

Figura 92 – Ceco

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

O colo ascendente segue-se ao ceco e tem direção cranial. Está fixado à parede posterior do abdome,
alcançando o fígado e, sob ele, flete-se para continuar no colo transverso. A flexão que marca o limite
entre os dois segmentos é denominada flexura cólica direita.

Figura 93 – Colo ascendente

O colo transverso é bastante móvel. Ele estende-se da flexura cólica direita, atravessa a cavidade
abdominal e vai até a flexura cólica esquerda, onde se flete para continuar no colo descendente.

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Unidade II

Figura 94 – Colo transverso

O colo descendente, como o ascendente, está fixado à parede posterior do abdome, iniciando-se
na flexura cólica esquerda e se encerrando após um trajeto aproximadamente vertical, na altura de um
plano horizontal, que passa pela crista ilíaca.

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 95 – Colo descendente

O colo sigmoide é a continuação do colo descendente e tem trajeto sinuoso, diringindo-se para o
plano mediano da pelve, onde é continuado pelo reto.

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Unidade II

Figura 96 – Colo sigmoide

Reto é a continuação do colo sigmoide, que, em seus dois últimos centímetros, forma o canal anal e
termina em um esfíncter denominado ânus.

Artéria pudenda

Figura 97 – Reto

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Ânus é o término do canal alimentar.

Figura 98 – Ânus

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Unidade II

Figura 99
Observação
O peritônio é uma dupla camada que reveste a maior parte dos órgãos
abdominais, formando ligamentos, omentos e mesos. Desenvolve-se
normalmente no sentido póstero-anterior, envolvendo alguns órgãos
abdominais e não envolvendo outros, por exemplo, os rins.

5.3 Glândulas anexas ao sistema digestório

5.3.1 Glândulas salivares

São responsáveis pela secreção da saliva e são numerosas, podendo ser divididas em maiores e
menores. Dentre as maiores, estão as glândulas parótida, submandibular e sublingual.

A glândula parótida está situada lateralmente na face e ântero-inferiormente em relação ao pavilhão


da orelha externa; seu canal excretor, ducto parotídeo, abre-se no vestíbulo da boca no nível do segundo
molar superior.

A glândula submandibular localiza-se medialmente no ângulo da mandíbula, seu ducto atravessa o


assoalho da boca anteriormente e abre-se no nível do frênulo lingual.

5.3.2 Glândulas sublinguais

Localizam-se no assoalho da boca, lateral e inferiormente à língua; sua secreção é lançada


na cavidade da boca, na carúncula sublingual pelo ducto sublingual maior e por canais (ductos
sublinguais menores) que desembocam independentemente por uma série de orifícios no assoalho
da cavidade da boca.

Os ductos sublinguais menores estão espalhados pela cavidade da boca, não apresentam um ducto
excretor e lançam a sua secreção diretamente na cavidade da boca. Podem ser: labiais, palatinos, linguais
e jugais (bochechas).

Fazendo parte do sistema digestório: glândulas salivares, pâncreas e fígado.

5.3.3 Pâncreas

Situando-se posteriormente ao estômago. Suas secreções passam ao duodeno pelo ducto pancreático,
que se une ao ducto biliar comum (colédoco) trazendo a bile do fígado e vesícula biliar, penetrando no
duodeno como um ducto único (ampola hepatopancreática). O pâncreas é tido como a única glândula
mista (endócrina e exócrina). Fazendo parte do sistema digestório, temos a componente exócrina, que
secreta enzimas digestivas, denominadas suco pancreático. Sua divisão anatômica é composta pelos
seguintes elementos: cabeça, incrustada na curvatura do duodeno, corpo e cauda estendendo-se para a
esquerda, atingindo a vizinhança do baço.

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 100

Figura 101 – Pâncreas

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Unidade II

5.3.4 Fígado

A maior glândula do corpo, o fígado, encontra-se no lado direito da cavidade abdominal, inferior ao
músculo diafragma; trata-se de uma glândula que desempenha importante papel nas atividades vitais
do organismo, seja interferindo no metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas, seja secretando
bile e participando do mecanismo de defesa. Possui duas faces:

• diafragmática: relaciona-se com o músculo diafragma;

• visceral: fica em contato com algumas vísceras abdominais.

A face visceral do fígado apresenta 4 Lobos: direito, quadrado, caudado e esquerdo.

Entre o lobo direito e o esquerdo, vemos o ligamento falciforme (prega peritoneal que fixa o fígado
ao diafragma e à parede abdominal anterior). Entre o lobo direito e o lobo quadrado, observamos a
vesícula biliar. Entre os lobos direito e caudado, está a veia cava inferior e, finalmente, entre os lobos
quadrado e caudado, observamos o hilo hepático.

Dentre as funções do fígado, destacam-se:

• secreção da bile (armazenada na vesícula biliar e expelida no duodeno). Quando chega o alimento,
sais biliares, auxiliam a digestão e a absorção da gordura e retornam ao fígado através do sistema
porta;

• síntese de proteínas – mecanismo de coagulação;

• síntese de protrombina e fibrinogênio;

• armazenamento de ferro, cobre, vitaminas, glicogênio etc.

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 102

Figura 103

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Unidade II

5.3.5 Vesícula biliar

A vesícula biliar é um saco em forma de pera, localizada em uma depressão sob o fígado. A vesícula
biliar concentra e armazena bile até que seja necessária no intestino delgado. A bile penetra no intestino
através do ducto colédoco.

Figura 104

A vesícula biliar apresenta três partes, a saber: fundo, corpo e colo. Frequentemente, pode desenvolver
os cálculos biliares devido ao processo relacionado aos sais biliares concentrados, podendo formar desde
um único cálculo até dezenas de cálculos.

Observação

Colecistectomia é a cirurgia de remoção da vesícula biliar. É feita quando


existe indicação médica de, por exemplo, presença de litíase (cálculos,
pedras) na vesícula biliar. Essa cirurgia pode ser realizada, atualmente,
através de videolaparoscopia, facilitando o pós-operatório.

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

5.4 Miniatlas do sistema digestório

Figura 105

Figura 106 – Vestíbulo da boca

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Unidade II

Figura 107 – Cavidade bucal

Figura 108 – Cavidade bucal

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 109 – Língua

Figura 110 – Glândulas submandibular e sublingual

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Unidade II

Figura 111 – Dentes

Figura 112 – Dentes permanentes (à esquerda) e decíduos (à direita)

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 113 – Desenvolvimento das dentições

Figura 114 – Glândula parótida

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Unidade II

Figura 115 – Faringe

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 116 – Faringe

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Figura 117 – Esôfago

98
ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 118 – Estômago

Figura 119 – Pâncreas

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Unidade II

Figura 120 – Duodeno

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 121 – Jejuno-íleo, radiografia

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Unidade II

Figura 122 – Intestino grosso

Figura 123 – Junção ileocecal e apêndice vermiforme

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 124 – Ânus

Figura 125 – Fígado

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Unidade II

Figura 126 – Fígado

Figura 127 – Vesícula biliar e vias biliares

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 128 – Pâncreas

Saiba mais

Consulte sempre mais de um atlas de anatomia humana e obtenha


informações variadas sobre o assunto. Um bom exemplo é:

KOPF-MAIER, P. Wolf-Heiddegger atlas de anatomia humana. 6. ed.


Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

6 SISTEMA ENDÓCRINO

As funções corporais são reguladas por dois sistemas principais de controle: o sistema nervoso e
o sistema endócrino. O sistema endócrino trata principalmente do controle das funções metabólicas
corporais, controlando a velocidade das reações químicas das células, o transporte de substâncias
através das membranas celulares, crescimento e a secreção. Esta regulação das atividades do corpo
é produzindo substâncias chamadas “hormônios”. Essas substâncias por modificar as atividades das
células, são chamadas de “mensageiros químicos”. Não se colocam facilmente em numa classe definida
de substâncias químicas. Podem ser esteroides (cortisol), proteínas (prolactina), polipeptídeos menores
(ocitocina), aminoácidos (epinefrina). Portanto possuem várias classes de substâncias.

6.1 Tipos de glândulas (quanto ao meio de transporte de substâncias)

6.1.1 Glândulas endócrinas

São aquelas cujas substâncias são liberadas no sistema circulatório (sangue). São produzidas por
glândulas endócrinas: a acetilcolina, liberada em terminações nervosas parassimpáticas e esqueléticas;
a secretina, liberada pela mucosa duodenal e levada pelo sangue até o pâncreas, produzindo secreção
pancreática; e a colicistocinina, liberada no intestino delgado para causar a contração da vesícula biliar
e promover a secreção de enzimas pancreáticas.

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Unidade II

6.1.2 Glândulas exócrinas

São órgãos que produzem secreções ou substâncias elaboradas para um sistema de condutos ou
canais excretores que se abrem em superfície externa ou interna. As secreções não são despejadas na
corrente sanguínea, mas em outros órgãos, ou para o exterior do corpo, através de canais. Além disso,
glândulas exócrinas não se associam a vasos sanguíneos e apresentam um canal de excreção.

O sistema endócrino é formado por diversos órgãos glandulares, as glândulas endócrinas, que, por
conceito, secretam substâncias adicionadas diretamente à corrente sanguínea. A seguir, falaremos
brevemente das funções dos órgãos glandulares do sistema endócrino.

6.1.3 Hipófise

Foi chamada, diversos anos, de “a principal glândula”, pois algumas de suas secreções controlam
outras glândulas endócrinas. Tem o tamanho aproximado de uma ervilha, localiza-se na fossa hipofosária
do osso esfenoide e divide-se anatomicamente em adeno-hipófise (anterior) e neuro-hipófise
(posterior). Está conectada ao sistema nervoso central através de um pedúnculo (infundíbulo). No geral,
a hipófise secreta o hormônio do crescimento (GH), o hormônio tireoestimulante (TSH), o hormônio
foliculoestimulante (FSH), o hormônio luteinizante (LH), a prolactina, o hormônio adrenocorticotrófico
(ACTH), a ocitocina, o hormônio antidiurético e o hormônio melanócito-estimulante (MSH).

Figura 129 – Vista medial de corte sagital do encéfalo

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

6.1.4 Glândula pineal

Como parte do diencéfalo, apresenta células denominadas pinealócitos, que produzem um hormônio
denominado melatonina.

Figura 130 – Vista posterior do tronco encefálico

Observação

A glândula pineal (ou corpo pineal, nomenclatura usada por muitos)


está intimamente relacionada ao ciclo sono-vigília, ou seja, estar acordado
ou dormindo. Ela é representada por várias culturas com uma marcação em
forma de gota entre as sobrancelhas.

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Unidade II

6.1.5 Tireoide

Apresenta um formato semelhante a uma borboleta, com seus dois lobos (direito e esquerdo)
unidos pelo istmo, e está posicionada anteriormente à traqueia. Suas células foliculares secretam a
triiodotironina (T3) e a tetraiodotironina (T4), além da calcitonina.

Figura 131 – Tireoide

6.1.6 Paratireoide

Em verdade, a paratireoide são 4 pequenas massas localizadas lateroposteriormente à tireoide. Suas


células principais secretam o paratormônio, o principal regulador dos níveis séricos de cálcio, magnésio
e fosfato.

Figura 132 – Tireoide

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ANATOMIA DOS SISTEMAS

6.1.7 Pâncreas

Glândula mista. Sua parte exócrina corresponde a cerca de 99% da massa do órgão, com o suco
pancreático auxiliando na digestão de gorduras. Desse modo, sua porção endócrina corresponde a
apenas 1% de sua massa e é responsável por secretar a insulina e o glucagon nas ilhotas pancreáticas.
As células alfa secretam o glucagon e as células beta, a insulina.

Figura 133 – Vista anterior da parede abdominal sem algumas vísceras

6.1.8 Glândulas suprarrenais

Como o nome sugere, localizam-se no polo superior dos rins.

Apresenta duas partes: a medular e o córtex. A parte medular produz a epinefrina, elevando a taxa
de glicose no sangue e estimulando a liberação de adrenocorticotróficos. A norepinefrina, também
produzida pela parte medular das glândulas suprarrenais, aumenta a taxa e a formação de contração da
musculatura cardíaca e promove a contração de vasos.

O córtex, por sua vez, produz aldosterona (mineralocorticoides), promovendo a reabsorção de sódio e
a excreção de potássio pelos rins, e também o cortisol e a cortisona (glicocorticoides), que suplementam
e conservam a energia derivada da glicose circulante.

O córtex secreta a aldosterona, o cortisol, a corticosterona e a cortisona. Sua medula secreta a


epinefrina (antiga adrenalina) e a norepinefrina (antiga noradrenalina) através das células cromafins.

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Unidade II

Figura 134 – Vista anterior do rim e glândula suprarrenal

6.1.9 Testículos

São as gônadas masculinas, produzindo tanto as células com metade do número de cromossomos
(espermatozoides) como o hormônio sexual masculino, a testosterona, que é secretada pelas células de
Sertoli. Os testículos situam-se no interior do escroto.

Figura 135 – Vista anterior do testículo e funículo espermático

110
ANATOMIA DOS SISTEMAS

6.1.10 Ovários

São as gônadas femininas, produzindo tanto as células com metade do número de cromossomos
(oócitos) como os hormônios sexuais femininos – a progesterona e o estrogênio.

Figura 136 – Vista anterior do ovário, mostrando o ligamento largo

6.2 Miniatlas do sistema endócrino

Figura 137 – Hipófise e pineal

111
Unidade II

Figura 138 – Hipófise e pineal

Figura 139 – Timo

112
ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 140 – Suprarrenais

Figura 141 – Suprarrenais

113
Unidade II

Figura 142 – Pâncreas

Figura 143 – Testículo

114
ANATOMIA DOS SISTEMAS

Figura 144 – Ovário

Resumo

O sistema digestório (antigamente denominado digestivo) é composto


por órgãos que formam o tubo digestório e as glândulas anexas.

Os órgãos que formam o tubo digestório (ou canal alimentar) vão desde
a boca até o ânus. São eles: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino
delgado, intestino grosso e ânus. As glândulas anexas ao sistema digestório
são glândulas salivares, fígado e pâncreas.

Devido à complexidade desse sistema, primeiramente foram descritos,


na sequência do tubo digestório, os órgãos, e depois foram descritas as
glândulas anexas. Desse modo, o sistema é apresentado diferentemente
de outros autores, que preferem descrever o sistema digestório em
órgãos supradiafragmáticos e órgãos infradiafragmáticos, obviamente
delimitados pelo músculo diafragma, o mesmo que separa o tronco em
tórax (superiormente) e abdome (inferiormente).

O sistema endócrino é um dos principais sistemas corporais, uma vez que,


através de suas secreções, os hormônios, regula a função de vários sistemas.
A principal glândula é a hipófise, localizada na sela turca do osso esfenoide.
Além dela, apresentamos a glândula pineal, a tireoide, as paratireoides, o timo,
as suprarrenais, o pâncreas, os testículos, os ovários etc.
115
Unidade II

Exercícios

Questão 1 (UFSC, 2011). A figura a seguir mostra o aparelho digestório humano.

Figura 145 – Aparelho digestório humano

Com respeito a esse aparelho, considere a(s) proposição(ões) a seguir:

I – A estrutura A indica uma região comum aos aparelhos digestório e respiratório.

II – Os alimentos e os líquidos que entram pela boca são levados ao estômago pela estrutura B pela
ação da gravidade.

III – O órgão indicado em D produz algumas substâncias que são lançadas diretamente no duodeno
e outras que são lançadas diretamente na corrente sanguínea.

IV – Nas paredes do intestino delgado, temos a presença das vilosidades e, nestas, as células epiteliais
se apresentam com microvilosidades, para aumentar a área de absorção.

116
ANATOMIA DOS SISTEMAS

Está correto apenas o que se afirma em:

A) Apenas as assertivas I e II estão corretas.

B) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.

C) As assertivas I, III e IV estão corretas.

D) Apenas a assertiva II está correta.

E) Apenas a assertiva III está correta.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das afirmativas

I – Assertiva correta.

Justificativa: a estrutura A representa a faringe (popularmente conhecida como garganta), órgão


comum aos aparelhos digestório e respiratório, com passagem de alimento e ar, respectivamente.

II – Assertiva incorreta.

Justificativa: a estrutura B é o esôfago, responsável pela passagem de alimentos através de


movimentos peristálticos até chegarem ao estômago, para o processo digestivo.

III – Assertiva correta.

Justificativa: a estrutura D indica o pâncreas, que produz o suco pancreático (tripsina, quimiotripsina,
lipase), substância lançada no duodeno para finalizar a digestão do quimo e promover a sua absorção.

IV – Assertiva correta.

Justificativa: o intestino delgado se divide em duodeno, onde ocorre a maior absorção de nutrientes, o
jejuno e o íleo, que são dotados de microvilosidades que aumentam a área de absorção do quimo alimentar.

Questão 2 (UFLA). Considere os seguintes hormônios:

1 – Glucagon.

2 – Adrenalina.

3 – Somatotrófico.
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Unidade II

4 – Noradrenalina.

5 – Insulina.

As glândulas responsáveis pela secreção desses hormônios são, respectivamente:

a) Pâncreas, suprarrenais, hipófise, pâncreas, suprarrenais.

b) Suprarrenais, pâncreas, hipófise, suprarrenais, pâncreas.

c) Pâncreas, hipófise, suprarrenais, suprarrenais, pâncreas.

d) Pâncreas, suprarrenais, hipófise, suprarrenais, pâncreas.

e) Pâncreas, suprarrenais, suprarrenais, pâncreas, hipófise.

Resolução desta questão na plataforma.

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