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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE CARATINGA – FUNEC

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA – UNEC


NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD

ANÁLISE DE SINAIS E SISTEMAS

Prof. Daniel Butters


CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO
DISCIPLINA: ANÁLISE DE SINAIS E SISTEMAS UNEC / EAD

AULA 1
1. INTRODUÇÃO A SINAIS E SISTEMAS
Os conceitos de sinais e sistemas são fundamentais em diversas áreas e,
embora a natureza física dos sinais e sistemas possam ser drasticamente diferentes
em cada área, as técnicas e ideias relacionadas a esses conceitos possuem caracte-
rísticas básicas em comum. Por isso, o estudo de análise de sinais e sistemas pos-
sui um papel crucial em campos diversos da ciência e tecnologia, tais como: comuni-
cações, aeronáutica, acústica, circuitos elétricos, engenharia biomédica, sismologia,
sistemas de geração e distribuição de energia, sistemas de controle, entre outros.

Um sinal é um conjunto de dados ou informações sobre o comportamento ou na-


tureza de algum fenômeno que podem ser representados por funções de uma ou
mais variáveis independentes.

Como exemplo de sinais, temos:


 Sinais sonoros, como músicas, sons de instrumentos, vozes, ruídos e bati-
das.
 Sinais visuais, como imagens, gráficos e vídeos.
 Sinais elétricos, como ondas de tensão e corrente em circuitos eletrônicos.
 Sinais biomédicos, como eletrocardiogramas, eletroencefalogramas e sinais
de ressonância magnética.
 Sinais de comunicação, como sinais de rádio, televisão e telefonia.
 Sinais geofísicos, como ondas sísmicas e eletromagnéticas.
 Sinais de processamento de dados, como sinais de áudio e vídeo digitais.
 Sinais de controle, como sinais de acionamento de motores e sistemas de
automação.

Um sistema é o conjunto de elementos que são capazes de processar ou modifi-


car os sinais aplicados em sua entrada, produzindo outros sinais na saída.

Em um circuito elétrico, por exemplo, as tensões e correntes dadas em função


do tempo são exemplos de sinais. Já o circuito elétrico, que responde às tensões e
correntes aplicadas, é um sistema.

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Como outro exemplo, quando um motorista de automóvel pressiona o pedal do
acelerador, o veículo responde aumentando a velocidade. Nesse caso, a pressão
aplicada sobre o pedal do acelerador é o sinal aplicado à entrada do sistema e a
velocidade do veículo é o sinal de resposta dado na saída do sistema. Já o sistema,
nesse exemplo, é o veículo.

Observação:

Por conveniência, geralmente vamos nos referir à variável indepen-


dente como sendo o tempo, embora este nem sempre seja o caso, as técnicas
e análises estudadas se aplicam de maneira equivalente para outros tipos de
variáveis independentes.

1.1. SINAIS CONTÍNUOS E DISCRETOS


Nesta disciplina estudaremos dois tipos básicos de sinais: sinais de tempo
contínuo e sinais de tempo discreto.

Os sinais de tempo contínuo são representados por funções em que a variável


independente varia continuamente, ou seja, a variável independente pode assumir
infinitos valores entre uma determinada faixa de valores.

Um sinal de áudio dado pela variação de pressão em função do tempo, um sinal


de temperatura em função do tempo ou um sinal da pressão atmosférica em função
da altitude são exemplos de sinais contínuos. A figura a seguir ilustra um exemplo de
sinal contínuo:
Figura 1: Exemplo de sinal contínuo.

Fonte: OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais e Sistemas, 2. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. Pág. 3.

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Os sinais de tempo discreto são representados por funções em que a variável
independente é definida em uma sequência discreta de valores, ou seja, em um
determinado intervalo de valores a variável independente só pode assumir valo-
res específicos.

O produto interno bruto trimestral, as vendas mensais de uma corporação e as


médias diárias do mercado de ação são exemplos de sinais discretos no tempo, onde
a variável independente é inerentemente discreta. Os sinais discretos também incluem
os sinais extraídos de sucessivas amostras de sinais contínuos, para o qual a variável
independente é contínua, como por exemplo, as amostras de um sinal de áudio digital,
entre outros. A figura a seguir ilustra um exemplo de sinal discreto:
Figura 2: Exemplo de sinal discreto.

Fonte: OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais e Sistemas, 2. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. Pág. 3.

Para distinguir os sinais de tempo contínuo dos sinais de tempo discreto, utili-
zaremos o símbolo (t) para representar a variável independente de tempo contínuo e
utilizaremos o símbolo [n] para representar a variável independente de tempo discreto.
Repare que na figura 1 temos a representação gráfica de uma função x(t) que repre-
senta um sinal contínuo, onde a variável independente pode assumir qualquer valor
de t. Já na figura 2 temos a representação gráfica de uma função x[n] que representa
um sinal discreto, onde a variável independente assume somente valores inteiros de
n.

1.2. SINAIS ANALÓGICOS E DIGITAIS


Os termos contínuo no tempo e discreto no tempo qualificam a natureza do
sinal ao longo do eixo tempo (eixo horizontal). Já os termos analógico e digital qua-
lificam a natureza da amplitude do sinal (eixo vertical).

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Um sinal analógico é aquele cuja amplitude pode assumir infinitos valores.

A figura a seguir mostra a representação de um sinal analógico no tempo


contínuo (a) e um sinal analógico no tempo discreto (b):
Figura 3: Exemplo de sinal analógico em tempo contínuo (a); sinal analógico em tempo discreto (b).

Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. Pág. 88.

Um sinal digital é aquele cuja amplitude pode assumir apenas alguns números
finitos de valores.

Um sinal digital cuja amplitude pode assumir M valores é um sinal M-ário no


qual o binário (M = 2) é um caso especial.
A figura a seguir mostra a representação de um sinal digital no tempo contí-
nuo (a) e um sinal digital no tempo discreto (b):
Figura 4: Exemplo de sinal digital em tempo contínuo (a); sinal digital em tempo discreto (b).

Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. Pág. 88.

Observe que um sinal analógico não é necessariamente um sinal contínuo no


tempo e que um sinal digital não é necessariamente um sinal discreto no tempo.
Um sinal analógico pode ser convertido em um sinal digital através da quanti-
zação (arredondamento).

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Observação:

Devido à velocidade, confiabilidade, capacidade computacional e fle-


xibilidade, os processadores digitais modernos são usados para implementar
muitos sistemas práticos, que vão desde pilotos automáticos até os sistemas
de áudio e vídeo digitais. Estes sistemas possuem uma capacidade de pro-
cessamento finita e, portanto, requerem o uso de sinais digitais em tempo
discreto, representando versões amostradas de sinais de tempo contínuo.

1.3. SINAIS PERIÓDICOS E NÃO PERIÓDICOS


Um sinal periódico é uma classe de sinais que possuem a capacidade de não
se modificar pelo deslocamento no tempo de um período T ou múltiplos dele.
Para um sinal periódico de tempo contínuo x(t) existe um valor positivo T
para o qual:
𝑥(𝑡) = 𝑥(𝑡 + 𝑇) 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑡
O menor valor de T que satisfaz a condição dada pela equação anterior é o
período fundamental T0 da função x(t).

Um sinal periódico é uma classe de sinais que possuem ciclos que se repetem de
forma idêntica ao longo do tempo, em intervalos de tempo iguais ao período T. O
período fundamental é a menor duração de tempo após a qual o sinal se repete.

Para satisfazer a condição dada pela equação, um sinal periódico precisa pos-
suir ciclos que se repetem infinitamente, ou seja, o sinal periódico deve começar
em 𝑡 = −∞ e continuar até 𝑡 = +∞ . A figura a seguir mostra um exemplo de sinal
periódico de tempo contínuo e tempo discreto:
Figura 5: Exemplos de sinais periódicos.

Fonte: OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais e Sistemas, 2. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. Pág. 9.

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Os sinais periódicos em tempo discreto são definidos de modo análogo. Em
um sinal de tempo discreto x[n] é periódico com período N, em que N é um número
inteiro positivo:
𝑥[𝑛] = 𝑥[𝑛 + 𝑁] 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑛
Da mesma forma, o período fundamental N0 é o menor valor positivo de N
para que a equação seja válida, no entanto os múltiplos de N (2N, 3N, ...) também
atendem a equação.
Os sinais que não atendem aos critérios citados anteriormente e para os sinais
onde x(t) é uma constante, o período é indefinido. Estes sinais são classificados como
sinais aperiódicos ou não periódicos.

Um sinal é não periódico se ele não possuir um período definido.

A figura a seguir ilustra um sinal não periódico de tempo contínuo:


Figura 6: Exemplo de sinal não periódico.

Fonte: OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais e Sistemas, 2. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. Pág. 9.

1.4. ENERGIA E POTÊNCIA DO SINAL


A energia e potência do sinal são grandezas de medidas de um sinal. Vale
lembrar que, genericamente, a amplitude de um sinal x(t) varia com o tempo e, por-
tanto, não é possível medir um sinal diretamente por sua amplitude variante. Por isso,
para medir um sinal deve-se levar em consideração não apenas a amplitude do sinal,
mas também a sua duração.
Poderíamos considerar a área abaixo do sinal x(t) como uma possível medida
de seu tamanho, pois a área considera não somente a amplitude, mas também a du-
ração. No entanto, esta medida ainda possui problemas, pois mesmo um sinal grande
pode possuir áreas positivas e negativas que se cancelam, indicando de forma errô-
nea um sinal de tamanho pequeno. Para corrigir este problema, podemos medir a área
abaixo da função x2(t), a qual é sempre positiva, ao invés da área de x(t). Essa medida

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é chamada de energia do sinal Ex. Para um sinal real e complexo de tempo contí-
nuo, a energia do sinal Ex é definida por:

𝐸𝑥 = ∫ |𝑥(𝑡)|2 . 𝑑𝑡
−∞

O |𝑥(𝑡)| representa o módulo de um número 𝑥, possivelmente complexo. Os


limites de integração também podem ser 𝑡1 e 𝑡2 para se medir a energia total no inter-
valo de tempo 𝑡1 ≤ 𝑡 ≤ 𝑡2 , no entanto, será de nosso interesse em muitas situações,
analisar a energia e potência em sinais ao longo de um intervalo de tempo com dura-
ção infinita −∞ ≤ 𝑡 ≤ +∞.
Do mesmo modo, a energia total em um sinal de tempo discreto x[n] no in-
tervalo de tempo de −∞ ≤ 𝑛 ≤ +∞ é dada por:

𝐸𝑥 = ∑ |𝑥[𝑛]|2
𝑛=−∞

A medida de energia de um sinal é uma interessante forma de medir o tama-


nho de um sinal quando esta medida resulta em um valor finito. Uma condição ne-
cessária para que a energia seja finita é que o sinal tenha uma duração finita. Entre-
tanto, para alguns sinais como, por exemplo, sinais iguais a um valor constante dife-
rente de zero para todo t ou n, são sinais que possuem energia infinita. Para o caso
de um sinal com energia infinita a medida de potência do sinal é mais interessante. A
potência de um sinal nada mais é do que a energia média ao longo do tempo, logo
para um sinal de tempo contínuo, temos:
1 𝑇
𝑃𝑥 = lim ∫ |𝑥(𝑡)|2 . 𝑑𝑡
𝑇→∞ 2𝑇 −𝑇

Para um sinal de tempo discreto temos que a potência é dada por:


+𝑁
1
𝑃𝑥 = lim ∑ |𝑥[𝑛]|2
𝑁→∞ 2𝑁 + 1
𝑛=−𝑁

A partir dos conceitos de energia e potência de um sinal, podemos distinguir


três situações:
 Para um sinal de energia finita temos uma potência igual a zero.
 Para um sinal de potência finita diferente de zero temos uma energia
infinita, pois se há energia média diferente de zero ao integrá-la ou soma-la
em um intervalo de tempo infinito resulta em uma quantidade infinita de ener-
gia.

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 Para os sinais onde a amplitude tende a ±∞ ao longo do tempo, nem a po-
tência e nem a energia são finitos.

Um sinal de energia é aquele que possui energia finita, enquanto um sinal de


potência é aquele que possui uma potência não nula e finita.

A figura a seguir mostra exemplo de sinal com energia finita (a) e sinal com
potência finita (b):
Figura 7: Exemplo de sinal com energia finita e potência zero (a) e sinal com potência finita e energia infinita (b).

Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. Pág. 76.

Observação:

Os termos “potência” e “energia” são usados para medir o tamanho de


um sinal independentemente das grandezas utilizadas nas equações serem ou
não relacionadas à energia física. Ainda que essa relação exista, as equações
de energia e potência mostradas podem ter dimensões ou escalas erradas se
comparada à energia física.

1.5. SISTEMAS LINEARES E NÃO LINEARES

Um sistema linear é um sistema que produz um sinal de saída em resposta aos


sinais de entrada respeitando-se a propriedade da homogeneidade e da aditivi-
dade.

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A propriedade da homogeneidade (escalamento) determina se um sistema é
proporcional, ou seja, se um sinal de entrada for multiplicado por uma constante k, o
sinal de saída também será multiplicado por k. Isso significa que, se x(t) é a entrada
de um sistema linear e y(t) é a saída correspondente, então, se o sistema atende a
esta propriedade, ky(t) é a resposta do sistema para kx(t), para qualquer constante k.
Já a propriedade da aditividade diz que, se dois ou mais sinais de entrada
são somados, o sinal de saída é igual à soma das respostas individuais do sistema a
cada sinal de entrada aplicado separadamente. Em outras palavras, se x1(t) e x2(t)
são entradas de um sistema linear e y1(t) e y2(t) são as saídas individuais e separadas
correspondentes, então, se o sistema atende a esta propriedade, y1(t) + y2(t) será a
resposta do sistema para quando a entrada for x1(t) + x2(t).
As duas propriedades que definem um sistema linear podem ser combinadas
pelas relações:
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡í𝑛𝑢𝑜: 𝑎𝑥1 (𝑡) + 𝑏𝑥2 (𝑡) → 𝑎𝑦1 (𝑡) + 𝑏𝑦2 (𝑡)
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜: 𝑎𝑥1 [𝑛] + 𝑏𝑥2 [𝑛] → 𝑎𝑦1 [𝑛] + 𝑏𝑦2 [𝑛]
Onde a e b são constantes quaisquer.
Essas propriedades tornam os sistemas lineares mais fáceis de analisar e de
projetar matematicamente, além de permitir o uso de ferramentas matemáticas como
o teorema da superposição.
Um sistema não linear é um sistema que não atende simultaneamente às pro-
priedades da homogeneidade e da aditividade.

1.6. SISTEMAS INVARIANTES E VARIANTES NO TEMPO

Um sistema é invariante no tempo se o comportamento e as características do


sistema são fixos ao longo do tempo. Também são chamados de sistemas com
parâmetros constantes.

Para os sistemas invariantes no tempo, se a entrada for atrasada por T se-


gundos, a saída será a mesma, porém atrasada pelos mesmos T segundos.
A figura a seguir mostra as respostas fornecidas por um sistema invariante no
tempo com a entrada x(t) e com entrada atrasada x(t – T):

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Figura 8: Exemplo de sistema invariante no tempo com entrada x(t) em (a) e x(t - T) em (b).

Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. Pág. 107.

Um circuito elétrico composto por resistor, capacitor e indutor (RLC) é um


exemplo de sistema invariante no tempo se os valores de resistência, capacitância e
indutância forem constantes ao longo do tempo. Neste caso, obteríamos amanhã exa-
tamente os mesmos resultados de um experimento que fizemos hoje com esse
mesmo circuito.

1.7. SISTEMAS INSTANTÂNEOS E DINÂMICOS

Um sistema instantâneo, também chamado de sistema sem memória, é um sis-


tema cuja saída em qualquer instante de tempo depende apenas da(s) entrada(s)
fornecida(s) no instante t.

Nos sistemas instantâneos a história passada é irrelevante na determina-


ção da resposta. Nos circuitos resistivos, por exemplo, a saída do circuito em qualquer
instante de tempo t depende apenas da entrada no instante t. A equação a seguir
ilustra o exemplo do circuito resistivo onde a entrada x(t) é representada pela corrente
e a saída y(t) é representada pela tensão:
𝑦(𝑡) = 𝑅𝑥(𝑡)
Um sistema dinâmico, também chamado de sistema com memória, é um sistema
cuja saída em qualquer instante de tempo depende de todo o histórico da(s) en-
trada(s) fornecida(s).

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Um circuito capacitivo é um exemplo de sistema com memória, pois se a en-
trada x(t) é tida como a corrente, e a saída é a tensão y(t), temos:
1 𝑡
𝑦(𝑡) = ∫ 𝑥(𝑡). 𝑑𝑡
𝐶 −∞
Repare que o conceito de memória em um sistema corresponde à presença
de um mecanismo que retém ou guarda a informação sobre os valores de entrada em
instantes anteriores.
Em muitos sistemas físicos de tempo contínuo a memória está associada ao
armazenamento de energia, como no exemplo do capacitor. Um outro exemplo seria
um automóvel cuja velocidade de saída dependerá da memória armazenada em sua
energia cinética.
Em sistemas de tempo discretos, implementados com computadores ou mi-
croprocessadores digitais, a memória é tipicamente associada, de forma direta, aos
registros de armazenamento que retêm os valores entre os pulsos de clock.
Um sistema dinâmico é um sistema que evolui com o tempo e seu comporta-
mento pode ser descrito por uma equação diferencial.

1.8. SISTEMAS CAUSAL E NÃO CAUSAL

Um sistema causal, também conhecido como sistema não antecipativo, é aquele


cujo valor de saída no instante presente depende apenas do valor presente e
passado da entrada x(t), e não de seus valores futuros.

Em um sistema causal a saída não pode começar antes da entrada ser apli-
cada. Um circuito composto por resistor e capacitor (RC) é causal, uma vez que, a
tensão do capacitor depende apenas dos valores presentes e passados da fonte de
tensão. Outro exemplo seria um automóvel, cujo movimento depende das ações pre-
sentes e passadas do motorista, em outras palavras, o movimento do automóvel não
antecipa ações futuras do motorista.
Qualquer sistema prático que opera no tempo real deve necessariamente
ser causal. Ainda não somos capazes de construir um sistema que possa responder
às entradas futuras (entradas que ainda não foram aplicadas).
Um sistema que viola a condição de causalidade é chamado de sistema não
causal (ou antecipativo).

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Um sistema não causal é um sistema hipotético que conhece a entrada futura e


atua nela no presente. É também chamado de sistema antecipativo.

Sistemas não causais são realizáveis quando a variável independente não


for o “tempo”, por exemplo, se tal variável for o “espaço”. Dessa forma, uma carga
elétrica 𝑞(𝑥) colocada ao longo do eixo 𝑥 para 𝑥 ≥ 0 produz campo elétrico 𝐸(𝑥) que
está presente em todos os pontos do eixo 𝑥, de 𝑥 = −∞ 𝑎 + ∞. Nessa caso, a entrada
que começa em 𝑥 = 0, gera como resposta uma saída que começa antes de 𝑥 = 0.
Dessa forma, este sistema espacial é um exemplo de sistema não causal.

1.9. SISTEMAS ESTÁVEIS E INSTÁVEIS

Um sistema estável é aquele em que as entradas limitadas aplicadas aos termi-


nais de entradas resultam em uma saída limitada (módulo não cresce sem limites).

A estabilidade dos sistemas físicos geralmente resulta da presença de me-


canismos que dissipam energia.
Como exemplo, se considerarmos a força x(t) aplicada em um pêndulo como
entrada e o desvio angular y(t) como a saída, temos que a gravidade tende a fazer
com que o pêndulo regresse para a posição vertical, e as perdas por atrito e resistên-
cia do ar tendem a desacelerar o pêndulo. Dessa forma, se uma força pequena é
aplicada, o desvio resultante da vertical também será pequeno. Em contraste, em um
pêndulo invertido a gravidade tende a aumentar o desvio da vertical. Nesse caso, uma
pequena força aplicada leva a um grande desvio vertical que faz com que o pêndulo
caia, independentemente de quaisquer forças de retardamento devidas ao atrito.
Como outro exemplo, se aplicarmos força a um automóvel a sua velocidade
aumentará, mas não sem limite, pois a força de retardo por atrito também aumentará
com a velocidade, até o ponto em que a força de atrito e a força aplicada entrem em
equilíbrio. No entanto, se não houvesse atrito, mesmo uma força limitada aplicada na
entrada seria capaz de fazer a velocidade crescer sem limites.

Um sistema é considerado instável quando, após à aplicação de entrada(s) limi-


tada(s), a resposta do sistema cresce de forma descontrolada e ilimitada ao
longo do tempo. Em outras palavras, um sistema instável é aquele cuja saída di-
verge com o tempo. Essa característica o torna incontrolável e impraticável.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.

OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais e Sistemas, 2. Ed. São Paulo:
Pearson, 2010.

OPPENHEIM, ALAN V.; SCHAFER, RONALD W.. Processamento em tempo dis-


creto de sinais, 3. Ed. São Paulo: Pearson, 2012.

OGATA, KATSUHIKO. Engenharia de controle moderno, 5. Ed. São Paulo: Pear-


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MAYA, PAULO; LEONARDI, FABRIZIO. Controle essencial, 2. Ed. São Paulo: Pe-
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SOUZA, ANTONIO CALOS ZAMBRONI DE; [et. al]. Projetos, simulações e experi-
ências de laboratório em sistemas de controle, 1. Ed. Rio de Janeiro: Interciên-
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DISTEFANO III, JOSEPH J.; STUBBERUD, ALLEN R.; WILLIAMS, IVAN J.. Sistemas
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ZILL, DENIS G. Equações diferenciais com aplicações em modelagem, 3. Ed. São


Paulo: CENGAGE Learning, 2016.

NAGLE, R. KENT; SAFF, EDWARD B.; SNIDER, ARTHUR DAVID. Equações dife-
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STELLE, ÁLVARO LUIZ. Apostila de Sinais e Sistemas, 1. Ed. Curitiba: CEFET-PR,


2005.

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