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TEORIA DE SINAIS I

Por: Higidio Miezi


INTRODUÇÃO À CADEIRA DE TEORIA DE SINAIS I

A cadeira de Teorias de Sinais I tem como objetivo permitir ao


Estudante a associação dos conceitos matemáticos com os
fenómenos da natureza, para a compreensão e a análise do
comportamento de sinais e sistemas, bem como identificar, partindo
das características físicas da informação, a interferência e o ruído, o
modelo matemático mais adequado ao problema objecto de análise,
assim como representar em forma gráfica ou tabulada a dependência
entre duas ou mais magnitudes e calcular, selecionando o método
matemático, analítico, numérico ou gráfico, tal como os algoritmos
que simulem os processos e modelos nas máquinas computadores, as
magnitudes e parametros fundamentais dos processos dos modelos
dos sinais.
Os conhecimentos adquiridos nesta cadeira são básicos para o
aprendizado e análise de vários conteúdos essenciais à formação
de um engenheiro.

Neste primeiro Capítulo serão introduzidos os conceitos


fundamentais e as operações básicas da teoria de sinais.

A metodologia de aprendizado utilizada nesta cadeira é apresentar


a teoria de sinais e sistemas de maneira integrada e, sempre que
possível, visualizar os fenómenos físicos existentes na natureza
como a origem da teoria e não o contrário.
INTRODUÇÃO AOS SINAIS E SISTEMAS

Sinais: São funções de uma ou mais variáveis independentes que


tipicamente contêm informação sobre o comportamento ou as
características de um determinado fenómeno físico.

– Um sinal de voz pode ser representado matematicamente


como uma função do tempo
– Um imagem fotográfica pode ser representada matematicamente
como a variação do brilho e da cor em função de duas variáveis no
espaço

Sinais geralmente transportam informações a respeito do estado ou


do comportamento de um sistema físico e, geralmente, são
sintetizados para a comunicação entre humanos ou entre humanos
e máquinas
Sistemas: Os sistemas são modelos matemáticos, ou abstrações
sobre a realidade, que excitados por uma ou mais entradas (sinais)
produzem nas saídas as respostas (sinais) correspondentes.
Entrada e saída partilham entre si uma relação de causa-efeito.

Num circuito elétrico, tensões e correntes como funções do tempo


são exemplos de sinais, enquanto que o circuito representa um
sistema.

Quando um automobilista pressiona o acelerador, o automóvel


responde aumentando a velocidade. Neste caso, o sistema é o
automóvel; a posição do acelerador é o sinal de entrada e a
velocidade do veículo a resposta do sistema.

Uma máquina fotográfica é um sistema que recebe luz oriunda de


diferentes fontes luminosas e reflectidas por diversos objectos e
produz como saída uma fotografia.
SINAIS
Em relação aos sinais, podem-se destacar as seguintes definições e
considerações iniciais:

Sinal: entidade que carrega informação.

Visão matemática de sinal: variável funcionalmente dependente de uma


ou mais variáveis independentes. Ex: y = f(x), z = f(x; y), w = f(x; y; z).

Visão física de sinal: grandeza física.

Tipos de sinais de acordo com o numero de variáveis independentes:

 Unidimensional. Ex: áudio = f(t).


 Bidimensional. Ex: imagem = f(x; y).
 Tridimensional. Ex: vídeo = f(x; y; t).
 Multidimensional. Ex: tomografia/sismologia = f(v1(t); v2(t); ; uV
(t); t).
Utilizados para descrever fenómenos

• Exemplos

• altitude de um avião ao longo de um voo

• temperatura da água do mar em função da


profundidade

• precipitação total diária registada por uma


estação meteorológica

• variação espacial da intensidade de uma


imagem monocromática
CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS
Sinais Aleatórios
– Um sinal aleatório é um sinal sobre o qual há incertezas
associadas ao seu valor em qualquer instante de tempo .

– Só podem ser representados por suas características


estocásticas (média, variância, autocorrelação etc).

• Não podem ser representados por uma função analítica (não é


possível determinar precisamente o valor do sinal em um dado
instante de tempo)
Sinais Determinísticos

– Podem ser representados por uma função analítica

• É possível determinar precisamente o valor do sinal em um


dado instante de tempo
Sinais unidimensionais e multidimensionais

Os sinais que possuem apenas uma variável independente


(ano, tempo, etc) são chamados de unidimensionais.

Por outro lado, uma imagem de vídeo é um sinal


bidimensional, que indica uma função (luminosidade) com
duas variáveis independentes de posição. Uma projeção
holográfica ou um diagrama de irradiação de uma antena são
sinais tridimensionais com três variáveis de posição.
Portanto são sinais multidimensionais.
Sinais contínuos e Sinais discretos

Sinais contínuos (no tempo): x(t)


quando o domínio é um subconjunto dos números reais,
isto é,

Sinais discretos (no tempo): x[n]


quando o domínio é um subconjunto dos números
inteiros;
Para distinguir os sinais contínuos e discretos no tempo nós
usaremos:

“t” para denotar o tempo como variável independente contínua e


“n” para denotar o tempo como variável independente discreta.

 Além disso, nos sinais contínuos usaremos parêntesis normais ( ),


x(t), y(t), v(t), etc.
 Enquanto que nos sinais discretos usaremos parêntesis recto [ ],
x[n], y[n], v[n], etc.

Um sinal discreto pode ser a representação de um fenómeno


(sistema) inerentemente discreto, como por exemplo o caso de
índices demográficos ou os índices da bolsa de valores. Por outro
lado há também sinais discretos no tempo que são oriundos da
amostragem de sinais contínuos.
Sinais contínuos

Sinais discretos
Sinais Analógicos e Sinais Digitais

Sinais Analógicos

– Variação contínua da amplitude


– Número infinito de símbolos

Exemplos de Sinais Analógicos:

a) Som como onda mecânica no ar, água ou fio;

b) O nível de óleo do carro utilizando uma régua para fazer a


medição.
Sinais Digitais

– Variação discreta da amplitude

– Número finito de símbolos

– Maior imunidade ao ruído e distorção do canal

– Regeneração do sinal empregando repetidores

– Codificação

• Multiplexação de sinais digitais é mais simples e eficiente


Exemplos de Sinais Digitais:

a) Arquivo de áudio MP3 armazenado com 44100 amostras


por segundo e 16bits de resolução a cada amostra;

b) Redes de Computadores, onde a camada física recebe


uma sequência de bits;
Classificação quanto à periodicidade (Sinais Periódicos e Não
Periódicos)
a) Sinais de tempo contínuo
· Um sinal x(t) é dito periódico quando satisfizer a condição x(t) = x(t
+ T ) para todo t e T é uma constante positiva.

· O menor valor de T que satisfaz esta condição é chamado de período


fundamental de x(t).

· O inverso do período fundamental é a frequência fundamental, que,


quando o período é medido em segundos, é dada em Hertz (Hz).
1
𝑓=
𝑇
· Também definimos a frequência angular do sinal, medida em
radianos por segundo como:
2𝜋
𝜔=
𝑇
· Quando o sinal não apresenta um período mínimo T é chamado de
aperiódico.
b) Sinais de tempo discreto
· A classificação de sinais em sinais periódicos e aperiódicos apresentada
até agora se aplica a sinais de tempo contínuo. Consideraremos a seguir o
caso de sinais de tempo discreto.

· Diz-se que um sinal de tempo discreto x[n] é periódico se ele satisfizer a


condição x[n] = x[n + N], para todos os números inteiros n e N um
número inteiro positivo.

· O menor valor de N que satisfaz a definição anterior é chamado de


período fundamental do sinal de tempo discreto x[n]. A frequência angular
fundamental ou, simplesmente, frequência fundamental de x[n] é definida
por:
2𝜋
Ω=
𝑁
que é medida em radianos.
· Lembre-se: O período de um sinal de tempo discreto é
obrigatoriamente um número inteiro. Assim, sua frequência angular
fundamental Ω não pode assumir qualquer valor.
Sinais Pares e Ímpares
Um sinal 𝑥 −𝑡 ou 𝑥[−𝑛] é um sinal par se:

𝑥(−𝑡) = 𝑥(𝑡)
• Função Pares
𝑥[−𝑛] = 𝑥 𝑛
Um sinal 𝑥 −𝑡 ou 𝑥[−𝑛] é um sinal ímpar se:
𝑥 −𝑡 = −𝑥(𝑡)
• Função Ímpares
𝑥 −𝑛 = −𝑥 𝑛

Qualquer sinal pode ser expresso como a soma de dois sinais, um par
e outro ímpar:
𝑥 𝑡 = 𝑥𝑝 𝑡 + 𝑥𝑖 𝑡
𝑥 𝑛 = 𝑥𝑝 𝑛 + 𝑥𝑖 𝑛
Onde:

1
𝑥𝑝 𝑡 = 𝑥 𝑡 + 𝑥 −𝑡 é a componente par de 𝑥 𝑡
2

1
𝑥𝑖 𝑡 = 𝑥 𝑡 − 𝑥 −𝑡 é a componente ímpar de 𝑥 𝑡
2

• Sinal Par • Sinal Ímpar


Sinais de energia e de potência
a) Sinais de tempo contínuo
· Em sistemas elétricos, um sinal pode representar uma tensão ou
uma corrente.

Considere uma tensão v(t ) aplicada a um resistor de resistência R


, produzindo uma corrente i(t ). A potência instantânea dissipada
no resistor é definida por

𝑣 2 (𝑡)
𝑃(𝑡) = ou 𝑃(𝑡) = 𝑅𝑖 2 (𝑡)
𝑅

· Vemos assim que a potência instantânea P(t) é proporcional à


amplitude do sinal elevada ao quadrado. Além do mais, para R =
1Ω , vemos que a potência P(t) é exatamente igual à amplitude ao
quadrado do sinal.
· Baseado nisso, em análise de sinais, costuma-se definir a
potência instantânea de um sinal x(t) como: 𝑃(𝑡) = 𝑋 2 (𝑡)
· Lembrando que a energia é o produto da potência pelo tempo, costuma-
se definir a energia total do sinal x(t) como:

· Também definimos a potência média de um sinal x (t ) como

· Para sinais periódicos, podemos calcular a potência média tomando a


média apenas num período ao invés de tomar todo o eixo dos tempos. Para
um sinal x (t ) periódico de período fundamental T , temos:
b) Sinais de tempo discreto
· No caso de um sinal de tempo discreto x[n], as integrais anteriores são
substituídas pelas somas correspondentes. Dessa forma, a energia total de
x[n] é definida por:

e sua potência média é definida por:

Novamente, para um sinal periódico, basta tomarmos a média de um


período para o cálculo da potência média. Assim, para o caso de um sinal
x[n] com período fundamental N ,
· Um sinal é chamado de sinal de energia se e somente se a energia total
do sinal satisfizer a condição

· Um sinal é chamado de sinal de potência se e somente se a potência


média do sinal satisfizer a condição

· Pode-se mostrar que as classificações de energia e potência de sinais


são mutuamente exclusivas. Em especial, um sinal de energia tem
potência média zero enquanto que um sinal de potência tem energia
infinita.
Sinais reais e Sinais complexos

Um Sinal X (t) é um sinal real se os seus valores forem reais, e X (t) é um


sinal complexo se os seus valores formarem um n´mero complexo. Um
sinal complexo X (t) genérico é uma função da forma
x (t) = 𝒙𝟏 𝒕 + 𝒋𝒙𝟐 𝒕

onde 𝑥1 𝑡 e 𝑥2 𝑡 são reais e 𝑗 = −1. Nota que, t pode representar uma


variável contínua ou discreta.
Exercícios
1. Considera o par de sinais mostrados na figura abaixo. Qual destes dois sinais e par,
e qual é ímpar ?

2. Considera a figura que mostra uma onda triangular. Qual é a frequência


fundamental desta onda? Expressa a frequência fundamental em Hz ou rad/s.
3. Qual é a frequência fundamental da onda quadrada de tempo discreto mostrada
na figura abaixo?
4. Calcule o tamanho do sinal de energia nas figuras abaixo

5. Encontre a medida adequada do sinal de energia apresentado abaixo

𝑡, 0≤𝑡≤1
𝑥 𝑡 = 2 − 𝑡, 1≤𝑡≤2
0, 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜

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