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Sinais e Sistemas em Tempo Discreto

Mylène Christine Queiroz de Farias


mylene@ene.unb.br
http://www.ene.unb.br/mylene

Tópico 03: Amostragem - P2


Sumário

1 Representação de Sinais Digitais no Domı́nio da Frequência

2 Amostragem Espectral

3 Série Discreta de Fourier

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Sinais Digitais no Domı́nio da Frequência

Podemos decompor um sinal digital em senóides que estão


relacionadas harmonicamente utilizando a Série de Fourier de
Tempo Discreto.
Assumindo que o sinal digital é periódico.

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Sinais Digitais no Domı́nio da Frequência

Uma representação no domı́nio da frequência de um sinal digital


aperiódico pode ser feito utilizando a Transformada de Fourier
Discreta no Tempo, uma generalização da Série de Fourier Discreta
no Tempo.
Um sinal aperiódico seria representado como uma soma poderada de
infinitos sinais senoidais digitais.

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Sinais Digitais no Domı́nio da Frequência

Uma representação no domı́nio da frequência de um sinal digital


aperiódico pode ser feito utilizando a Transformada de Fourier
Discreta no Tempo, uma generalização da Série de Fourier Discreta
no Tempo.
Um sinal aperiódico seria representado como uma soma poderada de
infinitos sinais senoidais digitais.
Observação: Diferentemente dos sinais analógicos, uma soma
ponderada de sinais periódicos digitais é sempre um sinal periódico.

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Sinais Digitais no Domı́nio da Frequência

Perı́odo Fundamental
Sejam x̃1 [n] e x̃2 [n] dois sinais digitais periódicos com perı́odos
fundamentais (de valor inteiro) N1 e N2 , respectivamente.

Como x̃1 [n] é uma sequência periódica com perı́odo fundamental N1 ,


temos que:
x̃1 [n] = x̃1 [n + k1 N1 ]
no qual k1 é um número inteiro positivo.
Da mesma forma, x̃2 [n] é uma sequência periódica com perı́odo
fundamental N2 , temos que:

x̃2 [n] = x̃2 [n + k2 N2 ]

no qual k1 é um número inteiro positivo.

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Sinais Digitais no Domı́nio da Frequência

Perı́odo Fundamental
Sejam x̃1 [n] e x̃2 [n] dois sinais digitais periódicos com perı́odos
fundamentais (de valor inteiro) N1 e N2 , respectivamente.

A sequência x̃[n] = x̃1 [n] + x̃2 [n] será uma sequência periódica com
perı́odo fundamental N0 se:

x̃[n] = x̃1 [n + N0 ] + x̃2 [n + N0 ] = x̃1 [n + k1 N1 ] + x̃2 [n + k2 N2 ]

A condição acima será satisfeita se

N 0 = K1 N 1 = k 2 N 2

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Sinais Digitais no Domı́nio da Frequência

Perı́odo Fundamental
Sejam x̃1 [n] e x̃2 [n] dois sinais digitais periódicos com perı́odos
fundamentais (de valor inteiro) N1 e N2 , respectivamente.

A condição acima será satisfeita se

N 0 = K1 N 1 = k 2 N 2

Logo, o perı́odo fundamental N0 da sequência x̃[n] é dada pelo


mı́nimo múltiplo comum (MMC) entre N1 e N2 .
Se considerarmos M sequências periódicas x̃i [n] (1 ≤ i ≤ M), cada
uma com perı́odo fundamental Ni .
O perı́odo fundamental da soma ponderada destas M sequências é
dada por: N0 = MMC(N1 , . . . , NM )

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Exemplo 01
Considere x̃[n] = x̃1 [n] + x̃2 [n] + x̃3 [n], onde:
x̃1 [n] = cos(πn/6)
x̃2 [n] = cos(πn/8)
x̃3 [n] = cos(πn/4)
Qual o perı́odo fundamental de x̃[n]?

N1 = 12; N2 = 16; N3 = 8
N0 = MMC(12, 16, 8) = 48
Sequências Senoidais Relacionadas Harmonicamente

Sejam x̃1 [n] = sen(ω1 n) e x̃2 [n] = sen(ω2 n)


Estas duas sequências senoidais são relacionadas harmonicamente se
as suas frequências angulares são múltiplos de uma frequência angular
ω0 de menor valor. Ou seja, se ω1 = K1 ω0 e ω2 = K2 ω0 (k1 e k2 são
inteiros positivos).
O menor valor de ω0 que satisfaz a estas equações é a frequência
fundamental e ω1 e ω2 são as harmônicas.
� 2ω0 é a segunda harmônica;
� 3ω0 é a terceira harmônica;
� etc.

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Sequências Senoidais Relacionadas Harmonicamente

Logo, uma soma de sequências senoidais harmonicamente


relacionadas é uma sequência periódica.
O perı́odo fundamental N0 é o perı́odo fundamental da sequência com
menor frequência angular, que pode ou não estar presente no sinal.
O perı́odo fundamental N0 da soma da k-ésima e da �-élima
harmônica é
N0 = MMC(N0 /k, N0 /�).

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Exemplo 02
Considere x̃[n] = sen(0, 05πn) + 0, 5sen(0, 1πn) + 0, 2sen(0, 25πn). Qual o
perı́odo fundamental de x̃[n]?

Observe que as três frequências são relacionadas harmonicamente


ω1 = 0, 025; ω2 = 0, 05; ω3 = 0, 0125
Os perı́odos fundamentais para estas 3 sequências são:
N1 = 40; N2 = 20; N3 = 8
N0 = MMC(40, 20, 8) = 40
Amostragem Espectral

Um sinal limitado no tempo x(t) existe somente em um intervalo


finito de τ segundos, sendo caracterizado por X (t) = 0 para t < T1 e
t > T2 (assumindo T2 > T1 ). A largura ou duração do sinal é
τ = T2 –T1 segundos.

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Amostragem Espectral

O teorema da amostragem espectral afirma que o espectro X (ω) de


um sinal x(t) limitado no tempo de duração τ segundos pode ser
reconstruı́do das amostras de X (ω) tomadas a uma taxa R
amostras/Hz, em R > τ (a largura ou duração do sinal), em
segundos.

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Amostragem Espectral
O sinal limitado no tempo x(t) e sua transformada de Fourier X (ω).
� ∞ � τ
−jωt
X (ω) = x(t)e dt = x(t)e −jωt dt
−∞ 0

Construı́mos, agora, xT0 (t), um sinal periódico formado pela repetição


de x(t) a cada T0 segundos (T0 > τ ). Esse sinal periódico pode ser
descrito pela seguinte série exponencial de Fourier:
�∞

xT0 (t) = Dn e jnω0 t , ω0 =
n=−∞
T0

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Amostragem Espectral

� 2π
xT0 (t) = Dn e jnω0 t , ω0 =
n=−∞
T0
na qual (assumindo T0 > τ ):
� T0 � τ
1 1
Dn = x(t)e −jnω0 t dt = x(t)e −jnω0 t dt
T0 0 T0 0
Logo:
1
Dn = X (nω0 )
T0

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Amostragem Espectral

Os coeficientes das séries de Fourier para xT0 (t) são (1/T0 ) vezes os
valores das amostras do espectro de X (ω) tomadas a intervalos de ω0 .
O espectro do sinal periódico xT (t) é o espectro X (ω) amostrado.
Desde que T0 > τ , os ciclos sucessivos de x(t) que aparecem em
xT0 (t) não se sobrepõem e x(t) pode ser recuperado de xT0 (t).
X (ω) pode ser reconstruı́do de suas amostras, que são separadas pela
frequência fundamental f0 = 1/T0 Hz do sinal periódico xT0 (t).

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Amostragem Espectral
A condição para a recuperação é T0 > τ ou f0 < 1/τ Hz.
Para sermos capazes de reconstruir o espectro X (ω) das amostras de
X (ω), as amostras devem ser tomadas em intervalos de frequência
f0 < 1/τ Hz.
Se R é a taxa de amostragem (amostras/Hz), então

1
R= > τ amostras/Hz
f0

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Interpolação Espectral
Considere um sinal limitado no tempo a τ segundos e centrado em Tc .
Como mostramos que o espectro X (ω) de x(t) pode ser reconstruı́do
das amostras de X (ω)?

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Interpolação Espectral
Considere um sinal limitado no tempo a τ segundos e centrado em Tc .
Como mostramos que o espectro X (ω) de x(t) pode ser reconstruı́do
das amostras de X (ω)?
Fórmula de interpolação espectral:
�∞ � �
ωT0
X (ω) = X (nω0 )sinc − nπ e −j(ω−nω0 )Tc ,
n=−∞
2


com ω0 = T 0
e T0 > τ .
No exemplo anterior, Tc = T0 /2.
Se o pulso x(t) estiver centrado na origem, então Tc = 0 e o termo
exponencial desaparece. Nesse caso, a Eq. (8.18) fica sendo o dual
exato da expressão de interpolação no tempo:


x(t) = x(nT )sinc (2πBt − nπ)
n=−∞

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Exemplo 1
O espectro X (ω) de um sinal x(t) de duração unitária, centrada na
origem, é amostrado a intervalos de 1 Hz ou 2π rad/s (taxa de Nyquist).
As amostras são:

X (0) = 1, e X (±2πn) = 0, n = 1, 2, . . .

Obtenha x(t)

Utilizaremos a fórmula de interpolação com Tc = 0 para construir X (ω)


de suas amostras. Como todas as amostras de Nyquist são zero, exceto
uma, teremos apenas um termo (correspondente a n = 0) no somatório.
Portanto, com X (0) = 1 e τ = T0 = 1, obtemos:
�ω �
X (ω) = sinc , x(t) = ret(t).
2
Para um sinal de duração unitária, este é o único espectro com valores de
amostra X (0) = 1 e X (2πn) = 0 (n �= 0). Nenhum outro espectro satisfaz
essas condições.
Série Discreta de Fourier

Uma representação matemática de uma sequência periódica como


uma soma ponderada de sequências senoidais é possı́vel se as
frequências das senóides forem harmonicamente relacionadas.
Esta decomposição é a expansão em Série Discreta de Fourier (SDF).
A grande diferença entre a SDF e a SF é o tipo de sinal que cada
uma pode representar.
� O sinal analógico tem um intervalo de frequência 0 ≤ Ω < ∞. Logo, a
SF terá senóides com frequências angulares kΩ0 = 1πT0 , 0 ≤ k < ∞.
� No caso do sinal digital, o intervalo de frequência ω está no intervalo
0 ≤ ω < 2π. Logo, a SDF terá senóides com frequências angulares
kω0 = 1πN0 , 0 ≤ k < N0 − 1.

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Série Discreta de Fourier
SDF
A representação de um sinal periódico digital x̃[n] de perı́odo fundamental
N0 é:
N�0 −1
j2π kn
x̃[n] = ck e N0
k=0

SDF - Coeficientes
Os coeficientes da SDF podem ser obtidos da seguinte fórmula
N0 −1
1 � −j2π Nkn
ck = x̃[n]e 0
N0
n=0

onde 0 ≤ k ≤ N0 − 1. As constantes ck são números complexos, exceto


por c0 que é um número real.

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Série Discreta de Fourier

Para sequências reais: cN0 −k = ck∗ para 0 ≤ k ≤ N0 − 1.


Observe que o conjunto de coeficientes de Fourier {ck } também pe
uma sequeência periódica com perı́odo fundamental N0 :
(n+�N0 ) (n) (n)
j2π j2π N j2π N
e N0
=e 0 e j2π� = e 0

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Exemplo 03
Represente x̃[n] = cos(πn/5) utilizando a SDF.

Os perı́odo fundamental para esta sequência é N0 = 10 e

x̃[n] = cos(πn/5) = 0, 5(e jπn/5 + e −jπn/5 )


= 0, 5(e j2πn/10 + e −j2πn/10 )

Os coeficientes da SDF são:


9
1 � kn
ck = x̃[n]e −j2π 10
10
n=0

como e −j2πn/10 = e −jπ(18−20)n/10 = e −j18πn/10

x̃[n] = 0, 5(e j2πn/10 + e j18πn/10 )

c1 = c9 = 0, 5, ck = 0 para k �= 1, 9.
observe que c10−k = ck , 1 ≤ k ≤ 9.
Série Discreta de Fourier

SDF
Forma alternativa:
M0

x̃[n] = a0 + (ak cos (2πk/N0 ) + bk sen (2πk/N0 ))
k=1

onde
a 0 = c0
ak = 2|ck | cos(θk )
ak = 2|ck |sen(θk )

N0 /2, para N0 par
M0 =
(N0 − 1)/2, para N0 ı́mpar

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Série Discreta de Fourier

Densidade de Potência do Espectro


Forma alternativa:

� N0 −1 0 −1
N�
1 �
= |x̃[n]|2 = |ck |2
N0
x̃ n=0 k=0

onde
Relação de Parseval de uma sequência periódica.

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Exemplo 04
Considere o sinal da figura. O perı́odo fundamental deste sinal é N0 = 10.
Os coeficientes de Fourier são:

c0 = 12/5

para 1 ≤ k ≤ 9 � �
2 sen(3πk/5)
ck = e −jπk/2
5 sen(πk/10)

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