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TEORIA DE SINAIS I

Por: Higidio Miezi


Operações com Sinais
Transformação da Variável Independente:

Um conceito importante na análise de sinais e sistemas é o da


transformação de um sinal;

Um exemplo simples e muito importante de transformação da variável


independente, é um deslocamento no tempo;

Sinais relacionados dessa maneira surgem em aplicações como o radar,


sonar e processamento de sinais sísmicos, em que diversos receptores em
diferentes lugares observam um sinal transmitido por um meio (água,
rocha, ar, etc.);

Nesse caso, a diferença no tempo de propagação do ponto de origem do


sinal transmitido para quaisquer dois receptores resulta em um
deslocamento do tempo entre os sinais nos dois receptores.
Estas operações consistem em transformar quer as variáveis dependentes
quer as variáveis independentes.

Escalonamento da Amplitude

Esta operação é sobre a variável dependente. Consideremos um sinal x(t)


ligado a um amplificador e que resulta numa saída y(t). Assumindo que o
amplificador altera a amplitude do sinal de entrada, em cada instante, através
de um ganho como mostra a figura seguinte.
A forma do sinal de saída y(t) é idêntica à do sinal de entrada, mas com o dobro
da amplitude. É de notar que o sinal de entrada x(t) pode ser representado pelo
sinal de saída y(t) se a escala no eixo vertical for alterado – daí escalonamento da
amplitude.

Genericamente, a relação entre x(t) e y(t) pode ser expressa por:

y( t ) = a.x(t)

onde a é uma constante.

• Se a > 1 tem-se uma amplificação

• Se 0 < a < 1 tem-se uma atenuação


Escalonamento no tempo
Consideremos uma musica gravada numa cassete em que esta é tocada à
velocidade errada. É obvia a diferença no som, o sinal foi expandido ou comprimido
no tempo.

Genericamente a relação entre y(t) e x(t) pode ser expressa por:

y( t ) = x( a.t )

em que a é um número constante positivo.


A compressão ou a expansão de um sinal no tempo é chamada de
escalamento temporal

Um sinal comprimido por um fator a, (a > 1), é representado por


y(t) = x(at)

Analogamente, um sinal expandido por um fator a, (a > 1), é


𝑡
representado por y(t) = x (𝑎)

O sinal f(2t) é f(t) comprimido por um


fator de 2.

O sinal f(t/2) é f(t) expandido por um


fator de 2.
Reflexão e Deslocamento no tempo
Suponhamos um sinal que depois de gravado numa cassete é tocado em
modo reverso num instante posterior.

O sinal y(t) pode ser obtido através de duas operações sobre o sinal x(t):
1. A escala de tempo de x(t) é invertida.
2. O sinal invertido sofre um atraso no tempo.
É conveniente considerar estas duas operações separadas. A inversão da
escala de tempos é designada por reflexão do sinal.
O sinal reflectido pode ser obtido através da colocação do valor dos sinal no
instante t igual no instante -t, é então definido como sinal x(-t).

O atraso no tempo consiste em colocar o valor que originalmente estava no instante


t no instante (t-T). O atraso é representado por x(t-T).
Uma operação em avanço no tempo será representada pelo sinal x(t+T). As
operações de avanço no tempo e de reflexão não são fisicamente possíveis em
sinais em tempo real (isto suporia a previsão do futuro). Mas, como veremos,
estas operações básicas serão utilizadas para descrever algumas propriedades
úteis dos sinais.
y(t) = x(t - T)

• Se T > 0 tem-se atraso no tempo

• Se T < 0 tem-se adiantamento no tempo

As operações de reflexão e de deslocamento no tempo também podem ser


efectuadas sobre sinais discretos.
As operações de reflexão e deslocamento no tempo também podem ser
combinadas para produzir o atraso de um sinal reflectido.
Adição e Subtracção de sinais

Se dois sinais contínuos são adicionados, os seus valores em cada instante são
adicionados para formar a soma em cada instante. Para sinais discretos a
definição é similar e só pode ser executada em números inteiros para cada sinal
definido.

A subtracção é análoga à adição.

As operações aqui apresentadas são básicas para a Teoria do Sinal.


Multiplicação por escalar

– Modifica a amplitude do sinal original

– Se x(t) for um sinal, uma mudança de escala é dado pelo sinal y(t) = cx(t)

• Se c > 1 tem-se uma amplificação

• Se 0 < c < 1 tem-se uma atenuação


Exemplos

1. Considere os seguintes sinais e obtenha o sinal:

z( t ) = 2x( t − 2 )+ 3y( t −1)


2. Considere os seguintes sinais e obtenha o sinal:

z( n ) = 2x( n + 2 ) + 0,5 y( −n )
Sinais contínuos básicos
Função degrau unitário

A função degrau unitário é definida por:

sendo seu gráfico mostrado na figura abaixo. Nota-se que u(t) é descontínuo em
t=0.

A função degrau frequentemente é usada quando operações de chaveamento


sobre fontes DC estão envolvidas. Além disso, várias outras funções singulares
podem ser dela deduzidas a partir de operações como integrações e derivações
sucessivas.
Função sinal

A função sinal fornece o sinal do argumento t, ou seja:

sendo seu gráfico mostrado na Figura abaixo:

Conforme se observa, as funções degrau e sinal podem ser relacionadas por:

sgn(t) = 2.u(t) – 1
Função porta ou pulso retangular

A função porta (ou pulso) de duração T e amplitude unitária é representada


por:

A função porta pode ser relacionada com a função degrau através de:
Função impulso de Dirac

Outro sinal de extrema importância é a função impulso de área unitária ou delta de


Dirac, 𝛿(t), relacionada com o degrau unitário por:

E, portanto:

É uma função nula para todo t, excepto para t = 0 onde a sua amplitude é
infinita. No entanto, goza da propriedade de ter área unitária.
+∞

𝜹 𝒕 𝒅𝒕 = 𝟏
−∞
Nota-se que, como resultado da definição de impulso unitário de Dirac, se tem:

• 𝑥(𝑡)𝛿(𝑡) = 𝑥(0)𝛿(𝑡)
• 𝑥(𝑡)𝛿(𝑡 − 𝑡0 ) = 𝑥(𝑡0 )𝛿(𝑡 − 𝑡0 )

Representação gráfica
Função Rampa unitária

A função rampa unitária é o sinal definido por:

𝑟(𝑡) = 𝑢 𝜏 𝑑𝜏 = 𝑡𝑢(𝑡)
−∞
Exponencial Complexa

A exponencial complexa é matematicamente definida por:

𝑥(𝑡) = C𝑒 𝑎𝑡

Em que, no caso geral 𝐶 = 𝐴𝑒 𝑗𝜑 e 𝑎 = 𝑟 + 𝑗𝜔0 são constantes complexas. Assim


se obtém-se:

𝑥(𝑡) = 𝐴𝑒 𝑗𝜑 𝑒 𝑟𝑡 𝑒 𝑗𝜔0𝑡 = 𝐴 𝑒 𝑟𝑡 𝑒 𝑗(𝜔0𝑡+𝜑) = 𝐴 𝑒 𝑟𝑡 cos 𝜔0 𝑡 + 𝜑 + 𝑗𝑠𝑒𝑛(𝜔0 𝑡 + 𝜑)

Sinal cuja parte real é:

Re 𝑥(𝑡) = 𝐴 𝑒 𝑟𝑡 cos 𝜔0 𝑡 + 𝜑

Em engenharia, os sinais são reais, utilizando-se uma notação complexas apenas


quando esta conduz a uma simplificação analítica.
Quando 𝜔0 = 0 e 𝜑 = 0, i.e., 𝐶 > 0 e 𝑎 são ambos reais, o sinal resultante é uma
exponencial real crescente ou decrescente consoante 𝑟 > 0 ou 𝑟 < 0

Quando 𝜑 = 0 e 𝑟 = 0, i.e., 𝐶 > 0 é real e 𝑎 = 𝑗𝜔0 é imaginário puro, tem-se:

𝑥 𝑡 = 𝐴𝑒 𝑗𝜔0𝑡 = 𝐴 cos 𝜔0 𝑡 + 𝑗𝑠𝑒𝑛 𝜔0 𝑡

2𝜋
𝑥 𝑡 é um sinal periódico com período fundamental 𝑇0 = , em que 𝜔0 representa a
𝜔0
frequência angular fundamental (rad/s)
𝑥 𝑡 + 𝑇 = 𝐴𝑒 𝑗𝜔0(𝑡+𝑇) = 𝐴𝑒 𝑗𝜔0𝑡 𝑒 𝑗𝜔0 𝑇 = 𝑥 𝑡 𝑒 𝑗𝜔0 𝑇 ,

𝑥 𝑡 + 𝑇 = 𝑥 𝑡 , quando 𝑒 𝑗𝜔0𝑇 = 1

𝜔0 𝑇 = ±2𝑘𝜋, 𝑘 = 1,2, …

Sendo 𝜔0 ≠ 0, e atendendo a que, por definição, o período 𝑇 > 0, a equação


anterior tem solução
2𝑘𝜋
𝑇 = 𝜔 , 𝑘 = 1,2, …
0

Resultando para o período fundamental (menor valor positivo 𝑇)

2𝑘𝜋
𝑇=
𝜔0
Sinais discretos básicos
Escalão unitário

O sinal escalão unitário é definida por:

0 ; 𝑛<0
𝑢(𝑛) =
1 ; 𝑛≥0
Impulso unitário

o sinal impulso unitário é definido por:

0 ; 𝑛≠0
𝛿(𝑛) =
1 ; 𝑛=0

É fácil mostrar que o impulso unitário, à


semelhança do que acontece no caso contínuo,
goza das seguintes propriedades:

• 𝛿 𝑛 =𝑢 𝑛 −𝑢 𝑛−1
• 𝑢 𝑛 = 𝑛𝑚=−∞ 𝛿 𝑚
• 𝑥(𝑛)𝛿(𝑛) = 𝑥(0)𝛿(𝑛)

Tal como no caso contínuo, qualquer sinal discreto


𝑥(𝑛) pode ser representado em função de
impulsos unitários através da expressão:
+∞
• 𝑥(𝑛) = 𝑘=−∞ 𝑥(𝑘)𝛿(𝑛 − 𝑘)
Exponencial complexa

A exponencial complexa discreta define-se como sendo o sinal


𝑥 𝑛 = 𝐶𝑒 𝛽𝑛

Em que, no caso geral, 𝐶 = 𝐴𝑒 𝑗𝜑 e 𝛽 = 𝑟 + 𝑗Ω0 representam números complexos

𝑥(𝑛) = 𝐴𝑒 𝑟𝑛 𝑒 𝑗(Ω0𝑛+𝜑)

Tal como no caso contínuo, o sinal de interesse quando 𝑥 𝑛 é complexo é a sua


parte real.

Quando 𝜑 = 0 e Ω0 = 2𝑘𝜋 (𝑘 = ⋯ , −2, −1, 0, 1, 2, … ) obtêm-se sinais exponenciais


sempre positivos, crescente quando 𝑟 > 0, e decrescente quando 𝑟 < 0. no entanto,
se Ω0 = (2𝑘 − 1)𝜋 o sinal é alternadamente positivo e negativo.

Quando 𝛽 = 𝑗Ω0 , tem-se

𝑥(𝑛) = 𝐴𝑒 𝑗(Ω0𝑛+𝜑) = 𝐴 cos(Ω0 𝑛 + 𝜑) + 𝑗𝑠𝑒𝑛(Ω0 𝑛 + 𝜑)

Tal como no caso contínuo, as partes real e imaginária de 𝑥(𝑛) representam sinais
cuja envolvente contínua é sinusoidal.
Exponencial complexa contínua vs Exponencial complexa discreta

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