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DESCRIÇÃO

Conceitos básicos de circuitos ressonantes e filtros, formulação de filtros passa-baixa, filtros passa-alta,
filtros de banda de passagem e filtros de banda de rejeição, identificação dos diagramas de Bode.

PROPÓSITO
Compreender os aspectos gerais de circuitos ressonantes dos diferentes tipos de filtros e os diagramas
de Bode, ferramentas de suma importância para construção de equipamentos eletrônicos.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos uma calculadora científica. Além disso,
sugerimos que pesquise a tabela de transformada de Laplace na internet ou em qualquer livro de cálculo
diferencial, de equações diferenciais ordinárias e parciais. Por fim, pesquise e baixe a versão demo
gratuita do simulador de circuitos LTspice.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Identificar os aspectos gerais dos filtros passa-baixa e passa-alta de primeira ordem e seus respectivos
diagramas de Bode

MÓDULO 2

Identificar os aspectos gerais de circuitos ressonantes e filtros de segunda ordem


INTRODUÇÃO

MÓDULO 1

 Identificar os aspectos gerais dos filtros passa-baixa e passa-alta de primeira ordem e seus
respectivos diagramas de Bode

Aspectos gerais dos filtros passa-baixa e filtros passa-alta

Os circuitos eletrônicos estão presentes em nosso dia a dia, e o uso de aparelhos eletrônicos tem
crescido cada vez mais devido ao conforto que nos propiciam. Todavia, circuitos eletrônicos podem ser
complexos do ponto de vista teórico; assim, para conseguir compreendê-los, faremos uso de duas
poderosas ferramentas: a transformada de Laplace e o conceito da função de transferência.
Ao aplicar um sinal senoidal de amplitude constante na entrada de um circuito, este terá um sinal
resultante em sua saída. Se a frequência deste sinal de entrada for alterada, as características da sua
resposta (sinal de saída) também serão alteradas.

Para entender melhor, é importante recordar que a variável s na transformada de Laplace consiste na
frequência complexa:

s = σ + jω

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Na qual o parâmetro σ corresponde ao coeficiente da exponencial e ω a frequência angular.

No estudo de circuitos de corrente alternada, utiliza-se o diagrama fasorial, onde um sinal a senoidal de
amplitude constante é representado por meio de uma exponencial complexa, cujo coeficiente
corresponde a:

s = jω

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Reunindo os conhecimentos até aqui explorados, sem a intenção de se aprofundar matematicamente, o


comportamento do circuito em função da frequência é definido por:

H (jω)

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Em que |H(jω)| corresponde ao ganho em amplitude e ∠H(jω) à variação de fase que o circuito causa no
sinal senoidal de entrada.

Desse modo, é importante projetar um circuito de forma que a sua função de transferência seja capaz de
fornecer uma resposta com um comportamento adequado em função das frequências desejadas e
indesejadas para um circuito.

O filtro ideal (Figura 1), apesar de ser irrealizável (pode-se mostrar matematicamente que este filtro fere o
princípio da causalidade), nos mostra o conceito básico de um filtro.

 Figura 1 (a)

a) Filtro passa-baixa

 Figura 1 (b)

b) Filtro passa-alta

 Figura 1 (c)

c) Filtro de banda de passagem


 Figura 1 (d)

d) Filtro de banda de rejeição

No filtro passa-baixa (Figura 1a), por exemplo, todo o sinal com frequência inferior a ωc é replicado na

saída do filtro com mesma amplitude do sinal de entrada, enquanto sinais com frequência superior a ωc

são anulados.

Além da resposta da amplitude, a resposta da fase é fundamental. Um filtro ideal possui a fase variando
de forma linear no tempo, pois isso resulta em um atraso temporal constante, impedindo a distorção de
atraso. Isto fica evidente ao olhar a resposta senoidal:

x(t)= Xm cos(ωt + ϕx )→ y(t)= Ym cos(ωt + ϕy )

Em que Ym =|H (jω)|Xm e ϕy = ∠H (jω) + ϕx

Se ∠H (jω) = −a. ω , sendo a ∈ R , então

y(t)= Ym cos[ω(t − a)+ϕx ]

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Com isso em mente, neste módulo apresentaremos os filtros de primeira ordem e uma técnica para
esboçar a amplitude da função de transferência em função da frequência (diagramas de bode).

DEMONSTRAÇÃO
A função de transferência de um circuito formado apenas pelos elementos básicos de circuito é composta
pela razão de dois polinômios:

m m−1
B(s) bm s +bm−1 s +…+b1 s+b0
H (s)= = n n−1
A(s) an s +an−1 s +…+a1 s+a0

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Que pode ser reduzido a:

( s−z1 ) ( s−z2 ) …(s−zm )


H (s)= K
( s−p1 ) ( s−p2 ) …(s−pn )

bm
Em que K =
an

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O comportamento em frequência é encontrado ao substituir s = jω, resultando em:

( jω−z1 ) ( jω−z2 ) …(jω−zm )


H (jω)= K
( jω−p1 ) ( jω−p2 ) …(jω−pn )

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A amplitude em função da frequência é dada pelo módulo da função de transferência:

( jω−z1 ) ( jω−z2 ) …(jω−zm ) | jω−z1 | | jω−z2 | … | jω−zm |


∣ ∣ ∣ ∣
|H (jω)|= K = K
∣ ( jω−p1 ) ( jω−p2 ) …(jω−pn ) ∣ ∣ ∣ | jω−p1 | | jω−p2 | … | jω−pn |

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E a fase é dada pelo seu argumento:

∠H (jω)= ∠K +[∠(jω − z1 )+∠(jω − z2 )+ … + ∠(jω − zm )]−[∠(jω − p1 )

+∠(jω − p2 )+ … + ∠(jω − pn )]

ω ω ω
∠H (jω)= ∠K +[arctg( )+arctg( )+ … + arctg( )]
−z1 −z2 −zm

ω ω ω
−[arctg( )+arctg( )+ … + arctg( )]
−p1 −p2 −pn

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É importante ressaltar que a amplitude convencionalmente é indicada em decibéis (dB), ou seja:

|H (jω)| = 20 ⋅ log |H (jω)|


dB 10

|H (jω)| = 20 ⋅ log |K|


dB 10

+[20 ⋅ log |jω − z1 |+20 ⋅ log |jω − z2 |+ … + 20 ⋅ log |jω − zm |]


10 10 10

−[20 ⋅ log |jω − p1 |+20 ⋅ log |jω − p2 |+ … + 20 ⋅ log |jω − pn |]


10 10 10
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Dessa maneira, podemos ver os polos (denominador) como um ponto de inflexão da curva de amplitude
para baixo e os zeros (numerado) como um ponto de inflexão para cima.

Para melhor ilustrar, vejamos o filtro passa-baixa de primeira ordem.

O filtro passa-baixa consiste em um circuito cuja função de transferência é capaz de deixar passar sinais
com frequências menores para a saída e anular os sinais com frequências mais altas. O filtro passa-baixa
de primeira ordem é o mais simples e possui a seguinte função de transferência:
ωc
H (s)=
s+ωc

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Em que ωc corresponde à frequência na qual a amplitude do sinal é reduzida por um fator de √2, sendo

denominada de frequência de corte. Ou seja, considera-se que esse filtro deixa passar qualquer
frequência abaixo de ωc, ω < ωc , e anula sinais com frequências maiores que ωc, ω > ωc .

A amplitude, em decibéis, em função da frequência é dada por:

2
|H (jω)| = 20 ⋅ log ωc − 20 ⋅ log |jω + ωc |= 20 ⋅ log ωc − 20 ⋅ log √ ω2 + ωc
dB 10 10 10 10

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E a fase é dada pelo seu argumento:

ω
∠H (jω)= −arctg( )
ωc

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Esse filtro pode ser construído de forma simples pelos circuitos da Figura 2.

 Figura 2 (a)

A função de transferência da Figura 2(a) corresponde a:


1

RC
H (s)= 1
s+
RC

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 Figura 2 (b)

A função de transferência da Figura 2(b) corresponde a:


R

L
H (s)=
R
s+
L

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Os diagramas de Bode do filtro passa-baixa de primeira ordem, ou seja, as curvas que ilustram a variação
de amplitude e fase da função de transferência em função da frequência compõem a Figura 3.

 Figura 3.

A amplitude na frequência de corte, ωc, pode ser calculada da seguinte forma:

| ωc | 1
|H (jωc )| = 20 log( )= 20 log( )= −3,0103 ≈ −3 dB
dB
√ωc 2 +ωc 2 √2
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De forma análoga, pode-se calcular o valor da metade e do dobro da frequência de corte.

ωc | ωc | 2
∣H (j )∣ = 20 log = 20 log = −0,9691 ≈ −1 dB
∣ ∣
2 dB 2 √5
ωc
2
√( ) +ωc
2

| ωc | 1
|H (j2ωc )| = 20 log = 20 log = −6,9897 ≈ −7 dB
dB
2
2 √5
√ ( 2ω ) +ωc
c

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Para determinar as assíntotas considera-se:

| ωc | | ωc |


⎪ [ ] = = 1, ω < ωc
| jω+ωc | | ωc |
ω≪ωc
|H (jω)|=⎨
| ωc | | ωc | | ωc |

⎩[
⎪ ] = = , ω > ωc
| jω+ωc | | jω | |ω|
ω≫ωc

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Em decibéis:

⎧ 20 ⋅ log(1)= 0 dB, ω < ωc

|H (jω)| =⎨ | ωc |
dB ⎩
20 ⋅ log( )= 20 ⋅ log|ωc |−20 ⋅ log|ω| dB, ω > ωc
|ω|

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Fica evidente uma inclinação para baixo a partir de ωc com decaimento de -20 dB/década.

Se calcularmos também o valor das assíntotas para a metade e o dobro da frequência de corte
obteremos:
ωc
∣H (j )∣ = 20 log 1 = 0 dB, ω < ωc
∣ ∣
2 dB

| ωc | 1
|H (j2ωc )| = 20 log = 20 log = −6,02 ≈ −6 dB, ω > ωc
dB 2
2
√ ( 2ωc )

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Na frequência de corte, ωc, a curva encontra-se aproximadamente -3 dB abaixo das assíntotas, e tanto a

metade quanto o dobro de ωc estão a -1 dB das assíntotas.

Essas assíntotas ajudam na confecção do esboço da curva de amplitude em decibéis, sendo bastante útil
quando existem múltiplos polos e zeros pertencentes aos Reais e suficientemente espaçados entre si.

Concluído a análise do filtro passa-baixa de primeira ordem, que corresponde ao gráfico de um polo
isolado, cabe ressaltar o seu dual. Um circuito que fosse formado somente por um zero em ωc teria

características semelhantes, mas se comportando de forma espelhada em relação ao eixo horizontal


(espelho), isto é, a curva de amplitude iniciaria em zero e cresceria a partir de ωc. Da mesma forma, a

curva da fase iniciaria em 0° e cresceria até 90°.


Pode-se montar o diagrama de Bode da amplitude de uma função de transferência como composição das
curvas referente a cada polo ou zero. A Figura 4 apresenta um exemplo de representação do diagrama de
Bode de amplitude de determinada função de transferência.

EXEMPLO
Exemplo da construção do diagrama de bode de amplitude de
10(s+2)
H (s)=
s(s+40)

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 Figura 4

Como resultado prático dessa composição de curvas de polos e zeros, tem-se o filtro passa-alta, que
consiste em um circuito cuja função de transferência é capaz de deixar passar sinais com frequências
maiores para a saída e anular os sinais com frequências menores. O filtro passa-alta de primeira ordem é
o mais simples e possui a seguinte função de transferência:

s
H (s)=
s+ωc

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Em que ωc corresponde à frequência na qual a amplitude do sinal é reduzida por um fator de √2, sendo

denominada de frequência de corte. Ou seja, considera-se que esse filtro deixa passar qualquer
frequência acima de ωc, ω > ωc, e anula sinais com frequências menores que

ωc, ω < ωc.

A amplitude, em decibéis, em função da frequência é dada por:

|H (jω)| = 20. log ω − 20 ⋅ log |jω + ωc |= 20 ⋅ log ω − 20 ⋅ log √ ω2 + ω2


dB 10 10 10 10 c

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E a fase é dada pelo seu argumento:

o ω
∠H (jω)= 90 − arctg( )
ωc

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Esse filtro pode ser construído de forma simples pelos circuitos das Figura 5.

 Figura 5a

A função de transferência da Figura 5a corresponde a:


s
H (s)= 1
s+
RC

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 Figura 5b

A função de transferência da Figura 5b corresponde a:


s
H (s)=
R
s+
L

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Os diagramas de Bode do filtro passa-baixa de primeira ordem, ou seja, as curvas que exibem a variação
de amplitude e fase da função de transferência em função da frequência compõem a Figura 6.
 Figura (6a)

 Figura (6b)

Com a Figura 6a, percebe-se que a presença do zero da função transferência em zero (na origem)
consiste em uma ascendente de 20 dB/década, que ao ser somada (o produto em valores absolutos se
transforma em soma em decibéis devido ao efeito do logaritmo) com a porção constante em 0 dB, torna a
curva ascendente nesta porção, e ao ser somada com a porção maior que ωc, anula o efeito descendente

de valor -20 dB/década. Este mesmo zero, provoca o acréscimo de 90° na fase, uma vez que o
numerador é composto apenas por um imaginário puro, s = jω.

 ATENÇÃO

Toda a análise deste módulo foi realizada em função da frequência angular, ω. Porém não devemos
esquecer que existe uma relação da frequência angular (unidade em rad/s) com a frequência real, f
(unidade em Hz):

ω = 2πf

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MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA
O ouvido humano é capaz de ouvir sons nas faixas de frequência que variam de 20 Hz a 20 kHz.
Entretanto, precisa-se apenas da faixa de 300 Hz a 3,4 kHz para que seja capaz de reconhecer as
palavras emitidas por um interlocutor. O sistema de comutação de telefonia fixa faz uso dessa limitação
em frequência. O sinal analógico da fala é amostrado a uma taxa de amostragem de 8 kHz (o Teorema de
Nyquist, da Teoria da Amostragem, diz que a frequência de amostragem deve ser pelo menos o dobro da
frequência máxima do sinal a ser amostrado para que se evite o fenômeno do aliasing) e quantizado em 8
bits (256 níveis), resultando numa taxa de transmissão de 64 kbps.

Suponha que você ficou responsável por projetar um filtro passa-baixa de primeira ordem com elementos
passivos que antecede a amostragem do sinal de voz. Sabendo que o amostrador é representado por
uma resistência de 50 Ω, determine o valor do elemento reativo conectado em série que compõe o filtro.

RESOLUÇÃO

A topologia adequada para este caso é


Cuja função de transferência é dada por:
R

L R
H (s)= R = 50 Ω = 2π3400
R L
s+
L

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Portanto
50
L = ≅ 0,00234 H = 2,34 mH
2π3400

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Valor do elemento reativo conectado em série

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Identificar os aspectos gerais de circuitos ressonantes e filtros de segunda ordem

Aspectos gerais ressonantes e filtros de segunda ordem


No módulo anterior, introduzimos o conceito de filtro, mostrando como a função de transferência de um
circuito afeta a amplitude e a fase de um sinal em função da frequência. Ao explorar a razão desse efeito,
vimos que esse fenômeno ocorre devido à ação dos polos e zeros da função de transferência. Isso se
deu por meio do cálculo do filtro passa-baixa de primeira ordem, que serviu como referência para o
entendimento do efeito de um polo.

A partir do filtro passa-baixa, esclarecemos como funcionam os efeitos de polos e zeros pertencentes aos
Reais, sendo exemplificado por meio da apresentação do filtro passa-alta de primeira ordem. Toda essa
explanação foi ilustrada por meio dos diagramas de Bode.

Neste módulo continuaremos o estudo de filtros, apresentando o comportamento de filtros de segunda


ordem, com par de polos complexos conjugados, por meio de circuitos ressonantes.

DEMONSTRAÇÃO
Vamos analisar um circuito ressonante que forma um filtro passa-baixa de segunda ordem. Tal filtro tem a
função de transferência dada por:

2
ωo
H(s)= 2
2
s +2.α.s+ωo

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Um circuito capaz de fornecer função de transferência com este formato é apresentado na Figura 7:
 Figura 7

Cuja função de transferência é dada por:

LC
H(s)= R 1
2
s + .s+
L LC

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Em que

1 R
ωo = √ e α =
LC 2L

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Os polos desse circuito são determinados pelas raízes do polinômio do denominador da função de
transferência da seguinte forma:

2 2
s + 2. α. s + ωo = 0

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Resultando em:

s1,2 = −α ± j ⋅ ωd

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Em que

2 2
ωd = √(ω − α )
0

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é denominada frequência natural amortecida e ωo corresponde à frequência natural não amortecida.

Para 0 < α < ωo, existirá um valor de ωd real e os polos serão pares complexos conjugados conforme a

Figura 8.

A Figura 8a ilustra um exemplo de par de polos conjugados, com a relação visual entre α, ωo e ωd. E a

Figura 8b ilustra o comportamento dos polos em função da variação de α:


 Figura 8(a) esquerda e Figura 8(b) direita.

a) Se α = 0: par de polos no eixo imaginário e ωd = ωo, ou seja, s1,2 = j.ωo

b) Se 0 < α < ωo: par de polos complexos conjugados

2 2
(s1,2 = −α ± j. ωd ) e ωd = √ ω − α
0

c) Se α = ωo: polo duplo no eixo real

(s1,2 = −ωo ) e ωd = 0

d) Se α < ωo: polos distintos no eixo real

2 2 2 2
(s1 = −α − √α − ω e s2 = −√ α + α − ω )
0 0

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Como os polos se alteram em função de α, a resposta do circuito é classificada quanto a sua variação:

RESPOSTA
SUPERAMORTECIDA
α > ωo (ξ > 1)

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RESPOSTA CRITICAMENTE
AMORTECIDA
α = ωo (ξ = 1)

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RESPOSTA
SUBAMORTECIDA
0 ≤ α < ωo (0 ≤ ξ < 1)

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Em que
α
ξ =
ωo

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é denominado taxa de amortecimento.

A existência dos dois elementos reativos, indutância e capacitância, gera os pares de polos complexos
conjugados que torna este circuito ressonante, pois, a depender dos valores de α, haverá uma faixa de
frequência em que a amplitude será acentuadamente maior.

O parâmetro que mede a agudeza da ressonância é o fator de qualidade e é definido como:

ωo
Q =

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A Figura 9 exibe a resposta em amplitude e em fase em função da frequência para diferentes valores de
Q.

 Figura (9a).
 Figura (9b).

Diante do comportamento ressonante, é importante identificar alguns pontos para se ter domínio sobre a
resposta do circuito.

Primeiramente, calculamos o valor da amplitude de H(s) em ω = ω0:

2
∣ ω ∣ ωo ωo
0
∣ ∣
|H (jω0 )|=∣ ∣= = = Q
2 2 ∣ 2αj ∣ 2α
∣ ( jω0 ) +2α ( jω0 ) +ω
0

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Em decibéis:

|H (jω0 )| = 20 log(Q)
dB

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Com isso, o cálculo do valor de Q se torna fundamental, porque ele define o ganho de amplitude na
frequência natural não amortecida. Entretanto, ao olhar atentamente, verificamos, por exemplo, que a
amplitude máxima quando Q = 10 é 20,0104 dB e não simplesmente 20 dB. Isso ocorre, pois, apesar de
bastante próxima, a frequência de ressonância é diferente da frequência natural não amortecida e pode
ser encontrada da seguinte forma:

2 2
∣ ω
0 ∣ 2 α
∣ 2∣
∣ 2
∣ = ∣(jω) + 2α(jω)+ω ∣ → ωn = ω0 √1 − 2( )
0
∣ ( jω ) +2α ( jω ) +ω
2
0

m á ximo í
m nimo
ωo

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Que pode ser reescrita em função da taxa de amortecimento e do fator de qualidade como segue:

2
ωn = ω0 √1 − 2ξ

1
ωn = ω0 √1 − 2
2Q

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Fica evidente que a frequência de ressonância é menor que a frequência natural não amortecida.
Entretanto, para valores suficientemente grandes do fator de qualidade, podemos dizer que: ωn ≅ ω0

O valor real do pico de ressonância é dado por:

2 ⎛ ⎞
∣ ω
0 ∣ ωo
|H (jωn )| = ∣ 2
∣ = 20 log⎜ ⎟
dB 2
∣ ( jωn ) +2α ( jωn ) +ω ∣ α
2
0 dB ⎝ 2α√1− ( ) ⎠
ωo


⎪ 1
⎪ 20 log( )




2ξ√1−ξ 2

|H (jωn )| =⎨
dB ⎛ ⎞

⎪ Q
⎪ 20 log⎜ ⎟





1
⎝ √1− 2

4Q

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Como na ressonância a curva sobe além da linha de 0 dB, convém saber em que frequência ela corta
essa linha para retomar o seu decréscimo. Para isso, basta fazer:

⎧ ω = ω √2(1 − 2ξ 2 )
2 2 r 0
∣ ω
0 ∣ α
∣ ∣= 1 → ωr = ω0 √2(1 − 2( ) ) →⎨
2 2 ωo 1
∣ ( jω ) +2α ( jω ) +ω
0
∣ ⎩ ωr = ω0 √2 − 2
Q

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Outro dado importante é determinar até que variação de α evita-se a ressonância. Para isso:

√2

2 ξ ≥
∣ ω
0
∣ ωo ωo √ 2 2
∣ ∣≤ 1 → α ≥ → α ≥ →⎨
2 2 2
∣ ( jω ) +2α ( jω ) +ω
0
∣ √2 ⎩ √2
Q ≤ ≅ 0,7071
2

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A Figura 9a ilustra o resultado calculado, no qual só existe ressonância quando o fator de qualidade é
superior ao inverso da raiz quadrada de dois (0,7071 aproximadamente). Havendo ressonância, quanto
maior o valor do fator de qualidade, maior o valor do pico de amplitude. Dessa forma, esse filtro deixou de
ser um passa-baixa, e pode-se dizer que ele se comporta como um filtro seletivo (passa-faixa de banda
estreita) com ganho. Assim, é importante determinar os valores de frequência que apresentam uma
queda de 3 dB a partir do pico.
2
∣ ω
0 ∣ ωo
|H (jω−3dB )| =∣ 2
∣=
dB 2
∣ ( jω−3dB ) +2α ( jω−3dB ) +ω
0
∣ α
2

2α√2√1− ( )
ωo


⎪ 1 1 1

⎪ ω−3dB = ω0 √1 − ± √1 −
2 2 2Q2 Q 4Q2
2α 2α α
ω−3dB = ω0 √1 − 2
± √1 − 2
→⎨
ωo
ωo ωo



⎩ 2 2
ω−3dB = ω0 √1 − 2ξ ± 2ξ√1 − ξ

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Quando o circuito é seletivo, ou seja, Q elevado (ξ≪1), o valor das frequências de corte pode ser
aproximado, e as raízes extraídas pelos primeiros termos da expansão da série de Taylor, obtendo:
ω−3dB ≅ ω0 ± α

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Como já demonstrado, para um circuito seletivo, podemos aproximar a frequência de ressonância à


frequência natural não amortecida (ωn ≅ ω0) e a banda de passagem, ou largura de faixa (diferença entre

as frequências de corte) a Δω ≅ 2α. Desse modo, para circuitos ressonantes seletivos, temos:

f requ ê ncia de ressonâ ncia


Q =
largura de f aixa

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Por fim, verificamos o decaimento da amplitude por meio da assíntota, na proporção de -40 dB/década,
independente do valor de Q, a partir de ωo.

Toda a análise realizada no filtro passa-baixa pode ser aplicada aos demais filtros com circuito
ressonante.

O filtro passa-alta de segunda ordem tem função de transferência dada por:


2
s
H (s)= 2
2
s +2⋅α⋅s+ωo

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Um circuito capaz de fornecer função de transferência com este formato é indicado a seguir:

 Figura 10.

Cuja função de transferência é dada por:


2
s
H (s)= 1
2 R
s + ⋅s+
L LC

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A Figura 11 apresenta a resposta em amplitude e em fase em função da frequência para diferentes


valores de Q.
 Figura (11a).

 Figura (11b).

O filtro de banda de passagem (ou passa-faixa) de segunda ordem tem função de transferência dada por:
2⋅α⋅s
H (s)= 2
2
s +2⋅α⋅s+ωo

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Um circuito capaz de fornecer função de transferência com este formato é ilustrado na Figura 12:
 Figura 12.

Cuja função de transferência é dada por:


R
s
L
H (s)= 1
2 R
s + s+
L LC

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A Figura 13 exibe a resposta em amplitude e em fase em função da frequência para diferentes valores de
Q.

 Figura (13a).
 Figura (13b).

O filtro de banda de rejeição de segunda ordem tem função de transferência dada por:
2 2
s +ωo
H (s)=
2 2
s +2⋅α⋅s+ωo

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Um circuito capaz de fornecer função de transferência com este formato é apresentado na Figura 14.

 Figura 14.

Cuja função de transferência é dada por:


2 1
s +
LC
H (s)= 1
R
s2 + s+
L LC

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A Figura 15 exibe a resposta em amplitude e em fase em função da frequência para diferentes valores de
Q.

 Figura (15a).
 Figura (15b).

MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA
Os telefones fixos utilizam os tons de duas frequências (Dual-Tone Multi-Frequency, DTMF) na discagem,
conforme a Tabela E1. Ao teclar, por exemplo, o número 4, o aparelho envia para a central o batimento de
duas frequências, no caso 770 Hz e 1209 Hz. Ao chegar na central, o sinal passa por um banco de filtros
onde é analisado e identificada a tecla discada.
Determine os valores dos elementos passivos de um circuito RLC série que corresponde a um filtro
passa-faixa de segunda ordem com banda passante de 50 Hz, capaz de identificar que alguma tecla da
coluna do 0 foi discada. Considere L = 1 H

Frequência [Hz] 1209 1336 1477

697 1 2 3

770 4 5 6

852 7 8 9

941 * 0 #

Tabela E.1

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RESOLUÇÃO
Solução:

O filtro passa-faixa apresenta a seguinte função de transferência


2⋅α⋅s
H (s)= 2
2
s +2⋅α⋅s+ωo

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Para circuitos seletivos, a frequência de ressonância é dada por ωo e a banda passante por 2.α
2⋅π⋅50⋅s
H (s)=
2
2
s +2⋅π⋅50⋅s+ ( 2⋅π⋅1336 )

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Para o circuito do filtro passa-faixa:

R
R
s
= 2. π. 50 → R = 314 Ω
L L
H (s)= →{
R 1
s2 + s+ 1
L LC = 2. π. 1336 → C = 14 nF
LC

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Elementos passivos de um circuito RLC

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos módulos aprendemos os princípios básicos acerca da resposta de um circuito em função da
frequência.
Iniciamos nosso estudo com uma introdução sobre filtros e, em seguida, apresentamos o comportamento
de amplitude e fase dos filtros passa-baixa e passa-alta de primeira ordem, juntamente à análise da
influência dos polos e zeros da função de transferência nas curvas resultantes, denominadas diagramas
de Bode.

Por fim, estudamos o comportamento dos circuitos ressonantes apresentando as variações dos
diagramas de Bode para os filtros passa-baixa, passa-alta, de banda passante e rejeita-faixa em função
do parâmetro denominado fator de qualidade.

 PODCAST

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
CLOSE, Charles M. Circuitos lineares. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1990.

SVOBODA, J.; DORF, R. Introdução aos Circuitos Elétricos. 9 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia o artigo:

CARLIN, N. et al. Estudo de filtros RC para baixas e altas frequências por meio de um circuito para
superposição de sinais. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 32, n. 1, jan./mar.
2010.
CONTEUDISTA
Rafael Rocha Heymann

 CURRÍCULO LATTES

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