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ESCOLA SECUNDÁRIA 3 DE FEVEREIRO DE FURANCUNGO

TEXTO DE APOIO DE FÍSICA 12ª CLASSE

OSCILAÇÕES MECÂNICAS
Na natureza, assim como na técnica, estamos rodeados de fenómenos que ocorrem repetidamente ao longo
do tempo (fenómenos periódicos). Estes fenómenos são originados por movimentos periódicos, oscilatórios
ou vibratórios e ondulatórios, sendo os ondulatórios uma consequência da propagação das oscilações ou
vibrações através de um dado meio (ar, água, ferro ou qualquer outra substância). Pela natureza física do
processo oscilatório e do mecanismo que as origina, as oscilações classificam-se em:
Mecânicas são aquelas que precisam de um meio material para se propagarem (não se propagam no vácuo).
Ex: oscilações de um pendulo, uma criança num baloiço, pontes e outras construções, das variações pressão
do ar ao propagar-se, o som, etc.).
Electromagnéticas são aquelas geradas por cargas eléctrica oscilante, podendo propagar-se, tanto nos meios
materiais como no vácuo. Ex: oscilações da corrente eléctrica alternada num circuito, dos vectores de
intensidade do campo ⃗
E ,e do campo magnético, ⃗
B , num campo electromagnético variável, etc.).

Características das oscilações mecânicas


As características de uma oscilação mecânica são: Elongação, Amplitude, frequência, Período e Frequência
angular.
Elongação ¿) - É o deslocamento momentânea da partícula oscilante, em relação à sua posição de
equilíbrio. A sua unidade no SI é o metro (m).
Amplitude ( A) - é o deslocamento máximo da partícula, em relação à sua posição de equilíbrio. A sua
unidade no SI é o metro (m).
Frequência ( f ) – é o número de oscilações (n) por unidade de tempo (t) . A sua unidade no SI é o Hertz
n
(Hz), assim temos f =
t
Período (T ) – é o tempo necessário para que um oscilador execute uma oscilação completa. A sua unidade
t
no SI é o segundo (s). Assim temos T =
n
1
A relação entre o período e a frequência é T =
f
Frequência angular (ω) – é a rapidez com que o ângulo de fase varia durante as oscilações. A sua unidade
no SI é o Hertz (Hz), assim temos:

ω=2 πf ou ω=
T

Elaborado por dr. Ângelo Damião


Equação e gráfico da elongação em função do tempo

De todos os movimentos oscilatórios, o mais importante é o movimento harmónico simples (MHS),


porque, alem de ser o mais simples de se descrever sob o ponto de vista matemático, constitui uma
descrição muito precisa de várias oscilações encontradas na natureza.
Um oscilador está animado de movimento harmónico simples (MHS) quando a sua aceleração é
directamente proporcional á posição do oscilador (elongação) em relação a um ponto fixo (posição de
equilíbrio) e aponta sempre na direcção desse ponto.
O estudo do MHS fica simplificado quando se estabelece uma analogia com o movimento circular
uniforme.
Para o estabelecimento da elongação, consideremos a experiencia representada pela figura 1, onde a fonte
de luz emite luz de raios paralelos e ilumina uma partícula M partindo da
posição M 0 no instante t=0 em movimento circular uniforme de raio r e período
T . ao mesmo tempo a sua sombra é projectada no ecrã.
Da figura 1 conclui-se que quando a partícula M se desloca de:
 M 0 até M 1 , a sua sombra desloca-se de P0 até P1 .
 M 1 até M 2 , a sua sombra desloca-se de P1 até P0 .
 M 2 até M 3 , a sua sombra desloca-se de P0 até P3 .
 M 3 até M 4 , a sua sombra desloca-se de P3 até P0 e assim sucessivamente.
Continuando a analisar o movimento da partícula M e da projecção da sua sombra no ecrã, conclui-se que
enquanto M descreve a trajectória circular, a sua sombra executa um movimento vibratório cujas posições
extremas são P1e P3.
Da experiencia representada pela fig.1 pode-se concluir que a projecção do
ponto M sobre o eixo y é um ponto P fig.2 vibrante com amplitude igual
ao raio r da trajectória descrita por M e período T .
Da fig.2 tem-se:
y
sen φ= ⇔ y=r ∙ sen φ ; mas r= y max e φ=ω ∙ t
r
y ( t ) =Asen(ωt) Equação de variação da elongação em função do tempo. Onde:
y - Elongação; φ = ω . t - Fase do MHS no instante t ; ω - pulsação, frequência angular ou cíclica;
A - amplitude
Nota: se na experiencia da fig.2 a descrição fosse em relação ao eixo ( x) , a equação da elongação em
função do tempo tomaria a seguinte forma:
x (t)= A cos(ωt )

Elaborado por dr. Ângelo Damião


Construção do gráfico de elongação y= Asen ( 2Tπ )t
Com base equação de elongação acima indicada, vamos construir a tabela seguintes:

Valores (t)
y= Asen ( 2Tπ )t Valores
elongação
de

0
y= Asen ( 2Tπ )∙ 0 y=0

T
4 ( 2Tπ )∙ T4 ⇔ y= Asen π2 ⇔ y= Asen ( 1802 ° ) ⇔ y= Asen 90 °
y= Asen
y= A

y= Asen (
T ) 2
T 2π T y=0
∙ ⇔ y= Asenπ ⇔ y =Asen 180 °
2

y= Asen ( ) ⇔ y= Asen (
2 )
3T 2 π 3T 3π y=−A

4 T 4

y= Asen (
2 )
3 ∙ 180
⇔ y= Asen(270 ° )

y= Asen (
T )
T 2π y=0
∙ T ⇔ y= Asen(2 π)

Equação e gráfico da velocidade em função do tempo


Usando o conceito de derivada (estudo em matemática), a velocidade obtêm-se derivando a equação da
dx
elongação em ordem ao tempo, isto é, v( t)=
dt
Do cálculo da derivada de uma função sabe-se que:
' ' ' ' '
x =1; c =0 ( c=constante ) ; 5 x =5 ; ( senx ) =cosx; ( cosx ) =−senx
Assim, apliquemos o calculo da derivada da função y ( t ) =Asen(ωt) para encontrar a expressão da
velocidade v ( t ) :
dx '
v( t)= =[ Asen (ωt) ] = A ' sen (ωt )+ A=0+ A cos(ωt)∙ω
dt
Elaborado por dr. Ângelo Damião
v( t)= A ω cos (ωt ) Equação de variação da velocidade em função de tempo.
Onde: v - velocidade no instante t ; Aω - velocidade máxima
A equação obtida é a primeira derivada da equação da elongação, y (t)
Do mesmo modo derivando:
'
s' (t )= [ Acos( ωt) ] , vem v( t)=− A ω sen(ωt)

Da análise da equação verificamos que o valor máximo é atingido quando o co-seno assume valor igual á
unidade. Isto acontece para ωt=0. Nestas condições, v= Aω. Sublinhe-se, então que o produto Aω=v máx
denomina-se velocidade máxima do oscilador.

A equação da velocidade do MHS, também pode ser obtida a partir da figura abaixo
A velocidade de Q em MHS pode ser obtida a partir da velocidade de P em
MCU (fig.). No triângulo destacado ABP da figura, a velocidade v de Q é a
Projecção da velocidade do ponto P ( v P) no eixo Ox . Como o sentido dessa
velocidade é contrário ao sentido positivo de Ox , acrescentamos o sinal
menos ¿:
v=−v p ∙ senφ
Como: v p =ωr ou v p= Aω e φ=φ0 + ωt , Obtemos: v=−ωA ∙ sen ¿


Construção do gráfico da velocidade: v( t)= A ω cos ( t)
T
Com base na equação da velocidade acima descrita, vamos em primeiro lugar construir a tabela a seguir:
t (s ) 0 T T 3T T 5T 3T 7T 2T
4 2 4 4 2 4

v ( ms ) Aω 0 −Aω 0 Aω 0 −Aω 0 Aω

Equação e gráfico da aceleração em função do tempo.

Elaborado por dr. Ângelo Damião


Procedendo do mesmo modo que na dedução da velocidade, a equação da aceleração em função do tempo,
pode ser deduzida derivando a equação v(t), então tem-se:
dv ' '
=[ Aωcos ⁡( ωt) ] =( Aω) . cos(ωt)+ Aω [ cos ⁡( ωt) ] =0+ Aω . ω
'
a (t)=
dt
2
a (t)=− A ω sen(ωt) Equação de aceleração em função do tempo.
Onde:
a - É aceleração no instante t ; Aω2 - Aceleração máxima
O sinal negativo deve-se ao facto de aceleração ter sempre sentido contrário ao da elongação.
Esta equação corresponde a 1a derivada da velocidade ou 2a derivada da
equação da elongação em função do tempo.
Do mesmo modo derivando v( t)=− A ω sen(ωt) obtemos a aceleração:
2
a (t)=− A ω cos(ωt )

Se não pudéssemos usar a derivação, teríamos que recorrer ao


procedimento descrito na fig.3 para deduzir a equação a (t).
A aceleração instantânea do ponto P , em MHS, pode ser dada a partir da aceleração centrípeta de M , em
movimento circular uniforme.
ac
sen φ= y
⟺ a c =a c ∙ sen φ mas ac =ω 2 r
ac y

onde:
v2
ac= ; v=ω . r e φ=ω ∙ t
r
2
então a c =ω r ∙ sen (ωt )mas r =A e a c =A
y

2
a (t)=− A ω sen(ωt) equação da aceleração em função do tempo.


Construção do gráfico da aceleração: a ( t )= A sen( )t
T
t (s ) 0 T T 3T T 5T 3T 7T 2T
4 2 4 4 2 4

( )
m 0 −Aω
2
0 Aω
2
0 −Aω
2
0 Aω
2
0
a
s2

Elaborado por dr. Ângelo Damião


Força no MHS
Admitindo agora a partícula tem massa, m, o principio Fundamental da Dinâmica, ou seja, a 2a lei de
Newton, estabelece que a força resultante, ⃗
F , que actua numa partícula de massa, m, é dada pela expressão:
F=m∙ a , sendo a=−A ω sen ( ωt ) , F ( t )=¿−A ∙ω ∙ m s ∙ s en ( ωt ) ⇔ F ( t )=−m ω ∙ ⏟
2 2 2
Asen(ωt )
y

Então, a força elongação ( y ) é dada pela expressão:

F ( y )=−m∙ ω2 ∙ y

F ( y ) é designada força harmónica (ou restauradora) porque é ela que causa o MHS.
A designação de força restauradora está relacionada com o facto de ser esta força que garante o
prosseguimento das oscilações, pois sempre que o oscilador passa pela posição de equilíbrio, a força age no
sentido de retardá-lo e depois traze-lo de volta a partir das posições externas.
Discussão da equação F ( y )=−m∙ ω2 ∙ y

1. Quando y=0 (oscilador na posição de equilíbrio)⇒ F=0


2. Quando y= A (oscilador na posição de extremas)⇒ F=F máx
3. Como m e ω são grandezas constante num dado MHS, então, conclui-se que a força restauradora ⃗
F
é directamente proporcional á elongação y , tendo F e y sinais contrários.

Elaborado por dr. Ângelo Damião


CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAL DE UM MHS

A proporcionalidade entre a força resultante que actua numa partícula de massa m em movimento
oscilatório e a elongação, relativamente á posição de equilíbrio, constitui a característica fundamental do
MHS. Assim,

 Uma partícula de massa m terá um MHS sempre que se verificar a relação


2
F ( y )=−m∙ ω ∙ y

EQUAÇÕES DE THOMPSON

Período do MHS de um corpo ligado a uma mola

Quando o corpo de massa m é suspenso numa mola, o sistema


(corpo+mola) fica na posição de equilíbrio
Designado por l a deformação da mola, tem-se, pela lei de Hooke,
Que a força com a qual a mola resiste á deformação
(força restauradora) na posição de equilíbrio é dada pela equação:
F 1=−k ∙ l, onde: k é a constante elástica da mola.
Uma vez que na posição A o sistema está em equilíbrio, tem-se:
F R =F1−P=0 , pois ⃗ F1 =−⃗P
P=F 1 ⇒ m∙ g=−k ∙ l
Esticando a mola da figura acima o sistema fica sujeito a uma força resultante:
F R =F2− p ≠ 0
F R =F2−m∙ g ; F 2=−k ∙ ( l+ y ) ¿ )
F R =−k ∙l−k ∙ y−m∙ g ;−k ∙l=m∙ g (2¿¿ a lei de Newton)¿
F R =−k ∙ y ; F R =m∙ a
m∙ a=−k ∙ y ; a=−ω2 ∙ y

−m ∙ω 2 ∙ y=−k ∙ y ; ω=
T

Elaborado por dr. Ângelo Damião


( 2 π )2 k ( T )2 m 2 2m
2
= ⇔ 2
= ⇔T =( 2 π )
T m (2 π) k k

T =2 π ∙

m
k
e quação de Thompson para o pendulo elástico
Onde: T - período do MHS de um corpo ligado a uma mola, m- massa do corpo oscilante, em Kg
k -constante elástica da mola, em N /m.

Da equação, conclui-se que o período das oscilações depende, apenas, da massa do corpo vibrante e da
constante elástica da mola, sob a condição de que a massa da mola deve ser menor em comparação com a
massa do corpo vibrante e que as oscilações se realizem sem atrito e com pequena amplitude.

Representando, graficamente, a situação dada pela equação: T =2 π ∙

 Para k =constante ,T √m
√ m
k
, vem:

O gráfico da figura ao lado mostra que o período das oscilações


aumenta quando a massa do corpo vibrante também aumenta
(T é directamente proporcional á √ m¿ .

1
 Para m=constante , T
√k
O gráfico da figura ao lado mostra que o período
das oscilações diminui quando a constante elástica
da mola aumenta (T é inversamente proporcional á √ k ¿ .

Período do pêndulo simples

Pêndulo simples é um sistema constituído por uma partícula de massa m, suspensa por um fio ideal (fig. 1
abaixo). Ao oscilar em torno de sua posição de equilíbrio O, desprezadas as resistências, o pêndulo simples
realiza um movimento periódico (fig. 2 abaixo).

Na fig. 3 abaixo representamos as forças que agem na esfera numa posição genérica P: o peso ⃗ P e a
tracção ⃗
T.
^
Admitindo o ângulo de abertura bem pequeno, o arco AB pode ser considerado praticamente rectilíneo e,
desse modo, a força resultante ⃗ F =⃗P +⃗
T tem a direção do eixo Ox e está orientada para a posição de
equilíbrio O , sendo portanto uma força restauradora. Do triângulo destacado (fig. 4 abaixo) e levando-se
em conta o sentido do eixo Ox , concluímos que o valor algébrico de ⃗
F é:

Elaborado por dr. Ângelo Damião


F=−P ∙tgθ

x
Para pequenos ângulos podemos escrever tgθ ≅ senθ . Sendo P=mge senθ= vem:
L

F= ( −mg
L )
∙x

Sendo a intensidade da força restauradora proporcional à abscissa x da esfera, concluímos que esta realiza
um movimento harmónico simples. Para o cálculo do período comparamos:

F=−kx com F= ( −mg


L ) ∙ x e concluimos que k=
mg
L
sendo T =2 π
√ k , obtemos :
m

 Observe que o período do pêndulo simples não depende da massa da esfera pendular.

Elaborado por dr. Ângelo Damião

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