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CORPOS RÍGIDOS
Introdução
A humanidade sempre dependeu muito da energia. Por exemplo, na
Pré-História, o homem primitivo precisava se alimentar da gordura dos
animais, para ter um estoque de energia para o inverno. Outro exemplo
foi o advento da máquina a vapor, cuja energia provinha da queima de
carvão. Nenhum movimento é possível sem que a energia seja alterada,
pois a energia é definida formalmente como uma grandeza escalar as-
sociada ao estado de um ou mais objetos (HALLIDAY; RESNICK; WALKER,
2016). Essa definição é bem ampla, pois o estado de um corpo pode ser
avaliado de diversas maneiras, como por meio da velocidade, da altura,
da temperatura ou, até mesmo, da diferença de potencial elétrico. Outra
grandeza associada à energia é o trabalho. O trabalho é habitualmente
associado a alguma atividade que requer esforço para ser realizada —
por exemplo, carregar as compras do supermercado. É necessário força
para realizar essa atividade, o que faz todo o sentido, pois a definição de
trabalho, na física, é a transferência de energia por meio de uma força.
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de trabalho e energia,
bem como as suas relações. Você vai verificar o conceito de trabalho como
energia transferida e/ou recebida de um objeto, como resultado das forças
aplicadas a um sistema, e vai poder analisar os cálculos de variação de
energia e de trabalho de um sistema, a partir de situações reais.
1 Trabalho e energia
Pode-se definir trabalho como o resultado do produto escalar entre os vetores
força e deslocamento. Sendo assim, o trabalho é uma grandeza escalar que
pode ser positiva, negativa ou zero (TIPLER, 2009). Sua unidade é o Joule
[J]. O trabalho tem seu sinal dependendo de como a força é empregada. Caso
a força seja aplicada no mesmo sentido que o deslocamento, não importa a
convenção de sinais adotada para o deslocamento, dizemos que o trabalho é
positivo. Caso o trabalho tenha sentido oposto ao deslocamento, o trabalho
é negativo. No caso de não haver força ou deslocamento, o trabalho é zero.
A Figura 1 uma construção, em que uma caixa de materiais é erguida por
meio de um motor e sistemas de cabos. Logicamente, o motor deve exercer
força sobre a caixa para esta ser suspendida. Considerando que o deslocamento
é positivo para cima, definimos o trabalho exercido pelo motor como:
W = F⃗ · D⃗ (1)
Exemplo 1
Solução
Potência
Outra grandeza relacionada ao trabalho é a potência, cuja unidade é o Joule
por segundo [J/s], também chamado de Watt [W]. Também se trata de uma
grandeza escalar, sendo a razão entre uma quantidade de trabalho por um
período de tempo.
(3)
Exemplo 2
Determine o tempo que o motor da Figura 1 leva para suspender a carga de 200
kg a uma altura de 20 m. O motor tem uma potência de 1.500 W e g = 9,81 m/s².
Solução
Tem-se que:
Energia mecânica
A energia é a grandeza que mede o estado de um ou mais corpos. Do ponto
de vista da mecânica, existem duas formas de medir esse estado: com o corpo
em movimento ou em repouso. A energia exprime a capacidade de o corpo
realizar trabalho. Se isso pode ocorrer, e já que a energia é convertida em
trabalho, a unidade da energia também é o Joule [J]. A energia mecânica,
como mencionado anteriormente, é dividida em duas formas principais:
a energia cinética e a energia potencial. Isso não quer dizer que essas energias
são observadas de forma independente; em muitos casos, observa-se a soma
das duas.
Energia cinética
A energia cinética é a energia associada ao estado de movimento de um
objeto (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016). Essa forma de energia
é diretamente proporcional à massa e ao quadrado da velocidade do objeto.
Logo, uma pequena variação na velocidade resulta em uma variação muito
maior na energia cinética. A energia cinética é dada por:
(4)
Exemplo 3
Nas rodovias do país, existem limites de velocidade que devem ser respeitados,
com base no Código de Trânsito Brasileiro. Esses limites são considerados
seguros de se trafegar. Um desses motivos está relacionado à energia cinética
que os veículos adquirem quando trafegam na rodovia.
Em uma rodovia, o limite é de 80 km/h, e o motorista do automóvel da
Figura 3 trafega a 100 km/h. Determine a energia cinética em cada velocidade,
sabendo que as massas do veículo e do motorista somam 1.200 kg.
Solução
Energia potencial
Um objeto pode armazenar energia devido à sua posição. A energia armazenada
e mantida pronta para ser usada é chamada de energia potencial (HEWITT,
2015). A energia armazenada tem a capacidade (potencial) de realizar trabalho.
A energia potencial pode ser observada de várias formas. Um exemplo é uma
queda d’água, que possui energia potencial gravitacional para mover uma
turbina e, assim, gerar trabalho. Outro exemplo é um brinquedo que possui a
chamada corda, que, no caso, é uma mola de torção; quando alguém dá corda,
torce a mola, e a energia potencial elástica é armazenada para movimentar
o brinquedo.
EPg = W = P⃗ · D⃗ = m · g⃗ · h (5)
Exemplo 4
Determine a energia potencial que a carga da Figura 1 adquire após ser elevada
a uma altura de 15 m em relação ao solo. Sabe-se que a carga possui uma
massa de 200 kg e que g = 9,81 m/s².
Solução
Fk = k · x (6)
(7)
Exemplo 5
Solução
v2 = v02 + 2a · D (8)
Isolando a, obtemos:
(9)
F = m · a (10)
(11)
Na equação 11, podemos ver que o trabalho realizado pela força resultante
F é igual à variação de energia cinética em um corpo de massa m.
Exemplo 5
Solução
Energia mecânica
Energia
potencial
Entrada de Saída de
energia energia
Exemplo 7
O cabo que servia para suspender a carga da Figura 1 se rompe quando a carga
de 200 kg para e atinge a altura de 40 m. Utilizando a conservação de energia,
determine a velocidade no instante do choque com o solo.
Solução
1 2
m 1 m2
= + =m·g·h+ m· 200kg · 9,81 · 40m + · 200kg · 0 2 = 78480 J
2 s2 2 s
1 2
m 1 2
= + =m·g·h+ m· 200kg · 9,81 · 0m + · 200kg · = 78480 J
2 s2 2
Isolando v, obtemos:
2· 78480 J m
= = 2· = 28,01
m 200kg s
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 10. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2016. v. 1.
HEWITT, P. G. Física conceitual. 12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2009. v. 1.