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ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS
Definições de potência elétrica
APRESENTAÇÃO
No mundo atual, de altas tecnologias, existe, para toda instalação, seja ela industrial, seja ela
residencial ou comercial, a necessidade de se realizar o pleno dimensionamento de cargas nela
alocada.
Para tal, faz-se necessário o conhecimento das características das cargas instaladas na planta,
para que seja possível a correta previsão de energia para a referida instalação. Sabe-se que um
dispositivo elétrico, seja ele qual for, tem duas características fundamentais para sua operação:
tensão de alimentação e potência.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre potência elétrica e suas definições, bem
como seu comportamento em várias cargas com características distintas.
Serão realizadas aplicações práticas para você entender como a potência deve ser utilizada em
âmbito profissional, e serão qualificadas as instalações devido à influência de potências reativas.
Por fim, você estudará o fluxo de potência em motores trifásicos, a fim de entender quais fatores
influenciam no rendimento de tais máquinas.
Bons estudos.
DESAFIO
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) regula, por meio dos procedimentos de
distribuição, mais conhecidos como PRODIST, a qualidade de energia elétrica distribuída no
País. Mais precisamente no módulo 8, são estabelecidos os níveis aceitáveis de tensão, fator de
potência, harmônicas, entre outros itens que podem ser analisados em uma instalação. Os níveis
aceitáveis pela ANEEL para fator de potência devem estar entre 0,92 indutivo e 0,92
capacitivo.
Você, como engenheiro elétrico, tem uma planta de uma indústria moveleira para fazer.
INFOGRÁFICO
A relação entre os três componentes da potência elétrica — potências aparente, ativa e reativa
— forma um triângulo conhecido como o triângulo das potências. Ele também traz a relação
conhecida como fator de potência.
Veja, no Infográfico, o triângulo de potências, o que cada cateto significa e fatores práticos que
cada elemento influencia.
CONTEÚDO DO LIVRO
A Engenharia Elétrica estuda várias disciplinas diferentes. Entre elas, podemos citar: geração de
energia, transmissão de energia, eletrônica de potência, eletrônica analógica, máquinas elétricas,
entre outros inúmeros conteúdos. Um dos conteúdos que une todos esses é o entendimento sobre
potência elétrica. Tudo que se faz na Engenharia Elétrica está ligado com os cálculos de
potência, desde dimensionar um cabo para atender uma instalação e até mesmo definir o
rendimento de um motor.
Boa leitura.
ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS
Ruahn Fuser
Definições de
potência elétrica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Atualmente, a energia elétrica passou a ser a principal fonte de alimentação
para equipamentos, por meio de diversos dispositivos que a transfor-
mam em luz, calor, torque, etc. Para buscar qualquer tipo de energia, os
equipamentos são qualificados quanto à sua potência elétrica. Assim,
relaciona-se a potência luminosa, a potência térmica, a potência mecânica,
etc. com a potência elétrica do dispositivo, sendo possível afirmar que,
por exemplo, quanto mais calor se deseja, maior será a potência elétrica
do equipamento. Além disso, quando relacionado a máquinas elétricas,
como motores e transformadores, uma parcela dessa energia é consumida
para manter o seu campo elétrico, conhecida como potência reativa.
Neste capítulo, você estudará sobre definições de potência elétrica e
suas diferentes diretrizes, entenderá como a potência qualifica os equipa-
mentos e qual a influência da potência reativa em instalações elétricas. E,
por fim, a partir de aplicações práticas da potência em diferentes situações
reais, será capaz de identificar a potência em motores trifásicos.
2 Definições de potência elétrica
Potência elétrica
Do princípio e fundamental dito por Lavoisier em 1777 — “na natureza nada
se cria, nada se perde, tudo se transforma” —, podemos dizer que a potência
é a grandeza da transformação, ou seja, é a quantidade de potencial que um
dispositivo elétrico pode entregar quando submetido a uma variação de energia
em um período definido. Essa relação pode ser vista pela Equação (1):
(1)
v(t)
i(t)
π 2π
0
v(t)
i(t)
2π
0 π
Esse atraso significa que existe uma potência reativa com característica
indutiva sendo dissipada nesse sistema. Já se aplicarmos o sinal de tensão em
uma carga capacitiva, teremos um avanço do sinal de corrente em relação à
tensão, ou seja, θ v < θi (Figura 4).
Definições de potência elétrica 5
v(t)
i(t)
2π
0 π
Esse avanço da corrente significa que existe uma potência reativa com
característica capacitiva nesse sistema.
Então, percebemos que, para o cálculo da potência instantânea, teremos
o exposto na Equação (5):
S = VRMSIRMS (6)
Dessa forma, é possível afirmar que, para uma carga puramente resistiva
θ v = θi, a potência ativa P é igual à potência aparente S. Além disso, podemos
verificar que, quanto maior a diferença entre as fases, menor será a potência
ativa, podendo chegar a zero para θ v – θi = 90°.
6 Definições de potência elétrica
(8)
(9)
P = Re{S} (10)
Q = Im{S} (11)
Para concluir, sabemos que o valor de cos(θ v – θi) é conhecido como fator
de potência (FP) do circuito. Logo, para um FP unitário, temos que Q = 0;
para um FP adiantado (carga capacitiva), Q < 0; e, para FP atrasado (cargas
indutivas), Q > 0.
Admitindo que a carga absorve uma potência ativa fixa, quando variamos
o fator de potência da instalação, variam-se a potência reativa e a potência
aparente do sistema, conforme observado na Figura 6: conforme o FP cai, a
potência reativa e a aparente tendem a ser próximas uma da outra.
3,5
2,5
1,5
0,5
0
0,6
0,82
0,52
0,37
0,34
1
0,95
0,92
0,49
0,46
0,42
0,39
0,85
0,9
0,78
0,75
0,67
0,64
0,55
0,7
0,98
Quanto menor o FP, maior será a potência aparente para manter a potência
ativa; assim, teremos uma maior corrente percorrendo a linha de alimentação
para entregar a mesma energia ativa para a máquina. Dessa forma, é possível
afirmar algumas desvantagens para FP baixos em instalações:
Definições de potência elétrica 9
Ainda, a COPEL (2019) cita que, com a eficaz correção do fator de potência,
é possível alcançar uma série de vantagens em diferentes níveis, como:
(15)
(16)
(17)
(18)
(21)
(22)
(23)
Por meio disso, podemos afirmar que a potência desenvolvida por um motor
é sempre relacionada ao escorregamento que esse motor opera, concluindo que
um motor que opera com escorregamento elevado apresenta baixa eficiência.
Adicionalmente, garante-se o conjugado no eixo pela potência ativa que o
motor opera. Um motor comercial traz em sua placa de especificação esse dado
pronto. Para dimensionar um ramal alimentador para esse motor, é necessário
calcular a potência aparente que a rede despende para gerar tal torque. Para
isso, utilizam-se as informações dadas pelo fabricante de rendimento e fator
de potência e calcula-se conforme a Equação (24):
(24)
No livro Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley (UMANS, 2014), que exibe informações
completas de análise de máquinas de indução trifásicas, você pode estudar sobre
como o campo girante se comporta dentro de uma máquina rotativa e como é feita
a transferência de potência no entreferro.
Leituras recomendadas
ANEEL. Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no sistema Elétrico Nacional –
PRODIST. 2018. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/documents/656827/14866914/
M%C3%B3dulo_8-Revis%C3%A3o_10/2f7cb862-e9d7-3295-729a-b619ac6baab9. Acesso
em: 11 ago. 2019.
HART, D. W. Eletrônica de potência: análise e projetos de circuitos. Porto Alegre: AMGH,
2011.
SANTOS, J. N. Compensação do factor de potência. Porto: FEUP, 2006. Disponível em:
11 ago. 2019.
DICA DO PROFESSOR
Em um motor de indução monofásico, o fluxo de potência ativa que o percorre apresenta perdas
internas, descontadas para o cálculo do rendimento do motor, item que vem fornecido em
motores comerciais.
EXERCÍCIOS
2) Uma carga em série drena uma corrente i(t) = 3 cos (100π + 10°) A quando uma
tensão de 150 cos (100π - 30°) é aplicada. Determine a potência aparente e o fator de
potência da carga, respectivamente.
A) 200VA - FP = 0,809.
B) 450VA - FP = 0,851.
C) 450VA - FP = 0,809.
D) 225VA - FP = 0,766
E) 180VA - FP = 0,851.
D) 36∠30° VA e 36W.
E) 27∠-30° VA e 100W.
A) 3.570Var.
B) 3.684Var.
C) 1.150Var.
D) 2.150Var.
E) 2.420Var.
5) Para dimensionar condutores elétricos, deve-se considerar uma série de fatores, entre
eles a maneira da instalação, a corrente de projeto (Ip), o tipo de condutor, o número
de condutores carregados, o fator de correção de temperatura, o fator de correção de
agrupamento, etc. Calcule a corrente de projeto de um circuito para alimentação de
um motor monofásico de 0,5CV e tensão nominal de 127V, cujo fator de potência é de
0,85.
A) 2,89A.
B) 3,05A.
C) 4,21A.
D) 3,41A.
E) 2,50A.
NA PRÁTICA
Acompanhe, Na Prática, o projeto que a engenheira Maíra desenvolveu para uma indústria.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Neste livro, recomenda-se a leitura do Capítulo 12 — Fator de potência, no qual você poderá
aprofundar o conhecimento sobre o ajuste do fator potência.
Eletrônica de potência
No Capítulo 2 — Cálculo de potência, você poderá ver mais sobre os cálculos de potência para
projetos e o uso do programa de simulação de circuito PSpice.
Recomenda-se a leitura do Capítulo 6 para saber mais sobre a potência nos casos de máquinas
polifásicas de indução.
PRODIST — Módulo 8
Neste link, você acessa os procedimentos práticos para análise de qualidade de energia dos
PRODIST da ANEEL.
Neste artigo, você poderá rever alguns conceitos e entender mais sobre a compensação do fator
de potência.
APRESENTAÇÃO
A eletrônica industrial cria cada vez mais raízes por meio da automação. As plantas evoluem a
cada dia com novos robôs e novos sistemas autônomos. Tais tecnologias trazem benefícios para
a produção, tanto em eficiência quanto em qualidade. A realidade da mão de obra na indústria é
saber atuar no comando e na manutenção dessas máquinas. É importante saber ler e interpretar
os diagramas que compõem essa tecnologia que toma conta das plantas industriais.
Bons estudos.
DESAFIO
Imagine que você trabalha em uma empresa de automação industrial e que surgiu um trabalho:
fazer um portão eletrônico automático. O maior desafio é o fato de o portão ser muito grande e
pesado para os circuitos de portões eletrônicos comerciais. Dessa forma, houve a necessidade
de se projetar um sistema automático para abrir e fechar o portão. Assim, optou-se por utilizar
duas botoeiras, B1 e B2, para abrir e fechar
o portão, respectivamente. Além disso, utilizam-se duas chaves fim de curso (S1 e S2) a fim de
parar o portão quando ele está todo aberto ou todo fechado. Seu chefe solicitou que você faça
um diagrama de comando e potência para o sistema desse portão eletrônico. Considere que,
enquanto o portão estiver em transição, tanto a botoeira B1 quanto a B2 não terão influência no
sistema, e é necessário colocar um botão de emergência para desligar o sistema todo.
INFOGRÁFICO
Neste Infográfico, você verá um diagrama de força e comando para uma partida estrela-
triângulo que mostra detalhadamente as etapas durante a partida do motor.
CONTEÚDO DO LIVRO
Com a evolução das plantas industriais, vem surgindo a necessidade de se implantar sistemas de
acionamento cada vez mais complexos. As máquinas utilizadas na indústria apresentam diversos
sistemas automáticos, que, por meio de componentes sensores e atuadores, produzem trabalhos
de acordo com o que se programa. Tais máquinas têm seus respectivos diagramas de força e
comando, criados por meio de desenhos técnicos e simbologias padronizadas.
Boa leitura.
ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS
Ruahn Fuser
Diagramas de comando
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
No dia a dia, naturalmente nos deparamos com sistemas elétricos com
funções diferenciadas, mas todos com uma semelhança em relação à
sequência de elementos que os compõem: rede elétrica, o ponto de
acesso à energia que o equipamento fará uso; proteção, que corresponde
a uma série de elementos que visam a proteger a infraestrutura e o equi-
pamento; comando, que pode ser composto por apenas um elemento ou
por um diagrama de comando que faz uso de vários elementos e, muitas
vezes, com uma composição lógica para funcionamento; e equipamento.
Neste capítulo, você aprenderá a reconhecer a simbologia dos dis-
positivos elétricos utilizados em diagramas de comando, entenderá as
características desses dispositivos e aprender a utilizá-los em diagramas
para realizar circuitos de comando básicos.
Simbologia gráfica
Para projetar sistemas de comando elétrico, é importante conhecer as sim-
bologias-padrão utilizadas para representar cada elemento. Atualmente, a
simbologia recomendada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), em substituição à NBR 5444/1989, é a IEC 60617, cujos itens utili-
zaremos para realizar os diagramas aqui estudados. No Quadro 1, é possível
verificar os símbolos mais empregados em diagramas de comando, conforme
apresentado a seguir.
Botoeira NA Botoeira NF
Contato
Bobina
tripolar
Contato NA Contato NF
(Continua)
Diagramas de comando 3
(Continuação)
Disjuntor
com funções
Disjuntor
térmicas e
magnéticas
Relé
Sinalizador
temporizador
Transfor- Motor
mador trifásico
M Motores
Um exemplo para essa simbologia pode ser visto na Figura 1, na qual temos
a representação de um contator e sua respectiva simbologia.
Força Auxiliar
Comando
1 3 5 13 21
A1
K1
A2 2 4 6 14 22
Figura 1. Contator com simbologia literal e numérica.
Diagramas de comando 7
A antiga norma ABNT NBR 5280:1983, que tratava da simbologia literal e numérica em
diagramas de comando elétrico, e se baseava na IEC 113.2, foi cancelada em meados
de 2014. Contudo, mesmo com o seu cancelamento, muitos elementos comerciais
ainda utilizam os padrões definidos por essa norma.
Contatores
Dispositivos com acionamento eletromagnético (Figura 2) que possibilitam o
controle de elementos com elevadas correntes, por meio de comando de baixa
corrente. Seu funcionamento básico consiste em uma bobina que, quando
acionada por uma tensão definida, cria um campo magnético no núcleo fixo
que vence a elasticidade de uma mola interna e fecha o contato móvel ao
contato fixo.
8 Diagramas de comando
Ip Contato móvel
Mola
Ip Contato fixo
Núcleo móvel
Bobina
Ip
Núcleo fixo
Relés térmicos
Também conhecidos como relés de sobrecarga, são dispositivos de proteção
que atuam na sobrecarga de motores. Segundo Franchi (2008), sua operação
baseia-se em um método indireto de detecção de sobrecarga em motores, em
que se cria um modelo térmico do motor a ser protegido.
Os relés térmicos tripolares são compostos por três conjuntos de bimetálicos,
um para cada fase. O bimetálico constitui-se pela associação de dois metais
com coeficiente de dilatação térmica diferentes que, quando submetidos a
temperaturas elevadas, faz com que o dispositivo abra seus contatos principais.
Dessa forma, os relés térmicos podem proteger os motores de sobrecargas.
A Figura 3 mostra a influência da temperatura nos bimetálicos dos relés.
1 1
A B A Deflexão
C D C
2 2 B
D
1 > 2
AB > CD
AB = CD
= Coeficiente de dilatação linear
Para 2
1
rearme
automático 98 97 95
3
1 - Botão de rearme
Para 2 - Contatos auxiliares
rearme
manual
4 3 - Botão de teste
5
4 - Lâmina bimetálica auxiliar
5 - Cursor de arraste
6
96
6 - Lâmina bimetálica principal
7 - Ajuste de corrente
L1 T1 L2 T2 L3 T3
Ir = In. FS (1)
Em relés comerciais, esse ajuste será feito por meio de um botão de ajuste;
portanto, ao dimensionar um relé térmico, você escolherá um relé cujo corrente
calculada se encaixa na faixa de ajuste do dispositivo escolhido.
Diagramas de comando 11
11
S0
12
13 13
S1 K1
14 14
Leitura recomendada
SOUZA, N. S. Apostila de acionamentos elétricos. Natal: Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, 2009. Disponível em: https://docente.
ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-e-acionamentos-eletricos-ii/apostila-
-basica. Acesso em: 22 ago. 2019.
DICA DO PROFESSOR
Os motores são recorrentemente utilizados para diferentes funções, desde os mais pequenos até
os mais pesados. Entre as finalidades que os motores apresentam, pode-se citar sua utilização
em compressores de ar, ventiladores, bombas hidráulicas, misturadores de grãos, aeradores,
entre outros equipamentos. Dessa forma, é interessante atentar para as diferentes metodologias
de partidas para tais motores, pois para cada necessidade há um meio específico de utilização.
Os diagramas de comando costumam ser utilizados com alguma função específica para motores.
Nesta Dica do Professor, você verá como são feitos os diagramas típicos de partidas de motores
trifásicos, observando como se devem escolher os dispositivos para cada tipo de partida.
EXERCÍCIOS
B) Um acionamento com botoeira e com selo, dois circuitos lógicos "OU" e um circuito
lógico "E".
C) Dois acionamentos com botoeiras e selos para cada um dos dois contatores e um circuito
lógico “E” com um contato auxiliar NA de K1 e K2.
3) As lógicas de comando podem ser criadas para diferentes propósitos. Muitas vezes, são
realizadas estratégias de acordo com a necessidade de operação. Dessa forma, foi realizado
o diagrama apresentado na figura a seguir para que satisfaça uma função básica. Qual é
essa função?
A) Pisca-pisca.
C) Partida estrela-triângulo.
D) Partida compensada.
4) Na planta de uma indústria, existe a necessidade de se criar uma esteira que funcione
para frente e para trás. Qual das alternativas a seguir indica uma estratégia para
evitar o curto-circuito na rede em uma partida que atenda a função dessa esteira?
A) Ligações condicionadas.
NA PRÁTICA
Em diagramas de comando, são utilizados vários componentes distintos para realizar funções
específicas. Muitas vezes, é necessário conhecer os componentes comerciais antes de se projetar
um diagrama de comando para saber quais são as opções disponíveis no mercado.
Neste Na Prática, você vai encontrar alguns dispositivos reais utilizados em diagramas de
comando e verá algumas dicas para escolher cada um deles de acordo com sua aplicação.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Com a leitura deste livro, você poderá aprofundar seus conhecimentos em dispositivos de
acionamentos. Você encontrará informações mais específicas nos Capítulos 4, 6 e 8.
Norma IEC
Neste artigo, você poderá ver como as figuras são utilizadas conforme a norma IEC.
Nesta dissertação de mestrado, você encontrará uma abordagem de protocolo para a criação de
comandos elétricos que são usados na automatização de processos industriais.
Leia, neste artigo, sobre um sistema de manobras em subestação que utiliza diagramas de
comandos elétricos no trabalho. É interessante verificar como o autor utiliza tais diagramas.
APRESENTAÇÃO
Os motores são elementos comuns no dia a dia, pois são encontrados em diversas aplicações,
sejam elas industriais, sejam elas comerciais ou até mesmo residenciais. Dessa forma, torna-se
imprescindível o aprendizado sobre detalhes de funcionamento de tais máquinas elétricas. Além
de saber a respeito do funcionamento intrínseco de um motor, é importante atentar para a
aplicação que estará associada a ele, pois para cada aplicação é exigida uma forma de
dimensionamento de suas proteções e comando.
Bons estudos.
INFOGRÁFICO
Neste Infográfico, você verá uma comparação entre as metodologias de partidas mais comuns
para motores, observando as vantagens e as desvantagens de cada uma.
CONTEÚDO DO LIVRO
Boa leitura.
ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS
Ruahn Fuser
Chaves de partida
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Presentes em praticamente qualquer processo industrial moderno, os
motores elétricos são encontrados em aplicações que vão desde pe-
quenos aparelhos eletrodomésticos até grandes máquinas industriais,
uma variedade de aplicabilidade que levou ao desenvolvimento de
diversos tipos de motores com níveis de potência diferentes. Para vencer
a inércia, motores maiores e com elevados níveis de potência demandam
maiores correntes em sua partida, chegando a ser cerca de 10 vezes sua
corrente nominal, o que resulta em um alto consumo de energia, além
da necessidade do dimensionamento de condutores e dispositivos de
proteção mais robustos. Para diminuir a corrente inicial requerida pelos
motores, são realizadas algumas manobras — as partidas indiretas. Já em
motores de menor potência, é comum a utilização da partida direta. Neste
capítulo, serão abordadas as principais características dessas partidas,
além da lógica por trás de cada uma delas e como são representadas
em diagramas elétricos.
2 Chaves de partida
Partidas de motores
Existem diversas maneiras para fazer partir um motor elétrico trifásico: esco-
lher a maneira mais adequada para cada situação representa uma competência
essencial para profissionais da área elétrica, sempre visando à segurança, à
eficiência e à minimização dos custos.
Partida direta
Maneira mais simples de fazer partir um motor trifásico, na partida direta as
três fases provenientes da rede de distribuição elétrica, após passarem pelos
dispositivos de proteção, são ligadas diretamente aos enrolamentos do motor,
fornecendo a ele tensão nominal.
Esse tipo de partida apresenta projeto e montagem relativamente simples,
além de um conjugado nominal na partida, ainda que essa ligação impossibilite
um aumento de velocidade lento e progressivo.
Para vencer a inércia inicial do motor, a corrente de pico (Ip) requerida na
partida direta normalmente varia entre seis e oito vezes a corrente nominal do
motor (In), podendo chegar, em alguns casos, a dez vezes a corrente nominal.
Esse pico de corrente é um problema para a instalação, causando queda de
tensão e sobrecarregando a rede e os dispositivos de segurança mal dimen-
sionados. Dessa forma, a partida direta é somente indicada para motores de
menor potência, normalmente abaixo de 5 cv em unidades consumidoras
atendidas em baixa tensão, sendo importante sempre seguir a orientação da
concessionária de energia local.
A Figura 1 apresenta a curva de corrente durante a partida do motor, saindo
da inércia até chegar à sua velocidade nominal.
Chaves de partida 3
In
In
Partida estrela-triângulo
Trata-se de um tipo de partida que utiliza duas possíveis formas de fecha-
mento das bobinas dos motores, portanto só é possível fazê-la em motores
que apresentam seis terminais de ligação e duas tensões nominais, uma para
cada fechamento. Durante a partida, o fechamento empregado é o de menor
tensão, em estrela. Após alcançar uma velocidade próxima a 90% da velocidade
nominal, a ligação é comutada para a ligação de maior tensão, ficando com o
fechamento das bobinas em triângulo e fornecendo tensão nominal ao motor.
Durante a partida, os enrolamentos do motor estão ligados em estrela, uma
ligação que diminui em aproximadamente 58% a tensão fornecida ao motor em
relação à tensão nominal, possibilitando uma redução de 33% na corrente de
partida. Contudo, essa redução também se aplica ao seu conjugado, tornando
essa ligação recomendável apenas em motores com partidas em vazio ou se
4 Chaves de partida
In
In
Partida compensadora
Assim como na partida estrela-triângulo, para reduzir a corrente de pico
durante a partida, a estratégia consiste em reduzir a tensão de alimentação
durante esse estágio, para o qual se emprega um autotransformador ligado
em série com as bobinas do motor.
Os terminais inferiores do autotransformador são conectados em estrela, e,
pelo fato de esse tipo de transformador dispor de derivações (TAP) ao longo
de um de seus enrolamentos, é comum obter tensões de 50%, 65% e 80% da
tensão de fase aplicada a ele. Dessa forma, é possível controlar a tensão e,
consequentemente, a corrente durante a partida.
O conjugado desenvolvido durante a partida também é reduzido de acordo com
a tensão do TAP escolhido, ou seja, o TAP de 50% só deve ser aplicado a motores
que partam a vazio ou com cargas que necessitem de baixo conjugado no eixo.
A Figura 3 demonstra a curva da corrente de partida compensadora com
relação à partida direta.
In
In
Segundo a NBR 5410, a queda de tensão durante a partida de um motor não deve
ultrapassar 10% de sua tensão nominal no ponto de instalação do dispositivo de
partida correspondente. Contudo, segundo a mesma norma, em casos específicos,
pode-se adotar uma queda de tensão superior a 10% (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2008).
Partida direta
O diagrama elétrico da partida direta representado na Figura 4 mostra, na
parte de potência, as três fases provenientes da rede e o terra (L1, L2, L3, PE),
três fusíveis responsáveis pela proteção contra curto-circuito, os contatos de
potência do contator, um relé térmico para proteção do motor contra sobrecarga
e, finalmente, o motor elétrico trifásico.
Chaves de partida 7
Dimensionamento do contator
A corrente nominal do contator (Ie) deve ser projetada de acordo com a corrente
nominal do motor (In); dessa forma:
Ie ≥ In
If ≥ 1,2In
If ≤ IK1
If ≤ If
RT
10 Chaves de partida
Partida estrela-triângulo
A comutação da ligação estrela-triângulo é feita com o auxílio de um relé de
tempo e contatores, conforme o diagrama da Figura 6.
In = IL
It = IK1 = IK2 = 0,58In
Ip’ = 0,33Ip
If ≥ 1,2In
If ≤ If
K1
If ≤ If
RT
Partida compensadora
Observando os diagramas de potência e comando, representados na Figura 7,
é possível compreender como se faz a comutação. Quando se aciona o botão
B1, a bobina do contator K3 é alimentada; na parte de potência, isso resulta
no fechamento do enrolamento secundário do autotransformador. Já na parte
de comando, aciona a bobina do contator K2, que, por sua vez, conecta o
autotransformador a rede. Os contatos de selo de K2 e K3 mantêm o circuito
operando. Com K2 energizado, a parte de potência entrega aos terminais
do motor o nível de tensão de acordo com o TAP escolhido. Já na parte de
comando, o relé de tempo é acionado.
Quando é atingido o tempo programado no relé de tempo RT, os contatos
15 e 16 comutam, cortando a corrente que vai para a bobina de K3. Dessa
forma, pelos contatos NF 21 e 22, a bobina de K1 é acionada, o que implica
o corte de corrente para a bobina de K2. Na parte de potência, isso acarreta
a ligação direta do motor à rede pelos contatos de K1; assim, o motor está
operando com tensão nominal.
Chaves de partida 13
IK1 ≥ In
IK2 = K2 ∙ In
IK3 = In ∙ (K – K2)
85 0,85 72 13
80 0,80 64 16
65 0,65 65 23
50 0,50 50 25
Ie1 ≥ In
Ie2 ≥ K2 × In
Ie3 ≥ (K – K2) × In
Ip′ = Ip × K2
Leituras recomendadas
FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY JUNIOR, C.; UMANS, S. D. Máquinas elétricas: com introdução
a eletrônica de potência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 648 p.
PETRUZELLA, F. D. Motores elétricos: e acionamentos. Porto Alegre: AMGH; Bookman,
2013. 372 p. (Série Tekne).
DICA DO PROFESSOR
Os motores são recorrentemente utilizados para diferentes funções, desde os mais pequenos até
os mais pesados. Entre as finalidades que os motores apresentam, pode-se destacar a utilização
em compressores de ar, ventiladores, bombas hidráulicas, misturadores de grãos, aeradores,
elevadores de carga, serras circulares, etc. Dessa forma, é interessante atentar às diferentes
metodologias de partidas para tais motores, pois para cada necessidade há um meio específico
de utilização. As partidas estrela-triângulo e compensadora são comumente utilizadas para
motores de potência elevada, e é importante saber, para cada caso, qual das duas escolher.
EXERCÍCIOS
1) Em uma marcenaria existem várias máquinas que utilizam motores como forma de
transformar energia elétrica em mecânica. O trabalho será feito com três delas: uma
serra circular de 10cv, um compressor de ar de 25cv (partindo em alívio) e um
exaustor de 1,5cv. Quais tipos de partida são recomendados para cada uma das
cargas, respectivamente?
2) Em uma piscicultura são utilizadas bombas de água submersas para fazer a troca de
água em açudes. Tais bombas normalmente são utilizadas para jogar água de um
ponto mais baixo para um ponto mais alto, o que deve enfrentar uma coluna d’água
na partida de seu motor. Considere uma bomba de água de 60cv trifásica,
220V/60Hz. Dados da placa do motor:
In: 158,9A
• Ip/In: 8
• In: 134,5A
• Ip/In: 8,2
Entre as partidas estrela-triângulo e compensadora, qual é a mais indicada para esse
caso? Calcule qual deverá ser a corrente para o dimensionamento do relé de
sobrecorrente nessa aplicação. (Caso escolha compensadora, utilizar TAP de 70%.)
• In: 77,1A
• Ip/In: 8
• In: 71,6A
• Ip/In: 6,5
A partida estrela-triângulo é uma das mais utilizadas para partir motores de indução de potências
elevadas. Muitas vezes, é necessário conhecer os componentes comerciais para se dimensionar
uma partida e projetar um diagrama de comando em que se utilizam as opções disponíveis no
mercado.
Confira, Na Prática, alguns dispositivos reais utilizados para partidas estrela-triângulo e como
se dimensiona esse tipo de partida.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Máquinas elétricas
Em sua dissertação de Mestrado, Paulo José Stival Coelho apresenta um estudo que mostra os
detalhes de uma partida de motor de indução de grande porte em uma rede elétrica fraca.
Análises das correntes de partida de um motor trifásico acionado por chave convencional e
por inversor de frequência
É importante atentar às normas que definem as proteções necessárias para cada máquina
elétrica. Confira.
APRESENTAÇÃO
A maioria dos motores elétricos é acionada de maneira direta, mas quando motores de grande
porte são iniciados dessa maneira, eles causam uma perturbação na tensão de alimentação
devido ao pico de corrente de partida. Esses eventos transitórios podem afetar a instalação
elétrica e outros equipamentos conectados a ele. Para limitar o aumento da corrente de partida,
os grandes motores são acionados com tensão reduzida e, em seguida, a tensão de alimentação é
reconectada quando eles atingem a velocidade próxima à rotação. Os principais motivos pelos
quais a partida do motor é realizada dessa maneira são: limitar os efeitos transitórios e garantir
que o motor acelere a carga mecânica corretamente.
Bons estudos.
DESAFIO
A partida estrela-triângulo é apresentada na figura a seguir. Para isso, são usados três contatores
(K1, K2 e K3), um relé térmico de sobrecarga (F4) e fusíveis em cada fase (F1,F2,F3).
INFOGRÁFICO
Um dos grandes problemas ocasionados pela partida direta é o elevado valor da corrente no
instante de partida, que afeta o superdimensionamento dos componentes e dos cabos da
instalação elétrica. Isso causa um alto custo de equipamentos, além de aumento no consumo de
energia elétrica. Dessa forma, é desejável diminuir o nível dessa corrente gerada em função de o
motor precisar vencer a inércia para sair do repouso.
No Infográfico a seguir, aproveite para conhecer os diferentes tipos de partida de motores CA.
CONTEÚDO DO LIVRO
Os motores CA têm diferentes tipos de acionamentos, podendo ser classificados pelo tipo de
partida (direta ou indireta). Essas partidas são classificadas conforme a necessidade de aplicação
e também de acordo com o dimensionamento da rede elétrica de alimentação existente.
Alguns métodos de partida de motores CA foram favorecidos com o avanço da eletrônica de
potência e com a evolução dos dispositivos semicondutores, que contribuíram para a construção
de equipamentos com maior confiabilidade e eficiência no processo de acionamento de motores
CA.
Boa leitura.
ELETRÔNICA
DE POTÊNCIA II
E ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS E
ELETRÔNICOS
Introdução
A vasta aplicação dos motores CA deu-se por uma série de vantagens,
como o tamanho reduzido e o maior rendimento, se comparados aos mo-
tores CC, reduzindo o consumo de energia elétrica, além de terem menor
aquecimento das partes construtivas. Outro fator decisivo para o uso de
motores CA é o custo reduzido dos componentes para sua construção,
enquanto os CC demandam um maior número (MARTINEWSKI, 2016). Os
motores CA têm acionamento elétrico para partida, seja a alimentação de
forma indireta ou direta, dependendo da rede de alimentação disponível.
Isso porque, para cada forma, existe uma demanda de tensão corrente,
interferindo diretamente no dimensionamento dos dispositivos elétricos
e nos condutores.
Neste capítulo, você estudará os tipos de acionamento de motores CA,
com destaque ao funcionamento e às aplicações das chaves de partida
soft starters e dos inversores.
2 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA
(corrente de partida)
Corrente
N
Velocidade angular
Corrente
Tempo (s)
Figura 2. Variação de corrente do motor devido à redução
da tensão.
Partida direta
A partida direta é o método no qual o motor é conectado diretamente à rede
de disjuntores que vem da rede de energia elétrica. Esta partida é tradicional
em motores elétricos trifásicos, quando se deseja fazer uso do máximo de
desempenho do motor. Dessa forma, o torque de partida pode ser aprovei-
tado, no entanto, suas características são: alta corrente de partida — cerca de
8 vezes a corrente nominal — e, por consequência, necessidade de dispositivos
de acionamento e condutores mais robustos.
4 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA
L
L1 L2 L3
95
FT1
96
F1.2.3
S0
13
S1 K1
14 FT1
K1 H1
M
~3
N
Acessando o link a seguir, você pode verificar as partidas diretas, a partir da página 4.
https://qrgo.page.link/8vB8j
Partida indireta
Pelo fato de o acionamento com partida direta aplicada em motores trifásicos
apresentar uma alta corrente de partida, mostra-se atraente a utilização da
partida indireta. Esta consiste no método de redução da corrente de partida
que influencia diretamente no dimensionamento dos dispositivos elétricos que
compõem a partida do motor elétrico. Para a partida indireta, existem várias
formas de reduzir a corrente de partida de um motor elétrico trifásico, pois,
reduzindo a corrente de partida do motor, também se reduz o conjugado/torque.
Em virtude disso, existem opções de partida em função da aplicação escolhida.
Dentre elas, pode-se citar algumas principais: partida estrela-triângulo, partida
compensadora e partidas eletrônicas.
6 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA
Partida estrela-triângulo
A partida estrela-triângulo consiste na alimentação do motor com uma redução
de tensão nas bobinas durante sua partida. O motor parte em estrela, isto é,
com uma tensão de 58% da tensão nominal, e, após certo instante, a ligação
é convertida em triângulo, assumindo, por fim, a tensão nominal em regime
(FRANCHI, 2014; PETRUZELLA, 2013). A chave de partida estrela triângulo
reduz a corrente em 33% da nominal e, respectivamente, o torque também em
33%. Assim, esse método se mostra aplicável para partida de motores sem
carga (a vazio) ou com cargas que apresentem conjugado resistente baixo
e praticamente constante (SEGUNDO; RODRIGUES, 2015). Na Figura 4,
a seguir, é apresentado o diagrama de ligação de comando e de força da chave
de partida estrela-triângulo.
(a) (b)
Partida compensadora
A partida compensadora alimenta o motor com tensão reduzida em suas
bobinas durante a partida. Essa redução é feita por meio da ligação de um
autotransformador em série com as bobinas do motor. De acordo com Segundo
e Rodrigues (2015), esse autotransformador possui, geralmente, taps (pontos de
ajuste com diferentes níveis de tensão) de 50%, 65% 80% da tensão nominal.
A partida compensadora geralmente é utilizada em motores com potência
superior a 15 CV, sendo o autotransformador ligado em estrela e tendo potência
igual ou superior à do motor (FRANCHI, 2014). Ainda, tem como principal
vantagem a robustez, podendo ser utilizado em qualquer motor trifásico.
Diferentemente da partida estrela-triângulo, esta necessita de apenas três
terminais do motor. Além disso, mesmo ocorrendo a comutação dos contatores,
o motor sempre permanece energizado, e a corrente de partida é reduzida,
aproximadamente, 42% e 65% da corrente de partida. No entanto, devido
ao autotransformador, o custo, a manutenção e o espaço de instalação são
maiores. A Figura 5, a seguir, apresenta uma partida de chave compensadora.
(a) (b)
Partidas eletrônicas
Com o desenvolvimento da eletrônica de potência, há o aumento da viabilidade
econômica para usufruir do uso de chaves eletrônicas de partida para motores,
sendo as mais utilizadas: soft-starter e inversores de frequência. Esses dispo-
sitivos têm como principal finalidade reduzir a corrente de partida de motores,
entretanto essas partidas eletrônicas diferenciam-se por sua construção e seu
princípio de funcionamento. A Figura 6, a seguir, mostra esses dois tipos de
partidas eletrônicas apresentados comercialmente.
(a) (b)
Princípio de funcionamento
O princípio de funcionamento das soft-starters está baseado na utilização
de SCR (tiristores), ou melhor, de uma ponte tiristorizada na configuração
antiparalelo, que é comandada por uma placa eletrônica de controle, a fim
de ajustar a tensão de saída, conforme a programação feita pelo usuário
(MARTINEWSKI, 2016). A Figura 7, a seguir, mostra o diagrama de uma
soft-starter.
Observa-se a soft-starter que controla a tensão da rede por meio do cir-
cuito de potência constituído de seis SCR, variando, assim, seu ângulo de
disparo e o valor eficaz de tensão aplicada. Desse modo, pode-se controlar a
corrente de partida do motor, proporcionando uma partida suave de forma a
não provocar quedas de tensão elétrica bruscas na rede de alimentação, como
ocorre em partidas diretas (FRANCHI, 2014). Além disso, geralmente, podem
funcionar com a tecnologia chamada by-pass, na qual, após o motor partir e
receber toda a tensão da rede, se liga um contator que substitui os módulos de
tiristores, evitando sobreaquecimento dos mesmos (MARTINEWSKI, 2016;
SEGUNDO; RODRIGUES, 2015).
Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA 11
Aplicações
A vasta aplicação de soft-starters é evidenciada em vários setores, como
comercial, residencial e industrial, podendo ser aplicadas a bombas centrífu-
gas, alternativas (saneamento/irrigação/petróleo), ventiladores, exaustores,
sopradores, compressores de ar, refrigeração (parafuso/pistão), misturadores,
aeradores, britadores, moedores, picadores de madeira, refinadores de papel,
fornos rotativos, serras e plainas (madeira), moinhos e transportadores de carga.
https://qrgo.page.link/Bjyaq
Princípio de funcionamento
De acordo com Segundo e Rodrigues (2015), o inversor funciona da seguinte
maneira: ele é ligado à rede, podendo ser monofásica ou trifásica, e, em sua
saída, há uma carga (geralmente um motor) que necessita de uma frequência
variável. Para tanto, o inversor tem como primeiro estágio um circuito re-
tificador, responsável por transformar a tensão alternada em contínua, um
segundo estágio, composto de um banco de capacitores eletrolíticos e circuitos
de filtragem de alta frequência e, finalmente, um terceiro estágio (composto
de transistores IGBT), capaz de realizar a operação inversa do retificador, ou
seja, transformar a tensão contínua do barramento de corrente contínua (CC)
para alternada, com a frequência desejada pela carga.
A Figura 8, a seguir, apresenta um diagrama resumido de um inversor,
onde a seção azul é o retificador; a vermelha, o circuito inversor, responsável
por transformar a tensão contínua em alternada; e a verde é o barramento
CC, utilizado para filtrar a tensão contínua proveniente da seção retificadora
(SEGUNDO; RODRIGUES, 2015, FRANCHI, 2014).
R
U
S V Motor
AC
T
W
Aplicações
As aplicações citadas para as soft-starters também podem ser generaliza-
das estas. Entretanto, o fator que determina o uso de inversores é que estes
podem substituir sempre uma soft-starter, mas o contrário não é possível.
Ainda, a maioria dos inversores de frequência dispõe da função regulador PID
(proporcional integral derivativo), uma ação que pode ser usada para fazer
o controle de um processo em malha fechada, ou seja, sem a necessidade de
um controlador externo.
Na Figura 9, a seguir, tem-se a aplicação de um inversor para um motor
de indução, usualmente utilizado em vasto setor industrial.
Entrada
monofásica Inversor de Saída
ou trifásica frequência trifásica Motor
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR
Devido à inércia a ser vencida, o acionamento de motores trifásicos é considerada a parte crítica
no projeto, pois é comum o surgimento de elevadas correntes no transitório de partida. Essa
corrente pode ser limitada por meio da configuração da ligação executada nas bobinas do motor
ou do nível de tensão aplicada no instante da partida.
Na Dica do Professor, você irá conhecer um pouco mais sobre esses dois métodos de partida e
verá como funciona seu diagrama de força e comando.
EXERCÍCIOS
1) O acionamento de motores de forma segura é fundamental para garantir boa vida útil
destes e dos demais equipamentos. Para isso, é necessário que o diagrama de comando seja
feito de forma correta para que nenhum imprevisto ocorra no momento do acionamento.
Com base no diagrama de comando, identifique de qual tipo de partida é o diagrama
exposto a seguir.
A) Estrela-triângulo.
B) Chave compensadora.
C) Partida direta.
D) Partida direta com reversão.
E) Soft starter.
B) 210,12A.
C) 138,3A.
D) 145,4A.
E) 131,78A.
B) O controle escalar é uma estrutura mais simples de controle de velocidade de motores, por
isso conversores que utilizam essa estrutura são os mais utilizados na indústria. Por outro
lado, os conversores que utilizam a estrutura de controle vetorial vêm tomando espaço da
estrutura de controle escalar em motores que não necessitam de controle aprimorado para
o seu funcionamento.
C) O controle escalar tem sua imprecisão causada pela malha fechada do sistema de controle,
que faz o controle do motor tender à instabilidade, podendo, em certos casos, ocasionar a
queima do motor. A estrutura do controle vetorial veio para corrigir os erros ocasionados
pelo controle escalar, sendo esse o sistema mais aplicado no controle de velocidade de
motores.
B) Com a chave estática, é possível controlar a tensão e a frequência elétrica durante a partida
do motor.
C) A principal chave de estado sólido que compõe a soft starter é o mosfet de potência.
E) Com o uso de semicondutores (SCRs) e com essa chave de partida foi possível controlar a
velocidade do motor.
NA PRÁTICA
Em termos técnicos, uma chave soft starter é um equipamento que reduz o torque aplicado ao
motor elétrico. Geralmente, consiste em dispositivos de estado sólido, como tiristores, para
controlar a tensão de alimentação aplicada ao motor. A soft starter trabalha com o fato de o
torque ser proporcional ao quadrado da corrente de partida, que por sua vez é proporcional à
tensão aplicada. Assim, o torque e a corrente podem ser ajustados, reduzindo a tensão no
momento da partida do motor.
Neste Na Prática, você vai conhecer como é o funcionamento de uma partida soft starter e como
ela reduz a tensão aplicada ao motor.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Neste livro, das páginas 31 a 55, é exposto, em detalhes, o funcionamento dos tipos mais
comuns de acionamentos utilizados em motores. Ainda, no capítulo 3, uma análise geral do
inversor de frequência é feita: parametrização, finalidades, funcionamento e muito mais.
Nesta videoaula, as características principais sobre a partida estrela-triângulo, com o uso de soft
starter e inversores de frequência são apresentadas.
Neste vídeo, você vai conhecer os elementos que compõem um sistema de partida de motores
elétricos, como: contator, relé de sobrecarga, disjuntor motor, fusíveis, temporizador e muito
mais.
APRESENTAÇÃO
Dentre as várias formas de conversão de energia elétrica executadas pela Eletrônica de Potência,
a conversão CC/CA é amplamente representada na indústria pelos inversores de frequência.
Estes são responsáveis pelo controle de velocidade de motores de indução presentes nas mais
diversas atividades industriais. Outra aplicação dos inversores está no no-break, que convertem
a energia armazenada nas baterias, para manter equipamentos ligados quando há alguma falta no
fornecimento de energia. Em equipamentos de grande porte e potência, são utilizados
cicloconversores para sua regulação de velocidade, pois, em geral, é necessário que a velocidade
seja em uma frequência menor que aquela da concessionária de energia elétrica.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender mais sobre inversores de potência: DC/CA
– inversor: inversor monofásico; inversor trifásico. CA/CA – cicloconversor.
Bons estudos.
DESAFIO
Você está implementando uma nova linha de produção em sua empresa com o objetivo de ser
mais eficiente que as demais já instaladas. E deve escolher, dentre duas opções, qual o melhor
inversor a ser utilizado. Utilizando um analisador de energia, você executou a função Fast
Fourier Transform – FFT (Transformada Rápida de Fourier) para determinar as curvas de
contribuição em frequência de cada inversor.
Intuitivamente, sem executar nenhum cálculo, apenas a partir da observação do gráfico da FFT
de saída dos dois inversores, responda qual você diria ser o inversor cuja saída é mais próxima
do ideal? Por quê?
INFOGRÁFICO
Neste Infográfico, você vai ver as diferentes formas de gerar corrente alternada monofásica e
trifásica, em frequências maiores ou menores que a fornecida pela concessionária de energia.
Confira.
CONTEÚDO DO LIVRO
Os inversores são equipamentos responsáveis por converter uma tensão contínua em alternada,
em frequências maiores, permitindo a variação de velocidade de motores síncronos, ou, então,
responsáveis pelo fornecimento da energia armazenada em baterias no caso de uma falta da
concessionária. Quando é necessário controlador de motores em frequências inferiores à da
concessionária, os cicloconversores são utilizados, convertendo diretamente de CA para CA.
Boa leitura.
ELETRÔNICA
DE POTÊNCIA
Felipe de
Oliveira Balder
DC/CA - Inversor
monofásico, inversor
trifásico; CA/CA –
cicloconversor
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Uma aplicação muito comum dos dispositivos da eletrônica de potência
é na conversão de corrente alternada (CA), fornecida pela concessionária
de energia, em corrente contínua (CC), para alimentar vários circuitos ele-
trônicos presentes no nosso dia a dia. Entretanto, a eletrônica de potência
permitiu que a conversão para corrente alternada, antes praticamente
inexistente, pudesse ser desenvolvida.
A conversão para corrente alternada está presente em diversos equi-
pamentos, como os inversores de frequência, atuando nas indústrias e
nos sistemas fotovoltaicos, permitindo a geração de energia em corrente
alternada a altas potências e podendo gerar sinais com altas frequências,
de modo a permitir o controle de velocidade de motores síncronos.
Dentre outras aplicações, podemos citar os nobreaks (do inglês, UPS,
uninterruptible power supply, fonte de energia ininterrupta), compensado-
res de tensão, sistemas de transmissão flexível em corrente alternada (do
inglês, FACTS, Flexible AC Transmission System). Outro dispositivo que gera
corrente alternada em sua saída é o cicloconversor, cuja energia terá uma
frequência menor que a da entrada, cuja aplicação está no acionamento
de grandes motores em baixa velocidade.
2 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor
Inversores monofásicos
A invenção dos motores elétricos no século XIX trouxe grandes inovações para
a indústria, alterando seus métodos de produção. No século XX, que viven-
ciou o nascimento e grande crescimento da eletrônica em geral, as formas de
acionamentos de motores foram se tornando cada vez mais eficientes, fazendo
com que os motores de corrente alternada pudessem ter um lugar de destaque
em conjunto com os inversores de frequência (SAWA; KUME, 2004). Em
todos os tipos de aplicação industrial, o controle de velocidade de um motor
é de extrema importância e as inovações que a eletrônica de potência trouxe
foram cruciais nesse ponto (BOSE, 1993).
Em termos gerais, um inversor de frequência converte energia em CC para
energia em CA. Essa energia é representada por uma forma de onda cujas
amplitude e frequência podem ser definidas de acordo com certos parâmetros
de controle para a aplicação. Tradicionalmente, a energia em CA é representada
por uma senoide e tem as seguintes características:
1. é periódica;
2. varia entre um valor positivo e um valor negativo;
3. tem valor médio nulo.
S1 S3 S1 S3
VO VO
VCC VCC
S4 S2 S4 S2
(a) (b)
Figura 1. Circuito ponte H.
S1 S3 S1 S3
VO VO
VCC VCC
S4 S2 S4 S2
VO
+ VCC S1 e S2 S1 e S2
– VCC S3 e S4 S3 e S4
{
VCC VCC –Rt/L T
+ (Imin – )e , 0<t<
R R 2
iL (t) = (1)
V V T
– CC + (I + CC ) e–R(t – T/2), <t<T
R max R 2
( )
VCC 1 – e–RT/2L
Imax = –Imin = (2)
R 1 + e–RT/2L
O valor eficaz da corrente, IRMS (RMS vem do inglês, root mean square),
pode ser obtido utilizando a equação (3), e, como a forma de onda é simétrica,
pode-se considerar apenas metade do período.
2
2 T/2 VCC V
IRMS = ∫ + (Imin – CC ) e–RT/L dt (3)
T 0 R R
PL = R ∙ IRMS2 (4)
VO
S1 D1 D3 S3
VO
t
VCC
IO
S4 D4 D2 S2 S1 e S2 S3 e S4
D1 e D2 D3 e D4
S1 S3 S1 S3
VO = 0 VO = 0
VCC VCC
S4 S2 S4 S2
VCC
T/2 T
0 t
α α α α
VCC
S1 fechada
t
S2 fechada
t
S3 fechada
t
S4 fechada
t
Para tornar a forma de onda mais próxima de uma senoide, várias pontes
H podem ser associadas, onde cada circuito terá um controle de amplitude
diferente, gerando sinais mais complexos, como pode ser visto na Figura 6.
Análise de harmônicos
Como o objetivo é gerar um sinal mais próximo de uma senoide, a forma
de onda de corrente entregue à carga pode ser decomposta em uma série de
Fourier para análise, como mostra a equação (6). Por ser um sinal CA, seu
valor médio deve ser zero; logo, há apenas componentes senoidais na série
de Fourier (HART, 2012).
∞
iL (t) = ∑ Insen(nω0t + n) (6)
n=1
A potência dissipada na carga é dada pela equação (7), onde o valor eficaz
de corrente para o n-ésimo harmônico é dado pela equação (8), que depende da
impedância Z n, na frequência desse harmônico. A corrente eficaz total é dada
pela equação (9), sendo o somatório dos valores eficazes dos n harmônicos.
∞
PL = ∑ R ∙ In(RMS)2 (7)
n=1
In Vn
In(RMS) = = (8)
√2 √2Zn
√∑ I
∞
IRMS = n(RMS)
2
(9)
n=1
∞
√∑ n = 2 In(RMS)2
THDI = (10)
I1(RMS)
Tensão
Condição S1 S2 S3 S4
de saída
Vsen Vtri
+VCC
–VCC
+VCC
VS4
+VCC
VS2
+VCC
V0
–VCC
fportadora
mf =
freferência (11)
relação, se essa taxa for menor que 1, isso implica que a amplitude da n-ésima
frequência é linearmente proporcional ao valor da fonte de tensão VCC, como
mostra a equação (13). Assim, o parâmetro ma é utilizado para controlar a tensão
de saída do inversor caso haja variações na tensão de entrada (HART, 2012).
Vreferência
ma =
Vportadora (12)
Vn = maVCC (13)
ma
n=1 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10
n = mf 0,60 0,71 0,82 0,92 1,01 1,08 1,15 1,20 1,24 1,27
n = mf 0,32 0,27 0,22 0,17 0,13 0,09 0,06 0,03 0,02 0,00
±2
12 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor
ma
n=1 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10
n = mf 0,18 0,25 0,31 0,35 0,37 0,36 0,33 0,27 0,19 0,10
n = mf 0,21 0,18 0,14 0,10 0,07 0,04 0,02 0,01 0,00 0,00
±2
Um inversor em ponte completa deve produzir uma tensão alternada em 60 Hz para
uma carga RL, com R = 10 Ω e L = 20 mH, a partir de uma fonte CC de 100 V. Como
parâmetros de projeto temos ma = 0,8 e mf = 21. A partir desses dados, temos que:
A frequência da onda portadora pode ser calculada utilizando a equação (14):
V1 80V
I1 = = ∴ I1 = 6,39A
Z1 √(10Ω)2 + [2π(60Hz)(20mH)]2
V19 22V
I19 = = ∴ I = 0,15A
Z19 √(10Ω)2 + [2π(19)(60Hz)(20mH)]2 19
V21 82V
I21 = = ∴ I = 0,52A
Z21 √(10Ω)2 + [2π(21)(60Hz)(20mH)]2 21
V23 22V
I23 = = ∴ I = 0,13A
Z23 √(10Ω)2 + [2π(23)(60Hz)(20mH)]2 23
( ) ( ) ( ) ( )
2 2 2 2
6,39A 0,15A 0,52A 0,13A
P = (10Ω) ∙ + + +
√2 √2 √2 √2
P = 205,5W
( ) ( ) ( )
2 2 2
0,15A 0,52A 0,13A
+ +
√I19(RMS)2 + I21(RMS)2 + I23(RMS)2 √2 √2 √2
THDI = =
I1(RMS) 6,39A
√2
THDI = 8,7%
Inversores trifásicos
Os inversores trifásicos têm a função de gerar as tensões alternadas de um
sistema trifásico equilibrado a partir de uma fonte CC. Uma forma de obter
um inversor trifásico seria utilizando três circuitos monofásicos, garantindo
a defasagem entre a saída em CA de cada um deles. Uma alternativa consiste
no circuito em ponte H trifásico mostrado na Figura 9.
14 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor
S1 S3 S5
VA
VCC VB
VC
S4 S6 S2
+VCC
VAB
S1
–VCC
S2
S3 +VCC
VBC
S4 –VCC
S5 +VCC
VCA
S6
–VCC
4VCC
VnL =
n
cos
n
6 ( )
(22)
2VCC n 2n
VnF = 3n 2 + cos 3 – cos 3 (23)
Condição S1 S2 S3 S4 S5 S6
Cicloconversores
Com os inversores, é possível obter tensão CA a partir de uma fonte de tensão
CC. Como a alimentação da distribuidora de energia elétrica é em CA, ela
deve ser primeiro retificada, gerando tensão CC, para então ser invertida e
ter a tensão CA desejada em uma frequência múltipla daquela fornecida, em
geral 50 Hz ou 60 Hz. A tensão CA gerada por um inversor tem diversas
componentes harmônicas devido ao fato de ser uma aproximação de uma
tensão senoidal (HART, 2012).
Em máquinas elétricas de alta potência, as velocidades necessárias po-
dem ser tais que a frequência necessária seja uma fração da frequência da
tensão de entrada. Os cicloconversores são capazes de gerar esta tensão CA
em frequência inferior diretamente a partir da tensão CA de entrada, sem a
necessidade de um estágio intermediário em que a tensão é convertida para
CC (BARBI, 2005; RASHID, 1999; RASHID, 2011).
Um cicloconversor monofásico de três pulsos utiliza uma entrada senoidal
e dois circuitos de disparo em antiparalelo, onde um será responsável pelo
chaveamento dos ciclos positivos (ponte P) e outro pelos negativos (ponte N),
como pode ser visto na Figura 11. As duas pontes operam simultaneamente,
com a ponte P disparando em um ângulo αP e, em seguida, a ponte N dispa-
rando em um ângulo αN, de forma que a soma destes disparos seja sempre
igual à 180°. Cada ponte ficará estará durante um período T0, fazendo com
que a frequência da tensão de saída seja dada pela equação (16).
A tensão eficaz de saída VO é dada a partir da tensão eficaz de entrada VS,
um número de pulsos m que deve ser múltiplo de 3 e do ângulo de disparo αP,
como visto na equação (17) (BARBI, 2005).
1
f0 = (16)
T0
m
V0 = VS sen cos(αP) (17)
m
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 17
Grupo P Grupo N
VA
VB
VC
S1 S2 S3 S4 S5 S6
Cicloconversor trifásico
Os cicloconversores trifásicos seguem o mesmo princípio de funcionamento
que os monofásicos, com circuito de disparo de três pulsos, como pode ser
visto no circuito da Figura 12, onde o controle de cada fase de saída deve ser
feito considerando a defasagem adequada (BARBI, 2005).
VA
VB
VC
ZA ZB ZC
N
Leituras recomendadas
ERICKSON, R. W.; MAKSIMOVIC, D. Fundamentals of power electronics. 2. ed. New York:
Kluwer Academic Publishers, 2004.
SKVARENINA, T. L. The power electronics handbook. Florida: CRC Press, 2002.
TRZYNADLOWSKI, A. M. Introduction to modern power electronics. 3. ed. New Jersey:
John Wiley & Sons, 2016.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR
Nesta Dica do Professor, você vai ver como a técnica de PWM é empregada no controle de uma
ponte H, para geração de energia em corrente alternada senoidal.
Assista.
EXERCÍCIOS
A) +VCC; 0; -VCC; 0.
B) 0; +VCC; 0; -VCC.
2)
Associando várias pontes H, é possível criar uma forma de onda alternada com
degraus de tensão. Deseja-se projetar um inversor multinível, cuja tensão de pico na
saída é 100 V, associando mais de uma ponte H em série. Qual das opções a seguir
fornece a condição de saída desejada?
A) 10 pontes H e VCC = 20 V.
C) 5 pontes H e VCC = 20 V.
D) 5 pontes H e VCC = 10 V.
3) O cálculo da distorção harmônica total indica o quão próximo o sinal gerado está do
sinal senoidal CA desejado. Essa comparação é feita a partir:
E) da comparação entre o valor médio das componentes da série de Fourier e do valor médio
da tensão de saída.
4) O valor do THD da saída de um inversor indica, percentualmente, quanto as
harmônicas distorcem a energia de saída. Uma ponte H, alimentada a partir de uma
fonte CC de 50 V, fornece energia para uma carga RL, com R = 10 Ω e L = 10 mH
em uma frequência de 100 MHz. Considerando uma taxa de modulação de
frequência 33 e uma taxa de modulação de amplitude 0,8, determine o THD de
corrente apenas para a maior harmônica.
A) 0,0311%.
B) 0,311%.
C) 3,11%.
D) 31,1%.
E) 311%.
NA PRÁTICA
A seguir, você vai ver como o inversor está presente na indústria, em diferentes equipamentos,
alguns presentes no nosso cotidiano.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Leia neste livro de autoria de Daniel Hart um apanhado geral da eletrônica de potência. Ele traz
desde sua necessidade até os principais tópicos. No capítulo 6, você vai saber mais sobre
conversores CC/CC; no capítulo 7, sobre fontes de alimentação CC; no capítulo 8, sobre
inversores; dentre outros assuntos mais avançados.
Veja neste vídeo da Mitsubishi Electric, a explicação dos principais conceitos do inversor de
frequência, bem como as suas funcionalidades e aplicações.
APRESENTAÇÃO
O motor de passo é projetado com o objetivo de obter movimentos controlados, de forma a obter
posições definidas. Existem dois principais tipo de motores de passo: os motores de passo de
ímãs permanentes e os motores de passo relutantes.
Os motores de passo relutantes possuem um rotor formado por material magnetizável que se
alinha com o campo magnético formado pela armadura. Já nos motores de passo de ímãs
permanentes, o rotor possui um campo magnético próprio e também tem o objetivo de se alinhar
com o campo magnético de polaridade oposta gerado pela armadura. Diversas variações
estruturais da máquina resultam em diferentes passos mínimos. Quanto menor o passo mínimo,
maior a resolução da máquina. Além disso, os motores podem ser controlados por unidades de
controle, que comumente são circuitos digitais, oferecendo maior diversidade de aplicações.
Bons estudos.
INFOGRÁFICO
Os motores de passo são máquinas girantes que têm por objetivo mover uma carga para
posições específicas e programáveis. Esse tipo de motor possui uma grande versatilidade uma
vez que pode ser controlado por microprocessadores, que são elementos eletrônicos
programáveis e flexíveis, para diversas aplicações. Existem três principais tipos de motores de
passo: motores de passo relutantes, motores de passo com ímãs permanentes e motores de passo
híbridos.
No capítulo Motor de passo, da obra Máquinas elétricas II, você vai conhecer as características,
a classificação e as funcionalidades importantes dos motores de passo.
Boa leitura.
MÁQUINAS
ELÉTRICAS II
Introdução
O motor de passo tem seu projeto dedicado ao controle de posição do
eixo, o que possibilita grande precisão de movimento. O ramo tecnológico
é uma das grandes aplicações desse tipo de motor. Pelo fato de a rotação
do motor ser controlada tanto por aspectos construtivos quanto de con-
trole, a criatividade é uma grande arma para utilizar esse tipo de motor.
Neste capítulo, você estudará os aspectos construtivos, o princípio de
funcionamento e as aplicações dos motores de passo.
1 Aspectos construtivos
Os motores de passo são máquinas elétricas rotativas, comumente utilizadas
para se obter um ângulo de rotação do eixo controlado. Esse tipo de motor
é, geralmente, construído com a armadura alojada no estator da máquina,
enquanto no rotor é alojado o material que deve alinhar-se com o campo
produzido pela armadura, assim como demonstrado na Figura 1, a seguir.
Uma das principais vantagens do motor de passo é sua compatibilidade com
controle de sistemas eletrônicos digitais (UMANS, 2014).
2 Motor de passo
Enrolamento da armadura
Ímã permanente
Eixo
S
Excitação
Rotor
Estator
BP
BR
2 Princípio de funcionamento
A realização de movimentos do motor de passo é controlada por excitações
CC nas bobinas, para que o rotor se alinhe. À medida que ocorre a alteração
do enrolamento excitado, o rotor gira até ficar alinhado com o novo campo
magnético gerado pela armadura. A Figura 4, a seguir, ilustra um motor de
passo relutante em movimento.
Em um primeiro momento (a), é exibido quando o enrolamento a recebe
uma excitação positiva (× no lado a, e • no lado aʹ). Consequentemente,
o campo magnético BS é gerado. No segundo momento (b), os polos do rotor
alinham-se com as linhas de fluxo formadas pelo campo magnético do en-
rolamento, formando um campo magnético resultante, BR. Observa-se que
esse campo BR é maior que BS — isso ocorre pelo fato de o ferro apresentar
menor resistência à formação do campo magnético que o ar. Em um terceiro
momento (c), a fonte CC é desligada do enrolamento a, e uma tensão CC
negativa é aplicada ao enrolamento c (× no lado cʹ, e • lado c). Com isso,
o campo magnético BS é formado, e os polos do rotor tendem a se alinhar com
o campo, formando um campo ainda mais forte: BR. Seguindo essa sequência
de excitação de enrolamento, é possível controlar o motor de forma a obter
rotações completas no motor.
Motor de passo 5
Número de Fases
Ângulo
pulsos de
do rotor
excitação A B C
1 VCC 0 0 0°
2 0 0 – VCC 60°
3 0 VCC 0 120°
4 –VCC 0 0 180°
5 0 0 VCC 240°
6 0 – VCC 0 300°
(1)
onde:
Uma vez que o motor contém um único par de polos (P), o ângulo elétrico
reflete-se no ângulo mecânico (θm) do motor. A relação entre ângulo elétrico
e ângulo mecânico do motor é dada pela Equação (2):
(2)
Motor de passo 7
Se um motor de passo trifásico de oito polos for excitado pela sequência exibida na
tabela, pode-se calcular o ângulo de passo mecânico por:
Supondo, inicialmente, uma excitação simples, com um único enrolamento por vez,
poderíamos calcular a resolução de rotação do motor por:
Número de Fases
Ângulo
pulsos de
do rotor
excitação A B C
1 VCC 0 0 0°
3 0 0 –VCC 60°
5 0 VCC 0 120°
(Continua)
Motor de passo 9
(Continuação)
Número de Fases
Ângulo
pulsos de
do rotor
excitação A B C
7 –VCC 0 0 180°
8 –VCC 0 0 210°
9 0 0 VCC 240°
11 0 –VCC 0 300°
Figura 6. Motor de passo híbrido. (a) Rotor com peças polares deslocadas de metade do
passo e afastados por um ímã permanente. (b) Vista frontal do motor.
Fonte: Umans (2014, p. 502).
3 Aplicações
A característica de rotação em ângulos controlados dos motores de passo é
aplicada em diversas áreas da indústria, sendo a tecnológica uma das grandes
aplicações. O controle facilitado por meio de lógicas digitais, aplicações
em robótica e equipamentos de informática é comum. Algumas aplicações
típicas são: controle de alimentação de papel e posicionamento do cabeçote
de impressão em impressoras, equipamentos de usinagem controlados nume-
ricamente, usados em drives de discos flexíveis, entre outras diversas (DEL
TORO, 1994; UMANS, 2014).
Como já citado, esse tipo de motor pode ser facilmente controlado por
meio de sistemas digitais, comumente realizado por uma unidade de controle,
que pode ser formada por circuitos eletrônicos com microprocessadores e
diversos periféricos. Essa unidade de controle pode ser programada para
gerar a movimentação desejada em motores de passo. A Figura 7, a seguir,
apresenta um exemplo de motor de passo trifásico monopolar controlado por
uma unidade de controle.
Motor de passo 11
2 3’
1’
1
3 2’
(3)
(4)
Suponha um motor de passo trifásico com um único par de polos. Se for enviada à
unidade de controle uma taxa de 1500 pulsos/minuto, qual é a velocidade de rotação
desse motor, considerando um único enrolamento acionado por vez?
Além disso, sabendo-se que a posição inicial do motor foi de 30 °, qual é a posição
do motor após 1503 pulsos de controle?
A resolução em ângulo elétrico é:
Sendo que 1.503 passos foram dados, a quantidade angular (Qa) percorrida foi:
Qa = 1503 ∙ 60° = 90.180°
14 Motor de passo
Dividindo pela ângulo total de uma volta, o número de voltas (Nv) dadas foi:
Observa-se que o motor completou 250 voltas (360°) e meia (180°). Levando-se
em consideração que o motor partiu da posição de 30°, a posição final do motor é:
posição = 30° + 180° = 210°
Leitura recomendada
TAVARES, A. A. Eletricidade, magnetismo e consequências. Pelotas: UFPel, 2011. 296 p.
Motor de passo 15
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR
Os motores de passo são máquinas rotativas projetadas para realizar movimentos fixos. Esses
motores possuem enrolamentos na armadura que produzem forças que atraem os polos do rotor
e provocam rotação na máquina em passos específicos.
Nesta Dica do Professor, você vai compreender o princípio de funcionamento dos motores de
passo e as formas de acionamento desses tipos de controle.
EXERCÍCIOS
A) Enrolamentos.
B) Comutador.
C) Unidade de controle.
D) Bobinas de arraste.
E) Polos de campo.
2)
Considere que um motor de passo tem quatro fases com 16 polos. Qual é a resolução
desse motor de passo para uma excitação simples (um enrolamento por vez)?
A) 1,41.
B) 2,11.
C) 2,81.
D) 4,21.
E) 5,62.
3) Considere um motor de passo trifásico com 6 polos, excitado por uma metodologia de
meia fase, com um total de 1.800 pulsos por minuto. Com base nesses dados, qual é a
velocidade do motor em rpm?
A) 150.
B) 100.
C) 75.
D) 50.
E) 25.
A) 22°.
B) 72°.
C) 80°.
D) 110°.
E) 230°.
5) Os motores de passo são projetados de forma que o campo magnético gerado pela
armadura atraia os polos do rotor. Suponha um motor bifásico com excitação simples (um
enrolamento por vez).
Após o enrolamento 1 ser excitado de forma direta, sua excitação é retirada e
o enrolamento 2 afastado geometricamente de 90° é excitado de forma direta.
Qual é a reação do polo do rotor para um motor de passo de ímã permanente e para um
motor de passo relutante respectivamente?
NA PRÁTICA
O controle dos motores de passo é realizado por meio de circuitos eletrônicos, geralmente por
sistemas digitais. Esse tipo de motor é utilizado em diversas áreas, entre as quais se destaca a
área tecnológica.
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Neste vídeo, você vai ver um modo de controle de motor de passo simples, bem como o motor
realizando seu movimento controlado. Clique para saber mais.
Veja este material, que traz um catálogo de um motor de passo comercial, com diversas
informações técnicas e de dimensionamento.
Clique para acessar este vídeo e conhecer um projeto que utiliza um motor de passo com um
controle mais complexo. São apresentadas ferramentas para controle de passo, assim como a
visualização de um motor de passo por dentro.
Acesse este manual para ver um descritivo de um motor de passo. Esta é uma ótima ferramenta
para iniciar seus testes em casa.
Em continuidade ao manual do motor de passo, acesse também este manual de seu driver de
acionamento.