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E-BOOK

ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS
Definições de potência elétrica

APRESENTAÇÃO

No mundo atual, de altas tecnologias, existe, para toda instalação, seja ela industrial, seja ela
residencial ou comercial, a necessidade de se realizar o pleno dimensionamento de cargas nela
alocada.

Para tal, faz-se necessário o conhecimento das características das cargas instaladas na planta,
para que seja possível a correta previsão de energia para a referida instalação. Sabe-se que um
dispositivo elétrico, seja ele qual for, tem duas características fundamentais para sua operação:
tensão de alimentação e potência.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre potência elétrica e suas definições, bem
como seu comportamento em várias cargas com características distintas.
Serão realizadas aplicações práticas para você entender como a potência deve ser utilizada em
âmbito profissional, e serão qualificadas as instalações devido à influência de potências reativas.
Por fim, você estudará o fluxo de potência em motores trifásicos, a fim de entender quais fatores
influenciam no rendimento de tais máquinas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir potência ativa, reativa e aparente.


• Analisar a influência do fator de potência em instalações elétricas.
• Descrever a potência em motores trifásicos.

DESAFIO

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) regula, por meio dos procedimentos de
distribuição, mais conhecidos como PRODIST, a qualidade de energia elétrica distribuída no
País. Mais precisamente no módulo 8, são estabelecidos os níveis aceitáveis de tensão, fator de
potência, harmônicas, entre outros itens que podem ser analisados em uma instalação. Os níveis
aceitáveis pela ANEEL para fator de potência devem estar entre 0,92 indutivo e 0,92
capacitivo.

Você, como engenheiro elétrico, tem uma planta de uma indústria moveleira para fazer.

Considerando essas informações, calcule qual é o fator de potência atual da instalação e, se


necessário, apresente uma solução para a correção do fator de potência para os níveis
padronizados pelos PRODIST. Apresente os cálculos e o valor de potência reativa necessário
para tal correção.

INFOGRÁFICO

A relação entre os três componentes da potência elétrica — potências aparente, ativa e reativa
— forma um triângulo conhecido como o triângulo das potências. Ele também traz a relação
conhecida como fator de potência.

Veja, no Infográfico, o triângulo de potências, o que cada cateto significa e fatores práticos que
cada elemento influencia.

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CONTEÚDO DO LIVRO

A Engenharia Elétrica estuda várias disciplinas diferentes. Entre elas, podemos citar: geração de
energia, transmissão de energia, eletrônica de potência, eletrônica analógica, máquinas elétricas,
entre outros inúmeros conteúdos. Um dos conteúdos que une todos esses é o entendimento sobre
potência elétrica. Tudo que se faz na Engenharia Elétrica está ligado com os cálculos de
potência, desde dimensionar um cabo para atender uma instalação e até mesmo definir o
rendimento de um motor.

No capítulo Definições de potência elétrica, da obra Acionamentos elétricos, você verá a


definição de potência elétrica, os detalhes de como ela é utilizada na prática e alguns exemplos
do dia a dia que são influenciados por ela.

Boa leitura.
ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS

Ruahn Fuser
Definições de
potência elétrica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Definir potência ativa, reativa e aparente.


„„ Analisar a influência do fator de potência em instalações elétricas.
„„ Descrever a potência em motores trifásicos.

Introdução
Atualmente, a energia elétrica passou a ser a principal fonte de alimentação
para equipamentos, por meio de diversos dispositivos que a transfor-
mam em luz, calor, torque, etc. Para buscar qualquer tipo de energia, os
equipamentos são qualificados quanto à sua potência elétrica. Assim,
relaciona-se a potência luminosa, a potência térmica, a potência mecânica,
etc. com a potência elétrica do dispositivo, sendo possível afirmar que,
por exemplo, quanto mais calor se deseja, maior será a potência elétrica
do equipamento. Além disso, quando relacionado a máquinas elétricas,
como motores e transformadores, uma parcela dessa energia é consumida
para manter o seu campo elétrico, conhecida como potência reativa.
Neste capítulo, você estudará sobre definições de potência elétrica e
suas diferentes diretrizes, entenderá como a potência qualifica os equipa-
mentos e qual a influência da potência reativa em instalações elétricas. E,
por fim, a partir de aplicações práticas da potência em diferentes situações
reais, será capaz de identificar a potência em motores trifásicos.
2 Definições de potência elétrica

Potência elétrica
Do princípio e fundamental dito por Lavoisier em 1777 — “na natureza nada
se cria, nada se perde, tudo se transforma” —, podemos dizer que a potência
é a grandeza da transformação, ou seja, é a quantidade de potencial que um
dispositivo elétrico pode entregar quando submetido a uma variação de energia
em um período definido. Essa relação pode ser vista pela Equação (1):

(1)

onde p é a potência medida em watts (W).


Ainda, podemos quantizar uma fonte de energia pela potência que esta
consome. Fazendo um comparativo direto, sabemos que um chuveiro de 7
kW esquenta mais água que um chuveiro de 3 kW, assim como o primeiro
gasta mais energia que o segundo. Considerando que os dois chuveiros em
comparação estejam ligados em uma mesma diferença de potencial, podemos
afirmar que o chuveiro com potência maior necessitará de um condutor com
maior bitola, como verificado na Equação (2):

p(t) = v(t)i(t) (2)

onde a potência p, definida como potência instantânea, varia no tempo, assim


como a tensão v e a corrente i. Logo, quanto maior a potência, maior será a
corrente do circuito e, consequentemente, maior deverá ser a bitola do cabo
para alimentar tal carga.
Alguns dispositivos considerados ativos são utilizados para fornecer ener-
gia, como a bateria — a capacidade de energia que uma bateria pode fornecer
é quantizada por meio de sua potência. O que difere uma carga ativa (forneci-
mento de energia) de uma carga passiva (consumo de energia) é o sentido da
corrente em relação à polaridade da tensão elétrica (Figura 1).
Definições de potência elétrica 3

Figura 1. (a) Dispositivo passivo. (b) Dispositivo ativo.


Fonte: Adaptada de Alexander e Sadiku (2013).

Potência ativa, reativa e aparente


Quando analisamos o comportamento da energia elétrica em máquinas elé-
tricas (motores, transformadores), percebemos que uma parcela da energia é
utilizada para realizar trabalho útil e dissipada em perdas como calor e som,
sendo conhecida como energia ativa. Outra parcela de energia é utilizada
para criar e manter os campos elétricos em tais máquinas, conhecida como
energia reativa. Para exemplificar tais considerações, aplicamos um sinal de
tensão alternado em uma carga e analisamos o comportamento da corrente
absorvida, conforme as Equações (3) e (4).

v(t) = VRMScos(ωt + θ v) (3)

i(t) = IRMS(ωt+θi) (4)

Para uma carga puramente resistiva, percebemos que a corrente absorvida


está em fase com a forma de onda da tensão, ou seja, θ v = θi (Figura 2).
4 Definições de potência elétrica

v(t)

i(t)

π 2π
0

Figura 2. Comportamento do sinal de corrente em uma carga resistiva.

Agora, quando aplicamos o mesmo sinal de tensão em uma carga indutiva,


percebe-se um atraso da onda da corrente relativo ao sinal de tensão, ou seja,
θ v > θi (Figura 3).

v(t)

i(t)


0 π

Figura 3. Comportamento do sinal de corrente em uma carga indutiva.

Esse atraso significa que existe uma potência reativa com característica
indutiva sendo dissipada nesse sistema. Já se aplicarmos o sinal de tensão em
uma carga capacitiva, teremos um avanço do sinal de corrente em relação à
tensão, ou seja, θ v < θi (Figura 4).
Definições de potência elétrica 5

v(t)

i(t)


0 π

Figura 4. Comportamento do sinal de corrente em uma carga capacitiva.

Esse avanço da corrente significa que existe uma potência reativa com
característica capacitiva nesse sistema.
Então, percebemos que, para o cálculo da potência instantânea, teremos
o exposto na Equação (5):

P = VRMSIRMScos(θ v – θi) (5)

Definindo a potência aparente como o produto da tensão pela corrente


fornecida ao sistema, temos, conforme a Equação (6), que:

S = VRMSIRMS (6)

Logo, reescrevendo a equação de P com o novo termo de S (potência


aparente), teremos o exposto na Equação (7):

P = Scos(θ v – θi) (7)

Dessa forma, é possível afirmar que, para uma carga puramente resistiva
θ v = θi, a potência ativa P é igual à potência aparente S. Além disso, podemos
verificar que, quanto maior a diferença entre as fases, menor será a potência
ativa, podendo chegar a zero para θ v – θi = 90°.
6 Definições de potência elétrica

Agora, analisaremos o cálculo da potência por outro viés. Ao considerarmos


um circuito RLC, cuja impedância equivalente é dada por Z = R + jX, para o
cálculo das potências ativa e reativa, obteremos primeiro a potência complexa,
conforme a Equação (8):

(8)

No resultado desse produto, teremos um valor complexo que representa


as potências do sistema, de acordo com a Equação (9):

(9)

O valor Q é conhecido como a parcela reativa do sistema, medido em VAr


(Volt-Ampère reativo). Também podemos afirmar que a parcela reativa se dá
puramente pelos componentes indutivos e capacitivos do sistema. Ainda, é
possível definir potência ativa e potência reativa de acordo com as Equações
(10) e (11):

P = Re{S} (10)

Q = Im{S} (11)

Para concluir, sabemos que o valor de cos(θ v – θi) é conhecido como fator
de potência (FP) do circuito. Logo, para um FP unitário, temos que Q = 0;
para um FP adiantado (carga capacitiva), Q < 0; e, para FP atrasado (cargas
indutivas), Q > 0.

O PRODIST (procedimento de distribuição), criado pela Agência Nacional de Energia


Elétrica (ANEEL), define diretrizes para a qualidade de energia elétrica fornecida no
sistema. Nesses documentos, é possível encontrar os níveis aceitáveis para fator de
potência em instalações elétricas, que estão entre 0,92 indutivo e 0,92 capacitivo,
assim como níveis de harmônicas e níveis de tensão. Para instalações com fatores de
potência abaixo dos padronizados pela ANEEL, deve-se realizar uma correção de fator
de potência utilizando bancos de capacitores.
Definições de potência elétrica 7

Influência do fator de potência em


instalações elétricas
Em plantas industriais, comerciais e residências, é possível encontrar diversos
tipos de dispositivos elétricos com diferentes tecnologias. Alguns desses
elementos podem apresentar variações no fator de potência das instalações elé-
tricas. Segundo a Companhia Paranaense de Energia (COPEL, 2019), algumas
das principais causas de baixo fator de potência consistem, entre outras, em:

„„ transformadores trabalhando a vazio ou subcarregados;


„„ motores operando em regime de baixo carregamento;
„„ lâmpadas de descarga;
„„ grande número de motores de pequena potência;
„„ lâmpadas LED de baixa qualidade;
„„ componentes eletrônicos de controle de motores.

Os mais comuns em plantas industriais horossazonais são os transformado-


res e motores em operação a vazio, em que o campo magnético é criado para
o funcionamento da máquina, mas a energia ativa não é solicitada.
Para analisar as influências do fator de potência em instalações elétricas,
primeiro definiremos o triângulo de potências (Figura 5).

Figura 5. Triângulo de potências.


Fonte: Gebran e Rizzato (2017, cap. 12).
8 Definições de potência elétrica

Para calcular a potência ativa e a reativa de uma instalação, é possível


partir da potência aparente e utilizar os métodos apresentados nas Equações
(12) e (13).

P (W) = Scos(θ) (12)

Q(VAr) = Ssen(θ) (13)

Admitindo que a carga absorve uma potência ativa fixa, quando variamos
o fator de potência da instalação, variam-se a potência reativa e a potência
aparente do sistema, conforme observado na Figura 6: conforme o FP cai, a
potência reativa e a aparente tendem a ser próximas uma da outra.

3,5

2,5

1,5

0,5

0
0,6
0,82

0,52

0,37
0,34
1

0,95
0,92

0,49
0,46
0,42
0,39
0,85
0,9

0,78
0,75

0,67
0,64

0,55
0,7
0,98

Fator de potência (FP)


Potência reativa Potência aparente

Figura 6. Comportamento da potência aparente e reativa conforme o FP para uma potência


ativa fixa.

Quanto menor o FP, maior será a potência aparente para manter a potência
ativa; assim, teremos uma maior corrente percorrendo a linha de alimentação
para entregar a mesma energia ativa para a máquina. Dessa forma, é possível
afirmar algumas desvantagens para FP baixos em instalações:
Definições de potência elétrica 9

„„ maior corrente nos ramais alimentadores;


„„ maiores quedas de tensão;
„„ oscilações de intensidade luminosa em fontes de luz;
„„ maiores perdas em forma de calor nos ramais alimentadores;
„„ maiores perdas em forma de calor nos equipamentos;
„„ redução da vida útil de equipamentos;
„„ dimensionamento de infraestrutura maior;
„„ maiores bitolas de cabos.

A ANEEL define algumas taxas a serem cobradas em virtude da utiliza-


ção de energia reativa na rede. É importante salientar que tais problemas de
infraestrutura em uma instalação causadas por baixo fator de demanda podem
ser transferidos para os sistemas de transmissão e distribuição, causando
aumento de bitolas para linhas de transmissão e, consequentemente, perdas
de transmissão. Para reduzi-los, a COPEL (2019) lista algumas metodologias
para o tratamento de baixos fatores de potência:

„„ instalação de motores síncronos em paralelo com a carga;


„„ banco de capacitores automáticos;
„„ dimensionamento correto de máquinas elétricas (transformadores e
motores);
„„ utilização de equipamentos com reatores de alto fator de potência e
regulamentados.

Ainda, a COPEL (2019) cita que, com a eficaz correção do fator de potência,
é possível alcançar uma série de vantagens em diferentes níveis, como:

„„ aumento de eficiência energética das instalações;


„„ redução no consumo de energia elétrica;
„„ redução nas oscilações de tensão;
„„ aumento da vida útil dos equipamentos;
„„ redução de perdas por calor;
„„ liberação da capacidade do sistema de transmissão e distribuição da
concessionária;
„„ possibilidade de a concessionária atender mais consumidores.
10 Definições de potência elétrica

Potência em motores trifásicos


Para entendermos como funciona a potência em motores trifásicos, é ne-
cessário, primeiro, conhecermos alguns conceitos básicos de um motor de
indução trifásico. É importante deixar claro desde o início que o objetivo em
aplicar uma potência elétrica em um motor consiste em realizar o giro e o
torque. Portanto, analisaremos aqui uma transformação de potência elétrica
em potência mecânica, com suas respectivas perdas inerentes.
Para começar, vamos entender como funciona um motor de indução tri-
fásico, a partir da apresentação de um circuito equivalente monofásico que
representa cada fase de um motor de indução trifásico (Figura 7).

Figura 7. Circuito equivalente monofásico de um motor de indução polifásico.


Fonte: Umans (2014, p. 354).

„„ R1 = resistência do enrolamento do estator;


„„ X1 = reatância de dispersão do enrolamento do estator;
„„ Rc = resistência de perdas no núcleo;
„„ Xm = reatância de magnetização;
„„ I1 = corrente no estator;
„„ I2 = componente de carga da corrente do estator;
„„ Iφ = corrente de excitação;
„„ X2 e R2 = representação do rotor;
„„ s = escorregamento.
Definições de potência elétrica 11

Analisando o circuito equivalente, podemos definir o fluxo de potência


e rendimento de um motor de indução trifásico do modo apresentado na
Equação (14):

Peixo = Pent – Pestator – Protor – PROT (14)

Dessa forma, é possível definir o rendimento de um motor de indução,


conforme a Equação (15), como

(15)

Com base no circuito equivalente, vemos que, pela potência mecânica


que o motor fornece, existe uma série de perdas para calcular a potência que
o motor necessitará da rede para uma carga plena. Sabemos que a potência
transferida pelo entreferro desde o estator é dada pela Equação (16):

(16)

Já as perdas de rotor podem ser calculadas conforme a Equação (17):

(17)

Assim, a potência desenvolvida pelo motor pode ser obtida, conforme a


Equação (18), por

(18)

Logo, a potência desenvolvida pelo motor pode ser descrita utilizando a


potência transferida pelo entreferro do modo apresentado na Equação (19):

Pmec = (1 – s)Pg (19)

Além disso, desconsiderando as perdas por atrito e ventilação (PROT = 0),


sabemos, conforme a Equação (20), que,

Peixo = Pmec (20)


12 Definições de potência elétrica

Logo, o conjugado mecânico desenvolvido pelo motor pode ser expresso


do modo como descrito na Equação (21):

(21)

Em que ωm é a velocidade angular do eixo e pode ser relacionada ao es-


corregamento do modo como apresentado na Equação (22):

(22)

Logo, o conjugado mecânico entregue no eixo, com perdas rotacionais


desconsideradas (PROT = 0), é dado, conforme a Equação (23), por,

(23)

Por meio disso, podemos afirmar que a potência desenvolvida por um motor
é sempre relacionada ao escorregamento que esse motor opera, concluindo que
um motor que opera com escorregamento elevado apresenta baixa eficiência.
Adicionalmente, garante-se o conjugado no eixo pela potência ativa que o
motor opera. Um motor comercial traz em sua placa de especificação esse dado
pronto. Para dimensionar um ramal alimentador para esse motor, é necessário
calcular a potência aparente que a rede despende para gerar tal torque. Para
isso, utilizam-se as informações dadas pelo fabricante de rendimento e fator
de potência e calcula-se conforme a Equação (24):

(24)

É possível salientar que, para um motor com baixo rendimento e fator de


potência, teremos uma corrente de linha elevada comparado com a potência
mecânica que o motor entrega.
Definições de potência elétrica 13

No livro Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley (UMANS, 2014), que exibe informações
completas de análise de máquinas de indução trifásicas, você pode estudar sobre
como o campo girante se comporta dentro de uma máquina rotativa e como é feita
a transferência de potência no entreferro.

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto


Alegre: AMGH, 2013.
COPEL. Fator de potência: em busca de eficiência energética nas instalações. 2019. Dis-
ponível em: www.copel.com/hpcopel/root/sitearquivos2.nsf/arquivos/fator_de_
potencia/$FILE/fator_potencia.pdf. Acesso em: 11 ago. 2019.
GEBRAN, A. P.; RIZZATO, F. A. P. Instalações elétricas prediais. Porto Alegre: Bookman,
2017. (Série Tekne).
UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

Leituras recomendadas
ANEEL. Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no sistema Elétrico Nacional –
PRODIST. 2018. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/documents/656827/14866914/
M%C3%B3dulo_8-Revis%C3%A3o_10/2f7cb862-e9d7-3295-729a-b619ac6baab9. Acesso
em: 11 ago. 2019.
HART, D. W. Eletrônica de potência: análise e projetos de circuitos. Porto Alegre: AMGH,
2011.
SANTOS, J. N. Compensação do factor de potência. Porto: FEUP, 2006. Disponível em:
11 ago. 2019.
DICA DO PROFESSOR

Em um motor de indução monofásico, o fluxo de potência ativa que o percorre apresenta perdas
internas, descontadas para o cálculo do rendimento do motor, item que vem fornecido em
motores comerciais.

Na Dica do Professor, acompanhe esse fluxo, os fatores de perda


e seus cálculos.

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EXERCÍCIOS

1) Em uma planta industrial, é necessário o correto dimensionamento de um ramal de


alimentação para um motor, cujas informações estão contidas a seguir. Para dimensionar
tal ramal, calcule os valores da potência ativa, reativa e aparente, respectivamente, para o
referido motor.
A) 901W – 629Var – 1.099VA.

B) 748W – 805Var – 1.099VA.

C) 1.099W – 750Var – 805VA.

D) 805W – 629Var – 1.100VA.

E) 805W – 748Var – 1.099VA.

2) Uma carga em série drena uma corrente i(t) = 3 cos (100π + 10°) A quando uma
tensão de 150 cos (100π - 30°) é aplicada. Determine a potência aparente e o fator de
potência da carga, respectivamente.

A) 200VA - FP = 0,809.

B) 450VA - FP = 0,851.

C) 450VA - FP = 0,809.

D) 225VA - FP = 0,766

E) 180VA - FP = 0,851.

3) Para uma carga, Vrms = 120∠0° V e Irms = 0,6∠30° A. Determine a


potência complexa e a potência real.

A) 62∠- 30° VA e 36W. 


B) 36∠-30° VA e 18W.

C) 72∠ 30° e 62,35W.

D) 36∠30° VA e 36W.

E) 27∠-30° VA e 100W.

4) Em determinada instalação elétrica, uma carga absorve 3,5kW, o que


resulta em potência aparente de 5.000VA. Determine qual será a potência reativa do
capacitor a ser colocado em paralelo à carga para aumentar o fator de potência para
0,95.

A) 3.570Var.

B) 3.684Var.

C) 1.150Var.

D) 2.150Var.

E) 2.420Var.

5) Para dimensionar condutores elétricos, deve-se considerar uma série de fatores, entre
eles a maneira da instalação, a corrente de projeto (Ip), o tipo de condutor, o número
de condutores carregados, o fator de correção de temperatura, o fator de correção de
agrupamento, etc. Calcule a corrente de projeto de um circuito para alimentação de
um motor monofásico de 0,5CV e tensão nominal de 127V, cujo fator de potência é de
0,85.
A) 2,89A.

B) 3,05A.

C) 4,21A.

D) 3,41A.

E) 2,50A.

NA PRÁTICA

Em plantas industriais, é comum a utilização de um número grande de motores. É importante o


correto dimensionamento da infraestrutura para atender tais equipamentos. Além disso, a
escolha correta de equipamentos com eficiência e com alto fator de potência contribui para a
redução de consumo de energia e, consequentemente, a redução de despesas mensais.

Acompanhe, Na Prática, o projeto que a engenheira Maíra desenvolveu para uma indústria.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Fundamentos de circuitos elétricos com aplicações

Para se aprofundar na análise de potência, leia o Capítulo 11 — Análise de potência em CA.

Instalações elétricas prediais

Neste livro, recomenda-se a leitura do Capítulo 12 — Fator de potência, no qual você poderá
aprofundar o conhecimento sobre o ajuste do fator potência.

Eletrônica de potência

No Capítulo 2 — Cálculo de potência, você poderá ver mais sobre os cálculos de potência para
projetos e o uso do programa de simulação de circuito PSpice.

Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley

Recomenda-se a leitura do Capítulo 6 para saber mais sobre a potência nos casos de máquinas
polifásicas de indução.

PRODIST — Módulo 8

Neste link, você acessa os procedimentos práticos para análise de qualidade de energia dos
PRODIST da ANEEL.

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Compensação do fator de potência

Neste artigo, você poderá rever alguns conceitos e entender mais sobre a compensação do fator
de potência.

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Diagramas de comando

APRESENTAÇÃO

A eletrônica industrial cria cada vez mais raízes por meio da automação. As plantas evoluem a
cada dia com novos robôs e novos sistemas autônomos. Tais tecnologias trazem benefícios para
a produção, tanto em eficiência quanto em qualidade. A realidade da mão de obra na indústria é
saber atuar no comando e na manutenção dessas máquinas. É importante saber ler e interpretar
os diagramas que compõem essa tecnologia que toma conta das plantas industriais.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá como reconhecer os elementos de um diagrama de


comando por meio de sua simbologia gráfica, literal e numérica, além de conhecer e identificar
os dispositivos que compõem os sistemas automáticos. Você também verá como é feito o
projeto de diagramas de comando e alguns conceitos básicos sobre o tema.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a simbologia dos principais dispositivos elétricos em diagramas de comando.


• Caracterizar dispositivos elétricos em circuitos de comando.
• Identificar dispositivos elétricos em circuitos de comando.

DESAFIO

As aplicações de máquinas elétricas se estendem em diferentes objetivos. Muitas vezes, são


utilizadas para sistemas automáticos
e funções específicas na planta, porém podem ser encontradas em funções mais simples, como
acionamento de um portão eletrônico,
por exemplo.

Imagine que você trabalha em uma empresa de automação industrial e que surgiu um trabalho:
fazer um portão eletrônico automático. O maior desafio é o fato de o portão ser muito grande e
pesado para os circuitos de portões eletrônicos comerciais. Dessa forma, houve a necessidade
de se projetar um sistema automático para abrir e fechar o portão. Assim, optou-se por utilizar
duas botoeiras, B1 e B2, para abrir e fechar
o portão, respectivamente. Além disso, utilizam-se duas chaves fim de curso (S1 e S2) a fim de
parar o portão quando ele está todo aberto ou todo fechado. Seu chefe solicitou que você faça
um diagrama de comando e potência para o sistema desse portão eletrônico. Considere que,
enquanto o portão estiver em transição, tanto a botoeira B1 quanto a B2 não terão influência no
sistema, e é necessário colocar um botão de emergência para desligar o sistema todo.

INFOGRÁFICO

Em plantas industriais, é comum a utilização de motores com conjugado de partida elevado.


Sabemos que um motor grande produz altos picos de corrente de partida. Nesse caso, são
utilizadas várias metodologias para que a partida desses motores não implique corrente de
partida tão elevada. Uma das metodologias é a partida estrela-triângulo.

Neste Infográfico, você verá um diagrama de força e comando para uma partida estrela-
triângulo que mostra detalhadamente as etapas durante a partida do motor.
CONTEÚDO DO LIVRO

Com a evolução das plantas industriais, vem surgindo a necessidade de se implantar sistemas de
acionamento cada vez mais complexos. As máquinas utilizadas na indústria apresentam diversos
sistemas automáticos, que, por meio de componentes sensores e atuadores, produzem trabalhos
de acordo com o que se programa. Tais máquinas têm seus respectivos diagramas de força e
comando, criados por meio de desenhos técnicos e simbologias padronizadas.

No capítulo Diagramas de comando, da obra Acionamentos elétricos, você conhecerá as


simbologias utilizadas em diagramas de comando, de modo a reconhecer os principais
elementos que compõem tais diagramas e aprender, por meio de exemplos, alguns conceitos
básicos utilizados nesses circuitos.

Boa leitura.
ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS

Ruahn Fuser
Diagramas de comando
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer a simbologia dos principais dispositivos elétricos em


diagramas de comando.
„„ Caracterizar os dispositivos elétricos em circuitos de comando.
„„ Identificar dispositivos elétricos em circuitos de comando.

Introdução
No dia a dia, naturalmente nos deparamos com sistemas elétricos com
funções diferenciadas, mas todos com uma semelhança em relação à
sequência de elementos que os compõem: rede elétrica, o ponto de
acesso à energia que o equipamento fará uso; proteção, que corresponde
a uma série de elementos que visam a proteger a infraestrutura e o equi-
pamento; comando, que pode ser composto por apenas um elemento ou
por um diagrama de comando que faz uso de vários elementos e, muitas
vezes, com uma composição lógica para funcionamento; e equipamento.
Neste capítulo, você aprenderá a reconhecer a simbologia dos dis-
positivos elétricos utilizados em diagramas de comando, entenderá as
características desses dispositivos e aprender a utilizá-los em diagramas
para realizar circuitos de comando básicos.

Simbologia dos dispositivos elétricos em


diagramas de comando
Inicialmente, é importante dizer que, em geral, os circuitos de acionamentos
elétricos dividem-se em “comando” e “força”. Aqui, trabalharemos especi-
ficamente com os componentes de comando, embora, para isso, sempre seja
necessário associá-lo ao circuito de força do sistema. O conceito mais básico
sobre um circuito de comando reside no fato de que ele utiliza elementos de
2 Diagramas de comando

manobra para ligar e desligar equipamentos conforme a necessidade; assim, os


contatos elétricos apresentam dois estados possíveis: em repouso ou acionado.
E, de acordo com o seu estado de repouso, os contatos dos elementos elétricos
classificam-se em normalmente aberto ou normalmente fechado.

Simbologia gráfica
Para projetar sistemas de comando elétrico, é importante conhecer as sim-
bologias-padrão utilizadas para representar cada elemento. Atualmente, a
simbologia recomendada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), em substituição à NBR 5444/1989, é a IEC 60617, cujos itens utili-
zaremos para realizar os diagramas aqui estudados. No Quadro 1, é possível
verificar os símbolos mais empregados em diagramas de comando, conforme
apresentado a seguir.

Quadro 1. Simbologias gráficas segundo IEC, ABNT e DIN

Símbolo Descrição Símbolo Descrição

Botoeira NA Botoeira NF

Contato
Bobina
tripolar

Contato NA Contato NF

Fusível Relé térmico

(Continua)
Diagramas de comando 3

(Continuação)

Quadro 1. Simbologias gráficas segundo IEC, ABNT e DIN

Símbolo Descrição Símbolo Descrição

Disjuntor
com funções
Disjuntor
térmicas e
magnéticas

Relé
Sinalizador
temporizador

Transfor- Motor
mador trifásico

„„ Botoeira — dispositivo de comando que o usuário utilizará para atuar


no sistema. Pode ser classificada conforme os seus modelos de mer-
cado, dependendo da quantidade de contatos (se é individual ou tem
mais botões acoplados), do grau de proteção, se apresenta sinalização
acoplada, tamanho, cor, etc.
■■ Botoeira NA: também chamada de normalmente aberta, é utilizada
em circuitos de comando para operações como liga. Dispõe de um
contato que, em repouso, fica aberto, e, quando acionado, passa a
estar fechado. Botões com essa função costumam ter a cor verde.
■■ Botoeira NF: também denominada normalmente fechada, é empre-
gada em circuitos de comando para operações como desliga. Tem um
contato que, em repouso, se encontra fechado, e, quando acionado,
passa a estar aberto. Botões com essa função costumam ser de cor
vermelha e alguns até mesmo apresentam funções específicas, como
o botão de emergência com retenção.
■■ Botoeira com retorno por mola: não apresenta retenção, ou seja, o
contato permanece fechado apenas no momento em que o usuário está
pressionando a botoeira. Pode assumir tanto contatos NA quanto NF.
4 Diagramas de comando

„„ Contatos tripolares NA — utilizados em circuitos de força, normal-


mente para mostrar os contatos de potência de um contator.
„„ Fusível — dispositivo de proteção para sobrecarga e curtos-circuitos
de longa duração.
„„ Acionamento eletromagnético — simbologia que representa equipa-
mentos acionados por meio de bobinas eletromagnéticas. Normalmente,
esse elemento fará o chaveamento de contatos NA e NF. É utilizado,
por exemplo, para representar a bobina de contatores.
„„ Contato normalmente aberto — pode representar contatos auxiliares
NA de dispositivos como contatores e relés.
„„ Relé térmico — dispositivo de proteção para sobreaquecimento de
motores elétricos.
„„ Contato normalmente fechado — pode representar contatos auxiliares
NF de dispositivos como contatores e relés.
„„ Disjuntor com elementos térmicos e magnéticos — dispositivo de
proteção com elementos térmicos e magnéticos (p. ex., pode representar
um disjuntor motor).
„„ Acionamento temporizado — representa a bobina de relés tempo-
rizadores. É utilizado em partidas com atraso ou com comutação
programada.
„„ Disjuntor com elemento magnético — dispositivo de proteção com ele-
mento magnético. Dispõe de proteção contra curto-circuito e sobrecarga.
„„ Lâmpada de sinalização — representa um dispositivo de sinalização,
que pode ser utilizado como interface de supervisão, mostrando in-
formações sobre o sistema, como ligado, desligado, operação manual,
operação automática, manutenção, estado de falha, etc.
„„ Transformador trifásico — dispositivo de transformação de níveis
de tensão e corrente. Pode ser utilizado em sistemas de comando para
realizar a separação elétrica entre rede e circuito de comando ou para
fazer adequação a níveis de tensão.
„„ Motor trifásico — dispositivo de transformação de energia elétrica
em energia mecânica. Muitos dos circuitos de comando são utilizados
para controlar motores elétricos.
Diagramas de comando 5

Simbologia numérica e literal


Para identificar os dispositivos em um diagrama de comando, é necessário
realizar uma representação literal tanto do elemento quanto de seus contatos.
Dessa forma, de acordo com as normas ABNT NBR 5280:1983 e IEC 113.2
(BADIA; DUTRA FILHO, 2008), são definidas letras para representar ele-
mentos com funções específicas e números para representar contatos, como
você pode observar no Quadro 2.

Quadro 2. Simbologia literais

Simbologia Componente Exemplo

F Dispositivos de proteção Fusíveis, para-raios,


disparadores, relés

H Dispositivos de Indicadores acústicos e luminosos


sinalização

K Contatores Contatores de potência e auxiliares

M Motores

Q Dispositivos de Disjuntores, seccionadores,


manobra para circuitos interruptores
de potência

S Dispositivos de Dispositivos e botões de


manobra, seletores comando e de posição (fim
auxiliares de curso) e seletores

T Transformadores Transformadores de distribuição,


de potência, de potencial, de
corrente, autotransformadores

Fonte: Adaptado de ABNT (1983).

Para os contatos, emprega-se uma notação numérica de acordo com o tipo


de contato, como visto no Quadro 3.
6 Diagramas de comando

Quadro 3. Simbologias numéricas em contatos

Simbologia Descrição Exemplo

1,3 e 5 Circuitos de Utilizados em contatos de força de


entrada da linha contator, disjuntor motor, etc.

2,4 e 6 Circuito de saída Utilizado em contatos de força de


terminal contator, disjuntor motor, etc.

X1 Entrada contato NF Contatos auxiliares. O x recebe o valor


do respectivo contato (11, 21, 31...)

X2 Saída contato NF Contatos auxiliares. O x recebe o valor


do respectivo contato (12, 22, 32...)

X3 Entrada contato NA Contatos auxiliares. O x recebe o valor


do respectivo contato (13, 23, 33...)

X4 Saída contato NA Contatos auxiliares. O x recebe o valor


do respectivo contato (14, 24, 34...)

A1 e A2 Terminais da bobina Utilizado em contatores, relés


de acionamento e outros dispositivos com
acionamento eletromagnético

Um exemplo para essa simbologia pode ser visto na Figura 1, na qual temos
a representação de um contator e sua respectiva simbologia.

Força Auxiliar
Comando
1 3 5 13 21
A1

K1
A2 2 4 6 14 22
Figura 1. Contator com simbologia literal e numérica.
Diagramas de comando 7

A antiga norma ABNT NBR 5280:1983, que tratava da simbologia literal e numérica em
diagramas de comando elétrico, e se baseava na IEC 113.2, foi cancelada em meados
de 2014. Contudo, mesmo com o seu cancelamento, muitos elementos comerciais
ainda utilizam os padrões definidos por essa norma.

Dimensionamento e caracterização dos


dispositivos de comando
Os dispositivos utilizados em circuitos de comando devem ser escolhidos
seguindo algumas diretrizes. Primeiro, deve-se dimensionar o dispositivo
de acordo com a potência da carga que este acionará, e, depois, analisar a
quantidade de contatos auxiliares que o elemento apresenta e, se necessário,
solicitar contatos auxiliares extras para atender ao diagrama de comando.
Analisaremos as características e entenderemos como se dá o dimensionamento
de alguns desses dispositivos.

Contatores
Dispositivos com acionamento eletromagnético (Figura 2) que possibilitam o
controle de elementos com elevadas correntes, por meio de comando de baixa
corrente. Seu funcionamento básico consiste em uma bobina que, quando
acionada por uma tensão definida, cria um campo magnético no núcleo fixo
que vence a elasticidade de uma mola interna e fecha o contato móvel ao
contato fixo.
8 Diagramas de comando

Ip Contato móvel
Mola
Ip Contato fixo

Núcleo móvel

Bobina
Ip
Núcleo fixo

Figura 2. Contator e seus elementos internos.


Fonte: Adaptada de Franchi (2008).

Para a escolha correta de um contator, torna-se necessário conhecer seus


elementos:

„„ bobina — elemento principal do contator, que consumirá a corrente de


um sistema elétrico. Segundo Franchi (2008), existem bobinas de 24 V a
660 V no mercado, que consomem, respectivamente, de 6,5 VA a 25 VA;
„„ núcleo de ferro — elemento essencial para o funcionamento correto dos
contatores. Danos físicos ao núcleo de ferro podem causar faiscamento,
podendo aquecer o contator ou até mesmo queimá-lo;
„„ mola — elemento responsável por fazer com que o contato móvel retorne
à posição de repouso. Com o passar dos anos, esse elemento pode apre-
sentar desgaste físico, levando à necessidade de trocar o componente;
„„ contatos de força — contatos responsáveis pela condução de corrente
do dispositivo a ser acionado. Devem ser capazes de suportar a corrente
do equipamento que será acionado;
„„ contatos auxiliares — utilizados para compor a lógica dos circuitos
de comando, trava e sinalizadores.
Diagramas de comando 9

Além disso, os contatores são classificados quanto à característica da


carga que operarão, conforme a norma IEC 947 (DIGEL ELÉTRICA LTDA,
c2018), da seguinte forma:

„„ AC1 — aplica-se a equipamentos com fator de potência ≥ 0,95, ou seja,


em cargas quase puramente resistivas;
„„ AC2 — utilizada em motores com manobras leves, com corrente de
partida de até 2,5 vezes a corrente nominal do motor. São exemplos de
aplicação: bombas, compressores, guinchos;
„„ AC3 — essa categoria suporta correntes de partida de até 5 a 7 vezes
a corrente nominal do motor. Exemplos de aplicação: motor gaiola de
esquilo, ventiladores, bombas, etc.;
„„ AC4 — utilizada para manobras pesadas, como partir motores a plena
carga, fazer reversão à plena carga, etc.

Relés térmicos
Também conhecidos como relés de sobrecarga, são dispositivos de proteção
que atuam na sobrecarga de motores. Segundo Franchi (2008), sua operação
baseia-se em um método indireto de detecção de sobrecarga em motores, em
que se cria um modelo térmico do motor a ser protegido.
Os relés térmicos tripolares são compostos por três conjuntos de bimetálicos,
um para cada fase. O bimetálico constitui-se pela associação de dois metais
com coeficiente de dilatação térmica diferentes que, quando submetidos a
temperaturas elevadas, faz com que o dispositivo abra seus contatos principais.
Dessa forma, os relés térmicos podem proteger os motores de sobrecargas.
A Figura 3 mostra a influência da temperatura nos bimetálicos dos relés.

1 1

A B A Deflexão
C D C
2 2 B
D
1 > 2
AB > CD
AB = CD
= Coeficiente de dilatação linear

Lâmina bimetálica Deflexão da lâmina quando aquecida

Figura 3. Influência da temperatura nos bimetálicos dos relés.


Fonte: Adaptada de Franchi (2008).
10 Diagramas de comando

Além disso, os relés apresentam vários elementos particulares, como botão


de rearme, botão de teste, cursor de arraste e ajuste de corrente, conforme
mostra a Figura 4.

Para 2
1
rearme
automático 98 97 95

3
1 - Botão de rearme
Para 2 - Contatos auxiliares
rearme
manual
4 3 - Botão de teste
5
4 - Lâmina bimetálica auxiliar
5 - Cursor de arraste
6
96
6 - Lâmina bimetálica principal
7 - Ajuste de corrente

L1 T1 L2 T2 L3 T3

Figura 4. Componentes de um relé térmico.


Fonte: Adaptada de Franchi (2008).

Assim, os relés térmicos, quando utilizados para proteção de motores, de-


vem ser dimensionados de acordo com a corrente nominal e o fator de serviço
que tal equipamento usará, como demonstrado na Equação (1):

Ir = In. FS (1)

Em relés comerciais, esse ajuste será feito por meio de um botão de ajuste;
portanto, ao dimensionar um relé térmico, você escolherá um relé cujo corrente
calculada se encaixa na faixa de ajuste do dispositivo escolhido.
Diagramas de comando 11

Os elementos fusíveis são bastante utilizados em partidas de motores com circuitos


eletrônicos, que possibilitam uma suavização na corrente durante o transitório do
motor. No livro Acionamentos elétricos, Franchi (2008), você poderá verificar como são
realizados os dimensionamentos de fusíveis, além de um comparativo entre fusíveis
e disjuntores motores. Ainda, poderá se aprofundar um pouco mais sobre os assuntos
abordados neste capítulo.

Conceitos básicos dos circuitos de comando


Para interpretar com maior eficácia e saber como utilizar os diagramas de
comando, é preciso conhecer alguns conceitos básicos e estratégias a fim de
resolver detalhes lógicos, conforme apresentado a seguir com alguns exemplos.

„„ Selo — é utilizado com botões sem trava, ou botões de pulso, como


artifício para manter o circuito ligado. Coloca-se um contato auxiliar do
contator que está acionando em paralelo com o botão de acionamento,
como mostra a Figura 5. Em alguns casos, são utilizados dois contatos
auxiliares em paralelo do mesmo contator para criar uma redundância e
aumentar a confiança do selo. Alguns autores, como Petruzella (2013),
definem essa estratégia como “contato de retenção”.

Verifique que, na Figura 5, existe uma botoeira S0 para realizar o desliga-


mento do circuito e que está em série com o selo. É importante salientar que
sempre devem ser colocadas botoeiras especiais de emergência com retenção
em série com o circuito de comando, de modo que estas possam realizar a
parada do sistema completo em qualquer momento.

„„ Intertravamento — em alguns casos, existem contatores que não


podem ser acionados ao mesmo tempo, situação em que se utiliza um
intertravamento entre eles. Se analisarmos a Figura 6, perceberemos que,
quando o contator K1 está acionado, o contato auxiliar NF de K1 não
permitirá que o K2 seja acionado, e vice-versa. Se houver a necessidade
de elevar a segurança do circuito intertravamento, sugere-se empregar
dois contatos auxiliares em série.
12 Diagramas de comando

11

S0
12

13 13

S1 K1

14 14

Figura 5. Diagrama de um selo.

Figura 6. Diagrama de um intertravamento.


Diagramas de comando 13

Ao utilizar um intertravamento, é importante tomar cuidado com o local onde se


coloca um selo: na Figura 7, podemos observar como se deve fazer o selo quando se
tem um intertravamento.

Figura 7. Diagrama de um intertravamento com selo.


14 Diagramas de comando

Como os diagramas de comando são, muitas vezes, operações lógicas,


torna-se interessante conhecer algumas estratégias para criar funções lógicas:

„„ Função lógica “E” — para criá-la, é necessário haver duas entradas


objetivando uma saída. No nosso caso, as entradas são sempre botoeiras e
a saída, o acionamento de uma bobina de um dispositivo eletromagnético.
Para entender melhor, podemos visualizar a Figura 8, na qual temos as
botoeiras S1 e S2 dando condição para o acionamento de K1. Podemos
afirmar que K1 é acionado somente se as duas botoeiras S1 e S2 forem
acionadas ao mesmo tempo, caracterizando uma função lógica “E”.

Figura 8. Diagrama da função lógica


“E”.
Diagramas de comando 15

„„ Função lógica “OU” — para criá-la, também é necessário um mínimo


de duas entradas, em que uma ou outra devem estar acionadas para
que a saída seja ligada. A Figura 9 mostra duas botoeiras S1 e S2 em
paralelo criando uma condição “OU” para acionar K1.

Figura 9. Diagrama da função lógica “OU”.

„„ Acionamento condicionado — em alguns casos, o acionamento de


algum elemento deve estar condicionado a alguma condição. Para isso,
utilizamos um contato auxiliar do contator em questão em série com a
botoeira. A Figura 10 mostra que o acionamento de K1 está condicionado
a K2, que está acionado.
16 Diagramas de comando

Figura 10. Diagrama do acionamento condicionado.

Existem diversas formas de criar diagramas para o mesmo objetivo, bas-


tando usar a criatividade para chegar aos objetivos necessários. Com esses
diagramas, é possível realizar sistemas de automação e partida de motores
diferenciadas, como estrela-triângulo e compensada. A linguagem de comis-
sionamento de controladores lógicos programáveis (CLP), conhecida como
Ladder, muito utilizada para criar sistemas de automação industrial, foi criada
a partir da lógica de contatores apresentada neste capítulo.
Diagramas de comando 17

ABNT. ABNT NBR 5280:1983. Símbolos literais de identificação de elementos de circuito.


Rio de Janeiro: ABNT, 1983.
BADIA, J. O.; DUTRA FILHO, G. D. Eletricista montador: interpretação de projetos elétricos.
CEFET-RS. Pelotas, 2008. Disponível: http://academico.riogrande.ifrs.edu.br/~jose.eli/
apostilas/PROMINP/Eletrica/Eletricista%20Montador/Eletricista%20Montador_Inter-
pretacao%20de%20Projetos%20Eletricos.pdf. Acesso em: 28 ago. 2019.
DIEGEL ELÉTRICA LTDA. Categorias de Emprego de Contatores. c2018. Disponível: http://
www.digel.com.br/artigos/1/categorias-de-emprego-de-contatores. Acesso em: 28
ago. 2019.
FRANCHI, C. M. Acionamentos elétricos. 3. ed. São Paulo: Érica 2008.
IEC. IEC 60617: graphical symbols for diagrams. Geneva: IEC, 2019.
PETRUZELLA. Motores elétricos e acionamentos. Porto Alegre: AMGH, 2013.

Leitura recomendada
SOUZA, N. S. Apostila de acionamentos elétricos. Natal: Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, 2009. Disponível em: https://docente.
ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-e-acionamentos-eletricos-ii/apostila-
-basica. Acesso em: 22 ago. 2019.
DICA DO PROFESSOR

Os motores são recorrentemente utilizados para diferentes funções, desde os mais pequenos até
os mais pesados. Entre as finalidades que os motores apresentam, pode-se citar sua utilização
em compressores de ar, ventiladores, bombas hidráulicas, misturadores de grãos, aeradores,
entre outros equipamentos. Dessa forma, é interessante atentar para as diferentes metodologias
de partidas para tais motores, pois para cada necessidade há um meio específico de utilização.
Os diagramas de comando costumam ser utilizados com alguma função específica para motores.

Nesta Dica do Professor, você verá como são feitos os diagramas típicos de partidas de motores
trifásicos, observando como se devem escolher os dispositivos para cada tipo de partida.

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EXERCÍCIOS

1) Os diagramas de comando comumente utilizados para demonstrar lógicas de contatores


apresentam, muitas vezes, estratégias específicas para cada máquina. Dessa forma,
interprete o comportamento do diagrama de comando da figura e responda o que
aconteceria se fosse retirado o selo de K1:
A) O selo de K1 não faz diferença alguma no diagrama.
B) É preciso apertar S2 e S4 juntos para acionar K2 se não houver selo em K1.

C) Sem o selo de K1, o diagrama inteiro não pode ser acionado.

D) Sem o selo de K1, K2 não pode ser acionado.

E) Sem o selo de K1, S1 perde sua função.

2) Para o diagrama de comando de uma máquina industrial, devem existir dois


contatores, K1 e K2, acionados, cada um, por uma botoeira B1 e B2, além de um
terceiro contator, K3, cuja condição para ser acionado seja K1 e K2 estarem ligados.
Qual será o mínimo diagrama necessário para que tal sistema seja possível?

A) Um circuito lógico "OU" e um circuito lógico "E".

B) Um acionamento com botoeira e com selo, dois circuitos lógicos "OU" e um circuito
lógico "E".

C) Dois acionamentos com botoeiras e selos para cada um dos dois contatores e um circuito
lógico “E” com um contato auxiliar NA de K1 e K2.

D) Três circuitos com ligação condicionada.

E) Circuito intertravamento entre os três contatores.

3) As lógicas de comando podem ser criadas para diferentes propósitos. Muitas vezes, são
realizadas estratégias de acordo com a necessidade de operação. Dessa forma, foi realizado
o diagrama apresentado na figura a seguir para que satisfaça uma função básica. Qual é
essa função?
A) Pisca-pisca.

B) Partida direta com retorno de partida.

C) Partida estrela-triângulo.
D) Partida compensada.

E) Acionamento de portão eletrônico com temporizador.

4) Na planta de uma indústria, existe a necessidade de se criar uma esteira que funcione
para frente e para trás. Qual das alternativas a seguir indica uma estratégia para
evitar o curto-circuito na rede em uma partida que atenda a função dessa esteira?

A) Ligações condicionadas.

Realizar selo nas botoeiras de comando.


B)

C) Colocar proteção térmica.

D) Fazer um circuito lógico "E" com as duas botoeiras de comando.

E) Intertravamento entre os contatores.

5) Em alguns sistemas de comando realizados para adequar máquinas à NR 12, é


necessário tomar algumas precauções em relação à confiança e à segurança do
circuito. Qual das alternativas a seguir é utilizada para aumentar a confiança em
circuitos de comando?

A) Colocar botoeiras de comando em redundância.

B) Colocar um relé térmico a mais.

C) Liberar os botões de acionamento por meio de selos.

D) Redundância de contatos auxiliares.


E) Proporcionar um circuito de comando remoto para os acionamentos.

NA PRÁTICA

Em diagramas de comando, são utilizados vários componentes distintos para realizar funções
específicas. Muitas vezes, é necessário conhecer os componentes comerciais antes de se projetar
um diagrama de comando para saber quais são as opções disponíveis no mercado.

Neste Na Prática, você vai encontrar alguns dispositivos reais utilizados em diagramas de
comando e verá algumas dicas para escolher cada um deles de acordo com sua aplicação.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Motores elétricos e acionamentos

Com a leitura deste livro, você poderá aprofundar seus conhecimentos em dispositivos de
acionamentos. Você encontrará informações mais específicas nos Capítulos 4, 6 e 8.

Norma IEC

Neste artigo, você poderá ver como as figuras são utilizadas conforme a norma IEC.

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Protocolo para criação de sistemas de comandos elétricos

Nesta dissertação de mestrado, você encontrará uma abordagem de protocolo para a criação de
comandos elétricos que são usados na automatização de processos industriais.

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Automação de manobras em subestações de transmissão de energia elétrica

Leia, neste artigo, sobre um sistema de manobras em subestação que utiliza diagramas de
comandos elétricos no trabalho. É interessante verificar como o autor utiliza tais diagramas.

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Chaves de partida

APRESENTAÇÃO

Os motores são elementos comuns no dia a dia, pois são encontrados em diversas aplicações,
sejam elas industriais, sejam elas comerciais ou até mesmo residenciais. Dessa forma, torna-se
imprescindível o aprendizado sobre detalhes de funcionamento de tais máquinas elétricas. Além
de saber a respeito do funcionamento intrínseco de um motor, é importante atentar para a
aplicação que estará associada a ele, pois para cada aplicação é exigida uma forma de
dimensionamento de suas proteções e comando.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a identificar as características de partidas de


motores elétricos e reconhecer os elementos de um diagrama de comando e potência das
diferentes chaves de partida. Além disso, conhecerá algumas aplicações práticas para cada chave
de partida e aprenderá a dimensionar as chaves de partidas mais utilizadas no cotidiano.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar as características de partidas de motores elétricos (partida direta, estrela-


triângulo e compensadora).
• Reconhecer o esquema de ligação das diferentes chaves de partida.
• Descrever chaves de partida de motores elétricos.

INFOGRÁFICO

Em plantas industriais, é comum a utilização de motores com conjugado de partida elevado.


Sabe-se que um motor grande produz altos picos de corrente de partida. Nesses casos, são
utilizadas várias metodologias de partidas que satisfaçam às necessidades da aplicação em
questão. As características de partida, corrente, conjugado, escorregamento e tensão são itens
interessantes de se analisar em diferentes momentos da operação de um motor.

Neste Infográfico, você verá uma comparação entre as metodologias de partidas mais comuns
para motores, observando as vantagens e as desvantagens de cada uma.
CONTEÚDO DO LIVRO

As máquinas utilizadas na indústria apresentam diversas aplicações diferenciadas e produzem


trabalho de acordo com as características do sistema em questão e do motor que está sendo
utilizado. Cada sistema apresenta uma característica transitória e em regime permanente. Para
entender como dimensionar uma partida para o motor responsável pela mecânica desse sistema,
é interessante que se entenda como esse motor se comporta durante o transitório de partida.

No capítulo Chaves de partida, da obra Acionamentos elétricos, você encontrará características


das três partidas mais comuns utilizadas para motores de indução: partida direta, partida
compensadora e partida estrela-triângulo. Você irá aprender a projetar e dimensionar os
elementos e esquemas de ligação para cada tipo de partida e, por fim, irá entender em qual
aplicação cada um deles é recomendado.

Boa leitura.
ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS

Ruahn Fuser
Chaves de partida
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar as características de partidas de motores elétricos (partida


direta, estrela- triângulo e compensadora).
„„ Reconhecer o esquema de ligação das diferentes chaves de partida.
„„ Descrever chaves de partida de motores elétricos.

Introdução
Presentes em praticamente qualquer processo industrial moderno, os
motores elétricos são encontrados em aplicações que vão desde pe-
quenos aparelhos eletrodomésticos até grandes máquinas industriais,
uma variedade de aplicabilidade que levou ao desenvolvimento de
diversos tipos de motores com níveis de potência diferentes. Para vencer
a inércia, motores maiores e com elevados níveis de potência demandam
maiores correntes em sua partida, chegando a ser cerca de 10 vezes sua
corrente nominal, o que resulta em um alto consumo de energia, além
da necessidade do dimensionamento de condutores e dispositivos de
proteção mais robustos. Para diminuir a corrente inicial requerida pelos
motores, são realizadas algumas manobras — as partidas indiretas. Já em
motores de menor potência, é comum a utilização da partida direta. Neste
capítulo, serão abordadas as principais características dessas partidas,
além da lógica por trás de cada uma delas e como são representadas
em diagramas elétricos.
2 Chaves de partida

Partidas de motores
Existem diversas maneiras para fazer partir um motor elétrico trifásico: esco-
lher a maneira mais adequada para cada situação representa uma competência
essencial para profissionais da área elétrica, sempre visando à segurança, à
eficiência e à minimização dos custos.

Partida direta
Maneira mais simples de fazer partir um motor trifásico, na partida direta as
três fases provenientes da rede de distribuição elétrica, após passarem pelos
dispositivos de proteção, são ligadas diretamente aos enrolamentos do motor,
fornecendo a ele tensão nominal.
Esse tipo de partida apresenta projeto e montagem relativamente simples,
além de um conjugado nominal na partida, ainda que essa ligação impossibilite
um aumento de velocidade lento e progressivo.
Para vencer a inércia inicial do motor, a corrente de pico (Ip) requerida na
partida direta normalmente varia entre seis e oito vezes a corrente nominal do
motor (In), podendo chegar, em alguns casos, a dez vezes a corrente nominal.
Esse pico de corrente é um problema para a instalação, causando queda de
tensão e sobrecarregando a rede e os dispositivos de segurança mal dimen-
sionados. Dessa forma, a partida direta é somente indicada para motores de
menor potência, normalmente abaixo de 5 cv em unidades consumidoras
atendidas em baixa tensão, sendo importante sempre seguir a orientação da
concessionária de energia local.
A Figura 1 apresenta a curva de corrente durante a partida do motor, saindo
da inércia até chegar à sua velocidade nominal.
Chaves de partida 3

In

In

Figura 1. Gráfico corrente × velocidade do motor


em partida direta.
Fonte: Adaptada de Franchi (2008).

Partida estrela-triângulo
Trata-se de um tipo de partida que utiliza duas possíveis formas de fecha-
mento das bobinas dos motores, portanto só é possível fazê-la em motores
que apresentam seis terminais de ligação e duas tensões nominais, uma para
cada fechamento. Durante a partida, o fechamento empregado é o de menor
tensão, em estrela. Após alcançar uma velocidade próxima a 90% da velocidade
nominal, a ligação é comutada para a ligação de maior tensão, ficando com o
fechamento das bobinas em triângulo e fornecendo tensão nominal ao motor.
Durante a partida, os enrolamentos do motor estão ligados em estrela, uma
ligação que diminui em aproximadamente 58% a tensão fornecida ao motor em
relação à tensão nominal, possibilitando uma redução de 33% na corrente de
partida. Contudo, essa redução também se aplica ao seu conjugado, tornando
essa ligação recomendável apenas em motores com partidas em vazio ou se
4 Chaves de partida

o conjugado da carga no eixo for inferior ao conjugado de partida durante a


ligação em estrela.
Segundo Mamede Filho (2017), caso a comutação ocorra antes de o motor
atingir 90% da velocidade nominal, a corrente na partida (Ip’) ficará próxima da
corrente de pico em partida direta (Ip), contrariando o objetivo dessa manobra.
Portanto, torna-se necessário observar com atenção o tempo de partida do
motor que será utilizado, para configurar corretamente o tempo de comutação
da partida.
A Figura 2 demonstra a curva da corrente de partida em estrela-triângulo
com relação à partida direta.

In

In

Figura 2. Gráfico comparativo corrente × velocidade do


motor em partida direta e estrela-triângulo.
Fonte: Adaptada de Franchi (2008).
Chaves de partida 5

Partida compensadora
Assim como na partida estrela-triângulo, para reduzir a corrente de pico
durante a partida, a estratégia consiste em reduzir a tensão de alimentação
durante esse estágio, para o qual se emprega um autotransformador ligado
em série com as bobinas do motor.
Os terminais inferiores do autotransformador são conectados em estrela, e,
pelo fato de esse tipo de transformador dispor de derivações (TAP) ao longo
de um de seus enrolamentos, é comum obter tensões de 50%, 65% e 80% da
tensão de fase aplicada a ele. Dessa forma, é possível controlar a tensão e,
consequentemente, a corrente durante a partida.
O conjugado desenvolvido durante a partida também é reduzido de acordo com
a tensão do TAP escolhido, ou seja, o TAP de 50% só deve ser aplicado a motores
que partam a vazio ou com cargas que necessitem de baixo conjugado no eixo.
A Figura 3 demonstra a curva da corrente de partida compensadora com
relação à partida direta.

In

In

Figura 3. Gráfico corrente × velocidade do motor em partida compensadora.


Fonte: Adaptada de Franchi (2008).
6 Chaves de partida

A identificação das diferenças entre as chaves de partida é essencial para


a tomada de decisão em uma situação prática. As partidas apresentadas aqui
apresentam características de corrente e conjugado de partida, que, de acordo
com a situação, se enquadram melhor em uma situação de aplicação. Contudo,
além de conhecer o comportamento de cada partida, é importante saber como
dimensionar os componentes para cada uma delas.

Segundo a NBR 5410, a queda de tensão durante a partida de um motor não deve
ultrapassar 10% de sua tensão nominal no ponto de instalação do dispositivo de
partida correspondente. Contudo, segundo a mesma norma, em casos específicos,
pode-se adotar uma queda de tensão superior a 10% (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2008).

Diagramas elétricos das chaves de partida


Utilizam-se diagramas elétricos para descrever toda partida, sendo comum
dividi-los em duas partes: diagrama de comando, responsável pela lógica de
controle da partida, indicando quais componentes serão acionados e em que
ordem isso ocorrerá; e diagrama de potência, responsável pela identificação de
cada fase e de qual será o esquema de fechamento das bobinas do motor. Em
um diagrama, cada um dos equipamentos utilizados na partida é representado
por um símbolo, explicados a seguir conforme cada partida.

Partida direta
O diagrama elétrico da partida direta representado na Figura 4 mostra, na
parte de potência, as três fases provenientes da rede e o terra (L1, L2, L3, PE),
três fusíveis responsáveis pela proteção contra curto-circuito, os contatos de
potência do contator, um relé térmico para proteção do motor contra sobrecarga
e, finalmente, o motor elétrico trifásico.
Chaves de partida 7

Figura 4. Partida direta: (a) diagrama de potência; (b) diagrama de comando.

O diagrama de comando é alimentado por duas fases, protegidas contra


curto-circuito por fusíveis. Os contatos 95 e 96 do relé térmico atuam na
abertura do circuito em caso de sobrecarga. E dois botões são responsáveis
por ligar e desligar o circuito, respectivamente, o B1 (NA) e p B0 (NF). Toda
lógica se dá por meio desses dispositivos em conjunto com o contator K1.
Quando se aciona o B1, a bobina de K1 é energizada e seus contatos 13 e 14
são fechados, permitindo a passagem de corrente até a bobina de K1 — essa
ligação, conhecida como contato de selo, permite que o circuito se mantenha
ligado após o botão B1 ter sido liberado, voltando ao seu estado inicial.
Assim que a bobina de K1 é energizada, os contatos de potência são fecha-
dos, possibilitando a passagem de corrente da rede até o motor. Dessa forma,
o circuito se mantém até que o botão B0 seja pressionando, interrompendo
a corrente no circuito de comando e abrindo os contatos de K1, ou até que
ocorra uma falha.
8 Chaves de partida

Dimensionamento em partida direta


Para o dimensionamento dos dispositivos utilizados na partida direta, é ne-
cessário observar os dados de placa do motor em questão — corrente nominal
(In), potência e frequência —, além de definir a tensão de alimentação do
circuito de comando.

Dimensionamento do contator
A corrente nominal do contator (Ie) deve ser projetada de acordo com a corrente
nominal do motor (In); dessa forma:

Ie ≥ In

Dimensionamento do relé térmico


Assim como o contator, basta observar a corrente nominal do motor: com o
auxílio do catálogo do fabricante, escolhe-se o que se adequa a essa faixa de
corrente, além da compatibilidade com o contator.

Dimensionamento dos fusíveis


Inicialmente, os fusíveis do circuito de potência devem suportar a corrente de
pico da partida direta (Ip) durante o tempo de partida (Tp). Dessa forma, faz-se
necessário consultar a curva característica fornecida pelo fabricante e, assim,
escolher o fusível que se adequa aos valores de Ip e Tp. A Figura 5 mostra um
caso hipotético em que Tp = 2 segundos e Ip = 67 ampères (A).
Chaves de partida 9

Figura 5. Exemplo de curva característica de um fusível.

Nesse caso, a corrente do fusível (If) indicado é de 50 A. Além disso, a


corrente do fusível deve ser superior em 20% à corrente nominal do motor.

If ≥ 1,2In

Por fim, os fusíveis precisam garantir a proteção dos equipamentos de


comando. Dessa forma, a corrente If deve ser inferior à corrente do contator
(IK1) e do relé térmico (If ).
RT

If ≤ IK1
If ≤ If
RT
10 Chaves de partida

Partida estrela-triângulo
A comutação da ligação estrela-triângulo é feita com o auxílio de um relé de
tempo e contatores, conforme o diagrama da Figura 6.

Figura 6. Partida estrela-triângulo: (a) diagrama de potência; (b) diagrama de comando.

Quando acionado o botão B1, o contato de selo mantém o circuito operante,


permitindo passagem de corrente para as bobinas do contator K1 e do relé
de tempo RT. Pelos contatos 55 e 56 de RT, a bobina de K3 é energizada, e,
dessa forma, o motor está com fechamento em estrela.
Passado o tempo configurado em RT, seus contatos 67 e 68 se fecham,
energizando a bobina de K2; assim, os contatos 11 e 12 de K2 se abrem,
interrompendo a passagem de corrente para a bobina de K3 e o motor está
com fechamento em triângulo.
Chaves de partida 11

Dimensionamento dos contatores


O contator K1 deve ter dois contatos normalmente abertos (NA), e os contatores
K2 e K3, um contato NA e um normalmente fechado (NF).
Durante o período em que o motor está com fechamento em triângulo, K1
e K2 atuam, caso em que a corrente nominal é igual à corrente de linha IL:

In = IL

Já a relação entre a corrente em triangulo (It) e a corrente de linha é dada por:

Assim, a corrente que circula em K1 e K2 é:

It = IK1 = IK2 = 0,58In

Como K3 conduz corrente apenas durante o fechamento em estrela, a


corrente que circula por ele é dada por:

Dimensionamento do relé térmico


Nesse caso, basta observar a corrente nominal do motor e, com o auxílio do
catálogo do fabricante, escolher o que se adequa a essa faixa de corrente, além
da compatibilidade com o contator.
12 Chaves de partida

Dimensionamento dos fusíveis


Primeiro, os fusíveis do circuito de potência devem suportar a corrente de
partida (Ip´) durante o tempo de partida (Tp), sendo Ip´:

Ip’ = 0,33Ip

Dessa forma, faz-se necessário consultar a curva característica fornecida


pelo fabricante e, assim, escolher o fusível que se adequa aos valores de Ip e
Tp, verificando sempre as três condições apresentadas a seguir.

If ≥ 1,2In

If ≤ If
K1

If ≤ If
RT

Partida compensadora
Observando os diagramas de potência e comando, representados na Figura 7,
é possível compreender como se faz a comutação. Quando se aciona o botão
B1, a bobina do contator K3 é alimentada; na parte de potência, isso resulta
no fechamento do enrolamento secundário do autotransformador. Já na parte
de comando, aciona a bobina do contator K2, que, por sua vez, conecta o
autotransformador a rede. Os contatos de selo de K2 e K3 mantêm o circuito
operando. Com K2 energizado, a parte de potência entrega aos terminais
do motor o nível de tensão de acordo com o TAP escolhido. Já na parte de
comando, o relé de tempo é acionado.
Quando é atingido o tempo programado no relé de tempo RT, os contatos
15 e 16 comutam, cortando a corrente que vai para a bobina de K3. Dessa
forma, pelos contatos NF 21 e 22, a bobina de K1 é acionada, o que implica
o corte de corrente para a bobina de K2. Na parte de potência, isso acarreta
a ligação direta do motor à rede pelos contatos de K1; assim, o motor está
operando com tensão nominal.
Chaves de partida 13

Figura 7. Partida compensadora: (a) diagrama de potência; (b) diagrama de comando.

Para escolher a melhor opção entre os TAP disponíveis, é fundamental


conhecer o conjugado imposto pela carga ao eixo do motor. A relação entre o
conjugado de partida e o TAP escolhido está relacionado no Quadro 1.

Quadro 1. Conjugados de acordo com TAPs de autotransformadores comerciais

TAP de transformação (a) a2 Percentual de conjugado nominal

0,5 0,25 25%

0,65 0,4225 42,25%

0,8 0,64 64%

Fonte: Adaptado de Franchi (2008).


14 Chaves de partida

Dimensionamento dos contatores


Pelo fato de o contator K1 ser responsável por conectar o motor diretamente
à rede, a corrente IK1 é igual à corrente nominal do motor; portanto:

IK1 ≥ In

A corrente IK2 depende do TAP selecionado e é representada por:

IK2 = K2 ∙ In

Já a corrente IK3 é definida por:

IK3 = In ∙ (K – K2)

Sendo K o fator de redução mostrado no Quadro 2.

Quadro 2. Contatores a partir da relação de TAPs dos autotransformadores

TAPs do autotransformador IK2


Fator de redução (K) IK3
(%Vn) (%In)

85 0,85 72 13

80 0,80 64 16

65 0,65 65 23

50 0,50 50 25

Fonte: Adaptado de Franchi (2008).


Chaves de partida 15

Dessa forma, ao observar o catálogo de fabricantes, as correntes admitidas


por K1, K2 e K3 devem ser:

Ie1 ≥ In

Ie2 ≥ K2 × In

Ie3 ≥ (K – K2) × In

Dimensionamento do relé térmico


Por meio do catálogo do fabricante, deve-se escolher um relé cuja corrente de
operação seja maior que a corrente nominal do motor.

Dimensionamento dos fusíveis


Novamente, é necessário observar a curva de atuação dos fusíveis em relação
à corrente de pico na partida (Ip) e o tempo de partida (Tp), lembrando que a
corrente de pico na partida compensadora é reduzida pelo fator K2. Assim, se
estiver sendo utilizado o TAP de 80%, com K igual a 0,8, a corrente de pico
na partida será:

Ip′ = Ip × K2

Sabendo da diversidade de aplicações que um motor tem em uma planta


industrial, torna-se imprescindível o conhecimento de como trabalhar com tais
máquinas. É importante entender os conceitos teóricos de cada metodologia
de partida a fim de poder dimensionar de maneira precisa cada um de seus
elementos. As partidas estrela-triângulo e compensadora são muito utilizadas
para reduzir a corrente de partida em máquinas de alta inércia, e a partida
direta contribui com um baixo custo e dispõe de dispositivos de segurança que
não possibilitam que a máquina retorne ligada após uma queda de energia.
16 Chaves de partida

Atualmente, equipamentos como disjuntor motor somam a um mesmo dispositivo


as características de proteção contra curto-circuito, sobrecarga e seccionamento.
Informações mais detalhadas sobre outros dispositivos podem ser encontradas no
livro Motores elétricos e acionamentos, de Frank D. Petruzella.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5410: Instalações elétricas


de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. 209 p.
FRANCHI, C. M. Acionamentos elétricos: motores elétricos, diagramas de comando, chaves
de partida, inversores de frequência e soft-starters. 4. ed. São Paulo: Érica, 2008. 250 p.
MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. 964 p.

Leituras recomendadas
FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY JUNIOR, C.; UMANS, S. D. Máquinas elétricas: com introdução
a eletrônica de potência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 648 p.
PETRUZELLA, F. D. Motores elétricos: e acionamentos. Porto Alegre: AMGH; Bookman,
2013. 372 p. (Série Tekne).
DICA DO PROFESSOR

Os motores são recorrentemente utilizados para diferentes funções, desde os mais pequenos até
os mais pesados. Entre as finalidades que os motores apresentam, pode-se destacar a utilização
em compressores de ar, ventiladores, bombas hidráulicas, misturadores de grãos, aeradores,
elevadores de carga, serras circulares, etc. Dessa forma, é interessante atentar às diferentes
metodologias de partidas para tais motores, pois para cada necessidade há um meio específico
de utilização. As partidas estrela-triângulo e compensadora são comumente utilizadas para
motores de potência elevada, e é importante saber, para cada caso, qual das duas escolher.

Veja, nesta Dica do Professor, algumas diferenças entre as partidas estrela-triângulo e


compensadora, além de alguns detalhes a respeito da partida compensadora.

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EXERCÍCIOS

1) Em uma marcenaria existem várias máquinas que utilizam motores como forma de
transformar energia elétrica em mecânica. O trabalho será feito com três delas: uma
serra circular de 10cv, um compressor de ar de 25cv (partindo em alívio) e um
exaustor de 1,5cv. Quais tipos de partida são recomendados para cada uma das
cargas, respectivamente?

A) Estrela-triângulo, estrela-triângulo e direta.

B) Estrela-triângulo, compensadora e direta.

C) Estrela-triângulo, estrela-triângulo e compensadora.

D) Compensadora, estrela-triângulo e direta.


E) Direta, estrela-triângulo e direta.

2) Em uma piscicultura são utilizadas bombas de água submersas para fazer a troca de
água em açudes. Tais bombas normalmente são utilizadas para jogar água de um
ponto mais baixo para um ponto mais alto, o que deve enfrentar uma coluna d’água
na partida de seu motor. Considere uma bomba de água de 60cv trifásica,
220V/60Hz. Dados da placa do motor:

In: 158,9A

• Ip/In: 8

Entre as partidas estrela-triângulo e compensadora, qual é a mais indicada para esse


caso? Calcule a corrente para o dimensionamento do relé de sobrecarga e a corrente
de partida do motor para o dimensionamento do fusível. (Caso escolha
compensadora, utilizar TAP de 65%.)

Partida compensada, Ie ≥ 79,4A e Ip' ≥ 537,1.


A)

B) Partida compensada, Ie ≥ 158,9A e Ip' ≥ 451,3.

C) Partida estrela-triângulo, Ie ≥ 178,9A e Ip' ≥ 637,1.

D) Partida estrela-triângulo, Ie ≥ 148,9A e Ip' ≥ 537,1.

E) Partida compensada, Ie ≥ 158,9A e Ip' ≥ 537,1.

3) Na planta de uma indústria alimentícia, foi solicitada a instalação de uma serra


circular para cortar rapadura. A indústria tem tensão de alimentação trifásica de
380V/60Hz. O motor a ser utilizado será de 100cv e apresenta os seguintes dados de
placa:

• In: 134,5A
• Ip/In: 8,2
Entre as partidas estrela-triângulo e compensadora, qual é a mais indicada para esse
caso? Calcule qual deverá ser a corrente para o dimensionamento do relé de
sobrecorrente nessa aplicação. (Caso escolha compensadora, utilizar TAP de 70%.)

A) Partida estrela-triângulo. Ie ≥ 65A.

B) Partida compensadora. Ie ≥ 108A.

C) Partida estrela-triângulo. Ie ≥ 78A.

D) Partida compensadora. Ie ≥ 78A.

E) Partida estrela-triângulo. Ie ≥ 45A.

4) Em um canteiro de obras, é comum a utilização de elevadores para elevar materiais,


como tijolos, cimento, entre outros, para os pavimentos superiores. Um engenheiro
civil solicitou a instalação de um elevador de carga cujo motor tem potência de 30CV
trifásico, 220V/60Hz. Dados da placa do motor:

• In: 77,1A
• Ip/In: 8

Entre as partidas estrela-triângulo e compensadora, qual é a mais indicada para esse


caso? Para esse caso, calcule as correntes em K1, K2 e K3. (Caso escolha
compensadora, utilizar TAP de 80%.)

A) Partida estrela-triângulo, K1: Ie ≥ 77,1A; K2: Ie ≥ 77,1A; K3: Ie ≥


12,34A.

B) Partida estrela-triângulo, K1: Ie ≥ 49,3A; K2: Ie ≥ 49,3A; K3: Ie ≥


12,34A.
C) Partida compensada, K1: Ie ≥ 68,1A; K2: Ie ≥ 53,4A; K3: Ie ≥ 25,45A.

D) Partida estrela-triângulo, K1: Ie ≥ 102,3A; K2: Ie ≥ 49,3A; K3: Ie ≥


12,34A.

E) Partida compensada, K1: Ie ≥ 77,1A; K2: Ie ≥ 49,3A; K3: Ie ≥ 12,34A.

5) Em um aviário, foi solicitada a instalação de um exaustor para controle de aeração e


temperatura interna. O local de instalação tem rede trifásica de 380V/60Hz. O motor
a ser utilizado será de 50cv e apresenta os seguintes dados de placa:

• In: 71,6A
• Ip/In: 6,5

Entre as partidas estrela-triângulo e compensadora, qual é a mais indicada para esse


caso? Para esse caso, calcule as correntes em K1, K2 e K3. (Caso escolha
compensadora, utilizar TAP de 50%.)

A) Partida estrela-triângulo, K1: Ie ≥ 41,53A; K2: Ie ≥ 41,53A; K3: Ie ≥


23,63A.

B) Partida estrela-triângulo, K1: Ie ≥ 23,63A; K2: Ie ≥ 41,53A; K3: Ie ≥


23,63A.

C) Partida compensadora, K1: Ie ≥ 71,6,53A; K2: Ie ≥ 41,53A; K3: Ie ≥


23,63A.

D) Partida compensadora, K1: Ie ≥ 41,53A; K2: Ie ≥ 25,53A; K3: Ie ≥


12,25A.

E) Partida estrela-triângulo, K1: Ie ≥ 41,53A; K2: Ie ≥ 12,1A; K3: Ie ≥


41,53,63A.
NA PRÁTICA

A partida estrela-triângulo é uma das mais utilizadas para partir motores de indução de potências
elevadas. Muitas vezes, é necessário conhecer os componentes comerciais para se dimensionar
uma partida e projetar um diagrama de comando em que se utilizam as opções disponíveis no
mercado.

Confira, Na Prática, alguns dispositivos reais utilizados para partidas estrela-triângulo e como
se dimensiona esse tipo de partida.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Máquinas elétricas

Para entender como as máquinas de indução se comportam durante transitórios de partida,


verifique o Capítulo 6 — Máquinas polifásicas de indução, do livro Máquinas elétricas.

Noções básicas de eletrotécnica

A aula 6 da apostila "Noções básicas de eletrotécnica", de Carlos Ednaldo Ueno Costa,


apresenta um resumo sobre acionamento e comando elétricos para partida de motores.

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Estudo da partida de motor de indução de grande porte em ambiente de rede elétrica


fraca

Em sua dissertação de Mestrado, Paulo José Stival Coelho apresenta um estudo que mostra os
detalhes de uma partida de motor de indução de grande porte em uma rede elétrica fraca.

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Análises das correntes de partida de um motor trifásico acionado por chave convencional e
por inversor de frequência

Este artigo apresenta um comparativo de como se comporta a corrente em uma partida


convencional e com inversor de frequência.

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ABNT: NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão

É importante atentar às normas que definem as proteções necessárias para cada máquina
elétrica. Confira.

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Soft starters e inversores de acionamento
de motores CA

APRESENTAÇÃO

A maioria dos motores elétricos é acionada de maneira direta, mas quando motores de grande
porte são iniciados dessa maneira, eles causam uma perturbação na tensão de alimentação
devido ao pico de corrente de partida. Esses eventos transitórios podem afetar a instalação
elétrica e outros equipamentos conectados a ele. Para limitar o aumento da corrente de partida,
os grandes motores são acionados com tensão reduzida e, em seguida, a tensão de alimentação é
reconectada quando eles atingem a velocidade próxima à rotação. Os principais motivos pelos
quais a partida do motor é realizada dessa maneira são: limitar os efeitos transitórios e garantir
que o motor acelere a carga mecânica corretamente.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a importância da utilização de métodos de


partida, identificará os tipos de acionamentos mais comuns utilizados na indústria de motores
CA, como é seu funcionamento e em quais aplicações esses métodos de partida são indicados.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os tipos de acionamento de motores CA.


• Analisar o funcionamento e as aplicações das chaves de partida soft starters.
• Explicar o funcionamento e as aplicações de inversores.

DESAFIO

Os motores de indução trifásicos são largamente utilizados na indústria, realizando diversas


operações e trabalhos. No entanto, esses motores têm alta potência e, durante o seu
acionamento, desenvolvem elevada corrente de partida, ocasionando quedas de tensão na rede.
Além disso, necessitam de um superdimensionamento da instalação em caso de partida direta.

Você é o engenheiro responsável por um frigorífico. Um novo motor trifásico de indução de


10cv chegou, e você ficou encarregado de desenhar o diagrama de comando para o seu
acionamento com partida estrela-triângulo, além de descrever seu funcionamento para que o
técnico responsável pela instalação compreenda o procedimento.

A partida estrela-triângulo é apresentada na figura a seguir. Para isso, são usados três contatores
(K1, K2 e K3), um relé térmico de sobrecarga (F4) e fusíveis em cada fase (F1,F2,F3).

INFOGRÁFICO

Um dos grandes problemas ocasionados pela partida direta é o elevado valor da corrente no
instante de partida, que afeta o superdimensionamento dos componentes e dos cabos da
instalação elétrica. Isso causa um alto custo de equipamentos, além de aumento no consumo de
energia elétrica. Dessa forma, é desejável diminuir o nível dessa corrente gerada em função de o
motor precisar vencer a inércia para sair do repouso.

No Infográfico a seguir, aproveite para conhecer os diferentes tipos de partida de motores CA.
CONTEÚDO DO LIVRO

Os motores CA têm diferentes tipos de acionamentos, podendo ser classificados pelo tipo de
partida (direta ou indireta). Essas partidas são classificadas conforme a necessidade de aplicação
e também de acordo com o dimensionamento da rede elétrica de alimentação existente.
Alguns métodos de partida de motores CA foram favorecidos com o avanço da eletrônica de
potência e com a evolução dos dispositivos semicondutores, que contribuíram para a construção
de equipamentos com maior confiabilidade e eficiência no processo de acionamento de motores
CA.

No capítulo Soft starters e inversores de acionamento de motores CA, da obra Eletrônica de


potência II e acionamentos elétricos e eletrônicos, serão abordados os tipos de acionamentos de
motores CA, juntamente com o funcionamento e as aplicações de chaves de partida soft starters.
Além disso, serão explicados o funcionamento e a aplicação dos inversores.

Boa leitura.
ELETRÔNICA
DE POTÊNCIA II
E ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS E
ELETRÔNICOS

Mateus José Tiburski


Soft starters e inversores
de acionamentos
de motores CA
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar os tipos de acionamento de motores CA.


„„ Analisar o funcionamento e as aplicações das chaves de partida soft
starters.
„„ Explicar o funcionamento e as aplicações dos inversores.

Introdução
A vasta aplicação dos motores CA deu-se por uma série de vantagens,
como o tamanho reduzido e o maior rendimento, se comparados aos mo-
tores CC, reduzindo o consumo de energia elétrica, além de terem menor
aquecimento das partes construtivas. Outro fator decisivo para o uso de
motores CA é o custo reduzido dos componentes para sua construção,
enquanto os CC demandam um maior número (MARTINEWSKI, 2016). Os
motores CA têm acionamento elétrico para partida, seja a alimentação de
forma indireta ou direta, dependendo da rede de alimentação disponível.
Isso porque, para cada forma, existe uma demanda de tensão corrente,
interferindo diretamente no dimensionamento dos dispositivos elétricos
e nos condutores.
Neste capítulo, você estudará os tipos de acionamento de motores CA,
com destaque ao funcionamento e às aplicações das chaves de partida
soft starters e dos inversores.
2 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA

1 Tipos de acionamento de motores CA


A escolha entre os tipos de acionamento de motores elétricos dá-se conforme
as necessidades dos meios onde são inseridos. Também se pode definir o acio-
namento de motores CA pelos tipos de partida, pois é na de um motor elétrico
que se encontra o momento mais crítico, onde consomem uma corrente mais
elevada do que em serviço contínuo. Isso acontece devido à mudança de um
estado de inércia do motor, que causa um pico de corrente, podendo variar
a corrente nominal do motor na faixa de seis a oito vezes. As condições de
partida de motores CA influenciam a amplitude e o tempo do pico da corrente
inicial (FRANCHI, 2014). Uma partida sob carga terá um pico maior do que
a vazio, chegando até dez vezes do valor normal. Essa alta corrente pode
interferir diretamente nos dispositivos de proteção dos circuitos de comando,
além de sobrecarregar a rede alimentadora e seus condutores. A Figura 1,
a seguir, relaciona a corrente de partida com a velocidade angular.

(corrente de partida)
Corrente

N
Velocidade angular

Figura 1. Relação entre corrente de partida e velocidade angular do motor.

Segundo Franchi (2014), no acionamento de motores CA, leva-se em con-


sideração a velocidade do motor, que é praticamente nula. Assim, tem-se a
corrente máxima, que se mantém até um valor próximo da velocidade de
trabalho do motor nominal. Pode-se afirmar que a corrente consumida por
Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA 3

um motor é em função da tensão aplicada sobre ele, como mostra o gráfico


na Figura 2, a seguir.

Corrente

Tempo (s)
Figura 2. Variação de corrente do motor devido à redução
da tensão.

Assim, a função das chaves de partida é a redução da tensão durante a


partida do motor e, depois, a aplicação de tensão nominal, quando o motor já
estiver em condição de trabalho. Desse modo, pode-se classificar os aciona-
mentos de motores CA em diferentes chaves de partida, podendo, ainda, ser
divididos em duas categorias: partida direta e indireta.

Partida direta
A partida direta é o método no qual o motor é conectado diretamente à rede
de disjuntores que vem da rede de energia elétrica. Esta partida é tradicional
em motores elétricos trifásicos, quando se deseja fazer uso do máximo de
desempenho do motor. Dessa forma, o torque de partida pode ser aprovei-
tado, no entanto, suas características são: alta corrente de partida — cerca de
8 vezes a corrente nominal — e, por consequência, necessidade de dispositivos
de acionamento e condutores mais robustos.
4 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA

Franchi (2014) afirma que a partida direta é a forma mais simples de


arrancar um motor elétrico, na qual as três fases estão ligadas diretamente
ao motor, ocorrendo um pico de corrente. No entanto, a partida direta de
um motor trifásico deve ser executada sempre que possível. Por regra das
concessionárias de energia elétrica, só podem ser acionados por partida direta
motores de 5 CV e 10 CV em instalações industriais.
A partida direta deve ser realizada nos casos em que: haja baixa potência
do motor, de modo a limitar as perturbações originadas pelo pico de corrente;
a máquina movimentada não necessite de uma aceleração progressiva e esteja
equipada com um dispositivo mecânico (redutor) que evita uma partida muito
rápida; o conjugado de partida é elevado (FRANCHI, 2014). Na Figura 3,
a seguir, pode-se verificar o diagrama de comando juntamente com o de força
da chave de partida direta.

L
L1 L2 L3
95
FT1
96
F1.2.3

S0

13
S1 K1
14 FT1

K1 H1
M
~3
N

Figura 3. Diagrama de força e de comando de uma partida direta.


Fonte: Franchi (2014, p. 156).
Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA 5

Para interpretar o diagrama de comando da partida direta de um motor trifásico é


preciso saber diferenciá-lo do diagrama de potência. O diagrama de comando é
uma representação simplificada, podendo ser unipolar nas ligações — em resumo,
é a ligação de todos os componentes e condutores da ligação elétrica. Além disso, o
diagrama de comando é a representação esquemática e lógica de contatos que são
responsáveis por acionar os componentes de potência. O diagrama de potência, ou
diagrama de força, é a representação dos componentes de potência, como o motor,
o relé térmico e os fusíveis de proteção. Para saber mais sobre o dimensionamento e
conhecimento dos componentes de ambos os diagramas leia a partir da página 156
do livro Acionamentos elétricos, de Claiton Moro Franchi, publicado pela Editora Érica
em 2008. Como complemento, você pode ler a partir da página 33 do livro Eletrônica
de potência e acionamentos elétricos, de Alan Kardek Rêgo Segundo e Cristiano Lúcio
Cardoso Rodrigues, publicado pelo campus Ouro Preto do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Minas Gerais em 2015 e disponível na internet.

Acessando o link a seguir, você pode verificar as partidas diretas, a partir da página 4.

https://qrgo.page.link/8vB8j

Partida indireta
Pelo fato de o acionamento com partida direta aplicada em motores trifásicos
apresentar uma alta corrente de partida, mostra-se atraente a utilização da
partida indireta. Esta consiste no método de redução da corrente de partida
que influencia diretamente no dimensionamento dos dispositivos elétricos que
compõem a partida do motor elétrico. Para a partida indireta, existem várias
formas de reduzir a corrente de partida de um motor elétrico trifásico, pois,
reduzindo a corrente de partida do motor, também se reduz o conjugado/torque.
Em virtude disso, existem opções de partida em função da aplicação escolhida.
Dentre elas, pode-se citar algumas principais: partida estrela-triângulo, partida
compensadora e partidas eletrônicas.
6 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA

Partida estrela-triângulo
A partida estrela-triângulo consiste na alimentação do motor com uma redução
de tensão nas bobinas durante sua partida. O motor parte em estrela, isto é,
com uma tensão de 58% da tensão nominal, e, após certo instante, a ligação
é convertida em triângulo, assumindo, por fim, a tensão nominal em regime
(FRANCHI, 2014; PETRUZELLA, 2013). A chave de partida estrela triângulo
reduz a corrente em 33% da nominal e, respectivamente, o torque também em
33%. Assim, esse método se mostra aplicável para partida de motores sem
carga (a vazio) ou com cargas que apresentem conjugado resistente baixo
e praticamente constante (SEGUNDO; RODRIGUES, 2015). Na Figura 4,
a seguir, é apresentado o diagrama de ligação de comando e de força da chave
de partida estrela-triângulo.

(a) (b)

Figura 4. Diagrama de potência e de comando de uma partida estrela-triângulo:


(a) potência; (b) comando.
Fonte: Automação... (2013, p. 24).
Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA 7

Partida compensadora
A partida compensadora alimenta o motor com tensão reduzida em suas
bobinas durante a partida. Essa redução é feita por meio da ligação de um
autotransformador em série com as bobinas do motor. De acordo com Segundo
e Rodrigues (2015), esse autotransformador possui, geralmente, taps (pontos de
ajuste com diferentes níveis de tensão) de 50%, 65% 80% da tensão nominal.
A partida compensadora geralmente é utilizada em motores com potência
superior a 15 CV, sendo o autotransformador ligado em estrela e tendo potência
igual ou superior à do motor (FRANCHI, 2014). Ainda, tem como principal
vantagem a robustez, podendo ser utilizado em qualquer motor trifásico.
Diferentemente da partida estrela-triângulo, esta necessita de apenas três
terminais do motor. Além disso, mesmo ocorrendo a comutação dos contatores,
o motor sempre permanece energizado, e a corrente de partida é reduzida,
aproximadamente, 42% e 65% da corrente de partida. No entanto, devido
ao autotransformador, o custo, a manutenção e o espaço de instalação são
maiores. A Figura 5, a seguir, apresenta uma partida de chave compensadora.

(a) (b)

Figura 5. Diagrama de potência e de comando de uma partida compensadora: (a) potência;


(b) comando.
Fonte: Automação... (2013, p. 34).
8 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA

Partidas eletrônicas
Com o desenvolvimento da eletrônica de potência, há o aumento da viabilidade
econômica para usufruir do uso de chaves eletrônicas de partida para motores,
sendo as mais utilizadas: soft-starter e inversores de frequência. Esses dispo-
sitivos têm como principal finalidade reduzir a corrente de partida de motores,
entretanto essas partidas eletrônicas diferenciam-se por sua construção e seu
princípio de funcionamento. A Figura 6, a seguir, mostra esses dois tipos de
partidas eletrônicas apresentados comercialmente.

(a) (b)

Figura 6. Partidas eletrônicas comerciais: (a) inversores; (b) soft-starters.


Fonte: (a) Adaptada de Guia... (2005); (b) Adaptada de Automação... (2019).

Para interpretar o diagrama de comando e o diagrama de força dos tipos de partida


estrela-triângulo, compensadora e eletrônica para um motor trifásico e para saber
mais sobre o dimensionamento e conhecimento dos componentes dos diagramas,
leia a partir da página 158 do livro Acionamentos elétricos, de Claiton Moro Franchi,
publicado pela Editora Érica em 2014.
Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA 9

Conforme apresentado anteriormente, é possível compreender melhor os


tipos de acionamento de motores CA, detalhando as partidas mais comumente
utilizadas de acordo com a aplicação selecionada, além de algumas vantagens
e desvantagens de cada uma. O método mais simples e mais barato é a partida
direta. Entretanto, a corrente assume valores altos na faixa de 4 até 12 vezes o
valor da corrente nominal, interferindo diretamente no dimensionamento do
sistema de alimentação e dos dispositivos que fazem parte do circuito elétrico
que alimenta o motor. Para isso, apresenta-se como solução o emprego das
partidas indiretas, como partida estrela-triângulo e partida chave compensa-
dora — ambas com o objetivo de reduzir a corrente de partida. Ainda existem
métodos mais eficientes de partida com o uso de dispositivos eletrônicos,
como soft-starter e inversores.

2 Funcionamento e aplicações de soft-starters


De acordo com Segundo e Rodrigues (2015), quando o acionamento elétrico
não exige variação da velocidade do motor, querendo-se apenas uma partida
mais suave, de forma que se limite à corrente de partida, evitando-se quedas de
tensão da rede de alimentação, uma ótima opção consiste no uso de soft-starters.
Franchi (2014) destaca que as chaves de partida soft-starters são destina-
das ao comando de motores de corrente contínua e alternada, assegurando
a aceleração e desaceleração progressiva e permitindo uma adaptação da
velocidade às condições de operação. Por meio de um conversor com tiristores
em antiparalelo, montados de dois a dois em cada fase da rede, possibilita-se
o aumento progressivo da tensão, o que permite uma partida sem picos de
correntes. A rampa de aceleração determina o aumento da tensão de forma
progressiva, dependendo dos valores parametrizados.
10 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA

Tiristores são componentes eletrônicos especialmente desenvolvidos para se trabalhar


em corrente alternada. Quando SCR (retificadores controlados de silício) são empre-
gados, eles são utilizados na configuração em antiparalelo, permitindo o fluxo de
corrente nos dois sentidos, tal como acontece com os TRIAC. A título de comparação,
um TRIAC pode ser visualizado como dois SCR, dispostos em antiparalelo.
Para saber mais, leia a página 182 do livro Acionamentos elétricos, de Claiton Moro
Franchi, publicado pela Editora Érica em 2014 e a partir da página 68 do livro Eletrônica
de potência e acionamentos elétricos de Alan Kardek Rêgo Segundo e Cristiano Lúcio
Cardoso Rodrigues, publicado pelo campus Ouro Preto do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Minas Gerais em 2015 e disponível na internet.

Princípio de funcionamento
O princípio de funcionamento das soft-starters está baseado na utilização
de SCR (tiristores), ou melhor, de uma ponte tiristorizada na configuração
antiparalelo, que é comandada por uma placa eletrônica de controle, a fim
de ajustar a tensão de saída, conforme a programação feita pelo usuário
(MARTINEWSKI, 2016). A Figura 7, a seguir, mostra o diagrama de uma
soft-starter.
Observa-se a soft-starter que controla a tensão da rede por meio do cir-
cuito de potência constituído de seis SCR, variando, assim, seu ângulo de
disparo e o valor eficaz de tensão aplicada. Desse modo, pode-se controlar a
corrente de partida do motor, proporcionando uma partida suave de forma a
não provocar quedas de tensão elétrica bruscas na rede de alimentação, como
ocorre em partidas diretas (FRANCHI, 2014). Além disso, geralmente, podem
funcionar com a tecnologia chamada by-pass, na qual, após o motor partir e
receber toda a tensão da rede, se liga um contator que substitui os módulos de
tiristores, evitando sobreaquecimento dos mesmos (MARTINEWSKI, 2016;
SEGUNDO; RODRIGUES, 2015).
Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA 11

Figura 7. Diagrama de blocos de uma soft-starter.


Fonte: Automação... (2013, p. 40).
12 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA

Aplicações
A vasta aplicação de soft-starters é evidenciada em vários setores, como
comercial, residencial e industrial, podendo ser aplicadas a bombas centrífu-
gas, alternativas (saneamento/irrigação/petróleo), ventiladores, exaustores,
sopradores, compressores de ar, refrigeração (parafuso/pistão), misturadores,
aeradores, britadores, moedores, picadores de madeira, refinadores de papel,
fornos rotativos, serras e plainas (madeira), moinhos e transportadores de carga.

Algumas aplicações e alguns detalhes do funcionamento de soft-starter podem ser


verificados no vídeo do fabricante WEG, acessando o link a seguir.

https://qrgo.page.link/Bjyaq

Diante do exposto, pode-se analisar a chave eletrônica de partida soft-


-starter, que é compacta e simples de operar. Esses equipamentos realizam
partida suave de motores, reduzindo desgastes mecânicos e picos de corrente
na partida, presentes nos outros métodos de partida vistos anteriormente.
Ou seja, uma soft-starter controla a tensão sobre o motor por meio de um
circuito de potência constituído por semicondutores específicos, além das
mais diversificadas aplicações em todos os meios de uso de motores.

3 Funcionamento e aplicações dos inversores


Com a demanda por motores CA em todos os setores de aplicação, também
aumenta a de equipamentos para controle desses motores (SEGUNDO; RODRI-
GUES, 2015). O método mais eficiente de controle de velocidade de motores,
com menores perdas no dispositivo responsável pela variação de velocidade,
consiste na variação de frequência (FRANCHI, 2014). Nos inversores de
frequência, pode-se controlar a partida e a frenagem do motor, bem como a
velocidade e o sentido de rotação dele.
Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA 13

Os inversores de frequência podem ser conhecidos como conversores


de frequência, pois são dispositivos eletrônicos que convertem a tensão da
rede alternada senoidal em tensão contínua e, finalmente, em uma tensão de
amplitude e frequência variáveis (SEGUNDO; RODRIGUES, 2015). Além
disso, controlam não só a velocidade do eixo, mas o parâmetro como o torque
do motor.

Princípio de funcionamento
De acordo com Segundo e Rodrigues (2015), o inversor funciona da seguinte
maneira: ele é ligado à rede, podendo ser monofásica ou trifásica, e, em sua
saída, há uma carga (geralmente um motor) que necessita de uma frequência
variável. Para tanto, o inversor tem como primeiro estágio um circuito re-
tificador, responsável por transformar a tensão alternada em contínua, um
segundo estágio, composto de um banco de capacitores eletrolíticos e circuitos
de filtragem de alta frequência e, finalmente, um terceiro estágio (composto
de transistores IGBT), capaz de realizar a operação inversa do retificador, ou
seja, transformar a tensão contínua do barramento de corrente contínua (CC)
para alternada, com a frequência desejada pela carga.
A Figura 8, a seguir, apresenta um diagrama resumido de um inversor,
onde a seção azul é o retificador; a vermelha, o circuito inversor, responsável
por transformar a tensão contínua em alternada; e a verde é o barramento
CC, utilizado para filtrar a tensão contínua proveniente da seção retificadora
(SEGUNDO; RODRIGUES, 2015, FRANCHI, 2014).

R
U

S V Motor
AC
T
W

Figura 8. Diagrama resumido de um inversor de frequência.


Fonte: Segundo e Rodrigues (2015, p. 48).
14 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA

Aplicações
As aplicações citadas para as soft-starters também podem ser generaliza-
das estas. Entretanto, o fator que determina o uso de inversores é que estes
podem substituir sempre uma soft-starter, mas o contrário não é possível.
Ainda, a maioria dos inversores de frequência dispõe da função regulador PID
(proporcional integral derivativo), uma ação que pode ser usada para fazer
o controle de um processo em malha fechada, ou seja, sem a necessidade de
um controlador externo.
Na Figura 9, a seguir, tem-se a aplicação de um inversor para um motor
de indução, usualmente utilizado em vasto setor industrial.

Entrada
monofásica Inversor de Saída
ou trifásica frequência trifásica Motor

Figura 9. Ligação entre um inversor de frequência e um motor de indução.


Fonte: Segundo e Rodrigues (2015, p. 46).

A abordagem dos tópicos já mencionados possibilita a compreensão so-


bre os tipos de acionamento de motores CA, dividindo-se em duas classes:
as partidas diretas e as partidas indiretas. A partida direta apresenta um
alto pico de corrente e interfere diretamente no superdimensionamento dos
condutores da rede de alimentação e dos dispositivos que compõem esse
acionamento. No entanto, para potências de motores restritas a 10 CV, algumas
concessionárias de energia elétrica autorizam esse tipo de partida direta, que
é vantajoso pela simplicidade de componentes, reduzindo o custo. Já para
motores de maior potência, torna-se interessante o uso de partidas indiretas que
reduzem a corrente de partida, possibilitando o uso em diferentes aplicações,
Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA 15

como: as partidas estrelas-triângulo, chave compensadora e chaves eletrônicas


— estas ainda se dividem em partida por soft-starters e partida por inversores
de frequência, as quais são mais eficientes e dispõem de mais benefícios que
influenciam na confiabilidade de um sistema de ligação e comando.

AUTOMAÇÃO: guia de seleção de partidas: Jaraguá do Sul: Grupo Weg – Unidade


Automação, 2013. 44 p.
AUTOMAÇÃO: soft-starters. Jaraguá do Sul: Grupo Weg – Unidade Automação, 2019.
28 p.
FRANCHI, C. M. Acionamentos elétricos 5. ed. São Paulo: Érica, 2014. 256 p.
GUIA de aplicação: inversores de frequência. 3. ed. Jaraguá do Sul: Weg Automação,
2005. 265 p.
MARTINEWSKI, A. Máquinas elétricas: geradores, motores e partidas. São Paulo: Érica,
2016. 160 p.
PETRUZELLA, F. D. Motores elétricos e acionamentos. Porto Alegre: AMGH; Bookman,
2013. 372 p. (Série Tekne).
SEGUNDO, A. K. R.; RODRIGUES, C. L. C. Eletrônica de potência e acionamentos elétricos.
Ouro Preto: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais,
2015. 129 p. Disponível em: https://www.ufsm.br/unidadesuniversitarias/ctism/cte/
wpcontent/uploads/sites/413/2018/12/02_arte_eletronica_de_potencia.pdf. Acesso
em: 11 fev. 2020.

Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR

Devido à inércia a ser vencida, o acionamento de motores trifásicos é considerada a parte crítica
no projeto, pois é comum o surgimento de elevadas correntes no transitório de partida. Essa
corrente pode ser limitada por meio da configuração da ligação executada nas bobinas do motor
ou do nível de tensão aplicada no instante da partida.

Na Dica do Professor, você irá conhecer um pouco mais sobre esses dois métodos de partida e
verá como funciona seu diagrama de força e comando.

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EXERCÍCIOS

1) O acionamento de motores de forma segura é fundamental para garantir boa vida útil
destes e dos demais equipamentos. Para isso, é necessário que o diagrama de comando seja
feito de forma correta para que nenhum imprevisto ocorra no momento do acionamento.
Com base no diagrama de comando, identifique de qual tipo de partida é o diagrama
exposto a seguir.
A) Estrela-triângulo.

B) Chave compensadora.

C) Partida direta.
D) Partida direta com reversão.

E) Soft starter.

2) A tensão na chave compensadora é reduzida por meio de um autotransformador trifásico


que tem geralmente taps de 50%, 65% e 80% da tensão nominal de alimentação. Um motor
de indução, cuja placa está demonstrada a seguir, parte com uma chave compensadora com
o tap do autotransformador em 80%. Qual a corrente no instante de partida desse
motor com tensão nominal de 220V?
A) 100,67A.

B) 210,12A.

C) 138,3A.
D) 145,4A.

E) 131,78A.

3) A partida estrela-triângulo é permitida em motores com potência de até 15cv e sua


comutação é feita quando o motor atinge em torno de 90% da velocidade nominal.
No diagrama de força para partida estrela-triângulo de um motor CA, quais
contatores deverão estar acionados para que o motor seja ligado em triângulo? E em
estrela? Qual a sequência de operação dos contatores para que se tenha a partida
estrela-triângulo?

A) Em triângulo, operam apenas os contatores C2 e C1 e para estrela C1 e C3 são ativados.


Primeiramente, C1-C2 e após C2-C3.

B) Em triângulo, operam apenas os contatores C3 e C1 e para estrela C1 e C2 são ativados.


Primeiramente, C1-C3 e após C1-C2.

C) Em estrela, operam apenas os contatores C2 e C3 e para estrela C2 e C1 são ativados.


Primeiramente, C1-C2 e após C2-C3.

D) Em triângulo, operam apenas os contatores C1 e C2 e para estrela C2 e C3 são ativados.


Primeiramente, C1-C2 e após C1-C3.

E) Em estrela, C3 e C1 são ativados e para triângulo C1 e C2 são ativados. Primeiramente,


C3-C1 e após C1-C2.

4) As estruturas de potência dos conversores que trabalham com modulação por


largura de pulso são praticamente similares. Essas estruturas de
comando apresentam dois tipos de conversores ou inversores de frequência distintos.
Classifique-os e defina-os. Após, assinale a alternativa correta.
A) Controle escalar: é uma estrutura mais sofisticada que permite o controle de velocidade
com maior precisão. Esse tipo de estrutura utiliza um tacogerador para medição no eixo do
motor realimentando o sistema de controle. O outro sistema, o controle vetorial, é uma
estrutura similar ao controle escalar, no entanto, não utiliza realimentação por tacogerador.

B) O controle escalar é uma estrutura mais simples de controle de velocidade de motores, por
isso conversores que utilizam essa estrutura são os mais utilizados na indústria. Por outro
lado, os conversores que utilizam a estrutura de controle vetorial vêm tomando espaço da
estrutura de controle escalar em motores que não necessitam de controle aprimorado para
o seu funcionamento.

C) O controle escalar tem sua imprecisão causada pela malha fechada do sistema de controle,
que faz o controle do motor tender à instabilidade, podendo, em certos casos, ocasionar a
queima do motor. A estrutura do controle vetorial veio para corrigir os erros ocasionados
pelo controle escalar, sendo esse o sistema mais aplicado no controle de velocidade de
motores.

D) Os inversores de frequência com controle escalar têm menor precisão no controle de


velocidade do motor. No entanto, seu torque é controlado a partir da realimentação feita no
eixo do motor, evitando qualquer oscilação causada pela mudança de carga. Do mesmo
modo, a estrutura do controle vetorial, além de controle do torque do motor, também
corrige a sua velocidade.

E) Controle escalar: composto por um sistema cuja exigência se restringe ao controle de


velocidade do motor, sem controle do torque do desenvolvido e sem conhecimento da
dinâmica do motor. Realizado em malha aberta, isto é, sem realimentação para a estrutura
de controle. O outro, o controle vetorial, é uma estrutura mais sofisticada para controle de
velocidade com respostas rápidas e precisas. Nesse tipo de estrutura, o controle é feito em
malha fechada, em que um tacogerador coleta os dados no eixo e fornece ao controle.

5) As partidas soft starters são destinadas ao acionamento de motores e apresentam


funções programáveis, que permitem configurar o sistema de acionamento de acordo
com as necessidades do usuário. Entre as funções a seguir, qual alternativa
corresponde a uma função disponível nesse tipo de acionamento?
A) O principal objetivo de utilizar uma soft starter é reduzir o torque de partida do motor,
evitando sobretensões.

B) Com a chave estática, é possível controlar a tensão e a frequência elétrica durante a partida
do motor.

C) A principal chave de estado sólido que compõe a soft starter é o mosfet de potência.

D) Controle de partida em rampa de tensão na aceleração e na desaceleração, por meio da


mudança de ângulo de disparo dos SCRs.

E) Com o uso de semicondutores (SCRs) e com essa chave de partida foi possível controlar a
velocidade do motor.

NA PRÁTICA

Em termos técnicos, uma chave soft starter é um equipamento que reduz o torque aplicado ao
motor elétrico. Geralmente, consiste em dispositivos de estado sólido, como tiristores, para
controlar a tensão de alimentação aplicada ao motor. A soft starter trabalha com o fato de o
torque ser proporcional ao quadrado da corrente de partida, que por sua vez é proporcional à
tensão aplicada. Assim, o torque e a corrente podem ser ajustados, reduzindo a tensão no
momento da partida do motor.

Neste Na Prática, você vai conhecer como é o funcionamento de uma partida soft starter e como
ela reduz a tensão aplicada ao motor.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Eletrônica de potência e acionamentos elétricos

Neste livro, das páginas 31 a 55, é exposto, em detalhes, o funcionamento dos tipos mais
comuns de acionamentos utilizados em motores. Ainda, no capítulo 3, uma análise geral do
inversor de frequência é feita: parametrização, finalidades, funcionamento e muito mais.

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Tipos de partidas de motores elétricos

Nesta videoaula, as características principais sobre a partida estrela-triângulo, com o uso de soft
starter e inversores de frequência são apresentadas.

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Componentes de comandos elétricos

Neste vídeo, você vai conhecer os elementos que compõem um sistema de partida de motores
elétricos, como: contator, relé de sobrecarga, disjuntor motor, fusíveis, temporizador e muito
mais.

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DC/CA - Inversor monofásico, Inversor
trifásico; CA/CA – cicloconversor

APRESENTAÇÃO

Dentre as várias formas de conversão de energia elétrica executadas pela Eletrônica de Potência,
a conversão CC/CA é amplamente representada na indústria pelos inversores de frequência.
Estes são responsáveis pelo controle de velocidade de motores de indução presentes nas mais
diversas atividades industriais. Outra aplicação dos inversores está no no-break, que convertem
a energia armazenada nas baterias, para manter equipamentos ligados quando há alguma falta no
fornecimento de energia. Em equipamentos de grande porte e potência, são utilizados
cicloconversores para sua regulação de velocidade, pois, em geral, é necessário que a velocidade
seja em uma frequência menor que aquela da concessionária de energia elétrica.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender mais sobre inversores de potência: DC/CA
– inversor: inversor monofásico; inversor trifásico. CA/CA – cicloconversor.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Analisar a operação dos inversores monofásicos.


• Descrever o principio básico dos inversores trifásicos.
• Explicar a operação dos cicloinversores.

DESAFIO

Um inversor é um equipamento que tem o objetivo de fornecer tensão na forma de corrente


alternada a partir de uma fonte de corrente contínua. Os diversos circuitos existentes para isso
geram formas de onda que se aproximam de uma senoide, mas não são exatamente uma. Dessa
forma, uma das maneiras utilizadas para se indicar a semelhança da forma de onda de saída de
um inversor com uma senoide é o cálculo da distorção harmônica total (Total Harmonic
Distortion – THD), que é a razão entre todas as componentes harmônicas em relação à
componente fundamental. Em uma situação prática, utiliza-se a transformada de Fourier para
analisar a contribuição de cada frequência para o THD total.

Você está implementando uma nova linha de produção em sua empresa com o objetivo de ser
mais eficiente que as demais já instaladas. E deve escolher, dentre duas opções, qual o melhor
inversor a ser utilizado. Utilizando um analisador de energia, você executou a função Fast
Fourier Transform – FFT (Transformada Rápida de Fourier) para determinar as curvas de
contribuição em frequência de cada inversor.

Intuitivamente, sem executar nenhum cálculo, apenas a partir da observação do gráfico da FFT
de saída dos dois inversores, responda qual você diria ser o inversor cuja saída é mais próxima
do ideal? Por quê?

INFOGRÁFICO

Os inversores e os cicloconversores geram energia em corrente alternada, variando sua


frequência de saída. Eles estão presentes em equipamentos industriais para variar a velocidade
de motores, para gerar energia elétrica a partir de baterias e para controlar a temperatura de um
ambiente de forma mais eficiente, dentre outras aplicações.

Neste Infográfico, você vai ver as diferentes formas de gerar corrente alternada monofásica e
trifásica, em frequências maiores ou menores que a fornecida pela concessionária de energia.

Confira.
CONTEÚDO DO LIVRO

Os inversores são equipamentos responsáveis por converter uma tensão contínua em alternada,
em frequências maiores, permitindo a variação de velocidade de motores síncronos, ou, então,
responsáveis pelo fornecimento da energia armazenada em baterias no caso de uma falta da
concessionária. Quando é necessário controlador de motores em frequências inferiores à da
concessionária, os cicloconversores são utilizados, convertendo diretamente de CA para CA.

Leia o capítulo, DC/CA - Inversor monofásico, Inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor, da


obra Eletrônica de potência, no qual você vai ver como funcionam os circuitos de chaveamento
dos inversores e cicloconversores, assim como as estratégias de controle empregadas para a
geração de energia em CA de forma eficiente.

Boa leitura.
ELETRÔNICA
DE POTÊNCIA

Felipe de
Oliveira Balder
DC/CA - Inversor
monofásico, inversor
trifásico; CA/CA –
cicloconversor
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Analisar a operação dos inversores monofásicos.


„„ Descrever o princípio básico dos inversores trifásicos.
„„ Explicar a operação dos cicloinversores.

Introdução
Uma aplicação muito comum dos dispositivos da eletrônica de potência
é na conversão de corrente alternada (CA), fornecida pela concessionária
de energia, em corrente contínua (CC), para alimentar vários circuitos ele-
trônicos presentes no nosso dia a dia. Entretanto, a eletrônica de potência
permitiu que a conversão para corrente alternada, antes praticamente
inexistente, pudesse ser desenvolvida.
A conversão para corrente alternada está presente em diversos equi-
pamentos, como os inversores de frequência, atuando nas indústrias e
nos sistemas fotovoltaicos, permitindo a geração de energia em corrente
alternada a altas potências e podendo gerar sinais com altas frequências,
de modo a permitir o controle de velocidade de motores síncronos.
Dentre outras aplicações, podemos citar os nobreaks (do inglês, UPS,
uninterruptible power supply, fonte de energia ininterrupta), compensado-
res de tensão, sistemas de transmissão flexível em corrente alternada (do
inglês, FACTS, Flexible AC Transmission System). Outro dispositivo que gera
corrente alternada em sua saída é o cicloconversor, cuja energia terá uma
frequência menor que a da entrada, cuja aplicação está no acionamento
de grandes motores em baixa velocidade.
2 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

Inversores monofásicos
A invenção dos motores elétricos no século XIX trouxe grandes inovações para
a indústria, alterando seus métodos de produção. No século XX, que viven-
ciou o nascimento e grande crescimento da eletrônica em geral, as formas de
acionamentos de motores foram se tornando cada vez mais eficientes, fazendo
com que os motores de corrente alternada pudessem ter um lugar de destaque
em conjunto com os inversores de frequência (SAWA; KUME, 2004). Em
todos os tipos de aplicação industrial, o controle de velocidade de um motor
é de extrema importância e as inovações que a eletrônica de potência trouxe
foram cruciais nesse ponto (BOSE, 1993).
Em termos gerais, um inversor de frequência converte energia em CC para
energia em CA. Essa energia é representada por uma forma de onda cujas
amplitude e frequência podem ser definidas de acordo com certos parâmetros
de controle para a aplicação. Tradicionalmente, a energia em CA é representada
por uma senoide e tem as seguintes características:

1. é periódica;
2. varia entre um valor positivo e um valor negativo;
3. tem valor médio nulo.

De acordo com essas características, várias outras formas de onda podem


também ser alternadas, mesmo não sendo senoidais. As formas de saída de um
inversor, em geral, não serão perfeitamente senoidais, mas sim aproximações
de ondas quadradas (como os inversores multiníveis) ou então pulsos de di-
ferentes larguras (como os inversores PWM). Todos esses circuitos utilizam
como base uma ponte H, mostrada genericamente com chaves na Figura 1(a),
e o chaveamento de cada componente determinará o tipo de saída (HART,
2012). Em geral, este circuito é construído utilizando IGBTs (Insulated-Gate
Bipolar Transistor), como mostra a Figura 1(b).
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 3

S1 S3 S1 S3
VO VO
VCC VCC

S4 S2 S4 S2

(a) (b)
Figura 1. Circuito ponte H.

Inversores monofásicos multiníveis


Os inversores multinível geram formas de onda quadradas em uma carga de
acordo com as chaves que são fechadas, sempre em pares. A Figura 2 mostra
um circuito ponte H de um nível e a forma de onda associada, sendo que quando
as chaves S1 e S2 estão fechadas, a carga recebe uma tensão + VCC e quando
as chaves S3 e S4 estão fechadas, recebe uma tensão − VCC (HART, 2012).

S1 S3 S1 S3
VO VO
VCC VCC

S4 S2 S4 S2

VO
+ VCC S1 e S2 S1 e S2

– VCC S3 e S4 S3 e S4

Figura 2. Inversor em um nível.


4 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

Considerando que a carga tem natureza indutiva (por exemplo, um motor),


a corrente que circula por ela, a cada semiciclo, é dada pela equação (1).

{
VCC VCC –Rt/L T
+ (Imin – )e , 0<t<
R R 2
iL (t) = (1)
V V T
– CC + (I + CC ) e–R(t – T/2), <t<T
R max R 2

Onde a amplitude de corrente é dada pela equação (2).

( )
VCC 1 – e–RT/2L
Imax = –Imin = (2)
R 1 + e–RT/2L

O valor eficaz da corrente, IRMS (RMS vem do inglês, root mean square),
pode ser obtido utilizando a equação (3), e, como a forma de onda é simétrica,
pode-se considerar apenas metade do período.

2
2 T/2 VCC V
IRMS = ∫ + (Imin – CC ) e–RT/L dt (3)
T 0 R R

A potência absorvida pela carga pode ser determinada utilizando a equação


(4):

PL = R ∙ IRMS2 (4)

É possível observar por essas equações que os dispositivos de chaveamento


têm que ser capazes de conduzir correntes positivas e negativas. Na prática,
entretanto, os componentes eletrônicos apenas conduzem em uma direção,
podendo ser danificados se submetidos a correntes reversas de valores muito
elevados. Essa situação é resolvida com diodos conectados em paralelo (co-
nhecidos como diodos de freewheeling ou diodos de feedback), como mostra
a Figura 3(a). Na situação onde há a troca de polaridade súbita de tensão, os
diodos conduzem enquanto os IGBTs são chaveados, como pode ser observado
no gráfico da Figura 3(b) (HART, 2012).
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 5

VO

S1 D1 D3 S3
VO
t
VCC
IO

S4 D4 D2 S2 S1 e S2 S3 e S4

D1 e D2 D3 e D4

Figura 3. Atuação dos diodos de feedback.

De acordo com a temporização no chaveamento, é possível fazer com que


a forma da onda de saída tenha uma amplitude menor, controlando as chaves
agora em outras duas posições, que forçarão a carga a ter tensão zero, como
pode ser visto na Figura 4 (HART, 2012).

S1 S3 S1 S3
VO = 0 VO = 0
VCC VCC

S4 S2 S4 S2

Figura 4. Condições de chaveamento para forçar tensão zero na carga.

Assim, é possível, variando o estado de apenas uma chave, forçar uma


condição de tensão zero na carga, diminuindo a largura do pulso, retirando
um intervalo 2α de cada semiciclo (um no início e outro no fim), como pode
ser visto na Figura 5 (HART, 2012).
6 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

VCC

T/2 T
0 t
α α α α

VCC

S1 fechada
t
S2 fechada
t
S3 fechada
t
S4 fechada
t

Figura 5. Controle de amplitude.

Nessa condição, a tensão eficaz na carga é dada pela equação (5).



VRMS = VCC 1–
T (5)

Para tornar a forma de onda mais próxima de uma senoide, várias pontes
H podem ser associadas, onde cada circuito terá um controle de amplitude
diferente, gerando sinais mais complexos, como pode ser visto na Figura 6.

Figura 6. Inversor multinível.


DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 7

Análise de harmônicos
Como o objetivo é gerar um sinal mais próximo de uma senoide, a forma
de onda de corrente entregue à carga pode ser decomposta em uma série de
Fourier para análise, como mostra a equação (6). Por ser um sinal CA, seu
valor médio deve ser zero; logo, há apenas componentes senoidais na série
de Fourier (HART, 2012).

iL (t) = ∑ Insen(nω0t + n) (6)
n=1

A potência dissipada na carga é dada pela equação (7), onde o valor eficaz
de corrente para o n-ésimo harmônico é dado pela equação (8), que depende da
impedância Z n, na frequência desse harmônico. A corrente eficaz total é dada
pela equação (9), sendo o somatório dos valores eficazes dos n harmônicos.

PL = ∑ R ∙ In(RMS)2 (7)
n=1

In Vn
In(RMS) = = (8)
√2 √2Zn

√∑ I

IRMS = n(RMS)
2
(9)
n=1

A distorção harmônica total (THD, do inglês Total Harmonic Distortion)


indica a qualidade do sinal gerado, tanto em tensão quanto em corrente. Ele
também indica o valor percentual que as harmônicas representam em relação
ao sinal desejado, ou seja, o da primeira harmônica. A THD da corrente pode
ser calculada pela equação (10) (HART, 2012).


√∑ n = 2 In(RMS)2
THDI = (10)
I1(RMS)

Inversores monofásicos PWM


A utilização de sinais quadrados é responsável pela geração de muitas com-
ponentes harmônicas devido à sua baixa similaridade a uma senoide pura,
8 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

representada pelo termo no denominador da equação (8). Uma forma de


gerar um sinal CA gerando menos harmônicos consiste em dividir o sinal de
saída em pequenos pulsos e chavear a ponte H de forma a modular a largura
destes pulsos. Essa forma de acionamento é chamada de PWM (Pulse Width
Modulation, Modulação por Largura de Pulso) e gera, em cada pulso, valores
médios que se aproximarão de uma senoide quanto mais pulsos houver em
um período. Entretanto, essa é uma técnica que exige melhores circuitos e
algoritmos de controle da ponte H (HART, 2012).
A técnica PWM consiste na utilização de dois sinais, um que seja uma
referência do sinal de saída, ou seja, uma senoide, chamado de sinal de refe-
rência ou sinal modulador, e um sinal adicional que controlará a frequência
de chaveamento da ponte, representado por uma onda triangular, chamado de
sinal portador. O controle de chaveamento da ponte H pode ocorrer de forma
bipolar, com o sinal variando de −VCC a +VCC ou de forma unipolar, variando
de 0 a −VCC ou de 0 a +VCC (HART, 2012). No chaveamento unipolar, a tensão
de saída é dada pela diferença entre a tensão na chave S4 e a tensão na chave
S2. O chaveamento bipolar é representado pelo Quadro 1, e o unipolar pelo
Quadro 2.

Quadro 1. Condições para o chaveamento bipolar

Tensão
Condição S1 S2 S3 S4
de saída

vsen > vtri Fechada Fechada Aberta Aberta +VCC

vsen < vtri Aberta Aberta Fechada Fechada −VCC

Quadro 2. Condições para o chaveamento unipolar

Condição S1 S2 S3 S4 VS4 VS2

vsen > vtri Fechada - - Aberta VCC -

vsen < vtri Aberta - - Fechada 0 -

vsen > 0 - Fechada Aberta - - 0

vsen < 0 - Aberta Fechada - - VCC


DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 9

No controle bipolar, os dois estados são controlados de forma a gerar pulsos


com larguras diferentes, variando as larguras de tempo em que a tensão na
saída é +VCC com larguras de tempo em que a tensão na saída é −VCC, como
pode ser visto na Figura 7.
Nesse esquema unipolar do Quadro 2, a tensão de saída é dada pela tensão
na chave S4 menos a tensão na chave S2. Dessa forma, quando a chave S2 está
fechada, a tensão de saída será positiva, enquanto quando S3 estiver fechada,
a tensão de saída será negativa, como pode ser visto na Figura 8. Nesse es-
quema, as chaves S1 e S4 têm chaveamento em alta frequência (na frequência
do sinal portador), e as chaves S2 e S3 têm chaveamento em baixa frequência
(na frequência do sinal de referência) (HART, 2012).

Vsen Vtri

+VCC

–VCC

Figura 7. Chaveamento PWM bipolar.


10 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

+VCC

VS4

+VCC
VS2

+VCC

V0

–VCC

Figura 8. Chaveamento PWM unipolar.

Para o inversor PWM, alguns parâmetros de projeto podem ser definidos.


Um desses é a taxa de modulação de frequência, mf, dada pela equação (11).
Esse parâmetro define a relação entre a frequência do sinal portador e a fre-
quência do sinal de referência. Assim, quanto maior for esse número, maiores
são as frequências onde ocorrem os harmônicos, permitindo uma distância
maior para o projeto do filtro de saída (HART, 2012).

fportadora
mf =
freferência (11)

A taxa de modulação de amplitude, ma, mostrada na equação (12), determina


a razão entre as amplitudes dos sinais de referência e portador. A partir dessa
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 11

relação, se essa taxa for menor que 1, isso implica que a amplitude da n-ésima
frequência é linearmente proporcional ao valor da fonte de tensão VCC, como
mostra a equação (13). Assim, o parâmetro ma é utilizado para controlar a tensão
de saída do inversor caso haja variações na tensão de entrada (HART, 2012).

Vreferência
ma =
Vportadora (12)

Vn = maVCC (13)

Adicionalmente, para o projeto do inversor, devem ser considerados os


componentes de chaveamento a serem usados (geralmente IGBTs), acompa-
nhados dos diodos de proteção (como visto na Figura 3). Esses componentes
devem ter tempo de resposta compatível com as frequências de chaveamento
determinadas pelos sinais de referência e portador. No circuito de controle,
devem ser geradas as formas de onda triangular e senoidal para os sinais
portador e de referência, lembrando que esses são apenas sinais de tensão,
e que a ponte H é que chaveará a fonte CC que fornecerá toda a potência à
carga. (HART, 2012).
O cálculo do THD de corrente para o inversor PWM utiliza a mesma
equação (10) mencionada anteriormente para o inversor multinível. No entanto,
a análise agora é feita juntamente com a taxa de modulação de frequência
(equação (11)) e a taxa de modulação de amplitude (equações (12) e (13)).
Analisando a equação (11), é possível ver que, para uma frequência de
saída, representada por freferencia, o primeiro harmônico estará ao redor de uma
frequência múltipla de mf. Os Quadros 3 e 4 mostram, respectivamente, os
coeficientes ma normalizados do chaveamento bipolar e unipolar, baseados
na série de Fourier destes sinais (HART, 2012).

Quadro 3. Coeficientes ma para frequências de harmônicos em chaveamento bipolar

ma

n=1 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10

n = mf 0,60 0,71 0,82 0,92 1,01 1,08 1,15 1,20 1,24 1,27

n = mf 0,32 0,27 0,22 0,17 0,13 0,09 0,06 0,03 0,02 0,00
±2
12 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

Quadro 4. Coeficientes ma para frequências de harmônicos em chaveamento unipolar

ma

n=1 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10

n = mf 0,18 0,25 0,31 0,35 0,37 0,36 0,33 0,27 0,19 0,10

n = mf 0,21 0,18 0,14 0,10 0,07 0,04 0,02 0,01 0,00 0,00
±2

Um inversor em ponte completa deve produzir uma tensão alternada em 60 Hz para
uma carga RL, com R =  10 Ω e L = 20 mH, a partir de uma fonte CC de 100 V. Como
parâmetros de projeto temos ma = 0,8 e mf = 21. A partir desses dados, temos que:
„„ A frequência da onda portadora pode ser calculada utilizando a equação (14):

fportadora = mf freferência = (21)(60Hz) ∴ fportadora = 1260Hz

„„ A amplitude da componente na frequência fundamental, 60 Hz, é dada pela equa-


ção (15) para n = 1:

V1 = ma VCC = (0,8)(100V) ∴ V1 = 80V

„„ Para a carga em questão, a corrente na frequência fundamental é dada pela lei


de Ohm:

V1 80V
I1 = = ∴ I1 = 6,39A
Z1 √(10Ω)2 + [2π(60Hz)(20mH)]2

As primeiras harmônicas estão em torno de mf = 21. Assim a amplitude para as


harmônicas 19, 21 e 23 devem ser determinadas utilizando o coeficiente ma do Quadro
3 aplicado à equação (11) para os respectivos valores de n.

V21 = (0,82)(100V) ∴ V21 = 82V

V19 = V23 = (0,22)(100V) ∴ V19 = V23 = 22V


DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 13

„„ A corrente na carga deve ser calculada, para cada frequência:

V19 22V
I19 = = ∴ I = 0,15A
Z19 √(10Ω)2 + [2π(19)(60Hz)(20mH)]2 19

V21 82V
I21 = = ∴ I = 0,52A
Z21 √(10Ω)2 + [2π(21)(60Hz)(20mH)]2 21

V23 22V
I23 = = ∴ I = 0,13A
Z23 √(10Ω)2 + [2π(23)(60Hz)(20mH)]2 23

„„ A potência total dissipada pela carga, para os harmônicos 1, 19, 21 e 23 é dada


pela equação (19):

P = R ∙ I1(RMS)2 + R ∙ I19(RMS)2 + R ∙ I21(RMS)2 + R ∙ I23(RMS)2

( ) ( ) ( ) ( )
2 2 2 2
6,39A 0,15A 0,52A 0,13A
P = (10Ω) ∙ + + +
√2 √2 √2 √2

P = 205,5W

„„ E o THD de corrente é dado pela equação (20):

( ) ( ) ( )
2 2 2
0,15A 0,52A 0,13A
+ +
√I19(RMS)2 + I21(RMS)2 + I23(RMS)2 √2 √2 √2
THDI = =
I1(RMS) 6,39A
√2

THDI = 8,7%

Inversores trifásicos
Os inversores trifásicos têm a função de gerar as tensões alternadas de um
sistema trifásico equilibrado a partir de uma fonte CC. Uma forma de obter
um inversor trifásico seria utilizando três circuitos monofásicos, garantindo
a defasagem entre a saída em CA de cada um deles. Uma alternativa consiste
no circuito em ponte H trifásico mostrado na Figura 9.
14 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

S1 S3 S5

VA
VCC VB
VC

S4 S6 S2

Figura 9. Ponte H trifásica.

Inversores trifásicos de seis pulsos


A ponte H trifásica da Figura 9 pode ser controlada pulsando os dispositivos
de chaveamento em pares. O circuito de controle faz com que cada chave
fique fechada durante T/2 e que uma mudança de chaveamento ocorra a cada
intervalo T/6, sendo que as duas chaves de um mesmo ramo não podem nunca
ser fechadas ao mesmo tempo. A Figura 10 mostra uma possível ordem de
chaveamento e as tensões de linha geradas (HART, 2012).

+VCC
VAB
S1
–VCC
S2
S3 +VCC
VBC
S4 –VCC
S5 +VCC
VCA
S6
–VCC

Figura 10. Sequência de chaveamento de um inversor trifásico e suas tensões de linha.


DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 15

A decomposição do sinal de saída em uma série de Fourier mostra que não


existe a terceira harmônica e nem as harmônicas pares, apenas a fundamen-
tal (na frequência de chaveamento) e aquelas múltiplas de n = 6k ± 1 (para
k =1, 2, 3,...). A amplitude da n-ésima harmônica da tensão de linha é dada pela
equação (22). Considerando uma carga conectada em estrela, a amplitude da
n-ésima harmônica da tensão de fase é dada pela equação (23) (HART, 2012).

4VCC
VnL =
n
cos
n
6 ( )
(22)

2VCC n 2n
VnF = 3n 2 + cos 3 – cos 3 (23)

Inversores trifásicos PWM


Com as mesmas vantagens apresentadas para o inversor monofásico, a ponte H
trifásica da Figura 9 também pode ser controlada por PWM. O funcionamento
segue o mesmo princípio, com um sinal de referência e um sinal portador, assim
como os parâmetros ma e mf. Uma diferença é que, devido à saída agora ser
trifásica, devem haver três sinais de referência, cada um defasado de 120° do
outro (HART, 2012). Os estados de cada chave podem ser vistos no Quadro 5.

Quadro 5. Condições de chaveamento para o inversor trifásico PWM

Condição S1 S2 S3 S4 S5 S6

vref(a) > v tri Fechada - - Aberta - -

vref(b) > v tri - Fechada - - Aberta -

vref(c) > v tri - - Fechada - - Aberta

vref(a) < v tri Aberta - - Fechada - -

vref(b) < v tri - Aberta - - Fechada -

vref(c) < v tri - - Aberta - - Fechada


16 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

Cicloconversores
Com os inversores, é possível obter tensão CA a partir de uma fonte de tensão
CC. Como a alimentação da distribuidora de energia elétrica é em CA, ela
deve ser primeiro retificada, gerando tensão CC, para então ser invertida e
ter a tensão CA desejada em uma frequência múltipla daquela fornecida, em
geral 50 Hz ou 60 Hz. A tensão CA gerada por um inversor tem diversas
componentes harmônicas devido ao fato de ser uma aproximação de uma
tensão senoidal (HART, 2012).
Em máquinas elétricas de alta potência, as velocidades necessárias po-
dem ser tais que a frequência necessária seja uma fração da frequência da
tensão de entrada. Os cicloconversores são capazes de gerar esta tensão CA
em frequência inferior diretamente a partir da tensão CA de entrada, sem a
necessidade de um estágio intermediário em que a tensão é convertida para
CC (BARBI, 2005; RASHID, 1999; RASHID, 2011).
Um cicloconversor monofásico de três pulsos utiliza uma entrada senoidal
e dois circuitos de disparo em antiparalelo, onde um será responsável pelo
chaveamento dos ciclos positivos (ponte P) e outro pelos negativos (ponte N),
como pode ser visto na Figura 11. As duas pontes operam simultaneamente,
com a ponte P disparando em um ângulo αP e, em seguida, a ponte N dispa-
rando em um ângulo αN, de forma que a soma destes disparos seja sempre
igual à 180°. Cada ponte ficará estará durante um período T0, fazendo com
que a frequência da tensão de saída seja dada pela equação (16).
A tensão eficaz de saída VO é dada a partir da tensão eficaz de entrada VS,
um número de pulsos m que deve ser múltiplo de 3 e do ângulo de disparo αP,
como visto na equação (17) (BARBI, 2005).

1
f0 = (16)
T0

m 
V0 = VS sen cos(αP) (17)
 m
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 17

Grupo P Grupo N
VA
VB
VC

S1 S2 S3 S4 S5 S6

Figura 11. Circuito de um cicloconversor monofásico.

Cicloconversor trifásico
Os cicloconversores trifásicos seguem o mesmo princípio de funcionamento
que os monofásicos, com circuito de disparo de três pulsos, como pode ser
visto no circuito da Figura 12, onde o controle de cada fase de saída deve ser
feito considerando a defasagem adequada (BARBI, 2005).

VA
VB
VC

ZA ZB ZC
N

Figura 12. Circuito de um cicloconversor trifásico.


18 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

1. Os inversores multinível consistem d) Da comparação entre os valores


no chaveamento em uma eficazes das componentes
determinada ordem para gerar, da série de Fourier e da
na saída, uma tensão alternada. componente fundamental.
Qual o nível de tensão na saída, e) Da comparação entre o valor
respectivamente, para as condições médio das componentes da
onde as seguintes chaves estão série de Fourier e do valor
fechadas: S1 e S2; S1 e S3; S3 e S4; S2 e S4; médio da tensão de saída.
a) +VCC; 0; −VCC; 0 4. O valor do THD da saída de um
b) 0; +VCC; 0; −VCC inversor indica, percentualmente,
c) +VCC; +VCC; −VCC; −VCC quanto as harmônicas distorcem
d) −VCC; −VCC; +VCC; +VCC a energia de saída. Uma ponte H,
e) +VCC; −VCC; +VCC; −VCC alimentada a partir de uma fonte
2. Associando várias pontes H é CC de 50 V, fornece energia para
possível criar uma forma de onda uma carga RL, com R =  10 Ω e
alternada com degraus de tensão. L = 10 mH em uma frequência de
Deseja-se projetar um inversor 100 MHz. Considerando uma taxa de
multinível cuja tensão de pico modulação de frequência 33 e uma
na saída é 100 V associando mais taxa de modulação de amplitude
de uma ponte H em série. Qual 0,8, determine o THD de corrente
das opções abaixo fornece a apenas para a maior harmônica.
condição de saída desejada? a) 0,0311%.
a) 10 pontes H e VCC = 20 V b) 0,311%.
b) 10 pontes H e VCC = 100 V c) 3,11%.
c) 5 pontes H e VCC = 20 V d) 31,1%.
d) 5 pontes H e VCC = 10 V e) 311%.
e) 2 pontes H e VCC = 100 V 5. Um inversor trifásico de seis pulsos
3. O cálculo da distorção harmônica é construído utilizando uma ponte
total indica quão próximo H trifásica, composta por seis
o sinal gerado está do sinal dispositivos de chaveamento, como
senoidal CA desejado. Essa mostra a Figura 9. A quantidade
comparação é feita a partir: de chaves fechadas é sempre a
a) Do somatório de todos os mesma em todos os instantes,
valores de amplitude das havendo apenas a alternância entre
componentes de Fourier. quais chaves abrem e fecham.
b) Do somatório de todos os valores Qual é a quantidade de chaves
eficazes das componentes fechadas em um dado intervalo
da série de Fourier. e, de um intervalo para o outro,
c) Da comparação entre a quantas chaves se alternam?
amplitude de saída e a a) 2 chaves sempre fechadas,
amplitude desejada. alternando as 2 chaves.
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 19

b) 3 chaves sempre fechadas, d) 3 chaves sempre fechadas,


alternando 2 chaves. alternando 1 chave.
c) 2 chaves sempre fechadas, e) 3 chaves sempre fechadas,
alternando 1 chave. alternando as 3 chaves.

BARBI, I. Eletrônica de potência. 6. ed. Florianópolis: Ed. do Autor, 2005.


BOSE, B. K. Power electronics and motion control-technology status and recent
trends. IEEE Transactions on Industry Applications, v. 29, n. 5, p. 902-909, set./out 1993.
doi: 10.1109/28.245713
HART, D. W. Eletrônica de potência: análise e projetos de circuitos. Porto Alegre: AMGH,
2012.
RASHID, M. H. Eletrônica de potência: circuitos, dispositivos e aplicações. São Paulo:
Makron Books, 1999.
RASHID, M. H. Power electronics handbook. 3. ed. Oxford: Elsevier, 2011.
SAWA, T.; KUME, T. Motor drive technology: history and visions for the future. In: IEEE
ANNUAL POWER ELECTRONICS SPECIALISTS CONFERENCE, 35., 2004. Proceedings…
[s.l.]: IEEE, 2004. v.1, p. 2-9. doi: 10.1109/PESC.2004.1355703

Leituras recomendadas
ERICKSON, R. W.; MAKSIMOVIC, D. Fundamentals of power electronics. 2. ed. New York:
Kluwer Academic Publishers, 2004.
SKVARENINA, T. L. The power electronics handbook. Florida: CRC Press, 2002.
TRZYNADLOWSKI, A. M. Introduction to modern power electronics. 3. ed. New Jersey:
John Wiley & Sons, 2016.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

A conversão CC/CA é amplamente representada na indústria pelos inversores de frequência.


Eles são responsáveis pelo controle de velocidade de motores de indução, presentes nas mais
diversas atividades industriais.

Nesta Dica do Professor, você vai ver como a técnica de PWM é empregada no controle de uma
ponte H, para geração de energia em corrente alternada senoidal.

Assista.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Os inversores multinível consistem no chaveamento em uma determinada ordem


para gerar, na saída, uma tensão alternada. Qual o nível de tensão na saída,
respectivamente, para as condições em que as seguintes chaves estão fechadas: S1 e
S2; S1 e S3; S3 e S4; S2 e S4.

A) +VCC; 0; -VCC; 0.

B) 0; +VCC; 0; -VCC.

C) +VCC; +VCC; -VCC; -VCC.

D) -VCC; -VCC; +VCC; +VCC.

E) +VCC; -VCC; +VCC; -VCC.

2)
Associando várias pontes H, é possível criar uma forma de onda alternada com
degraus de tensão. Deseja-se projetar um inversor multinível, cuja tensão de pico na
saída é 100 V, associando mais de uma ponte H em série. Qual das opções a seguir
fornece a condição de saída desejada?

A) 10 pontes H e VCC = 20 V.

B) 10 pontes H e VCC = 100 V.

C) 5 pontes H e VCC = 20 V.

D) 5 pontes H e VCC = 10 V.

E) 2 pontes H e VCC = 100 V.

3) O cálculo da distorção harmônica total indica o quão próximo o sinal gerado está do
sinal senoidal CA desejado. Essa comparação é feita a partir:

A) do somatório de todos os valores de amplitude das componentes de Fourier.

B) do somatório de todos os valores eficazes das componentes da série de Fourier.

C) da comparação entre a amplitude de saída e a amplitude desejada.

D) da comparação entre os valores eficazes das componentes da série de Fourier e da


componente fundamental.

E) da comparação entre o valor médio das componentes da série de Fourier e do valor médio
da tensão de saída.
4) O valor do THD da saída de um inversor indica, percentualmente, quanto as
harmônicas distorcem a energia de saída. Uma ponte H, alimentada a partir de uma
fonte CC de 50 V, fornece energia para uma carga RL, com R = 10 Ω e L = 10 mH
em uma frequência de 100 MHz. Considerando uma taxa de modulação de
frequência 33 e uma taxa de modulação de amplitude 0,8, determine o THD de
corrente apenas para a maior harmônica.

A) 0,0311%.

B) 0,311%.

C) 3,11%.

D) 31,1%.

E) 311%.

5) Um inversor trifásico de seis pulsos é construído utilizando uma ponte H trifásica,


composta por seis dispositivos de chaveamento. A quantidade de chaves fechadas é
sempre a mesma em todos os instantes, havendo apenas a alternância entre quais
chaves abrem e fecham. Qual é a quantidade de chaves fechadas em um dado
intervalo e, de um intervalo para o outro, quantas chaves se alternam?

A) Duas chaves sempre fechadas, alternando as duas chaves.

B) Três chaves sempre fechadas, alternando duas chaves.

C) Duas chaves sempre fechadas, alternando uma chave.

D) Três chaves sempre fechadas, alternando uma chave.


E) Três chaves sempre fechadas, alternando as três chaves.

NA PRÁTICA

O inversor de frequência está presente em diversas aplicações, de forma a controlar velocidade


de motores e fornecer energia de forma eficiente.

A seguir, você vai ver como o inversor está presente na indústria, em diferentes equipamentos,
alguns presentes no nosso cotidiano.

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SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Eletrônica de potência: análise e projetos de circuitos

Leia neste livro de autoria de Daniel Hart um apanhado geral da eletrônica de potência. Ele traz
desde sua necessidade até os principais tópicos. No capítulo 6, você vai saber mais sobre
conversores CC/CC; no capítulo 7, sobre fontes de alimentação CC; no capítulo 8, sobre
inversores; dentre outros assuntos mais avançados.

O que é um inversor de frequência?

Veja neste vídeo da Mitsubishi Electric, a explicação dos principais conceitos do inversor de
frequência, bem como as suas funcionalidades e aplicações.

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Motor de passo

APRESENTAÇÃO

O motor de passo é projetado com o objetivo de obter movimentos controlados, de forma a obter
posições definidas. Existem dois principais tipo de motores de passo: os motores de passo de
ímãs permanentes e os motores de passo relutantes.

Os motores de passo relutantes possuem um rotor formado por material magnetizável que se
alinha com o campo magnético formado pela armadura. Já nos motores de passo de ímãs
permanentes, o rotor possui um campo magnético próprio e também tem o objetivo de se alinhar
com o campo magnético de polaridade oposta gerado pela armadura. Diversas variações
estruturais da máquina resultam em diferentes passos mínimos. Quanto menor o passo mínimo,
maior a resolução da máquina. Além disso, os motores podem ser controlados por unidades de
controle, que comumente são circuitos digitais, oferecendo maior diversidade de aplicações.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os princípios de funcionamento dos


motores de passo, os aspectos relacionados à sua construção e exemplos de aplicações e
utilidades de um motor de passo.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir aspectos construtivos do motor de passo.


• Descrever o princípio de funcionamento dos motores de passo.
• Demonstrar aplicações dos motores de passo.

INFOGRÁFICO

Os motores de passo possuem duas principais classificações e uma derivação bastante


conhecida. São elas: motor de passo relutante, motor de passo com ímã permanente e motor de
passo híbrido. Embora seu princípio de funcionamento seja o mesmo, há algumas
diferenças importantes a serem conhecidas.
Neste Infográfico, além de avaliar as diferenças básicas de funcionamento desses motores, você
vai identificar de forma simples como é realizado o controle desse tipo de motor.
CONTEÚDO DO LIVRO

Os motores de passo são máquinas girantes que têm por objetivo mover uma carga para
posições específicas e programáveis. Esse tipo de motor possui uma grande versatilidade uma
vez que pode ser controlado por microprocessadores, que são elementos eletrônicos
programáveis e flexíveis, para diversas aplicações. Existem três principais tipos de motores de
passo: motores de passo relutantes, motores de passo com ímãs permanentes e motores de passo
híbridos.

No capítulo Motor de passo, da obra Máquinas elétricas II, você vai conhecer as características,
a classificação e as funcionalidades importantes dos motores de passo.

Boa leitura.
MÁQUINAS
ELÉTRICAS II

Andrei Borges La Rosa


Motor de passo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Definir aspectos construtivos do motor de passo.


„„ Descrever o princípio de funcionamento do motor de passo.
„„ Demonstrar aplicações do motor de passo.

Introdução
O motor de passo tem seu projeto dedicado ao controle de posição do
eixo, o que possibilita grande precisão de movimento. O ramo tecnológico
é uma das grandes aplicações desse tipo de motor. Pelo fato de a rotação
do motor ser controlada tanto por aspectos construtivos quanto de con-
trole, a criatividade é uma grande arma para utilizar esse tipo de motor.
Neste capítulo, você estudará os aspectos construtivos, o princípio de
funcionamento e as aplicações dos motores de passo.

1 Aspectos construtivos
Os motores de passo são máquinas elétricas rotativas, comumente utilizadas
para se obter um ângulo de rotação do eixo controlado. Esse tipo de motor
é, geralmente, construído com a armadura alojada no estator da máquina,
enquanto no rotor é alojado o material que deve alinhar-se com o campo
produzido pela armadura, assim como demonstrado na Figura 1, a seguir.
Uma das principais vantagens do motor de passo é sua compatibilidade com
controle de sistemas eletrônicos digitais (UMANS, 2014).
2 Motor de passo

Enrolamento da armadura
Ímã permanente
Eixo
S

Excitação

Rotor
Estator

Figura 1. Máquina elétrica com armadura fixa e campo rotativo.


Fonte: Adaptada de Pinheiro (2010).

O motor de passo é composto por armadura, pertencente à parte estática da


máquina, com ranhuras equipadas por bobinas geradoras de campo magnético
de modo controlado. O rotor pode ser formado por ímãs permanentes ou,
simplesmente, por um material magnetizante, como o ferro – respectivamente
conhecidos como motor de passo de ímãs permanentes e motor de passo de
relutância (DEL TORO, 1994). A Figura 2 apresenta um comparativo de um
motor de passo de ímã permanente e de relutância. Observe que o campo
magnético gerado pelo ímã permanente (BP) alinha-se com o campo magnético
gerado pelas bobinas da armadura. De forma similar, o material ferromagnético
do rotor da máquina relutante recebe influência devido à atração gerada pelos
polos magnéticos formados no estator da máquina, alinhando-se com esse
sentido de campo magnético (BR).
Motor de passo 3

BP
BR

Figura 2. Máquina elétrica com armadura fixa e campo rotativo.


Fonte: Adaptada de Umans (2014).

Simplificadamente, um material ferromagnético sem magnetização contém, em sua


estrutura, uma composição de átomos desalinhados. Quando eles estão alinhados,
podemos definir que há um domínio no material no qual se encontram. Por exemplo,
em um ímã permanente, há um domínio magnético, ou seja, há uma orientação dos
átomos já estabelecida em um material.
Quando um material ferromagnético é exposto a um campo magnético, seus átomos
tendem a se alinhar. Quanto maior for o campo magnético, maior será a formação
do domínio do material. A Figura 3 exibe um processo de crescimento de campo
magnético ao qual um material ferromagnético está exposto, e, consequentemente,
seu domínio aumenta.

Figura 3. Magnetização de material ferromagnético. (a) sem campos magnetizantes —


sem alinhamento dos átomos. (b), (c) e (d) aumento gradativo do campo magnetizante
— aumento do alinhamento dos átomos.
Fonte: Alcantara Junior e Aquino (2009, p. 118).
4 Motor de passo

Para ter mais detalhes sobre magnetização de materiais ferromagnéticos e consequên-


cias de campos magnéticos, leia a obra “Eletricidade, magnetismo e consequências”,
de Alvacir Alves Tavares, publicada pela Editora e Gráfica da Universidade Federal de
Pelotas em 2011.

Se você já estudou sobre motores síncronos, pode perguntar-se: esse motor


é igual ao síncrono? Esse tipo de motor tem a construção semelhante à dos
motores síncronos. O que os diferencia é o modo de operação. Enquanto os
motores síncronos são excitados por tensões CA com objetivo de acionar a
carga em uma velocidade específica, o motor de passo é acionado por tensões
CC e busca acionar a carga para alcançar posições específicas (UMANS, 2014).

2 Princípio de funcionamento
A realização de movimentos do motor de passo é controlada por excitações
CC nas bobinas, para que o rotor se alinhe. À medida que ocorre a alteração
do enrolamento excitado, o rotor gira até ficar alinhado com o novo campo
magnético gerado pela armadura. A Figura 4, a seguir, ilustra um motor de
passo relutante em movimento.
Em um primeiro momento (a), é exibido quando o enrolamento a recebe
uma excitação positiva (× no lado a, e • no lado aʹ). Consequentemente,
o campo magnético BS é gerado. No segundo momento (b), os polos do rotor
alinham-se com as linhas de fluxo formadas pelo campo magnético do en-
rolamento, formando um campo magnético resultante, BR. Observa-se que
esse campo BR é maior que BS — isso ocorre pelo fato de o ferro apresentar
menor resistência à formação do campo magnético que o ar. Em um terceiro
momento (c), a fonte CC é desligada do enrolamento a, e uma tensão CC
negativa é aplicada ao enrolamento c (× no lado cʹ, e • lado c). Com isso,
o campo magnético BS é formado, e os polos do rotor tendem a se alinhar com
o campo, formando um campo ainda mais forte: BR. Seguindo essa sequência
de excitação de enrolamento, é possível controlar o motor de forma a obter
rotações completas no motor.
Motor de passo 5

Figura 4. Princípio de funcionamento do motor de passo. (a) Excitação do enrolamento a.


(b) Alinhamento dos polos do rotor ao campo gerado pelo enrolamento a. (c) Excitação do
enrolamento c, e alinhamento dos polos do rotor ao campo gerado pelo enrolamento c.
Fonte: Adaptada de Chapman (2013).

Assim como os motores de passo relutantes, o princípio de funcionamento


do motor de passo com ímãs permanentes é o mesmo. No entanto, imagine
o mesmo procedimento exemplificado na Figura 4, com ímãs permanentes:
embora o funcionamento seja o mesmo, além da força do campo magnético
gerado pela armadura, há, também, a força do campo magnético natural dos
ímãs permanentes. Com isso, as forças de alinhamento são ainda maiores
(CHAPMAN, 2013).
O Quadro 1, a seguir, apresenta a sequência de excitação que representa
uma volta completa do eixo do motor de passo trifásico monopolar, apresentado
na Figura 4.
6 Motor de passo

Quadro 1. Sequência de excitação

Número de Fases
Ângulo
pulsos de
do rotor
excitação A B C

1 VCC 0 0 0°

2 0 0 – VCC 60°

3 0 VCC 0 120°

4 –VCC 0 0 180°

5 0 0 VCC 240°

6 0 – VCC 0 300°

Fonte: Adaptado de Chapman (2013).

Verifica-se que o exemplo exibido contém três fases, em vista de que


cada uma apresenta dois modos de excitação: direta e inversa. Levando-se
em consideração que cada pulso excita um enrolamento por vez, o ângulo
elétrico formado na armadura é de 60° elétricos. A Equação (1) exibe essa
relação, para excitação simples:

(1)

onde:

„„ θe: ângulo elétrico;


„„ ne: número de enrolamentos.

Uma vez que o motor contém um único par de polos (P), o ângulo elétrico
reflete-se no ângulo mecânico (θm) do motor. A relação entre ângulo elétrico
e ângulo mecânico do motor é dada pela Equação (2):

(2)
Motor de passo 7

Se um motor de passo trifásico de oito polos for excitado pela sequência exibida na
tabela, pode-se calcular o ângulo de passo mecânico por:

Embora o aumento do número de fases seja uma forma lógica e realmente


útil para reduzir a resolução de ângulos elétricos, essa não é a única forma.
Uma alternativa ainda mais simples é a excitação de dois enrolamentos simul-
taneamente, dessa forma, gerando uma movimentação chamada de meio-passo
(DEL TORO, 1994). Além disso, com um maior controle de excitações com
tensões desbalanceadas aplicadas aos enrolamentos, é capaz de produzir
micropassos. No entanto, isso implica uma maior complexidade da eletrônica
responsável pelo controle da excitação (UMANS, 2014). A Figura 5 apresenta
um exemplo em que um motor bifásico é excitado com dois enrolamentos
simultaneamente.

Figura 5. Motor de passo bifásico com um par de polos.


Fonte: Umans (2014, p. 497).
8 Motor de passo

Supondo, inicialmente, uma excitação simples, com um único enrolamento por vez,
poderíamos calcular a resolução de rotação do motor por:

No entanto, com uma excitação de meio passo, o número de posições possíveis


dobra. Isso ocorre pelo fato de o ângulo elétrico reduzir pela metade. Logo, podemos
calcular da seguinte forma:

A resolução de rotação do motor, neste cenário, reduz pela metade.


A sequência de excitação para o funcionamento desse motor exibido na Figura 4
pode ser planejada conforme o Quadro 2, a seguir. Dessa forma, a excitação
varia entre um e dois enrolamentos excitados, reduzindo a resolução de rotação
para 30°.

Quadro 2. Posição do rotor de acordo com a excitação de fases

Número de Fases
Ângulo
pulsos de
do rotor
excitação A B C

1 VCC 0 0 0°

2 VCC 0 –VCC 30°

3 0 0 –VCC 60°

4 0 VCC –VCC 90°

5 0 VCC 0 120°

6 –VCC VCC 0 150°

(Continua)
Motor de passo 9

(Continuação)

Quadro 2. Posição do rotor de acordo com a excitação de fases

Número de Fases
Ângulo
pulsos de
do rotor
excitação A B C

7 –VCC 0 0 180°

8 –VCC 0 0 210°

9 0 0 VCC 240°

10 0 –VCC VCC 270°

11 0 –VCC 0 300°

12 VCC –VCC 0 330º

Fonte: Adaptado de Chapman (2013).

Uma estrutura alternativa, com maior simplicidade magnética e obtenção


de menor resolução de passo, são os motores de passo híbridos. Como exem-
plo, um motor com duas camadas de polos no rotor é mostrado na Figura 6.
Esses motores têm, nas extremidades do rotor, dois materiais com polos
ferromagnéticos idênticos, separados por um ímã permanente axial. Uma
extremidade apresenta uma angulação referente à metade do passo polar em
relação à extremidade oposta. Os polos gerados pelo estator são contínuos
ao longo do rotor.
Observa-se que a fase 1 encontra-se excitada, uma vez que a parte frontal
do rotor, polarizada como norte, alinhada com o polo sul gerado na armadura,
e a parte traseira do rotor, polarizada como sul, está alinha com o polo norte
gerado na armadura. Além da relação de polos, quanto maior for o número
de peças polares utilizadas, menor será a resolução de passo. Normalmente,
esse tipo de estrutura é utilizado para se obter passos pequenos, contendo um
maior número de peças polares e maior número de polos no rotor.
10 Motor de passo

Figura 6. Motor de passo híbrido. (a) Rotor com peças polares deslocadas de metade do
passo e afastados por um ímã permanente. (b) Vista frontal do motor.
Fonte: Umans (2014, p. 502).

3 Aplicações
A característica de rotação em ângulos controlados dos motores de passo é
aplicada em diversas áreas da indústria, sendo a tecnológica uma das grandes
aplicações. O controle facilitado por meio de lógicas digitais, aplicações
em robótica e equipamentos de informática é comum. Algumas aplicações
típicas são: controle de alimentação de papel e posicionamento do cabeçote
de impressão em impressoras, equipamentos de usinagem controlados nume-
ricamente, usados em drives de discos flexíveis, entre outras diversas (DEL
TORO, 1994; UMANS, 2014).
Como já citado, esse tipo de motor pode ser facilmente controlado por
meio de sistemas digitais, comumente realizado por uma unidade de controle,
que pode ser formada por circuitos eletrônicos com microprocessadores e
diversos periféricos. Essa unidade de controle pode ser programada para
gerar a movimentação desejada em motores de passo. A Figura 7, a seguir,
apresenta um exemplo de motor de passo trifásico monopolar controlado por
uma unidade de controle.
Motor de passo 11

2 3’

1’
1

3 2’

Figura 7. Motor de passo trifásico controlado por unidade de controle.


Fonte: Adaptada de Chapman (2013).

A unidade de controle ilustrada contém duas entradas, VCC e Vcontrole, e quatro


saídas, a, b, c e d, sendo a última a referência. As saídas a, b e c são responsáveis
por excitar as fases 1, 2 e 3, respectivamente. A tensão de entrada Vcc é a fonte
de energia para o motor, aplicada aos terminais dos enrolamentos. E a tensão
Vcontrole é a que controla como a unidade de controle chaveará o enrolamento
que será excitado ao longo do tempo. Normalmente, essa tensão tem a forma
de pulsos, e, à medida que cada pulso é detectado, a unidade de controle excita
um novo enrolamento. A Figura 8 mostra as curvas de tensão de Vcontrole e a
excitação de cada enrolamento, de forma a gerar um movimento contínuo.
Este exemplo ilustra uma situação simples, onde cada enrolamento é excitado
por vez. No entanto, como já descrito, com um pouco mais de complexidade
de projeto da unidade de controle, menores resoluções de passos podem ser
obtidas. Observe que, transformando as formas de onda em tabela, obtém-se
o Quadro 1, que apresenta uma resolução de passo de 60° de rotação.
12 Motor de passo

Figura 8. Formas de onda de controle e excitação do motor de passo.


Fonte: Chapman (2013, p. 603).

Aplicações como essa exibida apresentam uma característica interessante:


uma vez conhecida a posição inicial do motor de passo, facilmente, pode-se
conhecer a posição de rotação do motor. Basta contar a quantidade de pulsos
utilizados na unidade de controle. Derivando a Equação 3 de relação de posi-
ção angular elétrica e mecânica em relação ao tempo, obtém-se uma relação
de velocidades entre velocidade de rotação de campo magnético no estator e
velocidade de rotação no motor (CHAPMAN, 2013).
Motor de passo 13

(3)

Como no exemplo, existem dois tipos de excitação (positiva e negativa)


para cada fase, ou seja, são necessários seis pulsos de controle para gerar uma
volta completa do eixo. Pode-se calcular a velocidade de rotação do motor por
minuto em relação à quantidade de pulsos por minuto (npulsos) pela Equação
(4): (CHAPMAN, 2013):

(4)

Suponha um motor de passo trifásico com um único par de polos. Se for enviada à
unidade de controle uma taxa de 1500 pulsos/minuto, qual é a velocidade de rotação
desse motor, considerando um único enrolamento acionado por vez?

Além disso, sabendo-se que a posição inicial do motor foi de 30 °, qual é a posição
do motor após 1503 pulsos de controle?
A resolução em ângulo elétrico é:

A resolução em ângulo mecânico é:

Sendo que 1.503 passos foram dados, a quantidade angular (Qa) percorrida foi:

Qa = 1503 ∙ 60° = 90.180°
14 Motor de passo

Dividindo pela ângulo total de uma volta, o número de voltas (Nv) dadas foi:

Observa-se que o motor completou 250 voltas (360°) e meia (180°). Levando-se
em consideração que o motor partiu da posição de 30°, a posição final do motor é:

posição = 30° + 180° = 210°

Dessa forma, você pode verificar que além de controlar o movimento do


seu motor de passo, conhecendo seu processo, a posição atual e futura dele
pode ser conhecida. A criatividade é grande parte dos projetos com motores
de passo, uma vez que uma ampla variedade de controle é possível, seja de
forma construtiva ou por meio de desenvolvimento de unidade de controle.

ALCANTARA JUNIOR, N. P.; AQUINO, C. V. Teoria eletrônica da magnetização. In: AL-


CANTARA JUNIOR, N. P.; AQUINO, C. V. Eletromagnetismo I. Bauru: Departamento de
Engenharia Elétrica da Unesp, 2009. p. 113–126. Disponível em: https://www4.feb.
unesp.br//dee/docentes/aquino/eletromag_I/eletromagI_teoria/cap13.pdf. Acesso
em: 12 fev. 2020.
CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre: AMGH; Book-
man, 2013. 700 p.
DEL TORO, V. Fundamentos de maquinas elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 1994. 574 p.
PINHEIRO, H. H. C. Geradores de corrente alternada. Mossoró: Centro Federal de Educação
Tecnológica do Rio Grande do Norte, 2010. 21 p. (Apostila da disciplina Máquinas e
Acionamentos Elétricos do curso de Eletrotécnica). Disponível em: https://docente.
ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-acionamentos-eletricos/apostila-de-
maquinas-de-cc-1/view. Acesso em: 12 fev. 2020.
UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre: AMGH;
Bookman, 2014. 728 p.

Leitura recomendada
TAVARES, A. A. Eletricidade, magnetismo e consequências. Pelotas: UFPel, 2011. 296 p.
Motor de passo 15

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DICA DO PROFESSOR

Os motores de passo são máquinas rotativas projetadas para realizar movimentos fixos. Esses
motores possuem enrolamentos na armadura que produzem forças que atraem os polos do rotor
e provocam rotação na máquina em passos específicos.

Nesta Dica do Professor, você vai compreender o princípio de funcionamento dos motores de
passo e as formas de acionamento desses tipos de controle.

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EXERCÍCIOS

1) Estruturalmente, o motor de passo é muito semelhante aos motores síncronos. A


principal diferença está no objetivo de aplicação: enquanto os motores síncronos são
dedicados a obter uma velocidade conhecida, os motores de passo são dedicados a
obter posições conhecidas.

Qual componente é responsável por definir o movimento realizado pelo motor de


passo?

A) Enrolamentos.

B) Comutador.

C) Unidade de controle.

D) Bobinas de arraste.

E) Polos de campo.

2)
Considere que um motor de passo tem quatro fases com 16 polos. Qual é a resolução
desse motor de passo para uma excitação simples (um enrolamento por vez)?

A) 1,41.

B) 2,11.

C) 2,81.

D) 4,21.

E) 5,62.

3) Considere um motor de passo trifásico com 6 polos, excitado por uma metodologia de
meia fase, com um total de 1.800 pulsos por minuto. Com base nesses dados, qual é a
velocidade do motor em rpm?

A) 150.

B) 100.

C) 75.

D) 50.

E) 25.

4) Em um motor de passo, uma das suas principais características é conhecer o seu


passo, verificando sua posição inicial e a quantidade de pulsos atribuídos à unidade
de controle.
Suponha um motor de passo trifásico com dois pares de polos e excitação simples, em
posição inicial de 50°, com uma taxa de 1.500 pulsos por minuto.

Qual será posição desse motor de passo após 30 segundos?

A) 22°.

B) 72°.

C) 80°.

D) 110°.

E) 230°.

5) Os motores de passo são projetados de forma que o campo magnético gerado pela
armadura atraia os polos do rotor. Suponha um motor bifásico com excitação simples (um
enrolamento por vez).
Após o enrolamento 1 ser excitado de forma direta, sua excitação é retirada e
o enrolamento 2 afastado geometricamente de 90° é excitado de forma direta.

Qual é a reação do polo do rotor para um motor de passo de ímã permanente e para um
motor de passo relutante respectivamente?

A) Parado e movimento horário.

B) Movimento anti-horário e parado.

C) Movimento horário e movimento anti-horário.

D) Movimento anti-horário e movimento horário.

E) Parado e movimento anti-horário.

NA PRÁTICA

O controle dos motores de passo é realizado por meio de circuitos eletrônicos, geralmente por
sistemas digitais. Esse tipo de motor é utilizado em diversas áreas, entre as quais se destaca a
área tecnológica.

Na Prática, acompanhe a história de Everton, um engenheiro de controle e automação


responsável por realizar o controle de um braço robótico cervejeiro. Esse braço faz os
movimentos de levar uma caneca à altura da boca e servir o chopp sem espuma. Veja como
Everton planejou o controle desse motor.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Como funciona um motor de passo

Neste vídeo, você vai ver um modo de controle de motor de passo simples, bem como o motor
realizando seu movimento controlado. Clique para saber mais.

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Datasheet dos motores de passo

Veja este material, que traz um catálogo de um motor de passo comercial, com diversas
informações técnicas e de dimensionamento.

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Motor de passo com driver

Clique para acessar este vídeo e conhecer um projeto que utiliza um motor de passo com um
controle mais complexo. São apresentadas ferramentas para controle de passo, assim como a
visualização de um motor de passo por dentro.

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Manual motor de passo (em inglês)

Acesse este manual para ver um descritivo de um motor de passo. Esta é uma ótima ferramenta
para iniciar seus testes em casa.

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Manual do driver de acionamento (em inglês)

Em continuidade ao manual do motor de passo, acesse também este manual de seu driver de
acionamento.

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