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Eletrônica Analógica II

Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:Sagah Educação S.A.

Revisão e Diagramação:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Conteúdo produzido
Copyright © Sagah Educação S.A.

Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico! Bem-vindo à disciplina Eletrônica Analógica
II. Nesta disciplina serão apresentados conceitos, aplicações práticas e de
projeto que lhe auxiliarão a identificar, compreender e avaliar circuitos
diversos que utilizam amplificadores operacionais.

Você, acadêmico, deve saber que existem fatores importantes para


um bom desempenho: disciplina, organização e um horário de estudos
predefinido para se obter o sucesso. Em sua caminhada acadêmica,
você é quem faz a diferença. Como todo texto técnico, por vezes denso,
você necessitará de papel, lápis, borracha, calculadora científica e muita
concentração. Lembre-se de que o estudo é algo primoroso. Aproveite esta
motivação para iniciar a leitura do livro didático.

Este livro está dividido em três unidades que abordam diferentes


aspectos dos circuitos e aplicações com amplificadores operacionais.

Na Unidade 1, você aprenderá a trabalhar com circuitos lineares,


os quais têm amplificadores operacionais em sua constituição. Além disso,
conhecerá topologias variadas de utilização de amplificadores operacionais
com realimentação negativa: AmpOps inversores, não inversores, diferenciais
e de instrumentação..

Na Unidade 2, você aprenderá a analisar e reconhecer circuitos com


amplificadores em configuração somador, subtrator e diferenciador, além de
conhecer algumas de suas aplicações.

Finalmente, na Unidade 3, nos concentraremos nas maneiras mais


usuais e efetivas de se evitarem as interferências eletromagnéticas através
da correta escolha e instalação dos cabos elétricos e como a blindagem dos
condutores ajuda a eliminar tanto a emissão irradiada como a conduzida.
Abordaremos também um método para a redução das descargas estáticas
dos equipamentos eletrônicos. Será feita a abordagem da redução da
interferência eletromagnética em circuitos impressos, fazendo com que este
livro possa ser usado tanto para projetos elétricos como eletrônicos.

Apesar deste livro ser um material destinado à formação geral


para os cursos de Engenharia, é importante que você, prezado acadêmico,
tenha estudado previamente alguma disciplina sobre Circuitos Elétricos
e Eletrônica Básica, pois diversos temas serão abordados aqui de maneira
superficial, considerando que estes já sejam de seu entendimento.

Estimamos que, ao término deste estudo, você tenha agregado a sua


experiência de acadêmico um mínimo de entendimento sobre os circuitos
e aplicações envolvendo o uso de amplificadores operacionais, a fim de
lidar com esse tema de forma satisfatória tanto na área acadêmica quanto
profissional. Destaca-se, ainda, a necessidade do contínuo aprimoramento
através de atualizações e aprofundamento dos temas estudados.

Bons estudos!

Os autores.
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL.................................... 1

TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS.................................. 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 IMPORTÂNCIA DOS CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS .
APLICADOS À INSTRUMENTAÇÃO............................................................................................................3
2.1 CIRCUITOS INTEGRADOS AMPLIFICADORES OPERACIONAIS...................................... 4
3 SINAIS ANALÓGICOS, DIGITAIS E PORTAS LÓGICAS........................................................ 7
3.1 LÓGICA DIGITAL........................................................................................................................... 8
3.1.1 Porta lógica E – And............................................................................................................... 8
3.1.2 Porta lógica Não E – NAND................................................................................................. 8
3.1.3 Porta lógica OU – OR............................................................................................................. 9
3.1.4 Porta lógica Não OU – NOR................................................................................................. 9
3.1.5 Porta lógica inversora........................................................................................................... 10
4 APLICAÇÕES DE AMPLIFICADORES OPERACIONAIS, COMPARADORES
E LÓGICA DIGITAL.......................................................................................................................... 10
4.1 CIRCUITO COMPARADOR COM AMPLIFICADOR OPERACIONAL.............................. 10
4.2 APLICAÇÃO DE LÓGICA DIGITAL......................................................................................... 11
4.2.1 Programação de clps ........................................................................................................... 11
4.2.2 Microcontroladores.............................................................................................................. 12
5 CIRCUITOS LINEARES COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS................................ 14
5.1 DEFINIÇÃO DE LINEARIDADE................................................................................................ 14
5.2 CARACTERÍSTICAS DOS AMPLIFICADORES OPERACIONAIS....................................... 14
5.3 AMPLIFICADOR OPERACIONAL COM REALIMENTAÇÃO POSITIVA............................17
5.4 AMPLIFICADOR OPERACIONAL COM REALIMENTAÇÃO NEGATIVA...................... 18
6 TOPOLOGIAS DE AMPLIFICADORES OPERACIONAIS INVERSORES
E NÃO INVERSORES........................................................................................................................ 18
6.1 AMPLIFICADOR OPERACIONAL NA TOPOLOGIA INVERSORA................................... 18
6.2 AMPLIFICADOR OPERACIONAL NÃO INVERSOR............................................................ 19
6.3 SEGUIDOR DE TENSÃO (BUFFER)........................................................................................... 20
6.4 AMPLIFICADOR OPERACIONAL SOMADOR...................................................................... 21
6.5 AMPLIFICADOR OPERACIONAL DIFERENCIAL E DE INSTRUMENTAÇÃO................... 21
6.5.1 Amplificador operacional diferencial................................................................................ 22
6.5.2 Amplificadores operacionais de instrumentação............................................................. 23
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 25
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 26

TÓPICO 2 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL........................................................ 31


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 31
2 O AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL.............................................................................. 31
3 MODELAGEM DO AMPLIFICADOR OPERACIONAL COMO QUADRIPOLO..................... 34
4 MODOS DE OPERAÇÃO DO AMPLIFICADOR OPERACIONAL........................................ 36
4.1 AMPLIFICADOR OPERACIONAL COM REALIMENTAÇÃO NEGATIVA.........................37
4.2 AMPLIFICADORES COM REALIMENTAÇÃO NEGATIVA.....................................................37
4.2.1 O conceito de terra virtual................................................................................................... 38
4.3 TIPOS DE AMPLIFICADORES COM REALIMENTAÇÃO NEGATIVA.............................. 40
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 43
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 44

TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL REAL.......................................................... 47


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 47
2 AMPLIFICADORES OPERACIONAIS REAIS............................................................................ 47
2.1 GANHO DE TENSÃO EM MALHA ABERTA E IMPEDÂNCIAS DE
ENTRADA E SAÍDA..................................................................................................................... 49
2.1.1 Tensão de offset...................................................................................................................... 50
2.1.2 Corrente de polarização....................................................................................................... 50
2.1.3 Slew Rate................................................................................................................................ 51
2.1.4 Taxa de rejeição de modo comum...................................................................................... 52
2.1.5 Resposta em frequência....................................................................................................... 52
3 A REALIMENTAÇÃO NEGATIVA NOS AMPLIFICADORES OPERACIONAIS..................... 53
4 AMPLIFICADORES DISPONÍVEIS NO MERCADO................................................................ 56
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 59
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 65

UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS.................. 67

TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES................................................................... 69


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 69
2 SOMANDO SINAIS COM AMPLIFICADOR OPERACIONAL............................................. 69
3 OPERAÇÃO DE SUBTRAÇÃO....................................................................................................... 73
4 O AMPLIFICADOR DIFERENCIADOR....................................................................................... 77
5 AMPLIFICADORES NÃO INVERSORES.................................................................................... 79
5.1 CARACTERÍSTICAS DOS AMPLIFICADORES NÃO INVERSORES......................................80
5.2 CIRCUITOS COM AMPLIFICADORES NÃO INVERSORES....................................................83
5.3 APLICAÇÕES DE AMPLIFICADORES NÃO INVERSORES................................................. 87
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 90
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 91

TÓPICO 2 — AMPLIFICADORES INVERSORES......................................................................... 95


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 95
2 AMPLIFICADORES INVERSORES............................................................................................... 95
2.1 CIRCUITOS COM AMPLIFICADORES INVERSORES........................................................... 97
2.2 APLICAÇÕES DE AMPLIFICADORES INVERSORES......................................................... 102
3 CIRCUITOS DERIVADORES........................................................................................................ 106
4 CIRCUITOS INTEGRADORES..................................................................................................... 110
5 CONTROLADORES PID................................................................................................................ 114
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 120
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 121

TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL...................................................................... 125


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 125
2 AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS.......................................................................................... 125
3 ESPELHO DE CORRENTE............................................................................................................. 129
4 IMPEDÂNCIAS E GANHOS......................................................................................................... 131
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 134
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 139

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 140

UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES


OPERACIONAIS..................................................................................................... 141

TÓPICO 1 — FILTROS ATIVOS...................................................................................................... 143


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 143
2 FILTROS ATIVOS DE PRIMEIRA ORDEM............................................................................... 143
2.1 FILTRO PASSA-BAIXA............................................................................................................... 144
2.2 FILTRO PASSA-ALTA................................................................................................................. 145
3 FILTROS ATIVOS DE SEGUNDA ORDEM............................................................................... 146
3.1 FILTRO PASSA-BAIXA DE SEGUNDA ORDEM................................................................... 147
3.2 FILTRO PASSA-ALTA DE SEGUNDA ORDEM..................................................................... 147
3.3 FILTRO PASSA-FAIXA............................................................................................................... 148
4 APROXIMAÇÕES DE BUTTERWORTH, CHEBYSHEV E CAUER..........................................149
4.1 APROXIMAÇÃO DE BUTTERWORTH................................................................................... 149
4.2 APROXIMAÇÃO DE CHEBYSHEV......................................................................................... 150
4.3 APROXIMAÇÃO DE CAUER................................................................................................... 151
5 OSCILADORES SENOIDAIS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS..................... 152
6 PONTE DE WIEN............................................................................................................................. 152
7 OSCILADORES DE DESLOCAMENTO DE FASE................................................................... 157
8 OUTROS OSCILADORES SENOIDAIS..................................................................................... 158
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 163

TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS.............................................................................. 167


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 167
2 CIRCUITOS COMPARADORES DE SINAIS............................................................................ 167
3 COMPARADORES DE HISTERESE E DE JANELA................................................................. 172
4 CIRCUITOS INTEGRADOS COMPARADORES..................................................................... 178
5 CIRCUITOS NÃO LINEARES COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS.................... 180
6 PRINCÍPIOS DOS CIRCUITOS NÃO LINEARES................................................................... 180
7 PROPRIEDADES DE AMPLIFICADORES OPERACIONAIS NÃO LINEARES..................... 185
8 ESCOLHA DA REFERÊNCIA EM CIRCUITOS COMPARADORES........................................... 191
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 194
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 195

TÓPICO 3 — OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS EM


AMPLIFICADORES OPERACIONAIS.................................................................. 199
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 199
2 CIRCUITO RETIFICADOR DE PRECISÃO............................................................................... 199
3 CIRCUITO GRAMPEADOR DE PRECISÃO............................................................................. 203
4 CIRCUITOS CONVERSORES E GERADORES DE FORMAS DE ONDA.......................... 206
4.1 CIRCUITO GERADOR DE ONDA RETANGULAR.............................................................. 206
4.2 CIRCUITO CONVERSOR DE SINAL RETANGULAR EM SINAL TRIANGULAR......... 208
4.3 CIRCUITO CONVERSOR DE SINAL TRIANGULAR EM SINAL DE PULSO................. 209
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 211
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 216
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 217

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 218
UNIDADE 1 —

CONHECENDO O AMPLIFICADOR
OPERACIONAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Explicar a importância dos circuitos integrados analógicos e digitais


aplicados à instrumentação.
• Identificar sinais analógicos, digitais e portas lógicas.
• Reconhecer as aplicações de amplificadores operacionais, comparado-
res e lógica digital.
• Caracterizar circuitos lineares com amplificadores operacionais.
• Descrever aplicações para amplificadores inversores e não inversores.
• Explicar a operação de amplificadores diferenciais e de instrumentação.
• Caracterizar o amplificador operacional ideal.
• Identificar os modos de operação do amplificador operacional.
• Analisar a operação do amplificador operacional ideal com realimenta-
ção negativa.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS


TÓPICO 2 – O AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL
TÓPICO 3 – O AMPLIFICADOR OPERACIONAL REAL

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —

CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, você vai estudar os circuitos integrados (CIs) analógicos e


digitais e sua importância quando aplicados à instrumentação, vai identificar sinais
analógicos, digitais e portas lógicas, reconhecer as aplicações de amplificadores
operacionais, comparadores e lógica digital.

2 IMPORTÂNCIA DOS CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS


E DIGITAIS APLICADOS À INSTRUMENTAÇÃO
Segundo Petruzella (2013), um CI, por vezes denominado chip, é uma
pastilha de semicondutores na qual milhares ou milhões de resistores, capacitores
e transistores minúsculos são fabricados. Os chips em CIs fornecem a função de
um circuito completo em um pequeno encapsulamento com pinos de conexões
de entradas e saídas, conforme ilustra a Figura 1. A maioria dos CIs fornece a
mesma funcionalidade que circuitos semicondutores separados em níveis mais
elevados de confiabilidade e com uma fração de custo. Geralmente, a construção
de circuitos com componentes separados é favorecida somente quando os níveis
de tensão e dissipação de energia são muito elevados para os CIs lidarem.

FIGURA 1 – CI MOSTRANDO INTERNAMENTO O CHIP E O ENCAPSULAMENTO

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013, p. 289)

3
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

Os CIs são caracterizados como digitais ou analógicos, de acordo com a


sua aplicação pretendida. Os CIs digitais operam com sinais ON/OFF, que tem
apenas dois estados diferentes, denominados baixo (lógica 0) e alto (lógica 1). Os
CIs analógicos contêm circuitos de amplificação e sinais capazes de um número
ilimitado de estados. Os processos analógicos e digitais podem ser entendidos
a partir de uma simples comparação entre um dimmer e um interruptor de luz.
Um dimmer de luz envolve um processo analógico, que varia a intensidade de luz
de totalmente apagada a totalmente acesa. O funcionamento de um interruptor
de luz padrão, por outro lado, envolve um processo digital. O interruptor pode
colocar a lâmpada em apenas dois estados, apagada ou acesa. A Figura 2 ilustra
um dimmer e um interruptor na comparação com sinais analógicos e digitais.

FIGURA 2 – DIMMER E INTERRUPTOR DE LUZ PARA EXPLICAR A ANALOGIA ENTRE SINAIS


ANALÓGICOS E DIGITAIS

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013, p. 289)

2.1 CIRCUITOS INTEGRADOS AMPLIFICADORES


OPERACIONAIS
Segundo Petruzella (2013), os CIs amplificadores operacionais (também
denominados AOP) ocupam o lugar de amplificadores que antes exigiam muitos
componentes separados. Esses amplificadores são muitas vezes utilizados em
conjunto com sinais de sensores conectados em circuitos de controle. Um AOP
é basicamente um amplificador de alto ganho que serve para amplificar sinais
de sinais corrente alternada (CA) ou corrente contínua (CC) de baixa amplitude.
O símbolo esquemático para um AOP é um triângulo, mostrado na Figura 3.
O triângulo simboliza o sentido e aponta da entrada para a saída. As ligações
associadas a um AOP são resumidas a seguir.

O AOP tem duas entradas e uma saída. A entrada inversora (-) produz
uma saída que é 180 graus defasada da entrada. A segunda entrada, chamada não
inversora (+), produz uma entrada que está em fase com a saída.

4
TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL, ENTRADAS, SAÍDA E


ALIMENTAÇÃO

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013, p. 290)

Os terminais de alimentação CC são identificados como +V e –V (AOPs


com fonte simétrica). Todos os AOPs necessitam de algum tipo de alimentação,
mas alguns diagramas não mostram os terminais de alimentação, uma vez que
se supõe que eles estão sempre conectados na fonte de alimentação (simétrica ou
convencional). A fonte de alimentação é determinada pelo tipo de saída que o
AOP pode produzir. Por exemplo, se o sinal de saída necessita produzir tensões
tanto positivas como negativas, então a fonte de alimentação será simétrica ou
diferencial, com tensões tanto positivas como negativas e um ponto comum
(GND). Se o AOP produzir tensões apenas positivas, então a fonte de alimentação
será do tipo padrão ou convencional.

O AOP é conectado de diversas formas para desempenhar funções


diferentes. A Figura 4 ilustra o diagrama esquemático de um circuito com o AOP
741 configurado como um amplificador CA inversor. Uma fonte de alimentação
do tipo simétrica, que consiste em uma fonte de tensão positiva e uma tensão
negativa igual e oposta, é utilizada para alimentar o circuito. O funcionamento do
circuito é resumido a seguir.

5
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

FIGURA 4 – AMPLIFICADOR OPERACIONAL COMO CIRCUITO AMPLIFICADOR INVERSOR DE


GANHO

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013, p. 290)

Dois resistores, R1 e R2, definem o valor de ganho de tensão do


amplificador. O resistor R2 é chamado de resistor de entrada, e o resistor R1 é
chamado de resistor de alimentação. A razão entre os resistores R2 e R1 é definida
como ganho de tensão do amplificador.

O AOP amplifica a tensão CA de entrada que recebe e inverte a sua


polaridade. O sinal de saída é 180 graus defasado do sinal de entrada. O ganho
do AOP para o circuito é calculado como: ganho = R1/R2 = 500 K Ohms / 50 K
Ohms = 10.

ATENCAO

Há décadas atrás os multímetros eram todos analógicos, de ponteiro, e o custo


não era acessível em razão de ser um circuito sensível, com galvanômetro. O ponteiro
também poderia apresentar erros de paralaxe ou desvio de ângulo de leitura. A precisão
dos multímetros analógicos era superior a 3% do fundo de escala. Nas últimas décadas,
os multímetros digitais entraram forte no mercado, com maiores precisões (menor que
0,5%) e menores custos, sem problemas de erro de leitura por paralaxe. Esses instrumentos
podem incorporar acessórios como capacímetro, frequencímetro, medidor de temperatura,
continuidade e até osciloscópio com a amostragem do sinal na tela digital de cristal líquido.
Modelos mais simples podem custar poucos dólares, sendo acessíveis e amplamente
disponíveis no mercado.

6
TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

3 SINAIS ANALÓGICOS, DIGITAIS E PORTAS LÓGICAS

Segundo Dutra (2002), sinais analógicos variam continuamente no tempo,


como na cápsula de agulha leitora de um toca-discos de vinil antigo. Os sulcos
no disco imprimem vibração à agulha, que resulta em um sinal elétrico analógico
proporcional. Já um CD ou DVD trabalham com sinais digitais, uma combinação
de níveis lógicos baixo (0) e alto (1), processando em alta velocidade. Do mesmo
modo, um multímetro analógico tem ponteiro. Um multímetro digital tem display.
As Figuras 5 e 6 ilustram o toca-discos analógico, o CD digital, um multímetro
analógico e um digital.

FIGURA 5 – TOCA-DISCOS ANALÓGICO E CD DIGITAL

FONTE: Adaptada de Steve Heap/Shutterstock.com e Tristan3D/Shutterstock.com

FIGURA 6 – MULTÍMETRO ANALÓGICO DE PONTEIRO E MULTÍMETRO DIGITAL COM DISPLAY

FONTE: Adaptada de Planner/Shutterstock.com e Madarakis/Shutterstock.com.

Segundo Dutra (2002), níveis lógicos digitais são constituídos por níveis de
tensão definidos, de acordo com a família lógica. Circuitos padrão TTL trabalham
com a tensão padrão de 5 volts. Circuitos padrão CMOS podem chegar à tensão
de 18 volts. Normalmente, o nível lógico baixo (0) equivale a uma tensão entre
zero a 0,4 volts. O nível lógico alto (1) equivale a uma tensão de 2,5 a 5 volts. A
Figura 7 ilustra.

7
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

FIGURA 7 – NÍVEIS LÓGICOS ALTO (1) E BAIXO (0)

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013)

3.1 LÓGICA DIGITAL


Veremos, a seguir, as principais portas lógicas que compõem os sistemas
digitais.

3.1.1 Porta lógica E - And


Segundo Dutra (2002), a porta lógica E significa uma multiplicação de
níveis lógicos. Também pode ser aplicada por elementos em série, de modo que a
saída só será ativada se ambas as entradas estiverem ativadas. A Figura 8 ilustra
a simbologia, tabela-verdade e exemplo de função lógica E:

FIGURA 8 – PORTA LÓGICA E. SIMBOLOGIA, TABELA-VERDADE E FUNÇÃO LÓGICA

Tabela-verdade

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013)

3.1.2 Porta lógica Não E - NAND


A porta lógica Não E é, na realidade, a negação final da porta E. A Figura
9 ilustra a simbologia e a tabela-verdade da porta Não E ou NAND.

8
TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

FIGURA 9 – PORTA LÓGICA NÃO E. SIMBOLOGIA E TABELA VERDADE

Tabela-verdade

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013)

3.1.3 Porta lógica OU – OR


A porta lógica OU significa uma soma de níveis lógicos. Também pode
ser aplicada por elementos em paralelo, de modo que a saída será ativada se
uma ou mais entradas estiverem ativadas. A Figura 10 ilustra a simbologia, a
tabela-verdade e o exemplo da função lógica OU.

FIGURA 10 – PORTA LÓGICA OU. SIMBOLOGIA, TABELA VERDADE E FUNÇÃO LÓGICA

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013)

3.1.4 Porta lógica Não OU – NOR


A porta lógica Não OU é, na realidade, a negação final da porta OU. A
Figura 11 ilustra a simbologia e a tabela-verdade da porta Não OU ou NOR.

FIGURA 11 – PORTA LÓGICA NÃO OU. SIMBOLOGIA E TABELA-VERDADE

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013)

9
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

3.1.5 Porta lógica inversora


A porta lógica inversora é, na realidade, uma porta lógica que sempre
vai inverter a sua entrada. A Figura 12 ilustra a simbologia e a tabela-verdade da
porta inversora.

FIGURA 12 – PORTA LÓGICA INVERSORA. SIMBOLOGIA E TABELA-VERDADE

Tabela-verdade

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013)

4 APLICAÇÕES DE AMPLIFICADORES OPERACIONAIS,


COMPARADORES E LÓGICA DIGITAL
Nesta seção, serão estudadas as principais aplicações envolvendo
amplificadores operacionais, de forma a permitir que você tenha um entendimento
prévio da importância deste dispositivo eletrônico.

4.1 CIRCUITO COMPARADOR COM AMPLIFICADOR


OPERACIONAL
Segundo Petruzella (2013), a Figura 13 ilustra o diagrama esquemático de
um circuito amplificador operacional configurado como amplificador diferencial
ou comparador de tensão, em que seu sinal de saída é a diferença entre os dois
sinais de tensão de entrada V2 e V1. Um resistor dependente da luz (LDR) é usado
para detectar o nível de luz. Quando o LDR não é iluminado, sua resistência é
muito elevada, mas uma vez iluminado, sua resistência diminui drasticamente.
O circuito funciona com uma fonte de alimentação CC padrão e sem um circuito
de realimentação. O funcionamento do circuito é resumido a seguir:

10
TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

FIGURA 13 – AMPLIFICADOR OPERACIONAL COMO CIRCUITO COMPARADOR – FOTOCÉLULA


ACIONANDO RELÉ

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013, p. 291)

A combinação dos resistores R1 e R2 produz uma tensão de referência V2


na entrada inversora, definida pela relação entre dois resistores.

A combinação de LDR e R3 produz a tensão variável na entrada não


inversora V1. Quando o nível de luz detectado pelo LDR diminui e a tensão de
saída variável V1 fica abaixo da tensão de referência V2, a saída do AOP atinge um
nível baixo, desativando o relé e a carga conectada. Do mesmo modo, conforme
o nível de luz aumenta, a saída comuta de volta para o nível alto, ativando o relé.

O valor predefinido do resistor R3 pode ser ajustado para cima ou para


baixo, para aumentar ou diminuir a resistência, dessa forma, podemos tornar
o circuito mais ou menos sensível. Também o sensor pode ser substituído por
termistor, para a confecção de um termostato eletrônico.

4.2 APLICAÇÃO DE LÓGICA DIGITAL


Os amplificadores operacionais também são muito úteis em aplicações da
lógica digital, como será mostrado a seguir.

4.2.1 Programação de clps


Segundo Dutra (2002), a programação de controladores lógicos
programáveis (CLPs) hoje é feito preferencialmente com uma linguagem
denominada Ladder, que se utiliza da lógica digital dos quadros de comando.
A Figura 14 ilustra a programação Ladder de um CLP. Os elementos em série

11
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

podem ser comparados com a lógica digital E (And) e os elementos em paralelo


podem ser comparados à lógica digital OU (OR). Até os inversores podem ser
equivalentes à chave normalmente fechada (terceiro elemento lógico – Lo) na
primeira linha lógica do diagrama Ladder.

FIGURA 14 – PROGRAMAÇÃO DE UM CLP COM LINGUAGEM LADDER COM ELEMENTOS


LÓGICOS E OU

FONTE: Petruzella (2013, p. 294)

4.2.2 Microcontroladores
Segundo Dutra (2002), os microcontroladores revolucionaram a eletrônica
digital. São chips com alta concentração de circuitos lógicos e microprocessados,
inclusive com memórias do tipo ROM (contém o sistema operacional) e RAM
(memória de usuário, volátil). Apresentam também portas de entrada e saída
de dados analógicos e digitais, contadores, temporizadores etc. São a evolução
dos microprocessadores, por incluir muitos periféricos no mesmo chip, a
custos acessíveis para permitir a automação de dispositivos e equipamentos.
Como exemplos desses chips, temos o 8051 (Intel), os PICs (Microchips) e
mais recentemente os Atmel, com aplicações na plataforma de código aberto
de baixo custo de desenvolvimento Arduino. A Figura 15 ilustra um sistema
microcontrolado para controle de motor trifásico com realimentação de velocidade
por encoder (sensor eletrônico de velocidade de motores).

12
TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

FIGURA 15 – SISTEMA MICROCONTROLADO PARA CONTROLE DE MOTOR TRIFÁSICO COM


REALIMENTAÇÃO DE VELOCIDADE

FONTE: Adaptada de Petruzella (2013)

EXEMPLO 1
Sinais analógicos podem ser convertidos em digitais e vice-versa. Existem
chips dedicados para as funções de conversão analógica/digital e digital/analógico,
operando em alta velocidade. Qualquer valor decimal pode ser convertido em
binário, podendo ser 8, 12, 16 ou mais bits. Um exemplo é o conversor A/D 0804 de
8 bits. O MC1408 é um conversor D/A de 8 bits. Um valor de 0 a 5 volts é convertido
em 8 bits. A tensão de 0 volt significa o valor binário 00000000b. A tensão de 5
volts equivale ao valor binário máximo em 8 bits: 11111111b. Outro exemplo são
os chips conversores de tensão em frequência, como o LM331. Uma tensão de
entrada é convertida para uma frequência de pulsos proporcional à tensão de
entrada. A frequência pode ser lida em alta velocidade por microprocessadores
(counters) no modo digital. A Figura 16 ilustra o funcionamento dos conversores
A/D e D/A.

FIGURA 16 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA CONVERSOR A/D E D/A DE 8 BITS

Fonte: Os autores

13
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

5 CIRCUITOS LINEARES COM AMPLIFICADORES


OPERACIONAIS
Circuitos eletrônicos podem ser categorizados quanto à linearidade
de suas entradas e saídas, podendo ser chamados de circuitos lineares ou não
lineares.

Circuitos compostos unicamente de elementos lineares podem ser


resolvidos matematicamente, por meio de leis fundamentais da eletricidade, como
a lei de Ohm, as leis de Kirchhoff (dos nós e das malhas) e a lei da superposição.

Um circuito linear apresentará em sua saída um sinal com as mesmas


características que o sinal em sua entrada. Portanto, se a tensão de entrada for
uma tensão contínua, a tensão de saída será contínua e proporcional a essa tensão
de entrada. Se a tensão de entrada for um sinal senoidal, a tensão de saída também
será um sinal senoidal, e assim por diante.

5.1 DEFINIÇÃO DE LINEARIDADE

A linearidade é uma propriedade matemática fundamental na eletrônica,


pois por meio dela é possível calcular a resposta dos circuitos de maneira simples,
tendo como base apenas as entradas do circuito e entendendo suas características.
Tomando como base a lei de Ohm, por exemplo, tem-se que a tensão sobre um
resistor é equivalente à resistência do resistor multiplicada pela corrente que
passa por ele (equação 1):

V = R . I (1)

Note que a corrente varia linearmente com o aumento da tensão sobre o


resistor. Ou seja, ao dobrar a diferença de potencial no resistor (a tensão sobre
ele), dobra-se a corrente que o atravessa, uma vez que a resistência do resistor é
constante.

5.2 CARACTERÍSTICAS DOS AMPLIFICADORES


OPERACIONAIS
O AmpOp é uma estrutura da eletrônica analógica que tem idealmente
as seguintes características: impedância de entrada infinita, impedância de saída
nula, ganho de tensão infinito, resposta em frequência infinita e insensibilidade à
temperatura (MALVINO; BATES, 2016).

14
TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

Esse tipo de dispositivo tem uma ampla gama de aplicações, estando


presente em sistemas de controles industriais, sistemas de instrumentação
analógica, instrumentação médica, sistemas de aquisição de sinais,
telecomunicações, amplificadores de áudio, entre outros (PERTENCE JR., 2015).

Existem AmpOps que são projetados de maneira a ter características que


os tornam aptos a serem utilizados em um tipo de aplicação específica, como
AmpOps de grande largura de banda, para aplicações de telecomunicações ou
que dependem de grande velocidade de transmissão (SCHULER, 2016).

A Figura 17A apresenta o símbolo esquemático de um AmpOp, enquanto


a Figura 17B apresenta o circuito equivalente do AmpOp, segundo Malvino e
Bates (2016).

FIGURA 17 – (A) SÍMBOLO ESQUEMÁTICO DE UM AMPOP; (B) CIRCUITO EQUIVALENTE


INTERNO DO AMPOP

FONTE: Malvino ; Bates (2016, p. 668)

Como pode ser verificado na Figura 17A, o AmpOp tem duas entradas
diferenciais usualmente chamadas de entrada inversora (caracterizada por ter o
símbolo –) e entrada não inversora (caracterizada por ter o símbolo +) e uma
única saída. Além disso, o AmpOp tem duas entradas para alimentação do
circuito integrado, sendo necessária, na maioria das vezes, uma fonte simétrica
que forneça níveis de tensão de +VCC e –V EE, por exemplo, +15 V e –15 V, para
correta operação (MALVINO; BATES, 2016).

Note pela Figura 17B que o AmpOp apresenta uma impedância de entrada
Rin que idealmente deveria ser infinita, mas que na prática varia de centenas de
quilo-ohms a dezenas de mega-ohms, a depender do modelo do circuito integrado.

15
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

Além disso, a saída Vout é uma função de um ganho de tensão em malha aberta
Avol, multiplicado pela diferença de tensão entre as entradas (V1 – V2) (equação
2) (MALVINO; BATES, 2016, p. 668):

(2)

Os valores adequados para a operação dos circuitos integrados são dis-


ponibilizados nas folhas de dados dos componentes, juntamente com outras
características como o ganho de tensão em malha aberta, a resistência de entrada
e a frequência de ganho unitário (que devem ser infinitos para um AmpOp ideal),
ou, ainda, a resistência de saída e a corrente de entrada (que devem ser nulos para
um AmpOp ideal).

Como exemplo, o circuito integrado (CI) LM741 tem impedância de


entrada na faixa de 2 MΩ e ganho de tensão em malha aberta na faixa de 100.000
(MALVINO; BATES, 2016).

Note, portanto, que para um ganho dessas proporções, mesmo uma


pequena diferença nas tensões de entrada geraria um valor muito alto na saída. A
Figura 18 a seguir apresenta um AmpOp com suas entradas V1 = 2 mV e V2 = 0 V.
O AmpOp tem um ganho de 300 (MALVINO; BATES, 2016).

FIGURA 18 – AMPOP EM MALHA ABERTA. VO = AVOL . (V1 – V2) = 300 . (2 MV) = 0,6 V

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 643)

Para o caso da Figura 18, considerando um ganho de malha aberta


semelhante ao do LM741 no valor de 100.000, a saída de tensão VO será igual a:
VO = 100.000 . (6 – 5,8) = 20.000 Volts.

Esse valor é impraticável e na realidade fica limitado pelas tensões de


alimentação do CI AmpOp. Essa limitação no valor da tensão de saída recebe o
nome de saturação. Ou seja, se o CI da Figura 18 for alimentado por uma fonte
simétrica de +15 V e –15 V, a saída será limitada ao valor de +15 V para o caso
apresentado. Note, portanto, que nessa situação o AmpOp não está trabalhando
numa região linear, ou seja, a sua saída não está sendo proporcional à entrada
(MALVINO; BATES, 2016).

Além do modo de operação em malha aberta (que não atende à


especificação de um circuito linear), pode-se trabalhar com AmpOps em malha

16
TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

fechada com realimentação positiva ou com realimentação negativa, como será


demonstrado nas seções a seguir.

5.3 AMPLIFICADOR OPERACIONAL COM REALIMENTAÇÃO


POSITIVA
Quando se trabalha com realimentação em um circuito, tem-se um sinal
de saída sendo adicionado novamente à entrada. Em amplificadores isso pode
ser feito por meio da realimentação da tensão de saída na entrada não inversora
(realimentação positiva) ou na entrada inversora (realimentação negativa).

A realimentação positiva é realizada por meio de uma conexão entre a


saída VO do AmpOp e a entrada não inversora, e pode acontecer por meio de
um curto-circuito, ou pela inserção de um componente passivo, como resistores,
capacitores ou indutores (PERTENCE JR., 2015).

A realimentação positiva tende a levar o circuito à instabilidade, gerando


normalmente uma saída oscilatória, o que permite a criação de circuitos
osciladores com a utilização de AmpOps (PERTENCE JR., 2015).

A Figura 19A apresenta um exemplo de circuito AmpOp com realimenta-


ção positiva. O circuito apresenta um Schmitt Trigger não inversor que apresenta
histerese, como pode ser verificado na Figura 19B (MALVINO; BATES, 2016).

FIGURA 19 – (A) DISPOSITIVO SCHMITT TRIGGER NÃO INVERSOR; (B) RESPOSTA DA ENTRADA/
SAÍDA DO CIRCUITO

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 865).

Deve-se ficar claro, no entanto, que, ao se trabalhar com realimentação


positiva, não estamos utilizando o AmpOp como um componente linear do
circuito.

17
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

5.4 AMPLIFICADOR OPERACIONAL COM REALIMENTAÇÃO


NEGATIVA

A realimentação negativa permite que os AmpOps sejam utilizados


como circuitos lineares, desde que o ganho gerado pela realimentação não leve o
circuito à saturação.

Segundo Malvino e Bates (2016, p. 740), “[...] a saída de um circuito amp-


op linear tem a mesma forma que o sinal de entrada. Se a entrada for senoidal,
a saída será senoidal. Em nenhum momento durante o ciclo o amp-op atinge a
saturação”.

As principais topologias de circuitos AmpOps com realimentação negativa


são:
• amplificadores inversores;
• amplificadores não inversores.

As seções a seguir explicam o funcionamento das topologias inversora e


não inversora.

6 TOPOLOGIAS DE AMPLIFICADORES OPERACIONAIS


INVERSORES E NÃO INVERSORES
A seguir, veremos alguns detalhes sobre o funcionamento das topologias
inversora e não inversora, além de alguns exemplos de utilização desses circuitos.

6.1 AMPLIFICADOR OPERACIONAL NA TOPOLOGIA


INVERSORA
O amplificador inversor recebe essa denominação porque tem defasagem
no sinal de saída de 180° em relação ao sinal de entrada (PERTENCE JR., 2015).

A Figura 20 demonstra a configuração padrão do amplificador inversor.

18
TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

FIGURA 20 – CONFIGURAÇÃO DO AMPLIFICADOR INVERSOR

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 38)

A controlabilidade do ganho (Avf) para o amplificador inversor é dada


pela seguinte equação 3:

(3)

A saída será uma função da entrada multiplicada pelo ganho (equação 4):

(4)

6.2 AMPLIFICADOR OPERACIONAL NÃO INVERSOR


O amplificador não inversor não tem defasagem entre o sinal de entrada e
de saída (PERTENCE JR., 2015). Sua configuração pode ser observada na Figura 21.

FIGURA 21 – CONFIGURAÇÃO DO AMPLIFICADOR NÃO INVERSOR

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 40)


19
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

O ganho em malha fechada do amplificador inversor é descrito pela


equação 5:

(5)

6.3 SEGUIDOR DE TENSÃO (BUFFER)


O circuito seguidor de tensão, também chamado de buffer, é um circuito
com AmpOp construído a partir da topologia não inversora. Note, na Figura 22,
que a fonte de entrada está conectada diretamente à entrada não inversora e que
não existem resistores na topologia (MALVINO; BATES, 2016).

FIGURA 22 – AMPLIFICADOR OPERACIONAL COMO SEGUIDOR DE TENSÃO (BUFFER)

FONTE: Malvino e Bater (2016, p. 693)

Como o objetivo do seguidor de tensão é ter um ganho unitário e garantir


uma alta impedância de entrada e baixa impedância de saída, pode-se fazer com
que os resistores R1 e R2 da topologia não inversora garantam um ganho unitário.
Isso é possível fazendo:

R1 = ∞ e R2 = 0

Então (equação 6):

(6)

Portanto,
V0 = Vi

Dessa forma, o resistor R1 é substituído por um circuito aberto enquanto


o resistor R2 é substituído por um curto-circuito.

Segundo Malvino e Bates (2016, p. 692), “[...] o seguidor de tensão é um


circuito seguidor perfeito porque produz uma tensão de saída exatamente igual
à tensão de entrada (ou próxima o suficiente para satisfazer a quase todas as
aplicações)”.

20
TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

Dessa forma, é possível converter uma fonte com alta impedância numa
fonte de baixa impedância, uma vez que uma das características do AmpOp é ter
baixa impedância de saída, o que diminui o efeito de carga nos circuitos.

6.4 AMPLIFICADOR OPERACIONAL SOMADOR


Sempre que for necessário combinar variados sinais analógicos numa
saída única, pode-se utilizar o AmpOp na topologia somadora, como apresentado
na Figura 23. Cada entrada será multiplicada por um ganho dado pela razão entre
o resistor da realimentação (RF) e o resistor da entrada. A saída do AmpOp será
a soma das entradas multiplicada por seu respectivo ganho (MALVINO; BATES,
2016).

Ou seja, quando se está utilizando o AmpOp somador com base no


AmpOp inversor, a entrada V1 será multiplicada por um ganho (equação 7):

(7)

Enquanto a entrada V2 será multiplicada por um ganho (equação 8):

(8)

Dessa forma, seria possível somar vários canais de áudio analógicos,


amplificando cada um com um ganho diferente e transmiti-los numa única saída.

FIGURA 23 – AMPOP SOMADOR (UTILIZANDO A TOPOLOGIA INVERSORA)

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 691)

6.5 AMPLIFICADOR OPERACIONAL DIFERENCIAL E DE


INSTRUMENTAÇÃO

A seguir, veremos as topologias de AmpOp diferencial e de instrumentação


e seus equacionamentos.

21
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

6.5.1 Amplificador operacional diferencial


Quando se deseja trabalhar com a amplificação da diferença do sinal de
duas entradas, costuma-se utilizar o amplificador na topologia diferencial, como
apresentado na Figura 24 (PERTENCE JR., 2015).

Nessa topologia, os resistores das entradas inversoras e não inversoras


costumam ter o mesmo valor nominal e o resistor de realimentação negativa
também tem o mesmo valor nominal de resistência que o resistor da entrada não
inversora conectado ao terra (PERTENCE JR., 2015).

FIGURA 24 – AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

FONTE: Pertence JR. (2015, p. 48)

Aplicando a lei das correntes no nó a do circuito da Figura 24, é possível


obter (equação 9):

(9)

Repetindo para o nó b, é possível obter (equação 10):

(10)

Tornando é possível isolar Vb (equação 11):

(11)

Substituindo essa equação de Vb na equação obtida no nó a, é possível


calcular a equação da tensão de saída (equação 12):

(12)

22
TÓPICO 1 — CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

ATENCAO

Costuma-se utilizar circuitos seguidores de tensão na entrada dos AmpOps


diferenciais para garantir que a resistência intrínseca das fontes nas entradas V1 e V2 não
alteram o valor das resistências R1, deixando-as diferentes.

6.5.2 Amplificadores operacionais de instrumentação


Os AmpOps de instrumentação são montados por meio de AmpOps
diferenciais e têm como características a extremamente alta resistência de entrada,
a resistência de saída inferior aos AmpOps comuns, o ganho de tensão em malha
aberta muito superior ao dos AmpOps comuns, tensão de offset de entrada muito
baixo, entre outras (PERTENCE JR., 2015).

A Figura 25 apresenta um típico AmpOp de instrumentação composto de


três AmpOps, organizados em dois estágios diferentes: estágio de pré-amplificação
(composto de dois AmpOps) e estágio diferencial (composto de um AmpOp
diferencial com os quatro resistores idênticos).

FIGURA 25 – AMPLIFICADOR DE INSTRUMENTAÇÃO

FONTE: Adaptada de Malvino e Bates (2016)

23
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

A saída do circuito do AmpOp de instrumentação é dada pela saída


diferencial com ganho unitário das entradas do estágio diferencial.

Portanto, a saída Vo será (equação 13):

(13)

Algumas representações do amplificador de instrumentação costumam


apresentar apenas um resistor na posição dos dois resistores R1, formando um
resistor equivalente: Rg = R1+R1.

Nesse caso, a equação de saída será dada por (equação 14):

(14)

24
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os circuitos integrados (CIs) analógicos e digitais são amplamente aplicados


à instrumentação.

• Existem sinais analógicos e digitais e, também, portas lógicas.

• Os amplificadores operacionais são muito utilizados em aplicações envolvendo


comparadores e lógica digital.

• Os circuitos lineares podem ser caracterizados com amplificadores


operacionais (AmpOps).

• Os amplificadores podem ser configurados como amplificadores inversores e


não inversores.

• Os amplificadores diferenciais e de instrumentação são duas aplicações bem


comuns de AmpOps.

25
AUTOATIVIDADE

1 O que diferencia sinais analógicos de sinais digitais?


a) ( ) A velocidade
b) ( ) A precisão.
c) ( ) A amplitude.
d) ( ) Sinais analógicos variam no tempo e sinais digitais têm apenas dois
estados, 0 e 1.
e) ( ) Sinais analógicos têm dois estados, 0 e 1. Sinais digitais variam no
tempo.

2 O controlador do tipo dimmer ou regulador de potência de lâmpadas


incandescentes e o interruptor de uma lâmpada funcionam por processos
equivalentes a:
a) ( ) Analógico (dimmer) e digital (interruptor).
b) ( ) Digital (dimmer) e digital (interruptor).
c) ( ) Dimmer e interruptor são analógicos.
d) ( ) Dimmer e interruptor são digitais.
e) ( ) Dimmers e interruptores não são analógicos nem digitais.

3 O componente eletrônico apresentado na figura a seguir é:


V+ Alimentação
positiva
Entrada
inversora
Entrada Saída
não inversora

V- Alimentação
negativa
FONTE: <https://bit.ly/3wdBCzf>. Acesso em: 20 mar. 2021.

a) ( ) Inversor de frequência.
b) ( ) Amplificador operacional.
c) ( ) Redutor de tensão.
d) ( ) Transformador.
e) ( ) Medidor de fase.

4 O circuito de fotocélula da figura a seguir:

FONTE: <https://bit.ly/3ubNSyi>. Acesso em: 20 mar 2021.

26
a) ( ) É um circuito comparador.
b) ( ) Utiliza amplificador operacional.
c) ( ) Tem um LDR como sensor de luminosidade.
d) ( ) As três alternativas acima estão corretas.
e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5 Os elementos LS1 e LS2 e os elementos PB1 e PB2 da figura a seguir possuem


configuração:

FONTE: <https://bit.ly/3cC54XO>. Acesso em: 20 mar. 2021.

a) ( ) OU.
b) ( ) E.
c) ( ) OU e E.
d) ( ) E e OU.
e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

6 O gráfico a seguir apresenta a tensão de saída (Vo) em relação à tensão de


entrada (Vi) de um circuito com amplificadores operacionais.​​​​​​​​​​​​​
Vo

Vi
Inclinação = R2/R1

FONTE: <https://bit.ly/3dqV2YG>. Acesso em: 20 mar. 2021.

A curva demonstrada no gráfico é característica do circuito com


AmpOps na topologia:

a) ( ) inversora.
b) ( ) não inversora.
c) ( ) buffer.
d) ( ) diferencial.
e) ( ) de instrumentação.

27
7 Calcule a saída Vo do circuito a seguir, sabendo que a tensão de entrada Vi
é igual a +2,8V.

FONTE: <https://bit.ly/2Prxg6Z>. Acesso em: 20 mar. 2021.

a) ( ) +5,6V.
b) ( ) +2,8V.
c) ( ) -5,6V.
d) ( ) -2,8V.
e) ( ) +11,2V.

8 Calcule a saída Vout do circuito com dois estágios a seguir, sabendo que a
tensão de entrada Vin é igual a +1,5V e que os AmpOps são alimentados
com uma fonte simétrica de +12V e -12V.

FONTE: <https://bit.ly/39vgN8W>. Acesso em: 20 mar. 2021.

a) ( ) +6V.
b) ( ) +9V.
c) ( ) -6V.
d) ( ) -9V.
e) ( ) -3V.​​​​​​​​​​​​​​

9 Calcule a tensão de saída do AmpOp de instrumentação apresentada no


circuito a seguir. Considere que os AmpOps são alimentados com uma
fonte simétrica de +25V e -25V.​​​​​​

28
FONTE: <https://bit.ly/3sK86Pu>. Acesso em: 20 mar. 2021.

a) ( ) +20V.
b) ( ) +22V.
c) ( ) -20V.
d) ( ) -22V.
e) ( ) -18V.

10 Calcule a tensão de saída do circuito amplificador diferencial a seguir,


considerando as seguintes tensões de entrada: VA = -2V e VB = 3V​​​​​​​​​​​​​​.

FONTE: <https://bit.ly/3wgGJP9>. Acesso em: 20 mar. 2021.

a) ( ) +12V.
b) ( ) +15V.
c) ( ) -15V.
d) ( ) +3V.
e) ( ) -3V.

29
30
UNIDADE 1
TÓPICO 2 —

O AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL

1 INTRODUÇÃO

Os AmpOps ideais são idealizações desenvolvidas para se produzir


AmpOps com características desejáveis. Embora nenhum amplificador comercial
possa ser considerado ideal, suas características tendem a se aproximar bastante
das características de um AmpOp ideal, de maneira que todos os seus conceitos
podem ser utilizados nos projetos com AmpOps reais. De qualquer forma,
conhecer as características presentes nas folhas de dados de circuitos integrados
(CI) reais é fundamental para se entender a maneira correta de se utilizar o CI nos
projetos.

Neste tópico, você irá aprender as características de um AmpOp ideal,


identificar seus modos de operação, além de conseguir analisar o seu processo de
operação com realimentação negativa.

2 O AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL


Os AmpOps são circuitos complexos a base de transistores que idealmente
deveriam ter as seguintes características (PERTENCE JR., 2015; MALVINO;
BATES, 2016):

• impedância de entrada infinita;


• impedância de saída nula;
• ganho de tensão em malha aberta infinito;
• resposta em frequência de ganho unitário infinito;
• corrente de polarização de entrada nula;
• corrente de offset de entrada nula;
• tensão de offset de entrada nula;
• razão de rejeição de modo comum infinito;
• insensibilidade à temperatura.

Este tipo de dispositivo tem uma ampla gama de aplicações, estando


presente em sistemas de controles industriais, sistemas de instrumentação
analógica, instrumentação médica, sistemas de aquisição de sinais,
telecomunicações, amplificadores de áudio, entre outros.

31
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

A Figura 26A apresenta o símbolo esquemático de um AmpOp, enquanto


a Figura 26B apresenta o circuito equivalente do AmpOp como apresentado em
Malvino e Bates (2016).

FIGURA 26 - (A) SÍMBOLO ESQUEMÁTICO DE UM AMPOP E (B) CIRCUITO EQUIVALENTE IN-


TERNO DO AMPOP

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 668)

Como pode ser verificado na Figura 26, o AmpOp tem duas entradas
diferenciais usualmente chamadas de entrada inversora e entrada não inversora,
além de uma única saída. Ainda, o AmpOp tem duas entradas para alimentação
do CI, sendo necessária, na maioria das vezes, uma fonte simétrica que forneça
níveis de tensão de +Vcc e –Vee, por exemplo, e +15V e –15V para correta operação.

Note pela Figura 26B que o AmpOp apresenta uma impedância de entrada
Rin que idealmente deveria ser infinita, mas que na prática varia de centenas de
kilo ohms a dezenas de mega ohms, a depender do modelo do circuito integrado.
Além disso, a saída Vout é uma função de um ganho de tensão em malha aberta
Avol, multiplicado pela diferença de tensão entre as entradas (V2 – V1) (equação
15):

(15)

Outra representação possível é apresentada em Pertence Jr. (2015) e


permite analisar o comportamento da tensão na entrada do AmpOp (Figura 27).

32
TÓPICO 2 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL

FIGURA 27 - COMPORTAMENTO DE UM AMPOP COM RELAÇÃO À FONTE E À CARGA

Fonte: Adaptada de Pertence Jr. (2015)

Pode-se obter a equação da tensão de entrada do AmpOp calculando-se a


tensão sobre a resistência de entrada desse amplificador (equação 16):

(16)

Para garantir que a tensão de entrada do amplificador seja igual à tensão


da fonte, é necessário que a divisão R1/ (R1 + Rs) seja um valor unitário, ou seja,
é necessário que a resistência de entrada do amplificador (R1) tenda ao infinito,
como esperado de um AmpOp ideal. Já para garantir que toda a tensão de
saída do AmpOp esteja sobre a carga, é necessário que a resistência de saída do
amplificador tenda a zero, para garantir que não ocorra queda de tensão nesse
resistor, de maneira que (equação 17):

(17)

Portanto, os AmpOps são construídos com o objetivo de que suas


características se aproximem o máximo possível das características de um
amplificador ideal, de maneira a atender os requisitos a seguir:

• Alta rejeição de modo comum, o que permite reduzir ruídos de alta e baixa
frequências.
• Alto ganho, o qual pode ser reduzido por realimentação negativa.
• Alta impedância de entrada e baixa impedância de saída, permitindo
alimentar cargas de baixa impedância sem deformação do sinal.

Para isso, eles utilizam inúmeros estágios amplificadores (SCHULER,


2016).

33
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

3 MODELAGEM DO AMPLIFICADOR OPERACIONAL COMO


QUADRIPOLO

Quando se está trabalhando com um AmpOp, todo o projeto é realizado


tendo-se como base as especificações definidas nas folhas de dados do CI, sem
se adicionar o circuito interno do CI no circuito completo. Assim, utiliza-se o
AmpOp como se fosse uma caixa preta, utilizando-se apenas suas informações
de entrada e saída. Portanto, uma notação útil ao trabalhar com AmpOps é a
notação de quadripolos, que se baseia na ideia de que qualquer circuito pode ser
representado por duas entradas e duas saídas e tem tensões e correntes de entrada
e saída características. A Figura 28 apresenta a ideia de um quadripolo em que um
circuito complexo é representado apenas por suas variáveis de corrente e tensão.

FIGURA 28 – REPRESENTAÇÃO GENÉRICA DE QUADRIPOLO

FONTE: Adaptada de Hayt Jr., Kemmerly e Durbin (2014)

A análise do quadripolo é realizado com o objetivo de se determinar duas


variáveis independentes. Quando essas variáveis independentes são as correntes I1
e I2, define-se a análise do quadripolo em termos de seus parâmetros de admitância
(y), de modo que (equações 18 e 19):

(18)
(19)

Quando essas variáveis independentes são a tensão V1 e a corrente i2, define-


se a análise do quadripolo em termos de seus parâmetros híbridos (h), de modo que
(equações 20 e 21):

(20)

(21)

34
TÓPICO 2 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL

Todos os parâmetros descritos anteriormente podem ser representados


de maneira matricial.

Como foi apresentado nas Figuras 26B e 27, o AmpOp pode ser
representado por meio da análise das correntes e tensões de entrada e saída do
amplificador. Dessa forma, é possível aplicar as equações 18 a 21 no circuito da
Figura 26B, de maneira a se obter a modelagem por quadripolos dos AmpOps
ideais, como mostra a Figura 29 a seguir.

FIGURA 29 – REPRESENTAÇÃO POR QUADRIPOLOS DE AMPLIFICADORES

FONTE: Adaptada de De La Vega (2004)

Como verificado na Figura 29, o amplificador de tensão pode ser obtido


por meio das equações 18 e 19, de maneira que, usando V1 = z11I1 + z12I2 e fazendo
I2 = 0, obtém-se que a impedância de entrada z11 = V1⁄I1. Como a impedância de
entrada no AmpOp ideal tende a infinito, tem-se que a corrente de entrada I1 será
nula.

V2 = z21I1 + z22I2 e fazendo I1 = 0, obtém-se a impedância de saída z22 = V2⁄I2. A


tensão de saída V2, no entanto, é uma função do ganho de tensão em malha aberta
(idealmente infinito) multiplicado pela diferença entre as entradas de tensão do
AmpOp.

Como ao se projetar um AmpOp é desejável que os sinais de saída não


exerçam influência sobre a entrada, o ganho reverso z12 deve ser desprezível
(assim como os ganhos h12, g12 e y12). Portanto, em um AmpOp ideal, tem-se que as
tensões de entrada são simultaneamente um curto-circuito entre si e um circuito
aberto.

Como o ganho do AmpOp tende a infinito em malha aberta, é necessário


realizar uma realimentação no circuito para se controlar o ganho. A realimentação
da tensão de saída na entrada não inversora é útil para se desenvolver osciladores

35
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

a AmpOps, obtendo-se um circuito instável. Para se manter a estabilidade e se


trabalhar com os AmpOps em circuitos lineares, é utilizada a realimentação
negativa, ou seja, para que o amplificador opere de maneira linear, é necessário
que exista uma realimentação da saída na entrada inversora do amplificador.

4 MODOS DE OPERAÇÃO DO AMPLIFICADOR OPERACIONAL


O AmpOp pode trabalhar em três modos distintos:
• sem realimentação;
• com realimentação positiva;
• com realimentação negativa.

No primeiro modo, diz-se que o AmpOp está atuando em malha aberta.


Dessa maneira, não existe controle sobre o ganho do amplificador e ele idealmente
tende a infinito. Esse tipo de operação é útil na construção de comparadores de
tensão. Um exemplo de circuito comparador é apresentado na Figura 30A.

No segundo modo, a saída do amplificador é realimentação na entrada


não inversora do AmpOp. Essa realimentação tende a tornar o circuito instável,
não permitindo a atuação do circuito como um amplificador na região linear.
No entanto, esse tipo de realimentação é útil para se construir osciladores. Um
exemplo de AmpOp com realimentação positiva é apresentado na Figura 30B.

O último modo de operação é o modo mais utilizado na prática, pois


permite que o amplificador atue de maneira linear, amplificando os sinais de
entrada por meio de um ganho controlado pelos resistores de realimentação. Um
exemplo de AmpOp com realimentação positiva é apresentado na Figura 30C.

FIGURA 30 – MODOS DE OPERAÇÃO DOS AMPOPS: (A) MALHA ABERTA, (B) REALIMENTAÇÃO
POSITIVA E (C) REALIMENTAÇÃO NEGATIVA

FONTE: Adaptada de Pertence Jr. (2015)

36
TÓPICO 2 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL

4.1 AMPLIFICADOR OPERACIONAL COM REALIMENTAÇÃO


NEGATIVA

A realimentação negativa estabiliza o ganho de tensão, aumenta a
impedância de entrada e diminui a impedância de saída do amplificador de
tensão. Nesse modo de operação, é possível desenvolver muitas aplicações com
os AmpOps, por exemplo (PERTENCE JR., 2015):
• amplificador inversor;
• amplificador não inversor;
• seguidor de tensão (buffer);
• amplificador somador;
• amplificador diferencial ou subtrator;
• amplificador de instrumentação;
• amplificador diferenciador;
• amplificador integrador;
• filtros ativos.

Nesse modo de operação, o circuito trabalha em malha fechada, mas com


resposta linear desde que o ganho projetado não leve o circuito à saturação.

4.2 AMPLIFICADORES COM REALIMENTAÇÃO NEGATIVA


A seguir, será analisada a operação de um amplificador genérico com
realimentação negativa. A Figura 31 apresenta um sistema básico de realimentação
negativa em que um sinal de tensão de saída Vo é realimentado no sinal de entrada
multiplicado por um fator de realimentação B que varia de 0 a 1. Vd é o sinal do
erro, ou seja, da diferença entre o sinal de entrada Vi e o sinal da realimentação
negativa Vf. A tensão de saída será a função da tensão diferencial Vd multiplicada
pelo ganho Avo.

FIGURA 31 – AMPLIFICADOR GENÉRICO SUBMETIDO À REALIMENTAÇÃO NEGATIVA

FONTE: Adaptada de Pertence Jr. (2015)

Por meio da análise da Figura 31, é possível obter as relações a seguir


(equações 22, 23 e 24):
37
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL


(22)

(23)

(24)

Substituindo a equação 23 em 22, obtém-se a equação 25:

(25)

Substituindo a equação 24 em 25, obtém-se a equação 26:

(26)

Que pode ser escrita como (equação 27):

(27)

Pode-se chamar de ganho de tensão em malha fechada a relação (equação 28):

(28)

De maneira que (equação 29):

(29)

Como o ganho de tensão em malha aberta tende a infinito (Avo → ∞), pode-
-se escrever (equação 30):

(30)

Ou seja, o ganho de tensão em malha fechada pode ser controlado direta-


mente pelo circuito de realimentação negativa representado por B.

4.2.1 O conceito de terra virtual


Na análise de AmpOps com realimentação, costuma-se utilizar o conceito
de terra virtual, que provém das características de um AmpOp ideal. Ao se
analisar o ampop ideal, deve-se lembrar que ele tem uma resistência de entrada
infinita e um ganho de tensão em malha aberta (sem realimentação) infinito, de
maneira que se pode identificar as seguintes situações:

38
TÓPICO 2 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL

• A corrente na entrada do AmpOp é nula em decorrência da resistência de


entrada infinita.
• A diferença de tensão entre as entradas inversora e não inversora é nula, uma
vez que o ganho de tensão em malha aberta é infinito.

A Figura 32 apresenta as situações anteriores por meio da ideia do curto-


circuito virtual.

FIGURA 32 – CONCEITO DE TERRA VIRTUAL

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 681)

Como a corrente i2 é nula, em decorrência da impedância infinita de


entrada, a corrente que passa sobre o resistor Rf é a mesma que passa sobre o
resistor R1. Como a tensão na entrada não inversora é nula, a tensão na entra
inversora também será nula. Dessa forma, v2 será zero e o terra virtual apresentado
tem a característica de atuar como um terra para a tensão e um circuito aberto
para a corrente. Note que isso é muito diferente de um curto-circuito real em que
a tensão naquele ponto é nula e a corrente é diferente de zero.

A realimentação negativa tende a igualar os potenciais nas entradas


inversora e não inversora quando o ganho em aberta tende a infinito. Além de
controlar o ganho, a realimentação negativa permite aumentar a impedância de
entrada do AmpOp real e diminuir a impedância de saída.

A impedância de entrada (Zif) do circuito com realimentação negativa


será dada por (equação 31):

(31)

Onde Ri é a resistência de entrada do CI AmpOp, podendo ser identificada


no datasheet do fabricante.

Já a impedância de saída de um AmpOp real com realimentação pode ser


calculada como (equação 32):

(32)

39
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

Portanto, a realimentação negativa tende a reforçar as vantagens de um


AmpOp, aumentando a impedância de entrada, diminuindo a impedância de
saída e permitindo o controle do ganho.

ATENCAO

Segundo Pertence Jr. (2015, p. 21), “é importante ressaltar que circuitos AmpOps
em malha aberta ou com realimentação positiva (exclusivamente) não apresentam as
propriedades de curto-circuito virtual ou de terra virtual”. Em outras palavras, tais circuitos
não operam como amplificadores lineares.

4.3 TIPOS DE AMPLIFICADORES COM REALIMENTAÇÃO


NEGATIVA

De maneira semelhante à apresentada na seção de quadripolos, tanto a


entrada quanto a saída de um amplificador com realimentação negativa podem
ser uma tensão ou uma corrente. Isso implica na existência de quatro tipos de
realimentação negativa:
• Amplificador com entrada em tensão e saída em tensão (amplificador de
tensão – VCVS).
• Amplificador com entrada em corrente e saída em tensão (amplificador de
transresistência – ICVS).
• Amplificador com entrada em tensão e saída em corrente (amplificador de
transcondutância – VCIS).
• Amplificador com entrada em corrente e saída em corrente (amplificador de
corrente – ICIS).

O primeiro tipo de realimentação produz os circuitos fonte de tensão


controlado por tensão (VCVS, do inglês voltage-controled voltage source). O VCVS
tem ganho de tensão estável, impedância de entrada infinita e impedância de
saída nula, sendo considerado um amplificador de tensão ideal.

O segundo tipo de realimentação produz os circuitos fonte de tensão


controlado por corrente (ICVS, do inglês current-controled voltage source). O ICVS
tem uma saída dada pela razão da tensão de saída pela corrente de entrada,
medida em ohms, sendo chamado, portanto, de amplificador de transresistência.

O terceiro tipo de realimentação produz os circuitos fonte de corrente


controlado por tensão (VCIS, do inglês voltage-controled voltage source). O VCIS tem
uma saída dada pela razão da corrente de saída pela tensão de entrada, medida
em siemens, sendo chamado, portanto, de amplificador de transcondutância.

40
TÓPICO 2 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL

O quarto tipo de realimentação produz os circuitos fonte de corrente con-


trolado por corrente (ICIS, do inglês current-controled voltage source). O ICIS tem
ganho de corrente estável, impedância de entrada nula e impedância de saída
infinita, sendo considerado um amplificador de corrente ideal.

O Quadro 1 a seguir apresenta uma comparação entre esses quatro tipos


de amplificadores com realimentação negativa.

QUADRO 1 – COMPARAÇÃO ENTRE OS TIPOS DE REALIMENTAÇÃO NEGATIVA EM AMPLIFICA-


DORES

FONTE: Adaptado de Malvino e Bates (2016)

Tanto o VCVS quanto o ICIS costumam ser chamados de amplificadores


de tensão e corrente, respectivamente. Já o ICVS e o VCIS costumam receber o
nome de conversores, por converter respectivamente uma corrente de entrada
em uma tensão de saída (ICVS) e uma tensão de entrada em uma tensão de saída
(VCIS).

A Figura 33 apresenta as características de cada circuito amplificador


descrito anteriormente, como se eles estivessem representados por quadripolos.

41
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

FIGURA 33 – (A) FONTE DE TENSÃO CONTROLADA POR TENSÃO. (B) FONTE DE TENSÃO
CONTROLADA POR CORRENTE. (C) FONTE DE CORRENTE CONTROLADA POR TENSÃO. (D)
FONTE DE CORRENTE CONTROLADA POR CORRENTE

FONTE: Adaptada de Malvino e Bates (2016)

Em um circuito real, como apresentado na Figura 33A, a saída de um


VCVS uma fonte de tensão quase ideal, mesmo que não consiga apresentar uma
impedância de entrada infinita ou uma impedância de saída nula.

O Quadro 2 a seguir apresenta um resumo das principais características e


equações para cada uma das realimentações negativas existentes.

Note que cada um dos circuitos representados no Quadro 2 pode dar


origem a um circuito prático. Por exemplo, ao substituir a fonte de corrente do
ICVS por uma fonte de tensão com um resistor em série, tem-se um amplificador
inversor padrão.

QUADRO 2 – TIPOS DE REALIMENTAÇÃO NEGATIVA

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 729)

42
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os AmpOps ideais são idealizações desenvolvidas para se produzir AmpOps


com características desejáveis.

• Modelagem do amplificador operacional como um quadripolo.

• O AmpOp pode trabalhar em três modos distintos: sem realimentação; com


realimentação positiva; e com realimentação negativa.

• Na análise de AmpOps com realimentação, costuma-se utilizar o conceito de


terra virtual, que provém das características de um AmpOp ideal.

43
AUTOATIVIDADE

1 Amplificadores operacionais podem ser utilizados em três modos diferentes


de operação: malha aberta, com realimentação positiva e com realimentação
negativa.
No entanto, apenas o modo de operação com realimentação negativa
permite que o amplificador operacional trabalhe como um circuito linear,
pois:

a) ( ) leva o circuito à instabilidade, permitindo que ele trabalhe como um


oscilador.
b) ( ) a realimentação negativa estabiliza o ganho de malha aberta e permite
o controle de ganho em malha fechada.
c) ( ) permite que o amplificador operacional trabalhe com a sua saída
sempre em saturação, funcionando como um comparador.
d) ( ) limita o ganho de tensão, levando o circuito à instabilidade.
e) ( ) estabiliza a tensão de entrada, embora inverta a tensão de saída em
todas as configurações.

2 Uma das características dos amplificadores operacionais com realimentação


negativa é apresentarem a propriedade do curto-circuito virtual ou terra
virtual.
Circuitos amplificadores em malha aberta ou com realimentação positiva
não apresentam essa propriedade, portanto, tais circuitos são incapazes de:

a) ( ) operar dentro da linearidade.


b) ( ) operar dentro da região de saturação.
c) ( ) ter características oscilatórias.
d) ( ) ser utilizados como comparadores.
e) ( ) existir de maneira real, apenas idealizados.

3 A imagem a seguir apresenta o símbolo esquemático do amplificador (a) e


seu circuito equivalente (b).​​​​​

FONTE: <https://bit.ly/3wdjiX7>. Acesso em: 20 mar. 2021.

44
Considerando que o circuito representa um amplificador operacional
ideal, os valores de Rin, Rout e Avol são respectivamente:

a) ( ) infinito, infinito e infinito.


b) ( ) zero, infinito e infinito.
c) ( ) zero, infinito e zero.
d) ( ) infinito, zero e infinito.
e) ( ) infinito, zero e zero.

4 A realimentação negativa foi inventada em 1927 por Harold Black. Ele


patenteou a realimentação negativa que estabiliza o ganho de tensão,
aumenta a impedância de entrada e diminui a impedância de saída. A
figura a seguir apresenta o esquema básico de realimentação negativa
proposto por Black.

FONTE: <https://bit.ly/3rGNNBf>. Acesso em: 20 mar. 2021.

Analisando essa imagem, é possível inferir, em relação ao ganho de


tensão de malha fechada, dado pela razão entre a tensão de saída e a tensão
de entrada (Avf), que:

a) ( ) ele é função das tensões de entrada Vi e de realimentação Vf.


b) ( ) o ganho de tensão em malha aberta Avo é o fator predominante no
ganho de tensão em malha fechada.
c) ( ) ele é dependente basicamente do circuito de realimentação B.
d) ( ) ele varia com a variação da tensão de entrada Vi.
e) ( ) ele depende exclusivamente do fator de realimentação B e da tensão de
erro Vd.

5 Circuitos amplificadores operacionais com realimentação negativa


podem ser utilizados como amplificadores de tensão, de corrente, de
transcondutância ou de transresistência.
O tipo de realimentação que produz uma impedância de entrada infinita e
impedância de saída nula é denominado:

a) ( ) VCVS.
b) ( ) ICVS.
c) ( ) CSIV.
d) ( ) VCIS.
e) ( ) ICVS.

45
UNIDADE 1
TÓPICO 3 —

O AMPLIFICADOR OPERACIONAL REAL

1 INTRODUÇÃO
O amplificador operacional pode ser abreviado como AmpOp, amp-op ou
AOP, dependendo da literatura consultada. É um dispositivo eletrônico constituído
de um arranjo complexo, o qual combina resistências, transistores, capacitores, entre
outros componentes em um mesmo encapsulamento. É possível encontrá-los em
sistemas de controle industrial, em sistemas de instrumentação nuclear, industrial e
biomédicos, ainda em equipamentos de telecomunicação, de áudio e aeronáuticos,
de forma geral, em sistemas de aquisição de dados, em condicionadores de
sinais, entre outros. Foram amplamente utilizados, principalmente, em razão
da possibilidade de trabalhar como se fossem um bloco construtivo de circuitos
versátil, no qual se pode avaliar o que acontece com os seus terminais, além de
serem de fácil utilização e aquisição.

Os AmpOps são considerados componentes fundamentais em circuitos.


Seus componentes reais apresentam limitações físicas, as quais fazem as
características reais divergirem das características ideias. Quando são avaliadas
as limitações reais dos AmpOps, estes são chamados de reais ou não ideais.

Neste tópico, você vai estudar a caracterização de AmpOp real, suas


limitações e suas características, e os efeitos da RN, além de conhecer um pouco
mais dos AmpOps disponíveis no mercado.

2 AMPLIFICADORES OPERACIONAIS REAIS

Os AmpOps podem apresentar diversas características, dependendo


para o que foram projetados. Alguns projetistas podem necessitar de AmpOps
que consumam baixíssima energia, ou tenham que construir para a aplicação
com sinais em uma ampla gama de frequência, ou para ter altos ganhos. Para
cada problema ou aplicação, o projetista terá que encontrar a melhor solução,
selecionando as principais características físicas para o projeto de acordo com a
aplicação no lugar de outras menos fundamentais.

Idealmente, o AmpOp tem as seguintes características (SCHULER, 2016):


impedância de entrada infinita, impedância de saída nula, ganho de tensão
infinito, resposta de frequência infinita e insensibilidade à temperatura (drift
nulo). Entretanto, de forma geral, o AmpOp é utilizado quando são necessários

47
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

altos ganhos, imunidade ao ruído, impedância de entrada alta e impedância de


saída baixa, sem distorção e com estabilidade, ou seja, características mais reais
de serem obtidas.

Os AmpOps reais podem ser comparados aos AmpOps ideais por meio
de alguns parâmetros típicos de funcionamento, como pode ser visto no Quadro
3. Além das características dos AmpOps reais apresentadas no Quadro 3, ainda
são apresentadas as seguintes características por Alexander e Sadiku (2013) e
Malvino e Bates (2016):

• saturação da saída em valores menores que as tensões de alimentação,


representadas por V+ e V-;
• drift térmico diferente de zero.

QUADRO 3 – PARÂMETROS TÍPICOS DE AMPOP

Parâmetro AmpOp Ideal AmpOp Real


Ganho em malha aberta (A) Infinito 105 a 106
Impedância de entrada (Zin) Infinito 106 a 1013 Ω
Impedância de saída (Zout) 0Ω 10 a 100 Ω
Tensão de offset de entrada (Vin(off)) 0V ≠0V
Corrente de offset de entrada (Iin(off)) 0V ≠0V

Corrente de polarização
0V ≠0V
de entrada (Iin(bias))
Slew Rate 0 ≠0
Razão de rejeição em modo comum Infinito Finito

Frequência de ganho unitário (funidade) Infinito De ordem de MHz

FONTE: Adaptado de Sadiku (2013) e Malvino (2015)

Variações térmicas podem provocar alterações relevantes nas


características elétricas dos AmpOps, fenômeno chamado de drift. Nos manuais,
são apresentados os valores de variação de corrente e tensão provocados pelo
aumento de temperatura. As outras características do amplificador real necessitam
de um aprofundamento explicativo maior, como é visto em seguida.

48
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL REAL

2.1 GANHO DE TENSÃO EM MALHA ABERTA E IMPEDÂNCIAS


DE ENTRADA E SAÍDA
Um circuito equivalente ao AmpOp real pode ser visualizado na Figura
34. A saída é composta por uma fonte controlada de tensão, dependente de Vd
com ganho de tensão A, em série com uma resistência de saída Ro. Observando
a entrada a partir da Figura 34, percebe-se que a resistência de entrada Ri é a
resistência equivalente de Thévenin vista pelos terminais de entrada. Isso
também pode ser visto se avaliada a saída, assim, a resistência Ro é a resistência
equivalente de Thévenin vista pela saída

FIGURA 34 – CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM AMPOP REAL

FONTE: Alexander e Sadiku (2013, p. 156)

A tensão diferencial é dada por (equação 33):

vd = v2 – v1 (33)

Onde v1 é a tensão entre o terminal inversor e o terra e v2 é a tensão entre


o terminal não inversor e o terra.

O AmpOp, basicamente, detecta a diferença entre os dois terminais e


multiplica pelo ganho de tensão A, resultando em uma tensão de saída vo dada
por (equação 34):

vo = Avd = A(v2 – v1) (34)

Em que A é chamado de ganho de tensão em malha aberta, pois é o ganho


sem qualquer realimentação externa da saída para entrada.

49
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

ATENCAO

O ganho de malha aberta também pode ser apresentado em decibéis (dB):


A(dB) = 20log10A.

A alta impedância de entrada ou a resistência de entrada Ri permite drenar


uma pequena corrente de uma fonte de sinal. A alta impedância se faz necessária
para não provocar perturbações no sinal de entrada. Quanto à impedância de
saída ou resistência de saída Ro, usualmente se projeta para ser o mais baixa
possível, minimizando a perda do sinal quando a saída é carregada com um
componente posterior ao AmpOp.

2.1.1 Tensão de offset


Como os transistores no primeiro estágio do AmpOp, estágio da diferença
da entrada, não são idênticos na realidade, estes provocam um desbalanceamento,
ou seja, uma diferença de tensão na saída. Essa diferença é chamada de tensão de
offset de saída ou tensão de erro de saída e ocorre mesmo quando as entradas são
aterradas. A tensão de offset de entrada não é zero em razão das características
internas, normalmente, apresentando valores de próximos a zero na ordem
de micro a milivolts. Os fatores principais que influenciam são mais bem
compreendidos quando se estuda amplificadores diferenciais. O valor da tensão
de offset deve ser consultado quando se trabalha com pequenos sinais na ordem
de mV, os quais são comuns em aplicações de instrumentação petroquímica,
nuclear, biomédicas, entre outras.

2.1.2 Corrente de polarização


Correntes de polarização de entrada ou input bias current é a média de
correntes entre os dois terminais de entrada 1 e 2. Idealmente, considera-se que
as correntes sejam nulas, porém o AmpOp real apresenta um valor de corrente
muito pequeno. Assim, as correntes de polarização existem e são necessárias para
que os transistores do estágio de entrada operem adequadamente, como visto por
Franco (2016).

50
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL REAL

2.1.3 Slew Rate


A taxa de subida, ou Slew Rate (SR), indica a taxa com que a tensão de saída
responde às mudanças na tensão de entrada. É apresentada nas folhas de dados
por V/µs. A definição pode ser estabelecida pela variação da tensão de saída ∆Vo
pela variação do tempo percorrido ∆t, dada pela seguinte equação (PERTENCE
JR., 2015):

(35)

Pode-se dizer também que o SR representa que o tempo de resposta não


instantâneo, apresentando um atraso para entrar no regime permanente do sinal.
Como exemplo, o modelo AmpOp 741 apresenta na sua folha de dados um SR
de 0,5 V/µs, já o modelo LF351 apresenta SR de 13 V/µs. O valor de SR deve ser
considerado na escolha do AmpOp. Se considerasse uma aplicação com o sinal
de entrada senoidal, a saída do AmpOp pequena ou a frequência muito baixa, o
SR não é um problema. Entretanto, se o sinal de saída for de grande amplitude
e a frequência alta, o SR provocará distorções no sinal de saída. Para evitar a
distorção nesses casos, SR pode ser dado pela equação 36 (PERTENCE JR., 2015):

SR = 2πfVp (36)

Em que f é a frequência do sinal (Hz) e Vp o valor do pico do sinal de


saída [V]. Pertence Júnior (2015) ressaltou a importância de analisar a frequência
máxima permitida fmax ou que pode ser amplificada sem distorção pelo SR. Para
definir a frequência máxima (Hz), é possível isolar a frequência na equação 36 e
encontrar a fmax pela equação 37 (PERTENCE JR., 2015):

(37)

Assim, com a equação 37, pode se deduzir que uma forma de aumentar
a frequência máxima permitida pelo AmpOp é diminuir a tensão de saída ou o
valor de pico do sinal de saída.

51
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

2.1.4 Taxa de rejeição de modo comum


A taxa de rejeição de modo comum, ou common mode rejection ratio
(CMRR), o parâmetro que representa a habilidade de um AmpOp em apresentar
tensão de saída nula quando aplicada a mesma tensão nos dois terminais de
entrada. Entretanto, isso não ocorre na realidade, pois é encontrado um pequeno
sinal de saída em resposta a sinais de modo comum. Idealmente, o CMRR deve
ser infinito. Como não é possível, valores elevados de CMRR são desejáveis, já
que permite reduzir os ruídos de baixa e alta frequência. Ao definir VoCM como a
tensão de saída quando ambas entradas são iguais, ou seja, V1 = V2 = VCM, o ganho
em modo comum pode ser determinado por (equação 38):

(38)

Assim, pode ser definido o CMRR pela razão entre o ganho em modo
diferencial A e o ganho em modo comum ACM (equação 39):

(39)

DICAS

Estude mais sobre corrente de polarização, rejeição em modo comum e


tensão de offset em uma análise do AmpOp 741 no capítulo 5 da obra: FRANCO, S. Projetos
de circuitos analógicos: discretos e integrados. Porto Alegre: AMGH, 2016.

2.1.5 Resposta em frequência


A resposta de frequência, ou bandwidth (BW), do AmpOp deve apresentar
uma largura de faixa ampla suficiente para possibilitar que o sinal amplificado
não apresente nenhum corte ou atenuação. Para o AmpOp ideal, a BW deveria ser
de zero a infinitos Hz. A frequência de ganho unitário funitário, também denominada
frequência de transição ou largura de faixa de ganho unitário, é uma característica
constante e é apresentada na folha de dados dos AmpOps.

Acompanhando a análise de Pertence Jr. (2015), a curva de resposta do


ganho em malha aberta pela frequência do AmpOp CA741 presente em sua
folha de dados na Figura 35, percebe-se o decaimento da curva pelo aumento da
frequência com uma atenuação constante na ordem de 20 dB/década relacionada
à estrutura interna do AmpOp. Ainda pela Figura 35, é apresentada a largura

52
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL REAL

da faixa (BW) na ordem de 5 Hz, a frequência de corte fc no ponto A (ponto no


qual o ganho máximo sofre uma queda de 3 dB) e é impraticável na maioria das
aplicações. No ponto B, é representada a frequência de ganho unitário funitário ou
fT de 1 MHz.

FIGURA 35 – COMPARAÇÃO DO GANHO DE TENSÃO EM MALHA ABERTA E FECHADA VERSUS


FREQUÊNCIA

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 22)

3 A REALIMENTAÇÃO NEGATIVA NOS AMPLIFICADORES


OPERACIONAIS
O conceito de RN é fundamental para compreender os AmpOps. Ocorre
quando a saída é alimentada no terminal negativo v1 do AmpOp. Essa configuração
possibilita uma otimização de algumas características típicas do AmpOp e ainda
abrange a grande maioria das aplicações envolvendo AmpOps. As configurações
típicas com realimentação negativa são (PERTENCE JR., 2015):

• seguidor de tensão;
• amplificador não inversor e inversor;
• somador;
• diferencial ou subtrator;
• diferenciador;

53
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

• integrador;
• filtros ativos;
• entre outros.

O funcionamento em malha fechada com realimentação negativa gera uma


redução no ganho de tensão e um aumento na largura de banda, porém também é
importante ressaltar que a resposta é linear, sendo o ganho de tensão especificado
pelo projetista. Esse ganho de tensão pode ser controlado por meio do circuito
de RN, como pode ser deduzido analisando o diagrama de um AmpOp genérico
com RN apresentado na Figura 36 (PERTENCE JR., 2015).

FIGURA 36 – AMPLIFICADOR GENÉRICO COM REALIMENTAÇÃO NEGATIVA

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 18)

Observando o diagrama de blocos na Figura 36, é possível estabelecer a


equação 40, conhecida como equação de Black, do ganho de tensão em malha
fechada Avf:

(40)

Em que B é o fator de RN, que pode variar de 0 a 1.

Se o ganho de tensão em malha aberta tender ao infinito, Avf = 1/B. Assim,


este é um mérito do RN, pois o ganho de malha fechada depende apenas do fator
controlado de RN e pode ser controlado pelo circuito de realimentação negativa.

Outro efeito da realimentação negativa é explicado pelos conceitos de


curto-circuito virtual e terra virtual. A natureza virtual é relacionada à coexistência
de uma igualdade entre tensões sem ligação física entre os terminais. O conceito
é baseado em um AmpOp ideal. Considerando o AmpOp real com realimentação
negativa na Figura 37, com a característica ideal de que a impedância de entrada
Ri é infinita, as correntes de polarização IB1 e IB2 são aproximadamente zero. Logo,
I1 mais I2 é igual a zero e aplicando a lei de corrente de Kirchhoff, se obtém a
equação 41:

(41)

54
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL REAL

Sendo Vd = V2 – V1 da equação 1, a equação 42 fica:

(42)

Se considerarmos que o ganho de tensão A tende ao infinito Vb, é igual a


Va e a diferença de potencial entre os pontos b e a é nula, independentemente dos
valores de tensão de entrada nos dois terminais. Assim, existe um curto-circuito
virtual entre os terminais quando o AmpOp é realimentado negativamente
(Figura 37).

FIGURA 37 – MODELO AMPOP REAL COM REALIMENTAÇÃO NEGATIVA

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 19)

O terra virtual é um caso específico do curto-circuito virtual, quando V2 é


zero e o terminal não inversor está conectado ao terra. Circuitos de malha aberta
ou com realimentação positiva não apresentam essas propriedades, ou seja, não
operam como amplificadores lineares. Essa característica possibilita concluir
que quanto maior for o valor A utilizado, o valor da entrada não inversora se
aproximará do valor da entrada inversora com Vo de valor finito.

Na realimentação negativa, o sinal de saída será defasado de 180° em


relação ao sinal de entrada. Voltando à Figura 35, utilizando o AmpOp em
realimentação negativa, pode-se dizer que a frequência unitária funitário é sempre
constante dada por (equação 43):

funitário = A . BW (43)

55
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

EXEMPLO 2:

Calcule a largura de banda para um AmpOp com ganho de tensão


máximo de 63 dB em malha aberta no ponto da frequência de corte e
funitário = 1 MHz.

No ponto de frequência de corte:

A(db) = Amax(dB) – 3 dB
A(db) = 60 dB
A(db) = 20log10A é o mesmo que dizer A = 10n  A (dB) = 20n, então
A = 103.

Isolando BW na equação 12:

BW = funitário = 10⁶ = 1 kHz (12)


A 10³

Outra característica muito importante em um circuito em realimentação


negativa do AmpOp é a compensação de temperatura. As pequenas variações do
funcionamento dos componentes internos do AmpOp ocasionadas pela variação
de temperatura são compensadas pelo processo de subtrair da entrada uma
parcela do sinal de saída. Assim, se algum evento externo muda as características
de funcionamento do AmpOp de forma que a saída tende a aumentar, o sinal de
entrada é diminuído ao mesmo tempo.

4 AMPLIFICADORES DISPONÍVEIS NO MERCADO


AmpOps comerciais são construídos de diversas tecnologias por
diferentes fabricantes. Para cada fabricante, existe uma codificação diferente até
para um mesmo produto. Sendo assim, é importantíssimo o projetista conhecer
a codificação de cada fabricante, analisar a folha de dados destes e selecionar
as características necessárias ao projeto, para definição do AmpOp. No Brasil,
os fabricantes mais conhecidos são Fairchild, National Semiconductor, Texas
Instruments, Motorola, RCA, Signetics e Siemens. Podem ser dados exemplos
das diferentes codificações dos fabricantes para o mesmo AmpOp comercial
de estrutura interna conhecida pela codificação 741: µA741 (Fairchild), LM741
(National Semiconductor e Texas Instruments), MC1741 (Motorola), CA741
(RCA), SN741 (Texas Instruments), SA741 (Signetics) e TBA221/741 (Siemens).

O primeiro AmpOp monolítico de circuito integrado (CI) foi o µA702


em 1963, logo substituído pela tecnologia bipolar. A denominação de tecnologia
bipolar vem da estrutura interna dos AmpOps de utilizar transistores bipolares,
por exemplo µA741 e µA709. A tecnologia BIFET tem uma estrutura interna com

56
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL REAL

uma combinação de transistores bipolares com transistores JFETs, como exemplo


o LF351. Ainda pode ser citada a tecnologia BIMOS, que combina transistores
bipolares com MOSFET, como o CA3140. A tecnologia BIFET é superior em quase
todos os aspectos à BIMOS por aproveitar características de ambos os transistores,
tendo a vantagem de altíssima resistência de entrada, ampla largura de banda,
alto SR e correntes de polarização baixas. Os transistores JFETs são utilizados
no estágio de entrada para obter menores correntes de polarização de offset de
entrada, já os transistores bipolares permitem um maior ganho de tensão nos
estágios posteriores.

Como exemplo de diferentes características disponíveis para escolha do


AmpOp dependendo da aplicação, são apresentados alguns modelos diferentes
no Quadro 4. Muitos CIs, como os µA741, LM324 e LF411, têm modelos digitais
no PSpice para simulação do seu funcionamento com o software Orcad Capture.
Assim, é possível avaliar antes o funcionamento do projeto.

QUADRO 4 – PARÂMETROS TÍPICOS PARA AMPOPS COMERCIAIS

Tipo µA741 LM324 LF411 AD549K OPA690


Baixo offset; Corrente de Amplificador
Uso Baixa entrada JFET polarização de
Descrição
geral potência de baixa de entrada vídeo em
flutuação ultrabaixa banda larga
Ganho
em malha 2 × 105 105 2 × 105 106 2800
aberta (A)
Impedância de
2 MΩ * 1 TΩ 10 TΩ 190 kΩ
entrada (Zin)

Impedância de
75 Ω * ~1Ω ~15Ω *
saída (Zout)

Tensão de
offset de
1,0 mV 2,0 mV 0,8 mV 0,150 mV ±1,0 mV
entrada
(vin(off))

Corrente
de polarização
80 nA 45 nA 50 pA 75 fA 3 µA
de entrada
(Iin(bias))
Slew Rate 0,5 V/µs * 15 V/µs 3 V/µs 1800 V/µs
Razão de
rejeição
90 dB 85 dB 100 dB 100 dB 65 dB
em modo
comum
FONTE: Adaptado de Hayt Jr., Kemmerly e Durbin (2014)

57
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

DICAS

Para análise e simulação de circuitos com AmpOps, conheça o software


PSpice e Orcad Capture no link a seguir: https://qrgo.page.link/zYf81.

Os principais fatores a serem considerados na seleção para o projeto são


o ganho de tensão necessário por meio do ganho de tensão em malha aberta, a
largura de banda da aplicação, o nível de ruído aceitável, a impedância de entrada
requerida e o consumo de potência permitido. Dentro das opções de escolha,
ainda existem os diferentes encapsulamentos, normalmente metálicos, cerâmicos
ou de plástico, como ilustrado na Figura 36 para o CI 741. Os metálicos e os
cerâmicos dissipam melhor o calor e são hermeticamente selados. Os plásticos
mais comuns são dual in-line package (DIP) de 14 (dois AmpOps) e 8 pinos, que
podem não ser adequados em algumas aplicações como aeroespacial, militar
e médica. É importante ressaltar a escolha das características necessárias ao
projeto, o conhecimento de alguns modelos comerciais e das diferentes marcas.
A especificação errada pode colocar um CI inadequado, provocando erros no
funcionamento, ou ainda subutilizado, acrescentando custo desnecessário ao
projeto.

FIGURA 36 – ESTILOS DE ENCAPSULAMENTO E PINAGEM DO CI 741

FONTE: Adaptada de Malvino e Bates (2016)

58
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR OPERACIONAL REAL

LEITURA COMPLEMENTAR

CIRCUITOS ANALÓGICOS DÃO ADEUS AOS AMPLIFICADORES


OPERACIONAIS

Num mundo em que o progresso tecnológico é capitaneado pelos circuitos


digitais, por que alguém se preocuparia com os circuitos analógicos? A resposta
é simples: a indústria eletrônica inteira.

Embora os circuitos analógicos, hoje totalmente eclipsados pelos digitais,


possam dar a falsa impressão de serem algo ultrapassado, a verdade é que, fora
dos chips, o mundo é analógico – o ser humano é analógico. Os circuitos analógicos
são necessários para se amplificar, processar e filtrar sinais contínuos e convertê-
los para digitais e vice-versa. Sinais digitais são sempre discretos, como 0s e 1s,
enquanto os sinais analógicos são contínuos, variando apenas em tamanho.

E como os circuitos analógicos não experimentaram o mesmo ritmo de


desenvolvimento tecnológico que os digitais, está se tornando um problema
cada vez maior fazer a interface entre a multiplicidade de sinais do mundo real
– como sons e imagens, por exemplo – e o mundo dos microprocessadores. Esses
circuitos representam um gargalo cada vez maior para o avanço de equipamentos
eletrônicos de consumo, porque eles simplesmente gastam energia demais.

Agora, engenheiros da universidade norte-americana MIT projetaram um


novo tipo de circuito analógico que poderá mudar esse quadro. A equipe do Dr.
Hae-Seung Lee desenvolveu uma nova classe de circuitos analógicos que elimina
a necessidade dos amplificadores operacionais, mas mantém virtualmente todos
os benefícios dos circuitos baseados nesses amplificadores.

Amplificadores Operacionais

Um amplificador operacional é um circuito capaz de efetuar cálculos


matemáticos, utilizando diferenças de tensão como representativas de valores
numéricos. Por mais paradoxal que possa parecer, os avanços da tecnologia
de fabricação de componentes eletrônicos dos últimos anos tiveram um efeito
negativo sobre esses componentes.

A miniaturização fez com que os amplificadores operacionais tivessem um


decréscimo no seu ganho e passassem a operar em uma faixa mais estreita. Para
compensar essas restrições, os circuitos analógicos tiveram que passar a consumir
mais energia, sugando a maior parte da potência das baterias dos equipamentos
portáteis.

59
UNIDADE 1 — CONHECENDO O AMPLIFICADOR OPERACIONAL

Não menos importante, enquanto o desenho dos chips digitais hoje é quase
inteiramente feito por software, o desenho dos circuitos analógicos continua a ser
uma tarefa essencialmente humana.

Tecnologias emergentes

Os novos circuitos analógicos agora criados pela equipe do Dr. Lee eliminam
a necessidade dos amplificadores operacionais, mas mantêm virtualmente todos
os seus benefícios. A nova técnica foi batizada de CBSC ("Comparator-Based
Switched Capacitor", ou capacitor chaveável baseado em comparadores).

O CBSC manipula a tensão de forma diferente dos circuitos analógicos


tradicionais, resultando em uma eficiência energética muito maior. "[Esta]
arquitetura se baseia em blocos de circuitos que são muito mais facilmente
implementáveis com fontes de tensão de 1 volt ou menos," diz Dave Robertson,
outro membro da equipe.

Outra vantagem dessa nova arquitetura é que ela poderá permitir a


implementação de circuitos analógicos em tecnologias emergentes, como circuitos
baseados em nanotubos de carbono, nanofios e dispositivos moleculares, porque
é muito mais fácil implementar comparadores nestas novas tecnologias do que
amplificadores operacionais.

FONTE: Adaptado de INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Circuitos analógicos dão adeus aos amplifi-
cadores operacionais. 2007. Disponível em: www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.
php?artigo=010110070228. Acesso em: 20 mar. 2021.

60
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Variações térmicas podem provocar alterações relevantes nas características


elétricas dos AmpOps, fenômeno chamado de drift.

• O AmpOp, basicamente, detecta a diferença entre os dois terminais e multiplica


pelo ganho de tensão A, resultando em uma tensão de saída v0 dada por:

• A taxa de subida, ou Slew Rate (SR), indica a taxa com que a tensão de saída
responde às mudanças na tensão de entrada. Este é um importante parâmetro
para aplicações de altas frequências.

• A taxa de rejeição de modo comum, ou common mode rejection ratio (CMRR), é


o parâmetro que representa a habilidade de um AmpOp em apresentar tensão
de saída nula quando aplicada a mesma tensão nos dois terminais de entrada.

• A resposta de frequência, ou bandwidth (BW), do AmpOp deve apresentar uma


largura de faixa ampla suficiente para possibilitar que o sinal amplificado não
apresente nenhum corte ou atenuação.

• O conceito de realimentação negativa é fundamental para compreender os


AmpOps. Ocorre quando a saída é alimentada no terminal negativo v1 do
AmpOp.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

61
AUTOATIVIDADE

1 As características ideais de um amplificador operacional (AmpOp) são


distintas na prática. Para um AmpOp real, com relação a suas características,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Tensão diferencial de offset entre os terminais de entrada é zero.


b) ( ) Corrente nos terminais de entrada é zero.
c) ( ) Saturação do sinal de saída igual à tensão de alimentação.
d) ( ) Impedância de entrada é finita.
e) ( ) Impedância de saída é igual à zero.

2 Um amplificador (AmpOp) operacional hipotético tem um grande degrau


de tensão como tensão de entrada. A tensão de saída tem uma forma de
onda exponencial que varia até 0,45V em 0,3µs. Qual o Slew Rate desse
AmpOp?

a) ( ) 0,15V/ms.
b) ( ) 0,85V/µs.
c) ( ) 0,65V/ms.
d) ( ) 1,5V/µs.
e) ( ) 1,7V/µs

3 O amplificador operacional LF411 apresenta um Slew Rate de 15 V/µs e está


conectado a um circuito que proporciona uma tensão de saída com 4,5V de
tensão de pico. Qual é a largura de banda de potência?

a) ( ) 150kHz.
b) ( ) 333kHz.
c) ( ) 530kHz.
d) ( ) 650kHz.
e) ( ) 875kHz.

4 Para um determinado AmpOP, foram especificados um Slew Rate de


100V/µs e um ganho máximo em malha aberta de 125dB. Determine,
aproximadamente, a largura de banda de potência para uma variação
da tensão de saída de 20V pico a pico e o ganho do AmpOp no ponto da
frequência de corte, supondo que esteja em malha aberta.

a) ( ) 79,5kHz e 138dB.
b) ( ) 159kHz e 128dB.
c) ( ) 795kHz e 120db.
d) ( ) 1,59MHz e 122dB.
e) ( ) 7,95MHz e 125dB.

62
5 Amplificadores logarítmicos são aplicados nas áreas de medição de volume
de som, instrumentação nuclear, equipamentos de radar, entre outros.
A figura apresenta uma configuração básica de um circuito logarítmico.
Determine a tensão de saída, em condição de temperatura ambiente (25 °C),
quando Vi = 100 mV, R1 = 20 KΩ e IES = 0,1pA.

FONTE: <https://bit.ly/2QXJvJ4>. Acesso em: 20 mar. 2021.

a) ( ) -270,9 mV.
b) ( ) -330,7 mV.
c) ( ) -460,9 mV.
d) ( ) -480,2 mV.
e) ( ) -520,2 mV.

6 Um amplificador anti-logarítmico é um circuito eletrônico que produz uma


saída que é proporcional ao anti-logaritmo da entrada aplicada. Determine
a tensão de saída, em condição de temperatura ambiente (25 °C), quando Vi
= 200 mV, R1 = 10 kΩ e IES = 0,5 pA.

a) ( ) -5,5 µV.
b) ( ) -7,7 µV.
c) ( ) - 9,0 µV.
d) ( ) -10,9 µV.
e) ( ) -13,6 µV.

7 Um conversor digital-analógico de 4 bits, como o da figura, converte os


bits para um intervalo de tensão de 0 a 6,75 V. Calcule a resolução desse
conversor digital-analógico.

FONTE: <https://bit.ly/3sVvXeY>. Acesso em: 20 mar. 2021.

63
a) ( ) 0,25 V.
b) ( ) 0,30 V.
c) ( ) 0,35 V.
d) ( ) 0,40 V.
e) ( ) 0,45 V.

64
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos
com aplicações. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

DE LA VEGA, A. S. Apostila de teoria para Introdução aos Amplificadores


Operacionais. Niterói, RJ: UFF, 2015. Disponível em: http://www.telecom.uff.
br/~delavega/public/TecComp/aposts/old/opamp.ps. Acesso em: 2 ago. 2019.

DUTRA, E. S. Notas de aula: eletrônica digital aplicada. Caxias do Sul, RS: Cen-
tro Tecnológico de Mecatrônica; SENAI, 2002.

FRANCO, S. Projetos de circuitos analógicos: discretos e integrados. Porto


Alegre: AMGH, 2016.

HAYT JR., W. H.; KEMMERLY, J. E.; DURBIN, S. M. Análise de circuitos em


engenharia. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

MALVINO, A. P.; BATES, D. J. Eletrônica. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. v. 2.

PERTENCE JR., A. Amplificadores operacionais e filtros ativos. 8. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2015. (Série Tekne).

PETRUZELLA, F. Motores elétricos e acionamentos. Porto Alegre: AMGH,


2013. (Série Tekne).

SCHULER, C. A. Eletrônica I. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. (Série Tekne).

65
66
UNIDADE 2 —

APLICAÇÕES BÁSICAS
COM AMPLIFICADORES
OPERACIONAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Analisar circuitos somadores, subtratores e diferenciadores.


• Analisar e identificar circuitos amplificadores na configuração não in-
versora.
• Analisar circuitos amplificadores na configuração não inversora.
• Descrever aplicações de amplificadores não inversores.
• Analisar circuitos amplificadores na configuração inversora.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – SOMADORES E DIFERENCIADORES


TÓPICO 2 – AMPLIFICADORES INVERSORES
TÓPICO 3 – O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

67
68
UNIDADE 2
TÓPICO 1 —

SOMADORES E DIFERENCIADORES

1 INTRODUÇÃO
O amplificador operacional (AmpOp ou AOP) é um elemento de circuito
ativo de fundamental importância por ser um componente básico dos circuitos.
O AmpOp é capaz de adicionar, subtrair, amplificar, integrar, diferenciar sinais,
entre muitas outras funções. Existem três modos de operação para o AmpOp:
sem realimentação, realimentação positiva e realimentação negativa. O modo de
realimentação negativa é o mais utilizado. Duas aplicações são o amplificador
somador e diferenciador. De forma geral, o amplificador somador tem a finalidade
de somar dois ou mais sinais de entradas analógicas ou digitais. O amplificador
diferenciador realiza a operação matemática da diferenciação. Ele produz uma
tensão de saída proporcional à tensão de entrada.

Neste tópico, você vai estudar como analisar e reconhecer circuitos


com amplificadores em configuração somador, subtrator e diferenciador. Além
de conhecer algumas de suas aplicações, você vai estudar a importância dos
amplificadores diferenciadores.

2 SOMANDO SINAIS COM AMPLIFICADOR OPERACIONAL


Um amplificador somador é um circuito com AmpOp que combina
várias entradas e produz uma saída que é a soma ponderada das entradas. O
amplificador somador é uma variação do amplificador inversor, a qual possibilita
manipular diversas entradas ao mesmo tempo. Os amplificadores somadores
nos permitem somar n diferentes tensões obtendo na sua saída o resultado da
operação. A extremidade oposta do resistor conectado à entrada inversora é
mantida em terra virtual pela realimentação, portanto, adicionar novas entradas
não afeta a resposta das entradas existentes.

A configuração básica do AmpOp somador é mostrada na Figura 1.


Considerando que a corrente que entra em cada entrada é zero em um AmpOp
ideal, aplica-se a lei de Kirchhoff de corrente no nó a (equação 1) (ALEXANDER;
SADIKU, 2013):

i = i1 + i2 + i3 (1)

69
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 1 – CONFIGURAÇÃO BÁSICA DE AMPLIFICADOR SOMADOR

FONTE: Adaptada de Alexander e Sadiku (2013)

Pode-se dizer que as correntes dos circuitos são encontradas por meio:

(2)

Como va = 0 e substituindo a equação 2 na equação 1, obtém-se (equação


3):

(3)

A equação 3 indica que a tensão de saída é uma soma ponderada e invertida


das entradas de sinal. Por essa razão, a denominação de circuito somador. A
tensão de saída desse circuito é a soma algébrica das tensões aplicadas às entradas,
multiplicada pelo ganho que é dado pela relação das resistências.

Caso todos os resistores das entradas sejam selecionados com o mesmo


valor de resistência, é obtida uma equação simplificada (equação 4):

70
TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES

A equação 3 indica que a tensão de saída é uma soma ponderada e invertida


das entradas de sinal. Por essa razão, a denominação de circuito somador. A
tensão de saída desse circuito é a soma algébrica das tensões aplicadas às entradas,
multiplicada pelo ganho que é dado pela relação das resistências.

Caso todos os resistores das entradas sejam selecionados com o mesmo


valor de resistência, é obtida uma equação simplificada (equação 4):

(4)

EXEMPLO 1: Considere a Figura 1, onde Rf = 10 kΩ|, R₁ = 5 kΩ,


R₂ = 10 kΩ e R₃ = 12 kΩ. Qual seria a tensão de saída para a entrada das
tensões v₁ = 5 V, v₂ = 2 V e v₁ = 1 V?

A tensão de saída conforme a equação 3 é:

Assim, o amplificador somador pode ser expandido, de forma a considerar


mais entradas que o exemplo de três tensões na Figura 1. Podem serem somadas
duas, três, quatro ou mais entradas. É possível ajustar, individualmente, cada
entrada de forma ponderada, selecionando os resistores de entrada e o resistor de
realimentação, ou trabalhar com todas com o mesmo peso.

Para minimizar a tensão de offset, pode ser utilizado um resistor de


equalização Re, demonstrado na Figura 2. O valor ideal dessa resistência é obtido
pelo valor das resistências em paralelo, conforme a equação 5:

Re = Rf // R1 // R2 // R3 (5)

FIGURA 2 – CONFIGURAÇÃO BÁSICA DE AMPLIFICADOR SOMADOR

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 46)

71
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Ainda pode ser utilizado um caso de amplificador somador especial,


em que a tensão de saída não sofre inversão. Na Figura 3, é apresentado um
amplificador somador não inversor. Aplicando a lei de Kirchhoff de corrente no
nó b, é obtida a seguinte relação (equação 6) (PERTENCE JR., 2015):

(6)

FIGURA 3 – CONFIGURAÇÃO DE UM AMPLIFICADOR SOMADOR NÃO INVERSOR

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 47)

Isolando vb, é obtida a equação 7:

(7)

A tensão de saída vo do amplificador não inversor se relaciona com os


resistores R e Rf e a tensão vb, conforme a equação 8:

(8)

Para os sinais alternados, como sinais senoidais, são apresentadas


variações de amplitudes em função do tempo. Para encontrar a forma de onda na
saída, necessário calcular a tensão em cada instante de tempo. Nesses casos, o uso
de ferramentas computacionais na simulação dos circuitos torna-se um grande
aliado aos projetistas, principalmente se as frequências dos sinais somados forem
diferentes.

Os amplificadores somadores também podem ser chamados de mixers


(misturadores) (SCHULER, 2016). Um exemplo de utilização é a soma da saída
de quatro microfones durante uma sessão de gravação. A ausência de interação
entre as entradas é uma vantagem dos mixers de áudio inversores, a qual evita

72
TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES

que um determinado sinal de entrada apareça nas demais. Essa característica


de isolamento é devida ao terra virtual dos amplificadores inversores, como
ilustrado na Figura 4.

FIGURA 4 – TERRA VIRTUAL EM AMPLIFICADORES SOMADORES INVERSORES

FONTE: Schuler (2016, p. 27)

O conversor digital-analógico (DAC) é uma aplicação do amplificador


somador inversor. Esse circuito tem como objetivo transformar sinais digitais na
forma analógica. É também conhecido como escala binária ponderada, em que os
bits são ponderados de acordo a sua posição ocupada (ALEXANDER; SADIKU,
2013).

ATENCAO

Para os DACs, cada bit menos significativo deve ter a metade do peso do bit
mais significativo seguinte pelo valor decrescente de R1/Rn.

3 OPERAÇÃO DE SUBTRAÇÃO
Subtração é uma operação matemática da remoção de um valor numérico
por outro valor numérico, em outras palavras, uma ou mais quantidades são
retiradas de outra, e o valor restante é o resultado dessa operação. O amplificador
em configuração subtrator tem como finalidade amplificar a diferença entre
dois sinais ou entre um e outros sinais. Os amplificadores subtratores podem
ser usados quando se deseja remover um sinal indesejado de outro, como um
ruído ambiente ou até uma correção de offset para que o centro da faixa dinâmica
do sinal amplificado coincida com o centro da faixa dinâmica de entrada do
DAC. Esses amplificadores são uma combinação do amplificador inversor com

73
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

o amplificador não inversor. A configuração básica do amplificador subtrator é


apresentada na Figura 5.

FIGURA 5 – CONFIGURAÇÃO BÁSICA DE UM AMPLIFICADOR SUBTRATOR

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 48)

Considerando que, idealmente, as correntes de entrada no amplificador


são nulas, aplica-se a lei de Kirchhoff de corrente no nó a (equação 9) (ALE-
XANDER; SADIKU, 2013):

(9)

Isolando a tensão de saída na equação 9, é obtida a seguinte equação 10:

(10)

Analisando o nó b com a lei de Kirchhoff de corrente, obtém-se (equação 11):

(11)

Isolando a tensão vb na equação 11, é obtido (equação 12):

(12)

Como va = vb pela propriedade de curto-circuito virtual, substitui-se a


equação 12 na equação 10, obtendo (equação 13) (PERTENCE JR., 2015):

(13)

Para o amplificador subtrator, as resistências relacionadas a cada entrada


podem ser distintas, como na Figura 6, nesse caso, a tensão de saída seria obtida
por meio da equação 14 (ALEXANDER; SADIKU, 2013):
74
TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES


(14)

FIGURA 6 – AMPLIFICADOR COM RESISTÊNCIAS DISTINTAS

FONTE: Adaptada de Alexander e Sadiku (2013)

É possível adicionar mais entradas na parte inversora do amplificador


subtrator, como no amplificador somador. Entretanto, pode haver apenas uma
entrada não inversora. Se for necessário somar várias entradas não inversoras
com várias entradas inversoras, utiliza-se dois estágios inversores, um para
somar as entradas não inversoras e outro para subtrair esse sinal com as entradas
inversoras.

Outro cuidado necessário quanto ao projeto do circuito é não causar a


saturação do AmpOp, ou seja, a tensão de entrada tem que ser elevada o suficiente
para que a tensão de saída seja limitada pela tensão de alimentação. Existe outra
maneira interessante de analisar essa configuração, que é por meio do teorema de
superposição. Esse teorema pode ser usado para resolver circuitos com arranjos
adversos.

Outra variação especial dessa configuração é a aplicação quando há


a necessidade de amplificar apenas a diferença entre dois sinais de entrada. A
principal característica de interesse para essa configuração é rejeitar os sinais
comuns das duas entradas, ou seja, a rejeição de sinais que estejam presentes em
ambas as entradas do AmpOp. Diferentemente do que foi visto anteriormente
com amplificador subtrator, o caso especial de rejeição de sinais comuns entre
duas entradas deve apresentar vO = 0 quando as entradas forem iguais (v1 = v2), ou
seja, deve ser obedecida a seguinte relação para as resistências de entrada, como
visto na Figura 6 (equação 15):

Assim, a resposta em tensão é sempre dada pela equação 13. O


amplificador subtrator nessa configuração nada mais é que a base do amplificador

75
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

de instrumentação, os quais possibilitam aplicações mais restritas. No entanto,


os amplificadores de instrumentação têm a capacidade de desempenhar sua
função com resultados superiores em comparação a um amplificador subtrator.
De forma geral, o amplificador subtrator é para aplicações gerais e flexíveis. Já
o amplificador de instrumentação atua somente como amplificador em faixas
específicas e bem delimitadas de ganho.

Como exemplo de aplicação, quando temos um circuito próximo a uma


fonte de ruído qualquer, os sinais de entrada são afetados por estes, tendo o
ruído sobreposto ao sinal. A rejeição desse ruído é decorrente da característica
de configuração de rejeição a sinais de modo comum (common mode rejection
– CMR) da configuração. No entanto, não confunda com a taxa de rejeição de
modo comum (common mode rejection ratio – CMRR), este é um parâmetro que
representa a habilidade de um modelo de AmpOp em apresentar tensão de
saída nula quando aplicada a mesma tensão nos dois terminais de entrada. Na
prática, um AmpOp de alta qualidade apresenta o CMRR de 100 dB no mínimo,
podendo citar como exemplo o LM725 e o LH0036 da National Semiconductors,
amplificadores de instrumentação. Para amplificador subtrator, em razão da
utilização de componentes discretos externos, a rejeição a sinais de modo comum
não funciona tão bem quanto os amplificadores de instrumentação, o qual já
inclui internamente os quatro resistores.

Os sinais são ditos em modo comum quando aparece em duas linhas de


um sistema em fase referidos a um valor de terra. A Figura 7 ilustra um exemplo
de rejeição de sinal comum por um AmpOp, que rejeita o ruído de 60 Hz.

FIGURA 7 – AMPLIFICADOR SUBTRATOR, REJEITANDO SINAIS COMUNS

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 51)

Diversos sistemas de comunicações por meio de fio utilizam sinais em


modo comum. Com a utilização da configuração subtratora, problemas como
de blindagens, terra e outros que podem causar a deterioração dos sinais são
contornados. É uma técnica utilizada em sistemas de áudio por meio dos cabos

76
TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES

balanceados, a qual visa a minimizar os ruídos captados por eles. O ruído tende
a ter amplitudes e fases semelhantes em ambos os condutores, assim, possível
atenuá-los de maneira bem efetiva. O mesmo conceito é adotado no mundo
digital, por exemplo, os cabos de rede ou outras conexões de alta velocidade
que utilizam vias balanceadas. As USB 3.0 (barramento serial universal 3.0)
proporcionam fluxos de dados de alta velocidade utilizando fios emparelhados.
Esses são chamados de pares diferenciais complementares. Os sinais de dados
passam por amplificadores diferenciais, os quais rejeitam ou atenuam ruídos em
modo comum e produzem a saída desejada (MALVINO; BATES, 2016).

Outro exemplo de aplicação é no condicionamento de sinais, os quais


são compostos por um processo de aquisição de dados, amplificação do
sinal e digitalização. A digitalização consiste em converter um tipo de sinal
elétrico ou mecânico (sinal de entrada) em outro (sinal de saída). Durante esse
processo, se amplifica e converte este sinal em uma forma compatível com
sistemas de leitura ou controle de máquina. O condicionamento de sinal utiliza
diferentes amplificadores para diferentes utilidades, incluindo amplificadores
de instrumentação ou subtratores, e amplificadores de isolação (seguidores
de tensão). Os amplificadores para essa função são caracterizados por alta
impedância de entrada, alta CMRR e alto ganho.

4 O AMPLIFICADOR DIFERENCIADOR
O amplificador diferenciador tem como resposta a derivada do sinal de
entrada, ou seja, tem como resposta uma saída proporcional à taxa de variação do
sinal de entrada. Muito similar ao amplificador integrador, modificando apenas
as posições do resistor e do capacitor. As aplicações desse amplificador podem
ser para a detecção das bordas dianteiras e posteriores de um pulso retangular
ou apenas para a produção de spikes estreitos e, ainda, para produzir uma saída
retangular a partir de uma entrada rampa. A Figura 8 ilustra um amplificador
diferenciador básico.

FIGURA 8 – AMPLIFICADOR DIFERENCIADOR FUNDAMENTAL

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 62)

77
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Ao aplicar a lei de Kirchhoff no nó a, a corrente que passa pelo resistor mais


a corrente do capacitor são igual a zero (equação 16) (ALEXANDER; SADIKU, 2013):

i + if = 0 (16)

As correntes podem ser calculas por (equação 17):

(17)

Substituindo a equação 17 na 16 (equação 18):

(18)

Isolando a tensão de saída vo (equação 19):

(19)

As consequências dessa configuração são uma alta susceptibilidade a


ruídos de alta frequência, instabilidade de ganho e processo de saturação muito
rápido. Na prática, essa configuração é raramente utilizada, já que amplifica
qualquer ruído elétrico, sendo sensível às variações de frequência, tornando-se
eletronicamente instável.

Para evitar a tendência de oscilação do amplificador diferenciador


básico e o processo de saturação rápido à medida que a frequência aumenta,
geralmente incluído alguma resistência R1 em série com o capacitor, tipicamente,
de 0,01Rf a 0,1Rf (MALVINO; BATES, 2016). Essa configuração é conhecida como
amplificador diferenciador prático, no qual o resistor adicionado tem como
objetivo limitar o ganho de tensão em malha fechada para altas frequências, dando
estabilidade a ele. Até uma determinada frequência fL, o circuito se comportará
como amplificador diferenciador. Após essa frequência, se comportará como um
amplificador inversor de ganho – Rf /R1. Quanto mais afastado dessa frequência
nos dois sentidos, mais verdadeiras serão essas relações. A frequência fL é dada
por (equação 20):

(20)

A Figura 9 ilustra como é o amplificador diferenciador prático e também


que pode ser adicionado um resistor de equalização Re para minimizar a tensão
de offset. Outra medida para apresentar uma saída mais precisa, que deve ser
imposta como mais uma condição ao projeto (equação 21), é:

R1C ≤ T/10 (21)

onde T é o período do sinal aplicado na entrada.

78
TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES

FIGURA 9 – AMPLIFICADOR DIFERENCIADOR PRÁTICO

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 65)

O diferenciador é largamente utilizado na implementação de filtros


ativos, porém com menos frequência que os integradores. Outra aplicação são os
controladores eletrônicos analógicos, os quais têm como função avaliar os erros
ou os desvios das variáveis controladas em um processo industrial, enviando um
sinal elétrico para que outros dispositivos atuem, no processo, corrigindo os erros
ou desvios detectados. Existem três tipos de ações que também identificam os
tipos de controladores: ação proporcional, ação integral e ação derivativa, sendo
que estas podem ser combinadas entre si, formando as ações como proporcional
+ integral (PI) e proporcional + integral + derivativa (PID). O amplificador
diferenciador, como o nome já diz, é relacionado com as ações derivativas, as
quais nunca são utilizadas de forma isolada, sendo sempre associada com a
proporcional, a integral, ou com ambas.

DICAS

Conheça a opção de software Eagle para simulação de circuitos e confecção


de placas de circuito impresso, consultando o link a seguir: https://qrgo.page.link/8k8Xj.

5 AMPLIFICADORES NÃO INVERSORES


A utilização de amplificadores operacionais varia de acordo com as
entradas utilizadas, sendo esperado comportamento distinto no sinal de saída.
Utilizando a entrada não inversora, serão descritas diversas propriedades

79
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

capazes de simplificar projetos, não sendo necessário utilizar complexos modelos


de corrente alternada (CA).

Por fim, serão apresentadas algumas aplicações desse tipo de amplificador


e analisadas suas relações de amplificação, entrada e saída.

5.1 CARACTERÍSTICAS DOS AMPLIFICADORES NÃO


INVERSORES
O amplificador diferencial é um circuito básico com a função de amplificar
um sinal de entrada (simples ou diferencial), sendo basicamente composto por
dois transistores e alguns resistores de polarização, como mostra a Figura 10.

FIGURA 10 – CIRCUITO BÁSICO DE UM AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

FONTE: Boylestad, e Nashelsky (2013, p. 507)

Definindo o ganho como a razão entre a tensão de saída e a de entrada,


possível determiná-lo, inicialmente, em função de cada uma das entradas
separadamente, como pode ser observado nas equações 22 e 23.

(22)

(23)

80
TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES

Pode-se assim perceber que se utilizada a entrada 1, o sinal de saída terá


mesmo sinal, ou seja, a mesma fase que o sinal de entrada, recebendo o nome
de entrada não inversora. Utilizando a entrada 2, nota-se um sinal negativo
na equação 2, representando uma mudança de fase de 180° no sinal de saída
em relação ao sinal da entrada, fazendo com que essa entrada receba o nome
de entrada inversora. Essas defasagens podem ser observadas nos esquemas da
Figura 11, que mostram, respectivamente, a saída para um sinal ligado à entrada
não inversora e para um sinal ligado à entrada inversora (FRANCO, 2016).

FIGURA 11 – SINAL DE SAÍDA PARA (A) UM SINAL NA ENTRADA NÃO INVERSORA E (B) UM SINAL
NA ENTRADA INVERSORA

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 634; 636)

A partir deste e de outros blocos-base, como espelhos de corrente e


cargas ativas, são construídos circuitos integrados (CIs) amplificadores mais
robustos, com funções que seriam impossíveis de serem implementadas
utilizando componentes discretos (MALVINO; BATES, 2016). Esses CIs,
chamados amplificadores operacionais, têm a função básica de amplificar um
sinal diferencial, ao mesmo tempo garantindo rejeição de modo comum, alta
impedância de entrada, alto ganho e baixa impedância de saída (BOYLESTAD;
NASHELSKY, 2013). Com essas características, é possível fornecer um sinal de
saída com baixa distorção, para cargas de qualquer impedância, sem solicitar
corrente adicional ao sinal sendo amplificado (SCHULER, 2016). A Figura 3A
mostra o símbolo que representa o amplificador operacional, com suas entradas
(não inversora e inversora) e sua saída, cujo sinal referência ao terra, como pode
ser visto na Figura 3B (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013; FRANCO, 2016).

81
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 12 – (A) SÍMBOLO E (B) CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM AMPLIFICADOR


OPERACIONAL

(a)

(b)

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 515-516)

Dessa forma, pode-se perceber que qualquer sinal de tensão diferencial


Vd que for aplicado à entrada será amplificado por um ganho Ad na saída. Nesse
ganho, geralmente na faixa de 200.000, é instável sua operação em malha aberta,
ou seja, nenhuma conexão entre entrada e saída tem aplicações limitadas. Quando
se deseja uma reprodução amplificada do sinal de entrada na saída, é necessário
utilizar um circuito em malha fechada, com realimentação entre entrada e
saída de modo a estabilizar o ganho e manter a saída sem deformações. Em
amplificadores operacionais reais, sua região de operação limitada pela tensão
de alimentação (entre +VCC e −VEE), sofrendo saturação quando ultrapassa esses
limites (MALVINO; BATES, 2016; PERTENCE JR., 2015).

O circuito da Figura 13 mostra um amplificador operacional conectado de


forma a gerar uma amplificação sem inverter o sinal de entrada, cuja realimentação
é feita por um par de resistores. Como essa realimentação é feita utilizando a
entrada inversora, recebe o nome de realimentação negativa (SCHULER, 2016).

FIGURA 13 – CIRCUITO AMPLIFICADOR NÃO INVERSOR

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 686)

82
TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES

Em razão da alta impedância de entrada e ao alto ganho em malha


aberta, os amplificadores operacionais apresentam uma característica que torna
o projeto de circuitos utilizando amplificadores operacionais mais simples, não
havendo necessidade de considerar circuitos equivalentes internos ao mesmo:
o curto-circuito virtual. Essa alta impedância faz com que não circule corrente
nas entradas do amplificador operacional, entretanto, como há efetivamente uma
ligação física, o potencial elétrico é igual em ambas as entradas. Essa característica
é chamada de virtual porque, em relação ao curto-circuito tradicional, em que
haveria o mesmo potencial entre dois pontos, apresentaria máxima circulação de
corrente entre esses pontos (MALVINO; BATES, 2016).

Em termos gerais, o curto-circuito virtual apresenta duas características:

1. potencial elétrico na entrada não inversora igual ao potencial elétrico na


entrada inversora, ou seja, é um curto-circuito para tensão;
2. não há circulação de corrente para o amplificador operacional, ou seja, é um
circuito aberto para corrente.

5.2 CIRCUITOS COM AMPLIFICADORES NÃO INVERSORES


Utilizando o conceito do curto-circuito virtual no circuito da Figura 4,
é possível então determinar as tensões das entradas não inversora e inversora,
respectivamente, pelas equações 24 e 25.

v1 = vin (24)

v2 = v1 = vin (25)

Como não há corrente circulando para o amplificador operacional, a


corrente flui apenas da saída (vout) para o terra, onde os dois resistores podem ser
caracterizados por um divisor de tensão, como mostra a equação 26. Por definição
o ganho é dado pela razão entre a tensão de saída pela de entrada, resultando na
equação 27, que representa o ganho em malha fechada.

(26)

(27)

EXEMPLO 2:

Considere o circuito da Figura 13, no qual o amplificador operacional é


alimentado com VCC = +15 V e VEE = −15 V. Agora considere um sinal de entrada
cujo maior valor de tensão é de 100 mV e R1 = 1 kΩ. Considere Rf composto por
uma resistência fixa (Rf1) de 99 kΩ em série com um potenciômetro (Rf2) de 100
kΩ, ou seja, Rf = Rf1 + Rf2.

83
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Determine:
a) o menor ganho em malha fechada;
b) a tensão de saída máxima;
c) o maior ganho em malha fechada;
d) a tensão de saída máxima.

Solução:
a) O menor ganho em malha fechada ocorre quando o potenciômetro está no seu
mínimo, ou seja, Rf2 = 0. Dessa forma, Rf = 99 kΩ. Utilizando a equação 6, o
ganho em malha fechada pode ser calculado:

b) Utilizando a equação 27 para determinar a maior tensão de saída:

c) O maior ganho em malha fechada ocorre quando o potenciômetro está no seu


máximo, ou seja, Rf2 = 100 kΩ. Dessa forma, Rf = 99 kΩ + 100 kΩ = 199 kΩ.
Utilizando a equação 6, o ganho em malha fechada pode ser calculado:

d) Utilizando a equação 6 para determinar a maior tensão de saída:

Entretanto, esse valor nunca será alcançado, pois a tensão de saída é


limitada pela tensão de alimentação do amplificador operacional, ou seja, 15 V.
Dessa forma, a maior tensão de entrada permitida para esse ganho em malha
fechada é:

Isso significa que para qualquer valor de tensão de entrada maior ou igual
a 75 mV, a tensão de saída será 15 V.

Na prática, em razão das características internas dos amplificadores


operacionais, o ganho de malha aberta diminui conforme a frequência do sinal
de entrada aumenta. Ele se mantém dentro da especificação quando o sinal se
encontra em corrente contínua (CC) até a frequência de corte ( fC), na qual o ganho
é de 70,7% do valor máximo de malha aberta (cai 3 dB). A frequência cai até
chegar a um valor tal que o ganho é unitário ( funitário), e esta faixa se chama largura
de banda (do inglês bandwidth) do amplificador operacional.

O amplificador operacional real 741C apresenta a curva do ganho em


malha aberta em relação à frequência mostrada na Figura 14. Matematicamente,

84
TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES

a largura de banda (também chamada de frequência em malha fechada) pode


ser determinada pela equação 28 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013; MALVINO;
BATES, 2016).

FIGURA 14 – O GANHO EM MALHA ABERTA EM FUNÇÃO DA FREQUÊNCIA DE OPERAÇÃO DO


AMPLIFICADOR OPERACIONAL 741C

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 674)

Outra limitação dos amplificadores operacionais reais se encontra na


velocidade na qual este pode variar sua tensão de saída. Variações bruscas
no sinal de entrada podem não causar a mesma variação no sinal de saída.
Idealmente, aplicando um degrau como sinal de entrada, espera-se um degrau
como sinal de saída. A capacitância presente na saída dos amplificadores faz
com que este comportamento não tenha uma transição tão rápida (BOYLES-
TAD; NASHELSKY, 2013; MALVINO; BATES, 2016; FRANCO, 2016). Essa taxa
de inclinação (do inglês slew rate) é ilustrada na Figura 15A e B, sendo calculada
pela equação 29. A Figura 15C exemplifica um sinal senoidal cuja inclinação é
menor que a taxa de inclinação e a distorção provocada por um sinal senoidal de
inclinação maior.

85
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 15 – (A) RESPOSTA IDEAL E RESPOSTA REAL DE SAÍDA DE UM AMPLIFICADOR


OPERACIONAL NA APLICAÇÃO DE UM DEGRAU. (B) DETERMINAÇÃO GRÁFICA DA TAXA
DE INCLINAÇÃO. (C) SINAL SENOIDAL COM DIFERENTES INCLINAÇÕES E A DISTORÇÃO
PROVOCADA

(a)

(b)

(c)
FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 686)

EXEMPLO 3: Considere um circuito amplificador não inversor, como


o da Figura 4 anterior, alimentado com VCC = +15 V e VEE =−15 V, utilizando o
amplificador operacional 741C, onde R1 = 1 kΩ e Rf = 1 MΩ. Determine:

a) a largura de banda;
b) o tempo necessário para uma rampa de tensão chegar de 0 V a 10 V na saída.

Considere que o amplificador operacional 741C apresenta frequência de


ganho unitário de 1 MHz e slew rate de 0,5 V/μs.

Solução:
a) A largura de banda do circuito é determinada pela equação 28:

Utilizando a aproximação:

Neste caso, o resultado aproximado é apenas 0,1% diferente, provando


que a aproximação é válida para ganhos altos.

86
TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES

b) Pela definição de slew rate da equação 8, a rampa de tensão deve subir de 0 V a


10 V em:

5.3 APLICAÇÕES DE AMPLIFICADORES NÃO INVERSORES


O circuito da Figura 16 mostra a aplicação mais simples de um
amplificador não inversor, o seguidor de tensão. Também conhecido como
buffer, essa topologia é capaz de isolar dois trechos de circuito distintos, mas
propagando o sinal da entrada não inversora para a saída por ser um circuito
de ganho unitário (SCHULER, 2016). Isso pode ser demonstrado utilizando o
conceito do curto-circuito virtual, no qual a tensão na entrada inversora será igual
à da entrada não inversora (vin) e, em razão de realimentação negativa, a tensão
de saída obedecerá a equação 30. A isolação que esse circuito fornece vem da
alta impedância de entrada, impedindo que qualquer corrente circule do sinal
de entrada. Sua principal aplicação consiste em prover uma interface entre uma
fonte de alta impedância para uma carga de baixa impedância (BOYLESTAD;
NASHELSKY, 2013; MALVINO; BATES, 2016).

FIGURA 16 – CIRCUITO SEGUIDOR DE TENSÃO

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 693)

vout = v– = v+ = vin

Utilizando um capacitor na entrada de um amplificador não inversor, faz


com que o sinal que passe por ele tenha qualquer componente CC bloqueada,
deixando apenas as componentes CA do sinal passarem para o amplificador
operacional. A distribuição de sinais de áudio utiliza esse conceito, bem como
diversos seguidores de tensão para que uma única fonte de áudio possa ser
reproduzida em vários locais diferentes sem distorções ou perdas, como mostra
o circuito da Figura 17 (MALVINO; BATES, 2016). O sinal de áudio pode, ainda,
ser amplificado, com ganho mostrado na equação 31 e com a largura de banda
determinada pela Equação (32).
87
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 17 – CIRCUITO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁUDIO

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 746)

(31)

(32)

Muitas vezes, em circuitos eletrônicos, como fontes, é necessário que uma


tensão seja muito estável para ser utilizada de referência. Para isso, existem CIs
dedicados. Entretanto, muitas vezes o nível de tensão que esses CIs fornecem não
é adequado com o projeto. Um amplificador não inversor pode ser utilizado para
se alcançar o nível de tensão necessário da referência, mantendo sua estabilidade.
O circuito da Figura 18 utiliza o CI MC1403, que fornece uma tensão de referência
de 2,5 V, que será amplificada pelo amplificador operacional (MALVINO; BATES,
2016). A equação 33 representa a tensão de saída em função da tensão de referência
na entrada não inversora.

88
TÓPICO 1 — SOMADORES E DIFERENCIADORES

FIGURA 18 – CIRCUITO AMPLIFICADOR DE TENSÃO DE REFERÊNCIA

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 748)

(33)

89
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Na configuração somador, a tensão de saída desse circuito é a soma algébrica


das tensões aplicadas às entradas. Os somadores podem ser dos tipos
inversores e não inversores.

• O amplificador em configuração subtrator tem como finalidade amplificar a


diferença entre dois sinais ou entre um e outros sinais.

• O amplificador diferenciador tem como resposta a derivada do sinal de


entrada, ou seja, tem como resposta uma saída proporcional à taxa de variação
do sinal de entrada.

• O diferenciador é largamente utilizado na implementação de filtros ativos,


porém com menos frequência que os integradores. Outra aplicação são os
controladores eletrônicos analógicos.

• O curto-circuito virtual se refere à alta impedância de entrada dos AmpOps,


que faz com que não circule corrente nas entradas do amplificador operacional,
entretanto, como há efetivamente uma ligação física, o potencial elétrico é
igual em ambas as entradas.

• A configuração tipo buffer é capaz de isolar dois trechos de circuito distintos,


mas propagando o sinal da entrada não inversora para a saída por ser um
circuito de ganho unitário.

90
AUTOATIVIDADE

1 Em uma aplicação de um amplificador somador com três sinais de áudio de


instrumentos musicais, calcule a tensão de saída do AmpOp para o circuito
representado na figura a seguir, considerando os valores das variáveis.​​​​​​​​​​​​

FONTE: <https://bit.ly/3fIKUNS>. Acesso em 21 mar. 2021.

Assinale a alternativa que contém a resposta CORRETA:

a) ( ) -0,86Vpp.
b) ( ) -1,06Vpp.
c) ( ) -1,1Vpp.
d) ( ) -1,16Vpp.
e) ( ) -1,3Vpp.

2 Considere um circuito amplificador somador de duas tensões de entrada


v1 = 500mV e v2 = 350mV com resistências de entrada idênticas de 20kΩ e
ganho de tensão de 10 vezes.

FONTE: <https://bit.ly/3wuAjfu>. Acesso em: 21 mar. 2021.

Para uma resistência de carga RL de 30kΩ, qual a corrente na saída i0


do amplificador?​​​​​​​​​​​​​​
91
a) ( ) -0,275mA.
b) ( ) -0,325mA.
c) ( ) -0,435mA.
d) ( ) -0,515mA.
e) ( ) -0,550mA.

3 Para um projeto de circuito com amplificador operacional em que a tensão


de saída é representada pela equação  vo  = 5(v2-v1),  assinale a alternativa
CORRETA:​​​​​​​​​​​​​​

a) ( ) A única opção é a configuração com um amplificador diferenciador ou


subtrator com duas entradas.
b) ( ) O projeto pode ser um amplificador somador não inversor.
c) ( ) O projeto pode ser um amplificador somador inversor.
d) ( ) O projeto tem duas soluções: uma configuração subtrator ou
diferenciador com um amplificador e uma configuração em cascata
com dois amplificadores (somador e inversor).
e) ( ) O projeto tem três soluções possíveis: uma configuração subtrator, uma
configuração em cascata com dois amplificadores (somador e inversor)
e uma configuração diferencial.

4 A realimentação negativa em um amplificador operacional é responsável


por garantir um ganho estável na tensão de saída. Suponha que um
amplificador operacional, alimentado com vCC  +15V e vEE  = – 15V, tenha
um sinal senoidal cuja tensão de pico seja de 1V  aplicada à entrada não
inversora, e a entrada inversora ligada ao terra. Os resistores de alimentação
utilizados foram Rf = 1,8 = 200Ω1 kΩ e R.
Qual é o ganho em malha fechada e a tensão de pico do sinal de saída?​​​​​​

a) ( ) AMF = 10 e Vout (p) = 10V.​​​​​​​


b) ( ) AMF = 9  e Vout (p) = 9V.​​​​​​​
c) ( ) AMF =10 e Vout (p)  =  0,1V.​​​​​​​
d) ( ) AMF= 9 e Vout (p) = 0,1V.​​​​​​​
e) ( ) AMF = 1,1 e Vout (p) = 1,1V.​​​​​​​

5 Devido às propriedades internas dos amplificadores operacionais, estes


apresentam uma região linear delimitada por seus componentes.  Considere
o circuito a seguir, no qual RMF= 20 e fMF= 20 KHz.
Qual deve ser a máxima tensão aplicada à entrada não inversora para que
não haja saturação na tensão de saída?  Veja mais detalhes na imagem a
seguir:

92
FONTE: <https://bit.ly/3rPiUul>. Acesso em: 21 mar. 2021.

a) ( ) 510mV.
b) ( ) - 15V.
c) ( ) 30V.
d) ( ) + 15V.
e) ( ) 290mV.

6 Entre as propriedades de um amplificador operacional, o curto-circuito


virtual permite que projetos sejam executados sem a necessidade de analisar
complexos circuitos transistorizados.
Sobre essa propriedade, é possível dizer que:

a) ( ) quando a entrada não inversora for zero, a saída tenderá ao infinito.


b) ( ) um curto-circuito na saída provoca uma alta corrente nos terminais de
entrada.
c) ( ) não circula corrente nas entradas quando estas têm o mesmo potencial
elétrico.
d) ( ) um curto-circuito nas entradas provoca uma alta corrente no terminal
de saída.
e) ( ) não circula corrente nas entradas quando as entradas têm diferentes
potenciais elétricos.
7 Em um amplificador operacional ideal, a aplicação de um degrau de tensão
na entrada provocaria um degrau de tensão na saída. Entretanto, nos
amplificadores operacionais reais, essa variação súbita não é permitida,
sendo chamada de taxa de inclinação a maior variação de tensão em curta
duração. Qual propriedade justifica esse fato?

a) ( ) A capacitância de entrada.
b) ( ) A capacitância de saída.
c) ( ) A impedância de entrada.
d) ( ) A impedância de saída.
e) ( ) A impedância do sinal de entrada.
93
94


UNIDADE 2
TÓPICO 2 —

AMPLIFICADORES INVERSORES

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você vai conhecer como o amplificador operacional pode ser
ligado de forma a gerar uma forma de onda amplificada e com defasagem de 180°
em relação ao sinal de entrada utilizando uma topologia de circuito conhecida como
amplificador inversor. Com a realimentação negativa, é possível resolver o problema
da instabilidade no ganho de malha aberta, gerando um ganho menor, mas estável,
em malha fechada.

O conceito do curto-circuito virtual permite simplificar a análise de circuitos


com amplificadores operacionais. Quando o terra é ligado à entrada não inversora,
a entrada inversora também terá o mesmo potencial zero, fazendo com que toda a
corrente sendo fornecida pela fonte circule até a saída do amplificador.

Assim, o circuito amplificador inversor pode ser utilizado em várias


aplicações, como no somatório de formas de onda, com o amplificador somador,
ou em aplicações de instrumentação, com o amplificador de instrumentação. No
primeiro caso, pode-se misturar diversas formas de onda, gerando, na saída, um
único sinal, como um misturador de áudio. Já o segundo caso é muito utilizado na
medição de sensores, que tipicamente fornecem um sinal diferencial de pequena
amplitude.

2 AMPLIFICADORES INVERSORES
O amplificador operacional, cujo símbolo é mostrado na Figura 19A, é um
dos primeiros dispositivos a serem criados utilizando circuitos integrados no fim
da década de 1950 (FRANCO, 2016). Em resumo, é um dispositivo que, a partir
de um sinal diferencial aplicado na entrada, gera um sinal amplificado na saída,
provendo isolação entre ambas as partes, como pode ser visto na Figura 19B. Na
prática, o amplificador operacional é composto por um amplificador diferencial na
entrada e diversos estágios de amplificação, redução de modo comum e circuitos
transistorizados de saída, ou seja, é um complexo circuito repleto de transistores em
diversas funções (MALVINO; BATES, 2016).

95
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 19 – (A) SÍMBOLO E (B) CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 515-516)

O ganho de malha aberta representa a amplificação que um sinal de


entrada sofrerá para ser entregue na saída. Por definição é a razão entre o sinal
de saída pelo de entrada. Como pode ser visto na Figura 19A, o amplificador
operacional exibe duas entradas, respectivamente denominadas inversora e não
inversora. Dessa forma, o ganho em malha aberta, para cada um dos casos, pode
ser visto nas equações 34 e 35, bem como a expressão da tensão de saída.

(34)


(35)

Ou seja, o sinal de saída, caso um sinal seja aplicado à entrada inversora,


sofrerá uma defasagem de 180°, enquanto se este for aplicado à entrada não
inversora se manterá em fase. Esse ganho em malha aberta, entretanto, altamente
instável em razão da sua alta magnitude (cerca de 200.000). Em geral, as aplicações
devem fornecer uma referência para a saída, chamada de realimentação
(MALVINO; BATES, 2016; PERTENCE JR., 2015).

A realimentação consiste em uma ligação entre a saída e uma das entradas.


Essa ligação pode ser feita por meio de um simples condutor ou utilizando
componentes, como resistores ou capacitores, em que cada um destes terá uma
função distinta. A realimentação é uma forma de combinar um sinal de saída
com o de entrada. Esta combinação pode ser aditiva se quando a saída é ligada
à entrada não inversora (realimentação positiva) ou subtrativa se a conexão for
feita com a entrada inversora (realimentação negativa) (FRANCO, 2016).

96


Na realimentação positiva, o sinal de saída é acrescido ao sinal de


entrada, fazendo com que haja uma saturação do dispositivo. Já na realimentação
negativa, o sinal de saída é decrescido do sinal de entrada e tem como principal
característica diminuir o sinal aplicado ao amplificador operacional, diminuindo
a saída e assim mantendo estável a operação de amplificação (FRANCO, 2016).

O amplificador inversor é um circuito em que um sinal é aplicado à


entrada inversora de um amplificador operacional com realimentação negativa,
como pode ser visto na Figura 20.

FIGURA 20 – CIRCUITO AMPLIFICADOR INVERSOR

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 680)

A alta impedância de entrada dos amplificadores operacionais cria uma


propriedade importante na análise de circuitos. Em razão dessa característica, a
corrente que entra em um amplificador operacional é mínima, tendendo a zero
em um dispositivo ideal. No entanto, em função da ligação física que há entre
os terminais, o mesmo potencial que aparece um uma entrada aparece na outra.
Assim, essa propriedade de exibir uma corrente de entrada nula e potencial
elétrico igual em ambas entradas é conhecido por curto-circuito virtual. Um
caso particular acontece quando uma das entradas é ligada ao terra do circuito,
fazendo com que seja criado um terra virtual nas entradas (MALVINO; BATES,
2016).

2.1 CIRCUITOS COM AMPLIFICADORES INVERSORES


A partir das propriedades do curto-circuito virtual e do terra virtual, a
análise de circuitos com amplificadores operacionais torna-se simplificada, não
havendo a necessidade de se trabalhar com complexos circuitos equivalentes
(MALVINO; BATES, 2016).

Analisando o circuito da Figura 20, pode-se determinar que as tensões nas


entradas não inversora e inversora são respectivamente dadas pelas equações 36 e 37.

97
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

v+ = 0 (36)

v– = v+ = 0 (37)

Assim, a corrente circulando pelo resistor R1 é dada pela equação 38 a


partir da diferença de potencial entre seus terminais. Essa corrente tem sentido
da fonte vin para o terra virtual.

(38)

Da mesma forma, é possível analisar a corrente circulando pelo resistor
Rf a partir de sua diferença de potencial. Pelo princípio do terra virtual, não há
corrente fluindo para o amplificador operacional, o que faz com que a corrente da
equação 5 flua, na verdade, em direção à saída. Assim, considerando essa direção,
a corrente iin, percorrendo a realimentação é dada pela equação 39.

(39)

Igualando as equações 38 e 39 e fazendo a razão entre a tensão de saída


pela de entrada, é possível encontrar o ganho de malha fechada para o circuito
amplificador inversor na equação 40. O ganho em decibel (dB) é dado pela
equação 8, utilizando o módulo do ganho.

(40)

(41)

Em razão do terra virtual, a impedância de entrada desse circuito é


simplesmente o resistor ligado à entrada inversora, como pode ser visto na
equação 42.

zin = R1 (42)

A largura de banda de um amplificador operacional é uma faixa que


determina a frequência máxima que um sinal pode ser aplicado à sua entrada
antes que seu ganho em malha aberta diminua. Essa faixa começa em 0 (corrente
contínua) até a frequência de corte do amplificador, especificado em sua folha de
dados. Conforme a frequência do sinal aumenta, além da frequência de corte, o
ganho em malha aberta diminui em 20 dB por década (um valor 10 vezes maior
de frequência) até que seja unitário, na qual a frequência é chamada de ganho
unitário ou produto ganho-largura de banda (GBW, do inglês gain bandwidth)
(MALVINO; BATES, 2016). A largura de banda, em malha fechada, é dada pela
equação 43, na qual deve-se atentar à utilização do módulo do ganho. A Figura 21
mostra o decaimento do ganho em malha fechada com o aumento da frequência
para um amplificador operacional cujo GBW é 10 MHz.

98


(43)

FIGURA 21 – CURVA DO GANHO EM MALHA ABERTA PELA FREQUÊNCIA DE UM SINAL DE


ENTRADA

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 683)

EXEMPLO 1: A folha de dados do amplificador operacional OP27A diz


que seu GBW é de 8,0 MHz.

a) Determine seu ganho em malha fechada.


b) Determine sua impedância de entrada.
c) Determine sua largura de banda para o circuito da Figura 20 anterior quando
R1 = 1 kΩ e Rf = 100 kΩ.
d) Para uma entrada cuja tensão de pico é de 10 mV, determine a tensão de saída
quando a frequência do sinal for de 40 kHz.
e) Para uma entrada cuja tensão de pico é de 10 mV, determine a tensão de saída
quando a frequência do sinal for de 160 kHz.

Solução:
a) O ganho em malha fechada é encontrado utilizando a equação 40:

b) A impedância de entrada, como mostra a equação 9, é o valor do resistor R1:

zin = R1 = 1 kΩ

c) A largura de banda desse circuito é encontrada utilizando a equação 43,


utilizando o módulo do ganho em malha fechada:

99
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Utilizando a aproximação:

Analisando os resultados, percebe-se uma diferença de 1% entre seus


resultados, o que pode ser aceitável em diversas aplicações.

d) A largura de banda é o maior valor de frequência na qual um sinal pode ser


am-plificado sem que haja diminuição no ganho em malha fechada. Assim,
como a largura de banda é de 80 kHz, se o sinal tiver frequência de 40 kHz, não
haverá mudança no ganho. Logo:
vout = AMFvin = (–100)(10 mV) ∴Vout = –1 V

e) Como a frequência é maior que a largura de banda, deve-se determinar o novo


ganho, utilizando a equação 10:

Ou, pela aproximação:


A aproximação gera um erro de 2%.

Assim, a tensão de saída será:


vout = (–49)(1 mV) ∴ vout = 0,49 V

A variação de tensão em curtos intervalos de tempo, idealmente, não


levaria a problema algum em um amplificador operacional ideal. Entretanto, os
dispositivos reais apresentam, em sua saída, uma capacitância que faz com que
a variação da tensão de saída tenha uma limitação, determinada pela taxa de
inclinação do sinal, chamada de slew rate, como pode ser visto na Figura 22A.
Esse valor é encontrado nas folhas de dados e pode ser determinado pela razão
entre variação de tensão e variação de tempo, como mostra a equação 44 e a
Figura 22B. Se a taxa de variação de um sinal de entrada for menor que o valor
especificado na folha de dados de um amplificador operacional, a forma de onda
de saída não sofrerá deformações, como pode ser visto na Figura 22C. Caso essa
taxa de variação seja menor, haverá deformação, como mostra a Figura 22D. Para
sinais senoidais, a frequência máxima que pode ser utilizada em um amplificador
operacional é dada pela equação 45 e depende do slew rate do dispositivo e da
tensão de pico do sinal de saída (MALVINO; BATES, 2016).

100


(44)

(45)

FIGURA 4 – (A) RESPOSTA IDEAL E RESPOSTA REAL DE SAÍDA DE UM AMPLIFICADOR


OPERACIONAL NA APLICAÇÃO DE UM DEGRAU. (B) DETERMINAÇÃO GRÁFICA DA TAXA DE
INCLINAÇÃO. SAÍDA DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL QUANDO UM SINAL SENOIDAL (C)
CUJA INCLINAÇÃO É MENOR QUE SLEW RATE E (D) CUJA INCLINAÇÃO É MAIOR QUE SLEW
RATE

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 676)

EXEMPLO 2: O amplificador operacional LF411A tem slew rate de 15 V/


μs. Utilizando-o em um circuito amplificador inversor de ganho em malha aberta
de -100 e resistência de realimentação de 10 kΩ:

a) Qual é a frequência máxima aceitável nesse circuito considerando que se espera


aplicar sinais senoidais com 3 V de tensão de pico?
b) Determine a impedância de entrada do circuito.

Solução:
a) Para um sinal senoidal, a relação entre o slew rate e a frequência máxima de um
sinal antes que ocorra deformação na saída é dada pela equação 45. A tensão
de pico utilizada é a de saída, por isso deve ser multiplicada pelo ganho:

b) A impedância de entrada pode ser determinada pela equação do ganho em


malha fechada:

101
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

2.2 APLICAÇÕES DE AMPLIFICADORES INVERSORES


A partir da configuração do amplificador inversor da Figura 20 e
utilizando as propriedades do curto-circuito virtual e do terra virtual, é possível
projetar diversas aplicações. Utilizando a mesma metodologia de análise do
circuito amplificador inversor ao circuito da Figura 23A, a corrente que circula
pelo resistor Rf é o resultado da soma das correntes que circulam pelos resistores
R1 e R2, como mostra a equação 46, resultando em uma expressão que relaciona
a tensão de saída com as tensões v1 e v2. Esse circuito é conhecido como somador
por estar gerando, na saída, um sinal que é dado pela soma dos sinais de entrada.
Os termos multiplicando as tensões v1 e v2 são os ganhos de cada sinal. Utilizando
resistores variáveis, o circuito somador pode ser utilizado como um misturado
(mixer) de áudio, no qual os resistores R1 e R2 são responsáveis pela intensidade
de cada sinal de entrada e o resistor Rf é responsável pelo volume do áudio de
saída (SCHULER, 2016).

Outra aplicação desse circuito é em conversor digital-analógico, no qual


os sinais de entrada são tensões que apresentam nível lógico 0 ou 1 e representam
bits de um sinal que entram em uma escada R/2R, como pode ser visto na Figura
23B (MALVINO; BATES, 2016). Utilizando o mesmo princípio, mais sinais podem
ser somados criando mais ramos com resistores ligados à entrada inversora
(BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013).

(46)

FIGURA 23 – (A) CIRCUITO SOMADOR E SUA UTILIZAÇÃO COMO (B) CONVERSOR DIGITAL-
ANALÓGICO

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 691; 766)

Em alguns casos, pode ser necessário transformar um circuito inversor em


não inversor. Para isso, o amplificador operacional pode ser ligado como mostra
a Figura 24. Nesse circuito, quando o transistor de junção por efeito de campo
(JFET, do inglês junction field efect transistor) ligado à entrada não inversora recebe
uma tensão de nível alto (de acordo com sua folha de dados) entre a porta (gate) e a
fonte (source), entra em condução, fazendo com que a entrada não inversora esteja

102


ligada ao terra e o circuito funcione como um amplificador inversor comum. Na


configuração indicada na Figura 24, o ganho em malha fechada seria dado pela
equação 47.

No caso de ser aplicada uma tensão de nível baixo entre a porta e a fonte do
JFET, ele funcionará como um circuito aberto, fazendo com que a tensão na entrada
não inversora seja a tensão de entrada. Dessa forma, funciona como um amplificador
não inversor e seu ganho em malha fechada seria dado pela equação 48.

O funcionamento desse circuito depende da escolha do JFET e dos


resistores de realimentação. O valor de R deve ser pelo menos 100 vezes o valor
da resistência entre o dreno e a fonte do JFET, dado este que consta em sua folha
de dados (MALVINO; BATES, 2016).

(47)

(48)

FIGURA 24 – CIRCUITO INVERSOR COMUTÁVEL

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 749)

Uma outra aplicação de grande importância consiste na amplificação de


sinais diferenciais, ou seja, sinais que sejam aplicados entre a entrada inversora
e a entrada não inversora. Esse tipo de amplificador tem larga aplicação em
instrumentação, na medição de sensores, pois, em razão da baixa amplitude de
seus sinais, são altamente susceptíveis a ruídos e interferências (FRANCO, 2016).
Um circuito amplificador diferencial tem a topologia mostrada na Figura 25.
Nesse circuito, os resistores devem ser escolhidos de forma que R1 e R1’ tenham
valores o mais próximos possível, bem como R2 e R2’. Em geral, são escolhidos
resistores de mesmo valor nominal com a menor tolerância. Sua análise pode ser
feita por superposição, analisando a corrente que vai para a saída quando cada
tensão é zero (MALVINO; BATES, 2016). Assim, a tensão de saída é dada por um
ganho A vezes a tensão diferencial de entrada, como mostra a equação 49, cujo
ganho é dado pela equação 50.
103
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

vout = Avin (49)

(50)

FIGURA 25 – CIRCUITO AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 754)

Em circuitos como os da Figura 25, a razão de rejeição de modo comum


é um parâmetro de muita importância, já que os sinais diferenciais de entrada
têm ordem de grandeza muito pequena. Para isso, cada entrada do circuito
amplificador diferencial deve ser alimentada por pré-amplificadores, como
mostra a Figura 26, resultando em um amplificador de instrumentação. A
primeira observação a ser feita é de que, no estágio final, como todos os resistores
são iguais, seu ganho é unitário. A tensão de saída, então, é dada pela equação
51, na qual VO2 e VO1 são, respectivamente, as tensões de saída dos amplificadores
operacionais cujas entradas são V2 e V1 (MALVINO; BATES, 2016).

Vo = – (VO2 – VO1) (51)



A seguir, para determinar essas tensões de saída, deve-se observar as
correntes circulando pelos resistores do primeiro estágio. Para cada resistor, em
razão dos potenciais de cada terminal, a corrente que flui por eles terá diferentes
equações, como podem ser vistas nas equações 52 e 53. A equação 52 foi escrita
tanto em função do resistor R superior quanto do inferior.

(52)

(53)

104


Em razão do terra virtual, a corrente em ambos os resistores R e no resistor


RP tem a mesma intensidade. A tensão de saída pode então ser encontrada
igualando as equações 51 e 52 de forma a isolar as expressões de VO2 e VO1 que,
quando substituídas na equação 18, resultam na equação 54 que determina a
tensão de saída do amplificador de instrumentação.

(54)

Analisando esses resultados, podem ser consideradas duas situações: a


primeira para quando é aplicada uma tensão de modo comum, ou seja, V2 = V1.
Isso faz com que não circule corrente por RP, como pode ser visto pela equação
51. Ou seja, para um sinal em modo comum, o primeiro estágio funciona como
um buffer, com impedância de entrada ainda mais alta que o usual (PERTENCE
JR., 2015).

A segunda análise é feita quando uma entrada diferencial é aplicada.


Nesse caso, percebe-se, novamente por observação da equação 51, que o resistor
RP será responsável por controlar a amplificação do sinal em razão de a variação
de corrente nele depender exclusivamente desses potenciais elétricos (PERTENCE
JR., 2015; MALVINO; BATES, 2016). Em amplificadores de instrumentação
integrados (como o INA128), esse resistor é externo ao circuito integrado, sendo
ligado de acordo com o ganho desejado. Nesses casos, em geral, utiliza-se a
nomenclatura RG para designá-lo (FRANCO, 2015).

FIGURA 26 – CIRCUITO AMPLIFICADOR DE INSTRUMENTAÇÃO

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 551)

Exemplo 3: Um determinado sensor tem como saída um sinal de tensão


que pode ter valor máximo de 10 mV. De modo a ler esse valor em um conversor
analógico-digital aproveitando melhor sua resolução, o sinal deve ser amplificado
para chegar mais próximo da tensão máxima do conversor. Supondo que esse
conversor opera com 5 V e você deseja operar com uma margem de 10%, o sinal
do sensor deve ser amplificado para 4,5 V. Você está montando um amplificador
de instrumentação e, para isso, utilizou um resistor R = 1 MΩ.
105
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

a) Qual é o ganho necessário?


b) Qual deve ser o valor do resistor de ganho RP para alcançar essa amplificação?

Solução:
a) O ganho pode ser obtido por sua definição, onde a tensão diferencial de entrada
V2 - V1 será representada por Vin. O sinal negativo diz respeito à saída inversora.

Pela equação 52, o ganho é dado em função dos resistores do circuito


como:

Colocando em função do resistor RP:

3 CIRCUITOS DERIVADORES
Enquanto mostram grande versatilidade, internamente, os amplificadores
operacionais, cujo símbolo é mostrado na Figura 27A, são circuitos de grande
complexidade, que são simplificados como mostra o modelo da Figura 27B,
na qual sua operação em malha aberta é dada por um ganho aplicado ao sinal
diferencial de entrada (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013).

FIGURA 9 – (A) SÍMBOLO E (B) CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 515-516)

106


Esse modo operação, no entanto, não fornece uma saída estável, sendo
utilizado quando se deseja aproveitar a característica de saturação do dispositivo,
fazendo com que ele opere como um comparador entre sinais de tensão aplicados
nas entradas inversora e não inversora (MALVINO; BATES, 2016).

A realimentação negativa permite que o amplificador operacional forneça


uma saída amplificada, onde o sinal de saída funciona como um sinal de erro
que será comparado ao sinal de entrada, permitindo assim sua estabilização
juntamente com ampliação, em um circuito como o amplificador inversor da
Figura 28 (FRANCO, 2016).

FIGURA 28 – CIRCUITO AMPLIFICADOR INVERSOR

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 680)

Além da propriedade de saturação, uma importante característica dos


amplificadores operacionais está na sua alta impedância de entrada, representada
na Figura 27B como a resistência Ri. Ela é, em geral, de alto valor, de forma que
não circule corrente para dentro do dispositivo, como visto na equação 55, mas
fazendo com que, em seus dois terminais de entrada, seja observado o mesmo
potencial elétrico. Essa propriedade chama-se curto-circuito virtual, como mostra
a equação 56 para as tensões das entradas inversora e não inversora. Quando
o terra é ligado a uma das entradas, como a não inversora, essa propriedade
pode ser chamada de terra virtual, como mostra a equação 57 (BOYLESTAD;
NASHELSKY, 2013; MALVINO; BATES, 2016).

i– = i+ = 0 (55)

v– = v+ (56)

v– = v+ = 0 (57)

107
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Em geral, os capacitores são utilizados em circuitos com amplificadores


com o intuito de filtrar pequenas oscilações, como aquelas provenientes de fontes
de alimentação, ou para desacoplar sinais de corrente contínua (FRANCO, 2016;
SCHULER, 2016). Considerando o circuito da Figura 29, a corrente que circula pelo
capacitor é, essencialmente, a mesma que circula pelo resistor da realimentação,
em razão da alta impedância de entrada do amplificador operacional, sendo
representado matematicamente pela equação 58. Reescrevendo-a de forma que a
tensão de saída fique em função da tensão de entrada, encontra-se a equação 59
(PERTENCE JR., 2015).

(58)

(59)

FIGURA 29 – CIRCUITO DERIVADOR

FONTE: Adaptada de Pertence Jr. (2015)

A partir da equação 59, percebe-se que o sinal de saída é a derivada do


sinal de entrada. Assim, aplicando na entrada uma tensão cuja forma de onda é
triangular, sua saída será uma onda quadrada, como mostra a Figura 30A, pois,
como uma onda triangular é composta por retas crescentes e decrescentes, suas
derivadas são, respectivamente, constantes negativas e positivas. A inversão
ocorre em razão do sinal negativo presente na equação 38. A amplitude do sinal
de saída também será amplificada pelo fator RC (PERTENCE JR., 2015).

108


FIGURA 30 – RESPOSTA DO CIRCUITO DERIVADOR PARA UMA TENSÃO DE ENTRADA COM


FORMA DE ONDAS TRIANGULAR E (B) RETANGULAR

FONTE: Adaptada de Pertence Jr. (2015)

Se a forma de onda de entrada for retangular, a saída será pulsada, como


mostra a Figura 22B. Nesse caso, pulsos negativos indicarão as bordas de subida
e pulsos positivos indicarão as bordas de descida (PERTENCE JR., 2015). Mesmo
com a realimentação negativa, há tendência de o circuito diferenciador oscilar em
altas frequências. Para resolver esse problema, utiliza-se o circuito da Figura 31,
adicionando uma resistência de valor entre 1% a 10% do resistor de realimentação
em série ao capacitor de entrada, limitando assim o ganho em malha fechada em
altas frequências, mas garantindo estabilidade do circuito (MALVINO; BATES,
2016).

FIGURA 31 – CIRCUITO DERIVADOR COM RESISTOR DE ESTABILIZAÇÃO

FONTE: Adaptada de Malvino e Bates (2016)

Analisando o circuito para sinais senoidais, pela sua impedância, o ganho


em malha fechada pode ser dado pela equação 60. Sendo um número complexo,
o módulo do ganho em malha fechada é dado pela equação 61 (PERTENCE JR.,
2015).
109
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

(60)

(61)

Analisando a equação 61, percebe-se que quanto maior a frequência, mais


o termo referente ao capacitor diminui, tornando-se um amplificador inversor.
Se a frequência estiver abaixo de um limite, sua operação como diferenciador
é garantida. Essa frequência limite é dada pela equação 62. Assim, esse circuito
RC de entrada pode ser denominado rede de atraso, por garantir a estabilidade
do sinal de saída em frequências inferiores à limite, atenuando frequências mais
altas (PERTENCE JR., 2015).

(62)

EXEMPLO: Considere um circuito derivador onde R = 1 kΩ e C = 100 μF.


a) Determine a expressão da tensão de saída se a tensão de entrada for dada por:

vi = 0,1t [V]    0 < t < 1 ms

b) Para evitar oscilações, determine a frequência limite se for utilizada uma rede
de atraso na qual o resistor é 1% do resistor de realimentação.

Solução:
a) A tensão de saída é dada pela equação 59:

b) A frequência limite é calculada utilizando a equação 62:

Ou seja, o circuito se comportará como derivador para frequências


inferiores a 6,28 kHz.

4 CIRCUITOS INTEGRADORES
Da mesma forma que um amplificador operacional pode ser utilizado de
forma a realizar a derivada de um sinal de entrada, colocando o capacitor na
realimentação negativa, como no circuito da Figura 32, permite que um sinal de
entrada seja integrado. Em razão da alta impedância de entrada, a corrente de
entrada não desvia para o amplificador operacional, mas passa totalmente pelo

110


capacitor da realimentação negativa, podendo, então, ser descrita como a equação


63. Manipulando essa equação, pode-se então encontrar a tensão de saída na
equação 64, como a integral da tensão de entrada e um fator de amplificação
inversor (PERTENCE JR., 2015).

(63)

(64)

FIGURA 32 – CIRCUITO INTEGRADOR

FONTE: Adaptada de Pertence Jr. (2015)

Assim, a utilização de um sinal cuja forma de onda seja quadrada na


entrada desse circuito fará com que a forma de onda de saída tenha forma de
onda triangular, assim como visto na Figura 33, na qual uma constante positiva
gera uma reta decrescente e a constante negativa gera uma reta crescente, em
razão da presença do sinal negativo (MALVINO; BATES, 2016).

111
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 33 – RESPOSTA DO CIRCUITO INTEGRADOR PARA UMA TENSÃO DE ENTRADA COM


FORMA DE ONDA RETANGULAR

FONTE: Adaptada de Pertence Jr. (2015)

Analisando o circuito para uma forma de onda senoidal, o ganho em


malha fechada pode ser dado pela equação 65 e seu módulo pela equação 66.

possível então perceber que o ganho aumenta para pequenas frequências,


tendendo a infinito em condições de corrente contínua, gerando instabilidade no
circuito, saturando o amplificador operacional (PERTENCE JR., 2015).

(65)

(66)

O controle do ganho em malha fechada é feito utilizando o circuito


da Figura 34, com um resistor na realimentação negativa, em geral com valor
superior a 10 vezes o resistor de entrada (MALVINO; BATES, 2016).

112


FIGURA 34 – CIRCUITO INTEGRADOR COM RESISTOR DE ESTABILIZAÇÃO

FONTE: Adaptada de Malvino e Bates (2016)

Analisando o ganho em malha fechada desse novo circuito para uma entrada
senoidal, obtêm-se a expressão da equação 67 e o seu módulo na equação 68.

(67)

(68)

(69)

Pode-se perceber analisando a equação 68 que baixas frequências serão


atenuadas, fazendo com que o circuito se comporte como um amplificador
inversor em razão dessa modificação no circuito, garantindo a estabilidade do
sinal de saída em frequências superiores à frequência limite, dada pela equação 69.
Esse circuito de realimentação pode ser denominado rede de avanço por garantir
a estabilidade do sinal de saída em frequências superiores à limite, atenuando
frequências mais baixas (FRANCO, 2016).

EXEMPLO: Considere um circuito integrador onde R = 500 Ω e C = 100


μF.
a) Determine a expressão da tensão de saída se a tensão de entrada for dada por:

vi = 0,1t [V]    0 < t < 1 ms

Considere que não há energia armazenada inicialmente no capacitor.

b) Para evitar oscilações, determine a frequência limite se for utilizada uma rede
de avanço na qual o resistor é 15 vezes o resistor de entrada.

113
Solução:

a) A tensão de saída é dada pela equação 43:

Como não há energia armazenada inicialmente no capacitor, a constante


de inte-gração K pode ser desconsiderada. Assim:

vo = –t2 [V]    0< t < 1 ms

b) A frequência limite é calculada utilizando a equação 48:

Ou seja, o circuito se comportará como integrador para frequências


superiores a 0,212 kHz.

5 CONTROLADORES PID
A possibilidade de controlar as grandezas físicas faz parte do dia a dia,
em todos os aspectos da vida, de forma a garantir melhor qualidade de vida para
todos. Em um ambiente, sensores são utilizados para transformar a informação do
estado atual de uma grandeza em sinais elétricos. Assim, um sistema de controle
é responsável por analisar tais respostas e proceder com o acionamento de um
atuador para garantir que essa grandeza analisada esteja dentro de parâmetros
desejados (DORF; BISHOP, 2018).

Os sistemas de controle podem ser definidos como sendo de malha aberta


ou de malha fechada, como mostram os diagramas de bloco da Figura 35. A partir
dos diagramas, pode-se perceber que a diferença fundamental entre os dois tipos
de sistemas de controle é que o sistema de malha aberta funciona sem percepção
de que o sinal sendo enviado pelo controlador à planta está respondendo da forma
desejada. Em um sistema de controle em malha fechada, no entanto, a resposta
da planta vira um sinal que, aplicado a uma realimentação (outro controlador,
por exemplo), gerará um sinal de erro de forma que o controlador reaja a essa
diferença, sempre com o intuito de minimizar a diferença entre a resposta da
planta à resposta desejada (setpoint) (OGATA, 2010).

114
FIGURA 35 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM SISTEMA DE CONTROLE (A) EM MALHA ABERTA E
(B) EM MALHA FECHADA

FONTE: Os autores

A partir dos diagramas de bloco acima, todo tipo de sistema físico pode
ser modelado como um sistema de controle. Um sistema de controle é definido a
partir de equações que define uma relação entre a variável de saída e as demais
variáveis do sistema. A dinâmica dos sistemas faz com que sejam utilizadas
equações diferenciais no tempo para descrevê-los, cuja solução no domínio se
mostra de alto custo algébrico e computacional. Para que esses sistemas possam
ser analisados com maior facilidade, são transformados para o domínio da
frequência complexa, s, utilizando a transformada de Laplace (DORF; BISHOP,
2018).

Em termos matemáticos, um sistema de controle é representado por


diversas funções matemáticas no domínio da frequência complexa. Essas funções
são formas matemáticas de representar a razão na qual uma grandeza de saída
varia em função da grandeza de entrada, chamadas de funções de transferência.
O diagrama de blocos da Figura 36 mostra um sistema de controle em malha
fechada e as funções de transferência dos principais blocos (DORF; BISHOP,
2018).

FIGURA 36 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM SISTEMA DE CONTROLE (A) EM MALHA ABERTA E


(B) EM MALHA FECHADA

FONTE: Adaptada de Dorf e Bishop (2018)

115
Dentre as diversas formas que o controlador pode assumir, o controlador
PID utiliza três ações distintas: proporcional (P), integral (I) e derivativa (D).
Sua função de transferência do controlador, no domínio da frequência, é dada
pela equação 70. Na equação 71 é possível observar a equação no tempo do sinal
de controle enviado à planta. As constantes KP, KI e KD representam os ganhos,
respectivamente, proporcional, integral e derivativo, que são aplicados ao sinal de
erro e(t). A determinação desses parâmetros pode ser feita de diversas maneiras,
mas depende, essencialmente, do conhecimento da planta (DORF; BISHOP, 2018;
OGATA, 2010).

(70)

(71)

Observando a equação 71, é possível projetar circuitos eletrônicos com


amplificadores operacionais que realizem as funções de cada termo. O controlador
proporcional pode ser implementado utilizando o circuito da Figura 37.

O primeiro amplificador operacional atua como um amplificador somador


inversor, com a tensão vE representando o sinal de erro, dado pela diferença entre
o valor desejado (setpoint) e o valor atual medido por algum sensor, e a tensão v1
representando um ajuste de erro na entrada, enquanto o segundo amplificador
operacional é um inversor de ganho unitário que fornece a saída não invertida. O
resistor R1 é responsável pela alteração do ganho proporcional, como demonstrado
pela equação 72 (PERTENCE JR., 2015).

(72)

FIGURA 37 – CONTROLADOR PROPORCIONAL IMPLEMENTADO COM AMPLIFICADORES


OPERACIONAIS

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 74)

116
EXEMPLO: Para o circuito do controlador proporcional com amplifica-
dores operacionais, qual é o valor da constante proporcional para R1 = 1 kΩ e R2
= 5 kΩ?

A constante proporcional pode ser analisada a partir da equação 72:

Assim:

O controlador integral pode ser projetado utilizando o circuito da Figura


38. Um circuito integrador com as devidas providências para que o sinal seja
estável, cuja entrada é o sinal de erro que varia ao longo, é levado a um circuito
somador inversor junto com um sinal v1(0) representando um ajuste no tempo
inicial. A constante KI pode ser ajustada com a variação do resistor de entrada R,
como mostra a equação 52. A compensação do erro é feita pela geração de rampas
negativas ou positivas, de acordo com a necessidade de correção (PERTENCE JR.,
2015).

(73)

FIGURA 38 – CONTROLADOR INTEGRAL IMPLEMENTADO COM AMPLIFICADORES


OPERACIONAIS

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 76)

EXEMPLO: Para o circuito do controlador integral com amplificadores


operacionais, qual é o valor da constante integral para R = 1 kΩ e C = 4 μF?

A constante integral pode ser analisada a partir da equação 73:

117
Assim:

Por fim, a ação derivativa pode ser implementada eletronicamente


utilizando o circuito da Figura 39, composto por um amplificador operacional
operando como derivador com a devida alteração para estabilização do sinal de
entrada e um inversor de ganho unitário na saída. A tensão de saída, dada pela
equação 53 é dada pela derivada do sinal de erro, amplificado pela constante
derivativa KD. Assim, a atuação do controle derivativo ocorre controlando o
quanto a grandeza controlada desvia de seu valor desejado, ao longo do tempo
(PERTENCE JR., 2015).

(74)

FIGURA 39 – CONTROLADOR DERIVATIVO IMPLEMENTADO COM AMPLIFICADORES OPERA-


CIONAIS

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 77)

Enquanto cada uma das ações proporcional, integral e derivativa podem


ser definidas pelos circuitos anteriores, um controlador PID pode ser projetado
utilizando o circuito da Figura 40, composto apenas por dois amplificadores
operacionais, em que as impedâncias Z1 e Z2 do primeiro dispositivo são
responsáveis pelas ações derivativas e integrais, e o segundo componente é
responsável pela ação proporcional. Sua função de transferência no domínio da
frequência complexa s é mostrada na equação 75, com as constantes KP, KI e KD
destacadas nas equações 76 a 78, respectivamente (OGATA, 2010).

(75)

(76)

(77)

118
(78)

FIGURA 40 – CONTROLADOR PID IMPLEMENTADO COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FONTE: Ogata (2010, p. 73)

EXEMPLO: Para o circuito do controlador derivativo com amplificadores


operacionais, qual é o valor da constante derivativa para R2 = 1 kΩ e C = 4 μF?

A constante integral pode ser analisada a partir da equação 74:

Assim:

119
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Num AmpOp, o ganho de malha aberta representa a amplificação que um


sinal de entrada sofrerá para ser entregue na saída.

• A realimentação consiste em uma ligação entre a saída e uma das entradas.


Essa ligação pode ser feita por meio de um simples condutor ou utilizando
componentes, como resistores ou capacitores, em que cada um destes terá
uma função distinta.

• Na realimentação positiva, o sinal de saída é acrescido ao sinal de entrada,


fazendo com que haja uma saturação do dispositivo. Já na realimentação
negativa, o sinal de saída é decrescido do sinal de entrada e tem como
principal característica diminuir o sinal aplicado ao amplificador operacional,
diminuindo a saída e assim mantendo estável a operação de amplificação.

• A largura de banda de um amplificador operacional é uma faixa que determina


a frequência máxima que um sinal pode ser aplicado à sua entrada antes que
seu ganho em malha aberta diminua.

• O circuito tipo derivador não fornece uma saída estável, sendo utilizado
quando se deseja aproveitar a característica de saturação do dispositivo,
fazendo com que ele opere como um comparador entre sinais de tensão
aplicados nas entradas inversora e não inversora.

• Em termos matemáticos, um sistema de controle é representado por diversas


funções matemáticas no domínio da frequência complexa. Essas funções
são formas matemáticas de representar a razão na qual uma grandeza de
saída varia em função da grandeza de entrada, chamadas de funções de
transferência.

120
AUTOATIVIDADE

1 Para garantir que o sinal de entrada não sofra deformações na saída, o


seu ganho deve ser projetado a partir de certas características intrínsecas.
Considere um amplificador inversor que tem largura de banda de 100kHz
e ganho-largura de banda de 20,1MHz. Qual é o seu ganho em malha
fechada?​​​​​​​

a) ( ) 202
b) ( ) 201
c) ( ) 100
d) ( ) -200
e) ( ) -202

2 Devido a características do circuito interno ao amplificador operacional,


para que haja reprodução fiel de um sinal de entrada, deve-se limitar o
ganho aplicado a ele além de sua frequência. Um amplificador inversor
com largura de banda de 80kHz e ganho-largura de banda de 12,1MHz
teve um sinal de amplitude 10mV aplicado na entrada. Inicialmente, esse
sinal tem frequência de 50kHz. Após um determinado intervalo de tempo,
sua frequência aumentou para 150kHz. Qual é a amplitude da tensão de
saída para ambos os casos, respectivamente?

a) ( ) –2,4V e –0,8V.
b) ( ) –2,4V e –1,5V.
c) ( ) –1,5V e –0,8V.
d) ( ) –1,5V e –2,4V.
e) ( ) –0,8V e –1,5V.

3 As características de um amplificador operacional comercial devem ser


consideradas durante um projeto para que o sinal de entrada não sofra
deformações na saída. Considere o circuito de um amplificador inversor,
cuja impedância de entrada é 2kΩ, utilizando o amplificador operacional
LF357, o qual apresenta ganho-largura de banda 20MHz. Qual deve ser o
resistor de realimentação para que sua largura de banda seja de 1MHz?​​​​​​​

a) ( ) 105Ω.
b) ( ) 210Ω.
c) ( ) 2kΩ.
d) ( ) 4kΩ.
e) ( ) 38kΩ.

121
4 Um laboratório de acústica quer combinar dois sinais de áudio usando o
circuito a seguir:

FONTE: <https://bit.ly/2Rhp7Tm>. Acesso em: 21 mar. 2021.

O sinal V1 deve ter ganho de 100%, enquanto o sinal V2 deve ter ganho


de 200%. Considerando que o sinal é senoidal, qual é a taxa de variação para
um sinal de 20kHz se ambos sinais, na entrada, têm tensão de pico de 0,1V?

a) ( ) 37,70V/ms.
b) ( ) 62,83V/ms.
c) ( ) 18,85V/μs.
d) ( ) 31,42V/μs.
e) ( ) 62,84V/μs.

5 Os circuitos integradores são responsáveis por realizar a operação de


integração no tempo a um sinal aplicado em sua entrada. Um gerador
de sinal configurado para uma onda quadrada alimenta a entrada  Vi do
circuito a seguir.

FONTE: <https://bit.ly/3upBISC>. Acesso em: 21 mar. 2021.

Suponha que a onda quadrada tem tensão de 2V durante 1ms, e 0V


durante 1ms, repetindo-se de forma periódica. Sabendo que o capacitor da

122
realimentação tem capacitância C = 20μF, determine o valor de R para que a
tensão de saída seja −5V no instante 1ms?

6 Para que os circuitos integradores não saturem sua saída, um resistor é


adicionado à realimentação, em paralelo com um capacitor.
Para garantir a estabilidade de um sinal senoidal de 10kHz, dimensione
o capacitor a ser utilizado de forma que a frequência limite seja 10%
da frequência do sinal utilizado, o resistor de entrada seja R  =  10kΩ e a
resistência da realimentação seja 20x a resistência de entrada.​​​​​

7 A utilização de uma rede de atraso em um circuito derivador é responsável


por garantir que a saída do amplificador operacional não sature. Considere
um circuito derivador cuja resistência de realimentação é de 200kΩ e o
capacitor de entrada é de 100pF. O resistor da rede de atraso é de 1% do
resistor da realimentação.
Qual é a faixa de frequência em que esse circuito opera como derivador,
considerando um sinal senoidal de entrada?​​​​​​​

8 Os circuitos amplificadores inversores, integradores e derivadores podem


ser utilizados no controle de sistemas, sendo uma implementação eletrônica
de um controlador PID. Suponha que você disponha de um potenciômetro
triplo, no  qual as três  saídas, quando ajustadas, têm o mesmo valor de
resistência. Esse potenciômetro foi usado para controlar as constantes de
cada termo de um controlador PID e, nas condições atuais, mede 250Ω.
Considere que a resistência da realimentação do controlador P tem
valor  R2  =  1kΩ, os capacitores dos controladores I e D tenham o mesmo
valor,  C  =  5nF, e que as tensões de ajuste e de condição inicial dos
controladores P e I sejam 0. Determine o valor de KP, KI e KD.

123
124
UNIDADE 2
TÓPICO 3 —

O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, você vai analisar o funcionamento e as principais


características do amplificador diferencial. Empregados em diversos circuitos
integrados (CIs) presentes em equipamentos eletrônicos, os amplificadores
diferenciais são os blocos básicos na construção de circuitos mais complexos.
Seu funcionamento diferencial entre os sinais de entrada é capaz de não somente
gerar sinais com maior amplitude, mas também de rejeitar sinais indesejados
presentes nos circuitos.

A partir da topologia desses circuitos, serão analisadas as formas


de polarização e funcionamento do amplificador, de forma a garantir seu
funcionamento, começando pela utilização de transistores bipolares até transistores
de efeito de campo, responsáveis pelo chaveamento de CIs semicondutores de
metal-óxido complementar (CMOS).

Por fim, serão estudadas as impedâncias desses circuitos, bem como os


ganhos de saída para que sejam criados os amplificadores operacionais a serem
empregados em diversos tipos de aplicações.

2 AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS
Datando de meados da década de 1920 as origens dos amplificadores
operacionais, há diversos nomes atribuídos à sua criação, em que um dos principais
conceitos por trás de seu desenvolvimento é o da malha de realimentação,
presente em diversos de seus circuitos (JUNG, 2006). Sendo construídos a
partir de transistores, os amplificadores operacionais estão inseridos em
diversos equipamentos eletrônicos, da comunicação à instrumentação industrial
(MALVINO; BATES, 2016).

O amplificador diferencial é um bloco amplamente utilizado na


construção de CIs, pois se constitui basicamente de transistores e resistores.
Assim, a dificuldade na implementação de capacitores de acoplamento de valores
adequados é substituída pelo amplificador diferencial. O circuito da Figura 41
mostra um circuito básico para um amplificador diferencial construído a partir
de dois pares de transistores bipolares na configuração de emissor comum, em
paralelo.

125
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 41 – CIRCUITO BÁSICO DE UM AMPLIFICADOR DIFERENCIAL E SEU SÍMBOLO

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 507)

Para as análises a seguir, será utilizada a hipótese de que o circuito é


simétrico e os transistores estão bem casados. Assim, pode-se estabelecer que a
tensão base-emissor dos dois transistores é igual, bem como suas correntes de
coletor e emissor, seus ganhos e seus parâmetros corrente alternada (CA).

A polarização corrente contínua (CC) do circuito faz com que, se entradas


CA fossem aplicadas, a tensão CC seja zero. Assim, as correntes de emissor e
coletor podem ser dadas, respectivamente, pelas equações 75 e 76, considerando
que a tensão base-emissor é aproximadamente 0,7 V. A partir dessas correntes, é
possível então determinar a tensão de coletor de cada transistor pela expressão
da equação 77.

(75)

(76)

(77)

Aplicando sinais CA às entradas, é possível considerar três casos: um com


apenas um sinal CA aplicado a uma entrada, enquanto a outra é aterrada; outro
com dois sinais CA aplicados a cada entrada; e, por fim, um caso em que o mesmo
sinal CA é aplicado em cada entrada, chamado de operação em modo comum.
No primeiro caso, com apenas uma entrada CA, o equivalente CA do circuito é
mostrado na Figura 42.

126
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

FIGURA 42 – CIRCUITO EQUIVALENTE CA PARA UM AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM UMA


ENTRADA CA

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 510)

Analisando a malha de entrada, considerando que o resistor RE tem um


valor muito grande, se estabelece que as correntes de base serão iguais, bem
como as resistências de entrada, dadas pela expressão da equação 78. Assim, a
equação 79 descreve a equação da malha de entrada do amplificador em CA.
Resolvendo-a, obtém-se a equação 80 para a corrente de base.

ri1 = ri2 = ri = βre (78)

Vi – Ibri – Ibri = 0
1
(79)

(80)

A tensão de saída é dada pela queda de tensão sobre o resistor RC. Assim,
relacionando a corrente no coletor, é possível encontrar a tensão de saída em
função da tensão de entrada na equação 81.

(81)

Definindo como ganho de tensão a razão entre a saída e a entrada do


amplificador, o ganho de tensão com entrada simples pode ser expresso a partir
dos parâmetros do circuito e dos transistores, como mostra a equação 82. Caso
o sinal CA fosse aplicado à entrada Vi2, o ganho de tensão com entrada simples
seria dado pela equação 83. Analisando tais equações, Vi1 pode ser chamada de
entrada não inversora, enquanto Vi2 pode ser denominada entrada inversora em
razão da defasagem de 180° a ser gerada no sinal de saída, representada pelo
sinal negativo na equação 83.

(82)

(83)

127
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Para o caso em que dois sinais CA são aplicados às entradas não inversora
e inversora, seu resultado pode ser encontrado por superposição em função da
corrente de base. A corrente de base para a entrada não inversora foi determinada
anteriormente na equação 6. Para a entrada inversora, a única diferença seria o
sentido da corrente, o que apresentaria um sinal negativo na equação 80 anterior.
Dessa forma, o ganho para uma entrada diferencial pode ser dado pela equação 84.

(84)

O ganho em saída diferencial, ou seja, entre o coletor 1 e o coletor 2 para


a condição simétrica, será o dobro do ganho de tensão simples, pois contempla a
queda de tensão em ambos os resistores de coletor, considerando tanto a entrada
simples como a entrada dupla, como mostra a equação 85.

(85)

A operação em modo comum acontece com a ligação mostrada na Figura


43, que também ilustra seu equivalente CA. Analisando um trecho de malha, é
possível encontrar a corrente de base da equação 86. A tensão de saída será a
tensão em um dos resistores RC, a partir da qual é possível encontrar a expressão
para o ganho de tensão em modo comum, apresentado pela equação 87.

FIGURA 43 – CIRCUITO CONECTADO EM MODO COMUM E SEU EQUIVALENTE CA

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 511)

(86)

(87)

128
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

Deve-se observar que, no caso ideal, com ambas as entradas idênticas, a


saída seria zero. Entretanto, a operação em modo comum é desejada quando é
possível existir pequenas diferenças entre os sinais aplicados em cada entrada. Em
instrumentação industrial, é comum a utilização de longos condutores para ligar um
sensor a um controlador. Esses condutores atuam basicamente como antenas para
todo tipo de interferência eletromagnética. Desta forma, o amplificador diferencial
em modo comum não atua exatamente como um amplificador de sinal, mas sim
como um detector de interferência (MALVINO; BATES, 2016). Assim, utilizando a
hipótese já utilizada anteriormente de que a resistência ligada ao emissor é muito
maior que a resistência de entrada dos transistores e de que o ganho β é muito
maior que a unidade, o ganho em modo comum pode ser simplificado a partir da
equação 87 vista anteriormente, como mostra a equação 88.

Assim, é possível definir um parâmetro chamado de razão de rejeição


em modo comum, ou common-mode rejection ratio (CMRR), como a razão entre o
ganho de tensão diferencial de entrada e o ganho de tensão em modo comum,
como mostra a equação 89. Quanto maior o CMRR, mais amplificação ocorrerá
em sinais que aparecem opostos nas entradas, enquanto sinais comuns serão
atenuados (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). O CMRR também pode ser dado
em decibéis (dB), sendo calculado pela equação 90.

(88)

(89)

(90)

3 ESPELHO DE CORRENTE
Os amplificadores diferenciais mostram-se bastante eficazes, podendo
amplificar sinais analógicos ou até mesmo discriminar sinais de interferências.
Entretanto, são circuitos que, isoladamente, têm funcionalidade restrita. Em
projetos de maior porte, nos quais diversas funções devem ser exercidas, vários
blocos diferentes devem ser construídos, cada um com sua complexidade e uma
determinada quantidade de componentes. Em 1959, a eletrônica foi revolucionada
com a invenção do CI, capaz de transformar circuitos que, antes, tinham
grandes dimensões, em pequenas pastilhas de material semicondutor, em que
os componentes discretos se tornam componentes microscópicos (MALVINO;
BATES, 2016).

Como é possível observar na equação 89 vista anteriormente, o CMRR


pode ser aumentado de duas formas: aumentando a resistência do emissor (RE)
ou diminuindo a resistência de entrada dos transistores (ri). Assim, controlando
a corrente de cauda (aquela que passa por RE), é possível aumentar o CRR de um
amplificador diferencial.
129
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Um espelho de corrente é um circuito, como o da Figura 44A, em que o


diodo de compensação é projetado de forma que tenha a mesma curva tensão--
corrente do diodo emissor do transistor, fazendo com que a corrente que circula
pelo resistor seja idêntica à corrente de coletor. Assim, pode-se aplicar esse
conceito a um amplificador diferencial, no qual esse circuito funciona como um
resistor de carga ativa, como visto na Figura 44B (MALVINO; BATES, 2016).

FIGURA 44 – (A) CIRCUITO ESPELHO DE CORRENTE. (B) AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM


ESPELHO DE CORRENTE FUNCIONANDO COMO CARGA ATIVA

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 654-655)

Em razão das diversas características de chaveamento e velocidade, podem


ser usados tanto transistores bipolares quanto transistores de junção por efeito
de campo (JFET) e transistores de efeito de campo metal-óxido-semicondutor
(MOSFET). Os CIs do tipo CMOS são construídos utilizando MOSFET de tipos
complementares. Quando transistores do tipo JFET ou MOSFET estão envolvidos,
os espelhos de corrente são utilizados para assegurar que cada um destes receba
exatamente a mesma corrente de polarização, garantindo um funcionamento
idêntico de ambos, como pode ser visto no circuito da Figura 45 (BOYLESTAD;
NASHELSKY, 2013).

FIGURA 45 – CIRCUITO ESPELHO DE CORRENTE EM AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM JFET


+V

Vo

Vi1 Vi2

-V

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 514)

130
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

4 IMPEDÂNCIAS E GANHOS
A partir da análise CA dos amplificadores diferenciais, podem ser definidas
as impedâncias vistas pelas fontes de sinais, nas entradas destes. A equação 91
mostra a impedância de entrada de um amplificador diferencial, qualquer que
seja sua configuração.

zin = 2ri = 2βre (91)

A utilização do espelho de corrente como uma carga ativa faz com que a
impedância da cauda seja muito alta, pois, pela utilização de diodos e transistores,
esse bloco se comporta como uma fonte de corrente.

Os amplificadores diferenciais podem ser aplicados de diferentes formas


de acordo com as entradas e saídas utilizadas. Pode ser utilizada apenas a entrada
inversora ou a entrada não inversora, bem como um sinal diferencial entre ambas
as entradas. A mesma análise pode ser feita com relação à saída, em que pode
ser analisado o sinal entre apenas uma saída e o terra ou o sinal diferencial entre
ambas as saídas. O Quadro 1 faz um resumo com esses resultados para cada
caso. É importante notar que, no caso da entrada em modo comum, a medição
diferencial da saída será zero, pois o potencial no coletor dos dois transistores é
igual.

QUADRO 1 – GANHOS E TENSÕES DE SAÍDA PARA AS DIVERSAS CONFIGURAÇÕES DE UM


AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

Entrada Saída Ganho Tensão de Saída


Entrada
simples, não Simples
inversora

Entrada
simples, Simples
inversora
Entrada
Simples
diferencial

Entrada
simples, não Diferencial
inversora
Entrada
simples, Diferencial
inversora
Entrada
Diferencial
diferencial

131
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Entrada
em modo Simples
comum
FONTE: Adaptado de Malvino e Bates (2016)

EXEMPLO: Considere um amplificador diferencial, como o visto na


Figura 41 anterior:

VCC = 9 V, VEE = 9 V, RC = 3,9 kΩ, RE = 3,3 kΩ, ri = 20 kΩ, β = 75.

Determine:
a) as correntes CC;
b) a tensão de coletor;
c) a tensão de saída Vo1 para uma entrada de 2 mV;
d) o ganho de tensão.

Considerando que o mesmo circuito foi ligado na configuração modo


comum, determine:
e) o ganho de modo comum;
f) o CMRR;
g) a impedância de entrada.

Solução:
a) As correntes CC são dadas pelas equações 75 e 76. Assim:

b) A tensão de coletor é dada pela equação 77:

c) A tensão de saída é calculada utilizando a equação 80:

d) O ganho de tensão pode ser calculado pela equação 81, tanto pelos parâmetros
do circuito quanto pela relação entre as tensões de saída e entrada. Utilizando
os parâmetros:

E utilizando a tensão de saída pela de entrada:

132
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

Com uma pequena diferença na casa dos milésimos em razão de


arredondamentos.

e) O ganho em modo comum pode ser calculado utilizando a equação (87) e


também pela sua aproximação mostrada na equação (88). Utilizando a primeira
forma:

Utilizando a aproximação:

É possível analisar, a partir desses resultados, que, dependendo da ordem


de grandeza a ser utilizada, os resultados são equivalentes.

f) O CMRR pode ser calculado pela equação 89:

Ou então utilizando os ganhos:

O resultado, em dB:

g) A impedância de entrada é dada pela equação 91:

E com este exemplo finalizamos este tópico sobre amplificadores


diferenciais.

133
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

O termo amplificador operacional designou, inicialmente, um tipo de


amplificador que, mediante a escolha adequada de componentes do circuito
em que era inserido, podia desempenhar uma série de operações tais como
amplificação (multiplicação), adição, subtracção, diferenciação e integração. A
primeira aplicação dos amplificadores operacionais foi, por isso, em computadores
analógicos.

Os primeiros protótipos de amplificadores operacionais (AmpOp)


eram tubos de vazio pelo que gastavam muita energia, eram grandes e caros. A
primeira miniaturização surgiu com o transístor bipolar de junção e levou ao uso
mais generalizado dos AmpOps. No entanto, o seu uso corrente só ocorreu com
o aparecimento dos circuitos integrados, na década de 1960.

Um amplificador é um dispositivo com uma entrada e uma saída. A saída


está relacionada com a entrada através da equação: saída = entrada x ganho em
que o ganho é uma constante de proporcionalidade. Por este fato, também é
designado por amplificador linear.

O modelo mais comum é o amplificador de tensão no qual a entrada e a


saída são sinais de tensão. Quer a entrada quer a saída podem ser substituídas
pelo circuito equivalente de Thévenin, ou seja, um gerador de tensão em série
com uma resistência. A entrada desempenha normalmente um papel passivo
de modo que o seu equivalente é apenas uma resistência que designamos por
Ri e que designamos por resistência de entrada do amplificador. A saída será
uma fonte de tensão V0 controlada pela tensão de entrada Vi em série com uma
resistência R0, designada por resistência de saída. Aoc na figura é o ganho em
tensão e exprime-se em volts/volt. A fonte também é substituída pelo gerador de
Thévenin com Vs e Rs; a carga à saída também desempenha um papel passivo e é
substituída por uma resistência RL.

134
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

Vejamos uma expressão para V0 em função de:

Notar que se RL=∞ então V0 =Aoc Vi por isso Aoc designa-se por ganho em
malha aberta (open loop gain).

Em termos de Vs temos

À medida que o sinal progride da fonte para a carga sofre primeiro uma
atenuação na entrada, depois é amplificado de Aoc dentro do amplificador e
depois de novo atenuado à saída. Estas atenuações são normalmente designadas
por “carga”. Constituem um efeito indesejável na medida em que tornam o ganho
dependente da fonte e da carga de saída, para além de implicarem uma redução
no ganho. A origem do efeito deriva do fato de quando o amplificador está ligado
à fonte, Ri recebe corrente e gera uma queda de tensão em Rs. É este valor que é
subtraído a Vs, levando a Vi. Igualmente à saída a amplitude de Vo é inferior a Aoc
Vi pela queda de tensão em Ro.

Se se eliminasse o efeito da carga então teríamos Vo/Vs = Aoc


independentemente da fonte e da carga à saída. Para chegar a esta condição, as
quedas de tensão em Rs e Ro deviam ser 0 independentemente de Rs e RL. A única
forma de obter este efeito é exigindo que Ri=∞ e Ro=0. Embora estas condições não
sejam, obviamente exequíveis, são consideradas realizadas desde que Ri>>Rs e
Ro<<RL. Para tal, utilizam-se circuitos com realimentação (ver secções seguintes).

Outro tipo de amplificador de uso comum é o amplificador de corrente.


Neste caso, o equivalente de Thévenin é substituído pelo equivalente de Norton,
fala-se de ganho em corrente em vez de ganho em tensão.

O Amplificador Operacional

O amplificador operacional é um amplificador de tensão com ganho


muito elevado. Um exemplo típico é o amplificador do circuito integrado 741 que
tem um ganho de 200000V/V. Há ganhos superiores a este.

As entradas designadas por + e – são respectivamente a entrada não


inversora e inversora. Vcc e VEE são as alimentações e são normalmente + e – 15V.
Vd (=Vp-Vn) é a tensão diferencial de entrada. E o ganho a é o ganho em malha
aberta Vo=aVd=a(Vp-Vn).

135
UNIDADE 2 — APLICAÇÕES BÁSICAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

O ampop ideal

Amplificador operacional ideal

Para minimizar a carga, um amplificador de corrente bem desenhado não


deve receber corrente da fonte e deve apresentar uma resistência ~0 à saída. Para
todos os amplificadores operacionais (e não só para o amplificadores de tensão)
se passa o mesmo, e portanto define-se o ampop ideal como um amplificador de
tensão ideal com ganho de malha aberta ∞. As condições são então: rd=∞, r0=0,
ip=iN=0 em que ip e iN são as correntes que entram nas entradas não inversora e
inversora.

Chama-se a atenção para o fato de a=∞ implicar vd=v0/∞, ie ~0. Então


como pode um amplificador com entrada 0 ter saída ≠0? À medida que a se
aproxima de ∞ vd aproxima-se de 0, mas de modo a que o produto avd≠0. Os
modelos reais dos ampops afastam-se ligeiramente do modelo ideal, como seria
de esperar.

O ampop ideal pode ser analisado como um componente com três zonas
de operação distintas: zona de saturação negativa, zona linear, zona de saturação
positiva.

A zona linear é a mais usada. Na zona linear, a tensão no terminal de


saída do ampop é proporcional à diferença de potencial entre os seus terminais
de entrada, com uma constante de proporcionalidade (ganho) – aqui definida
como a – de valor elevado. Sendo assim, nesta zona de funcionamento, a diferença
de tensão entre os terminais de entrada é muito pequena, por ser inversamente
proporcional a a. Daqui resulta a simplificação na análise do seu comportamento
de considerar que v+ é aproximadamente igual a v-.

(considerando que o ganho a é muito elevado)

As zonas de saturação negativa e positiva correspondem às situações


em que a tensão no terminal de saída é limitada pelas tensões de alimentação
inferior e superior do ampop. Quer isso se deva ao fato de o amplificador não
estar realimentado ou estar realimentado positivamente, quer seja consequência

136
TÓPICO 3 — O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

de a tensão de saída tentar superar os extremos de alimentação do circuito (aqui


definidos com Vdd e Vss), saindo portanto da zona de operação linear. Nestas duas
zonas, será válida uma das seguintes expressões:

Realimentação negativa

Na realimentação, podemos considerar os seguintes blocos:


1 amplificador (com ganho a) que recebe um sinal e produz uma saída.
2 a malha de realimentação que produz o sinal que vai ser realimentado xf=βxo
em que β é o ganho da malha de realimentação .
3 Uma malha de adição que gera a diferença xd=xi-xf. Designa-se por realimentação
negativa porque parte (a porção β) do sinal de saída é subtraída do sinal de
entrada. Se fosse somada, a realimentação seria positiva.

Eliminando xf e xd das equações acima, fica A=xo/xi=a/(1+aβ) e A é o ganho


em malha fechada do circuito. A será, portanto, menor do que a (1+aβ) que se
designa por quantidade de feedback.

À medida que o sinal se propaga na malha (amplificador + realimentação,


etc) sofre um ganho total de axβx(-1) ou –aβ. É um valor negativo que se
designa por ganho do circuito, T= aβ. Quando T→∞ fica Aideal=1/β ie A torna-se
independente de a e é fixado apenas pela malha de realimentação. A escolha dos
componentes do circuito permite adequar o circuito a uma grande variedade de
situações.

Um problema que se põe é saber como as variações no ganho de malha


aberta, a, vão afetar o ganho de malha fechada A. Derivando a equação A=a/(1+a
β) em ordem a a teremos que dA/da=1/(1+T)da/a. Ou seja 100ΔA/A≅[1/(1+T)](100
Δa/a) i.e. o efeito de uma variação percentual de a em A é reduzido de um fator
(1+T). Se T for suficientemente grande uma variação (ainda que significativa) em
a, causará uma variação insignificante em A.

Então, torna-se óbvio que a realimentação mostra o ganho do circuito A


insensível a variação de a e (1+T) é o fator de dessensibilização do ganho. Esta
estabilização de A é extremamente importante, dadas as flutuações de a com a
temperatura etc. Um raciocínio análogo leva à conclusão de que a realimentação
não estabiliza A relativamente a β (a quantidade de realimentação) daí que
seja importante a preocupação com a qualidade das componentes na malha de
realimentação.

FONTE: Adaptado de UNIVERSIDADE DE COIMBRA. Departamento de Física. Amplificado-


res operacionais. 2010. Disponível em: http://www.fis.uc.pt/data/20052006/apontamentos/
apnt_058_4.pdf. Acesso em: 21 mar. 2021.

137
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O amplificador diferencial é um bloco amplamente utilizado na construção


de CIs, pois se constitui basicamente de transistores e resistores.

• Definindo como ganho de tensão, a razão entre a saída e a entrada do


amplificador, o ganho de tensão com entrada simples pode ser expresso a
partir dos parâmetros do circuito e dos transistores, como mostra a equação:
Av = Rc/2re.

• O amplificador diferencial em modo comum não atua exatamente como um


amplificador de sinal, mas sim como um detector de interferência.

• É possível definir um parâmetro chamado de razão de rejeição em modo


comum, ou common-mode rejection ratio (CMRR), como a razão entre o ganho
de tensão diferencial de entrada e o ganho de tensão em modo comum.

• Um espelho de corrente é um circuito em que o diodo de compensação é


projetado de forma que tenha a mesma curva tensão-corrente do diodo
emissor do transistor, fazendo com que a corrente que circula pelo resistor
seja idêntica à corrente de coletor.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

138
AUTOATIVIDADE

1 Considere o circuito amplificador diferencial a seguir:

FONTE: <https://bit.ly/39RsiYj>. Acesso em: 21 mar. 2021.

Ambos transistores Q1 e Q2 são idênticos e apresentam resistência


de entrada ri = 20 kΩ e ganho β = 80. Suponha que na entrada Vi1 foi ligado
um sinal com amplitude 200 mV e na entrada Vi2  foi ligado um sinal com
amplitude 150 mV. É necessário obter uma saída diferencial com amplitude
de +5 V. Qual deve ser o valor do resistor de coletor?​​​​​​

2 Como definição de projeto, seu amplificador diferencial deve ter CMRR de


40 dB. Sabendo que os transistores são iguais com resistência de entrada
2 kΩ e ganho β = 200, qual deve ser a resistência ligada ao emissor dos
transistores?​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​

3 Um amplificador diferencial tem CMRR de 50, quando o resistor ligado a


seu emissor tem valor 5 kΩ. Sua impedância de entrada é de 20 kΩ. Qual a
resistência interna de entrada do transistor e seu ganho β?​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​

4 Um amplificador operacional é um componente cuja entrada é composta


por um amplificador diferencial. Sua folha de dados informa que seu ganho
de entrada diferencial é de 150.000 e seu CMRR é de 80 dB. Qual seu ganho
em modo comum?

5 Um amplificador diferencial utiliza, no lugar do resistor de emissor, um


espelho de corrente, no qual seu transistor apresenta resistência de saída de
200 kΩ. Determine a razão de rejeição em modo comum se os transistores
do amplificador diferencial têm como parâmetros ri = 10 kΩ e β = 100.​​​​​​​

139
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos
com aplicações. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

DE LA VEGA, A. S. Apostila de teoria para Introdução aos Amplificadores


Operacionais. Niterói, RJ: UFF, 2015. Disponível em: http://www.telecom.uff.
br/~delavega/public/TecComp/aposts/old/opamp.ps. Acesso em: 2 ago. 2019.

DUTRA, E. S. Notas de aula: eletrônica digital aplicada. Caxias do Sul, RS: Cen-
tro Tecnológico de Mecatrônica; SENAI, 2002.

FRANCO, S. Projetos de circuitos analógicos: discretos e integrados. Porto


Alegre: AMGH, 2016.

HAYT JR., W. H.; KEMMERLY, J. E.; DURBIN, S. M. Análise de circuitos em


engenharia. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

MALVINO, A. P.; BATES, D. J. Eletrônica. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. v. 2.

PERTENCE JR., A. Amplificadores operacionais e filtros ativos. 8. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2015. (Série Tekne).

PETRUZELLA, F. Motores elétricos e acionamentos. Porto Alegre: AMGH,


2013. (Série Tekne).

SCHULER, C. A. Eletrônica I. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. (Série Tekne).

140
UNIDADE 3 —

APLICAÇÕES AVANÇADAS COM


AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Definir filtros ativos de primeira e de segunda ordem.


• Analisar projetos de aproximações Butterworth, Chebyshev e Cauer.
• Analisar circuitos osciladores com ponte de Wien.
• Explicar circuitos osciladores com rede de atraso de fase.
• Diferenciar comparadores com referência zero e diferente de zero.
• Reconhecer retificadores de precisão.
• Analisar grampeadores de precisão.
• Explicar circuitos conversores e geradores de formas de onda.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – FILTROS ATIVOS


TÓPICO 2 – COMPARADORES DE SINAIS
TÓPICO 3 – OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS EM
AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

141
142
UNIDADE 3
TÓPICO 1 —

FILTROS ATIVOS

1 INTRODUÇÃO
Os filtros são circuitos projetados e desenvolvidos para deixar passar
determinadas frequências e atenuar outras. Inicialmente, esses circuitos eram
baseados em elementos passivos, como indutores e capacitores, por isso eram
conhecidos como filtros passivos.

Os filtros que utilizam amplificadores, além de capacitores e resistores,


permitem o controle da amplificação e não introduzem os efeitos eletromagnéticos
indesejados dos indutores.

Neste tópico, você vai estudar filtros ativos de primeira e segunda ordens
e analisar projetos de aproximações de Butterworth, Chebyshev e Cauer.

2 FILTROS ATIVOS DE PRIMEIRA ORDEM


Filtros são circuitos projetados para filtrar determinadas frequências.
Podem ser passivos, quando constituídos de capacitores, resistores e indutores
ou ativos, quando constituídos de resistores e amplificadores realimentados
(BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013).

Os filtros podem ser classificados de acordo com a função que executam,


por isso são denominados: filtro passa-baixa, filtro passa-alta, filtro passa-faixa e
filtro rejeita-faixa. A Figura 1 apresenta a resposta desses filtros (PERTENCE JR.,
2015).

Os filtros passa-baixas permitem a passagem de frequência abaixo da


frequência de corte fc, sendo as frequências altas atenuadas. Os filtros passa-altas
permitem a passagem de altas frequências, superiores a frequência de corte fc,
enquanto as frequências baixas são atenuadas. Os filtros passa-faixa permitem a
passagem de uma determinada faixa de frequências, definida por uma frequência
de corte inferior fc1 e por uma frequência de corte superior fc2 (PERTENCE JR.,
2015).

143
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 1 – RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DOS FILTROS PASSA-BAIXAS (PB), PASSA-ALTAS (PA),


PASSA-FAIXA (PF) E REJEITA-FAIXA (RF)

FONTE: Adaptada de Pertence Jr. (2015)

2.1 FILTRO PASSA-BAIXA


A Figura 2 apresenta um circuito composto por resistores, capacitor e
amplificador, conhecido como filtro passa-baixa. Esse filtro tem uma inclinação
de -20 dB por década e seu ganho de tensão abaixo da frequência de corte pode
ser deduzido por uma análise de malha, sendo:

(1)

A frequência de corte desse circuito é dada por:



(2)

FIGURA 2 – FILTRO PASSA-BAIXA ATIVO DE PRIMEIRA ORDEM

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 553)

144
TÓPICO 1 — FILTROS ATIVOS

2.2 FILTRO PASSA-ALTA


Filtros passa-altas permitem a passagem de altas frequências e são
compostos pelos resistores RG, RF e R1, pelo capacitor C1 e pelo amplificador
operacional, conforme ilustrado pela Figura 3. Assim como no filtro passa-baixa,
o ganho do amplificador Av é calculado pela equação 1 e sua frequência de corte
é dada por:

(3)

FIGURA 3 – FILTRO PASSA-ALTA ATIVO DE PRIMEIRA ORDEM

AmpOp

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 554)

ATENCAO

A ordem do filtro é dada pelo grau máximo do denominador da sua função


de transferência, assim como em qualquer sistema de controle. Assim, os filtros de primeira
ordem têm uma equação característica descrita por uma equação linear e os filtros de
segunda ordem têm uma equação característica descrita por uma parábola.

145
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

3 FILTROS ATIVOS DE SEGUNDA ORDEM


Matematicamente, a ordem de um filtro é igual ao número de polos
existentes na função de transferência dele. Fisicamente, a ordem de um filtro é
o número de redes de atraso presentes na sua estrutura. Quanto maior a ordem
de um filtro, mais rápida é a sua resposta, logo, mais próximo do ideal ele é. A
Figura 4 apresenta a resposta de filtros de segunda até oitava ordem. Percebe-se
que o filtro de oitava ordem tem o gráfico mais próximo da linha pontilhada (que
representa o filtro ideal) em relação aos demais (PERTENCE JR., 2015).

FIGURA 4 – RESPOSTAS DOS FILTROS IDEAIS, DE SEGUNDA, QUARTA, SEXTA E OITAVA


ORDENS

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 151)

Quanto às estruturas de implementação, pode-se destacar como as mais


comuns a estrutura de realimentação múltipla, do inglês multiple-feedback, por
isso a sigla MFB, e a estrutura de fonte de tensão controlada por tensão, do inglês
voltage-controlled voltage source, com a sigla VCVS.

A estrutura de implementação está relacionada com a disposição dos


elementos passivos no circuito e de acordo com a topologia tem-se algumas
características relevantes a serem destacadas. A estrutura MFB tem o ganho
invertido, em razão da polaridade de saída invertida enquanto a estrutura VCVS
tem o amplificador visto como uma fonte de tensão cuja saída é função da tensão
de entrada e do ganho do circuito (PERTENCE JR., 2015).

146
TÓPICO 1 — FILTROS ATIVOS

ATENCAO

Um filtro ativo pode ter todos os seus resistores multiplicados por um fator e
sua performance será a mesma desde que todos os seus capacitores sejam divididos por
esse mesmo fator (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013).

3.1 FILTRO PASSA-BAIXA DE SEGUNDA ORDEM


Os filtros passa-baixas de segunda ordem, como o ilustrado na Figura 5, é
formado pela conexão de duas seções de filtro, o que faz com que a inclinação seja
de -40 dB por década, ou seja, o dobro do decaimento do filtro de primeira ordem.
Tanto o ganho do circuito quanto a frequência de corte seguem as equações 1 e 2
apresentadas anteriormente, assim como nos filtros de primeira ordem.

FIGURA 5 – FILTRO PASSA-BAIXA ATIVO DE SEGUNDA ORDEM

AmpOp

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 553)

3.2 FILTRO PASSA-ALTA DE SEGUNDA ORDEM


Assim como os filtros passa-baixas de segunda ordem, os filtros passa-
altas de segunda ordem têm os mesmos ganhos e frequência de corte que os filtros
de primeira ordem. Ou seja, para o filtro passa-alta de segunda ordem, R1 = R2 e
C1 = C2 garantem que o ganho é dado pela equação 1, enquanto a frequência de
corte é dada pela equação 3. A Figura 6 ilustra o circuito de um filtro passa-alta.

147
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 6 – FILTRO PASSA-ALTA ATIVO DE SEGUNDA ORDEM

AmpOp

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 554)

3.3 FILTRO PASSA-FAIXA


O filtro passa-faixa, ilustrado na Figura 7, é a sobreposição de um filtro
passa-alto e um filtro passa-baixa. De acordo com as frequências de corte
desses dois filtros, tem-se a faixa de frequências que passa pelo filtro. Assim, as
frequências de corte inferior e superior são calculadas utilizando as equações 2 e
3 apresentadas anteriormente.

FIGURA 7 – FILTRO ATIVO PASSA-FAIXA

AmpOp

AmpOp

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 555)

Nesse caso, a frequência de corte inferior fOL é dada pela equação 4 e a


frequência de corte superior fOH é dada pela equação 5:

148
TÓPICO 1 — FILTROS ATIVOS


(4)

(5)

4 APROXIMAÇÕES DE BUTTERWORTH, CHEBYSHEV E CAUER


Os filtros de Butterworth, Chebyshev e Cauer são na verdade aproximações
que buscam encontrar funções de transferências por meio das quais se consegue
obter uma curva de resposta aproximada para um determinado filtro (PERTENCE
JR., 2015).

4.1 APROXIMAÇÃO DE BUTTERWORTH


O filtro de Butterworth é um filtro desenvolvido de modo a ter uma
resposta em frequência o mais plana possível na banda passante e na banda de
corte. A função de transferência desse filtro é:

(6)

sendo KPB o ganho do filtro passa-baixa quando a frequência ω é nula; ωc é


a frequência de corte (ωc = 2πfc) e n é a ordem do filtro. Quanto maior for a ordem
do filtro, mais próxima da curva real será a sua resposta (PERTENCE JR., 2015).

A aproximação de Butterworth pode ser utilizada para qualquer filtro,


porém, para exemplificar, será desenvolvido o filtro passa-baixa.

Se na equação 6 a frequência ω for muito maior que a frequência de corte


ωc, podemos reescrevê-la:

(7)

Reescrevendo a equação 7, em termos de decibéis, para ω ≥ ωc, tem-se:



(8)

Sendo a segunda parcela da equação 8 a taxa de atenuação (TA) do


filtro de Butterworth. Com isso, conclui-se que um filtro de primeira ordem de
Butterworth tem uma TA de 20 dB/décadas, um de segunda ordem decai a uma
taxa de 40 dB/década e assim sucessivamente (PERTENCE JR., 2015).

4.2 APROXIMAÇÃO DE CHEBYSHEV

149
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Os filtros de Butterworth respondem muito bem quando em ordens


elevadas, entretanto, nas frequências próximas à frequência de corte ωc, sua
resposta não adequada para filtros de ordem baixa. Para sanar esse problema,
podem ser utilizados os filtros por aproximação de Chebyshev. Em termos de
frequência de corte, o filtro de Chebyshev é melhor, isso significa que sua transição
na frequência de corte será muito mais agudo do que no caso do filtro de But-
terworth (PERTENCE JR., 2015). A função de aproximação de Chebyshev é:

(9)

Sendo KPB o ganho do filtro PB para frequência ω nula, ωc é a frequência de


corte, E é uma constante que define a amplitude dos ripples na faixa de passagem
e varia entre 0 e 1 e Cn é o chamado polinômio de Chebyshev, calculado pela
expressão:

Cn(ω) = cos(n arccos ω) (10)

A representação gráfica da equação 9 supondo o ganho KPB do filtro passa-


-baixo igual a 1, com diversos valores de n, tem-se o gráfico ilustrado na Figura 8.
O número de ripples na faixa de passagem é igual à ordem do filtro, enquanto a
amplitude deles depende do parâmetro E (PERTENCE JR., 2015).

FIGURA 8 – RESPOSTA DO FILTRO CHEBYSHEV SUPONDO O GANHO E A FREQUÊNCIA DE


CORTE IGUAL A 1

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 153)

Quando se representa a equação 9 em decibéis, tem-se (equação 11):

|H( jω)| = 20 log(KPB) – 20 logE – 6(n – 1) – 20nlog(ω/ωc) (11)

150
TÓPICO 1 — FILTROS ATIVOS

A amplitude dos ripples, representada por PR, em decibéis, é utilizada


para caracterizar o filtro de Chebyshev, sendo que o máximo valor permitido para
PR é de 3 dB. A relação entre PR e E é descrita por meio da seguinte expressão
(PERTENCE JR., 2015):

(12)

ATENCAO

Quanto maior a amplitude do ripple, maior será a atenuação na faixa de


transição, entretanto, ripples são sempre indesejados. Cabe ao projetista balancear essa
decisão.

4.3 APROXIMAÇÃO DE CAUER


Os filtros de Cauer, também conhecidos como filtros elípticos, têm a melhor
definição em termos de frequência, quando relacionado aos de Butterworth e de
Chebyshev, porém, apresenta ripples tanto na faixa de passagem quanto na faixa
de corte. A Figura 9 ilustra a resposta do filtro de Cauer graficamente. Percebe-
se que a faixa de transição é bastante estreita, por isso esse filtro é utilizado em
equipamentos que exigem alta precisão no ponto de corte (PERTENCE JR., 2015).

FIGURA 9 – RESPOSTA DO FILTRO CHEBYSHEV SUPONDO O GANHO E A FREQUÊNCIA DE


CORTE IGUAL A 1

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 155)

151
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Em geral, para atender a um mesmo sistema, o filtro de Cauer pode ser


de menor ordem que os filtros de Butterworth e Chebyshev. Ainda, se considerar
que um filtro de menor ordem demanda menos componentes, o filtro de Cauer
pode ser considerado como o mais econômico (DARYANANI, 1976).

5 OSCILADORES SENOIDAIS COM AMPLIFICADORES


OPERACIONAIS
Os circuitos osciladores geram formas de onda senoidais utilizando
amplificadores operacionais (AmpOps). Esses circuitos têm ampla aplicação em
telecomunicações, gerando sinais moduladores, e em geração de sinais de áudio,
tanto para aplicações musicais quanto médicas, como audiometrias.

As formas de geração de ondas são baseadas em filtros, cuja frequência


de ressonância é utilizada para estabilizar uma realimentação do AmpOps. Esses
filtros podem ser de diversas naturezas, como de circuito resistor-capacitor/
condensador (RC) ou, ainda, circuito tanque (LC).

A partir das redes de avanço e de atraso com resistores e capacitores,


gerado o circuito fundamental para geração de sinais senoidais, a ponte de Wien.
Adicionalmente, podem ser utilizados circuitos de deslocamento de fase ou
duplo T. Os circuitos LC são responsáveis por oscilações de alta frequência, sendo
representados pelo oscilador Colpitts.

6 PONTE DE WIEN
Os circuitos osciladores são aqueles que, a partir de uma excitação em
corrente contínua, produzem um sinal de saída em corrente alternada. Esse
sinal de corrente alternada não é, exclusivamente, senoidal, com osciladores
podendo gerar sinais triangulares, dentes de serra, dentre outros. A topologia
desses circuitos será responsável por determinar o tipo de saída, bem como sua
frequência (SCHULER, 2016).

A geração de um sinal senoidal é de grande importância, com diversas


aplicações em circuitos eletrônicos, sendo importante o projeto de circuitos
osciladores senoidais de precisão. O circuito fundamental para geração de sinais
senoidais é o circuito RC, capaz de gerar avanços e atrasos de fase, de acordo
com sua ligação. Um circuito de atraso é composto por um resistor em série com
um capacitor, no qual, a partir de um sinal senoidal de entrada, o sinal de saída
é medido sobre o capacitor, como mostra a Figura 10A. Analisando esse circuito
em regime permanente corrente alternada (CA), seu ganho de tensão é dado pela
equação 13 e seu ângulo de fase é dado pela equação 14. Analisando a equação
do ângulo de fase, é possível perceber que controlando o valor da capacitância
C e da resistência R, é possível atrasar a tensão de saída em relação à de entrada
(MALVINO; BATES, 2016).
152
TÓPICO 1 — FILTROS ATIVOS


(13)

(14)

De forma similar, tomando a tensão de saída como aquela sobre o resistor,


como mostra a Figura 10B, é possível obter um circuito de avanço. Determinando
a razão entre a tensão de saída e de entrada desse circuito, é possível obter a
equação 15, com seu ângulo de fase representado na equação 16. Nesse circuito,
controlando o valor da capacitância C e da resistência R, é possível adiantar a
tensão de saída em relação à de entrada (MALVINO; BATES, 2016).

(15)

(16)

FIGURA 10 – CIRCUITOS RC (A) DE ATRASO E (B) DE AVANÇO

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 905-906)

A combinação das propriedades dos circuitos RC permite a criação de


um circuito (ou rede) de avanço-atraso, como mostra a Figura 11. Nesse circuito,
sinais de baixa frequência fazem com que a tensão de saída seja nula em razão
do capacitor em série e que se torna um circuito aberto, sinais de alta frequência
também tornam a saída nula, mas em razão do capacitor em paralelo que se torna
um curto-circuito. O ganho é máximo quando o circuito se encontra na frequência
de ressonância, determinada pela equação 17. Nessa frequência, o ganho é
máximo, igual a −9,54 dB, e a defasagem entre o sinal de saída e o de entrada é
0°, como é possível ver nas curvas da Figura 12. Analisando essas curvas, para
frequências acima da ressonância, a tensão de saída estará atrasada da tensão de
entrada, enquanto para frequências abaixo, a tensão de saída estará adiantada da
tensão de entrada (SCHULER, 2016).

(17)

153
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 11 – CIRCUITO RC DE AVANÇO-ATRASO

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 906)

FIGURA 12 – CURVAS DE GANHO (EM VERMELHO) E ÂNGULO DE FASE (EM LARANJA) DO


CIRCUITO RC DE AVANÇO-ATRASO

FONTE: Schuler (2016, p. 91)

Utilizando uma rede de avanço-atraso na entrada não inversora de um


ampop, é possível criar um circuito chamado ponte osciladora de Wien, ilustrada
na Figura 13. A ponte é ligada entre a realimentação e o terra do circuito, com sua
saída sendo ligada às entradas do AmpOp. A rede de avanço-atraso ligada na
entrada não inversora, enquanto o outro lado da ponte, composto por um divisor
resistivo, é ligado na entrada inversora (SCHULER, 2016).

154
TÓPICO 1 — FILTROS ATIVOS

FIGURA 13 – CIRCUITO OSCILADOR DA PONTE DE WIEN

FONTE: Schuler (2016, p. 91)

O circuito divisor resistivo, por estar ligado à entrada inversora, tem


como função ajustar o ganho em malha fechada do AmpOp para atenuar a perda
inerente à rede de avanço-atraso. É composto por um resistor R' com um coeficiente
de temperatura positivo e de alto valor. Quando o circuito é inicializado, R' tem
um valor baixo, provocando alto ganho. O valor da resistência aumenta conforme
a saída oscila, estabilizando em um ganho de aproximadamente +9,54 dB,
fazendo com que a saída tenha ganho unitário operando em regime permanente
(MALVINO; BATES, 2016).

A rede de avanço-atraso, por estar ligada à entrada não inversora, é


responsável por gerar realimentação positiva. Inicialmente, o sinal de saída
apresenta muita oscilação. A realimentação positiva, entretanto, apenas levará a
entrada não inversora, a frequência de ressonância, fazendo com que as demais
frequências sejam adiantadas ou atrasadas e, consequentemente, tenham suas
amplitudes atenuadas. Assim, em regime permanente, a saída do AmpOp oscilará
de forma senoidal apenas na frequência de ressonância da rede de avanço-atraso
(SCHULER, 2016).

A construção deste circuito, entretanto, não é muito prática em razão da


utilização do resistor R', em geral sendo uma lâmpada de tungstênio. No circuito
da Figura 14, o controle de ganho é feito por diodos limitadores, que conduzirão
em semiciclos opostos. Nesse circuito, a tensão de pico do sinal de saída é estável
e dada pela equação 18. A realimentação negativa deve ser projetada de forma a
ser maior ou igual a 6 dB (equação 19), de modo a atenuar o ganho negativo do
restante do circuito (FRANCO, 2015).

(18)

155
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS


(19)

FIGURA 14 – CIRCUITO OSCILADOR DA PONTE DE WIEN MODIFICADO COM ESTABILIZAÇÃO


DE AMPLITUDE DO SINAL DE SAÍDA

FONTE: Adaptada de Franco (2015)

EXEMPLO: Considere um circuito oscilador com ponte de Wien utilizan-


do AmpOp. (a) Determine a frequência do sinal senoidal de saída considerando
R = 150 kΩ e C = 2 nF. Considerando o circuito com estabilização de amplitude do
sinal de saída, determine (b) a amplitude do sinal de saída e (c) o valor do resistor
de realimentação, considerando R1 = 10 kΩ, R3 = 4,7 kΩ e R4 = 20 kΩ. Considere
a tensão de joelho dos diodos como 0,7 V e que o divisor resistivo de saída é ali-
mentado com ±15 V.

a) A frequência do sinal senoidal de saída é dada pela equação 17. Logo:

b) A amplitude do sinal de saída para o circuito com estabilização do sinal de


saída é dada pela equação 6:

c) O ganho da realimentação negativa do AmpOp deve ser maior que 6 dB


para atenuar o ganho do circuito externo. Utilizando assim a equação 7 para
determinar o valor de R2:

156
TÓPICO 1 — FILTROS ATIVOS

7 OSCILADORES DE DESLOCAMENTO DE FASE


Os osciladores de deslocamento de fase utilizam os circuitos RC
exemplificados na Figura 10 em paralelo para gerar um sinal senoidal que esteja
em fase na saída. Assim, uma defasagem de 180° já é obtida utilizando um
amplificador inversor como base. Devem, então, ser escolhidos uma quantidade
N de estágios RC que, em paralelo, defasem os 180° restantes (SCHULER, 2016).

De forma geral, um oscilador de deslocamento de fase, cujo circuito


exemplificado para N = 3 é dado na Figura 15, tem frequência de oscilação de
saída dada pela equação 20. A defasagem provocada por cada estágio RC é dada
pela equação 21. De forma a estabilizar o sinal de saída, deve-se compensar a
atenuação de −29,2 dB dos circuitos RC. Assim, o ganho em malha fechada, dado
pela equação 22, deve ser maior ou igual a 29,2 dB. Utilizando ganhos maiores
que 29,2 dB, o circuito estabilizará em menor tempo, devendo apenas observar
ceifamentos na forma de onda de saída (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013;
SCHULER, 2016).

(20)

(21)

(22)

FIGURA 15 – CIRCUITO OSCILADOR COM DESLOCAMENTO DE FASE

AmpOp

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 642)

EXEMPLO: Considere um circuito oscilador com deslocamento de


fase utilizando AmpOp de três estágios RC. Determine (a) a frequência do
sinal senoidal de saída considerando R =10 kΩ e C = 10 nF e (b) o resistor da
realimentação, considerando Ri = 10 kΩ.

157
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

a) A frequência do sinal senoidal de saída é dada pela equação 20. Logo:

b) A realimentação deve ser projetada para que o ganho seja maior ou igual à 29,2
dB. Assim, utilizando a equação 22:

Ou seja, o resistor da realimentação deve ser maior que 288,4 kΩ de forma


a garantir um ganho, pelo menos, unitário, no sinal de saída. Normalmente
utiliza-se um resistor com valor ligeiramente maior para acelerar a estabilização
no período transiente.

8 OUTROS OSCILADORES SENOIDAIS


Sinais senoidais também podem ser criados por outros tipos de osciladores
utilizando circuitos RC. O oscilador duplo T é composto por um circuito que
apresenta um arranjo de resistores e capacitores que lembram duas letras “T”
em paralelo, como pode ser visto na Figura 16. O bloco conectado à entrada
inversora é um filtro do tipo rejeita faixa (band-stop filter ou filtro notch) que atenua
frequências em torno de sua frequência de ressonância, dada pela equação 23,
mantendo frequências abaixo e acima dela (MALVINO; BATES, 2016).

(23)

Este circuito é composto por duas realimentações. A realimentação


positiva é composta por um divisor resistivo no qual o resistor da realimentação
é, na verdade, um elemento resistivo de coeficiente de temperatura positivo,
ou seja, conforme mais corrente circula por ele, sua temperatura aumenta e sua
resistência aumenta junto, como uma lâmpada. Assim, o aumento de oscilações
na saída faz com que sua resistência aumente, fazendo com que a realimentação
positiva diminua, forçando a estabilização da saída (MALVINO; BATES, 2016).

A realimentação negativa, composta pelo circuito duplo T, é responsável


pelo ajuste de frequência por meio do resistor variável R/2. Para que o sinal
de saída oscile na frequência de rejeição do filtro duplo T, os resistores da
realimentação positiva devem ser ajustados de forma que a resistência R2 da
lâmpada seja em torno de 10 a 1.000 vezes maior que o resistor R1. O filtro duplo
T provoca defasagem de 180° no sinal que, associada à utilização da entrada
inversora, provoca uma defasagem de outros 180°, fazendo com que o sinal de
saída esteja em fase. A Figura 17 mostra as curvas de ganho e ângulo de fase para
um oscilador duplo T de frequência ressonante em torno de 520 Hz (MALVINO;
BATES, 2016; SCHULER, 2016).

158
TÓPICO 1 — FILTROS ATIVOS

FIGURA 16 – CIRCUITO GERAL PARA UM OSCILADOR DUPLO-T

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 911)

FIGURA 17 – ÂNGULO DE FASE PARA UM CIRCUITO GERADOR DE SINAL SENOIDAL DE 520 Hz

FONTE: Schuler (2016, p. 96)

EXEMPLO: Considere um circuito oscilador duplo T com AmpOp.


Determine a frequência do sinal senoidal de saída considerando R = 100 kΩ, o
potenciômetro, de 50 kΩ, está ajustado para 2 kΩ, e C = 0,01 μF.

A frequência do sinal senoidal de saída é dada pela equação 11. Logo:


Outro meio de gerar oscilações se dá por meio de circuitos LC. Esses
circuitos possibilitam a geração de sinais com frequências acima de 1 MHz.
Uma associação LC, também denominadas de circuitos tanque (tank ou flywheel),
gera oscilações a partir da carga de seu elemento capacitivo. Com um indutor

159
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

descarregado, este é visto como um curto-circuito e assim o capacitor descarrega


por ele, carregando o indutor na forma de um campo magnético crescente. Após
a total descarga do capacitor, o campo magnético começa a diminuir, forçando o
indutor a descarregar e a circulação de corrente carregará o capacitor novamente,
repetindo-se ciclicamente, como mostra o esquema da Figura 18. Sua frequência
de ressonância é dada pela equação 24 (SCHULER, 2016).

(24)

FIGURA 18 – OSCILAÇÕES EM CIRCUITOS LC

FONTE: Adaptada de Schuler (2016)

Esses circuitos LC podem ser utilizados como geradores de sinais


senoidais com AmpOps utilizando o circuito oscilador Colpitts, mostrado na
Figura 19. A realimentação negativa utilizando um circuito LC, com divisor de
tensão capacitivo, é responsável por determinar a frequência do sinal de saída
do AmpOp, dada pela equação 25. A realimentação negativa dos resistores
é responsável por amplificar o ganho atenuado pelo circuito LC. O ganho do
circuito LC é dado pela equação 26, enquanto o ganho da realimentação é dado
pela equação 27 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013; MALVINO; BATES, 2016).

(25)

(26)

(27)

160
TÓPICO 1 — FILTROS ATIVOS

FIGURA 19 – CIRCUITO OSCILADOR COLPITTS

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 645)

EXEMPLO: Considere um circuito oscilador Colpitts com AmpOp.


Determine a frequência do sinal senoidal de saída considerando um indutor de
10 μH e dois capacitores de 1 nF.

A frequência do sinal senoidal de saída é dada pela equação 25. Logo:

Durante o projeto de um oscilador senoidal, deve-se analisar, dentre outras


características de cada circuito, sua capacidade de geração de sinais em diferentes
frequências. Os osciladores baseados em pontes de Wien são facilmente ajustáveis
para frequências até 1 MHz, com a variação de seus componentes permitindo
amplas faixas de geração (MALVINO; BATES, 2016).

Já os osciladores de deslocamento de fase e duplo T podem gerar oscilações


em diferentes frequências, tendo como desvantagem sua dificuldade em gerar
uma ampla faixa de frequências, sendo limitado pelos componentes que não
oferecem grande faixa onde o sinal gerado é estável (MALVINO; BATES, 2016).

O oscilador de Colpitts, entretanto, é capaz de suprir a necessidade de


gerar sinais em frequências acima de 1 MHz utilizando um circuito tanque LC.
Deve-se apenas tomar cuidado porque circuitos que trabalham com sinais em alta
frequência são de difícil projeto em razão das capacitâncias e indutâncias parasitas
presentes em componentes, conexões, terminais e condutores (MALVINO;
BATES, 2016).

161
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Filtros são circuitos projetados para filtrar determinadas frequências. Podem


ser passivos, quando constituídos de capacitores, resistores e indutores ou
ativos, quando constituídos de resistores e amplificadores realimentados.

• Os filtros podem ser classificados de acordo com a função que executam, por
isso são denominados: filtro passa-baixa, filtro passa-alta, filtro passa-faixa e
filtro rejeita-faixa. A Figura 1 apresenta a resposta desses filtros.

• Os filtros passa-baixas permitem a passagem de frequência abaixo da


frequência de corte, sendo as frequências altas atenuadas.

• Os filtros passa-altas permitem a passagem de altas frequências, superiores a


frequência de corte, enquanto as frequências baixas são atenuadas.

• Os filtros passa-faixas permitem a passagem de uma determinada faixa


de frequências, definida por uma frequência de corte inferior e por uma
frequência de corte superior.

• Os filtros de Butterworth, Chebyshev e Cauer são na verdade aproximações


que buscam encontrar funções de transferências por meio das quais se
consegue obter uma curva de resposta aproximada para um determinado
filtro.

• A Ponte de Wien é um circuito oscilador que produz, em sua saída, um sinal


senoidal.

162
AUTOATIVIDADE

1 Os filtros podem ser classificados de acordo com a função que executam, de


acordo com sua topologia ou de acordo com as frequências que atenuam.
Sobre este último, os filtros são separados e definidos como:

a) ( ) filtro de baixas frequências e filtro de altas frequências.


b) ( ) filtro passa-baixa, filtro passa-alta e filtro passa-faixa.
c) ( ) filtro baixo, filtro alto e filtro médio.
d) ( ) filtro passa-frequência e filtro passa-tensão.
e) ( ) filtro pequeno e filtro grande.

2 Os filtros ativos de segunda ordem têm uma equação característica de grau


2 e, por isso, propiciam atenuação duas vezes mais rápida que os filtros de
primeira ordem. Sobre eles, pode-se afirmar que:

a) ( ) diferem dos filtros ativos de primeira ordem apenas nos seus zeros.
b) ( ) têm o dobro da taxa de atenuação quando comparados aos filtros de
primeira ordem.
c) ( ) diferem dos filtros ativos de primeira ordem, pois não são construídos
com amplificadores.
d) ( ) os filtros ativos de segunda ordem precisam de amplificadores de
instrumentação para funcionarem corretamente.
e) ( ) diferem dos filtros ativos de primeira ordem apenas pelo ganho.

3 A aproximação de Chebyshev foi desenvolvida buscando-se melhores


respostas em frequências próximas à frequência de corte. A figura a seguir
apresenta a resposta do filtro Chebyshev de diversas ordens.

FONTE: <https://bit.ly/3t6eGjm>. Acesso em: 23 mar. 2021.


​​​​​​​

163
Com base nas suas respostas, pode-se afirmar:
a) ( ) Apresenta poucos ripples na banda passante e na banda de corte,
porém, na frequência de corte, se aproxima de um filtro ideal e apresenta
decaimento perfeitamente angulado, assim como Butterworth.
b) ( ) Apresenta maiores oscilações, porém, na frequência de corte, apresenta
decaimento mais abrupto que o filtro por Cauer.
c) ( ) Apresenta rápida resposta, principalmente quando utilizado em
ordem mais baixa.
d) ( ) Apresenta ripples na banda passante e na banda de corte quando em
filtros de ordem elevada; além disso, na frequência de corte, apresenta
decaimento menos abrupto que o filtro por Butterworth.
e) ( ) Apresenta ripples na banda passante e na banda de corte, porém, na
frequência de corte, apresenta decaimento mais abrupto que o filtro
por Butterworth.

4 A ponte de Wien é um circuito composto por uma rede de avanço-atraso


RC, sendo utilizada como gerador de sinais senoidais quando ligada a um
amplificador operacional. Para projetar um oscilador senoidal utilizando
ponte de Wien para uma frequência de 20kHz, qual deve ser o valor do
capacitor utilizado no circuito RC, sabendo que o resistor é de 100kΩ?

5 Os osciladores senoidais duplo-T utilizam arranjos com resistores e


capacitores de forma em que atuam como um filtro rejeita faixa. Determine
o valor de R para um oscilador senoidal duplo-T cujo sinal de saída tenha
frequência de 600Hz, utilizando um capacitor de 100nF. Considere todos os
resistores do circuito como fixos.

6 O oscilador Colpitts é responsável por gerar sinais senoidais a partir de


circuitos LC denominados tanque. Determine o valor dos capacitores do
oscilador Colpitts da figura a seguir de forma que ele gere tensão senoidal
de frequência 10MHz. Considere o indutor de 100μH e que existe uma
relação entre as capacitâncias de C1 = 10∙C2.

FONTE: <https://bit.ly/2RaWrey>. Acesso em: 23 mar. 2021.

164
7 Os osciladores duplo-T utilizam um filtro rejeita-faixa em sua entrada,
como mostra a figura a seguir. De forma a gerar frequência de 600Hz, qual
deve ser o valor de R, considerando C = 100 nF?

FONTE: <https://bit.ly/3fTGELv>. Acesso em: 23 mar. 2021.

8 Os osciladores com circuitos deslocadores de fase são projetados acoplando-


se vários estágios RC de forma que o sinal senoidal de saída esteja em fase.
Para o projeto de um oscilador com deslocador de fase de 3 estágios, cujo
circuito é mostrado a seguir, para gerar frequência de 300Hz, qual deve
ser o valor de R e o valor mínimo do resistor de realimentação, C = 10μF?
Considere Ri = 100∙R.

FONTE: <http://lrq.sagah.com.br/uasdinamicas/uploads/layouts/692314138_1567796713eaf-
911ca0977cba6f312f60c598fc39b0b588b73.png>. Acesso em: 23 mar. 2021.

165
166
UNIDADE 3
TÓPICO 2 —

COMPARADORES DE SINAIS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você vai conhecer os circuitos comparadores de sinais.
Estes são inicialmente projetados utilizando amplificadores operacionais,
utilizando suas propriedades não lineares. Utilizando seu alto ganho em malha
aberta, os comparadores utilizam um sinal de referência em uma das entradas
para comparar com um sinal variável na outra entrada, como de um sensor, para
determinar se este é maior ou menor que a referência.

No entanto, em situações em que há muito ruído presente, pode haver


comutações indevidas. De forma a evitar isso, são utilizadas propriedades
de histerese para garantir que o sinal de saída não oscile. Podem também ser
desenvolvidos circuitos em que há uma faixa de comparação, havendo comutação
dentro ou fora de uma janela especificada.

Por fim, serão analisados os circuitos integrados comparadores, que são


dispositivos dedicados a esse fim, apresentando propriedades mais adequadas,
como maior velocidade de chaveamento de saída, menor susceptibilidade a
variações indesejadas e maior versatilidade em aplicações digitais.

2 CIRCUITOS COMPARADORES DE SINAIS


Os amplificadores operacionais são dispositivos eletrônicos cujas
propriedades podem ser utilizadas nas mais diversas aplicações. Dentre essas
propriedades pode-se destacar, inicialmente, o alto ganho em malha aberta. Em
razão da alta complexidade do circuito interno de um amplificador operacional,
seu circuito equivalente é composto por uma impedância de entrada e uma fonte
de tensão dependente, juntamente com uma impedância de saída, como pode ser
visto na Figura 20 (SCHULER, 2016; BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013).

167
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 20 – CIRCUITO EQUIVALENTE CORRENTE ALTERNADA DO AMPLIFICADOR


OPERACIONAL

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 516)

Assim, é possível ver que a tensão de saída é diretamente proporcional


à tensão de entrada pelo seu ganho em malha aberta, representado na Figura
20 por Ad, mas também denominado por AMA. Por definição, o ganho em malha
aberta é a razão entre a tensão de saída pela tensão diferencial de entrada, como
mostra a equação 28. A equação 29 mostra esse ganho em decibel. Idealmente,
esse ganho em malha aberta tende a infinito.

(28)

(29)

Entretanto, em dispositivos reais, o ganho não pode ser infinito,


apresentando assim valor muito alto. Para que a tensão de saída não apresente
valores extremamente elevados, os amplificadores operacionais reais apresentam
um limite de tensão, tanto negativo quanto positivo, chamado de tensão de
saturação. Estes são os mínimos e máximos valores que a tensão de saída pode
alcançar (FRANCO, 2016).

Outra importante propriedade dos amplificadores operacionais é sua alta


impedância de entrada, que faz com que a corrente que entra em um amplificador
operacional seja, idealmente, zero, como visto na equação 30. Essa característica
é denominada de curto-circuito virtual, em que os potenciais nas entradas
inversora (vN, −) e não inversora (vP, +), como visto em seu símbolo na Figura
21, são iguais, matematicamente representadas pela equação 31. Quando um dos
terminais é ligado ao referencial de terra, essa propriedade passa a ser chamada
de terra virtual (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013).

i+ = i– = 0 (30)

v+ = v– (31)

168
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

FIGURA 21 – SÍMBOLO DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL

FONTE: Franco (2016, p. 501)

Assim, a partir da propriedade do alto ganho em malha aberta com o


fato de que a tensão de saída do amplificador operacional saturará em certas
condições, possível utilizá-lo para fazer comparação de sinais. Aplicando, na
entrada inversora, um sinal de referência, como o terra, é possível determinar se
o sinal aplicado à entrada não inversora será maior ou menor que essa referência,
utilizando o circuito comparador da Figura 22A. Nesse circuito comparador
não inversor, a tensão de saída saturará positivamente se a tensão de entrada
for maior que 0 V ou negativamente se a tensão de entrada for menor que 0 V,
como mostrado matematicamente pela equação 32 e graficamente na Figura 22B
(MALVINO; BATES, 2016).

(32)

FIGURA 3 – (A) CIRCUITO COMPARADOR NÃO INVERSOR COM REFERÊNCIA ZERO E (B) SUA
CURVA DE TENSÃO DE SAÍDA EM RELAÇÃO À TENSÃO DE ENTRADA

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 82)

Esse circuito ainda pode ser modificado de forma que, se o sinal for menor
que zero, a saturação seja positiva e que, quando o sinal for maior que zero, a

169
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

saturação seja negativa, como evidenciado pela equação 33. Esse comparador é
denominado inversor, cujo circuito e cuja curva de tensão de saída em relação
entrada são mostrados, respectivamente, na Figura 23 (PERTENCE JR., 2015).

(33)

FIGURA 23 – CIRCUITO COMPARADOR INVERSOR COM REFERÊNCIA ZERO E SUA CURVA DE


TENSÃO DE SAÍDA EM RELAÇÃO À TENSÃO DE ENTRADA

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 83)

Ainda é possível ter comparadores inversores e não inversores com tensões


de referência diferentes do terra, basta que seja criada uma referência de tensão na
entrada desejada utilizando uma fonte externa ou um divisor de tensão. Assim,
um comprador não inversor com uma tensão de referência positiva dada por um
divisor de tensão na tensão de alimentação positiva, como o da Figura 24A, tem
sua tensão de saída dada pela equação 34 e pela Figura 24B, enquanto sua tensão
de referência é dada pela equação 35. De forma similar, caso seja necessário criar
uma tensão de referência negativa, esta pode ser feita por um divisor de tensão
na alimentação negativa do amplificador operacional, como mostra o circuito
da Figura 24C. Sua tensão de saída é dada pela equação 7 e pela Figura 24D,
enquanto sua tensão de referência é dada pela equação 36 (MALVINO; BATES,
2016). Para que esses comparadores sejam inversores, basta fazer a ligação da
tensão de referência (positiva ou negativa) na entrada não inversora, e a tensão a
ser comparada na entrada inversora.

(34)

170
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

(35)

(36)

FIGURA 24 – (A) CIRCUITO COMPARADOR NÃO INVERSOR COM REFERÊNCIA POSITIVA DADA
POR UM DIVISOR DE TENSÃO E (B) SUA CURVA DE TENSÃO DE SAÍDA EM RELAÇÃO À TEN-
SÃO DE ENTRADA. (C) CIRCUITO COMPARADOR NÃO INVERSOR COM REFERÊNCIA POSITIVA
DADA POR UM DIVISOR DE TENSÃO E (D) SUA CURVA DE TENSÃO DE SAÍDA EM RELAÇÃO À
TENSÃO DE ENTRADA

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 859)

Para evitar oscilações na tensão de referência, é utilizado um capacitor de


desvio (bypass) no divisor resistivo. Assim, o circuito resistor-capacitor formado
deve ser projetado para ter uma frequência de corte tal que deva ser muito menor
que a frequência de ondulação (ripple) da fonte, sendo determinada pela equação
37 para os circuitos da Figura 24A-C.

(37)

De forma geral, a diferença de tensão a ser percebida entre o sinal de


entrada e o sinal de referência depende apenas do ganho em malha aberta do
amplificador operacional. Quando maior este for, menor será a diferença de
tensão necessária para que seja feita a comparação (PERTENCE JR., 2015).

171
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

EXEMPLO: Suponha um circuito comparador de referência negativa,


cujos componentes utilizados são R1 = 15 kΩ, R2 = 5 kΩ e CBY = 1,0 μF. Determine:
(a) a tensão de referência, (b) a frequência de corte, (c) a tensão de saída para uma
tensão de entrada de −5 V e (d) a tensão de saída para uma tensão de entrada
de +5 V. Considere que o amplificador operacional foi alimentado com tensão
simétrica de ±15 V e tem tensão de saturação de ±13 V.

a) Para o comparador de referência negativa, sua tensão de referência é


determinada pela equação 36:

b) Para o comparador de referência positiva, sua frequência de corte é determinada


pela equação 37:

c) Quando o comparador for submetido a uma tensão de entrada de −5 V, ela


será menor que a tensão de referência, logo, saturará negativamente. Assim, a
tensão de saída será:

vout = – 13 V

d) Quando o comparador for submetido a uma tensão de entrada de +5 V, ela será


maior que a tensão de referência, logo, saturará positivamente. Assim, a tensão
de saída será:

vout = + 13 V

3 COMPARADORES DE HISTERESE E DE JANELA


Devido ao alto ganho em malha aberta dos amplificadores operacionais,
a comparação entre sinais pode tornar-se muito sensível a pequenas variações,
como aquelas provenientes de ruído. Se for fixada uma referência, ou threshold
point (TP), para comparação, pequenas variações podem provocar comutações
indevidas na saída do amplificador operacional, como pode ser visto no gráfico
da Figura 25B. Para que isso seja evitado, uma região pode ser delimitada para
que não haja comutação da saída, mas sim que seja mantido seu estado anterior,
como visto nas curvas ideais da Figura 25A. Essa região é restrita por um limite
superior, upper threshold point (UTP), e um inferior, lower threshold point (LTP), e a
propriedade de manter a tensão de saída no seu valor anterior enquanto estiver
nessa região é chamada de histerese (SCHULER, 2016).

172
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

FIGURA 25 – (A) SAÍDA IDEAL E (B) SAÍDA REAL DE UM COMPARADOR COM SINAL DE ENTRA-
DA RUIDOSO

FONTE: Schuler (2016, p. 43)

Os comparadores que utilizam laços de histerese em suas curvas de tensão


de saída são denominados Schmitt trigger e podem ser dados com saída inversora
e não inversora, cujos circuitos são mostrados, respectivamente, na Figura 26A-B.
O laço de histerese pode ser observado nas curvas de tensão de saída pela tensão
de entrada da Figura 26C-D para os circuitos do Schmitt trigger inversor e não
inversor, respectivamente (MALVINO; BATES, 2016).

FIGURA 26 – (A) CIRCUITOS SCHMITT TRIGGER INVERSOR E (B) NÃO INVERSOR E (C) CURVAS
DA RESPOSTA EM TENSÃO NA SAÍDA PELA TENSÃO DE ENTRADA PARA SCHMITT TRIGGER
INVERSOR E (D) NÃO INVERSOR

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 865 e 867)

173
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

A determinação dos limites superior e inferior é feita utilizando a


realimentação positiva dos circuitos da Figura 26A-B para o Schmitt trigger
inversor e não inversor, respectivamente. A histerese em ambos os casos é dada
pela diferença entre o limite superior e o inferior, como mostra a equação 38.
As expressões matemáticas para esses parâmetros foram resumidas no Quadro 1
(MALVINO; BATES, 2016).

H = UTP – LTP (38)

QUADRO 1 – EQUAÇÕES PARA OS LIMITES SUPERIOR (UTP) E INFERIOR (LTP) E HISTERESE


PARA O SCHMITT TRIGGER INVERSOR E NÃO INVERSOR

Schmitt trigger inverso Schmitt trigger não inversor

UTP

LTP

Histerese

FONTE: Adaptado de Malvino e Bates (2016)

EXEMPLO: Considere um Schmitt trigger inversor. Se R1 = 1 kΩ, R2 = 20 kΩ


e Vsat = 15 V, determine:

(a) o limite superior de tensão, (b) o limite inferior de tensão e (c) a histerese
do circuito.

a) Utilizando a equação do UTP do Quadro 1:

b) Utilizando a equação do LTP do Quadro 1:

c) Utilizando a equação da histerese do Quadro 1:

Ainda utilizando o conceito dos limites superior e inferior, é possível


projetar um circuito no qual a saída do amplificador operacional saturará
positivamente quando a entrada estiver fora dessa faixa ou dentro dessa faixa.
Os comparadores que utilizam esse princípio são denominados comparadores de
janela ou de limite duplo (MALVINO; BATES, 2016; SCHULER, 2016).
174
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

Os comparadores de janela são construídos a partir de dois amplificado-


res operacionais. Em um deles é estabelecido o limite superior (UTP) por uma
tensão de referência na entrada não inversora, enquanto no outro o limite inferior
(LTP) é definido por uma tensão de referência na entrada inversora. O sinal de
tensão a ser comparado (vin) é então submetido às entradas restantes, como mos-
tra a Figura 27A para o comparador de janela inversor, na qual a tensão de saída
será positiva para qualquer sinal fora janela e 0 V quando o sinal estiver dentro
da janela (MALVINO; BATES, 2016).

No circuito da Figura 27A, quando a tensão é inferior ao LTP, o


amplificador operacional A1 saturará positivamente, pois a tensão em sua entrada
inversora é menor que na entrada não inversora. Já A2 saturará negativamente,
pois a saída inversora tem maior tensão. Nessa condição, D1 conduzirá a tensão
de saída de A1, enquanto D2 bloqueará a tensão de saída de A2. Assim, a saída
vout será definida pela saída do amplificador operacional A1. De forma similar,
quando a tensão é superior ao UTP, A1 saturará negativamente, fazendo com que
D1 esteja na região de bloqueio e A2 saturará positivamente, fazendo com que D2
conduza e então defina a saída vout como a saída do amplificador operacional A2
(MALVINO; BATES, 2016).

No caso em que o sinal de tensão de entrada encontre-se entre os


limites inferior e superior, ou seja, dentro dessa janela, ambos amplificadores
operacionais saturarão negativamente, fazendo com que os dois diodos estejam
bloqueados. Para que a saída não fique flutuando, utiliza-se um resistor RL para
o terra, fazendo com que a tensão de saída, nessa condição, seja 0 V. Esse resistor
é conhecido como resistor de pull-down, por ser responsável por “puxar” a tensão
para o terra. Esse comportamento pode ser visto na curva da tensão de saída pela
tensão de entrada da Figura 27B (MALVINO; BATES, 2016). O Quadro 2 resume o
comportamento do comparador de janela inversor, analisando o estado das saídas
dos amplificadores em relação às suas entradas (v+ representando a entrada não
inversora e v− representando a entrada inversora), bem como a condução dos
diodos e as justificativas para cada estado.

FIGURA 27 – (A) CIRCUITO DO COMPARADOR DE JANELA INVERSOR E (B) CURVA DA TENSÃO


DE SAÍDA PELA TENSÃO DE ENTRADA

FONTE: Adaptada de Malvino e Bates (2016)

175
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

QUADRO 2 – DETALHAMENTO DOS ESTADOS DE TENSÃO NO COMPARADOR DE JANELA


INVERSOR

Condição Saída de A1 Saída de A2 Estado de D1 Estado de D2 Vout


+
Vsat –
Vsat +Vsat
vin < LTP Conduz Bloqueia
(v+ > v–) (v+ < v–) (A1)

Vsat +
Vsat +Vsat
vin > UTP Bloqueia Conduz
(v+ < v–) (v+ > v–) (A2)
LTP < vin –
Vsat –
Vsat 0V
Bloqueia Bloqueia
< UTP (v+ < v–) (v+ < v–) (RL)
FONTE: Os autores

Caso seja necessário um obter saída positiva quando um sinal estiver entre
os limites, utiliza-se o circuito da Figura 28A. Este é similar ao da Figura 27A, em
que as diferenças estão na ligação dos limites, invertida, e na utilização de um
resistor de saída ligado a uma tensão positiva. A análise do resultado similar ao
comparador de janela inversor, em que a inversão dos limites UTP e LTP deve fazer
com que a saída seja 0 V quando as tensões de entrada forem, respectivamente,
superiores ao UTP e inferiores ao LTP, pois agora os amplificadores operacionais
são alimentados com o terra em VEE, como visto na curva da tensão de saída da
Figura 28B.

FIGURA 28 – (A) CIRCUITO DO COMPARADOR DE JANELA NÃO INVERSOR E (B) CURVA DA


TENSÃO DE SAÍDA PELA TENSÃO DE ENTRADA

FONTE: Adaptada de Malvino e Bates (2016)

Entretanto, neste circuito, analisando a condição na qual o sinal de


entrada é inferior ao LTP, o amplificador operacional A2 apresentará saída 0
V, mas o amplificador operacional apresentará saída +Vsat, o que levaria a um
curto-circuito entre as saídas dos amplificadores. Dessa forma, deve-se utilizar
amplificadores operacionais cuja saída seja em coletor aberto. Nos dispositivos
desse tipo, representados pelo circuito simplificado da Figura 29, o transistor de
saída tem seu coletor ligado apenas na saída e não em algum ponto que forneça

176
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

a tensão de saturação positiva e operando entre a região de saturação e de corte


(BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013; FRANCO, 2016). Já seu emissor é ligado ao
terra, ou −VEE. Assim, quando a tensão na entrada inversora for maior que na
entrada inversora, o transistor de saída saturará, fazendo com que a saída seja 0
V. Entretanto, quando a tensão na entrada inversora for menor que na entrada
não inversora, o transistor de saída estará aberto, fazendo com que a saída esteja
flutuando. Nesses dispositivos, deve-se utilizar um resistor entre a saída e uma
tensão positiva, sendo este denominado de resistor de pull-up por “puxar” a
tensão de saída para esse nível positivo (FRANCO, 2016; MALVINO; BATES,
2016). O Quadro 3 detalha os estados das saídas dos amplificadores operacionais
bem como a saída do circuito amplificador como um todo.

FIGURA 29 – CIRCUITO EQUIVALENTE SIMPLIFICADO DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL


COM SAÍDA EM COLETOR ABERTO

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 861)

QUADRO 3 – DETALHAMENTO DOS ESTADOS DE TENSÃO NO COMPARADOR DE JANELA


NÃO INVERSOR

Condição Saída de A1 Saída de A2 Vout


0V 0V
vin < LTP Flutuando
(v+ < v–) (A2)
0V 0V
vin > UTP Flutuando
(v+ < v–) (A2)
+VCC
LTP < vin < UTP Flutuando Flutuando
(RL)
FONTE: Os autores

177
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

EXEMPLO: Um determinado sinal é fornecido tanto para um comparador


de janela inversor quanto não inversor. Sabendo que em ambos os casos o
limite inferior é de 1 V e o limite superior é de 3 V, determine as saídas de cada
comparador para os seguintes níveis desse sinal de entrada:

a) −1 V
b) 0,5 V
c) 1,5 V
d) 2V
e) 3,5 V
f) 4V

Suponha que o comparador de janela inversor tem tensão de saturação


±13 V e que o resistor de pull-up do comparador de janela não inversor esteja
ligado à VCC = +15 V.

Para determinação das saídas dos comparadores de janela inversor e não


inversor, devem ser usadas as condições mostradas, respectivamente, no Quadro
4 a seguir. Os resultados, então, são agrupados a seguir.
Tensão de saída do comparador de janela
Tensão de Entrada
Inversor Não Inversor
-1 V +13 V 0V
0,5 V +13 V 0V
1,5 V 0V +15 V
2V 0V +15 V
3,5 V +13 V 0V
4V +13 V 0V

4 CIRCUITOS INTEGRADOS COMPARADORES


Enquanto os amplificadores operacionais podem, efetivamente, ser
utilizados como comparadores, existem certas características de construção
que não os tornam tão ideias para essa aplicação. Em razão da instabilidade do
ganho em malha aberta, para evitar oscilações, os amplificadores operacionais
apresentam uma capacitância de saída, o que torna a resposta em malha aberta
mais lenta. Esse fato poderia ser compensado utilizando amplificadores com taxa
de variação da tensão de entrada no tempo (Slew Rate) maiores (FRANCO, 2016;
MALVINO; BATES, 2016).

Outra desvantagem está no nível de tensão de saída dos amplificadores


operacionais, em geral incompatível com outros dispositivos digitais que utilizam
lógica TTL/CMOS. Esses componentes na configuração de comparador variam
sua saída entre a tensão de saturação positiva e a tensão de saturação negativa.
Esse valor é especificado na folha de dados de um amplificador operacional como
saída de pico a pico máxima, maximum peak to peak (MPP). Idealmente, esse valor

178
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

é igual à diferença entre as alimentações positiva e negativa, mas em dispositivos


reais, a impedância de carga ligada à saída influencia nesse valor, como pode ser
visto na Figura 30 para o amplificador operacional 741C. Assim, quanto maior a
resistência de carga, maior será o MPP (MALVINO; BATES, 2016).

FIGURA 30 – CURVA DO MPP EM RELAÇÃO À RESISTÊNCIA DE CARGA LIGADA SAÍDA DO AM-


PLIFICADOR OPERACIONAL 741C

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 674)

Alguns circuitos integrados comparadores dedicados, entretanto,


apresentam saída com coletor aberto, permitindo que a tensão positiva de saída
seja controlada utilizando um resistor de pull-up, como mostrado na Figura 31.
Tanto o resistor de pull-up quanto o de pull-down, como o utilizado no circuito
da Figura 27A, são responsáveis por garantir que a tensão de saída dos circuitos
comparadores tenha níveis bem definidos, evitando flutuações. Assim, é possível
garantir tensões adequadas para a interface entre um comparador e um circuito
digital TTL/CMOS (FRANCO, 2016; MALVINO; BATES, 2016; SCHULER, 2016).

179
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 31 – COMPARADOR COM SAÍDA A COLETOR ABERTO COM RESISTOR DE PULL-UP

FONTE: Schuler (2016, p. 46)

5 CIRCUITOS NÃO LINEARES COM AMPLIFICADORES


OPERACIONAIS
Agora você vai conhecer aplicações não lineares de amplificadores
operacionais. Nestas, a tensão de saída não tem um comportamento proporcional
à tensão de entrada, sendo possível, assim, utilizar o amplificador operacional em
aplicações como comparadores de sinais.

Em circuitos comparadores, três parâmetros de grande importância são o


ganho em malha aberta, a tensão de saturação e a taxa de variação da tensão de
saída em um intervalo de tempo (slew rate). Em geral, esses circuitos trabalham
saturando o dispositivo, de forma positiva ou negativa. Ao contrário dos circuitos
lineares, nestes a realimentação positiva é utilizada como forma de sustentar a
saturação da saída.

O alto ganho em malha aberta faz com que esses circuitos sejam
extremamente sensíveis a variações em torno da referência. Para resolver isso,
circuitos de histerese são empregados permitindo uma janela maior de comparação.
Além dos comparadores, é possível utilizar o amplificador operacional de forma
não linear como um retificador de precisão, provocando perdas menores do que
circuitos com diodos.

6 PRINCÍPIOS DOS CIRCUITOS NÃO LINEARES


O amplificador operacional é um dispositivo eletrônico extremamente
versátil, com aplicações que vão além de simplesmente amplificar um sinal de
entrada, como somar diversos sinais, integrar, diferenciar, etc. Internamente,
construído por diversos componentes discretos, como é mostrado no circuito
180
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

da Figura 32 (SCHULER, 2016). Entretanto, a utilização desse circuito na análise


de novas aplicações tornaria sua análise demasiadamente complexa. O circuito
da Figura 33B mostra o circuito equivalente do amplificador operacional,
simplificando suas análises, enquanto a Figura 33A mostra seu símbolo
(BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013).

FIGURA 32 – DIAGRAMA ESQUEMÁTICO COM OS COMPONENTES INTERNOS A UM


AMPLIFICADOR OPERACIONAL

FONTE: Schuler (2016, p. 13)

FIGURA 33 – (A) SÍMBOLO E (B) CIRCUITO EQUIVALENTE CORRENTE ALTERNADA DO AMPLIFI-


CADOR OPERACIONAL

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 516)

181
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

A partir do circuito da Figura 33, é possível notar importantes caracterís-


ticas utilizadas nas análises de circuitos com amplificadores operacionais. Efe-
tivamente, há isolação entre as entradas e a saída. As impedâncias de entrada e
saída são denominadas por resistores Ri e Ro, respectivamente. Em geral, a impe-
dância de entrada é alta, enquanto a impedância de saída é baixa. Idealmente, a
impedância de saída seria infinita e a impedância de entrada seria nula. Em razão
dessa escolha para a impedância de entrada, a corrente seria nula, mas, mesmo
assim, haveria o mesmo potencial elétrico nos dois terminais de entrada. Essa
propriedade é conhecida como curto-circuito virtual e, quando o terra é ligado
a uma das entradas, pode também ser chamada de terra virtual (BOYLESTAD;
NASHELSKY, 2013). A equação 39 representa matematicamente que a alta impe-
dância de entrada não drena corrente para o amplificador operacional, enquanto
a equação 40 mostra que, no curto-circuito virtual, os potenciais de ambas as en-
tradas são iguais.

i+ = i– = 0 (39)

v+ = v– (40)

Dois circuitos básicos com amplificadores operacionais são os


amplificadores inversores e os amplificadores não inversores, mostrados
respectivamente na Figura 34. As expressões para seus ganhos em malha fechada
são dadas pelas equações 41 e 42, em decibel.

FIGURA 34 – (A) AMPLIFICADOR INVERSOR E (B) AMPLIFICADOR NÃO INVERSOR

FONTE: Boylestad e Nashelsky (2013, p. 518)


182
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

(41)

(42)

As aplicações desses circuitos são lineares, em que a tensão de entrada é


relacionada à tensão de saída por uma constante. Entretanto, existem aplicações
em que um amplificador operacional pode ter uma tensão de saída cuja relação
com a tensão de entrada seja não linear, como circuitos comparadores (FRANCO,
2016). Considerando o circuito da Figura 35, a equação 43 determina a tensão de
saída em relação à comparação das entradas, onde VOH é a tensão de saída de
nível alto e VOL é a tensão de saída de nível baixo do amplificador operacional.

(43)

FIGURA 35 – COMPARADOR DE TENSÃO

FONTE: Franco (2016, p. 501)

Idealmente, a transição entre ambas as saídas seria dada como o gráfico


da Figura 36A, ou seja, o amplificador teria ganho infinito, como representado na
equação 43. Entretanto, há uma pequena região de transição antes que a saída do
amplificador atinja as tensões de nível alto ou baixo, como mostra a Figura 36B,
delimitada por valores de tensão VIH e VIL na entrada, sendo, respectivamente, a
tensão de entrada de nível alto e a tensão de entrada de nível baixo (FRANCO,
2016). Dessa forma, a tensão de saída é dada pela equação 44.

(44)

183
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 36 – (A) RESPOSTA IDEAL DE UM COMPARADOR E (B) RESPOSTA REAL DE UM


COMPARADOR

FONTE: Franco (2016, p. 501)

Pode-se então perceber que há uma região linear em que os circuitos


lineares com amplificadores operacionais são utilizados com ajuda da
realimentação negativa. Os circuitos comparadores, entretanto, operam na
região de saturação. Essa região é delimitada por um parâmetro do componente
chamado de máxima tensão de pico a pico, geralmente limitada por sua tensão de
alimentação (MALVINO; BATES, 2016; PERTENCE JR., 2015).

A região linear é definida não somente pelos parâmetros de tensão de


entrada, mas também pelo ganho em malha aberta, como pode ser visto na
equação 45. Assim, para que a Figura 36B se aproxime da Figura 24A, é necessário
que o ganho em malha aberta seja próximo de infinito, sendo provocado pela
diminuição da faixa VIH – VIL, como observado na equação 45 (FRANCO, 2016).

(45)

Além da tensão de saturação, outro parâmetro de importância em


circuitos não lineares é a taxa de variação da tensão de saída em um intervalor
de tempo (slew rate). Esse parâmetro é diretamente proporcional à capacitância
de saída presente internamente nos amplificadores operacionais. Idealmente, a
variação seria como mostra a Figura 37A. Entretanto, essa capacitância faz com
que a tensão de saída cresça exponencialmente, como mostra a Figura 25A.

Matematicamente, é definida pela equação 46, pela variação de tensão em


um dado intervalo de tempo, ilustrado na Figura 37B.

(46)

184
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

FIGURA 37 – (A) RESPOSTA IDEAL E RESPOSTA REAL DE SAÍDA DE UM AMPLIFICADOR


OPERACIONAL NA APLICAÇÃO DE UM DEGRAU. (B) DETERMINAÇÃO GRÁFICA DA TAXA DE
INCLINAÇÃO

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 676)

Deve-se levar em conta que, em amplificadores operacionais de uso geral,


a tensão de saturação é de cerca de ±13 V para uma alimentação simétrica de
±15 V. Certas aplicações que necessitem de níveis lógicos TTL/CMOS (ou seja,
5 V para nível lógico 1 e 0 V para nível lógico 0) devem ter suas alimentações
delimitadas ou utilizar circuitos extras na saída (MALVINO; BATES, 2016). Outra
opção está no uso de comparadores de tensão dedicados para essa tarefa, cuja
tensão de saturação será no nível de tensão adequado para aplicações digitais
(FRANCO, 2016; SCHULER, 2016).

7 PROPRIEDADES DE AMPLIFICADORES OPERACIONAIS NÃO


LINEARES
A partir dos conceitos de circuitos não lineares com amplificadores
operacionais, o primeiro circuito a se analisar é aquele que determina quando
um sinal de entrada é maior ou menor que o referencial de terra, como mostra
o circuito da Figura 38A. A Figura 38B ilustra o comportamento da saída em
relação à entrada, como pode ser visto na equação 47 (MALVINO; BATES, 2016).

(47)

185
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 38 – (A) CIRCUITO COMPARADOR COM REFERÊNCIA ZERO E (B) SUA TENSÃO DE
SAÍDA EM RELAÇÃO À TENSÃO DE ENTRADA

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 852)

Em razão da simetria entre as tensões de saturação positiva e negativa, a


equação 45 pode ser simplificada na equação 48, que determina a menor tensão
de entrada que levará o amplificador à saturação. Como uma das características
dos amplificadores operacionais é ter um ganho em malha aberta muito grande, a
partir da equação 48 é possível perceber que o comparador não detecta exatamente
o cruzamento de um sinal por zero, mas sim um valor muito pequeno e próximo
de zero (MALVINO; BATES, 2016).

(48)

EXEMPLO: Suponha um circuito comparador com referência no terra, em


que o amplificador operacional utilizado tem ganho de malha aberta de 100.000
e tensão de saturação ±13 V. Determine a menor tensão de entrada que o circuito
identificará como maior que zero e menor que zero.

Utilizando a equação 48, a menor tensão de entrada pode ser determinada:

Ou seja, quando a entrada não inversora do amplificador for maior que


130 μV, a saída será 13 V. Quando a entrada não inversora do amplificador for
menor que −130 μV, a saída será −13 V. Escrevendo no formato da equação 47:

Dessa forma, um amplificador operacional pode operar praticamente em


condições ideais como um comparador. Entretanto, enquanto o dispositivo se
comporta de forma ideal, o sinal de entrada também deve se comportar dessa
forma. A presença de ruído no sinal de entrada provoca distorções em sua
forma de onda. Idealmente, o comparador responderia com o sinal da Figura
39A. Entretanto, em razão da alta sensibilidade a variações próxima à referência
(threshold point – TP), o ruído pode disparar o comparador erroneamente, como
visto no sinal de resposta da Figura 27B (SCHULER, 2016).

186
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

FIGURA 39 – (A) SAÍDA IDEAL E (B) SAÍDA REAL DE UM COMPARADOR COM SINAL DE
ENTRADA RUIDOSO

FONTE: Schuler (2016, p. 43)

Para resolver isso, deve-se estabelecer uma faixa ainda maior do que
aquela dada pela equação 48, delimitada por um limite superior (upper threshold
point – UTP) e um inferior (lower threshold point – LTP). Tipicamente utiliza-se um
amplificador operacional na configuração Schmitt trigger inversor, como o circuito
da Figura 40A, cujo símbolo é dado na Figura 40B (MALVINO; BATES, 2016;
SCHULER, 2016).

FIGURA 40 – (A) CIRCUITO COMPARADOR SCHMITT TRIGGER INVERSOR E (B) SEU SÍMBOLO

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 865) e Schuler (2016, p. 43)

187
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Esse circuito é composto de realimentação positiva para gerar os dois


limites. Ou seja, quando o sinal de entrada cruza um limite especificado, espera-se
que o sinal de saída sature. Assim, aplica-se um divisor de tensão na realimentação
positiva que, em razão do curto-circuito virtual apresentará a mesma tensão da
entrada inversora na entrada não inversora, gerando as equações 49 e 50 para
UTP e LTP, respectivamente (MALVINO; BATES, 2016; SCHULER, 2016).

(49)

(50)

Esses limites geram uma região chamada de histerese, ou zona morta,


como pode ser observado na Figura 41. De forma geral, a histerese gera um atraso
na resposta de um circuito quando sua entrada ainda não saiu de uma certa região
(PERTENCE JR., 2015). Ou seja, a saída apenas responderá quando for maior que
o UTP ou menor que o LTP em razão do reforço dado pela realimentação positiva.
Dentro dessa faixa, a saída se mantém igual, como pode ser visto no exemplo da
Figura 39 (MALVINO; BATES, 2016).

EXEMPLO: Considere um comparador Schmitt trigger inversor onde os


resistores da realimentação positiva são dados por R1 = 2,2 kΩ e R2 = 18 kΩ e a
tensão de saturação do amplificador operacional é ±15 V. Determine a faixa onde
ocorre histerese.

A faixa de histerese é determinada pelo limite inferior (LTP) e pelo limite


superior (UTP) calculados utilizando as equações 49 e 50, respectivamente:

Ou seja, a histerese do sinal de entrada ocorre entre −1,63 V e +1,63 V.

Assim, se a entrada for inferior a −1,63 V, a saída será +15 V; se a entrada


for superior a +1,63 V, a saída será −15 V; e se estiver nessa faixa, terá o mesmo
anterior.

188
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

FIGURA 41 – CURVA TENSÃO DE SAÍDA X ENTRADA COM HISTERESE DE UM COMPARADOR


SCHMITT TRIGGER INVERSOR

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 865)

O circuito da Figura 40A, cuja resposta é mostrada na Figura 41, é um


Schmitt trigger inversor, pois apresentará saturação positiva quando o sinal for
menor que LTP e saturação negativa quando o sinal for maior que o UTP. Esse
comparador pode operar na configuração não inversora utilizando o circuito
da Figura 42A, cuja curva de tensão de saída pela tensão de entrada, também
com histerese, é mostrada na Figura 42B. As equações 51 e 52 são utilizadas para
determinação do UTP e do LTP desse circuito (MALVINO; BATES, 2016).

(51)

(52)

FIGURA 42 – (A) CIRCUITO DO COMPARADOR SCHMITT TRIGGER NÃO INVERSOR E SUA (B)
CURVA TENSÃO DE SAÍDA X ENTRADA COM HISTERESE

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 867)

189
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

EXEMPLO: Considere um comparador Schmitt trigger não inversor em


que os resistores da realimentação positiva são dados por R1 = 2,2 kΩ e R2 = 18 kΩ
e a tensão de saturação do amplificador operacional é ±15 V. Determine a faixa
onde ocorre histerese.

A faixa de histerese é determinada pelo limite inferior (LTP) e pelo limite


superior (UTP) calculados utilizando as equações 51 e 52, respectivamente:

Ou seja, a histerese do sinal de entrada ocorre entre −1,83V e +1,83V.

Assim, se a entrada for inferior a −1,83 V, a saída será −15 V; se a entrada


for superior a +1,83 V, a saída será +15V; e se estiver nesta faixa, será o mesmo
anterior.

Os amplificadores operacionais podem ser utilizados também como


retificadores de precisão. Retificadores tradicionais utilizando apenas diodos não
dependem apenas do cruzamento por zero de um sinal senoidal, mas sim de se
ultrapassar a tensão de joelho do diodo retificador. Para aplicações em tensões
muito maiores que essa tensão, esse efeito pode ser ignorado. Entretanto, quando
há necessidade de precisão, utiliza-se o circuito da Figura 43, composto por um
seguidor de tensão e um diodo na saída que bloqueará a saturação negativa. O
efeito da tensão de joelho é reduzido em razão do alto ganho em malha aberta.
Assim, efetivamente, a tensão de joelho em malha fechada é dada pela equação
53 (MALVINO; BATES, 2016; PERTENCE JR., 2015). A Figura 44 mostra um
amplificador de onda completa de precisão (PERTENCE JR., 2015).

(53)

FIGURA 43 – CIRCUITO RETIFICADOR DE MEIA-ONDA DE PRECISÃO

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 112)

190
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

FIGURA 44 – CIRCUITO RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA DE PRECISÃO

FONTE: Pertence Jr. (2015, p. 113)

EXEMPLO: Considere que a tensão de joelho de um diodo de silício é de


0,7 V. Qual a tensão de joelho em malha fechada para um retificador de meia-
onda de precisão utilizando um amplificador operacional cujo ganho em malha
aberta é de 100.000?

Utilizando a equação a seguir.

8 ESCOLHA DA REFERÊNCIA EM CIRCUITOS COMPARADORES


Nos circuitos comparadores como os da Figura 38A, a comparação do sinal
de entrada é feita com o referencial do terra ligado à entrada inversora, ou seja,
o sinal de saída saturará positivamente ou negativamente se o sinal de entrada
for maior ou menor que zero, como mostra o gráfico da Figura 38B (MALVINO;
BATES, 2016).

Certas aplicações podem exigir que a comparação seja feita com outro
nível de tensão. Esse nível de tensão diferencial é obtido utilizando um divisor
resistivo ligado à entrada inversora. Assim, podem ser definidos três tipos de
comparadores com referência diferente de zero, um cujo limite é positivo, como
o da Figura 45A, um cujo limite é negativo, como o da Figura 45C, e outro com
limite positivo, mas cuja saída terá valores lógicos 1 ou 0, como o da Figura 45E. A
Figura 45B-D-F mostra as curvas da tensão de saída pela tensão de entrada para
cada tipo de circuito, respectivamente (MALVINO; BATES, 2016).

Todos esses circuitos dispõem de um capacitor de desvio na entrada


inversora para filtrar oscilações e ruídos da alimentação do amplificador
operacional. Para esse capacitor ser corretamente dimensionado, deve ser analisada
a frequência de corte do arranjo RC na entrada inversora. Essa frequência deve
ser muito menor que a frequência da ondulação presente na fonte (MALVINO;
BATES, 2016).
191
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Para os circuitos comparadores com referência positiva (Figura 45A-E, sua


tensão de referência é dada pela equação 59. Para o comparador com referência
negativa, sua tensão de referência é dada pela equação 60. A frequência de corte,
para os três casos, é dada pela equação 61.

(59)

(60)

(61)

FIGURA 45 – (A) CIRCUITO DO COMPARADOR COM REFERÊNCIA POSITIVA E SUA (B)


CURVA TENSÃO DE SAÍDA X ENTRADA. (C) CIRCUITO DO COMPARADOR COM REFERÊNCIA
NEGATIVA E SUA (D) CURVA TENSÃO DE SAÍDA X ENTRADA. (E) CIRCUITO DO COMPARADOR
COM SAÍDA LÓGICA E SUA (F) CURVA TENSÃO DE SAÍDA X ENTRADA

FONTE: Malvino e Bates (2016, p. 859-860)

192
TÓPICO 2 — COMPARADORES DE SINAIS

EXEMPLO: Suponha um circuito comparador de referência positiva, cujos


componentes utilizados são R1 = 47 kΩ, R2 = 12 kΩ e CBY = 0,5 μF. Determine:
(a) a tensão de referência e (b) a frequência de corte, sabendo que o amplificador
operacional foi alimentado com tensão simétrica de ±15 V; se a alimentação do
amplificador mudar para +15 V e o terra, (c) qual será a nova tensão de referência
e (d) a nova frequência e corte?

a) Para o comparador de referência positiva, sua tensão de referência é determinada


pela equação a seguir.

b) Para o comparador de referência positiva, sua frequência de corte é determinada


pela equação a seguir.

c) Se a alimentação do amplificador operacional for alterada para +15 V e o terra,


o circuito é similar ao da Figura 45E, em que a tensão de referência é igual ao
do comparador com referência positiva:

vref = 3,05V

d) Da mesma forma, a frequência de corte continua sendo determinada pela


equação a seguir.

fc = 33,30HZ

Nesse tipo de comparador, as mudanças ocorrem apenas nas tensões de


saturação, não na tensão de referência ou na frequência de corte.

193
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os circuitos comparadores utilizam um sinal de referência em uma das


entradas para comparar com um sinal variável na outra entrada, como de um
sensor, para determinar se este for maior ou menor que a referência.

• A partir da propriedade do alto ganho em malha aberta com o fato de que


a tensão de saída do amplificador operacional saturará em certas condições,
possível utilizá-lo para fazer comparação de sinais.

• Num circuito comparador, a diferença de tensão a ser percebida entre o sinal


de entrada e o sinal de referência depende apenas do ganho em malha aberta
do amplificador operacional.

• Os comparadores que utilizam laços de histerese em suas curvas de tensão de


saída são denominados Schmitt trigger e podem ser dados com saída inversora
e não inversora.

194
AUTOATIVIDADE

1 Os comparadores são aplicações dos amplificadores operacionais que


utilizam seu alto ganho em malha aberta de forma a operar nas regiões de
saturação negativa e positiva. Suponha que um amplificador operacional,
de ganho em malha aberta de 106dB, tenha sua entrada não inversora ligada
ao referencial de terra.
Sabendo que a tensão de saturação desse componente é de ±15V, qual
é a menor tensão a ser aplicada na entrada inversora capaz de levá-lo à
saturação negativa?​​​​​​​

2 A referência de um comparador não inversor é dada pelo nível de tensão


aplicado à entrada inversora, podendo vir de fontes externas ou de um
divisor de tensão a partir de sua alimentação. No circuito a seguir, considere
R2 = 1kΩ e que a alimentação do amplificador operacional é feita por uma
fonte simétrica de ±15V com frequência de ondulação de 240Hz.
Desejando projetar um comparador para 5V, determine os valores de R1
e CBY considerando uma frequência de corte de 20% da frequência de
ondulação da fonte.

FONTE: <https://bit.ly/3s63UIA>. Acesso em: 23 mar. 2021.

3 Os comparadores de janela inversores são circuitos que respondem com


uma saída positiva quando, na entrada, for aplicada uma tensão que estiver
fora de uma faixa especificada.
Em seu circuito, qual componente é responsável por fazer com que a tensão
de saída seja zero, caso a tensão de entrada esteja dentro da janela?

4 Os circuitos comparadores de janela não inversores são aqueles que


apresentam uma tensão de saída positiva quando um sinal de entrada se

195
encontra dentro de sua janela. Seja uma forma de onda de tensão dente
de serra, cujo período tem 1ms, dada pela equação a seguir, em que k
representa a quantidade de períodos.
v(t) = 10 . 103 V / s)t, 0 < t < 1ms
v[t + k (1ms)] = V(t), k = 0,1, 2, …
Considere um comparador de janela com limite inferior de 5V e superior de
8V. Durante quanto tempo a saída do comparador de janela será positiva a
cada período?

5 Os amplificadores operacionais, quando utilizados como comparadores,


idealmente alternam entre as saturações negativa e positiva quando um
sinal de entrada ultrapassa sua referência. Entretanto, os componentes reais
apresentam uma região linear na qual ocorre essa transição. Considere um
amplificador operacional com ganho em malha aberta de 114dB, e que sua
região linear é delimitada pelas tensões de entrada de ±20μV.
Qual é o nível de tensão de saturação desse amplificador?

6 Os comparadores com histerese são utilizados quando sinais de entrada


ruidosos podem vir a disparar a saída de um comparador convencional.
Para um comparador Schmitt trigger com saída inversora, como o da figura
a seguir, deseja-se que a histerese esteja compreendida na faixa de ±2V.
Considerando que o amplificador operacional utilizado sature em ±10V e
que o resistor R1 = 2kΩ, determine o valor do resistor R2.

FONTE: <https://bit.ly/3239Kjn>. Acesso em: 23 mar. 2021.

7 Certas aplicações necessitam de uma tensão de referência para o comparador


que seja diferente de  zero, obtido pela ligação com o terra. Dessa forma,
essa referência é obtida utilizando um divisor de tensão na entrada não
inversora. Seu amplificador operacional é alimentado com tensão simétrica
de ±15V e você deseja que a tensão de referência seja de +5V.

196
Sabendo que o divisor de tensão é composto por um resistor R1 ligado à
tensão de alimentação positiva, e um resistor R2  ligado ao terra, qual é a
combinação de resistores mais adequada quando você dispõe de resistores
de 1,0kΩ; 1,5kΩ; 3,0kΩ; 3,6kΩ e 4,7kΩ?

8 Nos circuitos comparadores cuja referência é dada por um divisor de


tensão, na entrada não inversora são ligados capacitores de desvio com o
propósito de filtrar o ruído da fonte de alimentação, o qual  pode causar
disparos indesejados na saída do amplificador operacional. Suponha que a
alimentação é feita a partir de uma fonte de tensão simétrica de ±20V que
produz uma oscilação de 120Hz. Você deseja que a tensão de referência seja
de +5V e o resistor ligado entre a entrada não inversora e o terra tenha valor
de 2kΩ.
Especifique o valor do capacitor de desvio e do resistor a ser ligado entre a
alimentação e a entrada não inversora. Considere que a frequência de corte
deve ser de 25% da frequência de oscilação.

197
UNIDADE 3
TÓPICO 3 —

OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS


EM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a maioria dos dispositivos eletrônicos contam com acessórios
que trazem mais conforto para os usuários. Pode-se citar: celulares, tablets e
microcomputadores com alta capacidade de processamento e memória, relógios
de pulso com telas LCD, contadores de passos e GPS e até aparelhos domésticos
inteligentes e capazes de se conectar com a internet. Todos esses aparelhos
contam com circuitos conversores e geradores de formas de onda padronizadas.
Tais circuitos podem utilizar os retificadores e grampeadores de precisão para
que operem de forma precisa e rápida e atendam aos requisitos dos usuários. Há
diversas formas de onda padronizadas: senoidal, retangular, triangular, pulso,
rampa e outras. Diferentes formas de onda apresentam vantagens para operar em
diferentes aplicações, como circuitos temporizadores, sistemas de comunicação e
sistemas de teste e medição.

Os controladores também utilizam esses circuitos e formas de onda


para operarem de forma segura em processos físico-químicos industriais,
principalmente com o crescente uso de redes de comunicação e inteligência
artificial aos meios de produção. Os circuitos a serem estudados aqui são a base
para que todos os mecanismos de produção operem de forma coordenada.

Neste tópico, você vai estudar os circuitos retificadores e grampeadores


de precisão e os circuitos conversores e geradores de formas de onda, todos
pertencentes à classe de circuitos não lineares baseados em amplificadores
operacionais. Dessa forma, você vai aprender novas funcionalidades para os
amplificadores operacionais, que vão além do seu uso em circuitos lineares.

2 CIRCUITO RETIFICADOR DE PRECISÃO


Conforme Boylestad e Nashelsky (2013), os circuitos retificadores são
aqueles que transformam sinais em corrente alternada (CA) para sinais em corrente
contínua (CC). O retificador de meia-onda a diodo mais simples é apresentado na
Figura 46. Este é composto apenas por um diodo conectado entre a fonte CA e a
carga alimentada em CC.

199
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 46 – CIRCUITO RETIFICADOR DE MEIA-ONDA A DIODO

FONTE: Os autores

No entanto, como todo diodo não ideal, os diodos retificadores apresentam


quedas de tensão quando conduzem corrente. A Figura 47 apresenta um sinal
senoidal com amplitude de 1 V retificado pelo circuito retificador da Figura 1
anterior, considerando uma queda de tensão de 0,7 V no diodo em condução. As
distorções no sinal retificado apresentado na Figura 47 podem ser significativas
para o desempenho de um projeto.

FIGURA 47 – FORMAS DE ONDA DE ENTRADA E SAÍDA DO CIRCUITO RETIFICADOR DE MEIA-


-ONDA A DIODO PARA SINAIS DE BAIXA AMPLITUDE

FONTE: Os autores

A fim de contornar os problemas anteriormente mencionados, é utilizado


o circuito retificador de precisão, também conhecido como superdiodo. Além
de não apresentar a queda de tensão em condução direta do diodo não ideal,
o superdiodo apresenta uma característica de transferência de alta precisão,
conforme a Figura 48, a qual indica que o circuito retificador de precisão transfere,
com qualidade, apenas a parte positiva de um sinal, mesmo que esse sinal seja
muito pequeno. Essas vantagens tornam os retificadores de precisão adequados
para aplicações em projetos de sistemas de instrumentação.

200
TÓPICO 3 — OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS EM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 48 – CARACTERÍSTICA DE TRANSFERÊNCIA DO CIRCUITO RETIFICADOR A DIODO DE


PRECISÃO

FONTE: Os autores

O circuito de um retificador de precisão, o superdiodo, é apresentado


na Figura 49, onde: Vi é a tensão do sinal a ser retificado; Va é a tensão na saída
do amplificador operacional; Vo é a tensão na saída do retificador de precisão
(sinal retificado); e R é a resistência de carga. O funcionamento do “superdiodo”
é explicado em dois estágios:

• Para Vi > 0. Quando a tensão do sinal é positiva, a tensão Va também é positiva


e o diodo entra em condução. Dessa maneira, o circuito cria caminho na
realimentação negativa e passa a ter as características de um seguidor de
tensão, resultando em Vo = Vi, graças ao curto-circuito virtual entre as entradas
inversora e não inversora. É importante ficar claro que para que o amplificador
dê início ao seu funcionamento como seguidor de tensão, basta que Vi assuma
um valor positivo muito pequeno igual à queda de tensão do diodo em
condução dividido pelo ganho em malha aberta do amplificador operacional.
Isso garante a operação adequada do superdiodo mesmo quando sinais muito
pequenos são aplicados na entrada do retificador.
• Para Vi ≤ 0. Quando a tensão for negativa ou nula, o diodo estará em corte e
o amplificador operacional irá operar como um circuito comparador. Dessa
maneira, Vo passa a apresentar 0 V graças ao terra do circuito, e a tensão Va
passa a ser o valor negativo de saturação. Ou seja, a saída será nula para
qualquer sinal não positivo.

201
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 49 – CIRCUITO RETIFICADOR A DIODO DE PRECISÃO, O SUPERDIODO

FONTE: Os autores

ATENCAO

Quando a tensão do sinal a ser retificado no circuito retificador a diodo


de precisão for negativa, o amplificador operacional estará operando em saturação. A
operação em saturação não danifica o amplificador operacional, porém, há um tempo para
que a operação em saturação passe para a operação linear, ou seja, há um pequeno atraso
para que o sinal de entrada apareça na saída quando este deixa de ser negativo. Essa não
idealidade limitará a frequência de trabalho do superdiodo, a depender do amplificador
operacional a ser utilizado.

EXEMPLO: Suponha que, no circuito da Figura 49, Vi seja um sinal de onda


retangular de 1 Hz com média nula e 1 V pico a pico que deve ser retificado pelo
superdiodo. Desenhe a forma de onda do sinal de entrada e do sinal retificado
durante 7 segundos.

202
TÓPICO 3 — OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS EM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 50 – GRÁFICO DAS CARACTERÍSTICAS DOS SINAIS APRESENTADOS

FONTE: Os autores

Pela Figura 48, observa-se que o circuito permite a passagem apenas de


sinais superiores a 0 V, logo, toda a parte não positiva do sinal será bloqueada
pelo amplificador operacional quando este opera em malha aberta. Sendo assim,
o gráfico apresentado na Figura 50 a seguir apresenta as características dos sinais
solicitados.

3 CIRCUITO GRAMPEADOR DE PRECISÃO


Os circuitos grampeadores adicionam uma componente CC aos sinais
(SEDRA; SMITH, 2007), de modo que sinais CA mantenham suas características,
porém passem a operar como um sinal sempre positivo ou sempre negativo.
Esses circuitos são utilizados em dispositivos de instrumentação que precisam
mensurar sinais em CA, mas seus circuitos internos não permitem, por exemplo,
tensões negativas. Essa é uma limitação muito comum a conversores analógico-
digital de microcontroladores.

Os circuitos grampeadores passivos a diodo são apresentados na Figura


51. Estes operam em duas etapas definidas pelos semiciclos de operação da forma
de onda Vi. Tomando como exemplo o grampeador positivo com sinal de entrada
senoidal de 5 V de amplitude da Figura 51A, durante o primeiro semiciclo
negativo da fonte, o diodo conduzirá e armazenará no capacitor a tensão Vc.
Após o pico de tensão no semiciclo negativo da fonte, Vc assumirá o valor pico
de tensão descontado da queda de tensão em condução do diodo e manterá
esse valor de tensão durante toda a operação do circuito, uma vez que não há
resistência no circuito para dissipar qualquer energia já armazenada no capacitor.
Assim, durante a operação do circuito, o diodo se manterá em corte e o sinal de
saída será calculado por Vo = Vi + Vc.
203
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 51 – CIRCUITOS GRAMPEADORES PASSIVOS A DIODO. (A) GRAMPEADOR POSITIVO E


(B) GRAM-PEADOR NEGATIVO

FONTE: Os autores

Os diodos apresentam uma queda de tensão em condução, assim, os


circuitos grampeadores passivos a diodo não operam adequadamente, ou seja,
não transformam o sinal CA em sinal CC. Para exemplificar essa situação, a
Figura 52 apresenta a forma de onda do sinal de saída do circuito grampeador
positivo da Figura 6a anterior considerando um diodo que apresenta uma queda
de tensão de 0,7 V em condução. É possível notar que uma parcela do sinal se
manteve negativa, e essa não idealidade pode invalidar análises e até causar a
queima de componentes eletrônicos.

FIGURA 52 – FORMAS DE ONDA DE ENTRADA E SAÍDA DO CIRCUITO GRAMPEADOR PASSIVO


A DIODO

FONTE: Os autores

A fim de contornar os problemas mencionados, utiliza-se uma topologia


não linear composta por um amplificador operacional e um diodo, formando o
circuito do grampeador de precisão apresentado na Figura 53, conforme Malvino
e Bates (2011). Como o grampeador de precisão não apresenta a queda de

204
TÓPICO 3 — OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS EM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

tensão do diodo em condução do circuito da Figura 51A anterior, o grampeador


de precisão torna o sinal grampeado seguro para trabalhar em uma gama de
aplicações, mesmo para sinais de tensão com amplitudes menores que 100 mV.

FIGURA 53 – CIRCUITO GRAMPEADOR DE PRECISÃO

FONTE: Os autores

O funcionamento do circuito grampeador de precisão deve ser analisado


considerando o capacitor inicialmente descarregado. Dessa forma, no período
entre o início do primeiro semiciclo negativo da fonte e o pico de tensão negativo
da fonte, o diodo conduz, dando caminho para a malha de realimentação do
amplificador operacional. Nesse intervalo, graças ao curto-circuito virtual entre
as entradas inversoras e não inversoras, o capacitor é carregado com a tensão
pico (Vp) no semiciclo negativo da fonte. Após o pico de tensão e durante toda a
operação do grampeador de precisão, o diodo se manterá em corte e o amplificador
operacional não influenciará no circuito, assim, a tensão de saída será Vo = Vi + Vp.

Recapitulando, a principal diferença entre o grampeador de precisão e o


grampeador passivo a diodo está na redução de tensão no capacitor em razão da
queda de tensão no diodo em condução. Essa diferença pode parecer pouca, mas
se torna expressiva ao trabalhar com sinais de baixa amplitude.

DICAS

Utilize o simulador MultisimLive para verificar o comportamento dos circuitos


grampeadores. O simulador é gratuito e realiza as simulações pelo navegador da internet
sem a necessidade de realizar instalações: https://qrgo.page.link/2J4ns.

205
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

4 CIRCUITOS CONVERSORES E GERADORES DE FORMAS


DE ONDA
Circuitos conversores de formas de onda transformam uma onda
padronizada em outra. Uma das aplicações para os conversores é a geração do sinal
de pulso, também conhecido como modulação por largura de pulso, amplamente
utilizado em eletrônica de potência e circuitos digitais. No campo da eletrônica
de potência, controla a tensão de saída de retificadores controlados, inversores de
frequência e fontes de alimentação. Já nos circuitos digitais, os microcontroladores
utilizam esse sinal para emularem tensões analógicas e enviarem informações
lógicas. Já os circuitos de geração de forma de onda permitem a criação de sinais
padronizados sem utilizar um sinal de entrada externo. Nesta seção, citamos
três circuitos básicos, na ordem: o circuito gerador de onda retangular, que não
precisa de um sinal externo, conhecido como oscilador de relaxação; um circuito
que converte uma forma de onda retangular em triangular; e um circuito que
converte sinais triangulares em pulsos.

4.1 CIRCUITO GERADOR DE ONDA RETANGULAR


Os circuitos geradores de sinais, também conhecidos como geradores de
funções, têm a característica de apresentar formas de onda padrão na saída sem
a necessidade de uma forma de onda padrão na entrada. O princípio básico de
funcionamento dos geradores de sinais está nos circuitos osciladores, geradores
de onda retangular. A partir da onda retangular, basta utilizar os circuitos
conversores de sinais a fim de obter as demais formas de onda. O circuito oscilador
mais simples utilizado para gerar uma forma de onda retangular utilizando
um amplificador operacional é conhecido como oscilador de relaxação, circuito
apresentado na Figura 54.

FIGURA 54 – OSCILADOR DE RELAXAÇÃO

FONTE: Os autores

206
TÓPICO 3 — OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS EM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

O circuito é composto por um amplificador operacional operando com


duas redes de realimentação. A realimentação pela porta inversora é composta pelo
capacitor C e pelo resistor R1. A carga e a descarga desse capacitor caracterizam a
periodicidade do circuito. Já a realimentação pela porta não inversora, composta
pelos resistores R2 e R3, leva o amplificador a operar sempre em sua tensão de
saturação (Vsat), oscilando entre +Vsat e – Vsat, seguindo a operação do circuito
Schimitt trigger. Essa operação é simples: quando a tensão na porta inversora,
ou seja, sobre o capacitor, atinge o valor da tensão de comutação superior
(+β∙Vsat), a saída do amplificador operacional apresenta Vret = – Vsat. Essa tensão
negativa passa a reduzir a tensão no capacitor e, de maneira semelhante, quando
a tensão no capacitor atingir a tensão de comutação inferior (–β Vsat), a saída do
amplificador operacional apresenta Vret = + Vsat. Novamente, a tensão do capacitor
crescerá até alcançar a tensão de comutação superior e a oscilação acontecerá
indefinidamente. As tensões de comutação são definidas por β, que representa a
fração de realimentação calculada pela equação a seguir:

(62)

Como a saída Vret oscilará entre as tensões de saturação positiva e negativa,


a tensão no capacitor estará sempre variando com frequência definida pela
equação a seguir:

(63)

EXEMPLO: Suponha o circuito oscilador de relaxação da Figura 54


anterior com R1 = R2 = R3 = 10 kΩ, C = 1 μF e Vsat = 10 V. Determine a frequência
de operação do oscilador e trace as curvas das tensões no capacitor e na saída do
amplificador operacional.

Para calcular a frequência f, deve-se primeiramente calcular a fração de


realimentação β. Na sequência:

Para traçar as curvas apresentadas na Figura 55 a seguir, utilizou-se o


simulador MultisimLive. É possível observar que a tensão no capacitor (em azul)
oscila entre 5 V e – 5 V, exatamente igual à teoria, que diz que a tensão no capacitor
oscilará entre as tensões de comutação superior (+ β∙Vsat = + 5 V) e inferior (– β∙Vsat
= – 5 V).

Quando o capacitor atinge + 5 V, a saída do amplificador operacional é


alterada para o negativo da tensão de saturação (– 10 V) e o capacitor passa a
descarregar sua energia. Já quando o capacitor atinge – 5 V, a saída vai para + 10

207
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

V e o capacitor passa a carregar sua energia. Esse processo oscilatório caracteriza


a forma de onda retangular (Vret).

FIGURA 55 – CURVAS TRAÇADOS PELO SIMULADOR MULTISIMLIVE

FONTE: Os autores

4.2 CIRCUITO CONVERSOR DE SINAL RETANGULAR EM


SINAL TRIANGULAR
Basta utilizar um amplificador operacional como um circuito integrador
para transformar o sinal retangular em triangular. O circuito integrador é
apresentado na Figura 56. Neste, a resistência na rede de realimentação negativa
deve ser pelo menos 10 vezes maior que o resistor de entrada para que o circuito
gere uma onda triangular apropriada. A tensão pico a pico do sinal triangular
de saída será proporcional à tensão de pico da tensão do oscilador , conforme
a equação a seguir, onde f é a frequência de oscilação do sinal de onda retangular.
A Figura 57 apresenta a resposta do circuito.

(64)

208
TÓPICO 3 — OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS EM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 57 – CIRCUITO CONVERSOR DE SINAL RETANGULAR EM SINAL TRIANGULAR

FONTE: Os autores

FIGURA 58 – RESPOSTA DO CONVERSOR DE SINAL RETANGULAR EM SINAL TRIANGULAR

FONTE: Os autores

4.3 CIRCUITO CONVERSOR DE SINAL TRIANGULAR EM


SINAL DE PULSO
Um circuito capaz de converter um sinal triangular em pulso é mostrado
na Figura 59. Esse circuito utiliza um amplificador operacional operando como
comparador, assim, quando o sinal de tensão triangular V_tri for maior que a
tensão de referência Vref, o amplificador apresentará na saída a tensão de saturação
positiva. Caso contrário, a saída apresentará a tensão de saturação negativa,
caracterizando uma tensão pulsante. A largura do pulso em tensão positiva é
ajustada pelo divisor de tensão formado pelo resistor R1 e o potenciômetro R2.

209
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

FIGURA 59 – CIRCUITO CONVERSOR DE SINAL TRIANGULAR EM SINAL DE PULSO

FONTE: Os autores

A Figura 60 apresenta a resposta do circuito da Figura 59 anterior,


supondo uma fonte de tensão triangular (V_tri) com tensão de pico a pico de 5 V,
uma tensão de referência Vref ajustada para 1 V e um amplificador operacional cuja
tensão de saturação está ajustada para 8 V. Nesse circuito, tensões de referência
positivas apresentarão razões de trabalho menores que 50% e tensões de referência
negativas implicarão em razão de trabalho maiores que 50%.

FIGURA 60 – RESPOSTA DO CONVERSOR DE SINAL TRIANGULAR EM SINAL DE PULSO

FONTE: Os autores

210
TÓPICO 3 — OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS EM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

SENSORES E AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Newton C. Braga

As características elétricas dos amplificadores operacionais tornam estes


circuitos ideais para aplicações eu envolvem sensores. De fato, na indústria, em
eletrônica de consumo e em muitos outros campos da eletrônica encontramos
amplificadores operacionais exercendo funções importantes no interfaceamento
de sinais de sensores com microprocessadores, DSPs, conversores analógicos
digitais. Neste artigo, damos alguns circuitos básicos de amplificadores
operacionais usados com sensores e que podem ser de grande utilidade para os
leitores que precisam deste tipo de aplicação.
 
Muitos sensores usados em aplicações industriais e de todos os
tipos fornecem sinais fracos demais para poderem ser usados por circuitos
convencionais. Estes sensores, para poderem ser usados na prática, precisam de
um interfaceamento apropriado que consiste num circuito amplificador.

De todos os circuitos amplificadores que podem ser usados com estes sensores,
os amplificadores operacionais, por suas características são os mais usados.

Se bem que o amplificador operacional real esteja longe de ter as


características do amplificador operacional ideal, as configurações que podem ser
obtidas atendem perfeitamente à maioria das aplicações e por isso são largamente
empregadas.

Os circuitos que mostramos a seguir são sugeridos por diversos manuais


de fabricantes de amplificadores operacionais como a National Semiconductor, a
Texas Instruments, a Motorola e a Philips.

O leitor poderá encontrar muitas informações adicionais sobre os circuitos


e componentes usados nos sites destas empresas.

Os Circuitos

Observamos que muitos dos circuitos podem ser alterados tanto em


função do desempenho desejado já que as características dos sensores podem
mudar sensivelmente como também do possível uso de equivalentes para os
amplificadores operacionais.

 1) Sensor de Chama

O primeiro circuito que apresentamos, mostrado na figura 1, é um sensor


de chama piloto que pode ser usado em sistemas de aquecimento, em fornos
industriais e em muitas outras aplicações semelhantes.
211
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

O circuito faz uso de um sensor de ródio-platina que gera uma tensão


que depende de sua temperatura (par termoelétrico), fornecendo uma saída
compatível com lógica TTL.

O circuito faz uso de um amplificador operacional LM10 que pode enviar


os sinais a uma unidade de processamento via par trançado. Esta possibilidade
permite que o circuito seja usado no monitoramento remoto de uma chama.

Figura 1 – Sensor de chama.

2) Sensor de Luz

Na figura 2, mostramos um circuito que faz uso de um fotodiodo como


sensor de luz. O circuito se baseia também num amplificador operacional LM10
e os resistores R2 e R3 são responsável pela histerere do circuito. Nessa aplicação
o fotodiodo funciona como um gerador de tensão ligado de modo diferencial
nas entradas do amplificador operacional. Os valores dos componentes,
principalmente de R podem ser modificados dependendo do tipo de carga que
deve ser excitada. A alimentação pode ser feita com tensões de 5 a 12 V.

Figura 2 – Sensor de luz

3) Sensor Termométrico

O circuito, mostrado na figura 3, faz uso de um NTC termométrico para


sensoriamento remoto de temperatura. Os resistores R1 e R2 que podem ficar na
faixa de 10 k a 1 M devem ser escolhidos de acordo com a resistência do sensor
na temperatura média que deve ser monitorada. Rx tem valores entre 10k e 100
k e depende do tipo de carga a ser excitada. O circuito pode enviar os sinais
a distâncias relativamente grandes através de par trançado e sua alimentação
estará entre 5 e 12 V.
212
TÓPICO 3 — OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS EM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Figura 3 – Termométrica.

4) Sensor Piezoelétrico

Para sensores piezoelétricos remotos pode ser usado o circuito da figura


4. A base é novamente um amplificador operacional LM10 que é produto de
diversas fábricas de semicondutores. O circuito tem seu ganho basicamente
determinado pelo resistor R4  de 1 MΩ. O sinal pode ser enviado para uma
unidade de processamento distante com o uso de cabo apropriado.

Figura 4 – Remoto – Piezoelétrico.

5) Sensor Foto Voltaico

O circuito mostrado na figura 5 amplifica a tensão gerada por um sensor


quando recebe luz. O sensor pode ser um fotodiodo, uma fotocélula ou qualquer
dispositivo fotogerador. O ganho é determinado pelo resistor de 1 MΩ que,
em função da aplicação pode assumir valores entre 100 K e 10 MΩ. Apinagem
não é indicada já que num único invólucro de um Lm324 podemos encontrar 4
amplificadores operacionais. O circuito deve fazer uso de uma fonte simétrica.

Figura 5 – Fotovoltaico.

213
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES AVANÇADAS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

6) Sensor em Ponte

Existem diversos tipos de sensores que operam em pontes e que possuem


características resistivas. Dentre eles destacamos sensores de pressão mecânica,
deformação e efeito Hall. O circuito mostrado na figura 6 pode ser usado
eficientemente com este tipo de sensor.

A base é um dos 4 amplificadores operacionais encontrados num Lm324


ou equivalente. O ganho do circuito é determinado por Rf na realimentação. As
características de saída do circuito em função dos valores dos componentes são
dadas pelas fórmulas junto ao diagrama. O circuito deve ser alimentado por fonte
simétrica de 5 a 12 V.

Figura 6 – Em ponte.

7) Sensor de Relutância Variável

Sensores para medida de velocidade de peças mecânicas, oscilações


mecânicas e outros podem ser do tipo que se baseiam na variação da tensão gerada
por uma bobina na presença e peças de metal em movimento. O circuito mostrado
na figura 7 serve para este tipo de aplicação e tem por base um amplificador
operacional de transcondutância Lm3900.

Como num invólucro do Lm3900 encontramos 4 amplificadores deste


tipo a pinagem não é dada. A alimentação deve ser feita com fonte simétrica e o
resistor de 5 MΩ determina o ganho. Este ganho deve ser função da sensibilidade
do sensor utilizado e o valor do componente pode oscilar entre 1 MΩ e 22 MΩ,
tipicamente.

Figura 7 – Sensor de relutância variável

214
TÓPICO 3 — OUTROS CIRCUITOS NÃO LINEARES BASEADOS EM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

8) Seguidor de Tensão

Um seguidor de tensão é um amplificador cujo de ganho de tensão é


unitário. Como a impedância de entrada do circuito nesta aplicação é extremamente
elevada (muitos megΩ) e a impedância de saída muito baixa (entre alguns Ω e
algumas centenas de Ω), o circuito apresenta um elevado ganho de corrente e,
portanto, um elevado ganho de tensão.

Com sensores, este circuito é utilizado como um casador de impedâncias,


podendo ser usado para excitar convenientemente etapas que precisam de sinais
intensos a partir de fontes de alta impedância que não poderiam ser usadas
diretamente. O circuito deve fazer uso de uma fonte simétrica. O seguidor de
tensão na sua configuração básica é mostrado na figura 8.

Figura 8 – Seguidor de Tensão


 
Conclusão

Os amplificadores operacionais, apesar de fazerem parte de uma geração


de componentes algo antiga, são ainda indispensáveis em uma grande quantidade
de aplicações. Com o desenvolvimento de novas tecnologias os amplificadores
vão adquirindo características que cada vez mais se aproximam o ideal, como
por exemplo as elevadíssimas impedâncias de entrada dos tipos CMOS e JFET,
ou as altas velocidades conseguidas com alguns tipos especiais para aplicações
em transmissão de dados.

No entanto, nas aplicações industriais em que os sensores ainda são os


tradicionais e mesmo na eletrônica de consumo em que o baixo preço dos tipos
comuns é importante, estes componentes ainda marcam sua presença.

FONTE: Adaptado de BRAGA, N. C. Sensores e amplificadores operacionais. 2013. Disponível


em: <https://www.newtoncbraga.com.br/index.php/projetos/7962-sensores-e-amplificadores-
-operacionais-art1053.html>. Acesso em: 23 mar. 2021.

215
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os circuitos retificadores são aqueles que transformam sinais em corrente


alternada (CA) para sinais em corrente contínua (CC).

• Os diodos retificadores apresentam quedas de tensão quando conduzem


corrente. A fim de contornar este problema, é utilizado o circuito retificador
de precisão, também conhecido como superdiodo.

• O circuito retificador de precisão transfere, com qualidade, apenas a parte


positiva de um sinal, mesmo que esse sinal seja muito pequeno. Essa vantagem
tornam os retificadores de precisão adequados para aplicações em projetos de
sistemas de instrumentação.

• Os circuitos grampeadores adicionam uma componente CC aos sinais, de


modo que sinais CA mantenham suas características, porém passem a operar
como um sinal sempre positivo ou sempre negativo.

• A fim de contornar o problema da queda de tensão nos diodos nos


grampeadores tradicionais, utiliza-se uma topologia não linear composta por
um amplificador operacional e um diodo, formando o circuito do grampeador
de precisão.

• Circuitos conversores de formas de onda transformam uma onda padronizada


em outra. Uma das aplicações para os conversores é a geração do sinal de
pulso, também conhecido como modulação por largura de pulso, amplamente
utilizado em eletrônica de potência e circuitos digitais.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

216
AUTOATIVIDADE

1 O oscilador de relaxação é responsável por gerar uma forma de onda


retangular. Esse circuito é composto por duas redes de realimentação. A rede
de realimentação positiva está relacionada com a saturação do amplificador
operacional e a histerese do Schmitt trigger. Já a rede de realimentação
negativa é composta por um resistor e capacitor. Este capacitor carrega e
descarrega, caracterizando a oscilação da forma de onda retangular. Com
relação à rede RC na realimentação negativa do oscilador de relaxação,
selecione a alternativa correta.
a) ( ) Um potenciômetro pode ser utilizado no lugar da resistência para
alterar a razão de trabalho do oscilador.
b) ( ) Aumentar a capacitância irá reduzir a frequência do circuito, uma vez
que seu tempo de carga e descarga irá reduzir
c) ( ) Um capacitor variável pode ser utilizado para alterar a razão de
trabalho do oscilador.
d) ( ) Aumentar a resistência irá reduzir a frequência do circuito, uma vez
que seu tempo de carga e descarga irá aumentar.
e) ( ) Aumentar a capacitância irá aumentar a frequência do circuito, uma
vez que seu tempo de carga e descarga irá reduzir.

2 Um engenheiro precisa de um sinal específico; para obtê-lo, utilizará um


conversor de sinais composto por um circuito integrador, com amplificador
operacional, cujo sinal de entrada será uma onda retangular. Qual sinal
será obtido na saída do conversor?

3 Um circuito grampeador positivo de precisão é aplicado a um sinal


triangular cuja tensão, pico a pico vale 100 mV. A saída do grampeador
ainda é conectada a um superdiodo. Determine a tensão pico do sinal na
saída do superdiodo.

4 Determine R2, em função de R1, para que o conversor de forma de onda


triangular para pulsante, mostrado na figura a seguir, opere com razão
cíclica de 10%. Dados: tensão Vcc igual a 10 V e tensão pico a pico do sinal
triangular igual a 10 V.

FONTE: <https://bit.ly/31YrmNq>. Acesso em: 23 mar. 2021.

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REFERÊNCIAS
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