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EDUCAÇÃO ESPECIAL NA ESOLA INCLUSIVA
O ATENDEMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - UMA OUTRA
EDUCAÇÃO ESPECIAL POSSÍVEL
Para transformar os serviços de educação especial da rede de ensino de Florianópolis,
foi preciso entender ser caráter complementar à educação escolar. Sendo complemento,
tivemos de definir quais serviços seriam necessariamente diferentes da educação escolar para
melhores atender à necessidades específicas dos alunos com deficiência, provendo-os,
principalmente, de recursos de acessibilidade que eliminassem as barreiras de comunicação,
de informação, de locomoção, entre outros que impedem o acesso ao conhecimento e ao
ambiente escolar.

A educação Especial da rede precisava de uma profunda ressignificação de suas práticas.


Assim, aos poucos foi perdendo o seu caráter substantivo, o que quer dizer que todos já a
compreendam dessa forma. Para isso, a formação continuada não para; discute,
incansavelmente, com os professores em geral, os princípios da inclusão escolar. O processo é
lente e apresenta muitas variantes. Vale a pena, no entanto, ver quanto os alunos com
deficiência estão se beneficiando do atendimento educacional especializado.

Todo o itinerário de constrição dessa nova educação especial teve por sustentação a
perspectiva inclusiva e o aparato dos instrumentos legislativos – Constituição brasileira, LBDEN
e Convenção da Guatemala. Com efeito, se a Constituição garante o ensino regular a todos, da
mesma forma assegura o atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência.
Nesse sentido, considero que os professores especializados e o ensino regular, apesar das
resistências comuns aos processos de mudança, esforçaram-se para acertar.

O primeiro eixo de transformação – como apresentei anteriormente – foi, de fato, a


formação continuada dos professores, e o segundo, realizado concomitantemente, foi a
organização progressiva dos serviços de atendimento educacional especializado.

A educação, na rede, passou a ser ministrada em salas multimeios Visual, por convênios
com instituições especializadas e escolas especiais, parceiras, projetos de acessibilidade,
aquisição e professores de Libras e auxiliares de turma.

SALAS MULTIMEIOS

As salas multimeios são espaços localizados nas escolas de rede municipal de ensino de
Florianópolis para a realização do atendimento educacional especializado. Foram
gradativamente ampliadas de nove para 11 salas, em 2005, para 12 salas. Elas se situam em
escalas-polo, atendimento a escolas de sua abrangência que não têm esta sala. São
construídas de mobiliário para atendimento ao aluno e produção de material pelo professor
especializado, de matérias, equipamentos, jogos pedagógicos, recursos da Tecnologia
Assistiva, entre outros.
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O objetivo da rede municipal de ensino de Florianópolis é ampliar o número de salas de
multimeios para que os alunos com deficiência possam ter o atendimento educacional
especializado na própria escola.

Nessas Salas, as crianças com deficiência são atendidas no turno oposto ao da sala de
aula comum. O professor especializado, que nela atua, realiza a identificação de habilidades e
dificuldades funcionais de cada criança com o objetivo de elaborar um plano de atendimento
para que os recursos sejam providenciados, os materiais sejam produzidos e o atendimento à
criança realizado.

As salas Multimeios disponibilizam um conjunto de serviços, recursos e estratégias, com


base na Tecnologia Assistiva, que auxiliam na eliminação de barreiras funcionais, promovendo
participação dos alunos nas atividades escolares. O trabalho que nela se realiza é
constantemente ampliado e aprimorado por meio de estudos, de pesquisas com outras áreas
do conhecimento. A seguir as atribuições nas salas multimeios, de acordo com a área de
deficiência específica.

CEGUEIRA

As salas multimeios realizam uma série de atividades que visam à inclusão dos alunos
cegos ao ensino regular. Essas atividades requerem, como já vimos, a formação dos
professores em atendimento educacional especializado e também a aquisição e produção de
materiais adequados às necessidades pedagógicas dos alunos com deficiência.

Nessas salas, os professores especializados devem:

a) Ensinar o sistema Braille;


b) Realizar atividades de Orientação e Mobilidade -. O.M. que consistem em um
conjunto de técnicas para que os alunos, o mais cedo possível, possam ter a
habilidade de se deslocar de uma posição para a outra e estabelecer as relações com
os objetivos que compõem seu dia a dia;
c) Ensinar Atividades da Vida Diária- A.V.D., que consistem nas inúmeras e diversas
tarefas do cotidiano;
d) Promover o uso de ferramentas de comunicação: sintetizadores de voz para ler e
escrever via computador;
e) Ensinar a técnica do sorobô;
f) Promover técnica de rastreamento e de locomoção com guia vidente dentro do
ambiente escolar;
g) Realizar a transcrição de materiais de Braille e tinta e da tinta para o Braille;
h) Providenciar texto escrito em formato digital e produzir áudio-livro.

Nelas é feita a adequação de materiais didático-pedagógicos em parceria com os


profissionais do CAP.

O encaminhamento dos alunos para os serviços de avaliação visual implica o


estabelecimento de parcerias com a área da saúde.
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BAIXA VISÃO

Para os alunos com baixa visão, as salas multimeios desenvolvem uma série de
atividades que requerem conhecimento sobre os recursos existentes para esse fim e sua
utilização.

As atividades são:

a) O ensino do uso dos recursos ópticos e não ópticos, que são instrumentos ou
adequações que facilitam o processo de aprendizagem dos alunos com baixa visão e
que devem ser recomendados por um oftalmologista (os recursos ópticos são lentes
que auxiliam na visão desses alunos e vão desde lupas manuais e lupas eletrônicas;
os não ópticos referem-se às adaptações, como cadernos que possuem linhas
traçadas de forma escura e com mais espaçamento entre as linhas e uso de lápis 6D
ou 3B, que auxiliam na escrita; textos com escrita ampliada; iluminação adequada;
canetas hidrográficas que permitem contraste, entre outros).
b) Estimulação de resíduo visual com a utilização de materiais diversificados e
adequados que devem ter cores fortes e contrastantes;
c) As adequações em tinta;
d) O encaminhamento para a avaliação funcional;
e) A ampliação de fontes;
f) A produção de materiais com contraste visual;
g) A produção de materiais didáticos e pedagógicos adequados ao tipo de visão.

Nelas também são produzidos materiais didático-pedagógicos em parceria com os


profissionais do CAP.

O encaminhamento dos alunos para serviços de avaliação visual permite aos professores
das salas multimeios saber qual é o recurso a se utilizar com o aluno com baixa visão.

DEFICIÊNCIA FÍSICA

As atividades desenvolvidas pelas Salas Multimeios visam possibilitar aos alunos com
deficiência física a autonomia, a segurança e a comunicação, para que possam ser inseridos em
turmas de ensino regular. Não basta, contudo, adquirir para esse fim materiais e
equipamentos especializados industrializados; é importante que estabelecessem parcerias
com outras áreas tais como: arquitetura, engenharia, terapia ocupacional, fisioterapia,
fonoaudióloga, entre outras, para que desenvolvamos materiais didáticos adequados a estes
alunos. É de fundamental importância que os professores das Salas Multimeios que atendem a
todos os tipos de deficiência conhecessem os matérias já existentes de desenvolvem outros.

Nessas Salas os professores se dedicam a:

a) Ensinar a Comunicação Aumentativa e Alternativa, para atender às necessidades dos


alunos com a dificuldade dos alunos com dificuldades de fala e de escrita funcional;
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b) Adequar os materiais didático-pedagógicos, tais como engrossadores de lápis, plano
inclinado, quadro magnético com letras com ímã fixado, tesouras adaptadas, entre
outros;
c) Desenvolver projetos em parceria com profissionais da arquitetura, terapia
ocupacional, engenharia, entre outros para promover a Tecnologia Assistiva;
d) Desenvolver projetos em parceria com profissionais da arquitetura, engenharia para
promover a acessibilidade arquitetônica. A acessibilidade arquitetônica não tee uma
responsabilidade exclusiva do professor especializado;
e) Adequar recursos da informática: teclado, mouse, ponteira de cabeça, acionadores,
entre outros;
f) Providenciar o mobiliário adequado em parceria com outros profissionais e
instituições.
g) Providenciar recursos de auxílio da vida diária, como talheres, copos, entre outros
em parceria com outros profissionais e instituições.
h) Providenciar os recursos de mobilidade: cadeira de rodas, andadores, entre outros
em parceria com outros profissionais.

SURDEZ

O que descreve a seguir corresponde ao resultado de muitas discussões na tentativa de


incluir alunos surdos nas salas de aula comuns da rede regular de ensino. Há, todavia, muito
ainda por fazer a aprimorar, de modo que a escola possa atender efetivamente a esses alunos.

O atendimento educacional especializado, no caso da surdez, consiste em:

a) Promover o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), para alunos surdos


que optaram por aprendê-la. O ensino de língua de sinais é feito pelo professor de
Libras;
b) Coordenador, justamente com o professor de Libras, cursos de formação, para
serem realizados nas unidades escolares;
c) Promover o aprendizado da Língua Portuguesa na mobilidade escrita. É preciso levar
em conta vários estudos sobre a aquisição dessa língua pelo aluno surdo;
d) Promover conceitos básicos do conhecimento escolar em Libras;
e) Encaminhar para os serviços de fonoaudiologia os alunos surdos que optarem pelo
sistema de oralização;
f) Adequar materiais didáticos pedagógicos que promovam experiências visuais de
ensino aos alunos surdos;
g) Estabelecer parceria com a área de saúde para que as avaliações auditivas e
tecnologias que melhoram a capacidade auditiva e sejam providenciadas.

Existem duas formas principais de comunicação para os alunos surdos: a Libras ou a


oralização. Há os que se comunicam das duas formas, os que preferem somente a Libras e
rejeitam a oralização e os preferem a oralização, rejeitando a Libras. Independentemente da
opção que o aluno surdo faça, a escola deve providenciar as duas formas de comunicação. No
caso de oralização, contamos com os serviços de fonoaudiologia. A Fonoaudiologia no serviço
público é ainda muito incipiente e necessitamos aprimorá-la, estabelecendo convênios com a
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Secretaria Municipal de Saúde. Embora contemos com alguns postos de saúde que possuem
esse serviço, eles não são suficientes para atender a demanda. Reconheço que outros
profissionais, além dos fonoaudiólogos, poderão vir a trabalhar com a oralização dos alunos
surdos; essa é uma discussão que necessita iniciar o mais rádio possível.

DEFICIÊNCIA MENTAL

Há uma maior compreensão do atendimento educacional especializado quando se


refere aos alunos surdos, cegos, com baixa visão ou com deficiência física. É mais difícil,
todavia quando se refere aos alunos com deficiência mental.

O atendimento educacional especializado para os alunos com deficiência mental não


deverá cair nos equívocos da normalização.

O objetivo da coordenadora foi esclarecer o significado que se atribui hoje ao


atendimento educacional para a deficiência mental, por meio de parcerias, estudos, formações
e discussões. Estamos buscando uma definição para o atendimento educacional especializado
para a deficiência mental que atenda aos princípios inclusivos.

Simultaneamente à redefinição das práticas do ensino especial, devemos reconhecer


que os alunos têm diferentes tempos e diferentes maneiras de aprender. O que ocorre é que,
na busca de uma homogeneização de aprendizagem, excluímos muitos alunos com e sem
deficiência mental por não corresponderem às exigências de desempenho escolar.

Não só os professores, mas também toda a comunidade escolar, precisa ser esclarecida
a respeito do que é próprio do processo de escolarização e do que compete ao atendimento
educacional especializado, de forma que a escola garanta a todos os alunos com deficiência os
direitos explicitados pela Constituição Federal/99 e pela LDBEN/96.

O atendimento educacional especializado deverá ser organizado de forma que promova


ao aluno com deficiência mental a possibilidade de sair de uma posição passiva e automatizada
diante do conhecimento para o acesso a apropriação ativa de o próprio saber. É fundamental
desenvolver atividades em que o aluno seja sujeito ativo do conhecimento e que resgate a
autonomia e a criatividade perdidas nas práticas especializadas d treinamento.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA –

MACHADO, Rosangela. Educação especial na escola inclusiva: políticas, paradigmas e práticas. São
Paulo: Cortez, 2009.

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