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AULA 6
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 . 𝑠𝑒𝑛(𝜔. 𝑡 + 𝜙)
Sendo 𝑉𝑚 a amplitude da senóide, 𝜔 a frequência angular em radianos por segundo
(𝑟𝑎𝑑/𝑠), 𝜙 o ângulo de fase e (𝜔. 𝑡 + ∅) é o argumento da senóide.
Pode-se observar que a função 𝑣2 (𝑡) inicia o seu ciclo antes da função 𝑣1 (𝑡), portanto
podemos dizer que a função 𝑣2 (𝑡) está adiantada em relação a 𝑣1 (𝑡) ou que, 𝑣1 (𝑡)
está atrasado em relação a 𝑣2 (𝑡). Caso o valor 𝜙 ≠ 0, dizemos que 𝑣1 e 𝑣2 estão fora
de fase e se 𝜙 = 0, dizemos que 𝑣1 e 𝑣2 estão em fase e isto significa que elas
possuem os valores máximos, mínimos e nulos nos mesmos instantes de tempo.
Diferentes senóides podem estar em fase sem necessariamente possuírem a mesma
amplitude.
3
Conforme já mencionado, uma senóide pode ser expressa utilizando uma função seno
ou cosseno. Quando comparamos duas senóides é preciso que a amplitude em
amabas as equações sejam positivas. Para isso, basta utilizar as seguintes
identidades trigonométricas:
𝑆𝑒𝑛(𝐴 ± 𝐵) = 𝑆𝑒𝑛(𝐴) 𝐶𝑜𝑠(𝐵) ± 𝑆𝑒𝑛(𝐵) 𝐶𝑜𝑠(𝐴)
𝐶𝑜𝑠(𝐴 ± 𝐵) = 𝐶𝑜𝑠(𝐴) 𝐶𝑜𝑠(𝐵) ∓ 𝑆𝑒𝑛(𝐴) 𝑆𝑒𝑛(𝐴)
Com estas identidades trigonométricas, podemos comprovar que:
𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡 ± 180°) = −𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡)
𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 ± 180°) = −𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡)
𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 90°) = 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡)
𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡 − 90°) = −𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡)
𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 90°) = −𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡)
𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 − 90°) = 𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡)
Desta forma, com estas identidades, podemos transformar uma função seno em uma
função cosseno subtraindo 90°.
s𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙) = cos(𝜔𝑡 + 𝜙 − 90°)
Outra característica importante de uma tensão ou corrente senoidal é o seu valor
eficaz ou RMS (root mean square). O valor eficaz para uma periódica senoidal é obtido
através da equação abaixo:
1 𝑡0 +𝑇 2
𝑉𝑅𝑀𝑆 =√ ∫ 𝑉𝑚 . 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡 + 𝜙). 𝑑𝑡
𝑇 𝑡0
1.2 Fasores
Um fasor é um número complexo que representa as informações de amplitude e
ângulo de fase de uma função senoidal. A utilização da representação fasorial irá nos
possibilitar realizar de uma forma mais fácil a análise de circuitos lineares com fontes
senoidais.
O conceito de fasor é baseado na identidade de Euler, que relaciona a função
trigonométrica com a função exponencial:
𝑒 ±𝑗𝜙 = 𝐶𝑜𝑠(𝜙) ± 𝑗 𝑆𝑒𝑛(𝜙)
Em que podemos afirmar:
𝐶𝑜𝑠(𝜙) = 𝑅𝑒(𝑒 𝑗𝜙 )
𝑆𝑒𝑛(𝜙) = 𝐼𝑚(𝑒 𝑗𝜙 )
Em que 𝑅𝑒 e 𝐼𝑚 significam a parte real e a parte imaginária do fasor, respectivamente.
4
Para obter uma representação fasorial de uma senoide, está deve estar expressa
utilizando a função cosseno, de modo que ela possa ser escrita como a parte real de
um número complexo.
Considere uma fonte de tensão expressa através da seguinte função no domínio do
tempo:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙)
Aplicando a identidade de Euler podemos reescreve-la da seguinte forma:
𝑣(𝑡) = 𝑅𝑒(𝑉𝑚 𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝜙) ) = 𝑅𝑒(𝑉𝑚 𝑒 𝑗𝜙 . 𝑒 𝑗𝜔𝑡 )
5
Em que z é um número complexo e j é a unidade imaginária, sendo 𝑗 = √−1. Os
termos x e y são chamados de parte real e parte imaginária, respectivamente.
Vale ressaltar que em matemática é utilizado a letra i para representar os números
imaginários, porém, em engenharia a letra i é designada à correntes elétricas, por isso
iremos representar números complexos utilizando a letra j.
𝑟 = √𝑥 2 + 𝑦 2
𝑦
𝜙 = 𝑡𝑔−1 ( )
𝑥
E um número complexo na forma polar pode ser escrito na forma retangular usando:
𝑥 = 𝑟. cos(𝜙)
𝑦 = 𝑟. sen(𝜙)
6
Ou seja:
𝑧 = 𝑥 + 𝑗𝑦 = 𝑟. cos(𝜙) + 𝑗 𝑟. sen(𝜙)
Dado o número complexo 𝑧 = 3 + 𝑗4, vamos obter a sua representação na forma polar:
𝑟 = √32 + 42 = 5
4
𝜙 = 𝑡𝑔−1 ( ) = 53,13°
3
Portanto,
𝑧 = 3 + 𝑗4 = 5∠53,13°
Agora dado o número 𝑧 = 10∠126,87°, vamo encontrar a sua forma retangular:
𝑧 = 10. cos(𝜙126,87°) + 𝑗10. sen(126,87°)
𝑧 = −6 − 𝑗8
As operações matemáticas de adição e subtração de números complexos, torna-se
mais fácil utilizando a forma retangular. Considere os dois números complexos abaixo:
𝑧1 = 𝑥1 + 𝑗𝑦1 = 𝑟1 ∠𝜙1
𝑧2 = 𝑥2 + 𝑗𝑦2 = 𝑟2 ∠𝜙2
A soma entre eles será dada por:
𝑧1 + 𝑧2 = (𝑥1 + 𝑥2 ) + 𝑗(𝑦1 + 𝑦2 )
Enquanto a subtração será dada por:
𝑧1 − 𝑧2 = (𝑥1 − 𝑥2 ) + 𝑗(𝑦1 − 𝑦2 )
Entretanto, as operações de multiplicação e divisão pode ser realizada mais facilmente
na forma polar.
Para a multiplicação devemos realizar:
𝑧1 . 𝑧2 = 𝑟1 . 𝑟2 ∠(𝜙1 + 𝜙2 )
Utilizando a forma retangular, basta aplicar a propriedade distributiva da multiplicação
e lembrar que 𝑗 2 = −1:
𝑧1 . 𝑧2 = 𝑥1 . 𝑥2 + 𝑗. 𝑥1 . 𝑦2 + 𝑗. 𝑦1 . 𝑥2 + 𝑗 2 . 𝑦1 . 𝑦2
𝑧1 . 𝑧2 = (𝑥1 . 𝑥2 − 𝑦1 . 𝑦2 ) + 𝑗( 𝑥1 . 𝑦2 + 𝑦1 . 𝑥2 )
E por fim, para a divisão:
𝑧1 𝑧1
= ∠(𝜙1 − 𝜙2 )
𝑧2 𝑧2
A tabela a seguir apresenta outras operações matemáticas:
Tabela 1 - Operações matemáticas com fasores
1 1
Recíproco = ∠(−𝜙)
z1 𝑟
𝜙
Raiz quadrada √𝑧 = √𝑟 ∠ ( )
2
7
TEMA 3 – IMPEDÂNCIAS E ADMITÂNCIAS
Agora que vimos como representar a tensão e corrente no domínio da frequência ou
domínio fasorial, precisamos aprender como aplicar estes conceitos nos elementos
passivos. Para isso, precisamos transformar as relações corrente-tensão do domínio
do tempo para domínio fasorial de cada um destes elementos.
3.1 Resistores
Primeiramente considere um resistor alimentado por uma fonte de tensão senoidal, a
qual faz circular uma corrente no resistor 𝑖𝑅 (𝑡) = 𝐼𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙). Pela Lei de Ohm, a
tensão que surge nos seus terminais será:
𝑣𝑅 = 𝑅𝑖𝑅 = 𝑅 𝐼𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙)
A forma fasorial desta tensão é:
𝑉𝑅 = 𝑅 𝐼𝑚 ∠𝜙
Como a representação fasorial da corrente é:
𝐼𝑅 = 𝐼𝑚 ∠𝜙
Então:
𝑉𝑅 = 𝑅 𝐼𝑅
Analisando a última equação, percebemos que a relação fasorial entre o fasor da
tensão e o fasor da corrente continua sendo a Lei de Ohm e na figura a seguir
encontram-se ilustrados os casos com a tensão e corrente no domínio do tempo (a) e
os fasores da corrente e da tensão no resistor (b).
Figura 5 – Relação corrente-tensão para um circuito no domínio do tempo (a) e
fasorial (b)
(a) (b)
Quando um resistor é alimentado por uma fonte de tensão senoidal, a corrente que irá
fluir através dele também será senoidal. Para circuitos puramente resistivos, as formas
de onda estarão em fase, ou seja, as duas terão picos de máximo, mínimo e nulos nos
mesmos instantes de tempo, conforme apresentado na figura abaixo.
Figura 6 –Gráfico de tensão e corrente para um circuito resistivo
8
O diagrama de fasorial para este circuito está apresentado na figura abaixo. Como a
as duas formas de onda estão em fase, os fasores são sobrepostos, representado que
não há defasagem entre eles.
3.2 Indutores
Quando um indutor é alimentado por uma fonte senoidal, o comportamento entre os
fasores da tensão e da corrente são diferentes do caso do resistor. Considere um
indutor alimentado por uma fonte de tensão senoidal, a qual faz circular uma corrente
no indutor da seguinte forma:
𝑖𝐿 = 𝐼𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙)
Nós sabemos que a tensão nos terminais de um indutor é obtida da seguinte forma:
𝑑𝑖𝐿 𝑑
𝑣𝐿 = 𝐿 = 𝐿 [𝐼𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙)]
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑣𝐿 = −𝜔 𝐿 𝐼𝑚 𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡𝜙)
Porém, pelas identidades trigonométricas, vimos que:
−𝑆𝑒𝑛(𝐴) = 𝐶𝑜𝑠(𝐴 + 90°)
Desta forma, podemos escrever a tensão nos terminais do indutor da seguinte forma:
𝑣𝐿 = 𝜔 𝐿 𝐼𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙 + 90°)
Transformando do domínio do tempo para o domínio fasorial:
𝑉𝐿̇ = 𝜔 𝐿 𝐼𝑚 𝑒 𝑗(𝜙+90°) = 𝜔 𝐿 𝐼𝑚 𝑒 𝑗𝜙 𝑒 𝑗90° = 𝜔 𝐿 𝐼𝑚 ∠(𝜙𝑒 𝑗90° )
A partir da identidade de Euler, 𝑒 𝑗90° = 𝑗. Além disso, sabe-se que 𝐼𝑚 ∠𝜙 = 𝐼𝐿̇ . Desta
forma, finalmente teremos:
𝑉𝐿̇ = 𝑗. 𝜔. 𝐿. 𝐼𝐿̇
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Analisando a equação anterior, podemos concluir que a amplitude da tensão no
indutor é de 𝜔. 𝐿. 𝐼𝑚 e a fase é de 𝜙 + 90°. Desta forma, podemos concluir que quando
uma fonte senoidal alimenta um indutor, uma corrente senoidal defasada de 90° da
tensão circulará no indutor, conforme a figura a seguir:
Figura 6 –Gráfico de tensão e corrente para um circuito indutivo
3.3 Capacitores
Quando um capacitor é alimentado por uma fonte senoidal, o comportamento entre os
fasores da tensão e da corrente são diferentes do caso do resistor e do indutor.
Considere um capacitor alimentado por uma fonte de tensão senoidal
𝑣𝐶 = 𝑉𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙), a qual faz circular uma corrente no capacitor da seguinte forma:
𝑑𝑣𝐶 𝑑
𝑖𝐶 = 𝐶 = 𝐶 (𝑉𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙))
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑖𝐶 = −𝜔 𝐶 𝑉𝑚 𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙)
Utilizando o desenvolvimento realizado com um indutor ligado a uma fonte de tensão
senoidal, de forma análoga podemos analisar a situação de um capacitor ligado a uma
fonte de tensão senoidal, e o fasor da corrente será o seguinte:
𝐼𝐶̇ = 𝑗. 𝜔. 𝐶. 𝑉𝐶̇
Desta forma:
10
𝐼𝐶̇
𝑉𝐶̇ =
𝑗. 𝜔. 𝐶
Analisando esta equação, podemos concluir que a amplitude da tensão no capacitor é
1
de 𝑗.𝜔.𝐶 . 𝐼𝑚 e a fase é de 𝜙 − 90°. Desta forma, nota-se que quando uma fonte senoidal
alimenta um capacitor, uma corrente senoidal defasada de 90° da tensão circulará no
capacitor, conforme a figura a seguir:
Desta forma, o diagrama fasorial de um capacitor alimentado por uma fonte senoidal
também se encontra ilustrado na figura a seguir. No diagrama fasorial ilustrado na
figura a seguir, nota-se que os fasores estão a 90° um do outro, em que pelo sentido
positivo no sentido anti-horário da frequência angular, o fasor da tensão está atrasado
do da corrente (ou a corrente está adiantada da tensão).
Agora que já sabemos a relação fasorial das tensões e correntes com os três
elementos passivos (resistores, capacitores e indutores), estas relações podem ser
reescritas em termos da razão entre a tensão fasorial pela corrente fasorial, mais
conhecida por impedância.
Em outras palavras, a impedância (𝑍) de um circuito é a razão da tensão fasorial 𝑉̇
pela corrente fasorial 𝐼 ,̇ medida em Ohms (Ω).
𝑽̇
𝑍=
𝑰̇
Semelhante à Lei de Ohm, podemos reescrever esta equação da seguinte forma:
𝑉̇ = 𝑍. 𝐼 ̇
11
A impedância representa a oposição do circuito ao fluxo de corrente senoidal. Apesar
da impedância ser a razão entre dois fasores, ela não é um fasor, pois não
corresponde a uma grandeza senoidal variante no tempo. A simbologia utilizada para
representação de uma impedância encontra-se ilustrada na figura a seguir.
𝑉𝑅
=𝑍=𝑅
𝐼𝑅
𝑉𝐿
= 𝑍 = 𝑗𝜔𝐿
𝐼𝐿
𝑉𝐶 1
=𝑍=
𝐼𝐶 𝑗𝜔𝐶
Um fato muito importante deve ser levado em consideração quando falamos sobre
impedâncias, pois é possível observar que as impedâncias de capacitores e indutores
são função da frequência do sinal senoidal que está aplicado sobre eles. Pelas
equações anteriores, nota-se que a impedância de um indutor é diretamente
proporcional à frequência do sinal, enquanto a impedância de um capacitor é
inversamente proporcional à frequência do sinal.
Em resumo, uma análise destas equações nos permite concluir que nos casos
extremos das frequências, teremos:
Para uma frequência nula (𝜔 = 0), ou seja, quando a fonte de alimentação é
contínua (não é alternada), a impedância do indutor é nula (curto circuito) e a
impedância do capacitor é infinita (circuito aberto);
Para frequências elevadas (𝜔 → ∞), a impedância de um indutor é infinita
(curto circuito) enquanto que a impedância de um capacitor é nula (curto
circuito).
A impedância é uma grandeza complexa, podendo ser representada na forma
retangular da seguinte forma:
𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋
Em que, 𝑅 é a resistência e X é denominada reatância.
A reatância pode ser positiva ou negativa, sendo positiva quando o circuito possui uma
característica indutiva e sendo negativa quando o circuito possui uma característica
capacitiva. Desta forma, uma impedância 𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋 é indutiva, pois a corrente estará
atrasada em relação à tensão. Por outro lado, uma impedância 𝑍 = 𝑅 − 𝑗𝑋 é
capacitiva, pois a tensão estará atrasada em relação à corrente. A impedância,
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resistência e a reatância são todas medidas em Ohms (Ω). A impedância também
pode ser expressa na forma polar:
𝑍 = |𝑍|∠𝜃
Conforme já demonstrado, a conversão da forma polar para retangular e vice-versa é
dada por:
𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋 = |𝑍|∠𝜃
Sendo:
|𝑍| = √𝑅 2 + 𝑋²
𝑋
𝜃 = 𝑇𝑔−1 ( )
𝑅
Com isto, teremos:
𝑅 = |𝑍| 𝐶𝑜𝑠(𝜃)
𝑋 = |𝑍| 𝑆𝑒𝑛(𝜃)
Em alguns casos de circuitos é conveniente trabalharmos com o recíproco da
impedância, denominado admitância (𝑌), medida em Siemens (𝑆). A admitância de um
circuito é a relação entre o fasor corrente e o fasor tensão existentes no elemento:
1 𝐼̇
𝑌= =
𝑍 𝑉̇
Como a admitância é o recíproco da impedância, esta que por sua vez é um número
complexo, fazendo com que a admitância também seja um número complexo que
pode ser representado da seguinte forma:
𝑌 = 𝐺 + 𝑗𝐵
Em que 𝐺 é a condutância e B é denominada susceptância, ambas com unidades em
Siemens (𝑆).
A partir das equações anteriores, teremos:
1
𝐺 + 𝑗𝐵 =
𝑅 + 𝑗𝑋
1 𝑅 − 𝑗𝑋
𝐺 + 𝑗𝐵 = ×
𝑅 + 𝑗𝑋 𝑅 − 𝑗𝑋
Desta forma, chegamos às seguintes expressões:
𝑅
𝐺=
𝑅2 + 𝑋2
𝑋
𝐵=−
𝑅2 + 𝑋2
Observando a equação de G, percebe-se que ao contrário de circuitos puramente
1
resistivos, 𝐺 ≠ 𝑅, exceto quando 𝑋 = 0.
13
Considere as 𝑁 impedâncias conectadas em série ilustradas na figura abaixo. Este
circuito é alimentado por uma fonte de tensão 𝑉̇ que faz com que uma corrente elétrica
𝐼 ̇ se estabeleça no circuito, provocando as diferenças de potencial (𝑉1̇ , 𝑉2̇ , … , 𝑉𝑁̇ ) em
cada impedância do circuito (𝑍1 , 𝑍2 , … , 𝑍𝑁 ).
𝑍𝑒𝑞 = 𝑍1 + 𝑍2 + ⋯ + 𝑍𝑁
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Este circuito também pode ser representado pela mesma fonte de tensão 𝑉̇ conectada
a uma impedância equivalente 𝑍𝑒𝑞 na qual irá consumir a mesma corrente elétrica 𝐼 .̇
𝑍1
𝐼2 = 𝐼
𝑍1 + 𝑍2
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A forma de cálculo das transformações Δ − 𝑌 e também da transformação contrária
(Y − Δ) encontram-se na tabela abaixo.
Transformação 𝚫 − 𝐘 Transformação 𝒀 − 𝚫
𝑍1 𝑍2 𝑍𝐴 𝑍𝐵 + 𝑍𝐴 𝑍𝐶 + 𝑍𝐵 𝑍𝐶
𝑍𝐴 = 𝑍1 =
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍3 𝑍𝐶
𝑍1 𝑍3 𝑍𝐴 𝑍𝐵 + 𝑍𝐴 𝑍𝐶 + 𝑍𝐵 𝑍𝐶
𝑍𝐵 = 𝑍2 =
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍3 𝑍𝐵
𝑍2 𝑍3 𝑍𝐴 𝑍𝐵 + 𝑍𝐴 𝑍𝐶 + 𝑍𝐵 𝑍𝐶
𝑍𝐶 = 𝑍3 =
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍3 𝑍𝐴
A aplicação das leis de Kirchhoff se dará de forma similar ao visto anteriormente. A lei
de Kichhoff das as correntes (LCK) será dada pela somatória de todas as correntes
fasoriais que entram e saem de um só é igual a zero. Já a lei de kirchhoff das tensões
será a somatória de todas as tensões fasoriais de uma malha será sempre igual a
zero.
Sendo assim, a aplicação dos métodos de analise das tensões dos nós e o método de
análise das correntes de malhas será igual ao apresentando em aulas anteriores, com
a diferença de que usaremos fasores no lugar das resistências.
Considere o circuito da figura abaixo, nele temos conectado uma fonte de tensão
senoidal com o valor de 𝑣 = 20 c𝑜𝑠(4𝑡) 𝑉. Vamos determinar o valor da corrente ix
utilizando o método de análise nodal.
16
aplicando o método da tensão dos nós e por último, deve-se converter o fasor para
sua forma senoidal novamente.
𝑣 = 20 𝐶𝑜𝑠(4𝑡) ⇒ 𝑉 = 20 ∠0° 𝑉
Resistor de 10 Ω ⇒ Z1 = 10 Ω
Indutor de 1 𝐻 ⇒ Z2 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗4 Ω
Para o nó 𝑉1̇ :
𝐼1 = 𝐼𝑋 + 𝐼2
Aplicando a lei de Ohm para reescrever cada uma das correntes em função das
tensões dos nós, teremos:
20∠0° − 𝑉1̇ 𝑉1̇ 𝑉1̇ − 𝑉2̇
= +
10 −𝑗. 2,5 𝑗4
Conforme demonstrado anteriormente, temos que
1 1
= −𝑗 𝑒 =𝑗
𝑗 −𝑗
Portanto,
1
. 𝑉̇ = 𝑗. 0,4. 𝑉1̇
−𝑗. 2,5 1
E
17
1
. (𝑉̇ − 𝑉2̇ ) = −𝑗. 0,25. (𝑉1̇ − 𝑉2̇ )
𝑗. 4 1
Substituindo na equação:
20 𝑉1̇
− = 𝑗. 0,4. 𝑉1̇ − 𝑗. 0,25. (𝑉1̇ − 𝑉2̇ )
10 10
2 − 0,1. 𝑉1̇ = 𝑗. 0,4. 𝑉1̇ − 𝑗. 0,25. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,25. 𝑉2̇
Organizando a equação:
0,1. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,4. 𝑉1̇ − 𝑗. 0,25. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,25. 𝑉2̇ = 2
Colocando 𝑉1̇ e 𝑉2̇ em evidencia:
(0,1 + 𝑗0,15)𝑉1̇ + 𝑗0,25𝑉2̇ = 2
Aplicando a LCK no nó 𝑉2̇ :
𝐼2 + 𝐼3 = 𝐼4
Neste circuito temos uma fonte de corrente dependente, assim como ocorre com as
fontes de corrente independente, a corrente que flui por esse ramo será o próprio valor
da fonte, então teremos 𝐼3 = 2. 𝐼𝑋
A corrente 𝐼𝑋̇ será dada por:
𝑉1̇
𝐼𝑋̇ =
−𝑗. 2,5
Aplicando a lei de Ohm para reescrever as correntes em função das tensões dos nós e
substituindo 𝐼𝑋̇ :
𝑉1̇ − 𝑉2̇ 𝑉1̇ 𝑉2̇
+2 =
𝑗4 −𝑗2,5 𝑗2
−𝑗. 0,25. (𝑉1̇ − 𝑉2̇ ) + 2. (𝑗0,4. 𝑉1̇ ) = −𝑗0,5. 𝑉2̇
−𝑗. 0,25. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,25. 𝑉2̇ + 𝑗0,8. 𝑉1̇ + 𝑗0,5. 𝑉2̇ = 0
𝑗. 0,55. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Agora, basta resolver o sistema linear de duas equações e duas incógnitas:
(0,1 + 𝑗0,15)𝑉1̇ + 𝑗0,25𝑉2̇ = 2
{
𝑗. 0,55. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
A resolução deste sistema ocorre da mesma forma que os anteriores, porém,
utilizando números complexos. Resolvendo pelo método de escalonamento de Gauss,
vamos multiplicar a primeira equação pelo número real -3, assim teremos o termo
j.0,75 multiplicando 𝑉2̇ nas duas equações:
(−3). (0,1 + 𝑗0,15)𝑉1̇ + (−3). (𝑗0,25. 𝑉2̇ ) = (−3) . ( 2)
{
𝑗. 0,55. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Aplicando a propriedade distributiva da multiplicação:
(−0,3 − 𝑗0,45)𝑉1̇ − 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = −6
{
𝑗. 0,55. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Somando as duas equações:
(−0,3 − 𝑗0,45)𝑉1̇ + 𝑗. 0,55. 𝑉1̇ − 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = −6 + 0
(−0,3 + 𝑗0,1). 𝑉1̇ = −6
18
−6 6∠180°
𝑉1̇ = =
(−0,3 + 𝑗0,1) 0,316∠161,56°
𝑉1̇ = 18,974𝑉1 ∠18,435° V
Ou na forma retangular:
𝑉1̇ = 18 + 𝑗. 6 𝑉
Para obter o valor de 𝑉2 , basta substituir 𝑉1̇ em qualquer uma das equações anteriores.
𝑗. 0,55. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
𝑗. 0,55. (18 + 𝑗. 6) + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Aplicando a propriedade da multiplicação distributiva:
𝑗. 9,9 + 𝑗 2 . 3,3 + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Sabendo que 𝑗 2 = −1
𝑗. 9,9 − 3,3 + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Isolando o termo 𝑉2̇
𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 3,3 − 𝑗. 9,9
3,3 − 𝑗. 9,9 10,435∠ − 71,565°
𝑉2̇ = =
𝑗. 0,75 0,75∠90°
𝑉2̇ = 13,914∠ − 161,565° 𝑉
Para finalizar o exercício, basta substituir o valor de 𝑉1̇ na equação de 𝐼𝑋̇ :
𝑉1̇ 18,97∠18,435°
𝐼𝑋̇ = =
−𝑗. 2,5 2,5∠ − 90°
𝐼𝑋̇ = 7,59∠108,4° 𝐴
Convertendo para o domínio do tempo:
𝑖𝑋 = 7,59 𝐶𝑜𝑠(4𝑡 + 108,4°) 𝐴
19
Aplicando a LTK na malha 1:
𝑉1 + 𝑉2 + 𝑉3 = 0
Aplicando a lei de Ohm para reescrever cada uma das tensões em função da corrente:
𝑉3 + 𝑉6 + 𝑉4 + 𝑉5 = 0
Analisando a malha 3, vamos observar que a corrente 𝐼3̇ será igual ao próprio valor da
fonte de corrente, portanto:
𝐼3̇ = 5 𝐴
Substituindo 𝐼3̇ nas equações anteriores, vamos obter o seguinte sistema linear:
20
Para resolver este sistema, podemos multiplicar a primeira equação por − 𝑗. 2 e a
segunda equação por (8 + 𝑗. 8), assim ao somar as duas equações teremos o termo 𝐼1̇
multiplicado por zero.
̇
(16 − 𝑗. 16 − 16 + 𝑗. 16)𝐼1̇ + (4 + 64). 𝐼2̇ = 100 + 240 − j. 240
𝐼2̇ = 5 − 𝑗. 3,529 𝐴
Isolando 𝐼1̇ :
𝐼1̇ = 3,59∠55° A
E assim, foram obtidas todas as três correntes de malhas dos circuitos. A partir delas é
possível obter a tensão fasorial de cada um dos elementos do circuito.
FINALIZANDO
Nesta aula, foram apresentados os circuitos em corrente alternada, em que a
utilização de fasores facilita sua análise. Além disso, foi apresentado o conceito de
impedância, que é de fundamental importância para o curso de engenharia elétrica,
visto que ele será abordado na maioria das disciplinas.
21
A análise fasorial simplifica o entendimento do comportamento de diversos circuitos
elétricos. Uma das formas mais utilizadas da aplicação de fasores é para realizar a
representação do sistema elétrico desde a usina geradora de eletricidade, passando
pelas linhas de transmissão de energia até as nossas residências, conforme ilustrado
na figura a seguir.
Esta análise com fasores permite que eles corrijam estas tensões, visto que em todos
os sistemas reais existem perdas, as quais podem variar conforme o horário de pico
de utilização de energia dentre outros fatores.
Os sistemas reais são mais complexos do que o mostrado neste exemplo, pois alguns
componentes ainda necessitam ser estudados para que possamos analisar a situação
mais próxima da realidade.
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M, N. O. Fundamentos de circuitos elétricos.
5ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
22
BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12ª ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2012.
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