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Segunda Lei de Newton.

Neste momento precisamos relembrar algumas equações da cinemática:

Para velocidade constante, apenas uma equação:

𝑥 = 𝑥𝑜 + 𝑣𝑡

Para aceleração constante, temos três equações:

𝑣 = 𝑣𝑜 + 𝑎𝑡 Relaciona, velocidade final, velocidade inicial, aceleração e tempo.

1 Relaciona, posição final, posição inicial, velocidade inicial, aceleração e tempo.


𝑥 = 𝑥𝑜 + 𝑣𝑜 𝑡 + 2 𝑎𝑡 2

𝑣 2 = 𝑣𝑜2 + 2𝑎 𝑥 − 𝑥𝑜 Relaciona, velocidade final, velocidade inicial, aceleração e a variação da posição.

Observe que nesta ultima equação (Torricelli) não existe a variável tempo.
Segunda Lei de Newton.

Vamos agora dar exemplos de casos dinâmicos, ou seja, casos onde o somatório das forças é diferente de zero.
Exemplo 1:
Um barco projetado para deslizar no gelo está em repouso sobre uma superfície horizontal sem atrito. Sopra um vento
(ao longo da direção dos apoios no gelo) de modo que 4,0 s após a partida, o barco atinge uma velocidade de 6,0 m/s
(cerca de 22 km/h). Qual é a força horizontal constante FV que o vento exerce sobre o barco? A massa total do barco mais
a massa do velejador é igual a 200 kg.

Diagrama de corpo livre:

Dados:
Vamos primeiro calcular o valor da aceleração usando uma das equações da cinemática:
vo = 0 m/s
v = 6,0 m/s
t = 4,0 s 𝑣 = 𝑣𝑜 + 𝑎 ∙ 𝑡 → 6 = 𝑎 ∙ 4  𝑎 = 1,5 𝑚/𝑠 2
m = 200 kg;
Fv = ?
Utilizando a 2a lei de Newton:

෍ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

𝐹𝑉 = 200 ∙1,5

𝐹𝑉 = 300 𝑁

Observe que podemos usar a mesma condição ao longo do eixo y. No entanto, a aceleração ao longo do eixo y é nula, senão
o barco não estaria deslizando, e sim pulando ou saltando.

෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

෍ 𝐹𝑦 = 0

𝑁−𝑃 =0  𝑁=𝑃 Este resultado não nos é útil neste problema.


Exemplo 2: Vamos agora supor que uma força de atrito horizontal constante de 100 N oponha se ao movimento do barco do
exemplo anterior. Qual é a força constante FV que o vento deve aplicar sobre o barco para provocar a mesma aceleração
Constante de ax = 1,5 m/s2.

Diagrama de corpo livre:

Dados: Utilizando a 2a lei de Newton:


vo = 0 m/s;
a = 1,5 m/s2; ෍ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ
fat = 100 N;
m = 200 kg;
Fv = ? 𝐹𝑉 − 𝑓𝑎𝑡 = 200 ∙ 1,5  𝐹𝑉 − 100 = 300 

𝐹𝑉 = 400 𝑁
Exemplo 3: Um elevador e sua carga possuem massa total igual a 800 kg. O elevador está inicialmente descendo com
velocidade igual a 10,0 m/s; a seguir ele atinge o repouso em uma distância de 25,0 m. Ache a tensão T no cabo de suporte
enquanto o elevador está diminuindo de velocidade até atingir o repouso.

Diagrama de corpo livre:

Dados: Observe que, como o elevador está descendo e freiando, então a aceleração tem de ser no
vo = 10,0 m/s; sentido contrário, ou seja, no sentido positivo de y.
v = 0 m/s;
Vamos usar a equação de Torricelli para encontrá-la.
a=?;
m = 800 kg;
𝑣 2 = 𝑣𝑜2 + 2 ∙ 𝑎 ∙ (𝑦 − 𝑦0 ) 
y = – 25,0 m.
(0)2 = (10)2 +2 ∙ 𝑎 ∙ (−25)  𝑎 = 2 𝑚/𝑠 2
Vamos utilizar a 2a lei de Newton:

෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

𝑇 − 𝑃 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

𝑇 − 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑔Ԧ = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

𝑇 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ (𝑔 + 𝑎)

𝑇 = 800 ∙ (9,8 + 2)

𝑇 = 9440 𝑁

Podemos observar que a tensão é maior que o peso (1600 N maior). Tem de ser assim, senão o elevador não iria parar.
Exemplo 4: Um garoto de 50,0 kg está sobre uma balança dentro do elevador do exemplo anterior. Qual a leitura da balança?

Diagrama de corpo livre:

Dados: Observe que agora o diagrama de corpo livre foi desenhado no passageiro, e não no elevador, como
a = 2 m/s2; no exemplo anterior.
P = 50,0 · 9,8 = 490 N;
N=? Novamente a aceleração ao longo do eixo y deve ser para cima, senão o elevador não para.

෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ  𝑁 − 𝑃 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

𝑁 − 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑔Ԧ = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ  𝑁 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ (𝑔 + 𝑎)

𝑁 = 50 ∙ (9,8 + 2) 𝑁 = 590 𝑁
Este resultado obtido é o que chamamos de peso aparente.

Observe que a balança iria marcar o valor de 590 N, maior que o peso real do garoto que é de 490 N.

E o que aconteceria se o elevador diminuísse a sua velocidade ao subir para parar em um andar qualquer?

Neste caso, teria de haver uma aceleração negativa, para fazê-lo parar.

෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ  𝑁 − 𝑃 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ (−𝑎)


Ԧ

Ԧ 
𝑁 − 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑔Ԧ = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ (−𝑎) 𝑁 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ (𝑔 − 𝑎)

O peso aparente seria menor que o peso real do garoto.


Exemplificando, mas o mesmo valor de aceleração (2 m/s2)

Elevador descendo e parando (aceleração no sentido positivo): 𝑁 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ (𝑔 + 𝑎) → 𝑁 = 50 ∙ (9,8 + 2) → 𝑁 = 590 𝑁

Elevador subindo e parando (aceleração no sentido negativo): 𝑁 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ (𝑔 − 𝑎) → 𝑁 = 50 ∙ (9,8 − 2) → 𝑁 = 390 𝑁

No primeiro caso, teríamos um peso aparente maior, no segundo um peso aparente menor. Sentimos isto no elevador.
Exemplo 5: Um tobogã cheio de estudantes em férias (peso total P) escorrega para baixo em uma encosta coberta de neve.
A montanha possui uma inclinação constante  = 25 o e o tobogã está tão bem lubrificado que não existe qualquer atrito.
Qual é a aceleração do tobogã?

Diagrama de corpo livre:

Observem que o único dado foi o ângulo de inclinação ( = 25 o). Por que será?
Projetando a força peso:

𝑃𝑥 = 𝑃 ∙ sin 𝛼;
𝑃𝑦 = 𝑃 ∙ cos 𝛼 .

Usando a 2a lei de Newton (lembre que a aceleração ao longo do eixo y é nula, pois eles escorregam e não quicam:

෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ  𝑁 − 𝑃𝑦 = 0  𝑁 = 𝑃𝑦
෍ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

𝑃𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

𝑃 ∙ sin 𝛼 = 𝑚 ∙ 𝑎

𝑚 ∙ 𝑔 ∙ sin 𝛼 = 𝑚 ∙ 𝑎

𝑎 = 𝑔 ∙ sin 𝛼  𝑎 = 9,8 ∙ sin 25  𝑎 = 4,1 𝑚/𝑠 2 .

Observem que a aceleração depende somente do ângulo , pois a aceleração da gravidade é constante, e não depende
da massa.

Felizmente não depende da massa, senão teríamos que construir ruas e estradas para cada tipo de veículo: uma para
carro de passeio, outra para caminhão, etc.

Quanto maior o ângulo , maior a aceleração.


Exemplo 6: Você empurra uma bandeja de 1,0 kg pelo balcão do refeitório com uma força constante de 9,0 N. Conforme a
bandeja se move, ele empurra um frasco de 0,50 kg. A bandeja e o frasco deslizam sobre uma superfície horizontal que está
tão encerada que o atrito é desprezível. Calcule a aceleração da bandeja e do frasco e a força horizontal que a bandeja exerce
sobre o frasco.

𝑁𝐹 𝑁𝐵

𝐹𝐹𝐵
𝐹𝐵𝐹 𝐹𝑀

Diagramas de corpo livre: 𝑃𝐹 𝑃𝐵


Desta forma, o somatório de todas as forças se resume a uma única força, que neste exemplo é a força feita pela mão.
As outras forças todas se anulam:

෍ 𝐹Ԧ = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ
Dados:
F = 9,0 N;
𝐹 = (𝑚𝐹 +𝑚𝐵 ) ∙ 𝑎 mF = 0,50 kg ;
mB = 1,00 kg.
9 = (0,50 + 1,00) ∙ 𝑎

𝑎 = 6 𝑚/𝑠 2

Agora vamos calcular a força de contato entre a bandeja e o frasco de leite. Agora não podemos pegar o sistema completo
Com todas as forças, pois as forças de contato se anulam. Agora deve ser separado. Vamos pegar então o frasco de leite.

෍ 𝐹Ԧ = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ 𝑁𝐹

𝐹𝐵𝐹 = 𝑚𝐹 ∙ 𝑎
𝐹𝐵𝐹
𝐹𝐵𝐹 = 0,5 ∙ 6

𝐹𝐵𝐹 = 3 𝑁 𝑃𝐹
Exemplo 7: Na figura deste exemplo, vemos um cavaleiro com massa m1 = 8,0 kg, desliza sobre um trilho de ar horizontal sem
atrito em um laboratório de física. Ele está ligado a um peso de laboratório de massa m2 = 3,0 kg por meio de um fio leve,
flexível e não deformável, que passa por uma pequena polia sem atrito.
a) Calcule a aceleração de cada corpo;
b) Calcule a tensão no fio. Dados:
𝑁1 m1 = 8,0 kg;
m2 = 3,0 kg.
𝑇1

Diagramas de corpo livre:


𝑇2

𝑃1

Podemos observar que, de fato, a única força resultante é a força peso atuando sobre a massa m2. 𝑃2
As demais forças se anulam: P1 anula N1 e as duas tensões se anulam entre si (iguais e opostas).

෍ 𝐹Ԧ = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ  𝑃2 = (𝑚1 +𝑚2 ) ∙ 𝑎  𝑚2 ∙ 𝑔 = (𝑚1 +𝑚2 ) ∙ 𝑎 

3 ∙ 9,8 = (8,0 + 3,0) ∙ 𝑎  29,4 = 11 ∙ 𝑎  𝑎 = 2,7 𝑚/𝑠 2


Para calcular a tensão da corda, não podemos pegar o sistema com todas as forças juntas, pois uma tensão anula a outra.
Devemos pegar separado ou a massa m1 ou a massa m2. Vamos pegar a massa m1.

෍ 𝐹Ԧ = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

Diagramas de corpo livre: 𝑇 = 𝑚1 ∙ 𝑎

𝑇 = 8,0 ∙ 2,7

𝑇 = 21,6 𝑁

Apenas por curiosidade, vamos pegar o sistema da massa m2. Devemos encontrar o mesmo resultado:

෍ 𝐹Ԧ = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

𝑇 − 𝑃2 = 𝑚2 ∙ (−𝑎)
Diagramas de corpo livre:
𝑇 − 𝑚2 ∙ 𝑔 = 𝑚2 ∙ (−𝑎)
𝑇 − (3 ∙ 9,8) = 3 ∙ (−2,7)

𝑇 = 29,4 − 8,1
Os resultados não são exatamente iguais pois arredondamos a aceleração. 𝑇 = 21,3 𝑁

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