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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS

CAMPUS ITUMBIARA
CURSO DE CIRCUITOS III

Bruno Renan Lino da Silva


Flávio Rosa de Macedo
Gean Marques Silva
João Vitor Lima Silva
Sumário
Introdução ......................................................................................................................................... 3
Desenvolvimento............................................................................................................................. 3
Condições ..................................................................................................................................... 3
Coeficientes de Fourier ............................................................................................................. 4
Propriedades de simetria .......................................................................................................... 5
Exemplo da série de Fourier para uma onda triangular de corrente. ........................... 8
Valor eficaz de uma função periódica ................................................................................... 9
Forma exponencial da série de Fourier .............................................................................. 12
Espectro de frequêcia .............................................................................................................. 14
Ressonância ............................................................................................................................... 15
Exercício demonstrativo ......................................................................................................... 16
Conclusão ........................................................................................................................ 19
Bibliografia ....................................................................................................................... 19
Introdução
A estratégia matemática de utilizar números complexos para resolver circuitos de
corrente alternada, desenvolvida por Charles Proteus, tornou a resolução destes tipos de
circuitos mais simples, possibilitando este método ser utilizado inclusive em escolas
técnicas. No entanto, esta estratégia é aplicada somente em sinais puramente senoidais ou
exponenciais.
Em relação as formas de ondas, a “dente de serra” apresenta o sinal de varredura
de um feixe de elétrons de um osciloscópio de raios catódicos e faz com que a imagem na
tela se reproduza rapidamente a cada período de tempo (T) dado em segundos, dando a
ilusão de uma imagem estacionária.
Este sinal era usado em televisões de tubo ainda no começo do século XXI, mas por
não ser um sinal senoidal ou exponencial, não era possível analisá-lo utilizando fasores.
Outros sinais como a “onda quadrada”, muito utilizada em sinais digitais e também em
relógios não eram possíveis de serem analisados por esta estratégia. Porém, apesar destes
sinais não serem puramente senoidais ou exponenciais, todos eles apresentam uma
característica em comum: Todos eles são periódicos.
As séries de Fourier são ferramentas que permitem representar sinais periódicos
como uma soma infinita de componentes senoidais, possibilitando a analise dos sinais que
foram descritos acima. Portanto, sinais não senoidas podem ser representados por uma
série de componentes senoidais, cada uma das quais apresentam representações fasoriais.
Neste trabalho abordaremos o tema das séries de Fourier e suas aplicações.

Desenvolvimento
Condições

As condições que uma função periódica f(t) deve satisfazer para que possamos
expressá-la como uma série de Fourier convergente (condições de Dirichlet) são as
seguintes:
 f(t) deve ser unívoca,
 o número de descontinuidades de f(t) no intervalo periódico deve ser finito,
 o número de máximos e mínimos de f(t) no intervalo periódico deve ser finito,
 a seguinte integral deve existir.
𝑡0 +𝑇

∫ |𝑓(𝑡)| 𝑑𝑡
𝑡0

Essas condições são suficientes, porém não necessárias. Portanto, se f(t) satisfazer
as condições, é sabido que essa função poderá ser representada com uma série de Fourier.
No caso de não satisfazer, ainda sim pode ser possível expressá-la como série de Fourier.
As condições necessárias não são conhecidas.
Coeficientes de Fourier

Fourier descobriu que uma função periódica pode ser expressada por uma soma
infinita de funções seno e cosseno, sendo essas de frequências múltiplas harmonicamente
relacionadas. Isso implica que o período de qualquer termo trigonométrico na série infinita
é um múltiplo inteiro, ou harmônico, do período fundamental da função periódica. Com isso,
Fourier mostrou que uma função periódica pode ser definida como:
𝑎𝑣
𝑓(𝑡) = ( ) + ∑(𝑎𝑛 𝑐𝑜𝑠(𝜔0 𝑡) + 𝑏𝑛 𝑠𝑒𝑛(𝜔0 𝑡))
2 (1.1)

Onde n é a sequência de números inteiros. Já os coeficientes av, an e bn são conhecidos


como coeficientes de Fourier e são calculados a partir do f(t). O termo ω0 representa a
frequência fundamental, sendo assim, os números inteiros que multiplicam essa frequência
fundamental são conhecidos como frequências harmônicas de f(t). portanto, nω0 é o n-
ésimo harmônico de f(t). Uma vez definida a função periódica, determinamos os
coeficientes de Fourier.

Para sabermos o 𝑎𝑣 (valor médio da função), integra-se de ambos os lados de (1.1) por um
periodo completo.

𝑇 ∞
𝑇 𝑇
𝑎𝑣
∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 = ∫ 𝑑𝑡 + ∑ ∫ (𝑎𝑛 cos(𝑛 𝜔0 𝑡) + 𝑏𝑛 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜔0 𝑡))𝑑𝑡
0 2 𝑛=10
0

Fazendo desta maneira, sabemos que a função cosseno e a função seno possuem a
mesma área tanto em seu ciclo positivo quanto em seu ciclo negativo. Isso faz com que a
integral por um periodo completo de uma função trigonometrica não deslocada seja 0, pois
o somatório de sua área será nulo.Desta forma, sobra-se apenas o termo:

𝑇
𝑎𝑣 𝑇
= ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
2 0

Isolando 𝑎𝑣 :
2 𝑇
𝑎𝑣 = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 (1.2)
𝑇 0

Dado que 𝑎0 pode ser escrito como o termo n=0 de 𝑎𝑛 , sabemos então que:

𝑎𝑣 = 𝑎0 cos(0𝜔0 𝑡)

Como se sabe, cos(0)=1.Portanto, (1.2) também pode ser escrito como:


2 𝑇
𝑎𝑣 = ∫ 𝑓(𝑡)cos(0𝜔0 𝑡)𝑑𝑡
𝑇 0

Todavia, mesmo que no caso de 𝑎0 , n assuma o valor 0, isso muda para os termos n>0.
Portanto, ao multiplicar 𝑓(𝑡) por cos(𝑚𝜔0 𝑡), temos:
𝑇 ∞
𝑇 𝑇
𝑎𝑣
∫ 𝑓(𝑡)cos(𝑛𝜔0 𝑡)𝑑𝑡 = ∫ cos(0𝜔0 𝑡)𝑑𝑡 + ∑ ∫ (𝑎𝑛 cos(𝑛 𝜔0 𝑡)cos(𝑚𝜔0 𝑡)
0 2 0
𝑛=1
0
+ 𝑏𝑛 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜔0 𝑡)cos(𝑚𝜔0 𝑡))𝑑𝑡

Como sabemos, o produto de uma função impar com uma função par será sempre uma
função impar e a integral de uma função impar é sempre zero. Desse modo, o termo que
multiplica 𝑏𝑛 é zero, sobrando:
𝑇 ∞
𝑇 𝑇
𝑎𝑣
∫ 𝑓(𝑡)cos(𝑛𝜔0 𝑡)𝑑𝑡 = ∫ cos(0𝜔0 𝑡)𝑑𝑡 + ∑ ∫ (𝑎𝑛 cos(𝑛 𝜔0 𝑡)cos(𝑚𝜔0 𝑡)
0 2 0
𝑛=1
0
Sendo:
𝑝+𝑞 𝑝−𝑞
cos(𝑝) ∗ cos(𝑞) = 2(cos ( ) + cos ( ))
2 2

Então, a integral onde n≠m é nula, já que a integral por periodo completo de cosseno é
zero. Portanto, para sabermos um termo específico de 𝑎𝑛 , basta fazermos n=m, caindo
𝑇 𝑇
em∫0 𝑎𝑛 cos²(𝑛 𝜔0 𝑡)𝑑𝑡 = 2 𝑎𝑛 .Dessa forma:
2 𝑇
𝑎𝑛 = ∫ 𝑓(𝑡)cos(𝑛𝜔0 𝑡)𝑑𝑡 (1.3)
𝑇 0

Se para descobrir 𝑎𝑛 foi necessário multiplicar 𝑓(𝑡)por cos(n𝜔0 t), para calcular 𝑏𝑛 basta
multiplicar por sen(n𝜔0 t).
2 𝑇
𝑏𝑛 = ∫ 𝑓(𝑡)sen(𝑛𝜔0 𝑡)𝑑𝑡 (1.4)
𝑇 0

Propriedades de simetria

Conhecendo a paridade da função que se deseja calcular a Série de Fourier, é


possível torna-la mais facil de analisar quando realiza-se os calculos.

Possuindo uma simetria em relação ao eixo vertical (y), a função par apresenta
seguinte forma:

𝑓(𝑡) = 𝑓(−𝑡)

Já uma função impar, que apresenta simetria em relação a origem, tem a seguinte
propriedade:
𝑓(𝑡) = −𝑓(−𝑡)
A seguir na figura (a) temos uma função par, e respectivamente uma função ímpar na figura
(b).

Vamos analisar as propriedades de simetria que podem reduzir o esforço nos cálculos da
série de Fourier. Como podemos ver na imagem (b), a área de -a até 0 é idêntica à de 0 até
a. Podemos estabelecer o resultado da seguinte forma

𝑎 0 𝑎
∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 = ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 + ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
−𝑎 −𝑎 0
0 𝑎
= − ∫ 𝑓(−𝛕) 𝑑τ + ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
𝑎 0
0 𝑎
= ∫ 𝑓(τ) 𝑑τ + ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
𝑎 0
𝑎
= 2 ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
0

No caso de 𝑓(𝑡) ímpar, a integral de -a até 0 é exatamente o negativo da de 0 até a, portanto


o resultado será
𝑎
∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 = 0
−𝑎

O resultado do produto entre funções deste tipo pode ser dado da seguinte maneira:
 Par se o produto for entre duas funções de mesma paridade
 Ímpar se o produto for entre duas funções de paridades diferentes
Tendo salientado estas propriedades, Para funções periódicas pares, as equações para
os coeficientes Fourier se reduzem a

2 𝑇
𝑎𝑣 = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡,
𝑇 0

2 𝑇
𝑎𝑛 = ∫ 𝑓(𝑡) cos(𝑛𝜔0 𝑡) 𝑑𝑡,
𝑇 0

𝑏𝑛 = 0, Para todo 𝑛.

Para funções periódicas ímpares, as equações para os coeficientes Fourier se reduzem a

𝑎𝑣 = 0,

𝑎𝑛 = 0, Para todo 𝑛.

2 𝑇
𝑏𝑛 = ∫ 𝑓(𝑡) sen(𝑛𝜔0 𝑡) 𝑑𝑡.
𝑇 0

Em resumo, nos dois casos um conjunto de coeficientes será nulo, o outro conjunto
é obtido fazendo o dobro da integral sobre a metade do período. Uma função par não tem
termos em seno e uma função ímpar não tem termos em constantes e em cosenos.

Além das simetrias das funções pares e ímpares temos mais duas simetrias, de meia-onda
e de quarto de onda. Se uma função satisfaz a equação

𝑇
𝑓(𝑡) = −𝑓(𝑡 − )
2

ela então possui simetria de meia onda. Outra forma de identificar é dizer que se após ser
deslocada metade de um período e invertida, for idêntica à função original. Para esse caso
seus coeficientes são determinados como.

𝑎𝑣 = 0,

𝑎𝑛 = 0, Para 𝑛 par;

4 𝑇
𝑎𝑛 = ∫ 𝑓(𝑡) cos(𝑛𝜔0 𝑡) 𝑑𝑡, Para 𝑛 ímpar;
𝑇 0

𝑏𝑛 = 0,
Para 𝑛 par;

Para 𝑛 ímpar;
Já o termo simetria de quarto de onda descreve uma função periódica que tem simetria de
meia-onda e, além disso, é simétrica em relação aos pontos médios dos semi-ciclos positivo
e negativo. Essa função pode ser transformada em par ou em ímpar pela escolha adequada
do ponto t = 0. Se a função for transformada em par, os coeficientes serão

𝑎𝑣 = 0, por causa da simetria de meia-onda;

𝑎𝑛 = 0, para 𝑛 par, por causa da simetria de meia-onda;

, para 𝑛 ímpar;

𝑏𝑛 = 0, para todo 𝑛, porque a função é par.

Se a função for transformada em ímpar, os coeficientes serão

𝑎𝑣 = 0, porque a função é ímpar;

𝑎𝑛 = 0, para todo 𝑛, porque a função é par.

𝑏𝑛 = 0, para 𝑛 par, por causa da simetria de meia-onda;

, para 𝑛 ímpar;

Exemplo da série de Fourier para uma onda triangular de corrente.

De início procuramos graus de simetria na onda, e podemos concluir que se trata de uma
função impar, e existe tanto simetria de meia-onda quanto de quarto de onda. Logo, isso
implica que os coeficientes av e ak serão nulos, já bk será nulo para valores pares de k. Para
valores ímpares de k, bk será

A expressão para i(t) no intervalo 0 <= t <= T/4 é


4𝐼𝑚
𝑖(𝑡) = 𝑡.
𝑇
Assim,

8𝐼𝑚 𝑛𝜋
= 𝑠𝑒𝑛 ( ) (𝑛 é impar)
𝜋²𝑛² 2

Portanto a representação de i(t) em série de Fourrier é



8𝐼𝑚 1 𝑛𝜋
𝑖(𝑡) = +∑ ( 𝑠𝑒𝑛 ( ) 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜔0 𝑡))
𝜋² 𝑛² 2
𝑛=1,3,5…
8𝐼𝑚 1 1 1
= (𝑠𝑒𝑛𝜔0 𝑡 − 𝑠𝑒𝑛3𝜔0 𝑡 + 𝑠𝑒𝑛 5𝜔0 𝑡 − 𝑠𝑒𝑛7𝜔0 𝑡 + ⋯ )
𝜋² 9 25 49

Valor eficaz de uma função periódica

O valor eficaz de uma função pode ser expresso em termos dos coeficientes de Fourier;
por definição,
1 𝑡0+𝑇
𝐹𝑒𝑓 =√ ∫ 𝑓(𝑡)²𝑑𝑡
𝑇 0
Sendo f(t) representado por sua série de Fourier, temos

1 𝑡0+𝑇 ∞
𝐹𝑒𝑓= √ ∫ [𝑎𝑣 + ∑ (𝐴𝑛 cos 𝑛𝜔0 𝑡 − 𝜃0 )] ²dt
𝑇 0 𝑛=1
O cálculo será facilitado visto que os únicos termos que sobrevivem à integração
são relacionados ao termo constante e aos produtos harmônicos de mesma frequência.
Assim a equação se reduz a

1 𝑇
𝐹𝑒𝑓= √ (𝑎𝑣2 𝑇 + ∑ (𝐴 ²))
𝑇 2 𝑛
𝑛=1


𝐴𝑛 ²
= √(𝑎𝑣2 + ∑ ( ))
2
𝑛=1


𝐴𝑛
= √(𝑎𝑣2 + ∑ ( ) ²)
𝑛=1
√2

Vamos usar a seguinte função periódica v(t) para determinarmos o valor eficaz da tensão.
É possível verificar que não existe simetria, portanto é preciso calcular todos os
coeficientes de Fourier.
𝑇 𝑇
2 4 4
𝑎𝑛 = ∫ 𝑉𝑚 cos(𝑛𝜔0 𝑡) 𝑑𝑡 + ∫ (0) cos(𝑛𝜔0 𝑡) 𝑑𝑡
𝑇 0 0
𝑇
2𝑉𝑚 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜔0 𝑡) 4
= |
𝑇 𝑛𝜔0 0
𝑉𝑚 𝑛𝜋
= 𝑠𝑒𝑛( )
𝑛𝜋 2

𝑇
2 4
𝑏𝑛 = ∫ 𝑉𝑚 sen(𝑛𝜔0 𝑡) 𝑑𝑡
𝑇 0
𝑇
2𝑉𝑚 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜔0 𝑡) 4
= |
𝑇 𝑛𝜔0 0
𝑉𝑚 𝑛𝜋
= (1 − 𝑐𝑜𝑠 ( ))
𝑛𝜋 2

Vamos considerar que Vm é igual a 60V e o período é 5ms, vamos encontrar os primeiros
5 termos não nulos da série de Fourier de v(t).

𝑇
60( 4 )
𝑎𝑣 = = 15𝑉.
𝑇
60
𝐴1 = √2 𝜋 =27.01V
=19.10V,
=9V
𝐴4 =0V,
𝐴5 =5.4v

Sendo av considerado o componente contínuo, temos então o valor eficaz


𝑉𝑐𝑐 = 15𝑉,
27.01
𝑉1 = 𝑉, 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧 𝑑𝑎 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙
√2

19.10
𝑉2 = 𝑉, 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧 𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 ℎ𝑎𝑟𝑚ô𝑛𝑖𝑐𝑜
√2

9.00
𝑉3 = 𝑉, 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 ℎ𝑎𝑟𝑚ô𝑛𝑖𝑐𝑜
√2

5.40
𝑉5 = 𝑉, 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧 𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑖𝑛𝑡𝑜 ℎ𝑎𝑟𝑚ô𝑛𝑖𝑐𝑜
√2

27.01 2
19.10 2
5.40 2
9.00 2
𝑉𝑒𝑓 = √152 +( ) +( ) +( ) +( )
√2 √2 √2 √2

= 28.76𝑉

Este resultado que obtivemos se trata de uma aproximação, o valor correto é 30V. Para
um valor eficaz mais exato é preciso utilizar mais harmônicos na equação.

Vamos agora usar a seguinte função periódica i(t) para determinarmos o valor eficaz da
corrente.

Conseguimos constatar que se trata de uma função ímpar, além disso ela tem simetria de
meia-onda e de quarto de onda, portanto o único coeficiente será bk quando k for ímpar

𝑎𝑣 = 0, porque a função é ímpar;

𝑎𝑛 = 0, para todo 𝑛, porque a função é par.

𝑏𝑛 = 0, para 𝑛 par, por causa da simetria de meia-onda;


, para 𝑛 ímpar;

Sabemos que nesse período temos duas funções, 2 para 0 <= t <= 4, e 8 para 4 <= t <= 8,
concluímos também que o período terá o valor 32 e ω0 será igual a π/16. Portanto,
calculando bn teremos

8 4 𝑛π 8
𝑛π
𝑏𝑛 =
∫ 2 sen ( 𝑡) 𝑑𝑡 + ∫ 8 sen ( 𝑡) 𝑑𝑡
32 0 16 4 16
1 32 𝑛π 128 𝑛π 𝑛π
𝑏𝑛 = (( (− cos ( ) + 1) + 1) + (−𝑐𝑜𝑠 ( ) + 𝑐𝑜𝑠 ( )))
4 𝑛π 4 𝑛π 2 4
𝑛π 𝑛π
28𝑐𝑜𝑠 ( 4 ) + 1 − 32𝑐𝑜𝑠 ( 2 )
𝑏𝑛 =
𝑛π

Calculando os 5 primeiros termos utilizando múltiplos ímpares temos

b1 = 7,5755 A,
b3 = -1,6763 A,
b5 = -1,0058 A,
b7 = 1,0822 A,
b9 = 0,8417 A.

Agora calculamos o valor eficaz da corrente e teremos

I1 = 5,3567 A,
I3 = -1,1853 A,
I5 = -0,7112 A,
I7 = 0,7652 A,
I9 = 0,5952 A.
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧 = √5,35672 + (−1,1853)2 + (−0,7112 )2 + 0,7652² + 0,5952²

Forma exponencial da série de Fourier

A série de Fourier pode ser escrita em uma outra forma, substituindo seno e cosseno
por suas formas exponenciais obtidas apartir da expansão de Euler. Essa forma é chamada
de Série exponencial de Fourier e é extremamente útil porque nos permite expressar a série
com concisão.
1
cos(𝑛𝜔0 𝑡) = (𝑒 𝑗𝑛𝜔0 𝑡 + 𝑒 −𝑗𝑛𝜔0 𝑡 )
2
1 𝑗𝑛𝜔 𝑡
(𝑒 0 − 𝑒 −𝑗𝑛𝜔0 𝑡 )
sen(𝑛𝜔0 𝑡) =
𝑗2
Estas são as equivalentes exponenciais das funções seno e cosseno. A partir delas,
substituimos em (1.1) e obtemos.


𝑎𝑣 𝑎𝑛 − 𝑗𝑏𝑛 𝑗𝑛𝜔 𝑡 𝑎𝑛 + 𝑗𝑏𝑛 −𝑗𝑛𝜔 𝑡
𝑓(𝑡) = ( ) + ∑ [( )𝑒 0 +( )𝑒 0 ]
2 2 2
𝑛=1
Se definimos um nono coeficiente,𝑐𝑛 , por

𝑎𝑛 − 𝑗𝑏𝑛
𝑐𝑛=
2
𝑇
E substituirmos 𝑎𝑛 e 𝑏𝑛 de (1.3) e (1.4) respectivamente, com𝑡0 = 2, temos

Ou ainda

Para o conjugado de 𝑐𝑛
𝑎𝑛 + 𝑗𝑏𝑛
𝑐−𝑛=
2
temos
𝑇
1 2
𝑐−𝑛= ∫ 𝑓(𝑡)[cos(𝑛𝜔0 𝑡) + 𝑗𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜔0 𝑡)]𝑑𝑡
𝑇 −𝑇
2
Ou ainda

Sendo 𝑐0 o termo n=0 da forma exponencial da série de Fourier, temos


𝑎
Em outras palavras, 2𝑣 = 𝑐0 . Portanto, subsitituindo essas conclusões na forma geral da
série de Fourier, tem-se

𝑓(𝑡) = 𝑐0 + ∑[(𝑐 ∗𝑛 )𝑒 𝑗𝑛𝜔0 𝑡 + 𝑐 ∗𝑛 𝑒 −𝑗𝑛𝜔0 𝑡 ]


𝑛=1
∞ −∞
𝑗𝑛𝜔0 𝑡
𝑓(𝑡) = ∑ 𝑐𝑛 𝑒 + ∑ 𝑐𝑛 𝑒 𝑗𝑛𝜔0 𝑡
𝑛=1 𝑛=−1

𝑓(𝑡) = ∑ 𝑐𝑛 𝑒 𝑗𝑛𝜔0 𝑡
−∞
Para demonstrar, suponhamos a seguinte expressão:
𝑓(𝑡) = 1; −1 < 𝑡 < 1
= 0; 1 < |𝑡| < 2
𝑓(𝑡 + 4) = 𝑓(𝑡)
Calculando 𝑐𝑛 :
1 1
𝑐𝑛 = ∫ 1 𝑒 −𝑗𝑛𝜔0 𝑡 𝑑𝑡
4 −1
1 𝑒 −𝑗𝑛𝜔0 𝑡 1
= ( )|
4 −𝑗𝑛𝜔0 −1
𝑗
= (𝑒 −𝑗𝑛𝜔0 − 𝑒 𝑗𝑛𝜔0 )
𝑛𝜔0 4
2 𝑛𝜋
= 𝑠𝑒𝑛 ( )
4𝑛𝜋 2
2
1 𝑛𝜋
= 𝑠𝑒𝑛 ( )
𝑛𝜋 2
Calculando 𝑐0 :

1 1 1
𝑐0 = ∫ 1 𝑑𝑡 =
4 −1 2
Resposta:

1 1 𝑛𝜋 𝑗𝑛π
+∑ 𝑠𝑒𝑛 ( ) 𝑒 2 𝑡
2 𝑛𝜋 2
−∞

Espectro de frequêcia

Diferentemente das funções senoidais, que possuem apenas uma frequência, ondas
quadradas e ondas “dentes de serra”, em sua representação em série de Fourier possuem
um numero infinito de frequências. Como foi visto, a forma alternativa da série de Fourier
indica a amplitude e a fase correspondente a cada frequência. Portanto é correto dizer que
a frequência possui uma importância ímpar na definição do formato do sinal.
Uma função 𝑓(𝑡) , representada no dominio do tempo, pode ser também
determinada a partir de informações no domínio da frequência.Em outras palavras, se
conhecermos sua amplitude e sua fase 𝐴𝑛 e 𝜃𝑛 para cada componente, podemos
determinar qual será a função.
Caso deseja-se saber se o enésimo harmônico será aquele que é dominante no sinal
desejado, precisamos examinar 𝐴𝑛 . Isso se faz analisando o grafico de 𝐴𝑛 em função da
frequência.
Utilizaremos a forma exponencial da série de Fourier

𝑓(𝑡) = ∑ 𝑐𝑛 𝑒 𝑗𝑛𝜔0 𝑡
−∞
Passando 𝑐𝑛 para a forma polar
√𝑎𝑛 ² + 𝑗𝑏𝑛 ² 𝑏𝑛
𝑐𝑛 = ( ) ∠ (−𝑡𝑎𝑛−1 )
2 𝑎𝑛
Em função de 𝐴𝑛 e 𝜃𝑛

𝐴𝑛
𝑐𝑛 =
∠𝜃𝑛
2
Para o espectro de amplitude, podemos usar o módulo de 𝑐𝑛
𝐴𝑛
|𝑐𝑛 | =
2
Usando o exemplo do Item anterior, onde
𝑓(𝑡) = 1; −1 < 𝑡 < 1
= 0; 1 < |𝑡| < 2
𝑓(𝑡 + 4) = 𝑓(𝑡)

A série exponencial de Fourier que representa esta expressão é:



1 1 𝑛𝜋 𝑗𝑛π
+∑ 𝑠𝑒𝑛 ( ) 𝑒 2 𝑡
2 𝑛𝜋 2
−∞

Analisando 𝑐𝑛 , percebemos que a função que descresve o espectro de amplitude é dado


𝑠𝑒𝑛(𝑥)
pela função | 𝑥 |, portanto temos
Para o espectro de fase, temos:

Ressonância

Em circuitos RLC, há a presença das reantâncias tanto indutivas quanto capacitivas.


Esta propriedade está intimamente conectada a frequência do circuito. Porém, em um
circuito onde o sinal de entrada possui harmônicos (assim como na rede elétrica que
usamos em nossas casas) surgem alguns contratempos devido aos harmônicos.

Harmônicos, como foram definidos, são multiplos da frequência fundamental e,


portanto, são outras sinais que possuem outras frequência que são somados ao sinal da
frequência fundamental.O problema surge quando temos a definição de reantâncias
capacitivas e indutivas.

𝑋𝐿 = 2𝜋𝑓𝐿
1
𝑋𝐶 =
2𝜋𝑓𝐶
Perceba que, dependendo do valor da frequência 𝑓, os valores de 𝑋𝐿 e 𝑋𝐶 serão os
mesmo, tornando o circuito em questão puramente resistivo.Na imagem a seguir, percebos
que em um circuito onde R=5Ω,L=10mH e C=50uF, a frequência de 225.08Hz torna o
circuito puramente resistivo e disse-se portanto, que o circuito está em ressonância.

Exercício demonstrativo

Demonstrar, através da série trigonométrica de Fourier, que uma onda quadrada, similar a
apresentada abaixo, pode ser escrita através de senos e explicitar seu espectro
harmônico. Fazer todo o procedimento passo-a-passo, com todos os detalhes pertinentes
analisados pelos integrantes do grupo.

Sabemos que podemos representar essa função periódica como série de Fourrier, para
isso iremos representá-la através de senos. De início, para facilitar os cálculos,
verificamos que se trata de uma função ímpar, isso implica que só haverá o coeficiente bn.
Se levarmos em consideração que Vm é igual a 1 e -Vm é igual a -1, logo teremos
𝑇
𝑇
2 2
𝑏𝑛 = (∫ 1𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜔0 𝑡)𝑑𝑡 + ∫ −1𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜔0 𝑡)𝑑𝑡)
𝑇 0 𝑇
2
2 𝑇 𝑇
𝑏𝑛 = ( (cos(𝑛𝜋) + 1) + (cos(𝑛2𝜋) − cos(𝑛𝜋)))
𝑇 𝑛2𝜋 𝑛2𝜋

−4 cos(𝑛𝜋) 2 cos(𝑛2𝜋) + 2
𝑏𝑛 =
𝑛2𝜋

Podemos substituir cos(nπ) por (-1)n, visto que dependendo do valor de n, já que ele
sempre será um valor inteiro, o resultado será -1 ou 1. Já cos(2nπ) será sempre igual a 1.
Portanto teremos
4
𝑏𝑛 = (−(−1)𝑛 + 1)
2𝑛𝜋

Com isso vemos que para qualquer valor de n par o resultado será 0, e para qualquer
valor ímpar, o resultado será 4/(πn). Podemos também modificar essa equação para que
não seja necessário calcular com valores pares, já que sempre será nulo, substituindo n
por 2n+1. Portanto a série de Fourier ficará da seguinte forma

𝑓(𝑡) = ∑ 𝑏𝑛 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜔0 𝑡)
𝑛=1

4
𝑓(𝑡) = ∑ 𝑠𝑒𝑛((2𝑛 + 1)𝜔0 𝑡)
(2𝑛 + 1)𝜋
𝑛=0

Ainda na forma alternativa da série de Fourier:



4
𝑓(𝑡) = ∑ 𝑐𝑜𝑠((2𝑛 + 1)𝜔0 𝑡 − 90)
(2𝑛 + 1)𝜋
𝑛=0

Ao inserir essa série no aplicativo Geogebra, podemos verificar a interferência das


harmônicas na função, quanto mais frequências múltiplas da frequência fundamental,
mais o gráfico dessa função irá se aproximar de uma onda quadrada com vimos no início
do exercício.

A princípio veremos apenas a frequência fundamental,


Agora acrescentando o valor de n igual 10, ou seja, estamos colocando mais harmônicos
no sinal, veremos a função se aproximando de uma onda quadrada.

Por fim igualando n a 20 temos o seguinte gráfico.


Para definir o espectro de amplitude desta série, basta analisar o termo 𝑏𝑛 , ao qual
se assemelha a forma da função inversa(1/x)

Para o espectro de frequência, como o angulo 𝜃𝑛 =-90, teremos

Conclusão
Graças ao brilhantismo de Jean Baptiste Joseph Fourier, a resolução de problemas
relacionados aos harmônicos se torna possível. Não somente isso, mas Fourier conseguiu
provar que um sinal não senoidal pode ser representado por uma soma de infinitas senoides,
o que possíbilita não somente resoluções no ramo da engenharia elétrica, mas também em
problemas relacionados à condução de calor, deflexão de vigas uniformemente carregadas,
entre outros problemas fora do ramo da eletricidade.
Bibliografia
 JOHNSON, David E.; HILBURN, John L.; JOHNSON, Johnny R. Fundamentos de
Análise de Circuitos Elétricos. 4. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
 BOYLESTAD, Robert. L. Introdução à Análise de Circuitos. 13. ed. São Paulo:
Pearson, 2019.
NILSSON, James W.; RIEDEL, Susan A. Circuitos Elétricos. 10. ed. São Paulo:
Pearson, 2016.

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