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Questão 01:

Considere uma barra de metal homogênea de comprimento 20 cm, cuja constante de difusividade
térmica é 𝛼 = 1.
A barra tem sua superfície lateral completamente isolada e a temperatura nas extremidades é
mantida constante em zero graus centígrados.
A distribuição inicial de temperatura da barra (em graus centígrados) é dada pela função
𝑓(𝑥) = 𝑥,
onde 𝑥 é a coordenada de cada seção transversal da barra.

a) Escreva a equação que descreve esse problema e suas condições iniciais e de contorno.
b) Usando o método de separação de variáveis encontre as duas equações diferenciais
ordinárias que permitirão encontrar soluções para o problema.
c) Resolva a equação cujas condições são condições de contorno, explicitando todos os
passos, inclusive a análise completa do sinal da constante de separação das variáveis.
d) Resolva a outra equação diferencial ordinária.
e) Encontre as soluções fundamentais desse problema.
f) Encontre a série que é a solução geral do problema.
g) Calcule os coeficientes da série obtida no item anterior e escreva a solução particular
desse problema.

Resposta: Questão 01:

a) O problema acima pode ser solucionado através da Equação de Calor em uma barra. Essa
equação é dada por:

𝜇 𝛼 =𝜇 ou 𝛼 = (eq. 1)

Onde 𝜇(𝑥, 𝑡) é a temperatura em função da posição e do tempo, tal que:


0≤𝑥≤𝐿e𝑡>0
De acordo com a descrição do texto, as condições iniciais do problema são:
𝜇(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥), 0 ≤ 𝑥 ≤ 𝐿 (eq. 2)
E as condições de contorno são:
𝜇(0, 𝑡) = 0 e 𝜇(𝐿, 𝑡) = 0, 𝑡 > 0 (eq. 3)

Rodrigo Pena Teobaldo Equações Diferenciais B 07/09/2023


Nº de Matrícula: 2022060312 Turma TM1
Curso de Graduação: Engenharia Aeroespacial
Juntando as eq. 1, 2 e 3, temos:
𝜇 𝛼 =𝜇
𝜇(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥)
𝜇(0, 𝑡) = 0, 𝜇(𝐿, 𝑡) = 0

b) Pelo método de separação de variáveis, é possível encontrar duas equações diferenciais


ordinárias para avançar na resolução do problema. Para isto, iremos assumir que a função de
temperatura 𝜇(𝑥, 𝑡) é um produto de duas funções, uma em função de x (posição) e a outra em
função de t (tempo), tal que:
𝜇(𝑥, 𝑡) = 𝑋(𝑥)𝑇(𝑡) (eq. 4)
Calculando as derivadas:

= 𝑋′′(𝑥)𝑇(𝑡) (eq. 5)

= 𝑋(𝑥)𝑇 (𝑡) (eq. 6)


Substituindo eq. 5 e 6 em eq. 1 e rearranjando, chegamos em:
( ) ( )
( )
= ( )
(eq. 7)

Como cada membro da eq. 7 depende de apenas da respectiva variável, sendo assim, a igualdade
só é possível se ambos os lados forem iguais a uma constante 𝜆.
( ) ( )
( )
= ( )
=𝜆 (eq. 8)

Portanto, rearranjando, para cada variável, a eq. 8, temos:

𝑋 (𝑥) − 𝜆𝑋(𝑥) = 0 (eq. 9)


𝑇 (𝑡) − 𝛼 𝜆𝑇(𝑡) = 0 (eq. 10)

Esse é o par de equações diferenciais ordinárias mencionado acima.


c) Devemos nos lembrar que, para solucionar a eq. 9, temos as condições de contorno expressas
na eq. 3. Assim, para que 𝜇(0, 𝑡) = 𝑋(0)𝑇(𝑡) = 0 e 𝜇(𝐿, 𝑡) = 𝑋(0)𝑇(𝑡) = 0,
𝑋(𝐿) = 𝑋(0) = 0 (eq. 11)
Continuando, para resolver a eq. 9, devemos encontrar sua equação característica e analisar os
sinais de 𝜆. Assim, a Eq. Característica de eq. 9 é:
𝑎 −𝜆 =0
Portanto, a eq. 9 tem as seguintes soluções dependente do valor de 𝜆:

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I) Se 𝜆 > 0: 𝑋(𝑥) = 𝑐 𝑒 √ + 𝑐 𝑒√

II) Se 𝜆 = 0: 𝑋(𝑥) = 𝑐 + 𝑐 𝑥

III) Se 𝜆 < 0: 𝑋(𝑥) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛 √−𝜆𝑥 + 𝑐 cos √−𝜆𝑥

Se aplicarmos as condições de contorno eq. 11 para cada caso, teremos:

I) 𝑋(0) = 0 = 𝑐 + 𝑐 , então:

𝑋(𝑥) = 𝑐 𝑒√ −𝑒 √

Aplicando 𝑋(𝐿) = 0, chegaremos na seguinte solução:

𝑒√ =𝑒 √

Que só é verdade se 𝜆 = 0, no entanto, para esse caso, estamos assumindo 𝜆 > 0.

II) 𝑋(0) = 0 = 𝑐 , então:


𝑋(𝑥) = 𝑐 𝑥
Aplicando 𝑋(𝐿) = 0, chegaremos na seguinte solução:
𝑐 𝐿=0
Que só é verdade se 𝑐 = 0, portanto, só existe a solução trivial de 𝑋(𝑥) = 0.

III) 𝑋(0) = 0 = 𝑐 , então:


𝑋(𝑥) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛 √−𝜆𝑥
Aplicando 𝑋(𝐿) = 0, chegaremos na seguinte solução:
𝑋(𝐿) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛 √−𝜆𝐿 = 0

Se 𝑐 ≠ 0, √−𝜆𝐿 = 𝑛𝜋, para 𝑛 = 1,2,3 …

Daqui, podemos concluir que


𝑛 𝜋
𝜆=− , 𝑛 = 1,2,3 …
𝐿
E, portanto,
𝑛𝜋𝑥
𝑋 (𝑥) = 𝑠𝑒𝑛 , 𝑛 = 1, 2, 3 …
𝐿

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Aplicando o valor de 𝐿 = 20 𝑐𝑚.

𝑛𝜋𝑥
𝑋 (𝑥) = 𝑠𝑒𝑛 , 𝑛 = 1, 2, 3 …
20

d) De acordo com o valor de 𝜆 encontrado no item c), basta substituí-lo na eq. 10 e teremos:
𝛼 𝑛 𝜋
𝑇 (𝑡) + 𝑇(𝑡) = 0
𝐿
Que é possível resolver pelo método de separação de variáveis para Equações Diferenciais
Ordinárias, resultando na solução:

𝑇 (𝑡) = 𝑒 , 𝑛 = 1, 2, 3 …

Aplicando o valor de 𝐿 = 20 𝑐𝑚 e 𝛼 = 1

𝑇 (𝑡) = 𝑒 , 𝑛 = 1, 2, 3 …

e) Assim, dados os valores de 𝑋 (𝑥) e 𝑇 (𝑡), temos as seguintes SOLUÇÕES FUNDAMENTAIS


para o problema proposto pela eq. 1 e as condições de contorno eq. 3.

𝑛𝜋𝑥 ∗
𝜇 (𝑥, 𝑡) = 𝑋 (𝑡)𝑇 (𝑡) = 𝑠𝑒𝑛 𝑒 , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛 = 1, 2, 3 …
𝐿

Aplicando o valor de 𝐿 = 20 𝑐𝑚 e 𝛼 = 1

𝑛𝜋𝑥
𝜇 (𝑥, 𝑡) = 𝑠𝑒𝑛 𝑒 , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛 = 1, 2, 3 …
20

f) Como é previamente sabido, combinações lineares dessas soluções fundamentais também são
soluções para o problema, portanto:

𝑛𝜋𝑥
𝜇(𝑥, 𝑡) = 𝑐 𝜇 (𝑥, 𝑡) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝑒
𝐿

Aplicando o valor de 𝐿 = 20 𝑐𝑚 e 𝛼 = 1

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𝑛𝜋𝑥
𝜇(𝑥, 𝑡) = 𝑐 𝜇 (𝑥, 𝑡) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝑒
20

g) Considerando as condições iniciais do problema (eq. 2), temos que

𝑛𝜋𝑥
𝑓(𝑥) = 𝜇(𝑥, 0) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛
𝐿

O lado direito da equação parece muito a série de Fourier de senos de 𝑓(𝑥). Desse modo, podemos
calcular os coeficientes 𝑐 tal que:

𝑐 = ∫ 𝑓(𝑥) 𝑠𝑒𝑛 𝑑𝑥, 𝑛 = 1, 2, 3 …

Substituindo os valores de 𝐿 = 20 𝑐𝑚 e 𝑓(𝑥) = 𝑥, resolvemos a integral por partes:


𝑛𝜋𝑥
2 𝑛𝜋𝑥 2 𝑥𝐿𝑐𝑜𝑠 𝐿 𝐿 𝑛𝜋𝑥
𝑐 = 𝑥𝑠𝑒𝑛 𝑑𝑥 = − + cos 𝑑𝑥
𝐿 𝐿 𝐿 𝑛𝜋 𝑛𝜋 𝐿

2 𝐿 cos(𝑛𝜋) 𝐿 2𝐿 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋)
= − + 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋) = − cos (𝑛𝜋)
𝐿 𝑛𝜋 𝑛𝜋 𝑛𝜋 𝑛𝜋
Portanto,
2𝐿 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋)
𝑐 = − cos (𝑛𝜋)
𝑛𝜋 𝑛𝜋
Podemos perceber que, para todo 𝑛 pertencente aos números inteiros. 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥) = 0. Além disso,
para a mesma condição, cos(𝑛𝜋) = (−1) . Portanto:

2𝐿 40
𝑐 = (−1) = (−1)
𝑛𝜋 𝑛𝜋

Finalmente, para este problema, temos a seguinte solução particular:

40 𝑛𝜋𝑥
𝜇(𝑥, 𝑡) = (−1) 𝑠𝑒𝑛 𝑒
𝑛𝜋 20

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