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Questão 01:

Considere o seguinte problema de condução de calor em uma barra:


𝑢 (𝑥, 𝑡) = 𝑢 (𝑥, 𝑡), 0 < 𝑥 < 1, 𝑡 > 0
𝑢(0, 𝑡) = 3, 𝑢(1, 𝑡) = 1, 𝑡 > 0
𝑢(𝑥, 0) = 1 − 2𝑥, 0 < 𝑥 < 1.
(a) Encontre a função 𝑣(𝑥) que descreve a temperatura no estado estacionário.
(b) Encontre a função transiente 𝑤(𝑥, 𝑡).
(c) Encontre a expressão de 𝑢(𝑥, 𝑡).

(a) Para resolver esse problema de condução de calor numa barra com extremidades a
temperaturas fixas e condições de contornos não homogêneas, devemos supor que, num tempo
muito grande (𝑡 → ∞), será alcançada uma distribuição de temperatura independente do tempo
𝑡 e das condições iniciais. Portanto, denotando essa distribuição como 𝑣(𝑥) e resolvendo
𝑣 (𝑥) = 𝑣 (𝑥) → 𝑣 (𝑥) = 0
Ao integrar duas vezes com relação a 𝑥, teremos:
𝑣(𝑥) = 𝑐 𝑥 + 𝑐
Assim, aplicamos as condições de contorno na equação:
𝑣(0) = 3 = 𝑐 ∗ 0 + 𝑐
𝑣(1) = 1 = 𝑐 + 𝑐
Portanto:
𝑐 = −2 e 𝑐 = 3

𝑣(𝑥) = 3 − 2𝑥
Essa solução para 𝑣(𝑥) descreve a temperatura no estado estacionário.

(b) Para encontrar a solução transiente da função 𝑤(𝑥, 𝑡) de tal modo que a solução geral do
problema seja

𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥) + 𝑤(𝑥, 𝑡)

Vamos aplicar novamente a equação do calor com os dados que temos da equação acima:

𝑣(𝑥) + 𝑤(𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥) + 𝑤(𝑥, 𝑡)

Sabemos que 𝑣 = 0 e 𝑣 = 0. Portanto:

𝑤(𝑥, 𝑡) = 𝑤(𝑥, 𝑡)

Rodrigo Pena Teobaldo Equações Diferenciais B 17/09/2023


Nº de Matrícula: 2022060312 Turma TM1
Curso de Graduação: Engenharia Aeroespacial
𝑤(0, 𝑡) = 𝑢(0, 𝑡) − 𝑣(0) = 3 − 3 = 0
𝑤(1, 𝑡) = 𝑢(1, 𝑡) − 𝑣(1) = 1 − 1 = 0

Pelo método de separação de variáveis, é possível encontrar duas equações diferenciais ordinárias
para avançar na resolução do problema. Para isto, iremos assumir que a função 𝑤(𝑥, 𝑡) é um
produto de duas funções, uma em função de x (posição) e a outra em função de t (tempo), tal que:

𝑤(𝑥, 𝑡) = 𝑋(𝑥)𝑇(𝑡) (eq. 1)


Calculando as derivadas:

= 𝑋′′(𝑥)𝑇(𝑡) (eq. 2)

= 𝑋(𝑥)𝑇 (𝑡) (eq. 3)


Substituindo eq. 2 e 3 em eq. 1 e rearranjando, chegamos em:
( ) ( )
( )
= ( )
(eq. 4)

Como cada membro da eq. 4 depende de apenas da respectiva variável, sendo assim, a igualdade
só é possível se ambos os lados forem iguais a uma constante 𝜆.
( ) ( )
( )
= ( )
=𝜆 (eq. 5)

Portanto, rearranjando, para cada variável, a eq. 5, temos:

𝑋 (𝑥) − 𝜆𝑋(𝑥) = 0 (eq. 6)


𝑇 (𝑡) − 𝛼 𝜆𝑇(𝑡) = 0 (eq. 7)

Esse é o par de equações diferenciais ordinárias mencionado acima.


Devemos nos lembrar que, para solucionar a eq. 6, temos as condições de contorno expressas por
𝑤(0, 𝑡) e 𝑤(1, 𝑡). Assim, para que 𝑤(0, 𝑡) = 𝑋(0)𝑇(𝑡) = 0 e 𝑤(1, 𝑡) = 𝑋(1)𝑇(𝑡) = 0,
𝑋(1) = 𝑋(0) = 0 (eq. 8)
Continuando, para resolver a eq. 6, devemos encontrar sua equação característica e analisar os
sinais de 𝜆. Assim, a Eq. Característica de eq. 6 é:
𝑎 −𝜆 =0
Portanto, a eq. 6 tem as seguintes soluções dependente do valor de 𝜆:

I) Se 𝜆 > 0: 𝑋(𝑥) = 𝑐 𝑒 √ + 𝑐 𝑒√

II) Se 𝜆 = 0: 𝑋(𝑥) = 𝑐 + 𝑐 𝑥

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III) Se 𝜆 < 0: 𝑋(𝑥) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛 √−𝜆𝑥 + 𝑐 cos √−𝜆𝑥

Se aplicarmos as condições de contorno eq. 8 para cada caso, teremos:

I) 𝑋(0) = 0 = 𝑐 + 𝑐 , então:

𝑋(𝑥) = 𝑐 𝑒√ −𝑒 √

Aplicando 𝑋(1) = 0, chegaremos na seguinte solução:


𝑒√ = 𝑒 √

Que só é verdade se 𝜆 = 0, no entanto, para esse caso, estamos assumindo 𝜆 > 0.

II) 𝑋(0) = 0 = 𝑐 , então:


𝑋(𝑥) = 𝑐 𝑥
Aplicando 𝑋(1) = 0, chegaremos na seguinte solução:
𝑐 =0
Portanto, só existe a solução trivial de 𝑋(𝑥) = 0.

III) 𝑋(0) = 0 = 𝑐 , então:


𝑋(𝑥) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛 √−𝜆𝑥
Aplicando 𝑋(1) = 0, chegaremos na seguinte solução:
𝑋(1) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛 √−𝜆 = 0

Se 𝑐 ≠ 0, √−𝜆 = 𝑛𝜋, para 𝑛 = 1,2,3 …

Daqui, podemos concluir que


𝜆 = −𝑛 𝜋 , 𝑛 = 1,2,3 …
E, portanto,
𝑋 (𝑥) = 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋𝑥), 𝑛 = 1, 2, 3 …

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De acordo com o valor de 𝜆 encontrado, basta substituí-lo na eq. 7 e teremos:
𝑇 (𝑡) + 𝑛 𝜋 𝑇(𝑡) = 0
Que é possível resolver pelo método de separação de variáveis para Equações Diferenciais
Ordinárias, resultando na solução:

𝑇 (𝑡) = 𝑒 , 𝑛 = 1, 2, 3 …

Assim, dados os valores de 𝑋 (𝑥) e 𝑇 (𝑡), temos as seguintes SOLUÇÕES FUNDAMENTAIS

𝑤 (𝑥, 𝑡) = 𝑋 (𝑡)𝑇 (𝑡) = 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋𝑥)𝑒 , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛 = 1, 2, 3 …

Como é previamente sabido, combinações lineares dessas soluções fundamentais também são
soluções para o problema, portanto:

𝑤(𝑥, 𝑡) = 𝑐 𝑤 (𝑥, 𝑡) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋𝑥)𝑒

Considerando as condições iniciais do problema (eq. 2), temos que

𝑤(𝑥, 0) = 𝑐 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋𝑥) = 𝑢(𝑥, 0) − 𝑣(𝑥)

(1 − 2𝑥) − (3 − 2𝑥) = −2 = 𝑐 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋𝑥)

O lado direito da equação parece muito a série de Fourier de senos de 𝑓(𝑥). Desse modo, podemos
calcular os coeficientes 𝑐 tal que:

𝑐 = ∫ 𝑓(𝑥) 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋𝑥)𝑑𝑥, 𝑛 = 1, 2, 3 …

Onde:
𝑓(𝑥) = −2 = 𝑢(𝑥, 0) − 𝑣(𝑥)

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Portanto:
4
𝑐 =2 −2𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋𝑥)𝑑𝑥 = [cos(𝑛𝜋) − 1]
𝑛𝜋
Assim, a solução para a função transiente do estado de temperatura na barra é:

4
𝑤(𝑥, 𝑡) = [cos(𝑛𝜋) − 1] 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋𝑥) 𝑒
𝑛𝜋

Que também pode ser escrita como:

4 [(−1) − 1]
𝑤(𝑥, 𝑡) = 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜋𝑥) 𝑒
𝜋 𝑛

−8 1 ( )
𝑤(𝑥, 𝑡) = 𝑠𝑒𝑛 (2𝑛 − 1)𝜋𝑥 𝑒
𝜋 (2𝑛 − 1)

(c) Como expresso anteriormente:


𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑤(𝑥, 𝑡) + 𝑣(𝑥)

Assim:

8 1 ( )
𝑢(𝑥, 𝑡) = (3 − 2𝑥) − 𝑠𝑒𝑛 (2𝑛 − 1)𝜋𝑥 𝑒
𝜋 (2𝑛 − 1)

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