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Lançamento de um projétil

Data: 11/01/2022
Alunos: Marco Stálin Jardim Sena e Vitória de Paula Braga
Turma: PS4

Introdução:

Qualquer objeto lançado de forma oblíqua ou horizontal na superfície da Terra


pode ser considerado um projétil. O movimento de um projétil é descrito como a
composição vetorial de um movimento retilíneo uniforme (MRU) na direção horizontal, e
de um movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV) na direção vertical.
Desconsiderando a resistência do ar, a trajetória do projétil vai ter a forma de uma
parábola. Nesse contexto, se considerarmos os eixos cartesianos tendo origem no
ponto de lançamento do projétil, as coordenadas X e Y vão possuir as seguintes
equações em relação ao tempo:

● 𝑋(𝑡) = 𝑉0𝑐𝑜𝑠θ * 𝑡 → Equação da posição do projétil em relação à componente

horizontal do plano cartesiano. A forma desta equação seria 𝑉𝑥 * 𝑡, porém,

usando a decomposição de vetores chegamos à conclusão de que o 𝑉𝑥 vai ser

igual a 𝑉0𝑐𝑜𝑠θ.

1 2
● 𝑌(𝑡) = 𝑉0𝑠𝑒𝑛θ * 𝑡 − 2
𝑔𝑡 →Equação da posição do projétil em relação à

componente vertical do plano cartesiano (notamos que, nesta equação, a


concavidade do gráfico vai estar para baixo, uma vez que, o coeficiente que
acompanha a variável tempo possui sinal negativo).A forma desta equação seria

𝑉𝑦 * 𝑡, porém, usando a decomposição de vetores chegamos à conclusão de

que o 𝑉𝑦 vai ser igual a 𝑉0𝑠𝑒𝑛θ.


O "𝑉0" é a velocidade inicial de lançamento do projétil, "𝑔" é a gravidade, "𝑡" é o tempo

e o "θ" representa o ângulo que o projétil forma com a horizontal. A ilustração desse
fenômeno de decomposição horizontal e vertical é ilustrado na figura 1:

figura 1: representação do lançamento de um projétil a partir da origem dos eixos coordenados

Através das duas equações apresentadas acima, iremos estudar e analisar a


trajetória do projétil lançado.

Objetivos:

● Registrar e analisar a trajetória de um projétil;


● Determinar o ângulo de lançamento, a velocidade inicial e o ponto de contato
com o chão.

Material:

● Canaleta para lançamento, anteparo, esfera de aço, trena, transferidor e


webcam.

Procedimentos e resultados:

Primeiramente, a ideia é registrar com uma câmera a trajetória de um projétil,


para tal, a câmera deverá ser posicionada perpendicularmente ao plano desta
trajetória.Com o programa de aquisição de imagens configurado, a esfera é então
posicionada a uma certa altura na canaleta e a filmagem é iniciada. Após a esfera ser
solta, a sua trajetória após abandonar a canaleta é gravada desde o ponto de
lançamento até o ponto onde ela toca a mesa.

Após termos todas as gravações, utilizamos um programa de processamento de


imagens para determinar as coordenadas x e y da trajetória da esfera. No programa, as
coordenadas são dadas em pixels (posição dos pontos na tela do computador).
Utilizando o próprio programa, fazemos a conversão de pixels para centímetros, para
tal, traçamos uma reta sobre o diâmetro da esfera e estabelecemos a equivalência
entre o valor em pixels e centímetros. Para obter as coordenadas da trajetória, nós
vamos marcar vários pontos em sequência (usando o centro da esfera como
referência). Por último, foram registradas as coordenadas dos pontos encontrados na
tabela abaixo:

Tabela 1: pontos encontrados nas coordenadas da trajetória


Com estes dados da tabela em mãos, nossa ideia agora é fazer um gráfico no
software SCIdavis, a fim de que possamos descobrir a velocidade inicial e ângulo com
a horizontal da esfera. Entretanto, primeiramente é necessário chegar à equação que
descreve a trajetória parabólica do projétil. Sabemos que 𝑋(𝑡) = 𝑉0𝑐𝑜𝑠θ * 𝑡 e

1 2
𝑌(𝑡) = 𝑉0𝑠𝑒𝑛θ * 𝑡 − 2
𝑔𝑡 .

Eliminando a variável tempo em ambas as equações mostradas acima, obteremos a


equação da trajetória parabólica do projétil. Segue a dedução da fórmula do tipo
2
𝑌 = 𝐴2𝑥 + 𝐴1𝑥 + 𝐴0 que vai definir a trajetória do projétil:

𝑋(𝑡)
𝑋(𝑡) = 𝑉0𝑐𝑜𝑠θ * 𝑡 ↔ 𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜, 𝑡 = 𝑉0𝑐𝑜𝑠θ

1 2 𝑋(𝑡) 1 𝑋(𝑡) 2
𝑌(𝑡) = 𝑉0𝑠𝑒𝑛θ * 𝑡 − 2
𝑔𝑡 ↔ 𝑌(𝑡) = 𝑉0𝑠𝑒𝑛θ * ( 𝑉 𝑐𝑜𝑠θ ) − 2
𝑔( 𝑉 𝑐𝑜𝑠θ )
0 0

𝑠𝑒𝑛θ 1 𝑔 2
𝑌(𝑡) = 𝑥 * ( 𝑐𝑜𝑠θ ) − 2 𝑐𝑜𝑠2θ*𝑣2
*𝑥
0

𝑔 2
𝑌(𝑡) = 𝑡𝑔θ * 𝑥 − 2 2 *𝑥
2𝑐𝑜𝑠 θ*𝑣0

Diante da equação quadrática encontrada, pode-se concluir que o coeficiente que


2 𝑔
acompanha o 𝑥 (que aqui chamaremos de "𝐴2") corresponde ao − 2 2 da
2𝑐𝑜𝑠 θ*𝑣0

equação encontrada acima. Da mesma forma, o coeficiente que acompanha o 𝑥


(chamado de "𝐴1") vai ser o 𝑡𝑔θ. Por último, o termo independente "𝐴0" vai ser igual a

0.

2
Uma vez que já nos foi dado o valor da gravidade [𝑔 = (9, 78±0, 05)𝑚/𝑠 ] e a
altura ℎ𝑦da canaleta em relação ao chão [ℎ𝑦 = (80, 0±0, 1)𝑐𝑚], podemos usar as

relações citadas acima entre os coeficientes da equação quadrática e o ajuste


quadrático feito no software SCIdavis com os pontos da Tabela 1 para determinar os
valores de 𝑣𝑜, θ e do ponto de contato da bola com o chão. Segue o gráfico feito com

os pontos da Tabela 1:

Gráfico 1: ajuste quadrático

De acordo com os resultados obtidos no Gráfico 1, podemos encontrar o valor

do ângulo que o projétil faz com a horizontal da seguinte forma:

𝐴1 = 0, 96 ⇔ 𝐴1 = 𝑡𝑔θ (𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑎 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑏ó𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑓𝑜𝑖 𝑑𝑒𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒)

portanto, θ = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 0, 96

⇒ θ = 43, 83°

Segue a dedução da incerteza desse ângulo:

𝑑θ 2 2
∆θ = ( 𝑑𝑎1 ) * ∆𝑎1

1 2 2 1 2 2
∆θ = ( 2 ) * 0, 01 ↔ ( 2 ) * 0, 01 ↔ 0, 27 * 0, 0001
0,96 +1 0,96 +1

∆θ = 0, 00002704 ↔ 0, 0052
Portanto, o ∆θ = 0, 0052 𝑟𝑎𝑑.´

∆θ = 0, 3°´

θ = (43, 83±0, 3) 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠

Através do coeficiente 𝐴2 encontrado no gráfico, é possível encontrar o 𝑉0 da

seguinte forma:

𝐴2 = − 5, 58 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

𝑔 𝑔
⇒𝐴2 =− 2 2 ↔ − 5, 58 =− 2 2
2𝑐𝑜𝑠 θ*𝑣0 2𝑐𝑜𝑠 θ*𝑣0

2 𝑔 −𝑔
⇒ 𝑣0 =− 2 ↔ 𝑣0 = 2
2𝐴2𝑐𝑜𝑠 θ 2𝐴2𝑐𝑜𝑠 θ

−9,78
⇒ 𝑣0 = 2*(−5,58)*0,52
↔ 𝑣0 = 1, 68 = 1, 296

⇒ 𝑣0⋍ 1, 3𝑚/𝑠

Segue a dedução da incerteza da velocidade inicial:

Para calcular a incerteza da velocidade inicial, foi preciso inicialmente calcular o valor
do Cos(θ) e sua incerteza, portanto:

Cos(θ) = X ⟹ X = Cos(43,83) ⟹ X = 0,7214

Calculando a incerteza, temos:


δ𝑅 δ𝐶𝑜𝑠θ
∆𝑋 = ( δθ )² * ∆θ² ⟹ ∆𝑋 = ( δθ
)² * ∆θ² ⟹ ∆𝑋 = (− 𝑠𝑒𝑛θ)² * ∆θ² ⟹

∆𝑋 = (− 𝑠𝑒𝑛(43, 83))² * (0, 0052)² ⟹ ∆𝑋 = 0, 4796 * 0, 00002704

⟹ ∆𝑋 = 0, 000012968 ⟹ ∆𝑋 = 0, 000012968 ⟹ 0,0036

∆𝑋 = ∆Cos(θ)

Cos(θ)= (0,721 ±0,004)

Utilizando os valores calculados anteriormente é possível calcular o valor da


incerteza da velocidade inicial, logo:

∆𝑉0 = 𝑉0 ( )² + (
∆𝑔
𝑔
∆𝐶𝑜𝑠(θ)
𝐶𝑜𝑠(θ) )² + ( )²
∆𝐴2
𝐴2

∆𝑉0 = 1, 3 ( )² + (
0,05
9,78
0,036
0,7214 )² + ( 0,06
−5,58 )² ⟹
∆𝑉0 = 1, 3 0, 00002614 + 0, 00249 + 0, 000116 ⟹

∆𝑉0 = 1, 3 0, 002632 ⟹

∆𝑉0 = 0, 06669

Portanto, V0 = (1,29 ±0,07) m/s.


O coeficiente 𝐴0, como dito anteriormente, tem valor zero na equação parabólica
que descreve a trajetória do projétil. Podemos constatar isso no gráfico 1, uma vez que,
𝐴0 = (0, 0002±0, 0004). O fato da incerteza do termo independe 𝐴0 ser maior que o
seu próprio valor condiz com o fato de que o termo independente é igual a 0.

Por último, para saber onde a bola cairá no chão, sabendo que a altura da
canaleta em relação ao chão é 80 centímetros, o ponto em que a bola vai encostar no
chão é obtido a partir do ponto (x, -80) -uma vez que o chão fica para baixo. Portanto,
𝑔 2
basta usar esse ponto na função quadrática 𝑌(𝑡) = 𝑡𝑔θ * 𝑥 − 2 2 * 𝑥 ou
2𝑐𝑜𝑠 θ*𝑣0

ainda, usar a equação formada a partir dos coeficientes dados no Gráfico 1:


2
− 5, 58𝑥 + 0, 96𝑥 = 0

→ 𝐽𝑜𝑔𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 (𝑥, − 0, 8) 𝑛𝑎 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑎𝑐𝑖𝑚𝑎, 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠:

2
→ − 5, 58𝑥 + 0, 96𝑥 + 0, 8 = 0

→ 𝑅𝑒𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑎 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑎𝑐𝑖𝑚𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑓ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑒 𝐵ℎ𝑎𝑠𝑘𝑎𝑟𝑎, 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠:

2
−0,96± (0,96) −4(−5,58)*(0,8)
→𝑥 = −11,16
↔ 𝑥' =− 0, 3 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑒 𝑥" = 0, 47 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

O valor correto de x que estamos procurando é o valor positivo, isto é, o x=0,47


metros, uma vez que, em x=-0,3 metros, o x estaria embaixo da nossa mesa, se formos
considerar esse ponto na parábola do gráfico 1. Portanto, o x negativo não faz sentido
para o resultado que estamos procurando e o valor de x em que o projétil encosta no
chão é em 𝑥 = 0, 47 𝑚.

Conclusões:

Diante de tudo o que foi exposto, pode-se concluir que os resultados do


experimento foram demasiadamente satisfatórios. Foi encontrado um valor da
velocidade inicial de 𝑣 = (1, 29± 0, 07) 𝑚/𝑠. Além disso, o valor do ângulo
0
formado entre o projétil e a horizontal foi de θ = (43, 8±0, 3) 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠. Por fim, após a
resolução da equação do segundo grau com o valor referente à altura da canaleta em
relação ao chão, foi descoberto que a distância em que a esfera vai encostar no chão é
de 𝑥 = 0, 47 𝑚 𝑜𝑢 𝑥 = 47 𝑐𝑚.

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